diversos somos todos - revista eletrônica da faculdade metodista

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diversos somos todos - revista eletrônica da faculdade metodista
Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery
http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377
Curso de Pedagogia - N. 8, JAN/JUN 2010
DIVERSOS SOMOS TODOS
Maria Alice Rodrigues Nazareth*
Sue Ellen Reis Oliveira Nascimento*
RESUMO
Trata-se de um artigo elaborado a partir da disciplina Educação Especial e
Políticas de Inclusão I da Faculdade Metodista Granbery (FMG), abordando o
tema inclusão, focando a diversidade como ponto relevante à comunidade
escolar. Por acreditarmos que diversos somos todos é que entendemos a
necessidade de mais estudos para clareamento das ideias e para mudança do
paradigma de que inclusão é só para pessoas com necessidades especiais. Os
objetivos deste texto são: perceber, investigar e identificar algumas dificuldades
e meios que possam contribuir com a inclusão das inúmeras diversidades
existentes dentro das escolas. Pensamos que esse problema é de todos os
envolvidos na comunidade escolar e de todos os segmentos sociais, e assim
ressaltamos a importância dessa discussão e a busca de novos caminhos para
que haja, mesmo que em longo prazo, inclusão escolar, e não a integração,
que é o que temos atualmente.
Palavras-chave: Inclusão. Diversidade. Ambiente escolar. Ensino. Formação
de professores.
ABSTRACT
This article was prepared from the subject Special Education and Inclusion
Policies) of the Faculdade Metodista GRanbery (FMG). It deal with the topic
inclusion, focusing the diversity as relevant point to the school community.
Believing we are all diverse, we understand the need of more studies to clarify
ideas and to change the paradigm who says that inclusion is only for special
needs people. This text aims to realize, to research and identifying some
difficulties and ways that may contribute with the inclusion of the innumerable
diversities inside school. This is a problem of everybody who is involved in the
school community and all social segments. Thus, we emphasize the importance
of this discussion and the search of new ways to we have, even in the long
term, school inclusion, and not the currently integration.
*Discente do curso de Pedagogia da FMG.
*Discente do curso de Pedagogia FMG.
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1. INTRODUÇÃO
Visando que diversos somos todos e na tentativa de melhor
compreender como as diferenças nos constituem, buscaremos entender,
apontar e reforçar caminhos que nos levem à inclusão, de fato, no ambiente
escolar.
Durante discussões, leitura de textos e trocas de experiências sobre
inclusão no ambiente escolar, pudemos. enquanto discentes do Curso de
Pedagogia e educadoras, perceber que esse tema tão importante na vida das
pessoas, na sociedade e principalmente nas escolas tem ganhado espaço e
respeito. Mesmo que ainda pouco, a inclusão tem sido alvo de estudos e
reflexões de pesquisadores, de professores, de grupos envolvidos e com
necessidades especiais de inclusão.
Quando pensamos em inclusão no ambiente escolar, não podemos focar
somente em alunos com necessidades específicas, mas sim em todos, pois
cada pessoa, cada aluno, apresenta uma necessidade em especial. Temos nas
escolas alunos cadeirantes, gordos, com dificuldades em matemática, com
habilidades especiais, negros, magros, os que são violentados etc.,
entendemos assim a necessidade de inclusão para todos, para as tantas
diversidades, e que “[...] a educação inclusiva centra-se em como apoiar as
qualidades e as necessidades de cada um e de todos os alunos na escola [...]”
(SÁNCHEZ, 2005, p.12).
Sabemos que as crianças na maioria das escolas - alunos com ou sem
necessidades especiais, estão abandonadas à própria sorte, pois os
professores estão mal preparados, desestimulados, desvalorizados. Também
faltam estrutura físicas adequadas, material didático e tantos outros elementos
, o que contribui não para a inclusão; somente, e às vezes, para a integração.
Precisamos então, enquanto cidadãos e educadores, contribuir com
estudos e ações que fortaleçam essa luta em favor da inclusão real, que
atenda a todos, indistintamente.
As diferenças
aprendizado.
representam
grandes
oportunidades
de
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As diferenças oferecem um recurso grátis, abundante e
renovável... o que é importante nas pessoas – e nas escolas é o que é diferente, não o que é igual (BARTH, 1990, p. 514515).
Devemos entender que nossos alunos são diferentes uns dos outros, cada
qual com sua especificidade. E são justamente essas diferenças entre eles que
podem permitir o crescimento de todos de forma diferente e muito peculiar,
mas isso não deve ser encarado como um problema, pois na verdade é um
benefício para a aprendizagem.
Cada aluno traz consigo algo de novidade para a classe e, nessa
construção de conhecimentos, todos ganham.
É da diferença que nasce o inesperado, o improvável, a novidade e o
sentido para tudo o que há no “mundo” de cada indivíduo.
2. A HISTÓRIA DA SEGREGAÇÃO, INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO NO
BRASIL
Até a década de 60 os deficientes no Brasil eram, em sua maioria,
segregados, não participavam da escola e da cultura e não tinham
oportunidade de agirem como cidadãos.
De lá para cá, os movimentos e as lutas das pessoas portadoras de
deficiência vêm se intensificando e buscando adesões para a causa de outros
segmentos sociais.
Ainda assim, até a década de 90 tivemos fortemente o paradigma da
integração, o qual resiste até hoje; porém em 1994, com a Conferência Mundial
sobre necessidades educativas especiais em Salamanca, pesquisadores e
estudiosos em educação estabeleceram um plano de ação, apontando que as
escolas deveriam acolher todas as crianças em todas as suas diversidades. O
que concordamos e é confirmado por Sánchez (2005) é que, as escolas vivem
um momento em que estão diante de um grande desafio. O desafio de
desenvolver uma pedagogia que seja capaz de educar com competência todas
as crianças, incluindo aquelas que possuem deficiências graves.
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A LDBEM de 1996 reforçou a Educação especial como modalidade de
ensino para alunos com necessidades especiais, que na maioria das vezes é
interpretada como uma modalidade só para alguns e não para todos, como
desejamos e sonhamos, como educadores, alunos, famílias e cidadãos.
Assim, estamos hoje e continuaremos fazendo parte desse histórico da
luta pela inclusão de todos, não mais segregação e integração de alguns.
3. CONTRIBUIÇÕES PARA INCLUSÃO
É por meio do ambiente familiar e. principalmente, do ambiente escolar
que as crianças adquirem o entendimento sobre as diferenças. É também a
infância a etapa responsável pelo aprendizado do respeito por essas
diferenças. A criança, quando vai para a escola pela primeira vez, normalmente
ainda está na fase do egocentrismo, em que tudo é muito voltado para ela,
então cabe à escola explorar as diferenças e fazê-las perceber que elas
existem em todos nós, sem exceções. Pois como afirma Mantoan “As escolas
têm que encontrar a maneira de educar com êxito todas as crianças, inclusive
as que têm deficiências graves” (2005, p.25).
Já é possível apontar progressos em relação à inclusão de todas essas
diversidades. Hoje já encontramos salas em que professores trabalham com
grupos de alunos diversos. Cursos voltados a essa área são oferecidos
presencialmente e à distância, muitos materiais se encontram à disposição do
professor e dos gestores que queiram se engajar. Encontramos também
ambientes escolares modificados para atender melhor seus alunos, com várias
adaptações arquitetônicas, mas ressaltamos que nem todos os locais que
possuem esse “avanço” é de fato local em que ocorre a inclusão.
Professores precisam ser mais bem preparados, pelo menos na parte
teórica, pois, sabemos que na prática só o desafio é que pode ensinar, já que
cada aluno é um e conceitos não se aplicam fielmente a todos. Mas ao menos
uma base os professores necessitam ter, até para vencerem o temível “medo”
do “diferente” e saberem quais caminhos o levarão à inclusão.
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É também de grande importância o apoio por parte da escola e da família a
esse profissional, para que seu trabalho possa ser desenvolvido da melhor
maneira possível.
Sabemos que a inclusão, de fato, é um desafio que nos salta aos olhos,
clamando urgência. Precisamos então criar situações para estarmos cada vez
mais próximos a ela, a fim de promovê-la a todos.
Acreditamos que por meio do trabalho de profissionais comprometidos com
a educação, das famílias e de todos os segmentos sociais é que poderemos,
enfim, alcançar a verdadeira inclusão.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todos nós, crianças, adultos, idosos, temos nossas semelhanças, mas,
além delas, temos também muitas diferenças. Todos nós temos nossas
especificidades, que são inerentes aos seres humanos.
Portanto diversos verdadeiramente somos todos!
Então um bom começo para ocorrer inclusão, de fato, já que a resposta
final ainda não se tem, é decidirmos parar de olhar somente as diferenças dos
outros. Precisamos urgentemente perceber as nossas adversidades para que
percebamos com clareza que não existe diversidade somente no outro.
Para tanto, o engajamento de todos os envolvidos no processo educacional
se torna fundamental.
A busca para possíveis soluções, os estudos de caso, as trocas de
experiências com os colegas de profissão, tudo isso são peças chave para que
a inclusão saia do papel.
Inclusão essa que todos queremos que aconteça, mas poucas pessoas
realmente unem forças para torná-la possível.
Sabemos que os avanços ao longo do tempo são muito preciosos e
louváveis, mas são apenas alguns passos da caminhada.
Temos consciência que esse apoio e empenho não devem ocorrer apenas
por parte da escola, mas também da sociedade como um todo.
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Acreditamos que, quando nos incluímos na diversidade, passamos a lutar
por algo que também é inerente à nossa pessoa, aproximando o “problema” de
nós, tornando a luta mais fácil e sólida rumo à inclusão.
Temos tido conquistas, mesmo que às vezes minimamente, em relação à
inclusão, à percepção de que todos somos diferentes e que devemos todos ser
incluídos, caminhando juntos por uma educação melhor, numa sociedade
melhor, uma vida melhor, na qual nossas diferenças sejam percebidas como
contribuição para o outro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BARTH, R. A personal vision of a good school. Phi Delta Kappan. n. 71, p.
512-571, 1990.
BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Ministério da Educação. Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB. Brasília, DF, 20 dez.
1996.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. Acesso
em: 10 Nov. 2009.
MANTOAN, Maria Teresa Egler. A hora da virada. Inclusão – Revista da
educação Especial – Out/2005.
Programa de desenvolvimento Profissional Continuado- Módulo 4- Inclusão
Social. Secretaria Especial de Direitos Humanos. Ministério da Educação.
Brasília, 2004.
SÁNCHEZ, Pilar Arnaiz. A educação inclusiva: um meio de construir
escolas para todos no século XXI. Inclusão – Revista da Educação Especial
– Out/2005.
STAINBACK, S.; STAINBACK, W.; AYRES, B. In: STAINBACK, W.;
STAINBACK, S. (Eds.). Controversial issues confronting special education:
divergent perspectives. Boston: Allyn & Bacon, 1996.