Mini-guia de Estudos: Poder Dual da Rússia

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Mini-guia de Estudos: Poder Dual da Rússia
Mini-guia de Estudos: Poder Dual da Rússia
MINI-GUIA DE ESTUDOS:
PODER DUAL DA RÚSSIA
Giovanni Manzi
Gustavo Vicente
Marcelo Machado
SISa 2013
Mariana Bittencourt
Olívia Opipari
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Mini-guia de Estudos: Poder Dual da Rússia
SUMÁRIO
Carta Introdutória ao Comitê
Contexto Socioeconômico
Partido Operário Social-Democrata Russo – POSDR
Nicolau II e a Santa Rússia no fim do século XIX
Guerra Russo-japonesa
A Revolução de 1905
Revolução de Fevereiro: a queda do czarismo e a participação russa na Grande Guerra
Dualidade de Poderes
Representações
Soviete de Petrogrado:
Nikolay Semyonovich Chkheidze (“Karlo
Yuli Osipovich Tsederbaum (“Julius Martov)
Fyodor Ilyich Dan
Pinches Borutsch (“Pavel Borisovich Axelrod”)
Irakli Georgievich Tsereteli (“Kaki”)
Lev Davidovich Bronstein (“Leon Trotsky”)
Georgi Valentinovitch Plekhanov
.
Yakov Mikhaylovich Sverdlov
Vladmir Ilitch Ulianov (“Lênin”)
Ovsel-Gershon Aronovich Rodomysisky (“Grigory Zinoviev”)
Felix Dzerzhinsky
Maria Aleksandrovna Spiridonova
Mark Andreyevich Natanson (“Bobrov”)
Boris Davidovich Kamkov
Abram Rafailovitch Gotz
Catherine Breshko-Breshkovsky (“Babushka”)
Governo Provisório da Duma:
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Alexander Fyodorovich Kerensky
Nikolai Vissarionovich Nekrasov
Mikhail Ivanovich Tereschenko
Nikolai Dmitryevich Avksentyev
Alexander Sergeyevich Zarudny
Alexei Maximovich Nikitin
Sergei Nicolayevich Prokopovich
Viktor Mikhailovich Tchernov
Matvey Ivanovich Skobelev
Alexei Vasilievich Peshekhonsev
Piotr Petrovich Yurenev
Anton Vladimirovich Kartashev
Fyodor Fyodorovich Kokoshkin
Alexander Ivanovich Konovalov
Pavel Nikolayevich Milyukov
Dmitry Nikolayevich Verderevsky
Imprensa
Application
O que é application
Sobre a elaboração
Representação padrão
Application para Imprensa
A entrega
Seleção dos applications
Bibliografia
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CARTA INTRODUTÓRIA AO COMITÊ
Caros delegados,
Nós, diretores do comitê do Poder Dual Russo, damos as boas vindas aos senhores.
Gostaríamos de introduzí-los à dinâmica do nosso comitê, pois exigiremos muita dedicação e
comprometimento para com a ideologia de cada personagem e sua respectiva facção. Pedimos
que cada delegado tenha clara noção da sua própria posição política perante os órgãos da
Grande Mãe Rússia e de todos os outros delegados.
Estamos cientes do quão ousada a proposta do comitê pode ser, devido à sua complexidade
ideológica; no entanto sabemos que se executado da maneira adequada, será possível
explorar toda a riqueza que o tema abrange, recompensando a todos que se dedicarem.
Pedimos, também, a persistência dos senhores para pesquisar novas fontes de
informação, além das fornecidas por nós, procurando enriquecer o conhecimento e campo
argumentativo. Bons estudos e boa viagem à Rússia de 1917!
Да здравствует матушки-России
Diretoria do Poder Dual da Rússia
“Não há milagre na natureza nem na história, mas cada viragem brusca da história,
incluindo cada revolução, oferece uma tal riqueza de conteúdo, desenvolve
combinações de formas, de luta e de correlação entre as forças combatentes de tal
modo inesperadas e originais que para um espírito filisteu muitas coisas devem
parecer milagre”.
V. I. Lênin (A Primeira etapa da Primeira Revolução)
“A revolução é como Saturno: ela devora seus próprios filhos”.
Karl Georg Büchner (Discurso de Danton)
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CONTEXTO SOCIO-ECONÔMICO
A economia da Rússia passou a sofrer mudanças significantes a partir da década de
1860. Uma estrutura econômica até então baseada na agricultura começou a mostrar
transformações nas cidades, com um grande crescimento no número de habitantes, e na
indústria, cujas atividades aumentavam impressionantemente.
Apesar do aumento de importância da mão de obra, as condições de trabalho
continuavam precárias. Só por volta de 1880 e 1890 que foram introduzidas reformas para
melhorar as condições dos trabalhadores. Até o ano de 1903 os protestos que visavam à
melhoria das condições trabalhistas, na maioria dos casos, não adotavam nenhuma ideologia
política. Porém, no mesmo ano foram legalizadas associações operárias.
A classe comercial atraiu muitos investimentos externos realizados no país,
contribuindo para o aumento no número de empresas e empregados. A Rússia começava a
atrair mais investimentos estrangeiros. As maiores ondas de investimento ocorreram nas
décadas de 1880 e 1890.
Contudo, é importante lembrar que, apesar dos avanços para a população urbana, a
maioria da população russa sempre fora rural, sendo que metade dos camponeses era
composta de servos emancipados em 1861. Com condições de vida precárias, a única
alternativa para os camponeses era se dedicar ao artesanato, depois vendido nas cidades.
Essas condições foram uma das mais importantes causas dos camponeses na revolta de 1905.
PARTIDO OPERÁRIO SOCIAL-DEMOCRATA RUSSO - POSDR
Em 1848, o Manifesto Comunista escrito por Marx e Engels anunciava. “um espectro
ronda a Europa - o espectro do comunismo”. Na década de 1880 surgiu o marxismo na Rússia
como a nova teoria revolucionária, a teoria foi adaptada à realidade russa por um ex-populista,
Georgi Plekhanov. Ele também criou a primeira organização social-democrata russa em 1883,
um dos jovens que se juntou a organização foi Vladimir Ilyich Ulianov, também conhecido
como Lênin.
Em 1898 é criado, o POSDR, que foi o primeiro partido político de caráter marxista do
país. O partido defendia a ideia de que o capitalismo industrial tinha atingido a fase que
predispunha a classe operária a desempenhar o papel que lhe fora atribuído pela teoria
marxista, de agentes revolucionários e, o objetivo era construir uma nova ordem social, o
socialismo. Os principais líderes do partido eram Plekhanov e Ulianov. Em 1903, divergências
entre Plekhanov e Ulianov levariam a um confronto na II convenção do POSDR, isso causa a
separação do partido em Mencheviques, liderados por Plekhanov, e os Bolcheviques, liderados
por Ulianov.
Os Mencheviques defendiam a tese de que a luta contra o czarismo deveria passar por
uma etapa democrático-burguesa, que a burguesia deveria tomar o poder e instaurar uma
república que promovesse reformas econômicas e sociais visando ao desenvolvimento do
capitalismo. Só depois se colocaria a revolução socialista.
Os Bolcheviques defendiam a necessidade de uma revolução proletária conduzida por
uma organização de revolucionários, centralizada e submetida a rigorosa disciplina.
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Foram surgindo vários movimentos que buscavam a mudança social. Em 1900, foi
formado o Partido Socialista Revolucionário, que era formado pelos narodniki (antigos
populistas russos) remanescentes, que empregavam a política do terror. Em 1903 foi criada,
por grupos liberais, a União de Libertação, que lutavam pela liberdade civil, a igualdade total
dos cidadãos perante a lei e a democratização do país.
As organizações liberais eram tratadas com indiferença pelo governo de Nicolau II; já
as organizações revolucionárias, consideradas perigosas, eram tratadas com repreensão, o que
os estimulava ainda mais.
NICOLAU II E A SANTA RÚSSIA DO FIM DO SÉCULO XIX
Nicolau Romanov, filho do tsar (ou czar) Alexandre III, assumiu o poder em 1 de
novembro de 1894, propondo um modelo autocrático de governo. O governo, além do tsar,
incluía um conselho de quatorze ministros presidido pelo Primeiro-Ministro.
Família imperial
russa. Ao centro, o
czar Nicolau II posa
com a czarina
Alexandra. Eles
foram depostos e
executados pelos
revolucionários.
No final do século XIX e começo do século XX, a Rússia, apesar de atrasada
industrialmente, era o país mais populoso da Europa. Dentre as outras quatro grandes
potências (França, Alemanha, Grã-Bretanha e Império Austro-Húngaro), mantinha disputas
com a Áustria-Hungria nos Bálcãs e alianças com as demais potências, que realizavam
investimentos na Rússia.
GUERRA RUSSO-JAPONESA
Para desviar a atenção do povo do atraso econômico e dos problemas sociais, o Império Russo
continuava tentando expandir-se. Como dizia um ministro de Nicolau II, “precisamos de uma
pequena e vitoriosa guerra para deter a revolução na Rússia.”
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No entanto, essa pequena guerra acabou acontecendo entre 1904-1905, com o Japão, e foi um
fracasso total. O conflito foi gerado pela disputa de territórios na Manchúria e na Coréia, áreas
banhadas pelo oceano pacífico, depois do fim do domínio chinês em 1901, que eram de
interesse tanto para os russos como para os japoneses. Desde o início, os conflitos terrestres
na Manchúria representaram derrotas para a Rússia, e principalmente as operações navais,
que terminaram com toda a frota russa afundada.
Em setembro de 1905, o Tratado de Portsmouth foi assinado pelo negociador representante
do tzar, pondo um fim à guerra que só piorou a situação do Império Russo, agora afundado em
uma grave crise socioeconômica.
Essa derrota não melhorou em nada a posição internacional ocupada pela Rússia, juntamente
com os problemas internos que o país enfrentava. Era a primeira vez que alguma nação
européia era derrotada por uma nação asiática. Esta guerra é citada por muitos estudiosos
como o grande marco da soberania Japonesa. Foi com essa vitoria que todos começaram a
olhar o Japão com “novos olhos”. A derrota humilhante do Exército russo piorou as condições
de vida da população, contribuindo para a primeira revolução russa, em 1905.
A REVOLUÇÃO DE 1905
"Há quem afirme que os ministros estão em falta. Eu não diria isso. O país já sabe que os ministros são
apenas sombras fugazes. O país pode ver claramente quem os coloca no poder. Para evitar uma
catástrofe, o próprio Tsar deve ser removido – à força, se não houver outra maneira".
Discurso de Alexander Kerensky (1905)
“A classe operária, que há muito parecia manter-se afastada do movimento de oposição burguês,
levantou a voz. As largas massas operárias alcançaram, num relâmpago, a sua vanguarda, os socialdemocratas conscientes. O movimento operário de São Petersburgo avançou nestes últimos dias com
verdadeiros passos de gigante. As reivindicações econômicas dão lugar às reivindicações políticas. A
greve torna-se geral – o que prefigura uma manifestação nunca vista. O prestígio do título imperial
afunda-se para sempre. A insurreição estalou. A força responde à força. Combate-se nas ruas, levantamse barricadas, os tiros crepitam, os canhões troam. Por todo o lado, rios de sangue. A guerra civil pela
liberdade teve início”.
Vladimir Lênin, A Revolução na Rússia (1905)
O povo russo via o tsar como um homem bondoso e justo, que era rodeado por assessores
com intenções ruins. Depois do resultado negativo obtido na guerra russo-japonesa, a
popularidade do governo caiu bastante, porém foi no início de 1905 que essa idealização
mudou totalmente.
A Revolução russa de 1905 tem como marco inicial a greve das fábricas de Poutilov em 3 de
janeiro de 1905, que teve a adesão de mais de 80 mil grevistas, seguida pela greve geral em
São Petersburgo.
Em 9 de janeiro, liderados por um padre, Gapon, milhares de pessoas, principalmente
camponeses e suas famílias, realizaram uma passeata por São Petersburgo com o objetivo de
entregar uma petição ao tzar sobre as dificuldades enfrentadas pelo povo , reivindicando
melhores condições de trabalho no campo. Cerca de 200000 pessoas desarmadas seguiam
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pelas ruas da capital, desarmadas e com ícones religiosos nas mãos, como quem ainda
confiava no tsar e na Igreja Ortodoxa. Esta passeata tinha como destino final o Palácio de
Inverno, residência do tsar. Ao chegarem a porta do palácio do governo, este estava guardado
por um esquadrão de cossacos, as tropas de elite do imperador. Nicolau II mandou que sua
guarda pessoal (os cossacos) abrisse fogo sobre a multidão, que foi recebida com tiros da
Guarda Imperial. Mais de mil pessoas foram mortas no dia que ficou conhecido com “Domingo
Sangrento”.
Ao lado, quadro retrata
o “Domingo Sangrento”,
em 1905, e o sofrimento
do povo russo. As
estimadas mil mortes
desse dia levantaram o
povo contra a
monarquia e instalaram
os primeiros sovietes.
Este acontecimento foi creditado ao tsar, destruindo assim sua imagem idílica de bondade.
Além disso, o Domingo Sangrento é tido como o início da fase ativa da Revolução de 1905.
Depois do Domingo Sangrento, a Rússia foi sacudida
por uma onda de greves e manifestações. Em
outubro de 1905, as comunicações foram
interrompidas por todo o país, devido a uma
paralisação dos trabalhadores do setor. Os
representantes dos comitês de greve formaram
então um soviete (conselho) coordenador do
movimento em toda a Rússia, com sede em São
Petersburgo. Daí por diante os sovietes se
espalharam pelo país, formando uma espécie de
governo paralelo.
Marinheiros do Couraçado Potemkin organizam motim
por melhores condições de vida. Ocorrido em julho de
1905, o levante foi um dos momentos mais marcantes
do processo revolucionário então em curso.
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O descontentamento chegou até as Forças Armadas.
No mar Negro, os marinheiros do couraçado
Potemkin se rebelaram, atirando ao mar os oficiais
que haviam ordenado o fuzilamento de seus líderes.
Com o passar dos meses, entre maio e outubro,
diversas greves foram realizadas em grande parte do
território russo. Em 10 de outubro, foi iniciada a
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greve geral pan-russa.
A revolta popular levou o tsar a promover algumas reformas para não perder o poder. No dia
17 de outubro, Nicolau II assinou o Manifesto de Outubro, que anunciava certa abertura
política, incluindo a criação da Duma o primeiro Parlamento eleito da história russa e a
formação de partidos políticos. Nem por isso o governo deixava de reprimir as greves com
violência.
Os deputados eleitos tinham um mandato de cinco anos, mas as primeiras duas Dumas
duraram pouco tempo. O tsar as dissolveu porque os deputados não concordavam com os
planos do governo de limitar os poderes do Parlamento. A terceira e a quarta Duma foram
mais colaborativas para com o tsar.
Enquanto isso, Nicolau II preparava o contra-ataque: sabendo que as tropas que voltavam da
Manchúria estavam tomas por ideais revolucionários, o tsar os atacou de surpresa, prendendo
e matando muitos Bolcheviques e Mencheviques. Depois disso, o tsar voltou a seu posto de
governante absolutista e a situação ficou aparentemente igual a antes.
A foto mostra a agitação nas ruas de São Petersburgo durante o ano de
1905.
No entanto, algumas pessoas viram esse episódio como o primeiro passo para uma revolução
completa na Rússia, pois agora estava mais claro para a população quem realmente era o
governante do país e como ele tratava seu povo. Assim, Vladimir Ilitch Lênin chamou a
revolução de 1905 de “O ensaio geral’, pois nela os trabalhadores perceberam que o tsar era
quem deveria ser derrotado, e para isso era necessário treinar.
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REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO:
A QUEDA DO TSARISMO E A PARTICIPAÇÃO RUSSA NA GRANDE GUERRA
“A primeira revolução gerada pela guerra mundial imperialista eclodiu. A primeira, mas, certamente,
não a última. [...] Não há milagres na natureza nem na história, mas toda viragem brusca da história,
incluindo cada revolução, oferece tal riqueza de conteúdo [...] que, para um espírito filisteu, muitas
coisas devem parecer milagre”.
Vladimir Lênin, Cartas de Longe (1917)
A Grande Guerra foi o pano de fundo para o colapso final do tsarismo. Membro da
Tríplice Entente com a Inglaterra e a França, o czar Nicolau II opunha-se ao expansionismo dos
impérios centrais (Alemanha e Áustria-Hungria) na região balcânica, uma vez que ao entrar na
guerra, os objetivos russos eram garantir a hegemonia nos Bálcãs e o controle dos estreitos
que dão acesso ao Mediterrâneo. O Império Russo também pretendia, internamente,
recolocar o povo em torno do tsarismo e da defesa da pátria, pois os generais esperavam uma
guerra curta e vitoriosa, com grande apoio popular.
A Rússia solidarizava-se com a Sérvia, contra a Áustria-Hungria e a Alemanha,
reafirmando o pan-eslavismo. Esta questão balcânica foi o que deflagrou a Primeira Guerra,
com o assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro Francisco Ferdinando, em Sarajevo,
em junho de 1914. A Áustria declarou guerra à Sérvia, e a Rússia czarista logo mobilizou suas
tropas. Ao contrário do que se pensava, a guerra foi desastrosa para a Rússia, impulsionando
suas debilidades políticas e econômicas, fazendo de Nicolau II o responsável por suas
sucessivas derrotas. Apesar de ter o maior contingente do mundo, o exército russo era
despreparado, mal suprido, e tinha dificuldades de locomoção, fazendo com que este fosse
derrotado sucessivas vezes, principalmente pelo exército alemão, perdendo territórios em
diversas regiões e levando à morte de centenas de milhares de soldados. No início de 1914,
grande parte da força industrial russa tomou parte em greves e a produção agrícola diminuiu,
fazendo com que faltasse alimento nos fronts de batalha. No final de 1916 o exército russo
estava próximo de uma ruptura, enquanto a situação interna na Rússia se agravava: a inflação
desenfreada, desemprego, falta de alimentos e enfraquecimentos dos laços sociais foram
alguns dos fatores que contribuíram com o desencadeamento de uma série de manifestações
populares contra a guerra e o governo czarista. Os movimentos grevistas aumentavam nas
cidades, assim como a invasão de terras pelos camponeses e os motins militares em diversas
cidades: os soldados não queriam mais lutar. Boa parte do território foi ocupada pelos
alemães, e o czarismo atingiu o limite de sua decadência. Segundo o historiador Eric
Hobsbawm, em A era dos impérios “*...+ a deflagração da guerra deu vazão ao ardor social e
político.*...+”.
Um clima de efervescência revolucionária tomou conta da sociedade. Estas
manifestações espontâneas de rua, greves operárias e atos de insubordinação dos soldados
contra os comandos militares culminaram na Revolução de Fevereiro, que derrubou o regime
tsarista, em 1917. A falta de pão e combustível fez com que o povo saísse às ruas para
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protestar, no dia 21 de fevereiro. No dia 23, Dia Internacional da Mulher, um cartaz mostrava a
frase “Glória às mulheres em luta pela liberdade”, pedindo a igualdade feminina e mais pão.
Em vários pontos da capital, Petrogrado, milhares de manifestantes repetiam “pão e paz”. Em
26 de fevereiro, uma multidão se dirigiu à Duma cantando hinos revolucionários e bradando:
“Abaixo a autocracia!”, “Abaixo o tsar!”, “Abaixo a guerra!”. O governo respondeu com a
repressão, como nas vezes anteriores. Muitos soldados, porém, se recusaram a obedecer as
ordens do czar, aliando-se aos protestantes.
Acima, à esquerda, manifestações por ocasião do Dia Internacional da Mulher tomam conta das ruas de Petrogrado, iniciando a Revolução de Fevereiro. À
direita, a capital russa em pleno caos vê barricadas serem erguidas em várias ruas e praças.
Os grupamentos revolucionários bolcheviques, mencheviques, socialistas
revolucionários e anarquistas intensificaram suas ações, ao serem pegos de surpresa pela
resposta do czar. Diante destes acontecimentos, o presidente da Duma pediu ao czar que
atendesse a algumas reivindicações populares e formasse um novo governo, mas esse pedido
foi recusado, e ao invés disso, Nicolau II adiou as reuniões da Duma e mandou mais tropas
para restaurar a ordem em Petrogrado.
Era tarde demais, pois no dia 27 de fevereiro, soldados e operários ocuparam o Palácio
de Inverno, fazendo com que, em poucas horas a capital do Império caísse nas mãos dos
revolucionários. A partir de Petrogrado, a revolução atingiu toda a Rússia. As autoridades
imperiais foram exoneradas de seus cargos e substituídas por representantes nomeados
pelos
. Estes novos dirigentes eram quase todos mencheviques, limitando a
participação bolchevique no movimento.
Em 2 de março de 1917, a Duma e o soviete de Petrogrado fixaram um acordo que
permitiu a formação de um governo provisório de maioria liberal. O príncipe Georg Lvov foi
nomeado chefe do governo. Era um político tradicional e proprietário de terras, cujos
ministros pertenciam a diversas facções.
1.
Soviet, em russo, significa “conselho”. São conselhos de deputados eleitos e formados por operários,
soldados e camponeses para representar a população nas Revoluções de 1905 e 1917. Reprimidos e
extintos após 1905, renasceram em 1917, e foram muito importantes durante a Revolução.
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A DUALIDADE DE PODERES
Com a queda do tsarismo, estabelece-se na Rússia uma aliança entre o soviete de
Petrogrado, eleito pelos operários e soldados, e o Governo Provisório, de caráter liberal e
controlado pela burguesia. Essa aliança deu origem a uma dualidade de poderes.
De um lado, o Governo Provisório da Duma, que representava as classes alta e média,
e o Soviete de outro, apoiado pelas classes trabalhadoras, soldados e partidos revolucionários
(Socialista Revolucionário e Social-Democrata, divididos em bolcheviques e mencheviques).
Uma das maiores divergências entre esses dois órgãos era quanto à Grande Guerra, pois
enquanto o Governo Provisório pretendia continuá-la, o Soviete pendia para uma proposta de
paz. Além disso, a população queria que a Assembleia Constituinte fosse convocada, os
operários reivindicavam uma legislação trabalhista e os camponeses uma reforma agrária.
Lênin voltava, então, de seu exílio na Suíça, em abril de 1917 em um trem fechado. Ao
chegar, ele publicou as chamadas Teses de Abril, que apresentavam as propostas dos
bolcheviques diante da revolução. Nelas, Lênin propunha a paz através da retirada imediata da
Rússia da guerra, a nacionalização de toda a terra do país e a formação de um novo governo
socialista a partir dos sovietes, sem os liberais. Isso significava uma ruptura dos bolcheviques
com o Governo Provisório eleito pela Duma. Os mencheviques não concordavam com Lênin e
defendiam um governo de aliança com os capitalistas liberais. As duas alas da SocialDemocrata haviam rompido em 1914.
No início as propostas do líder bolchevique não foram levadas a sério por seus
companheiros, mas entre 16 e 18 de julho de 1917, os bolcheviques organizaram uma revolta
armada contra o Governo Provisório, que ficou conhecida como as Jornadas de Julho. Muitos
trabalhadores, soldados e marinheiros participaram, mas o golpe falhou. Os bolcheviques
ainda não tinham força suficiente para tomar o poder. Lênin foi acusado de ser um agente
secreto da Alemanha e só escapou da prisão fugindo para a Finlândia. Vários de seus
companheiros foram para a cadeia.
O príncipe Lvov renunciou e foi substituído por Alexander Kerensky, um advogado
militante do Partido Socialista Revolucionário que antes havia sido Ministro da Guerra.
Kerensky era um socialista moderado e tentou pacificar o país através de negociações. A
situação na Rússia não estava boa: a economia estava em crise e o desemprego aumentava.
À esquerda, soldados realizam demonstrações pró-bolcheviques pelas ruas da capital. À direita, a confusão toma conta da
Avenida Nevsky, a maior da cidade, no dia 4 de julho, quando o caos e a anarquia tomaram conta de Petrogrado.
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REPRESENTAÇÕES
Soviete de Petrogrado:
CHKHEIDZE, Nikolay Semyonovich (“Karlo”) - Menchevique
Chkheidze nasceu em uma aldeia da província Imereti, na
Geórgia, em 1864. Ele pertencia a uma família aristocrática em Poti.
Em 1887, graças a sua participação em insurreições estudantis, foi
expulso da Universidade de Novorossiysk. Anos depois ingressou no
Instituto Veterinário Kharkov, de onde foi expulso alguns anos depois.
Ele foi responsável pela difusão do marxismo em nosso país na
década de 1890. Se nós quisermos que o império volte a reinar, as
suas ideias devem ser combatidas.
Chkheidze mudou-se para Batumi, em 1898, onde trabalhou como inspetor do hospital
municipal. No mesmo ano ele se filiou ao POSDR e, em 1903 se tornou um menchevique. Ele
participou das revoltar de 1905 e em 1907, se tornou membro do conselho de Tibilisi.
Os mencheviques, que eram liderados por Chkheidze e apoiados pelos bolcheviques
desde o início da grande guerra, eram contra a permanência da Rússia na guerra.
TSEDERBAUM, Yuli Osipovich (“Julius Martov”) - Menchevique
Nascido em 1873, é o único filho de uma família judia que
vive em Constantinopla. Alcunhado como “Julius Martov”. Tornou-se
um grande amigo de Lênin ao fundar o grupo Luta pela Emancipação
de Classes Trabalhadoras.
Martov foi exilado da Santa Rússia Imperial por causa de
diversos fatores, como o fato de ter fundado o Iskra, filiando-se ao
POSDR.
Graças a desavenças com Lênin durante o segundo
congresso do POSDR, fundou a facção menchevique da qual é
considerado líder junto com Karlo.
Martov acredita em uma possível reconciliação com os bolcheviques, mesmo fazendo
parte da ala mais radical dos mencheviques. O que gerou uma cisão entre a ala central da
facção menchevique e a ala denominada “internacionalista”, do grupo Mezhraiontsy foi o
discurso de oposição adotado em relação a grande guerra.
Martov tem o temperamento muito instável, sendo muito suscetível a embates, o seu
ego tem muito peso nas suas decisões principalmente quando é contestado ou contrariado.
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DAN, Fyodor Ilyich - Menchevique
Nascido em 1871 em São Petesburgo, vêm de uma família
de agiotas judeus. Começou a sua carreira logo cedo juntando-se à
Luta pela Emancipação da Classe Trabalhadora. Sem dúvida é o
menchevique com maior número de prisões e encarceramentos, foi
preso pela primeira vez em 1896, ao ser liberto foi para um exílio em
Oryol.
Após desentendimentos do ocorrido em Londres, filhou-se a
facção menchevique, seguindo Martov e, juntou-se ao POSDR. Ele é
conhecido por todos os oficiais da Okhrana, pois é uma das figuras
mais proeminentes do partido.
Editor de várias publicações de seu partido. Foi preso novamente, um pouco antes do
início da grande guerra. Foi solto em 1915, com a condição de se juntar ao exército como
sargento. Parece estar se tornando uma figura importante pelo seu envolvimento com os
soldados.
BORUTSCH, Pinches (“Pavel Borisovich Axelrod”) - Menchevique
Nascido na Ucrânia, em 1850, tem como melhor amigo de
infância Georgi Plekhanov. Sua esposa morreu em 1906, E deixou três
filhos.
Um grande empresário, dono de uma fábrica de kefir, com
bases em Genebra, Zurique e na Basileia.
Durante a sua juventude foi fortemente influenciado por
Mikhail Bakunin. Segundo algum de seus amigos, mesmo depois de
deixar a miséria, continuou sendo um idealista incorrigível.
Graças a um trabalho como cofundador de um grupo de Emancipação do Trabalho,
nos Cantões Suíços, recebeu um convite para elaborar com Lênin, Martov e Plekhanov, o
periódico Iskra, que é um exemplo da famigerada ação revolucionária.
Após um congresso em Londres juntou-se ao POSDR.
É muito diplomático e convincente, e muito persuasivo.
TSERETELI, Irakli Georgievich (“Kaki”) - Menchevique
Vem de uma família nobre e extremamente rica. Seu pai
Giorgi Tsereteli, ficou famoso por escrever obras consideradas por
alguns de caráter antipatriótico, amorais e altamente radicais.
Nascido em 1881.
Kaki começou a se envolver com protestos estudantis,
quando estudava direito na Universidade de Moscou. Após a sua
ativa participação em um movimento estudantil que liderava a
juventude perdida da Universidade na época, teve que ter uma
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breve passagem pela Sibéria em 1902.
Após voltar da Sibéria, no seu período de reeducação, se juntou ao POSDR e, logo após
a separação no congresso em Londres, se juntou aos mencheviques. Tornou-se o editor do
Kvali, que era um periódico de propaganda. Fugiu para a Alemanha com medo da repressão.
Kaki voltou para a Santa Rússia Imperial, no levante de 1905, elegendo-se como uma
das principais lideranças mencheviques na segunda Duma, e logo após a dissolução da Duma,
foi novamente preso cumprindo sentença de cinco anos.
Quando foi libertado juntou-se à ala moderada dos mencheviques internacionalistas,
também conhecidos como Zimmervaldistas Siberianos. Ele tem o apoio de uma minoria
bolchevique e do Partido Socialista Revolucionário.
BRONSTEIN, Lev Davidovich (“Leon Trotsky”) - Mezhraiontsy
Judeu, filho de camponeses, ainda jovem já publicava
panfletos que espalhava nas regiões do sul da Ucrânia. Em 1898 foi
preso por organizar uma célula comunista e por difundir propaganda
considerada antipatriótica. Foi condenado ao degredo siberiano em
1900 e em 1905, porém escapou ambas as vezes. Em 1903, após sua
primeira fuga, foi à Inglaterra e à Suíça, estando presente no
Segundo Congresso da organização ilegal denominada Partido
Operário Social-Democrata Russo.
Foi relator do Iskra (1902-3) e do Pravda (1908-12). Dominava a retórica e
representava a cabeça de todos os levantes e marchas durante as agitações de 1905, liderando
o Soviete de Petrogrado. Por conta dessas atividades foi mais uma vez sentenciado ao exílio
aparentemente perpétuo. Fugiu mais uma vez, retornando ao movimento marxista. Trotsky
pretende investir no exército do Tsar, pregando suas concepções teóricas no jornal Nashe
Slovo. Por ser perseguido pelos países aliados do Império Russo, é encaminhado aos Estados
Unidos, onde será acolhido pelos grupos judaicos e socialistas. Relatos de colegas indicam que
ele possui um ego extremamente forte.
PLEKHANOV, Georgi Valentinovitch - Yedinstvo
Nascido em 1856, é um brilhante escritor e um devoto
estudante. Plekhanov é um grande estudioso do materialismo
histórico e da dialética de Marx. Sua habilidade como redator é
sempre muito útil em suas atividades. Usou diversos pseudônimos
ao longo da vida por causa da perseguição. Fez várias críticas ao
governo do Tsar, deixando claro que era inimigo do mesmo. Várias
críticas acabaram sendo censuradas. O seu grande esforço para
implantar as ideias marxistas na Rússia durante o período de
repressão fez com que ele conseguisse um importante posto no
movimento internacional da classe trabalhadora.
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Plekhanov passou a levar uma vida de fugitivo desde que proferiu um discurso durante
a Demonstração de Kazan, em 1867, onde criticou o regime tsarista, e defendeu as ideias do
“democrata revolucionário” russo, N. G. Chernyshevsky. Acabou sendo preso duas vezes em
1877 e em 1878. Graças a perseguição intensa, acabou migrando em 1880.
Plekhanov, já era líder da organização Terra e Liberdade e fazia parte do movimento
populista russo. Quando esteve fora da Rússia, estabeleceu uma relação com o movimento
Social-Democrata na Europa Ocidental, a sua adesão ao marxismo veio dessa época.
Popularizou os famigerados estratagemas marxistas entre os revolucionários russos, formando
então o grupo de emancipação do trabalho. Quando o grupo foi dissolvido, Plekhanov passou
a fazer parte do POSDR, junto com Lênin. Em 1903 rompeu com Lênin, no Segundo Congresso
do POSDR e, se juntou a facção menchevique. De volta a Rússia, após as revoltas de 1905,
formou o grupo Yedinstvo.
SVERDLOV, Yakov Mikhaylovich - Bolchevique
Demonstrava ser um homem extremamente inteligente,
engenhoso e calculista desde sua infância. Abandou a escola em
1900 por ir contra os ideais da instituição, não possuir bons modos
e bons costumes. Apreciava grandes obras literárias estrangeiras e,
inconformado com os tempos em que a Rússia vivia, dedicava
muito
de
seu
tempo
nelas.
Yakov foi cada vez mais se integrando às massas populares,
tendo sua primeira experiência com elas sendo aprendiz em uma
farmácia. Passou a utilizar a oficina do pai para imprimir
documentos para as organizações ilegítimas socialistas. Aos 16
anos já se destacava entre os militantes do Partido Bolchevique.
Após ser preso deu início a uma perseguição política sem fim, o que
o fez voltar-se por completo aos trabalhos clandestinos do partido.
A partir daí, passou a ter confiança da elite do partido composta por diversos
veteranos. Ajudou a instituir comitês como os de Kostromá, Kazan, Ecaterinburgo e Perm e foi
dirigente dos bolcheviques, até ser preso em 1903, sendo liberado apenas 3 anos depois.
Enquanto preso, leu várias obras antipatrióticas de cunho socialista. Foi mais uma vez preso
em 1910 e só pode voltar a Moscou quatro meses depois para defender Lênin dentro do
partido. Em novembro é exilado por mais quatro anos, até voltar para unir-se ao Comitê
Central do Partido em Petrogrado.
ULIANOV, Vladmir Ilitch (“Lênin”) - Bolchevique
Vladmir, por ter vivido uma infância regrada, não se
interessou por política até os 16 anos. Em 1887, seu irmão,
Alexander Ulianov, condenado à morte pela tentativa de
assassinato do tsar Alexandre III, é enforcado. Porém, com
excelente conduta e histórico escolar, Lênin sofreu dificuldades
provocadas pela mancha estabelecida no nome da família, graças
a seu irmão. Sua mãe teve de implorar seu aceitamento na
Universidade
de
Direito
de
Kazan.
Por estar constantemente envolvido em rebeliões estudantis, foi
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Mini-guia de Estudos: Poder Dual da Rússia
forçado a terminar seus estudos independentemente e nesse período teve os primeiros
contatos
com
a
teoria
marxista.
Em 7 de dezembro de 1895, foi preso por conspirar contra o Tsar, permanecendo
confinado por catorze meses na Prisão Preventiva de Petrogrado. Em fevereiro de 1897, foi
exilado para a Sibéria Oriental, onde se encontrou com Georgy Plekhanov.
Com o fim de seu exílio em 1900, passou a viajar pela Europa. Nesse período, juntamente a
Julius Martov, fundou o jornal Iskra. Retornou à Rússia no conturbado ano de 1905. Em 1906,
foi eleito membro do Comitê Central do Partido Operário Social–Democrata Russo e
novamente mandado ao exílio, desta vez na Finlândia. Não deixou por um instante sequer de
conspirar contra o Tsar e suspeita-se que ele conspire com o Império Alemão para
desestabilizar a sociedade russa.
RODOMYSISKY, Ovsel-Gershon Aronovich (“Grigory Yevseevich
Zinoviev”) - Bolchevique
De família judia e ucraniana, alcunhado como “Grigory
Yevseevich Zinoviev”, foi educado em casa. Enquanto jovem estudou
filosofia, literatura e história. Interessado por política, em 1901,
filiou-se ao Partido Operário Social-Democrata Russo. Em 1903,
tornou-se um dos primeiros membros da facção bolchevique do
partido. A partir daí, pode-se notar sua capacidade com relação à
política.
Desde os primeiros meses de 1903, Nos primeiros meses de 1903 tornou-se grande amigo de
Vladmir Ilitch Ulianov, o Lênin. Em 1907, foi eleito membro do Comitê Central do partido e, em
1908,
colocou-se
ao
lado
de
Ulianov.
Zinoviev era conhecido por muitos como os "olhos" de Lênin, por ter sido seu representante
em
várias
organizações
socialistas
nacionais
e
internacionais.
É extremamente clara a sua posição perante a Rússia na Grande Guerra, sendo totalmente
contra a sua permanência em tal. É fortemente ligado ao judeu L. B. Rosenfeld, popularmente
conhecido como Kamenev.
DZERZHINSKY, Felix Edmundovich - Bolchevique
Filho de nobres, frequentou o ginásio russo de Vilna, é
alcunhado como “Felix de Ferro”. Foi expulso do colégio por estar
envolvido com atividades revolucionárias, não podendo se
graduar. Em 1895 se associou ao grupo União dos Trabalhadores
e, em 1897, foi preso e exilado para a Sibéria. Dzerzhinsky
escapou do exílio e ajudou a fundar o Partido Social-Democrata
do
Reino
da
Polônia,
em
1899.
Em 1900 foi, mais uma vez, mandado para as terras da Sibéria,
rumando depois para Berlim, onde se encontrou com Jogiches
Leo
e
Rosa
Luxemburgo.
Em 1904, deixou a Suíça para se dedicar às atividades da revolução, que mais tarde
resultaram no movimento de 1905. Ia cada vez mais se aproximando do movimento
bolchevique.
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A partir de 1911, tendo que cuidar de seu filho, passou a viver escondido na Polônia.
Entretanto, continuou conspirando contra a Okhrana. Foi preso em 1912 e com a explosão da
Grande Guerra, junto com os demais presos políticos, Felix foi transferido para a Rússia. Já
livre na cidade de Moscou, filiou-se ao Comitê de Moscou dos Bolcheviques e, mais tarde,
eleito
para
o
Comitê
Central,
transferiu-se
para
Petrogrado.
Com o tempo foi criando fortes laços com Lênin. Felix Dzerzhinsky é uma pessoa
aguerrida e obstinada.
SPIRIDONOVA, Maria Aleksandrovna – Partido Socialista Rev. de
Esquerda
Heroína dos revolucionários russos, Spiridonova, de família
nobre, passou a maior parte de sua vida fora de liberdade - seja
em exílio ou na prisão. Filiou-se ao Partido Socialista
Revolucionário, foi considerada uma inimiga da pátria.
Durante os anos que viveu como fugitiva, fora de território
russo, se envolveu com outros revolucionários, como Mark A.
Natanson, com os quais passou a liderar movimentos da ala
esquerdista. Marginalizados, seriam responsáveis por fundar, no
último
mês,
o
Partido
Socialista
Revolucionário
de
Esquerda.
Spiridonova sofreu punições na prisão de Chuti, onde passou muito anos de sua vida.
Porém, com a divulgação de tais torturas, passou a ter simpatia de parte do povo, o que
colaborou para que, no lugar de condenada à morte por suas atividades subversivas, fosse
apenas condenada ao exílio na Sibéria. É uma das responsáveis pelo enfraquecimento político
do Império Tsarista.
NATANSON, Mark Andreyevich (“Bobrov”) - Partido Socialista
Rev. de Esquerda
Nascido em 1850 e originário de uma família judia de
ricos comerciantes, Natanson graduou-se na Academia MédicoCirúrgica e no Instituto Agrícola de São Petersburgo. Seu
privilégio intelectual e devoção aos estudos foram
posteriormente canalizados para as causas revolucionárias.
Influenciado por sua esposa, a revolucionária populista Olga S.
Natanson.
De 1869 a 1871, foi submetido a detenção e prisão e,
em 1872, foi exilado na província de Arkhangelsk. Só retornaria
a São Petesburgo em 1876, quando começaria a trabalhar na tentativa de unificação dos
diversos grupos populistas em uma só organização. Em 1878, fundou o grupo “Terra e
Liberdade”, juntamente com Georgi V. “Volgin” Plekhanov.
Em 1877, depois de preso pela segunda vez, foi mandado para exílio na Sibéria. Em 1904,
emigrou para a Suíça, onde se encontrou com Vladmir I. Ulianov, o “Lênin”, uma das figuras
mais influentes do movimento revolucionário.
Seguidores do populismo russo, dentre os quais estava Natanson, fundiram-se, em
1902, ao Partido Socialista Revolucionário. No Primeiro Congresso Socialista, em 1906, tornouse membro do Comitê Central do Partido. Mais tarde, encabeçou a ala à esquerda do partido
e, no início de 1917, participou da fundação do Partido Socialista Revolucionário de Esquerda.
Apoia os bolcheviques.
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KAMKOV, Boris Davidovich - Partido Socialista Rev. de
Esquerda
Nascido em 1885, filho de médicos ricos e judeu, participou de
movimentos revolucionários como os de Chisinau, Odessa e
Nikolaev. Formou-se na escola de Kishinev e, em 1911,
graduou-se advogado na Universidade de Heidelberg, na
Alemanha. Anteriormente, em 1904, fora preso como
membro da organização Socialistas Revolucionária, tendo sido
mandado para exílio em Turukhansk, em 1905. Dois anos mais
tarde, fugiu para o estrangeiro e, no Ocidente, estabeleceu
relações com pessoas como Viktor M. Chernov e Mark A.
“Bobrov” Natanson. Em 1915, fundou o Comitê Russo de Assistência a Prisioneiros de Guerra,
cujo objetivo era difundir a ideologia revolucionária entre os membros do exército.
Pertencente ao Partido Socialista Revolucionário, liderou o movimento da ala à esquerda desse
núcleo. Convencido da impossibilidade de mudar a política do partido, criou, ao lado de
Bobrov e Maria A. Spiridonova, a Mesa Organizadora dos Socialistas Revolucionários de
Esquerda. Só em 1917 que essa facção se tornou um partido.
Sempre acusou os bolcheviques de não tratar com atenção os reais interesses dos
camponeses, setor mais necessitado da Rússia.
GOTZ, Abram Rafailovitch - Partido Socialista Revolucionário
Nascido em 1882, em uma família abastada de comerciantes,
Abram Gotz se formou em uma Escola Técnica em Moscou.
Integrante do movimento revolucionário desde 1896, fez parte
da Aliança do Norte Socialista. Ingressou no ano de 1900 na
Faculdade de Filosofia da Universidade de Berlim. Durante esse
período de estudos, participou do círculo jovem de Heidelberg
Halle, no qual borbulhavam ideias revolucionárias. De volta à sua
terra natal, tornou-se membro do Comitê de Moscou do Partido
Socialista Revolucionário, do qual fora membro fundador em
1901.
A partir de 1906, uniu-se à organização militar do grupo socialista-revolucionário. Em 1907, foi
enviado para a Sibéria, onde cumpriu pena de oito anos.
BRESHKO-BRESHKOVSKY, Catherine (“Babushka”) - Partido
Socialista Revolucionário
Vinda da nobreza Imperial russa da primeira metade do século XIX,
“Babushka” é conhecida como a “Vovó Revolucionária”. Ela é o
membro mais antigo do Soviete, é extremamente educada e franca,
mas facilmente irritável.
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Mini-guia de Estudos: Poder Dual da Rússia
Em 1874, juntamente com outros jovens, participa de um de seus primeiros grandes
movimentos socialistas, indo viver com camponeses ucranianos. Em 1877 é exilada para a
Sibéria pela primeira vez, ficando presa lá por 19 anos. Após sua libertação voltou a participar
de movimentos revolucionários, funda o Partido Socialista Revolucionário em 1901 e, após
longa perseguição, é presa e exilada novamente para a Sibéria, por onde fica por quatro anos.
Babushka, enquanto antiga personagem revolucionária russa, tem suas teorias socialistas
muito mais ligadas ao pensamento dos antigos movimentos populistas russos, sendo assim,
um pouco distante do excêntrico pensamento marxista. Dentro de seu partido, está mais
próxima da ala direita, liderada por Kerensky, e que tem como principal linha de pensamento
uma revolução mais democrática e burguesa, do que socialista e agrária.
Governo Provisório da Duma:
KERENSKY, Alexander Fyodorovich - Partido Socialista
Revolucionário
Natural das proximidades do Volga, Kerensky é filho de
um diretor de escola e de mãe nobre, ingressou em movimentos
revolucionários juntamente com o curso de direito em São
Petesburgo. Como advogado defendeu os camponeses e outros
revolucionários, obtendo grandes êxitos.Tanto êxito na carreira
jurídica se deve, principalmente, à sua enorme habilidade
oratória.
Kerensky é membro do Partido Socialista Revolucionário,
sendo, dentro deste, líder da ala direita, defendendo, assim, um processo socialista mais
diplomático, democrático e menos marxista. Por ser partidário desse ideal, Kerensky fez parte
simultaneamente tanto do Soviete de Petrogrado quanto do Governo Provisório da Duma,
tendo adentrado nesse segundo durante a formação da primeira coalizão.
Após as Jornadas de Julho e a conseqüente abdicação do príncipe Lvov enquanto
ministro-presidente do governo provisório, Kerensky tornou-se o ministro-presidente do
governo provisório e, conseqüentemente, teve de deixar suas funções dentro do Soviete. Após
assumir tal cargo Kerensky formou a nova coalizão, colocando, assim, mais membros
socialistas no governo provisório da Duma, fazendo com que este assuma a formação atual.
Kerensky assumiu como ministro-presidente com muito apoio, por ser um jovem
advogado muito querido, mas desde então sua popularidade vem caindo a partir de decisões
sem sucesso como a Ofensiva de Kerensky, operação sem sucesso de ataque à Galícia proposta
por Kerensky.
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NEKRASOV, Nikolai Vissarionovich – Partido Constitucional
Democrático
Nekrasov é um dos Kadetes (membros do partido
Constitucional-Democrático [KD]) do governo provisório da Duma. É
formado em engenharia ferroviária. Começou a participar da política
em 1905 em Tomsk (Sibéria), 3 anos após se formar, onde participou
da formação do sindicato acadêmico. Após isso Nekrasov se mudou
para Ialta (sul da Ucrânia), onde se filiou ao KD e foi escolhido pra
representar a província de Tauride no conselho de formação do
partido.
Nekrasov foi membro de duas Dumas estatais em Tomsk e
dirigente do comitê central do KD, tendo abandonado esse segundo posto, após discordar de
uma medida que favorecia o Czar, atualmente é membro da Sessão Especial sobre Defesa
Nacional.
Nekrasov é uma das mentes mais hábeis da Rússia e, recentemente, tem se
aproximado de homens como Kerensky e A. Guchkov e da maçonaria russa.
TERESCHENKO, Mikhail Ivanovich – sem filiação partidária
Tereschenko é um proprietário de terras milionário
provindo da Ucrânia. Ele é um dos homens mais cultos do governo
provisório e de todo o império, sendo fluente em 13 idiomas,
tendo cursado direito em Kiev (Ucrânia) e economia em Leipzig
(Alemanha).
Em 1909, Tereschenko começou a trabalhar na
universidade de direito de Moscou, onde apresentou ser partidário
de ideias liberais e contrarias a algumas medidas czaristas, por isso
acabou largando a vida acadêmica em 1911.
Tereschenko é maçom e um homem influente dentre varias organizações da alta
burguesia, tais como a Sociedade Russa dos Produtores de Açúcar e alguns bancos
importantes. Dentro do governo provisório é o ministro Militar-Industrial.
Ultimamente Tereschenko tem apresentado relações com o Bloco Progressista, apesar
de não ter nenhuma filiação partidária e ter um histórico um tanto quanto mercenário.
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Mini-guia de Estudos: Poder Dual da Rússia
AVKSENTYEV, Nikolai Dmitryevich – Partido Socialista
Revolucionário
Natural de Penza (margens do Rio Sera a sudeste de
Moscou), Avksentyev cursou direito na universidade de Moscou,
expandiu seus estudos em universidades alemãs, em 1899 foi para
a França onde se tornou doutor em filosofia.
Em 1905, filiou-se ao Partido Revolucionário Socialista,
participando, a partir disso, de movimentos revolucionários, que o
levaram a uma condenação, após um julgamento onde ele não
abriu mão de seus ideais, e um exílio para a Sibéria. Durante os 10
anos que passou exilado escreveu para o jornal do Partido Revolucionário Socialista.
Avksentyev é um dos membros da ala direita do Partido Revolucionário Socialista e faz
parte do Governo Provisório da Duma.
ZARUDNY, Alexander Sergeyevich – Partido Popular Socialista
Zarudny é um dos membros mais velhos do Governo
Provisório da Duma, é formado pela Escola Imperial de Direito
(Petrogrado), é um dos membros do Partido Popular
Socialista, tendo se afiliado a esse neste ultimo ano, é um
homem idealista, simpático, pensativo e um tanto lento, mas
apesar de ser muito trabalhador nunca se manteve muito
tempo num único cargo por não conseguir tratar muito bem
subordinados.
Zarudny foi preso em 1887 por estar envolvido na
tentativa de assasinato do Csar Alexander III, mas acabou sendo solto por falta de evidencias.
De 1888 até 1891, trabalhou no Ministério da Justiça. Após isso trabalhou no escritório da
procuradoria-geral da Corte Distrital de Petrogrado. De 1900 até 1902 trabalhou no
ministério da Justiça, concluiu seus serviços como conselheiro do estado e foi premiado por
isso.
NIKITIN, Alexei Maximovich - Menchevique
De origem e nacionalidade desconhecida, embora se
saiba que vem de uma família comerciantes, Nikitin formou-se
em Direito na Faculdade de Moscou. Depois disso a rumores de
que entrou para o Partido Operário Social-Democrata Russo em
1899, embora não exista registro do ocorrido.
Foi detido em Novgorod poucos anos depois. Após sua
condenação, durante o seu transporte para instalações na
Sibéria, conseguiu fugir. Saiu da Rússia e se dirigiu a Londres,
onde presenciou a clivagem do Segundo Congresso.
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Mini-guia de Estudos: Poder Dual da Rússia
Ingressou,então, na facção menchevique.
Participou junto com Alexander F. Kerensky da Comissão de Inquérito sobre o tiroteio
em Lena. Tem significativa importância no partido.
PROKOPOVICH, Sergei Nicolayevich – sem filiação partidária
Prokopovich é um caso a parte. Suas escolhas não seguem
uma linha racional e parece ser difícil prever quais serão suas
reações. Pode não ser, todo o tempo, um inimigo do povo.
Estudava na Academia de Agricultura de Petrovsky antes de
ser expulso por comportamento violento em manifestações
estudantis. Formou-se posteriormente em Ciências Econômicas na
Universidade de Bruxelas, tornando-se mais adiante Doutor em
Filosofia, na Universidade de Berna.
Além disso é um grande especialista na área de estatística, publicou diversos trabalhos
sobre o cálculo da renda nacional, em 1900, abrangendo 50 províncias. Foi presidente de
várias associações, bem como da Seção de Economia Livre Imperial da Sociedade Econômica.
Segundo relatos, seria autor da frase: “rejeito revoluções. Prego evoluções”.
Participou, desde 1904, de reuniões do grupo União da Libertação. Em 1905 foi
membro do Comitê Central do Partido Constitucional-Democrático, ao qual não é mais filiado.
Sua moral pode ser colocada fortemente em dúvida por existirem fortes indícios de que
participe da redação dos jornais Camarada e Nova Vida.
Desde o início da Grande Guerra, Prokopovich tem trabalhado no Comitê MilitarIndustrial Regional. Parece ser um sujeito muito hábil em negociações, diplomático e
persuasivo.
TCHERNOV, Viktor Mikhailovich – Partido Socialista Revolucionário
Formado em Direito pela Universidade de Moscou, teve uma
carreira política agitada que começou em 1894 quando conduzia a
organização de uma "festa estudantil" que, na verdade, revelou-se
como uma tentativa de reunir todos os socialistas em circulação na
Santa Rússia Imperial. Foi mantido na Fortaleza de Pedro e Paulo
durante seis meses após o incidente.
Quando de sua soltura, em 1895, chega à cidade de Tambov,
começa a organizar uma rede de irmandades camponesas. Amigos
relatam que Tchernov, vendo a incapacidade dos grupos populistas
em organizarem algo semelhante, teria se desiludido, decretando a
"crise do populismo" e revelando a pretensão de fundar novas bases ideológicas.
Voluntariamente exila-se em Zurique, em 1899, onde desenvolve uma nova mais
radical corrente de pensamento socialista, voltada para países com estruturas agrárias. Cria o
Partido Socialista Revolucionário em 1902, sendo também seu patrono ideológico.
Sua corrente ideológica não é considerada verdadeiramente socialista pelos
bolcheviques, pelo seu teor populista e preocupação excessiva com setores do campesinato.
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Antes de mais nada, ele é um elemento perturbador interessado em corromper os
camponeses.
SKOBELEV, Matvey Ivanovich - Menchevique
Natural de Baku, é membro de uma família de industriais muito
ricos. Foi na célula clandestina existente em sua cidade natal que
se juntou ao Partido Operário Social-Democrata Russo. Formou-se
matemático pela Escola Politécnica de Viena, na qual viria a
trabalhar como assistente. Em Viena conheceu o Sr. Lev
Davidovich Bronstein, o famigerado Leon Trotsky, de quem se
tornou amigo íntimo embora, vários de seus amigos indiquem
outros tipos de relação.
Durante seis anos editou o jornal Pravda, tempo em que
também comtribuiu financeiramente com somas exageradas para o periódico, levando parte
do patrimônio de sua família consigo.
Voltou em 1912 para sua região natal, o Cáucaso, após ser eleito para compor a IV
Duma. Nela, adquiriu grande popularidade entre os mencheviques e, por isso, juntou-se a essa
facção.
Desde então provocou uma greve numa de suas próprias indústrias de Baku - mesmo
que não se saiba, até hoje, o porquê - e se tornou crítico ferrenho do governo – ainda que se
demonstre a favor dos esforços de guerra.
PESHEKHONTSEV, Alexei Vasilievich – Partido Popular Socialista
Ainda jovem Peshekhontsev já demostrava ter um grande
potencial político e provocador. Em 1884, foi expulso do Seminário
que frequentava, serviu o Exército Russo, de 1888 até 1891, tendo
sido preso pela primeira vez em 1894, acusado de defender ideias
provocadoras, permanecendo detido por cinco meses. Em 1899,
após dois anos trabalhando como contador e, clandestinamente,
insuflando revoltas fabris pelo interior do país, decidiu seguir a
carreira de jornalista. Foi a partir daí que se engajou profundamente
na atividade subversiva.
Estabeleceu-se por um ano em São Petersburgo, mas, perseguido pela sempre atenta
polícia imperial, fugiu da cidade. Com o esfriar das hostilidades contra seus escritos, consegue
voltar à cidade em 1904. Fundou a célebre “União pela Libertação”, organismo que, em boa
proporção, apoiava as mesmas propostas que o Partido Socialista Revolucionário, e que teria
um importante papel durante as manifestações populares de 1905. Naquele ano, após o
incidente envolvendo as tropas cossacas e a multidão raivosa, Peshekhontsev foi membro da
delegação de opositores ao regime que para negociou com o então Presidente do Conselho de
Ministros do Tsar, o finado Conde S. Y. Witte. Com o cerco do governo à esbórnia,
Peshekhontsev e seus colegas seriam novamente presos – a liberdade só viria com o Manifesto
de Outubro, assinado por Nicolau II.
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Sua figura nunca foi a mais querida entre os círculos da esquerda, tendo ele de fundar,
em 1906, o dito Partido Popular Socialista.
YURENEV, Piotr Petrovich – Partido Constitucional
Democrático
O currículo do engenheiro Yurenev está marcado pela
coordenação da construção da ferrovia Moscou-Kiev-Voronezh,
tendo tmabém um papel importante no planejamento a longo
prazo do sistema ferroviário russo.
Não representa grandes riscos no cenário político nacional,
isso graças a sua covardia nata, muito mais do que a suas
proposições políticas. Mesmo não integrando as fileiras das
organizações socialistas, seu radicalismo não diminui. Sempre se
declarou um defensor de uma “democratização” do regime de Nicolau II. É inegável que, desde
os tempos em que era um jovem estudante do Instituto de Engenharia Ferroviária, cultiva
admiração pelos discursos extremistas. Formado em 1897, passa a fazer parte de grupos
antipatriotas, que questionam a estrutura de poder na Santa Rússia Imperial.
Em 1903, tornou-se membro de sua atual organização: o Partido ConstitucionalDemocrático – conhecido pela famosa sigla “KD”. É eleito deputado da Segunda Duma em
1907. No ano de 1911, passa a integrar o Comitê Central de seu agrupamento político.
Desde o início da Grande Guerra, apoiou as tropas russas. Estava envolvido na
construção do metrô de Moscou, obra que foi adiada em razão do conflito. Em 1915 passa a
integrar três organismos fundamentais para a manutenção da estabilidade social em tempos
de guerra: o Comitê de Abastecimento do Exército, o Comitê Industrial-Militar de Moscou e o
Comitê de Sindicatos de Toda a Rússia. Nos dois primeiros, presta consideráveis serviços à
nação; no último, apoia o sindicalismo mais desordeiro.
KARTASHEV, Anton Vladimirovich - Partido Constitucional
Democrático
O senhor Kartashev apresenta duas facetas: por um lado, é
um teólogo respeitado, homem de Deus e da pátria; por outro, é
um crítico do Tsar e de sua forma de liderar o povo russo. Como
membro do Partido Constitucional-Democrático, esse cidadão dos
Urais defende o projeto de uma monarquia constitucional, não
medindo ataques contra a atual estrutura de poder.
Filho de uma família de mineiros dos Urais, Anton
Vladimirovich foi seminarista, formando-se posteriormente em
teologia na Academia Teológica de São Petersburgo,
especializando-se, também, em história posteriormente. Escreveu
na primeira década do sédulo XIX, uma série de livros sobre a história da Santa Igreja Ortodoxa
Russa.
Trabalhou como jornalista, escrevendo para os jornais religiosos como o “Novo
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Caminho”. Nos últimos dez anos tem sido presidente da Sociedade Filosófico-Religiosa de
Petrogrado. Jamais criticou a precedência do governo sobre os líderes religiosos, no entanto,
sempre olhou com desdém a influência que Rasputin exercia sobre a família imperial.
No Partido Constitucional-Democrático, sempre foi uma figura discreta, de pouca
participação. É membro da ala mais conservadora do grupo.
Não há registros de qualquer cooperação com grupos arruaceiros. É um homem de
opiniões fortes, mas sabe muito bem onde as guardar. A temperança é seu ponto forte.
KOKOSHKIN, Fyodor Fyodorovich - Partido Constitucional Democrático
O sangue que corre nas veias de F. F. Kokoshkin é
indubitavelmente aristocrático. Nascido na cidade de Vladimir, esse
senhor sempre demonstrou um estupendo dom acadêmico. Aluno
brilhante desde a infância, Fyodor Fyodorovich se formou em Direito
pela Universidade de Moscou no ano de 1893. Estudou também por
uma curta temporada nas cidades alemãs de Heidelberg e
Estrasburgo, preparando-se para regressar à Rússia e lecionar
disciplinas do Direito Público. Ao retornar a Moscou, não trouxe da
Europa somente boas ideias: sua volta é marcada, também, pelo
florescimento das doutrinas liberais em sua mente.
Sua vida tem sido marcada por diversas atividades.
Academicamente, fez contribuições marcantes para o pensamento jurídico russo, tendo suas
conclusões práticas carregadas de certo ar crítico, federalizante.
Na vida pública, desde 1897, atuou como conselheiro da municipalidade de Moscou,
encarregado dos assuntos econômicos da cidade. Em 1907, passou a atuar como Assistente da
Duma Municipal, mesmo ano em que passa a contribuir regularmente para periódicos liberais.
Em 1905, funda, junto com P. N. Milyukov, o Partido Constitucional-Democrático.
Eleito para a Duma Imperial em 1906, sendo um dos deputados mais ativos da casa e
ganhando a admiração de todos na câmara, mesmo de seus opositores. Fica profundamente
indignado com a dissolução do parlamento em 1908. Envolve-se diretamente no “Caso do
Manifesto Vyborg”. Por causa disso, é preso e expulso do Conselho de Nobres de Moscou.
Trata-se, portanto, de um elemento que age nas três vertentes: acadêmica, pública e
política, mantendo em ambas a coerência de seu posicionamento, sempre liberal.
KONOVALOV, Alexander Ivanovich - Partido Progressista
Konovalov é, desde sempre, um político ousado. Frequentou a Faculdade de F física e
Matemática de Moscou, onde exercia forte atividade propagandística. Foi um empresário
muito bem sucedido, sendo o líder do setor de indústrias têxtil. Adquiriu muita influência
durante esse período, o que foi essencial para elevá-lo ao status de co-líder do Partido
Progressista – que se autoatribuía de interesses liberais e empresariais. Fundou e foi o
principal financiador de seu jornal, “A Manhã de Rússia”.
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Envolveu-se, em 1911, na carta publicada no jornal Gazeta
em repúdio às decisões tomadas pelo Ministro da Educação. Em
1913, apresentou uma proposta à Duma sobre o trabalho, na qual
pretendeu defender proteção para mulheres e crianças,
construção de moradias para os trabalhadores, seguro para
acidentes e para a velhice.
Foi acusado de defender a unificação da oposição ao
governo, embora a acusação não tenha sido apurada. Membro da
Maçonaria Russa, com A. Kerensky e N. Nekrasov. Foi vicepresidente do Comitê Militar-Industrial durante os primeiros
meses da Grande Guerra, por indicação de Nekrasov.
Embora haja registros de uma série de momentos em que sua sanidade foi seriamente
colocada em questão, sempre demonstrou ser um dos empresários mais importantes e
capazes da Rússia.
MILYUKOV, Pavel Nikolayevich - Partido Constitucional
Democrático
Especialista em História pela Universidade de Moscou, o
professor Milyukov é um dos mais reconhecidos estudiosos
russos. Sua fama também se deve à sua liderança no conhecido
Partido Constitucional-Democrático. Apesar de respeitar o Tsar
e o regime foi preso em 1901, por conta de suas ideias
consideradas subversivas e após proferir discursos polêmicos.
Sua expulsão da Universidade e da vida acadêmica se deu pela
mesma razão.
Viveu muitos meses nos Estados Unidos da América,
onde lia incansavelmente sobre pensadores liberais. Por seu
conteúdo os textos por ele lidos no continente americano não obteriam permissão para serem
publicados na Santa Rússia Imperial.
Participou da fundação de seu partido, em 1905, assumindo, desde o início, um papel
proeminente na organização. Sua participação como deputado na Duma é controversa – nos
últimos meses, integra o grupo mais radical da casa legislativa, o mesmo que prega um ataque
frontal à forma como o Tsar conduz a pátria. Milyukov, contudo, distancia-se de elementos
republicanos. Defensor de uma monarquia constitucional, o professor vive um momento de
crise, tendo sua autoridade questionada pelas alas extremadas de seus aliados. Muitas dessas
– como o Partido Progressista – passaram a apoiar os socialistas liderados por A. F. Kerensky.
Com o irromper da Grande Guerra, esteve ao lado das tropas imperiais russas, mas
nem por isso deixou de apedrejar a imagem do regime de Nicolau II – notadamente do
Primeiro Ministro B. V. Stürmer, forçando, com isso, sua renúncia.
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VERDEREVSKY, Dmitry Nikolayevich - sem filiação partidária
Militar dedicado, sempre se mostrou um bravo oficial da
Marinha Imperial. Formado na Academia Naval em 1893, torna-se
oficial de artilharia em 1898. Passa, em 1899, a integrar o Corpo de
Fuzileiros Navais. Reservista a partir de 1900, Verderevsky
retornaria ao serviço da Marinha com o início da Guerra com o
Japão, em 1904.
Durante o conflito, comandou o Contratorpedeiro 255 e,
posteriormente, serviu como oficial de artilharia no navio “Pedro, o
Grande”. Tornar-se-ia comandante dessa última embarcação a
partir de 1908, servindo sob as ordens do Almirante O. H. Essen.
Não esteve envolvido na chamada “Revolta dos Marinheiros” mas, na ocasião da
mesma, acabou ferido enquanto estava a bordo do cruzador “Memória de Azov”. Acreditou na
necessidade de separar os militares da política, e sempre demonstrou grande obediência à
hierarquia das Forças Armadas.
Entre os anos 1910-1911 e 1911-1914 foi o comandante dos Contratorpedeiros
“General Kondratenko” e “Novik”, respectivamente. Aposentou-se no início de 1914, mas, com
o irromper da Grande Guerra, logo voltaria à ação. Desde novembro de 1916, quando foi
promovido a contra-almirante, e atua como comandante da Divisão de Submarinos do Mar
Negro.
Em 1908, seu superior, A. N. Gerasimov, o qualificara como “Oficial capaz e experiente.
Piedoso, é dono de um bom coração, mas jamais abandona o rigor com que julga a ação dos
demais”.
IMPRENSA
Iskra (Искра): O jornal Iskra (em português: "A Centelha") foi criado em 1900 por socialistas
russos no exílio. Hoje, é o periódico de notícias do Soviete de Petrogrado, reverberando as
opiniões do grupo político que detêm a maioria nesse organismo;
Rech (Речи): O jornal Rech (em português: "O Discurso") é o meio pelo qual as firmes
opiniões do Partido Constitucional-Democrático chegam ao povo da Rússia. Patriota, o
periódico defende o estabelecimento de uma democracia liberal nas antigas terras do Tsar.
APPLICATION
O que é application:
O Application é um texto de total autoria do candidato, que deve ser enviado para a diretoria
do comitê para que tenha a chance de conseguir a representação que deseja.
Sobre a elaboração:
Antes da elaboração do texto, o candidato deve verificar a lista de representações e escolher 5
(cinco) nomes de representantes como opções, porém o texto será feito com base em apenas
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uma representação, que deve ser a primeira opção do candidato. Os nomes devem estar em
ordem de preferência, sendo o primeiro nome o qual o texto será redigido sobre, e os outros
quatro opções secundárias caso não consiga a representação (o sistema de seleção de
applications será explicado mais à frente).
Após a escolha das representações, o candidato deverá responder à pergunta no item a baixo,
seguindo a opinião da primeira opção de representação. O application deve ser digitado com
fonte Arial tamanho 12. Para que o application tenha qualidade, é aconselhável que o
delegado faça uma pesquisa além do mini-guia sobre a representação escolhida. O candidato
que redigir um texto para ter uma representação padrão não pode ter uma representação
para imprensa como uma das outras quatro opções. O application deve ter aproximadamente
3000 caracteres.
Representação padrão:
O candidato à representação padrão deve responder, conforme estabelecido no tópico
anterior, a seguinte pergunta, colocando-se no lugar de sua primeira opção de representação:
“Considerando a realidade do país em agosto de 1917, qual caminho deve ser tomado pela
Rússia diante dos recentes acontecimentos? Quais os melhores meios para atingir esses
objetivos?”
APPLICATION PARA IMPRENSA
Tendo como ponto de partida o ponto de vista do jornal escolhido, o candidato à vaga de
Imprensa deve redigir um texto discorrendo sobre a situação da Rússia em agosto de 1917
(política, econômica e social). É necessário estabelecer um posicionamento crítico quanto aos
recentes acontecimentos no país e os possíveis caminhos pelos quais a Rússia seguirá.
A entrega:
Depois de terminado, seguindo todas as instruções citadas, o application deve ser enviado
para o email [email protected] até o dia determinado.
Seleção dos applications:
Os applications serão lidos pelos diretores e julgados pela sua qualidade. Se apenas um
delegado fizer application para uma representação, este conseguirá a vaga se o application
seguir as regras anteriormente explicadas. Caso haja mais de um application para a mesma
representação, os diretores do comitê deverão comparar a qualidade dos dois e decidir qual
dos delegados ficará com a representação em questão, sendo que o delegado que não
conseguir ficar com a representação para a qual fez o application ficará automaticamente com
a segunda opção de representação escolhida. Caso dois delegados não consigam a primeira
representação e tenham a mesma segunda opção, seus applications serão comparados e o de
maior qualidade ficará com a representação, mesmo que este não tenha ligação com o texto
redigido, e assim sucessivamente. Os delegados serão informados se conseguiram a
representação que desejam por um e-mail de notificação enviado pela diretoria do comitê.
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BIBLIOGRAFIA
Agradecimentos especiais a Thomás Zicman de Barros, por ceder material de estudo para a
confecção do mini-guia.
DEUTSCHER, Isaac. Trotski: o profeta armado (1879-1921). São Paulo: Civilização Brasileira,
2005.
KENEZ, Peter. História da União Soviética. Lisboa: Edições 70, 2007.
LAMARE, Tite de. Caminhos da Eterna Rússia. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1997.
LVOVICH, Marc Slonim. Teatro ruso del Império a los Soviets. Buenos Aires: Eudeba, 1965.
MILNER-GULLAND, Robin; DEJEVSKY, Nikolai. Cultural atlas of Russia and the former Soviet
Union. Oxford: Equinox, 2007.
REED, John Silas. Dez Dias que Abalaram o Mundo. São Paulo: Civilização Brasileira, 1968.
REIS FILHO, Daniel Aarão. As Revoluções Russas e o Socialismo Soviético. São Paulo: Editora
UNESP, 2006.
SERVICE, Robert. The Penguin History of Modern Russia. London: Penguin, 2009.
SUNY, Ronald Grigor. The Soviet Experiment: Russia, the USSR and the Successor States. New
York/Oxford: Oxford University Press, 1998.
TROTSKY, Leon. A Revolução de Outubro. São Paulo: Boitempo Editorial, 2003.
HOBSBAWN, Eric. A era dos impérios: 1875-1914. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
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