Classificação dos Grupos Funcionais para Fins de Nomenclatura*
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Classificação dos Grupos Funcionais para Fins de Nomenclatura*
GEOGRAFIA Prof.: Sabbath Lista: 05 Aluno(a): _______________________________________________ Turma: ____________________________ A queda do Muro de Berlim As transformações políticas também chegaram ao maior símbolo da Guerra Fria na Europa, a Alemanha dividida. O governo da Alemanha Oriental sofria pressão para flexibilizar as autorizações de viagens para a parte Ocidental. Diante de uma informação equivocada do porta-voz do governo, a de que as viagens para o Ocidente seriam permitidas a partir daquele momento, a população se concentrou junto ao Muro. Na noite de 9 de novembro de 1989, uma enorme multidão reuniu-se junto ao Muro de Berlim e, armados com pás, martelos e picaretas, diante de guardas da RDA, passou a destruir fisicamente o muro, até que uma retroescavadeira abriu uma passagem entre Berlim Oriental e Ocidental. Data: 10/03/2015 Desde a reunificação alemã, fluíram somas em torno de 1,2 trilhão de euros rumo aos territórios da antiga Alemanha Oriental. (...) Ou seja, uma vida de Alice no País das Maravilhas está longe de ser realidade nesta Alemanha sem o Muro. O entusiasmo estampado nas imagens históricas do 9 de novembro de 1989 já foi há muito substituído por uma sobriedade que analisa o passado na ponta do lápis. Tantos por cento de desemprego, tantos bilhões de euros transferidos, um semnúmero de preconceitos daqui, uma série de acusações acolá. De uma forma ou de outra, frente à dramaturgia das reformas no palco político, a sensação, segundo o Die Zeit, é de um medo generalizado. "Não só o trabalhador tem medo, não apenas o desempregado e aquele que recebe ajuda social, mas hoje em dia até o médio empresário, a antiga e a nova burguesia, os especialistas e os talentosos. Isso sem contar a resignação prematura dos recém-formados. Quando as pessoas têm medo, é absurdo especular se este medo é legítimo ou não. Ele é um fato social." Um fato social a ser enfrentado por um país sem Muro. Quer queira, quer não. Disponível em: <http://www.dw-world.de/dw/arti-cle/0,1564,1387613,00.html>. Acesso em: 10 jan. 2005. A desintegração das "democracias populares" Em 10 de novembro de 1989, no dia seguinte à queda do Muro de Berlim, o Primeiro-Ministro da Alemanha Ocidental, Helmut Kohl, propôs a reunificação das duas Alemanhas. Surpreendentemente, um ano depois a proposta foi concretizada, menos como reunificação igualitária e mais pela anexação da parte Oriental pela Ocidental. Menos de dois meses depois da queda do Muro, todos os regimes comunistas do Leste tinham caído. Formaram-se novos países e outros se desmembraram, como no caso da Tchecoslováquia que se dividiu, anos mais tarde, em República Tcheca e Eslováquia. O estado policialesco socialista da URSS e do Leste europeu tinha abafado durante décadas antigas disputas étnicas nessa região e o afrouxamento da repressão trouxe à tona também o nacionalismo. Entre os ex-países socialistas, a Iugoslávia enfrentou a maior crise. O país, que reunia sob seu regime povos de origens étnicas e religiosas diferentes, ao ver desaparecer o regime comunista entrou em guerra logo depois. A Eslovénia e a Croácia tornaram-se independentes em 1991; Bósnia-Herzegóvina, Sérvia e Montenegro e a província de Kosovo foram palco do maior conflito dentro do território europeu desde a Segunda Guerra. Sentimentos nacionalistas e rivalidades internas desintegraram a antiga Iugoslávia. A crise nos Bálcãs A lugoslávia era formada por seis repúblicas (Eslovénia, Croácia, Bósnia-Herzegóvina, Sérvia, Montenegro e Macedónia) e duas regiões autónomas, situadas na Sérvia (Voivodina e Kosovo). A Sérvia alimentava antigas pretensões hegemónicas sobre a região balcânica, onde se situava a lugoslávia. Em 1989 foi eleito presidente da Sérvia, Slobodan Mílosevic. Por ser a república mais populosa, com maioria cristã-ortodoxa, o dirigente pretendia submeter os outros Estados à liderança sérvia. Em 1990, a Eslovénia e a Croácia, as duas províncias mais ricas, iniciaram a busca por sua independência, obtida no ano seguinte. Milosevic declarou guerra primeiramente contra eslovenos e depois contra os croatas, pois temia que os sérvios fossem expulsos das áreas que habitavam quando ainda existia a lugoslávia. A guerra civil matou milhares de pessoas. A Macedónia e a BósniaHerzegóvina seguiram o mesmo caminho da independência. Milosevic, no entanto, não aceitou a independência bósnia e iniciou, em 1992, com a ajuda dos sérvios que habitavam a Bósnia, uma guerra que teve um caráter de "limpeza étnica", cercando inicialmente a cidade de Sarajevo, matando mais de dez mil pessoas. Houve um verdadeiro genocídio na Bósnia, o que significou expulsar, torturar, mutilar e assassinar bósnios e croatas. Em uma única ação, realizava-se o desejo de vingança contra dois povos distintos, já que a Croácia havia obtido sua independência. Com a perseguição dos sérvios a bósnios e croatas, os dois povos se uniram contra o exército de Milosevic. A comunidade internacional fez pressão para que o conflito terminasse e interveio, usando forças contra o exército de A queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, não significou apenas a derrubada de um paredão, mas o fim do regime comunista na Europa e da Guerra Fria. Vivendo seu tempo Quinze anos após a queda do Muro de Beriím, "Ossis" (orientais) e "Wessis" (ocidentais) traçam, sem resquícios da euforia iniciai, um panorama desta década e meia sem divisão (...) A Alemanha celebra os 15 anos do fim do muro que dividiu o país durante 28 anos. As perguntas lançadas no ar pela mídia alemã nesta ocasião são várias: o que pensam os adolescentes de hoje, que poucas lembranças têm de uma Alemanha dividida? E os ativistas da antiga Alemanha Oriental, que foram às ruas pouco antes da queda do Muro, o que foi feito deles? E o Muro real, de concreto - cujos supostos restos foram espalhados em chaveiros por todo o mundo - deve ou não ser considerado património histórico da humanidade? As questões que para os alemães, no entanto, parecem ser cruciais nesta data, estão ligadas às diferenças que persistem entre Ossis (orientais) e Wessis (ocidentais). O medo de uns e de outros frente à crise económica está levando o país a cortar as regalias do Estado do bem-estar social. As formas de reação nos dois "ex-lados" frente a essas mudanças e os conflitos que elas acarretam. E talvez a ainda persistente sensação dos orientais de que seus compatriotas "do lado de lá" os consideram "cidadãos de segunda classe". "Experiências vividas no Leste alemão valem pouco na Alemanha reunificada. Como filhos da RDA, os orientais foram intitulados depois da construção do Muro de 'o resto bobo'. Isso suscitou um sentimento, que persiste até hoje, de que seriam cidadãos de segunda classe. Embora os cinco estados do Leste do país sejam tudo exceto desfavorecidos no que diz respeito à divisão das verbas oficiais", escreve o diário suíço Neue Zúrcher Zeitung. 1 Milosevic e derrotando-o em 1995. A Bósnia, enfim, tornava-se independente. Em 1998, a província do Kosovo, situada na Sérvia, tentou sua autonomia. A reação de Milosevic foi idêntica, iniciando uma guerra em 1999. Só que desta vez promovendo uma limpeza étnica contra os albaneses que lá moravam e os kosovares muçulmanos. A OTAN interferiu na guerra em junho de 1999, bombardeando a Sérvia e obrigando o ditador sérvio a recuar. O Kosovo tor-nou-se um protetorado internacional, sendo administrado pela ONU e contando com a presença de uma força de paz da OTAN. Milosevic foi preso por crimes contra a humanidade e seria julgado pela Corte Internacional de Haia, por seus crimes nas guerras da Bósnia e do Kosovo, mas morreu em 2006 antes que o julgamento chegasse ao fim. Da antiga lugoslávia, a última divisão ocorreu em 2006, quando por meio de um plebiscito as regiões de Sérvia e Montenegro decidiram se separar, desta vez sem guerra. Disseram a respeito As ambíguas heranças do socialismo que realmente existiu O socialismo foi decisivo para a destruição do nazismo. Sem a URSS, a história da humanidade, dominada pela besta nazista, poderia ter sido radicalmente diferente. Pode-se dizer o mesmo dos impérios coloniais europeus. Sem a retaguarda soviética, política, militar, diplomática, moral, seria impensável a sua desagregação, pelo menos na velocidade que se verificou. As referências socialistas também seriam de capital importância para a constituição das correntes nacional-estatistas na América Latina, na Ásia e na África. (...) O Estado do bem-estar social (Welfare State), basicamente construído após a Segunda Guerra (...) na área da Europa Ocidental, deveu-se também, e amplamente, à existência do socialismo soviético e seus congéneres. A ameaça vermelha aconselhava à prudência e às concessões. (...) Como heranças destrutivas, o socialismo deixou, sem dúvida, um rastro de intolerância. A negação das liberdades e do pluralismo, a cultura do centralismo e da ditadura (...). Em um plano mais geral, o socialismo que realmente existiu não foi capaz, historicamente, de construir e de gestar uma alternativa ética, convincente, ao capitalismo. Seus valores mais centrais - igualitarismo, solidariedade, cooperação, coletivismo -, além do fato de que não eram levados a sério pelas próprias elites socialistas, acabaram associados à ineficiência e à ditadura. Fonte: REIS FILHO, D. A. Crise e desagregação do socialismo. In: REIS FILHO, D.A; FERREIRA, J.; ZENHA, C. O Século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 181-183. Cinemateca A insustentável leveza do ser (1988, EUA, dir.: Philip Kaufman) Um médico tcheco procura sua realização e liberdade, mas a invasão das tropas do Pacto de Varsóvia no país, em 1968, na chamada Primavera de Praga, tem profundos reflexos sobre ele. Adeus, Lênin! (2003, Alemanha, dir.: Wolfgang Becker) Pouco antes da queda do Muro de Berlim, uma mulher, comunista ferrenha, entra em coma. Ao despertar, o filho faz de tudo para que ela não perceba que não existe mais a Alemanha comunista, com medo que ela piore. Guantanamera (1995, Cuba, dir.: Tomás Guitier-rez Alea e Juan Carlos Tabío) O filme mostra a vida na ilha de Cuba no pós-Guerra Fria. Underground - mentiras de guerra (1995, França/lugoslávia, dir.: Emir Kusturica) Em um subterrâneo em Belgrado, uma família sobrevive à guerra produzindo armas para os rebeldes. Um dia a guerra acaba, mas o atravessador deles prefere não avisá-los. Wall Street - poder e cobiça (1987, EUA, dir.: Oliver Stone) Um corretor jovem e ambicioso torna-se amigo de um milionário experiente na Bolsa de Valores, que passa a ser seu tutor nos negócios. Terra de ninguém (2001, Bósnia-Herzegóvina/ Eslovénia/França, dir.: Danis Tanovic) Dois soldados, um sérvio a um bósnio, estão em uma trincheira durante a Guerra da Bósnia. Um terceiro soldado está deitado sobre uma mina e qualquer movimento poderia acioná-la. A ONU é chamada para intermediar a situação insolúvel diante das câmeras de TV. A guerra da Bósnia teve características de limpeza étnica. Campos de concentração eram novamente instalados na Europa, o que levou diversos países a exigir a intervenção da ONU na região. REVISITANDO A HISTÓRIA 2 01. Explique o que foi a détente e quais os principais aspectos que a tornaram possível. afetou a todas elas, fossem quais fossem suas configurações políticas, sociais e económicas. HOBSBAWM, E. J. A Era dos Extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 19. 02. Enumere dois motivos que levaram ao fim da détente e à volta da competição entre URSS eEUA. Fonfe: Der Tagesspiegel, Berlim, 19 dez. 1988. Hobsbawm avalia que a queda do socialismo soviético insere-se em um contexto de crise global que se desdobra no mundo contemporâneo. Nessa direção, a crise global: a) cria uma nova polarização política baseada no antagonismo entre a Europa e os Estados Unidos; b) favorece a emergência de novas nações, levando à eclosão de conflitos étnicos e religiosos; c) impede o desenvolvimento de tecnologias capazes de produzir armas químicas, biológicas e atómicas; d) libera uma grande quantidade de capitais para o financiamento do desenvolvimento industrial da Rússia; e) elimina os conflitos políticos e sociais que ameaçavam a hegemonia norte-americana no mundo. 04. Por que a queda do Muro de Berlim é o ícone do fim do socialismo? 05. Explique como o esfacelamento da URSS e do sistema socialista foram importantes para o ressurgimento das questões nacionalistas e separatistas. 04. (UNESP) Líderes europeus e centenas de milhares de pessoas celebraram ontem no leste e no oeste da Europa a entrada de dez novos membros na União Europeia, levando para 25 o total dos membros do bloco e enterrando de vez a divisão (...) surgida no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 03. O bserve a charge ao lado, publicada em um jornal alemão. Agora responda: a) Qual a principal mensagem da charge? b) O que a charge mostra em relação à Polónia e Hungria? Hungria - 1 Tchecoslováquia - 2 RDA (República Democ. Alemã) - 3 Roménia - 4 Polónia - 5 Folha de S. Paulo, 2 maio 2004. 06. Releia o quadro "As ambíguas heranças do socialismo que realmente existiu" e faça um breve texto analisando a avaliação do historiador Daniel Aarão Reis Filho sobre a experiência socialista. O texto refere-se à divisão havida na Europa em: a) nações industrializadas e países exportadores de produtos primários; b) regimes monárquicos e estados centralizados e autoritários; c) países capitalistas e regimes comunistas, sob a liderança da União Soviética; d) países possuidores de impérios coloniais e nações desprovidas de mercados.externos; e) potências nucleares e estados sustentados por exércitos populares. Questões de vestibular 01. (PUC - RJ) Entre meados da década de 1950 e meados dos anos 1970, os Estados Unidos e a União Soviética realizaram uma política de aproximação chamada "détente". Sobre esse momento das relações entre as duas superpotências, é correto afirmar: a) americanos e soviéticos assinaram tratados para controle dos arsenais nucleares e ampliaram os contatos diplomáticos como caminho para resolver as situações de conflito entre os dois países. b) a aproximação entre os Estados Unidos e a União Soviética diminuiu o investimento em armas e tecnologia, do que resultaram diversas crises na indústria militar de ambos os países. c) a política de "Coexistência Pacífica" fracassou, aprofundando a instabilidade nas relações políticas internacionais. d) a "Coexistência Pacífica" pôs fim à Guerra Fria e significou um novo período nas relações entre os dois países, caracterizado pela competição económica e não pelo conflito militar. e) o relaxamento das tensões políticas entre americanos e soviéticos possibilitou a ascensão de outras potências -tais como, China, Japão e Alemanha - o que provocou, a partir dos anos 70 a desagregação da ordem internacional bipolar. 05. (UFG - GO) Leia o texto a seguir: O que levou a União Soviética com rapidez crescente para o precipício foi a combinação de glasnost, que equivalia à desintegração de autoridade, com uma perestroika, que equivalia à destruição dos velhos mecanismos que faziam a economia funcionar, sem oferecer qualquer alternativa, e consequentemente o colapso cada vez mais dramático do padrão de vida dos cidadãos. HOBSBAWM, E. J. A Era dos Extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 468. De acordo com o texto, a ideia de "desintegração da autoridade" da glasnost de Gorbatchev relaciona-se com: a) o fim do sistema unipartidário, do papel condutor do par tido com a revitalização dos Sovietes; b) a nova experiência da União Soviética rumo a uma sociedade democrática e capitalista; c) a legalização de pequenas empresas privadas e a bancarrota das empresas estatais; d) a desestruturação da economia soviética e o fim da produção económica planejada; e) a dissolução dos regimes comunistas satélites da Europa. 02. (UFRGS - RS) Na década de 80, a URSS enfrentou uma guerra ao invadir o Afeganistão para apoiar o governo daquele país. Em relação a essa guerra, é correto afirmar que: I. Os oponentes dos soviéticos eram identificados como os "combatentes da liberdade" pelo presidente Reagan, sendo apoiados pelos EUA. II. Os soviéticos se retiraram durante o governo de Gorbatchev, sem ter derrotado os guerrilheiros afegãos. III. A resistência afegã contou com a participação de Osama bin Laden, que teria sido recrutado pela CIA entre os fundamentalistas islâmicos da Arábia Saudita. Quais estão correias? a) apenas I b) apenas I e II d) apenas II e III e) I, II e III 06. (UECE) Sobre a desagregação do bloco socialista, iniciada a partir dos anos oitenta, é correto afirmar: a) as mudanças fundamentais iniciaram-se na Rússia, quando Mikhail Gorbatchev assumiu a direção do governo soviético; b) as lutas na maioria dos países da Europa Oriental foram dirigidas pelo Sindicato Solidariedade; c) o regime socialista subsistiu na China, em virtude do fechamento da economia às empresas capitalistas ocidentais; d) Albânia e Cuba foram os únicos países que conseguiram se manter fiéis ao regime socialista. c) apenas I e III 03. (UFG - GO) Embora o colapso do socialismo soviético e suas enormes consequências, por enquanto impossíveis de calcular por inteiro, mas basicamente negativas, fossem o incidente mais dramático das Décadas de Crise que se seguiram à Era de Ouro, essas iriam ser décadas de crise universal ou global. A crise afetou as várias partes do mundo de maneiras e em graus diferentes, mas 07. (UFES - adaptada) O colapso do socialismo levou a uma redefinição política e territorial do Leste europeu. Sobre essas mudanças, pode-se afirmar que: I. em 1989, teve início a reunificação das Alemanhas: Oriental e Ocidental, com a destruição histórica do Muro de Berlim, que voltou a sediar a capital da Alemanha unificada. 3 das desigualdades sociais e regionais, e uma infinidade de questões que desafiam o homem contemporâneo. Mas a história, como vimos, é feita por homens e mulheres em sua própria época. Desta forma, não há prognósticos que garantam o futuro. Há expectativas e projetos que são construídos e reconstruídos conforme as escolhas feitas em cada uma das circunstâncias e que englobam as dificuldades e possibilidades de transformações individuais e coletivas. Neste último capítulo, vamos tratar de processos que estão ocorrendo em nosso tempo. Muitos episódios são apresentados no tempo imediato como rupturas e que, pouco depois, são tratados como algo efémero, passageiro. Há outros que se constituem como parte de novas decisões e desdobramentos. Por isso nos cabe a pergunta: o que apreender da história presente? A resposta é imprecisa, como em toda área de conhecimento humano; por isso, vale mais observarmos alguns percursos da atualidade e reconhecermos que a história continua. Ela nos instiga a apreender aspectos e indagar continuamente, pois ninguém pode se tornar um conhecedor apenas repetindo informações preexistentes. É o exercício da reflexão que nos permite compreender os processos que estamos vivendo. Nosso objetivo, portanto, não é simplesmente apresentar dados sobre processos ocorridos no período entre os anos 90 e o início do século XXI, mas procurar compreendê-los em suas especificidades, tal como fizemos ao longo do livro. Temas como a globalização, as questões relacionadas ao terrorismo, à biodiversidade, às novas formas de sociabilidade, aos movimentos sociais e individuais de seres que estão construindo a história de seu próprio tempo são submetidos à análise do leitor a partir de visões que o inserem dentro desta história, pois falam de seu tempo e de sua realidade mais imediata. I. em face da crise do socialismo e da emergência de antigas rivalidades nacionalistas, a Tchecoslováquia sofreu um desmembramento que deu origem às repúblicas Tcheca e da Eslováquia; III. após a morte do General Tito, a lugoslávia perdeu importantes territórios - Lituânia, Estónia, Letónia e Belarus (Bielo-Rússia) - que ainda vivem um dramático conflito de etnias; IV. em 1991, a Croácia e a Eslovénia declararam independência. No ano seguinte, bósnios e croatas votaram pela autonomia da Bósnia-Herzegóvina. Todavia, a Sérvia não aceitou essa decisão e promoveu um cerco a Sarajevo, o que deixou mais de dez mil mortos. Assinale a opção que contém as afirmativas corretas: a) apenas I, II e III d) apenas I, II e IV b) apenas II, III e IV e) I, II, III e IV c) apenas I e IV 08. (FUVEST - SP) "... a morte da URSS foi a maior catástrofe geopolítica do século. No que se refere aos russos, ela se tornou uma verdadeira tragédia." Vladimir Putin, presidente da Rússia, abril de 2005. "Para mim, o maior evento do século XX foi o colapso da URSS, que completou o processo de emancipação das nações." Adam Rotfeld, chanceler da Polónia, abril de 2005. As duas declarações a) coincidem, a partir de pontos de vistas opostos, sobre a importância do desaparecimento da União Soviética. b) revelam que a Polónia, ao contrário da Rússia e dos demais expaíses do Pacto de Varsóvia, beneficiou-se com o fim da União Soviética. c) mostram ainda ser cedo para afirmar que o desaparecimento da União Soviética não foi historicamente importante. d) consideram que o fim da União Soviética, embora tenha sido uma tragédia, beneficiou russos e poloneses. e) indicam já ser possível afirmar, em caráter definitivo, que o fim da União Soviética foi o acontecimento mais importante da história. Disseram a respeito A visão americana do "fim da história” A cientista político Francis Fukuyama que trabalhava no Departamento de Estado dos EUA publicou um artigo e depois um livro defendendo a tese de que a História culminaria no modelo liberal. De uma forma ou outra as nações teriam seus próprios processos, mas com a derrocada do socialismo, não havia projetos pungentes e mobilizadores de Estados e povos fora daquele modelo. Mais tarde, em 2004, o cientista reviu sua tese e criticou a adoção do modelo neoliberal que levou à destruição e fragmentação de diversos países pobres: "O colapso ou a debilidade do Estado já criou grandes desastres humanitários e de direitos humanos durante a década de 1990 na Somália, no Camboja, na Bósnia, em Kosovo, no Haiti e no Timor Leste. Durante algum tempo, os Estados Unidos e outros países puderam fingir que esses problemas eram apenas locais, mas o dia 11 de setembro provou que a fraqueza do Estado também constituía um enorme desafio estratégico". A História continua: dinâmicas e questões do início do século XXI FUKUYAMA, F. Construção de Estados - Governo e organização no século XXI. Rio de Janeiro: Rocco, 2004. p. 11. No entanto, a tese da vitória liberal era propalada no início dos anos 1990 como a principal teoria para explicar a vitória do capitalismo e a configuração da Nova Ordem Internacional defendida pelos EUA. Leia o que escreveu o autor na introdução de seu livro sobre o tema: Este livro tem como origem distante o artigo intitulado "O Fim da História?" que escrevi (...) no verão de 1989. Nesse artigo eu argumentava que, nos últimos anos, surgiu no mundo todo um notável consenso sobre a legitimidade da democracia liberal como sistema de governo, à medida que ela conquistava ideologias rivais como a monarquia hereditária, o fascismo e, mais recentemente, o comunismo. Entretanto, mais do que isso, eu afirmava que a democracia liberal pode constituir o "ponto final da evolução ideológica da humanidade" e "a forma final de governo humano", e como tal, constitui o "fim da história". Isto é, enquanto as formas mais antigas de governo caracterizavam-se por graves defeitos e irra-cionalidades, que as levaram ao colapso final, a democracia liberal estava aparentemente livre dessas contradições internas fundamentais. Não significa que as democracias estáveis atuais, como os Estados Unidos, a França ou a Suíça, estejam isentas de injustiças e sérios problemas sociais. Porém são problemas de implementação incompleta dos princípios de liberdade e igualdade, nos quais essas democracias se baseiam, e não oriundos de falhas nos próprios princípios. Embora alguns países contemporâneos não chegassem a alcançar uma democracia liberal estável, e outros revertessem para outras formas mais primitivas de Refletir sobre as questões que surgem em nosso tempo e os processos protagonizados por homens da atualidade e que constroem as suas histórias continua a nos instigar. Sua interpretação é um grande desafio, por serem processos em andamento. A década de 1990, com o fim da "era soviética", na expressão do historiador Eric Hobsbawm, encerrou o "breve século XX". A consolidação da liderança dos EUA era um fato reconhecido naqueles anos. Um cientista político chegou a proclamar que a humanidade alcançara o "fim da história", ou seja, ao longo de tantos processos que acompanhamos neste livro, o desdobramento final seria a consolidação de valores associados à política liberal, como a democracia, a lógica do mercado, o respeito à diversidade e, paradoxalmente, a permanência 4 governo, como a teocracia ou a ditadura militar, não seria possível aperfeiçoar o ideal da democracia liberal. (...) A princípio muitas pessoas ficaram confusas com o uso que fiz da palavra "história". Tomando a história no sentido convencional de ocorrência de eventos, citavam a queda do Muro de Berlim, a rejeição do comunismo chinês na manifestação da Praça Tíananmen [da Paz Celestial] e a invasão do Kuwait pelo Iraque como provas de que "a história continuava" e que (...) minha teoria estava errada. Contudo, o que eu sugeria não era o fim da ocorrência dos eventos, nem dos fatos grandes e importantes, mas da História, ou seja, da história como um processo único, coerente e evolutivo, considerando a experiência de todos os povos em todos os tempos. política que dominou o cenário mundial durante os anos 1990, conhecida como neoli-beralismo. Este é uma adaptação das teorias do liberalismo clássico (século XVIII) às condições do capitalismo atual, no qual cria-se um Estado mínimo, ou seja, sem a interferência do Estado nas atividades produtivas. Os neoli-berais defendem que o Estado deve ser o regulamentador das atividades produtivas, estabelecendo as regras e mecanismos de funcionamento que assegurem a livre-concorrência e a competição comercial, mas sem interferir diretamente no sistema produtivo. A política neoliberal dominou as políticas ocidentais dos anos 1990, recomendando aos países em desenvolvimento que privatizassem suas empresas estatais, abrissem sua economia ao mercado internacional e permitissem o incremento das trocas de mercadorias e serviços. A adoção desse processo ficou conhecida como globalização. Disseram a respeito A globalização A globalização do mundo expressa um novo ciclo de expansão do capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório de alcance mundial. Um processo de amplas proporções, envolvendo nações e nacionalidades, regimes políticos e projetos nacionais, grupos e classes sociais, economias e sociedades, culturas e civilizações. Assinala a emergência da sociedade global como uma totalidade abrangente, complexa e contraditória. Uma realidade ainda pouco conhecida, desafiando práticas e ideais, situações consolidadas e interpretações sedimentadas, formas de pensamento e voos da imaginação. Para reconhecer essa nova realidade, precisamente no que ela tem de novo, ou desconhecido, toma-se necessário reconhecer que a trama da história não se desenvolve apenas em continuidades, sequências, recorrências. A mesma história adquire movimentos insuspeitados, surpreendentes. Toda duração se deixa atravessar por rupturas. A mesma dinâmica das continuidades germina possibilidades inesperadas, hiatos inadvertidos, rupturas que parecem terremotos. (...) De maneira lenta e imperceptível, ou de repente, desaparecem as fronteiras entre os três mundos, modificam-se os significados das noções de países centrais e periféricos, do norte e sul, industrializados e agrários, modernos e arcaicos, ocidentais e orientais. Literalmente, embaralhou-se o mapa do mundo, umas vezes parecendo reestrutura rse sob o signo do neoliberalismo, outras parecendo desfazer-se no caos, mas também prenunciando outros horizontes. Tudo se move. A história entra em movimento, em escala monumental, pondo em causa cartografias geopolíticas, blocos e alianças, polarizações ideológicas e interpretações científicas. Fonte: FUKUYAMA, F. O Fim da História e o Último Homem. Rio de Janeiro: Rocco, 1992. p.11-12, 406-407. A Ordem Mundial dos anos 1990 Fonte: IANNI, O. Globalização e a nova ordem internacional.In: REIS FILHO, D. A.; FERREIRA, J.; ZENHA, C. O Século XX.Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 207-208. A década de 1990 também foi caracterizada pela intensificação da revolução tecnológica e dos meios de transportes e telecomunicações. A geração e a detenção de tecnologia de ponta tornaram-se a principal forma de dominação económica e política, sendo, entretanto, restrita a poucos países ricos do mundo. A internet, os satélites artificiais, a mecatrônica, a biotecnologia, a microeletrônica, a informática, mudaram os paradigmas a respeito do conhecimento e da forma de transmiti-lo, alterando até mesmo as noções de distância e tempo. Temos a nítida sensação de que as distâncias encurtaram e o tempo acelerou-se; os acontecimentos mundiais são transmitidos em tempo real seja pela internet, redes de televisões, rádios, fax, graças aos avanços das telecomunicações. Hoje os fatos e acontecimentos ganham dimensão mundial e nunca os homens receberam uma quantidade tão grande de informações como atualmente. O fim da União Soviética em 1991 trouxe uma nova correlação de forças internacionais que foi definida pelo presidente americano George Bush como a Nova Ordem Mundial que, segundo ele, traduz "um mundo onde os países estão unidos, livres dos impasses da Guerra Fria, onde a liberdade e os direitos humanos são respeitados por todos". Reagan nos Estados Unidos e Marga-reth Thatcher, primeiraministra conservadora do Reino Unido (1979-1990), adotaram uma 5 hegemónicos, mas o mundo se torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania verdadeiramente universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado. (...) Esses poucos exemplos, recolhidos numa lista interminável, permitem indagar se, no lugar do fim da ideologia proclamado pelos que sustentam o processo de globalização, não estaríamos, de fato, diante da presença de ideologização maciça, segundo a qual a realização do mundo atual exige como condição essencial o exercício das tabulações. O mundo como é: a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. 0 desemprego crescente torna-se crónico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem qualidade de vida. 0 salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. (...) A educação de qualidade é cada vez mais inacessível. Alastram-se e aprofundam-se males espirituais e morais, como os egoísmos, os cinismos, a corrupção. A perversidade sistémica que está na raiz dessa evolução negativa da humanidade tem relação com a adesão desenfreada aos comportamentos competitivos que atualmente caracterizam as ações hegemónicas. Todas essas mazelas são direta ou indiretamente imputáveis ao processo de globalização. Fonte: SANTOS, M. Por uma outra Globalização. Rio de Janeiro: Record, 2000. p. 18-20. Saiba mais A febre do fax As guerras da Nova Ordem As Guerras do Golfo I e II (1991 e2003) Consideradas até pouco tempo um exótico equipamento de escritório, as máquinas de fax tornaram-se comuns quase que da noite para o dia, onde quer que se fizesse negócios - das 500 maiores empresas listadas pela revista Fortune às pizzarias da esquina. Em 1998, mais de um milhão de unidades foram vendidas nos Estados Unidos, em comparação com meras 50 mil, em 1983. A Europa não estava longe, e no Japão, o principal fabricante e usuário do fax, os velozes dispositivos de telecomunicações eram responsáveis por até 20% do tráfego telefónico. A febre do fax (abreviação de fac-símile) foi um caso clássico da procura alcançando a oferta. Desde o início dos anos 1970, as máquinas ocupavam um cantinho discreto e exclusivo do mercado de aparelhos para escritório. Em 1980, o fax moderno tornou-se possível graças a um novo sistema que permitia a conversão de um documento em sinais digitais, enviados por linhas telefónicas normais e recebidos em um minuto ou menos. Os preços despencaram - de 2 mil dólares de um modelo barato, em 1984, para cerca de 400, em 1988 -, não era mais possível viver sem fax. Fonte: Nosso Tempo. Op. c/f. v. II, p. 642. Em 1990, o dirigente iraquiano, Saddam Hussein ordenou a invasão ao Kuwait visando ao seu fortalecimento geopolítico e alegando argumentos históricos de que aquele país pertencera ao Iraque no passado. Os Estados Unidos, reforçando sua liderança mundial, lideraram uma coalizão de mais de 30 países que invadiu o Iraque, em janeiro de 1991, com anuência da ONU. A guerra durou apenas dois meses, com a vitória da coalizão. Apesar de derrotado, Saddam não caiu e continuou como líder máximo iraquiano, sendo acusado de fabricar armas de destruição em massa, tendo inclusive usado armas químicas contra a população curda do norte do país em 1980. A ONU decretou embargo total ao Iraque, que não permitia a inspeção de seu território por técnicos desse organismo, em busca de arsenais e locais de fabricação. No governo de George W. Bush, uma nova ofensiva foi feita no Iraque, em 2003, desta vez sem a autorização da ONU e com a alegação de que o regime de Saddam produzia armas químicas. Saddam foi deposto, mas as armas nunca foram encontradas e o país entrou em guerra civil, dividido entre os diversos grupos que o compõem. A ação de Bush foi sustentada na nova doutrina de defesa nor-teamericana, implantada depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, pela qual se adotou o conceito de "guerra preventiva". Os EUA, em sua defesa, criaram uma justificativa para ações militares no início do século XXI. A Nova Ordem Mundial, termo que foi ficando em desuso, não representava necessariamente a vitória de um modelo liberal, muito menos a instauração de um mundo seguro. Houve uma aceleração das trocas mundiais em todos os níveis, seja nas transações comerciais, no fluxo de capitais ou de pessoas. Também ocorreu uma reorganização espacial da indústria, que busca locais mais favoráveis onde a relação custo-beneíício seja maior, encontrados principalmente nas economias emergentes, com mão-de-obra mais barata e incentivos fiscais. Com isso deu-se a internacionalização do capital e da produção, efetivada pelas empresas transnacionais apoiando-se na economia de mercado. Entende-se como economia de mercado o sistema económico regido pelas leis do mercado, pela liberalização do comércio (com o fim ou diminuição das barreiras alfandegárias e das tarifas protecionistas), pela fixação dos preços pela lei da oferta e procura, pelo fim do Estado intervencionista e a livre circulação do capital como ponto central para o desenvolvimento económico. Essas grandes mudanças estruturais na economia e na geração de riqueza e bem-estar, entretanto, não incluíram os países mais pobres do mundo, que concentram mais de dois terços da população mundial. A globalização, em vez de incluir, tem excluído as mais diversas nações da dinâmica económica mundial, aumentando o fosso entre ricos e pobres. Disseram a respeito A máquina ideológica que sustenta as açóes preponderantes da atualidade é feita de peças que se alimentam mutuamente e põem em movimento os elementos essenciais à continuidade do sistema. (...) Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias - para aqueles que realmente podem viajar - também se difunde a noção de tempo e espaço contraídos. (...) Há uma busca de uniformidade, a serviço de atores 6 A guerra que parecia fácil e “cirúrgica”, como previa o Secretário de Defesa americano Donald Rumsfeld, mostrou-se muito mais onerosa e desgastante depois da queda de Saddam, capturado em dezembro de 2003. A rede al-Qaeda reivindicou a autoria dos atentados de Madri, Espanha, nas vésperas da eleição espanhola. O atentado aconteceu em trens lotados na manhã de 11 de março de 2004 e tinha como obje-tivo "punir" os espanhóis por terem mandado tropas para o Iraque. Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 Em 11 de setembro de 2001, os EUA foram alvo de um grupo de terroristas ligados à al-Qaeda. O mundo assistiu, pelas televisões, aos ataques a ícones do poderio americano, como as Torres Gémeas de Nova York e ao Pentágono, órgão de defesa dos EUA. Aviões sequestrados por terroristas ligados a grupos fundamentalistas islâmicos foram jogados contra os alvos. A ação surpreendeu o mundo, que viu a maior economia do globo sendo atacada. A rede terrorista al-Qaeda, dirigida pelo saudita Osama bin Laden, já havia praticado atentados contra alvos americanos, como às embaixadas dos EUA no Quénia e na Tanzânia em 1998. Bin Laden e seu grupo fundamentalista foram apresentados ao Ocidente como um grupo que se opõe às ingerências do Ocidente, especificamente dos EUA, em assuntos dos países islâmicos. Nesse contexto se fundem questões como religião e petróleo, a luta por autonomia dos povos árabes e a tensão entre modelos laicos e religiosos. Bin Laden também se opõe a países árabes, como a Arábia Saudita, sua terra natal, que tem relações amistosas com os norteamericanos e abriga bases militares norte-americanas em seu território. A televisão mostrou ao vivo o momento no qual o avião bateu na segunda torre do World Trade Center. Pouco depois o prédio desabava. A resposta dos EUA, além de reforçar a segurança interna, foi uma pronta ação militar contra o Afeganistão. O grupo fundamentalista talibã governava o Afeganistão desde 1996 e acolheu bin Laden e seus seguidores, dando-lhes refúgio e permitindo que instalassem campos de treinamento para a al-Qaeda no país. Os EUA lideraram uma força de coalizão para depor o talibã, desfazer a rede terrorista e prender bin Laden e outros líderes. A milícia talibã foi derrubada, mas bin Laden não foi encontrado. Outros ataques atribuídos à al-Qaeda ocorreram em Madri, em 2004, e em Londres, em 2005. Espanha e Inglaterra eram os principais parceiros dos EUA na ação militar no Iraque que depôs Saddam Hussein. Compreendendo os conflitos atuais Um importante debate caracteriza as discussões sobre o terrorismo do início do século XXI. A visão de um choque entre o mundo ocidental e o mundo islâmico, que pressupõe um acirramento das tensões entre estas civilizações, foi apresentada pelo cientista político Samuel Huntington, em artigo escrito em 1993. Após os atentados de 11/09 a tese voltou a ser apresentada para justificar o confronto. Contestando essa visão, o crítico literário Edward Said apontou incongruências e preconceitos em relação à visão ocidental sobre o Oriente. Vejamos os argumentos dos dois escritores: O choque de civilizações No mundo pós-Guerra Fria, a cultura é, ao mesmo tempo, uma força unificadora e divisiva. Os povos separados pela ideologia mas unidos pela cultura se juntam, como fizeram as duas Alemanhas, e como as duas Coreias e as diversas Chinas estão começando a fazer. As sociedades unidas pela ideologia ou por circunstâncias históricas, porém divididas pela civilização, ou se partem, como aconteceu na União Soviética, na lugoslávia e na Bósnia, ou ficam sujeitas a fortes tensões, como é o caso da Ucrânia, Nigéria, Sudão, índia, Sri Lanka e muitos outros. Os países que têm afinidades culturais cooperam em termos económicos e políticos. As organizações internacionais baseadas em Estados com aspectos culturais em comum tais como os da União Europeia, têm muito mais êxito do que aquelas que tentam transcender as culturas. Durante 45 anos, a Cortina de Ferro foi a linha divisória central na Europa. Essa linha se moveu várias centenas de quilómetros para o leste. Ela é agora uma linha que separa os povos muçulmanos e ortodoxos, do outro. Embora culturalmente partes do Ocidente, a Áustria, a Suécia e a Finlândia tiveram que se manter neutras e ficar separadas do Ocidente na Guerra Fria. Na nova era, elas estão se juntando a seus afins culturais, e a Polónia, a Hungria e a República Tcheca as estão seguindo. Os pressupostos filosóficos, os valores subjacentes, as relações sociais, os costumes e as formas de ver a vida de forma geral se diferenciam de modo significativo entre as civilizações. A revitalização da religião em grande parte do mundo está reforçando essas diferenças culturais. As culturas podem se modificar e a natureza de seu impacto sobre a política e a economia pode variar de um período para outro. Contudo, as principais diferenças em desenvolvimento político e económico entre as civilizações estão nitidamente enraizadas em suas culturas diferentes. O êxito económico da Ásia Oriental tem sua origem na cultura asiática oriental, da mesma maneira que as sociedades orientais têm tido dificuldades em estabelecer sistemas políticos democráticos estáveis. A cultura islâmica explica em grande parte por que a democracia deixou de emergir na maior parte do mundo muçulmano. A evolução dos acontecimentos nas sociedades póscomunistas da Europa Oriental e na ex-União Soviética é moldada por suas identidades civilizacionais. Aquelas que têm uma herança cristã ocidental estão fazendo progresso na direção do desenvolvimento 7 económico e da política democrática. Nos países ortodoxos as perspectivas de desenvolvimento económico e político são incertas. Nas repúblicas muçulmanas, as perspectivas são sombrias. O Ocidente é e continuará a ser por muitos anos a civilização mais poderosa. Contudo, seu poder em relação ao de outras civilizações está declinando. À medida que o Ocidente tenta impor seus valores e proteger seus interesses, as sociedades não-ocidentais se defrontam com uma escolha. Algumas tentam emular o Ocidente e a ele se juntar ou "atrelar-se" a ele. Outras sociedades confucianas e islâmicas tentam expandir seu próprio poder económico e militar para resistir e para "contrabalançar" o Ocidente. Desse modo, um eixo central da política mundial pós-Guerra Fria é a interação do poder e da cultura ocidentais com o poder e a cultura de civilizações não-ocidentais. (...) Darei alguns exemplos para ilustrar. A linguagem da identidade de grupo aparece de modo especialmente agudo da metade para o final do século XIX, como culminância de décadas de competição internacional entre as grandes potências europeias e americanas por territórios na África e na Ásia. Na batalha pelos espaços vazios da África - o continente negro -, a França e a Grã-Bretanha, assim como a Alemanha e a Bélgica, recorrem não apenas à força, como também a uma porção de teorias e retóricas para justificar a pilhagem. (...) Em resposta a esse tipo de lógica, ocorrem duas coisas. Uma é que as potências em competição inventam sua própria teoria do destino cultural ou civilizacional para justificar suas ações no exterior. A Inglaterra tinha uma tal teoria, a Alemanha tinha, a Bélgica tinha e, é óbvio, no conceito de destino manifesto, os Estados Unidos também tinham a sua teoria. Essas ideias redentoras dignificam a prática da competição e do choque, cujo verdadeiro objeti-vo (...) era o autoengrandecimento, o poder, a conquista, o tesouro e o orgulho sem limites de si mesmo. (...) E, por sua vez, isso provoca o conceito de "mundos em guerra" que obviamente está no centro do artigo de Huntington. (...) A segunda coisa que acontece é que, como admite o próprio Huntington, os povos "inferiores", obje-tos do olhar imperial, por assim dizer, reagem e resistem a sua manipulação e ao assentamento forçado. Sabemos agora que a resistência primária ativa ao homem branco começou no momento em que ele pôs os pés em lugares como a Argélia, a África oriental ou a índia. Depois, ela foi substituída por uma resistência secundária, pela organização de movimentos políticos e culturais decididos a obter a independência e a libertação do controle imperial. (...) Portanto, tanto no contexto colonial como pós-colonial, as retóricas da cultura geral ou da especificidade civilizacional marcharam em duas direções potenciais: uma utópica, que insistia num padrão geral de integração e harmonia entre todos os povos; a outra que sugeria que todas as civilizações eram de fato tão específicas e ciosas, (...) a ponto de se rejeitarem e entrarem em guerra contra todas as outras. Entre os exemplos da primeira linha estão a linguagem e as instituições das Nações Unidas (...) e o surgimento (...) de várias tentativas de um governo mundial baseado na coexistência, nas limitações voluntárias da soberania e na integração harmoniosa de povos e culturas. A segunda direçáo deu origem à teoria e à prática da Guerra Fria e, mais recentemente, à ideia de que o choque de civilizações é - se não uma necessidade para um mundo de tantas partes diferentes - uma certeza. De acordo com essa concepção, as culturas e as civilizações estão basicamente separadas umas das outras. (...) (...) Quem quer que tenha a menor compreensão de como as culturas funcionam sabe que definir uma cultura, dizer o que ela é para os membros dessa cultura, é sempre uma grande disputa democrática, mesmo nas sociedades autoritárias. Há autoridades canónicas que precisam ser selecionadas e periodicamente revisadas, debatidas, reselecionadas ou dispensadas. Há ideias de bem e mal, pertencer ou não pertencer (o mesmo e o diferente), hierarquias de valores a serem especificadas, discutidas, rediscutidas e estabelecidas ou não, conforme o caso. Ademais, cada cultura define seus inimigos. (...) A cultura oficial é aquela dos sacerdotes, dos académicos e do Estado. Fornece definições de patriotismo, lealdade, fronteiras e do que chamei de pertencimen-to. É essa cultura oficial que fala em nome do todo, que tenta expressar a vontade geral (...), os pais e textos fundadores, o panteão de heróis e vilões, e assim por diante, e exclui o que é estrangeiro, diferente ou indesejável no passado. Dela vêm as definições do que pode ou não ser dito, as proibições e proscrições necessárias para qualquer cultura que pretenda ter autoridade. E também verdade que ao lado da cultura oficial (...) encontramos culturas dissidentes, alternativas ou heterodoxas que contêm muitas vertentes antiautoritá-rias competindo com a cultura oficial. Podemos chamá-las de contraculturas, um conjunto de práticas associadas a vários tipos de outsiders: os pobres, os imigrantes, os boémios artísticos, trabalhadores, rebeldes, artistas. (...) Nos Estados Unidos, o debate sobre o que é americano passou por um grande número de transformações e, às vezes, por mudanças enormes. Na minha infância, os filmes de faroeste mostravam os nativos americanos como demónios malignos que deviam ser destruídos ou domados; eram chamados de índios peles-vermelhas e, uma vez que não tinham qualquer função na cultura em geral - isso valia tanto para os filmes como para a história académica -, serviam para dar relevo ao avanço da civilização branca. Hoje, isso mudou completamente. Na argumentação de Huntington, o mundo multipo-lar e multicivilizacional significa a perda de espaço do domínio ocidental e o aumento de conflitos. Em suma, o mundo pós-Guerra Fria é um mundo de sete ou oito civilizações principais. Os aspectos comuns e as diferenças moldam os interesses, os antagonismos e as associações dos Estados. Os países mais importantes do mundo provêm, em sua maioria, de civilizações diferentes. Os conflitos locais que têm maior probabilidade de se transformarem em guerras mais amplas são os que existem entre grupos e Estados de civilizações diferentes. Os padrões predominantes de desenvolvimento político e económico diferem de uma civilização para outra. As questões-chave do cenário internacional envolvem diferenças entre civilizações. O poder está se deslocando da civilização ocidental que há tanto tempo predomina para civilizações não-ocidentais. A política mundial tomou-se multipolar e multicivilizacional. Fonte: HUNTINGTON, S. P. O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. p. 28-29. O choque de definições O artigo "O choque de civilizações?", de Samuel Huntington, publicado no verão de 1993 (...) anunciava em sua primeira frase que "a política mundial está entrando numa nova fase". Com isso, ele queria dizer que enquanto os conflitos mundiais no passado recente ocorreram entre facções ideológicas que agrupavam o Primeiro, o Segundo e o Terceiro Mundo em campos rivais, o novo estilo de política levaria a conflitos entre civilizações diferentes e presumivelmente em choque: "As grandes divisões entre a humanidade e a fonte predominante de conflito serão culturais (...). O choque de civilizações vai dominar a política mundial". Mais adiante Huntington explica que o principal choque será entre as civilizações ocidental e não-ocidental e, com efeito, ele passa a maior parte do artigo discutindo os desacordos fundamentais, potenciais ou reais, entre o que chama de Ocidente, de um lado, e as civilizações islâmicas ou confucianas, de outro. Quanto aos detalhes, dá muito mais atenção ao islã do que a qualquer outra civilização, inclusive ao Ocidente. (...) É tão forte e insistente a noção de Huntington de que outras civilizações entram necessariamente em choque com o Ocidente e tão agressiva e chauvinista sua receita do que o Ocidente deve fazer para continuar a ganhar, que somos forçados a concluir que ele está realmente muito interessado em continuar e expandir a Guerra Fria por meios diferentes de propor ideias sobre a compreensão da cena mundial ou de tentar reconciliar culturas diferentes. 8 (...) Há um debate semelhante no mundo islâmico, o qual se perde de vista totalmente em meio à gritaria histérica sobre a ameaça do islã, do fundamentalismo islâmico e do terrorismo, gritaria encontrada com tanta frequência na mídia ocidental. Tal como qualquer outra cultura mundial importante, o islã contém uma espantosa variedade de correntes e contracorrentes, cuja maioria não é discernida pelos orientalistas tendenciosos, para os quais o islamismo é objeto de medo e hostilidade, ou por jornalistas que não conhecem nenhuma das línguas ou histórias relevantes e se contentam em se basear nos estereótipos que perduram no Ocidente desde o século X. O Irá - que se tornou alvo de um ataque politicamente oportunista dos Estados Unidos - está às voltas com um debate acirrado sobre justiça, liberdade, responsabilidade pessoal e tradição que não é coberto pelos repórteres ocidentais. (...) Como sustentei em vários de meus livros, o que é definido atualmente como "islã", tanto na Europa como nos Estados Unidos, pertence ao discurso do orientalismo, uma construção fabricada para fomentar hostilidade e antipatia contra uma parte do mundo que por acaso tem importância estratégica devido ao seu petróleo, sua proximidade ameaçadora do mundo cristão e sua formidável história de rivalidade com o Ocidente. Contudo, isso é algo muito diverso daquilo que o islã é realmente para os muçulmanos que vivem em seus domínios. Há todo um mundo de diferença entre o islã na Indonésia e no Egito. (...) Mas o que é realmente fraco na tese do choque de civilizações é a separação rígida que ela pressupõe entre as civilizações, apesar da evidência acachapante de que o mundo de hoje é feito de misturas, migrações, cruzamentos de fronteiras. Uma das maiores crises que afeta países como a França, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos foi provocada pela percepção (...) de que nenhuma cultura ou sociedade é puramente uma coisa única. Minorias de contingente respeitável africanos do norte na França; as populações africanas, caribenhas e indianas na Inglaterra; elementos asiáticos e africanos nos Estados Unidos - contestam a ideia de que civilizações que se orgulhavam de ser homogéneas possam continuar a sentir esse orgulho. Não existem culturas ou civilizações ilhadas. Qualquer tentativa de separá-las nos compartimentos estanques propostos por Huntington causa danos em sua variedade, diversidade e total complexidade de elementos, em sua hibridez radical. Quanto mais insistirmos na separação de culturas e civilizações, mais imprecisos seremos sobre nós mesmos e os outros. No meu modo de pensar, a noção de uma civilização isolada é impossível. A verdadeira questão é se queremos trabalhar para civilizações separadas ou se devemos tomar o caminho mais integrador, mas talvez mais difícil, que é tentar vê-las como um imenso todo cujos contornos exatos uma pessoa sozinha não consegue captar, mas cuja existência certa podemos intuir e sentir. milhares de ' franceses protestaram nos bairros mais pobres, reivindicando melhorias nesta área, pois o índice de jovens (18-25 anos) desempregados \ naquele país era o dobro do registrado entre o restante da população. Após dias de pro-l testos violentos a polícia reprimiu o mlvimento, protagonizado por jovens descendentes de migrantes que, embora nascidos na França, não são incorporados àquela sociedade. Em 4 de abril de 2006, estudantes franceses foram às ruas manifestar seu des-contentamento frente às novas leis do governo. Chávez e Morales: novas lideranças na América Latina A ascensão de Hugo Chávez na Venezuela, em 1999, e de Evo Morales, o primeiro presidente indígena da Bolívia, em 2006, tem chamado a atenção dos países latino-americanos e dos EUA. Chávez, protagonista de uma tentativa fracassada de golpe militar em 1992, chegou ao poder pelo voto nas eleições de 1998. Seu amplo apoio entre os venezuelanos o levou a propor mudanças na Constituição e, em meio a plebiscitos e eleições, tem uma perspectiva de um amplo período de poder. A oposição tentou depor Chávez em 2002, mas protestos populares asseguraram a garantia do mandato do presidente. Os críticos acusam-no de uma gestão personalista e autoritária. Os defensores afirmam que Chávez é vítima de uma campanha constante dos grandes empresários do país, incluindo os da área de comunicação. O presidente da Venezuela, amparado em uma economia sustentada no petróleo, aproximou se de líderes como Fidel Castro e de países como o Irã. O Irã é um dos países que integram o "eixo do mal", segundo o presidente norte-americano George W. Bush. Na América Latina, o governo de Caracas enfrenta rivalidades com a Colômbia, seu país vizinho, mas tem conseguido apoio de outros países mediante empréstimos para o crescimento de economias da região, como ocorre na Argentina. A ingerência de Chávez, no entanto, desagrada à diplomacia brasileira, por sua ação como protagonista na política continental e com a parceria oferecida, por exemplo, ao presidente da Bolívia. Evo Morales, pertencente ao MAS (Movimento ao Socialismo), iniciou seu governo com medidas polémicas, como a desapropriação de empresas de energia estrangeiras que exploram o gás boliviano, a principal riqueza do país, como a brasileira Petrobras. Morales fez uma campanha afirmando governar para os mais pobres. Mas agitações nas áreas mais ricas têm desafiado o presidente, assim como suas ações em relação ao capital internacional têm gerado apreensão nos investidores. Fonte: SAI D, E. W. Reflexões sobre o Exílio e outros Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 316-317, 321-327, 332-334. Na visão de Edward Said, o desafio da atualidade é a construção de sociedades plurais, posto que as culturas são dinâmicas e, por isso, ele rejeita a teoria do "choque de civilizações". Multiplicidades do mundo contemporâneo Vamos destacar alguns episódios políticos e culturais ocorridos no século XXI. Além das « questões relativas ao "choque de civilizações' a diversidade cultural, Dolítica e social tem apresentado desafios a países ricos e pobres. Enfim, processos incessantes que demonstram que homens e mulheres do século XXI estão fazendo a sua história. França e os novos movimentos dos estudantes em 2006 Mesmo em países desenvolvidos como a França, as questões relativas ao emprego representam um quadro de crise. Em / 2006, 9 A crise do gás na Bolívia, quando o presidente anunciou a nacionalização das reservas do produto e o controle da produção, desagradou aos investidores e países consumidores, como o Brasil, principal comprador do produto boliviano. Muitos especialistas acreditam que houve ingerência do presidente venezuelano no episódio. A retórica da integração do continente, presente nos discursos de Kirchner (Argentina), Morales (Bolívia), Lula (Brasil) e Chávez (Venezuela), atravessou momentos críticos, como este em 4 de maio de 2006. Constituição mexicana que dava garantias legais à propriedade comunal das terras agrícolas. Este princípio era uma herança da reforma agrária iniciada durante a Revolução Mexicana de 1910. O subcomandante Marcos apresenta-se como porta-voz do movimento, que reúne as comunidades indígenas de uma das áreas mais pobres do México. Os zapatistas, que têm este nome em homenagem ao líder da Revolução Mexicana, Emiliano Zapata, assassinado em 1919, vincularam dois temas centrais no México: a questão indígena e a agrária. O movimento adquiriu grande popularidade graças às divulgações das mensagens feitas pelo subcomandante Marcos pela internet. Os indígenas e camponeses de Chiapas e suas reivindicações tiveram repercussão mundial. Ruanda: o massacre que envergonha Em 1994 teve início um terrível genocídio em Ruanda, naÁírica. As etnias hutus (85% da população) e tutsi se confrontaram, levando à morte cerca de 800 mil tutsis. Nas lutas que duràram0mais 'de cem dias, os hutus bloqueavam e impediam que a minoria tutsi tivesse possibilidade de defesa. Os países desenvolvidos, inicialmente não enviaram tropas para barrar o genocídio. Nepi mesmo chegaram a reconhecer que se tratava de um confronto étnico e político. j^Ias, diante do agravamento da situação houve interferência da ONU e o estabelecimento de uma "operação de paz" que, sob a liderança da França, auxilia na implantação de um tribunal para julgar os criminosos. Segundo relatos oficiais há mais de 120 mil pessoas aguardando julgamento, numa tentativa de apaziguar e fechar as cicatrizes de um território conflagrado pelo ódio étnico. Apresentando reivindicações indígenas e das questões agrárias, o movimento de Chiapas se comunicava pela internet, obtendo a simpatia de diversos intelectuais pelo mundo. Alguns chegaram a classificar que era o primeiro movimento a usar sistematicamente a rede de computadores para obter apoio às suas causas. Vida cotidiana A preocupação com o desenvolvimento sustentável As preocupações com o meio ambiente cresceram ao longo das décadas de 1970 e 1980. Por pressão de diversas organizações não governamentais (ONG's) a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou no Rio de Janeiro, em junho de 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento. As discussões resultaram na chamada Agenda 21, ou seja, recomendações para que os diferentes países e povos tomassem medidas para se obter o desenvolvimento sustentável com o controle da emissão de poluentes e proteção à biodiversidade (leia o quadro Saiba Mais a seguir). Saiba mais A pouca atenção da comunidade internacional com os países mais pobres permitiu que massacres como os de Ruanda ocorressem sem um grande repúdio dos países desenvolvidos. O que é desenvolvimento sustentável? O desenvolvimento sustentável (...) pretende criar um modelo económico capaz de gerar riqueza e bem-estar e, ao mesmo tempo, promover a coesão social e impedir a destruição da natureza. Por isso coloca na berlinda o modelo de produção e consumo ocidentais, que ameaça o equilíbrio do planeta. O desenvolvimento sustentável abrange os aspectos económico (crescimento do Terceiro Mundo), social (integração e solidariedade entre os Hemisférios Norte e Sul) e ambiental (preservação dos bens mundiais de todos e regeneração dos recursos naturais). Além disso, se preocupa com os problemas a longo prazo, enquanto o atual modelo de desenvolvimento fundado em uma lógica puramente económica se centra no "aqui e agora". O termo foi utilizado pela primeira vez em 1980 por um organismo privado de pesquisa, a Aliança Mundial para a Natureza (UICN). (...) "A formulação do conceito de desenvolvimento sustentável implicava o reconhecimento de que as forças de mercado abandonadas à sua livre dinâmica não garantiam a não-destruição dos recursos naturais e do ambiente", afirma o economista e consultor ambiental espanhol Antxon Olabe. O neozapatismo em Chiapas (México) Em 1.° de janeiro de 1994, no sul do México, o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) deflagrou uma rebelião em Chiapas por meio da Primeira Declaração da Selva de Lacandona. Dizendo "Basta!" reivindicavam trabalho, terra, teto, alimentação, saúde, educação, independência, liberdade, democracia, justiça e paz. É desta forma que o movimento zapatista de Chiapas expõe oficialmente a declaração de guerra ao exército federal mexicano e pede aos outros poderes da nação mexicana que restaurem a legalidade e a estabilidade da nação, depondo o presidente Carlos Salinas de Gortari, considerado ditador pelos zapatistas. A reação governamental foi imediata e após nove dias de combate entre o EZLN e o exército federal morreram 145 pessoas. A opinião pública urbana se manifestou contra o governo e em favor dos zapatistas. O governo pediu trégua e o líder zapatista, subcomandante Marcos, anunciou suas reivindicações. Entre elas, a restituição de um artigo da 10 Na Eco-92, cúpula realizada no Rio de Janeiro, essa expressão foi o centro das discussões. Desde então, em um extremo se situam os ecologistas puros e radicais, que defendem um crescimento zero para pôr fim ao esgotamento dos recursos. Em outro lado, estão aqueles que acham que o progresso tecnológico permitirá resolver todos os problemas do ambiente. Essa segunda visão é utilizada para explicar atitudes como a do presidente norte-americano, George W. Bush, que anunciou que Washington não ratificará o Protocolo de Kyoto (1997), sobre a redução dos gases que produzem o efeito estufa. (...) O termo desenvolvimento sustentável não facilitou as discussões no Rio de Janeiro (...), onde os países do Norte tentaram defender o direito a um ambiente saudável e os do Sul, que simplesmente queriam o direito de se desenvolver. Por isso o documento que resultou daquele encontro, a Agenda 21, é um conjunto de 2.500 recomendações que nunca foram aplicadas. Mas o entretenimento não é o único setor que se beneficia da "internet rápida". Transações comerciais entre consumidores e empresas e entre empresas (business to business) começam a acontecer em tempo real, com leilões instantâneos de mercadorias e serviços e pagamentos virtuais. Os custos por transação despencam vertiginosamente, o que faz com que novos conceitos de produtividade possam apoiar os que, talvez com algum exagero, falem em "nova economia". As inúmeras associações não-govemamentais que atuam política e socialmente com fins diversos para melhorar as condições de vida no planeta há muito se utilizam do espaço da internet com seus sites, onde é possível encontrar desde estatutos até denúncias, bancos de dados, listas de discussões e questionários para elaboração de pesquisas. Num tempo onde a luta contra qualquer tipo de discriminação ganhou proporções cada vez mais amplas, o uso de meios de comunicação interativos parece imprescindível. Principalmente quando percebemos que muitos problemas antes enfrentados em nível local por cada país hoje recebem o apoio de associações que ganharam força em nível mundial, entre os quais podemos citar a Anistia Internacional e o Greenpeace. Esforços que, conjugados, têm, mesmo que ainda insuficientemente, obtido resultados impossíveis para as associações restritas à atuação ao nível nacional. Parece que, sem dúvida, os usos para os novos meios de comunicação entre os homens não se limitarão à mera diversão. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2002/rio-mais10/o_que_e-3.shtml>. Acesso em: 14 jun. 2005. Fonte: ZENHA, C. Mídia e informação no cotidiano contemporâneo. In: REIS FILHO, D. A.; FERREIRA, J.; ZENHA, C. Op. cit. p. 244-245. Ativistas do Greenpeace se penduram na âncora de embarcação norte-americana demonstrando seu protesto con-o carregamento de milho geneticamente modificado. A rede mundial de computadores São poucos aqueles que hoje nas grandes cidades não têm acesso à rede mundial de computadores, mais conhecida com web ou www. Por meio da internet, sistema que permite o acesso e "navegação" por essa rede, pode-se transmitir mensagens digitais, falar com outras pessoas, ter acesso a arquivos e informações digitalizadas etc. Nas cidades, multiplicam-se as chamadas lan-houses, "lojas" em que o usuário pode locar por hora os computadores e se utilizar da internet. Se essa parece ser a realidade das grandes cidades, não é o que ocorre em termos de Brasil. A inclusão digital doméstica está muito distante de nossa realidade. Dados de 2001, do Mapa da Exclusão Digital (CPS/IBRE/FGV), mostram que apenas 12,46% da população brasileira tinha computador em casa e 8,31% tinha acesso à internet. Segundo o sociólogo espanhol, Manuel Castells, a informatização e a criação de uma sociedade em rede “é um sistema aberto, altamente dinâmico e suscetível a inovações”, constituindo-se “instrumentos apropriados apra a economia capitalista baseada em inovação, globalização e concentração descentralizada”. As cidades e os “shoppings” A crítica Beatriz Sarlo comenta sobre uma das instituições do mundo contemporâneo: os shoppings centers. Eles se tornaram presentes no cotidiano de milhões de pessoas no mundo todo. Esses espaços, segundo a autora, representam um certo esvaziamento das ruas, do conhecimento das cidades, tal como no passado as pessoas se dirigiam para ir ao "centro" das grandes cidades. Nos shoppings se está como dentro de uma cápsula espacial. Este esvaziamento, mais do que um comportamento, é uma mudança política, na qual as esferas de vida pública são pouco reconhecidas. Vivendo seu tempo A difusão da internet Na segunda metade da década de 1990, um novo sistema de comunicação eletrônica começou a ser formado a partir da fusão da mídia de massa personalizada, globalizada, com a comunicação mediada por computadores - a multimídia, que estende o âmbito da comunicação eletrônica para todo o domínio da vida: da casa ao trabalho, de escolas a hospitais, de entretenimento a viagens. Apesar da grande aposta que muitas empresas e até mesmo governos vêm realizando, os possíveis usos e perfis deste meio de comunicação parecem ainda pouco definidos. A possibilidade de fazer com que o conteúdo do rádio, do cinema e da televisão ganhe a flexibilidade da internet, até então limitada pela capacidade (bandwidth) de transmissão das linhas telefónicas, tomou-se realidade com as alternativas dos cabos e microondas. Já é possível tecnicamente - e está se tornando viável comercialmente - ouvir rádio, ver TV e assistir a filmes em um PC ligado à internet. Disseram a respeito (...) Ir ao centro não é o mesmo que ir ao shopping center (...). Em primeiro lugar pela paisagem: o shopping center, seja qual for sua tipologia arqui-tetônica, é um simulacro de cidade de serviços em miniatura, onde todos os extremos do urbano foram liquidados (...). Hoje, o shopping contrapõe a essa paisagem do "centro" sua proposta de cápsula espacial acondicionada pela estética do mercado. Num ponto, todos os shoppings centers são iguais: em Minneapolis, em 11 Os shoppings, grandes centros de consumo, tornaram-se na atualidade um espaço de lazer comum nas grandes cidades, ocupando funções que anteriormente eram realizadas nas ruas das cidades. Miami Beach, em Chevy Chase, em New Port, em Rodeo Drive, em Santa Fé e Coronel Díaz, cidade de Buenos Aires. Para um recémchegado de Júpiter, somente o papel-moeda e a língua dos vendedores permitiria saber onde está. A constância das marcas internacionais e das mercadorias se soma à uniformidade de um espaço sem qualidades: um vôo interplanetário a Cacharei, Stephanel, Fiorucci, Kenzo, Guess e McDonalds, numa nave fretada sob a insígnia das cores unidas das etiquetas do mundo. A cápsula pode ser um paraíso ou um pesadelo. 0 ar se renova com a reciclagem dos condicionadores; a temperatura é boa; as luzes são funcionais e não entram no conflito do claro-escuro, que sempre pode parecer ameaçador; outras ameaças são neutralizadas pelos circuitos fechados, que fazem a informação fluir até (...) o pessoal da segurança. Como numa nave espacial, é possível realizar ali todas as atividades reprodutivas da vida: come-se, bebe-se, des-cansa-se, consomem-se mercadorias e símbolos segundo regras não escritas porém absolutamente claras. Como numa nave espacial, perde-se com facilidade o sentido da orientação: o que se vê de um ponto de vista ó tão parecido com o panorama do lado oposto que só os especialistas, os profundos conhecedores de pequenos detalhes e os que se locomovem de olho num mapa seriam capazes de dizer onde estão a cada momento. (...) Como uma nave espacial, o shopping tem uma relação indiferente com a cidade à sua volta: essa cidade é sempre o espaço externo, sob a forma de autopista ladeada por favelas, avenida principal, bairro suburbano ou rua de pedestres. Dentro de um shopping, ninguém se importaria em saber se determinada ala, onde se encontrou a loja procurada, é paralela ou perpendicular a uma rua qualquer, no exterior; acima de tudo o que não se pode esquecer é em que prateleira está a mercadoria desejada. (...) O shopping é todo futuro: constrói novos hábitos, vira ponto de referência, faz a cidade acomodar-se à sua presença, ensina as pessoas a agirem no seu interior. No shopping pode-se descobrir um "protótipo premonitório do futuro": shoppings cada vez mais extensos, dos quais nunca se precise sair, como se fossem uma fábrica flutuante. (...) São aldeias-shoppings, museus-shoppings, bibliotecas e escolas-shoppings, hospitais-shoppings. (...) A rapidez com que o shopping se impôs na cultura urbana não teve precedentes em nenhuma outra mudança de costumes, nem mesmo neste século marcado pela transitoriedade da mercadoria e pela instabilidade dos valores. Dir-se-á que a mudança não é fundamental nem pode ser comparada com outras, anteriores. Mesmo assim, acredito que ela sintetiza os traços básicos daquilo que virá, ou melhor, daquilo que veio para ficar: em cidades que se fraturam e se desintegram, esse abrigo antinuclear é perfeitamente adequado ao tom de uma época. Onde as instituições e a esfera pública já não podem construir marcos que se pretendam eternos, erige-se um monumento baseado justamente na velocidade do fluxo mercantil. Cinemateca A caminho de Kandahar (2001, Irã, dir.: Mohsen Makhmalbaf) Uma jovem afegã, que fugiu para o Canadá em meio à guerra civil dos talibãs, volta ao país para salvar sua irmã que lhe enviou uma carta avisando que iria se suicidar. Invasões bárbaras (2003, Canadá/França, dir.: Denys Arcand) Homem à beira da morte revê o filho e amigos e relembra sua vida. O filme faz um paralelo, a partir do 11 de setembro de 2001, entre diversos temas da atualidade e a vida dos personagens. Hotel Ruanda (2004, África do Sul/Canadá/Reino Unido, dir.: Terry George) Em Ruanda, na África, o genocídio de mais de um milhão de pessoas por diferenças étnicas. Um homem, em meio a esse cenário, munido de coragem e amor à sua família, faz de tudo para escapar vivo e salvar seus entes queridos. Nós que aqui estamos por vós esperamos (1999, Brasil, dir.: Marcelo Masagão) Memória do século XX, a partir de recortes biográficos reais e ficcionais de pequenos e grandes personagens. Vôo United 93 (2006, França/Reino Unido/EUA, dir.: Paul Greengrass) O filme aborda os 90 minutos do vôo 93 de United Airlines, sequestrado no dia 11 de setembro de 2001, que foi abatido quando sobrevoava a Pensilvânia. REVISITANDO A HISTÓRIA 01. Por que no final do século XX foi apresentada a teoria do "fim da história"? Em que ela se baseia? 02. O que é a globalização? Como as divisões entre países pobres e ricos são abordadas neste processo? 03. Relacione o principal argumento da polémica entre Samuel Huntington e Edward Said sobre as explicações dos conflitos do mundo recente. 04. Como a tecnologia alterou a percepção do mundo nas sociedades atuais? 05. Apresente dois processos vividos nos tempos recentes que demonstram a existência de conflitos e tensões nas sociedades atuais. Questões de vestibular 01. (ENEM) Um certo carro esporte é desenhado na Califórnia, financiado por Tóquio, o protótipo criado em Worthing (Inglaterra) e a montagem é feita nos EUA e México, com componentes eletrônicos inventados em Nova Jérsei (EUA), fabricados no Japão. (...). Já a indústria de confecção norte-americana, quando inscreve em seus produtos "made in USA", esquece de mencionar que eles foram produzidos no México, Caribe ou Filipinas. Fonte: SARLO, B. Cenas da Vida Pós-moderna. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2004. p.14-17, 22. Renato Ortiz, Mundialização e Cultura. O texto ilustra como em certos países produz-se tanto um carro esporte caro e sofisticado, quanto roupas que nem sequer levam uma etiqueta identificando o país produtor. De fato, tais roupas costumam ser feitas em fábricas -chamadas "maquiladoras" situadas em zonas-francas, onde os trabalhadores nem sempre têm direitos trabalhistas garantidos. A produção nessas condições indicaria um processo de globalização que: a) fortalece os Estados Nacionais e diminui as disparidades económicas entre eles pela aproximação entre um centro rico e uma periferia pobre. b) garante a soberania dos Estados Nacionais por meio da identificação da origem de produção dos bens e mercadorias. c) fortalece igualmente os Estados Nacionais por meio da circulação de bens e capitais e do intercâmbio de tecnologia. d) compensa as disparidades económicas pela socialização de novas tecnologias e pela circulação globalizada da mão-deobra. e) reafirma as diferenças entre um centro rico e uma periferia pobre, tanto dentro como fora das fronteiras dos Estados Nacionais. 02. (UFPR) Norberto Bobbio define terrorismo da seguinte maneira: "O terrorismo, que não pode consistir em um ou mais atos isolados, é a estratégia escolhida por um grupo ideologicamente homogéneo, que desenvolve sua luta clandestinamente entre o povo para 12 convencê-lo a recorrer a ações demonstrativas que têm, em primeiro lugar, o papel de 'vingar' as vítimas do terror exercido pela autoridade e, em segundo lugar, aterrorizar esta última." Hobsbawm avalia que a queda do socialismo soviético insere-se em um contexto de crise global que se desdobra no mundo contemporâneo. Nessa direção, a crise global: a) cria uma nova polarização política baseada no antagonismo entre a Europa e os Estados Unidos; b) favorece a emergência de novas nações, levando à eclosão de conflitos étnicos e religiosos; c) impede o desenvolvimento de tecnologias capazes de produzir armas químicas, biológicas e atómicas; d) libera uma grande quantidade de capitais, para o financiamento do desenvolvimento industrial da Rússia; e) elimina os conflitos políticos e sociais que ameaçavam a hegemonia norte-americana no mundo. BOBBIO, N. Dicionário de Política, 1996. p. 1242. Com base nessa definição, leia o seguinte comentário: "As fotos de tortura na prisão de Bagdá ilustram, de forma dramática, o que vem se tornando claro para quem guarda na memória a América Latina dos anos 60 e 70: quanto mais os governos americano e britânico aplicam suas diretrizes antiterroristas, mais parecidas elas ficam com a velha Doutrina da Segurança Nacional (...). Subversão comunista era o pretexto daquela época para adotar medidas arbitrárias em defesa da segurança nacional; agora, o inimigo é o terrorismo". BOCCANERA, S. Primeira Leitura, n. 28, p. 67, jun. 2004. 05. (UERJ) "A bolha especulativa que estourou Nova York começou a respingar pelo resto do mundo e afetou de maneira especialmente dura a América Latina. Investidores começaram a tirar dinheiro de fundos latino-americanos por aversão ao risco da região." Com base nessas citações sobre o terrorismo e nos conhecimentos sobre o assunto, é correto afirmar: a) O ataque ao Iraque, realizado pelos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, é consequência do conflito entre palestinos e o Estado de Israel. b) O terrorismo é um movimento político da atualidade que defende o retorno do socialismo soviético. c) Os acontecimentos mencionados por Sílio Boccanera ão resultantes da globalização, a qual aprofundou desigualdades sociais e levou ao surgimento de novos movimentos de esquerda, como IRA (Exército Republicano Irlandês) e alQaeda (movimento internacional liderado por Osama bin Laden). d) O terrorismo lança mão de estratégias políticas incompatíveis com a paz e a democracia, por desrespeitar as leis e os princípios fundamentais dos direitos humanos. e) O terrorismo praticado por ativistas muçulmanos não condiz com a definição de Norberto Bobbio porque se mantém fiel à autoridade dos governantes dos Estados árabes. Folha de S. Paulo, 18 mar. 2001. "O sinal mais recente que a crise afetou com intensidade a América Latina veio de um relatório preparado pelo banco de investimentos Salomon Smith Barney, nos Estados Unidos (...). Embora a fuga dos fundos tenha sido menor na última semana, alguns investidores dizem que a região está sendo vista com mais pessimismo." Adaptado de: Folha de S. Paulo, 18 mar. 2001. A caracterização do continente latino-americano como região de risco e o pessimismo dos investidores, apontados nos textos acima, podem ser explicados por: a) subordinação cultural e isolamento externo; b) especulação financeira e fragilidade industrial; c) desajuste económico e instabilidade política; d) defasagem comercial e saturação do mercado interno. 03. (CESGRANRIO-RJ) MARÇO/1941 - Surge nos EUA o Capitão América, o primeiro super-herói a socar Hitler. OUTUBRO/2001 - "Depois dos atentados em New York, a Editora Marvel convidou artistas para criar uma revista especial. Alguns como Mike Deodato, Dale Keown e Frank Miller retrataram personagens como o Capitão América e Hulk em ação no World Trade Center. 06. (UFSCar - SP) Há dois tipos de terrorismo. Um, de longa tradição histórica, é político. Usa o terrorismo para propagandear sua causa e inculcar o medo na população civil inimiga. Normalmente é utilizado por movimentos de libertação nacional. A associação desse terrorismo com o islamismo é errónea. (...) O outro tipo de terrorismo, mais recente, é civilizacional. Seu objetivo não é chamar atenção para algum conflito. Quanto muito, usam-no como desculpa. (...) este se sente perpetuamente vitimado. (...) Sua mensagem é: ninguém está seguro. Veja, São Paulo, Abril, p. 54, 28 de novembro de 2001. Gustavo loschpe. Folha de S.Paulo, 7 ago. 2005. A partir dos dados acima, é possível afirmar que a utilização do personagem: a) por seu caráter recorrente, tem sido uma forma de defesa do mercado norte-americano contra investidas japonesas na indústria cinematográfica; b) no primeiro caso, reforçou a euforia pelas vitórias já obtidas em Midway e Leningrado; no segundo caso, teve a função de consolar a população americana após os atentados do último 11 de setembro; c) em ambos os casos, visou reforçar o espírito agressivo e estimular o revanchismo, o que seria garantido pela conhecida superioridade bélica norte-americana; d) em ambos os casos, visou reforçar as características da população norte-americana, em oposição às crescentes migrações da população oriental; e) nos dois casos, teve como objetivo reforçar os ideais americanos e relembrar que, mesmo tendo sido ameaçados ou atingidos, estes ideais permanecem. A partir das duas definições apresentadas pelo autor do texto, é exemplo de grupo terrorista do segundo tipo: a) OLP - Organização para a Libertação da Palestina. b) AL-QAEDA - grupo extremista islâmico. c) IRA - Exército Republicano Irlandês. d) HAMAS - grupo que luta pelo Estado palestino islâmico. e) ETA - grupo separatista basco. 04. (UFG - GO) Embora o colapso do socialismo soviético e suas enormes consequências, por enquanto impossíveis de calcular por inteiro, mas basicamente negativas, fossem o incidente mais dramático das Décadas de Crise que se seguiram à Era de Ouro, essas iriam ser décadas de crise universal ou global. A crise afetou as várias partes do mundo de maneiras e em graus diferentes, mas afetou a todas elas, fossem quais fossem suas configurações políticas, sociais e económicas. HOBSBAWM, E. J. A Era dos Extremos-o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 19. 13