De acordo com Zilberman (2003, p

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De acordo com Zilberman (2003, p
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM COORDENAÇÃO
PEDAGÓGICA
LEITURA E ESCRITA: UM DESAFIO NAS SÉRIES INICIAIS
FÁTIMA DA PIEDADE LEMES
Relatório analítico apresentado ao Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Coordenação
Pedagógica,como exigência parcial para obtenção do título de Especialista em Coordenação
Pedagógica, sob a orientação da professora. Silvéria Aparecida.
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RESUMO:
O presente relatório é resultado da pesquisa ação feito no espaço escolar
municipal Teodomiro Rodrigues da Rocha discute as dificuldades encontradas pelas
crianças na apreensão da leitura e da escrita nos primeiros das séries iniciais, devido a
diversos fatores, dentre eles destacam-se a falta de acesso diário aos livros em casa,
escassez da leitura em voz alta feita por um adulto e ainda a visão do ato de ler como
conteúdo para aprender ortografia e gramática. Em outras palavras, os educandos das
séries iniciais em sua maioria ainda não foram instigados a perceber a leitura como
algo prazeroso e fantasioso.
PALAVRAS-CHAVE: Leitura. Professor e Criança.
1 INTRODUÇÃO
A educação apresenta inúmeras dificuldades no ensino e aprendizagem,
especialmente na leitura e escrita nas séries, fase em que as crianças sentem grandes
dificuldades de compreensão, visto que o aprendizado se dá por meio de atividade
concreta e não pela abstrata. Assim, o problema de estudo aqui parte do seguinte
questionamento: como fazer com que as crianças diminuam suas dificuldades na
apreensão do ato de ler? _ Tal, questão será respondida com base na fundamentação
teórica e na prática em sala de aula dos autores deste trabalho.
Lembra que tais reflexões foram levantadas, devido o desempenho dos
educadores e dos educandos em sala de aula, onde por muito tempo o professor
transmitia algumas informações e os alunos por sua vez acatavam como verdades
absolutas sem questioná-las. Contudo, o tempo passou e as inovações foram invadindo
o espaço do sujeito no meio social, o qual sente a necessidade de saber mais e a escola
como instituição oficial da educação formal observa que precisa reestruturar seus
serviços, e consequentemente as metodologias dos mesmos, sendo plausível dizer que
se o professor trabalhar a leitura para o prazer será mais proveitoso do que usá-la como
método de ensino de conteúdos ou da gramática.
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Nesta perspectiva, o sistema educacional segue a filosofia de que quem ensina
aprende e vice e versa, ou seja, nasce à educação do diálogo, da troca e porque não dizer
da adequação de contexto. Neste aspecto, surge a necessidade de ajudar as crianças a
serem verdadeiros leitores.
Ressalta-se que estes estudos tiveram como objetivos instigar o olhar dos
educadores ao ensino e aprendizagem das séries iniciais, e consequentemente para
mudar a prática do trabalho no âmbito escolar com a leitura, para que esta não venha
mais como conteúdo, mas sim como ferramenta para ampliar a criticidade e a
consciência quanto à relevância do ato de ler na vida das crianças, como futuros
cidadãos ativos da sociedade.
Desta forma, esta reflexão justifica-se pela necessidade de melhorar o ensino da
leitura e escrita na Escola Municipal Teodomiro, a qual com passar do tempo ganha
novos rumos com as teorias vigentes e com o grau de compreensão das crianças
pequenas. Já que a tecnologia possibilita a publicação de inúmeras informações em
tempo Record e de forma prazerosa para ver e ouvir, impedindo assim da escola agir
diferente, pois se o fizer será para o fracasso do educando em nível de aprendizagem em
todos os aspectos, daí a obrigatoriedade de fazer valer as metodologias eficazes em sala
de aula no processo da leitura critica.
Nesta pesquisa-ação foi elaborado um Projeto denominado “Leitura e Escrita:
Um Desafio nas Séries Iniciais”. Visto que no primeiro momento foi feito uma reunião
os Professores e Gestora para comunicar e apresentar o Projeto e mostrar as ações dos
participantes do estudo. Então, de inicio foi feito um diagnóstico nos primeiros anos das
séries iniciais, onde se detectou que as maiorias dos educandos desta série não sabiam
Ler e nem escrever.
Deste modo, o trabalho se voltou para formação de leitores e escritores visto
que a escrita e a leitura caminham juntas na formação intelectual, cultural e social dos
sujeitos. Assim, a metodologia usada foi um diagnóstico junto aos professores e aos
alunos, visto que os primeiros foram por meio de questionários e os alunos por meio de
textos.
A formação de escritores é de grande relevância no âmbito escolar, assim como
formar leitores, pois toda a engrenagem de evolução tecnológica do mundo atual está
ligada e requer o saber da escrita ou dos signos linguísticos para obter poder intelectual.
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Diante deste contexto o presente relatório mostra a importância da produção
textual e a respectiva formação de leitores, já que ambas caminham lado a lado, ou seja,
uma depende da outra.
1.1 IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA
Escola Municipal Teodomiro Rodrigues da Rocha, localizada no Setor Santo
Antônio, popularmente chamado de cacau, na Rua: Araguaia, 700, a qual apresenta uma
estrutura bastante precária por ser uma construção muito antiga, que por sua vez não
teve um planejamento com visão de evolução futura com local adequado para o lazer do
educando e etc.
Esta conta com 381 alunos, sendo 340 do Ensino Fundamental e 41 da EJA
(Educação de Jovens e Adultos). É uma clientela necessitada de aulas dinâmicas para
permanecerem em sala de aula, já que não é visto interesse por parte dos mesmos pelos
estudos.
1.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
É ponderável dizer que os trabalhos realizados junto aos professores
deriva frutos no âmbito escolar “Escola Municipal Teodomiro da Rocha”, visto
que estes planejaram, estudaram com esforço e dedicação.
FIGURA 04: TRABALHANDO A FORMAÇÃO DE LEITORES E ESCRITORES
Fonte: pesquisa de campo Coordenadora
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FIGURA 04: TRABALHANDO A FORMAÇÃO DE LEITORES E ESCRITORES
Fonte: pesquisa de campo Coordenadora
Mediante este trabalho percebe-se que para o sujeito ser bom leitor é
necessário
também
escrever
bem,
visto
que
são
duas
habilidades
entrelaçadas. Nesta perspectiva, os professores dos 1º anos trabalharam com
afinco várias literaturas e a escrita.
Hoje a Escola conta com avanços na área da leitura e da escrita, pois
os professores se empenham em aplicar metodologias diferenciadas e a
Coordenação trabalha com uma rotina diária na formação de leitores e
escritores.
Interessante que no inicio da pesquisa denominou-se como problema
para intervenção a dificuldade com a leitura, porém esta acarreta outro que é o
problema
da
escrita,
pois quando
há
desenvoltura
no
ato
de
ler
consequentemente melhora na escrita, já que a leitura oferece o aprendizado
da grafia e das próprias letras como é caso dos primeiros anos.
Com o trabalho dos educadores na efetivação do projeto é possível
dizer que 70% dos educandos aprenderam a ler e 30% não assimilaram as
aulas com as mais distintas metodologias, como mostra os gráficos mostram.
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GRÁFICO 01: SABEM E NÃO SABEM LER
sim
não
Fonte: Pesquisa de campo
Diante deste resultado pode-se dizer que as metodologias foram eficazes.
Pois, toda a comunidade escolar ficou satisfeita com os trabalhos desenvolvidos
pelos professores e pelos alunos na desenvoltura da leitura da escrita.
Fonte: Pesquisa de campo
2 FORMAÇÃO DE LEITOR COM VISÃO NO SOCIAL
Neste século são vários os desafios, dentre eles destacam-se a crise social,
econômica e ambiental, sendo que todas estas estão integradas ao problema da falta de
prioridade pela educação da qual deriva inúmeros problemas detectados tais como:
dificuldades na escrita, na leitura, o que por sua vez constitui grande índice de
analfabetismo funcional, ou seja, os sujeitos estão em sua maioria condicionados ao
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repasse de informações sem reflexão, devido a forma ou metodologia utilizada pelo
mediador/professor, não porque não seja capaz, mas pelo comodismo em métodos
arcaicos e descontextualizados como acontece no trabalho com a leitura.
Nesta perspectiva, é imprescindível frisar que a metodologia, especialmente da
leitura nas séries iniciais requer mudança por vários fatores, dentre eles as variedades
prazerosas da modernidade, como por exemplo, a televisão, os jogos eletrônicos, a
informática e enfim a facilidade com que as informações são publicadas e persuasivas.
Assim, as aulas devem seguir o mesmo patamar ou nível para evitar o desprazer, o
desinteresse e a insatisfação.
Destarte, a leitura precisa ganhar novas roupagens metodológicas no âmbito
escolar, principalmente nas séries iniciais, por ser à base do ensino e aprendizagem, a
qual necessita apreender gosto e prazer pelo texto que traz em si inúmeras informações,
experiências e enfim saberes de um povo permeado de diferentes costumes e culturas.
A leitura tem a função de impulsionar e de ser indispensável nestes aspectos
sociais que envolvem a vida cotidiana da criança e do adolescente, contribuição esta
que se faz necessária no processo de ensino-aprendizagem, visto que passa se fazer
presente
na formação do pensamento lógico, criativo, interpretativo e crítico do
indivíduo, podendo aguçar o entendimento e proporcionar a compreensão, o
conhecimento e a habilidade na arte de interpretar as palavras no âmbito literário.
O hábito da leitura desenvolve nos leitores a arte de interpretar ou de assimilar
as mensagens transmitidas pelos textos, a qual passa a agir e influenciar na sua
formação, que vai moldando-lhe a mente, dando-lhe sensibilidade e gosto pela literatura
e ainda à sabedoria de apreender a complexidade do mundo em sua volta. Sendo viável
focalizar o objetivo da leitura por meio da literatura, o qual é direcionado e fundamental
para promover na criança a beleza e o gosto pela leitura perante a criação de um mundo
de ficção para o leitor e ainda amplia o vocabulário e a dicção.
A escola e o professor devem descobrir que a literatura pode despertar o
interesse da criança em criar e recriar idéias que vem desenvolvê-las socialmente dentro
dos contextos literários, libertando-as de preconceitos e limitações opostas, e ainda
contribui na construção e reconstrução da sua consciência. Lembrando que a criança
torna-se capaz de criar sua própria realidade, enquanto a literatura corresponde ao saber
da formulação de imagens da realidade, sendo assim, a mesma recebe esse reflexo da
realidade, mas não recebe a própria realidade.
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É complexo, mas segundo Meireles (2001, p. 30):
Uma das complicações iniciais é saber-se o que há, de criança, no adulto,
para poder comunicar-se com a infância, e o que há, de adulto, na criança,
para poder aceitar o que os adultos lhes oferecem. Saber-se, também, se os
adultos têm sempre razão, se, às vezes, não estão servindo a preconceitos,
mais que a moral; se não há uma rotina, até na pedagogia; se a criança não é
mais arguta, e, sobretudo, mais poética, do que geralmente se imagina.
Literatura para criança, por exemplo, é aquela que aborda o universo infantil,
um modelo de representação real que tende facilitar a imaginação e a criatividade do
leitor das séries iniciais, diante do exposto, as histórias infantis influenciam
constantemente na formação da personalidade educacional da criança. Por isso, é crucial
que os pais preocupem em contar histórias para seus filhos e os educadores realizem
uma mediação considerável.
Alguns aspectos relevantes na formação da consciência crítica e construtiva da
criança é a literatura infantil, a qual tem um papel importantíssimo, pois leva a uma
reflexão profunda, concedendo-lhe a capacidade de criar a imagem de acordo com sua
realidade, com isso, a imagem criada passa a ter uma identificação com os personagens
do contexto que são vividos pela sua imaginação infantil e não foge da própria realidade
literária. E é neste emaranhado que o espaço escolar precisa estar atento. Visto que os
homens são pessoas dinâmicas e construtoras de seu mundo. Conforme Pimentel (1993,
p.83):
São homens à procura de ser inteiramente homens, buscando sentido e
assumindo responsabilidades pelos outros. Procuram a auto-realização e o
engajamento moral com o mundo, cada qual à sua maneira, conforme o
determinou a história pessoal e cultural vivida por eles. Mas também fazem
opções sucessivas, que vão marcando sua trajetória, e a maneira como fazem
essas opções os diferencia. Não estão inteiramente à mercê das
circunstâncias socioculturais e das condições pessoais. Nelas interferem
intencionalmente, por serem, também, seres livres e sujeitos. Têm uma
consciência intencionada, através da qual compreendem a realidade e a
possibilidade de intervirem.
Na ampliação da visão holística de mundo a obra ou a produção literária tem
capacidade de ampliar, transformar, enriquecer conhecimentos e experiências da criança
com relação ao mundo em que vive, já que a literatura é um meio de manifestação
cultural e socialização ideológica da criatividade literária. Assim, pode se definir que a
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arte literária é um instrumento de sensibilização e conscientização do indivíduo, um
veículo para expansão da capacidade intelectual do desenvolvimento infanto-juvenil.
O social e a cultura são partes desta engrenagem, já que é permeado nos
contextos literários e ainda na vida cotidiana dos educandos, assim, quando trabalhados
pode se transformar em arte através dos diversos talentos existentes no âmbito escolar,
daí a importância de trabalhar a leitura e o social nas salas de aulas como ponto de
partida para a desenvoltura da critica e da reflexão, constituindo-se assim num viés de
transformação da sociedade. Ressalta Gadotti (1996, p. 311):
O homem moderno volta-se para a participação com as massas na política,
que muitas vezes resultou em guerras e conflitos; já o homem pós-moderno
dedica-se ao seu cotidiano, ao seu mundo, envolve-se com as minorias, com
as pequenas causas, com metas pessoais e de curto prazo. O homem
moderno busca a sua afirmação como individuo, face à globalização da
economia e das comunicações.
Mediante esta transição do mundo educacional é plausível dizer que a
educação no âmbito escolar precisa estar interligada às inovações e as propostas de
avanços da pós-modernidade, o que causa polêmica no ensino-aprendizagem, devido o
social, o cultural e o histórico em que estão inseridos.
2.1 LEITURA CRITICA E SUA EFICÁCIA NAS SÉRIES INICIAIS
Diante das reflexões feitas anteriormente e as leituras das inúmeras teorias
sobre os e feitos da literatura na formação humana, especialmente na sua infância, época
em que a idade permite maior assimilação de saberes. Partindo deste pressuposto de
facilidade e de desenvoltura intelectual que muitos teóricos defendem o trabalho
diferenciado com a leitura, como por exemplo, a leitura em voz alta.
Por entender este tipo de leitura como forma prazerosa, já que a criança não
pode se sentir oprimida ou entediada com a situação, pois isso pode influenciar no
regresso da relação criança/literatura. Desta forma esta metodologia é indicada para o
professor utilizar em sala de aula, pois evitará o insucesso dos pequeninos com a
dificuldade de entender a língua escrita, lembrando que a presença do livro na vida
delas é imprescindível para ter familiaridade com o mesmo através do folhear, do
apreciar imagens e enfim do faz de conta. Assim, a leitura em voz alta contribui para o
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querer ler e é este o papel do educador, enquanto mediador e um dos adultos no
processo.
Segundo Catarsi (2004):
Sabe-se que, para a criança poder adquirir o gosto de ler, deve saber ler.
Enquanto tiver dificuldade para decodificar os signos, a leitura não será um
prazer, mas uma tortura. Por outro lado, é necessário dizer que a criança
aprende a ler se conhece os livros e se, em qualquer modo, é habituada a
usá-los com freqüência. É necessário, portanto, valorizar a utilização
precoce do livro de modo que a criança possa primeiro jogar e depois ler,
através das imagens e da leitura do adulto. (Catarsi, 2004. p.4)
Conforme Cartasi (2004, p. 12) Ler em voz alta é crucial, por diversos
motivos, começando pelo fato de que essa experiência favorece o desenvolvimento de
um comportamento positivo em relação ao livro e promove uma relação afetiva
‘intensa’ com o mundo dos livros. Além disso, é plausível afirmar que durante a
primeira e a segunda infância, o desejo de emulação é muito forte, de modo que, ver e
escutar um adulto que lê e ser envolvido na história é determinante para o
desenvolvimento do “prazer de ler”.
Nesta perspectiva, é importante dizer que para formar leitores nas séries
iniciais é preciso conhecer o jeito de pensar dos educandos nesta idade no que se refere
à leitura, em outras palavras como eles chegam à concepção de texto. Visto que eles
questionam de onde vem, quem trouxe, a que horas, como é o papel que traz o texto,
como por exemplo, formato, cor , e ainda se o texto é ilustrado ou não, se tem datas ou
não e enfim são diversas interrogações sobre este mundo da escrita. Conforme mostra
Jolibert (1994):
Antes mesmo de ter o texto sob os olhos, as crianças coletam muitos
indícios:

Indícios ligados à situação de vida:

Porque caminho o texto chegou à aula?
Pela professora;
Pelo correio;
Por um professor da escola;
Por uma criança da aula;

Em que momento?
às 8h30;
às 13h30;
durante o dia;
durante o recreio: é a hora do carteiro;

Muitos indícios que não são palavras:
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antes mesmo de interessarem-se pelas palavras, as crianças reconhecem: a
natureza do suporte (cartão, papel, folha de alumínio, etc);
o formato do suporte;
a (s) cor (es) utilizada (s);
a tipografia;

O texto pode ser:
uma folha mimeografada;
um impresso;
um texto manuscrito (por uma criança ou adulto);
o texto é ilustrado, ou não, por um desenho;
o texto é acompanhado, ou não, por uma ilustração;
o texto contém, ou não, um grande número de linhas;
é uma folha isolada, ou um folheto, uma embalagem, uma página de livro,
um livro, ou..., etc. (JOLIBERT, 1994, p. 72,73)
Conforme esta reflexão percebe-se que as crianças não têm um olhar
aprofundado para o conteúdo, mas para a superfície de todo o contexto que antecede e
está no texto. Daí a relevância da leitura feita pelo adulto às mesmas, principalmente na
escola ou na sala de aula, sendo este um lugar privilegiado para a desenvoltura da
leitura. Como afirma Zilberman que (2003, p. 16):
[...] a sala de aula é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do
gosto pela leitura, assim como um campo importante para o intercâmbio da
cultura literária, não podendo ser ignorada, muito menos desmentida sua
utilidade. Por isso, o educador deve adotar uma postura criativa que estimule
o desenvolvimento integral da criança. (ZILBERMAN, 2003, p. 16)
A sala de aula tem este valor supremo, principalmente no cenário brasileiro
onde as maiorias das crianças não possuem livros literários ou outros e muito menos
bibliotecas em casa, o que por sua vez diminui a possibilidade de avanços intelectuais,
sociais, culturais e enfim na formação individual na sociedade.
Ao pensar nesta desigualdade de distribuição de renda, de vida financeira e de
oportunidade de progresso na vida de estudantil, é que se defende a inserção de novas
metodologias para que os estudantes da classe baixa tenham o mesmo desempenho
dentro do meio social, mas para isso é necessário trabalhar a criticidade, e esta é
instigada por meio da leitura critica que a principio deve ser feita pelo educador. De
acordo com Genovesi (1993):
A escola ocupa da cultura letrada, tem a responsabilidade ímpar de “realizar
intervenções metódicas e sistemáticas, na compreensão, e no cultivo do
prazer de ler. Se auxiliada por uma produção literária de bom nível, pode
criar as bases de uma transformação necessária: o salto qualitativo em
direção ao saber ler.” (GENOVESI, 1993, p.106)
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Mas, é importante frisar que o trabalho com a escrita e com a leitura não é uma
tarefa somente das escolas, como também das famílias as quais são indicadas como uma
das instituições responsáveis pelo aprendizado dos filhos/educandos. Destarte, o método
da leitura em voz alta precisa ser um hábito diário em casa para que as crianças
pequenas cresçam com o desejo de ler, de conhecer novas realidades através da
linguagem escrita. Merletti (1996) descreve um exemplo que diz:
Eu aprendi, desde a idade de dois ou três anos, que cada cômodo da nossa
casa, a qualquer hora do dia, era ali para que alguém lesse ou escutasse
alguém ler. Para mim, lia minha mãe. Pela manhã, lia para mim no quarto
grande, enquanto nos balançávamos, sentadas juntas em uma cadeira de
balanço que fazia tique-taque ritmicamente como se um grilo acompanhasse
a história. Nas tardes de inverno, lia para mim, na sala de jantar em frente à
lareira com o relógio a cuco que concluía a história com um ‘Cuco’, e à
noite quando me enfiava na cama. Provavelmente, eu não lhe dava trégua.
Às vezes, lia para mim na cozinha, enquanto batia a manteiga na tigela e o
rumor da batedeira acompanhava como um soluço toda a história (Merletti,
1996, p. 33).
Para estas lembranças boas acontecerem é preciso que os pais sejam
conscientizados da importância desta atividade, já que nem todos tiveram e têm esta
cultura do ato de ler. Talvez, seja por isso a deficiência na relação da maioria dos
brasileiros com os livros ou com a leitura, o que por sua vez é um mal que deve ser
extinto para melhor desenvoltura da sociedade em todos os aspectos, tais como
intelectuais, culturais, sociais e outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este relatório foi mais uma discussão da importância de ler para e com as
crianças, especialmente no ambiente escolar, onde durante décadas o ensino foi
mecanizado, técnico e enfim sem conexão com a realidade exterior à escola.
Para fazer com que esta situação de comodismo e de regresso na escola mude
é preciso modificações na gestão da sala de aula, e estas se dão por meio das diferentes
metodologias na área da leitura, dentre elas destacam-se a leitura em voz alta feita pelo
professor em sala de aula. E que esta não seja usada para ensinar conteúdo, mas para
instigar o prazer e o gosto pelo ato de ler.
Lembra que este processo deve obedecer a três critérios básicos, os quais são:
o momento que antecede; durante e pós leitura. Em outros termos, o antes é a hora em
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que o educador apresenta a obra e o autor, prepara o ambiente, convida os educandos
para sentar em circulo ou outra forma; a hora da leitura requer boa tonalidade,
diferenciação de voz quando necessário e ter bom senso de saber a hora de parar com a
leitura, pois as crianças tem apenas alguns instantes de concentração e depois de ler é
imprescindível que haja questionamentos e pontos de vista sobre o assunto lido, tanto
pelo professor quanto pelo aluno.
Diante deste contexto é importante afirmar que o sistema educativo precisa
avançar em suas metodologias, as quais são essenciais para a qualidade da educação, e
consequentemente para o aprendizado do educando.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CATARSI, Enzo. Leggere: a scuola il ‘dovere’, in biblioteca il ‘piacere’? Disponível
em <www.giuntiscuola.it>. Acesso em 20 de setembro de 2010.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam.23ª.
ed. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989.
GADOTTI, Moacir. Didática. São Paulo: àtica, 2002
GENOVESI, G. Leggere oltre la scuola. In: G. Genovesi & P. Magari (org.). Leggere a
scuola e oltre, Ferrara, Corso Editoreb, 1993.
JOLIBERT, Josette. Formando Crianças Leitoras. Porto Alegre: Artmed, 1994.
MEIRELLES, Cecília. Problemas da Literatura Infantil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1984.
MERLETTI, R. Valentino, Leggere ad alta voce. Milano, Mondadori, 1996.
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11. ed. São Paulo: Global,
2003.

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