EDIÇÃO 02 | abrIl - junhO 2012 | aprIl

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EDIÇÃO 02 | abrIl - junhO 2012 | aprIl
EDIÇÃO 02 | abril - junho 2012 | april - june 2012 ISSUE
EDIÇÃO 02 | abril - junho 2012 | april - june 2012 ISSUE
um novo jeito de pensar. e trabalhar.
Ao folhear as páginas desta publicação, você rapidamente irá perceber uma nota de corte,
uma linha de raciocínio que converge na edição de cada assunto estudado e descrito aqui:
a intenção de tirar você da zona de conforto, chacoalhar suas certezas, instigar sua curiosidade.
a tecnologia e o poder das mídias sociais em foco.
Analisaremos, nesta edição, o poder de fogo da interação entre marcas e consumidores.
Afinal, para que serve essa corrida ao ouro no Facebook? Para que ter milhares de fãs?
Mais: o que, de fato, isso pode representar financeiramente e em termos de negócio?
o poder da imagem, dos jogos e das mulheres. e ah, o da fifa.
É dada a largada para a era da Brand Image na internet. A gamificação é coisa séria e rentável.
A provocação fica por conta da provável liberação da cerveja na Copa. E a coluna que encerra
essa publicação com chave de ouro, é um belo retrato do universo feminino contemporâneo.
ceo pernod ricard brasil bryan fry
diretor de marketing Colin Kavanagh strategic planning and insights manager idit jankelovicius
strategic planning and insights manager jr. marta braggio strategic planning and insights assistant andré lungov
projeto editorial Casa36 colaboraram luciana jardim, Lara Martins (texto) juliana de mari (coluna), impressão atrativa
sensor
econômico
A EXPECTATIVA É DE CRESCIMENTO MENOR, MAS A INFLAÇÃO EM BAIXA
(SOMADA À QUEDA NAs TAXAs DE JUROS) INDICA uma retomada do vigor
do mercado, COMO SE PERCEBE NAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES.
Set/Out
2011
* Os gráficos acima representam as medianas por bimestre para cada indicador. Fonte: IPEA
Set/Out
2011
jan/fev
2012
mar/abr
2012
Set/Out
2011
jan/fev
2012
24
7
26
8
mar/abr
2012
24
4
jan/fev
2012
(US$ bilhões)
26
4
Set/Out
2011
Importações
(US$ bilhões)
25
0
(milhares)
Exportações
5,
7
mar/abr
2012
Empregos formais gerados
1.8
00
Set/Out
2011
III. indicadores de comércio exterior
1.9
00
jan/fev mar/abr
2012
2012
8,
2
jan/fev
2012
(fbcf %)
9,
5
5,
1
mar/abr
2012
1,7
5
5,
3
6,
5
jan/fev
2012
(R$/US$)
3,
2
3,
5
3,
6
Set/Out
2011
Variação do investimento
1,8
0
(% a.a.)
9,
0
(%)
Taxa de câmbio
1,7
5
Taxa de juros SELIC
11
,0
(% a.a.)
Taxa de inflação
9,
5
Crescimento do PIB
II. outros indicadores reais
2.
00
0
I. indicadores-chave
22
0
Ano IV Número 2 – 2º bim. 2012*
mar/abr
2012
Set/Out
2011
jan/fev
2012
mar/abr
2012
Redes
Sociais
especial
um guia expresso para
tirar partido dos principais
sites de relacionamento
em favor da sua marca
TWITTER A invasão de marcas no Twitter não é novidade. A boa nova, porém, é o Twitter
dar atenção especial a elas. A plataforma passou a disponibilizar páginas com ferramentas
exclusivas para o marketing, assim como o Facebook já faz há algum tempo. As mudanças
permitem mais interações com o público, através de jogos ou compras online. Nesse novo
formato, o anunciante customiza as páginas, podendo escolher o tweet que ganhará mais
destaque. No momento, são apenas 21 as marcas que fazem parte do grupo teste, uma concessão aberta às empresas apoiadoras do projeto. Entre elas, Coca-Cola, PepsiCo e Heineken.
Enquanto o novo formato ainda não está aberto, vale checar o que está sendo feito, reforçar
seu planejamento e seguir atraindo os seguidores. Para saber mais: http://fly.twitter.com/ads/
O Twitter tem cerca de 500 milhões de
usuários e estima-se que mais de um milhão
de contas sejam criadas diariamente.
FACEBOOK A maior rede social
do mundo também é a mais preparada
para o mundo das marcas. Agora, a
nova timeline do Facebook, que dividiu
opiniões entre seus usuários, chegou
às páginas de marcas. E a nova organização tem tudo para agradar às equipes de marketing, uma vez que organiza cronologicamente as informações
postadas e facilita a busca por determinados conteúdos. Além disso, o visual das páginas também está passando por alterações: as cores básicas do
Facebook poderão ser mudadas, o
espaço para imagens será maior, há
possibilidade de escolher um post para
ficar em destaque, entre outras funcionalidades tanto na postagem quanto nos anúncios. Outra novidade são
as conversas privadas entre um fã e a
empresa. Além de evitar o spam, a conversa em foro íntimo gera mais personalização e faz o consumidor se sentir
melhor atendido. Há ainda os novos
formatos de anúncio nas páginas.
Saiba mais: http://tinyurl.com/76qvcco
Dos mais de
900 milhões de
usuários, quase
500 milhões
acessam suas
contas também
por celular.
O que fazer com 1 milhão de fãs no Facebook?
Na primeira edição de SPI Trend
Report, tratamos dos ganhos de fãs
no Facebook, como é o caso de
Smirnoff, que já conta com mais de
1,3 milhão de seguidores. Mas como
aproveitar a força deste exército?
Através do engajamento entre os
fãs e a marca. É melhor ter um fã
participativo do que dez que não
dão a mínima para as suas informações. Por isso, ao invés de apenas
contar seguidores, as empresas
estão começando a monitorar a
qualidade das interações. O índice
de engajamento é uma medida de
como seu conteúdo repercute na
rede. Confira abaixo, seis mantras
para maximizar o engajamento
junto aos seus fãs:
1. Enxergue os fãs como
pessoas e não como números.
Se o consumidor “curtiu” a
página significa que ele admira
a marca e se sente envolvido
de alguma forma.
2. Crie posts envolventes,
com assuntos relevantes,
que irão atrair a atenção do
público e satisfazê-lo. Aposte
em imagens e vídeos, que
transmitem mensagens de
forma mais leve e lúdica.
3. A qualidade do conteúdo
do post está diretamente
associada ao aumento do
número de compartilhamentos,
likes e comentários. Quanto
melhor e mais interessante
for, maior será a interação
dos fãs e, assim, maior
a sua disseminação.
4. Faça o fã se sentir
parte importante da página:
promova a interação,
estimule-o a contar suas
histórias e trocar experiências.
Afinal, uma página de marca
no Facebook deve ser um
espelho de como seus
consumidores a enxergam
(e não como a empresa
gostaria de ser vista).
5. Faça postagens curtas
e diretas. Lembre-se que
o smartphone é comumente
usado para acessar o
Facebook, em tempo escasso,
e textos grandes ficam ainda
maiores nas pequenas telas
dos aparelhos.
6.
Esteja presente e não
deixe perguntas sem resposta
por longos períodos.
‘Brand Image’
para a rede
A frase “uma imagem vale
mais do que mil palavras”
nunca foi tão atual: cerca de
10% de todas as fotografias
tiradas pela humanidade
foram feitas nos últimos
12 meses. Uma forte cultura
visual está sendo gestada
nas redes sociais. Diante
dos fenômenos do Instagram
e do Pinterest, não restam
dúvidas de que a aposta
das marcas recai, cada vez
mais sobre as fotos na rede.
O próprio Facebook tem cerca
de 70% de sua atividade
(postagens, comentários
e ‘likes’) ligados a upload
de imagens. Um estudo
de Harvard estima o tráfego
no Facebook em 250 milhões
de fotos por dia. O fato
é que, além de chamar
mais atenção, é mais fácil
processar informações em
imagens do que em conteúdo
escrito. E é, em geral,
mais vendedor. Por isso,
é fundamental a criação de
uma estratégia voltada para
as imagens. Sua produção
e uso devem seguir um
conceito, uma linguagem
e precisam estar ligadas
ao branding da marca.
INSTAGRAM O app de
smartphones focado em postagem
de fotos alcançou seu primeiro
milhão de usuários em dois meses – e hoje já soma 50 milhões.
A partir de sua disponibilização
no sistema Android, recebe semanalmente 5 milhões de novos
membros. A grande sacada do
app é brincar com os efeitos para
gerar fotos com diferentes estéticas. Como estratégia para esta
plataforma é aconselhável inserir
imagens dos produtos, mas dosar
para não se tornar um simples (e
inoportuno) vendedor. Assim
como no Twitter, é possível inserir e monitorar hashtags (#).
Por isso, é interessante criar campanhas e promoções que inspirem os usuários a postar fotos
com a #. Para estimular e aumentar este engajamento, pode-se
criar campanhas específicas, concursos de fotos, entre outras
ideias. Uma vantagem extra é
que, ao usar a #, os usuários que
compartilharem as imagens no
Twitter estarão levando pra lá a
ideia e, assim, a marca.
Ferramentas
de medição
no instagram
Extragr.am
Statigr.am
Web.stagram.com
PINTEREST Este site de compartilhamento de imagens se parece
com um scrapbook virtual. É a terceira rede social mais popular hoje, perdendo apenas para o Facebook e o Twitter. Quem afirma é a Experian em
seu estudo anual sobre marketing digital, lançado em abril. A rede social,
que atingiu 10 milhões de usuários em seis meses, tem predomínio de usuários do sexo feminino (os números indicam entre 60 e 70% a participação
de mulheres). A comunidade conta ainda com mais de 80% de seu público
na faixa entre 25 e 54 anos. Um dado interessante sobre o Pinterest é que
ele gera mais tráfego para outros sites do que Google+, LinkedIn e YouTube
juntos. Sua rápida ascensão à nata das redes sociais é realçada por seu lado
inspirador. É consenso, em pesquisas de comportamento junto a quem trafega nas páginas do Pinterest, que a procura, no fundo, é por soluções para
alguma necessidade específica (de exemplos de decoração para casamento
no campo até referências de drinques feitos com carambola).
Como atuar no Pinterest
O universo das marcas ainda está engatinhando aqui. Mas Smirnoff,
McDonald’s, Burberry e a cadeia Whole Foods são, hoje, referências
e lideram os índices. Para quem ainda não entrou, seguem as dicas:
1. Antes de abrir a página ao público, é ideal definir como
será a sua estratégia na plataforma, qual tom quer assumir
e, principalmente, como será a linguagem visual que terá
como diretriz na edição de suas imagens.
2. Isso feito, reserve um tempo para montar os boards e
preencher a página antes de divulgá-la. Abrir ao público antes
disso seria como inaugurar uma loja sem produtos; o usuário
não sabe o que vai encontrar por lá e dificilmente volta.
A cada segundo são feitos 60
uploads de fotos no Instagram.
Isso equivale a mais de 5
milhões de imagens por dia.
marcas como
SMIRNOFF E BACARDI
ESTÃO OFICIALMENTE
NO PINTEREST.
Ferramentas
de medição
no PINTEREST
pinerly.com
pintics.com
Pinreach.com
3. O perfil da empresa deve seguir pessoas estratégicas, com
conteúdo e personalidade relevantes a seus consumidores.
4. O segredo está em vender um lifestyle ligado à marca,
e não o produto em si.
Para saber mais: http://tinyurl.com/bwya2ak
concorrência
bacardi quer dobrar o faturamento no país
em dois anos. o grupo investirá 50% a mais
em 2012. Ao focar nas principais marcas do
portfólio, como rum Bacardi, vodka Grey
Goose e vermute Martini, a meta é ganhar dois
pontos de market share em cada categoria.
mais um mundial para o rio
O Reserve World Class é um dos maiores
eventos de coquetelaria do mundo. Este ano,
a final da competição acontecerá no Rio
de Janeiro, entre 8 e 12 de julho. A intenção é
impulsionar o segmento premium de bebidas
destiladas e desenvolver a cultura da
coquetelaria no país. Nada mais oportuno,
já que o brasil é o segundo mercado de vodka
da Diageo, tendo no segmento premium
as marcas Ketel One e Cîroc. Vale destacar
o impacto do evento: as cidades que foram
sede nos últimos anos — Londres, Atenas
e Nova Déli — registraram aumento
significativo em vendas de produtos Reserve,
a divisão de luxo da Diageo. Na Índia,
por exemplo, o crescimento foi de 141%.
Saiba mais: http://tinyurl.com/d7aqnsb
pode descascar,
mas fale de mim
Madonna
vende
Smirnoff
que vende
madonna
Madonna ainda reina no universo da música, criando
e apontando tendências. Ela é a garota-propaganda
do Smirnoff Nightlife Exchange Project. O début de
seu novo álbum, o MDNA, coincidiu com o lançamento do CD exclusivo The Smirnoff MDNA Nightlife
Edition Remix Album, com sete faixas inéditas remixadas por diferentes DJ’s. A ação é toda integrada com
o Facebook. Para ter acesso ao disco, o interessado
deve “curtir” a página americana da bebida e comprar
sua cópia por US$ 3,50. Antes disso, a Smirnoff já
havia sido inserida no clipe Give me all your lovin da
cantora. Saiba mais: http://tinyurl.com/d7jbflw
Causou impacto o press
kit da Smirnoff Caipiroska,
desenvolvido para
promover seus novos
sabores (morango,
limão e maracujá).
As garrafas vinham
acondicionadas em
suportes que lembravam
caixas de feira, enroladas
em um fino papel para
serem descascadas como
frutas. A sacada mostra
a importância do design na
hora de atrair a atenção
dos formadores de opinião,
como mostra o link: http://
tinyurl.com/d5cujqd
O poder de um novo sabor
(e de uma nova embalagem)
Marcas consagradas costumam não mexer em
time que está ganhando. Mas Bacardi e Smirnoff
optaram pela inovação. No caso de Bacardi, a
bebida foi revista na linha Flavours. Lançado em
2006, o Bacardi Big Apple ganhou o Brasil no ano
passado. A linha ainda traz os sabores Razz (framboesa e cereja) e Limón (limão, lima e grapefruit).
Já a Smirnoff ganhou os sabores Maçã & Canela,
Cranberry & Limão e Maracujá & Limão, com
formatos e preços bastante agressivos. O lançamento aconteceu no carnaval, na forma de latinhas
com 296ml, mais fina que a Smirnoff Ice tradicional. Saiba mais: http://tinyurl.com/7ckrywj
reserve
world class
em números
10
mil
bartenders
inscritos
18
mil
drinques
criados
50
países
representados
700
pessoas
envolvidas
no evento
Yes!
they have
cachaça!
Há 12 anos, os rótulos das garrafas de cachaça que chegavam
aos Estados Unidos deveriam conter obrigatoriamente o nome
Brazilian Rum. A recente visita da presidente Dilma Rousseff
aos Estados Unidos rendeu o aguardado reconhecimento
oficial da cachaça pelo governo americano como um produto genuinamente brasileiro. Dessa forma, a nossa pinga não
concorre mais com o rum, o que pode dar origem a um novo
nicho no mercado americano. A cachaça Leblon (destilada e
envasada no Brasil por uma empresa americana) criou o
movimento Legalize Cachaça – uma maneira criativa de
enxergar o momento e fazer barulho em nome da bebida e,
também, em causa própria. A iniciativa recolheu centenas de
assinaturas de consumidores para pressionar o governo
americano a excluir o brazilian rum dos rótulos das garrafas.
Obviamente não foi a Leblon a responsável pelo acordo, mas
ela colocou a marca em evidência, como parte dessa história,
em uma campanha barata, ágil, típica de guerrilha.
Saiba mais: www.legalizecachaca.com
provocações
O mercado em números
O gráfico abaixo revela o consumo total de alguns dos principais
tipos de bebida no Brasil em 2011. O destaque é a cerveja, certamente um dos maiores concorrentes da Pernod no país.
10,3
bilhões
o incrível
app da chopeira
de litros de cerveja
765
milhões
de litros de cachaça
62
milhões
de litros de vodka
18
milhões
de litros de rum
Fontes:
Valor Econômico
e Sindicerv
(Sindicato Nacional
da Indústria da Cerveja)
Fundada em 1589, a cervejaria
alemã Hofbräuhaus é considerada por muitos o templo da
cerveja e é destino certo de milhares de turistas. Em ação inventiva e ao mesmo tempo
simples, um mágico contratado
‘serve’ os clientes da casa com
um iPad munido de uma torneira. Mais do que diversão para
os visitantes, o truque foi filmado (e postado no YouTube)
e já soma quase meio milhão
de acessos. O viral certamente gerou mais buzz que qualquer destaque em guias de
turismo. Saiba mais: http://
tinyurl.com/72hvsdg
revolução no
mercado de vinhos
O governo planeja aumentar o imposto sobre o vinho importado de
27% para 55%, criando polêmica entre consumidores e importadoras. Apenas champanhes e outros espumantes estariam livres deste
aumento. Segundo a revista Veja, os vinhos nacionais perdem
mercado a cada ano. Com o aumento do volume dos importados na
gôndola, os produtores da bebida pressionam o Congresso para
proteger o vinho nacional. Mesmo sem nada decidido ainda, um
boicote silencioso contra vinícolas brasileiras envolvidas no caso se
instalou em alguns restaurantes do Rio e de São Paulo. Ao contrário
da ideia do governo, a solução para alavancar as vendas dos nacionais
é diminuir a taxa de seus impostos. O mercado ganharia mais consumidores e os preços dos importados tenderiam a cair.
Para beber na ‘taça’
O texto básico sobre a Lei Geral da Copa foi aprovado pela Câmara
dos Deputados, no final de março, e pelo Senado, no início de maio,
suspendendo a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios
durante a Copa do Mundo de 2014. O projeto permite a comercialização de cerveja em copos de plástico em todos os setores dos estádios. Estados e municípios com legislação própria sobre o tema terão
de se adequar ao pedido da Fifa. O texto seguirá ainda à sanção
presidencial. Por outro lado, a Uefa – entidade europeia de futebol
– seguirá o caminho oposto e vetará a comercialização de álcool em
seus eventos, na Europa, durante a Copa de 2014, segundo a BBC. A
questão central é que enquanto muitos consideram a liberação do
álcool um retrocesso que contribuiria para o aumento da violência,
outros alegam que o público da Copa é formado por famílias e, portanto, a rivalidade entre os torcedores não é tão exacerbada assim.
em 2011,
72 milhões
de litros
de vinho
vieram
de fora,
contra
a marca
de 37
milhões
em 2005.
NO ÂMBITO
DOS NEGÓCIOS,
A PERGUNTA
(ainda SEM
RESPOSTA)
É: POR QUE
LIBERAR
A CERVEJA
E, NÃO,
as OUTRAS
BEBIDAS DE
BAIXO TEOR
ALCOÓLICO?
prêmios
Os jogos são a principal forma de
entretenimento do nosso século,
superando a música e o cinema. Se
adaptado ao universo do consumo,
pode ser um excelente instrumento
de marketing na atração de novos
clientes e na fidelização de marca.
em jogo
Gamificação é uma estratégia que tem, como objetivo,
engajar uma ou mais pessoas a fazer algo pré-estabelecido
através de regras, desafios e recompensas – assim como um
jogo. No âmbito corporativo, a gamificação pode ser para
fora – e virar estratégia de marketing – ou para dentro –
e virar treinamento para o RH. O texto a seguir é focado
apenas na gamificação como ferramenta promocional.
Mas se o negócio é fazer dinheiro e vender mais, lançando ações que podem ser tão banais como as que levam o
consumidor a juntar embalagens ou enviar uma frase criativa para um ‘concurso cultural’, por que então tratar a gamificação como uma tendência? A resposta está na perspectiva
de relacionar as estratégias de jogo às novas tecnologias e às
redes sociais, para aproximar marcas e consumidores. Pesquisas recentes sugerem um aumento de 20% nas interações
com a marca quando se aplica a gamificação em uma ação.
O Foursquare, a rede social que se baseia em dados de
localização para celulares, é perfeita para a gamificação. O
usuário dá ‘check-in’ nos locais que frequenta e pode ganhar
descontos, produtos ou outras vantagens. E os estabelecimentos que participam ganham em divulgação online e fi-
delização. Já o Facebook, com seu potencial de audiência de
mais de 800 milhões de pessoas, tem, nos jogos sociais,
grande parte do seu fluxo de uso. Um estudo da Saatchi &
Saatchi mostra que quatro em cada dez usuários de jogos
sociais preferem receber informações sobre novos produtos
pelos in-app ads, isto é, apps com publicidade. E os smartphones, que cada vez mais dominam o mercado de celulares,
também são plataforma fértil para este modelo de negócio,
com a popularização de iPhones e a evolução do sistema
Android. Quando bem desenvolvido, um game soma pontos
ao negócio. Objetivos claros e regras definidas asseguram
que o usuário possa alcançar as metas. Narrativas atraentes
e tarefas desafiadoras ajudam no engajamento. Tudo isso,
moldado pelo instinto humano de competição e superação.
Para realmente aproveitar as oportunidades que a gamificação oferece deve-se refletir sobre o real impacto dessa
estratégia em seu público-alvo – e como ela dialoga com os
valores da marca. Acima de tudo é preciso provocar a vontade do consumidor em querer jogar e se divertir com o game,
tornando-o inesquecível, assim como a marca relacionada
a ele. Conheça, a seguir, cinco cases impactantes:
cases impactantes
sprite city
Mc Donalds Pick n’ Play
A base sueca da gigante de fast food inovou
ao criar um jogo em praça pública. A ideia
era simples: uma tela gigante apresentava
um jogo de 30 segundos, controlado pelos
smartphones de quem passava em frente.
Aos vencedores, cupons eletrônicos, recebidos automaticamente pelos próprios celulares, davam direito a brindes na loja mais
próxima. Em poucos minutos formou-se
uma grande plateia no meio de Estocolmo
que parou a cidade e reverberou.
Saiba mais: http://tinyurl.com/7k9x6ko
Desenvolvido pela Coca-Cola no
Brasil, o Sprite City é um aplicativo
gratuito. Nesse jogo estratégico, o
usuário deve cuidar da entrega do
refrigerante Sprite dentro da cidade, controlando um carrinho. Conforme consegue abastecer os pontos
estratégicos da vizinhança, o consumidor ganha pontos e pode aparecer no ranking como o melhor
jogador. O aplicativo foi lançado
em janeiro e já teve mais de 40 mil
downloads. Saiba mais: http://
tinyurl.com/78uz82d
10 mandamentos da gamificação:
Fonte: Bunchball (www.bunchball.com)
1
2
3
4
5
Mapeie seus objetivos
sem perder de vista o
interesse dos jogadores.
Priorize ações que os
usuários devam seguir.
Desenvolva um
sistema de pontuação.
Use níveis de dificuldade
para atrair os usuários .
Faça distintivos e
troféus inspiradores.
6
7
8
9
10
Use feedback em
tempo-real sobre o
progresso do usuário.
Dê créditos aos usuários
por seus esforços.
Poste um
mural de líderes.
Estimule os jogadores
a colaborarem entre si.
Integre as
mídias sociais.
Samsung Nation
Para estimular a participação
dos consumidores norte-americanos na avaliação de seus produtos,
a Samsung criou um programa de
fidelidade chamado Samsung Nation.
Os participantes ganham distintivos,
troféus e produtos, como câmeras
digitais. O resultado já rendeu um
aumento de 500% no volume de avaliações realizadas pelos
consumidores. Saiba
mais: http://tinyurl.
com/7go2cpw
Rihanna Unlocked
A cantora Rihanna usou sua página oficial para lançar o novo álbum. Fãs ajudavam a destrancar o conteúdo exclusivo no Rihanna UNLOCKED.
Quando os desafios eram completados,
os participantes ganhavam novos vídeos, a arte
do álbum ou as letras
das novas músicas.
E Rihanna ganhou
mais de 700 mil fãs no
Facebook depois desta
ação. Saiba mais: http://
tinyurl.com/7ttb6lf
Jay-Z decoded
YourBeat@Ballantine’s
Ballantine’s criou o Your Beat, um jogo para
brincar de DJ, escolhendo um estilo musical,
além de efeitos e batidas diferentes. Quanto
mais harmônica a composição, mais pessoas aparecem na pista para curtir. São dezenas
de sons, indo do rock à música eletrônica. É
possível, ainda, compartilhar a música no
Facebook e convidar os amigos para jogar.
Um ranking mostra as melhores criações
dentre todos os jogadores - ou apenas dentre
os seus amigos. Saiba mais: http://tinyurl.
com/88v8vsz
“Eliminadas as diferenças
de gênero e as complexidades
tecnológicas, todos
os jogos têm em comum uma
meta, regras, um sistema
de atualização constante
e a participação voluntária”
Jane McGonigal, autora do livro Reality is Broken:
Why games make us better and how they can change the world
(em tradução livre, “A realidade está partida: Por que os jogos
nos tornam melhores e como eles podem mudar o mundo?”).
O livro, de 2011, prega que os jogos podem melhorar a vida
cotidiana – contra problemas de saúde como a obesidade,
por exemplo – e resolver os problemas do planeta – da fome
às guerras, do aquecimento global à dependência do petróleo.
Para saber mais: http://tinyurl.com/yfqnc77
Para refletir
O marido de Beyoncé lançou livro e
decidiu gamificar seu lançamento. Páginas da biografia foram espalhadas em
diversos pontos de Nova York, Nova
Orleans e Miami, que remetiam aos
lugares preferidos do cantor. Era uma
espécie de caça ao tesouro, em que os
fãs deveriam dar um check-in pelo
Foursquare na página exposta em determinado local e fotografá-la. A recompensa: um ticket de ouro, válido
para todos os shows de Jay-Z pelo planeta, até o fim de sua carreira. Saiba
mais: http://tinyurl.com/7kls75u
A gamificação vem se revelando uma ferramenta poderosa
também em vendas e poucos discordam disso. Entretanto,
é preciso muita atenção da equipe de marketing ao
desenvolver um game, evitando impacto negativo no
aspecto psicológico do consumidor. Segundo a Trendhunter
Pro, um número crescente de sites estão “gamificando”
o ato de comprar, causando vício psicológico nos internautas.
Esses sites incluem a ferramenta “compra rápida”, que
limita o tempo de venda. Isso faz com que usuário sinta forte
emoção por adquirir um produto, correndo contra o tempo,
como uma aposta. Outro tipo de oferta é baseada em
conseguir o maior número de pessoas que concordam em
comprar um produto para se ter o melhor preço. Estas
táticas elevam a dopamina no cérebro, fazendo o cliente
sentir-se bem durante a experiência da compra, estimulando
o vício e o desejo de voltar mais vezes ao endereço eletrônico.
O que as
mulheres
querem
ouve um tempo em que tudo o que as mulheres queriam era
o direito de serem iguais aos homens, especialmente em
relação às oportunidades no mercado de trabalho. Em uma
transformação que levou pouco mais de uma geração,
a mulherada saiu de casa, invadiu as universidades, está presente
como nunca nas empresas e representa uma fatia crescente dos tomadores de decisão no mercado consumidor. No Brasil, já somos
maioria – tanto em salas de aula, quanto nos quadros organizacionais.
E estamos subindo, degrau a degrau, rumo ao topo. O número de
executivas poderosas no país é maior que a média mundial: 27% dos
cargos de liderança pertencem a uma mulher. Mas agora que chegamos lá, quem já prestou atenção ao que andamos sussurrando por aí,
percebeu que nós queremos outra coisa: o direito de sermos diferentes. E é aí, diante desse sussurro pela afirmação da nossa identidade,
e de outro jeito de fazer as coisas acontecerem, que muitas empresas,
e eu diria, muitos homens e, verdade seja dita, também algumas
mulheres, se assustam. Nessa busca por ser (e fazer) de uma maneira em que a gente se reconheça não apenas pela competência no
papel profissional, mas pela necessidade de nos sentirmos plenas,
estamos sutilmente subvertendo a lógica. A masculina, ainda dominante no mundo corporativo, apesar de todo avanço feminino. Uma
olhadela para o universo executivo mostra que nunca houve tanta
mulher nas cadeiras das gerências e diretorias – e nunca houve tanta mulher cogitando a hipótese de pular fora delas!
Parece contraditório a todo esforço para nos posicionarmos como
capazes, competentes, inteligentes e independentes? Do que tenho
ouvido por aí, eu digo: não, não é. Somos ambiciosas, queremos crescer na carreira e manter a autonomia financeira e temos total noção
do quanto podemos contribuir para os negócios. Mas essa não é a
única agenda importante para a nossa realização. E o clássico conflito vida profissional versus vida pessoal está ficando tão fora de moda!
O direito primordial que mulheres qualificadas e bem resolvidas
agora reivindicam é o de terem de volta parte do tempo que investiram para conquistar, na marra, o respeito profissional. E é essa necessidade que está levando muitas de nós a deixar o mundo corporativo. Muitas são as mulheres que deixam um cargo pomposo para
voltar a estudar ou abrir um negócio próprio ou se vincular a projetos
com prazos definidos para terminar – ou mesmo que deixam a corporação para dar conta de tocar tudo isso e ainda ter tempo para
buscar o filho na escola, frequentar happy hour com os amigos e
viajar com o marido. Há também aquelas mulheres que optam por
parar totalmente, durante um certo tempo, e começam a (re)descobrir
prazer em cuidar da casa.
São raras as empresas que já captaram esse incômodo feminino
e o transformaram em ponto de atenção. Dessa vez, nós, mulheres,
não precisamos sair às ruas gritando para sermos ouvidas. A bandeira que, discretamente, levantamos inclui um desejo de todo mundo:
trabalhar e viver melhor.
Juliana De Mari, pernambucana, 38 anos, dois filhos, é jornalista e diretora de redação das revistas Você S/A e Você RH, da Editora Abril.