Amoras silvestres, uma oportunidade?

Transcrição

Amoras silvestres, uma oportunidade?
4
3.o Trimestre de 2013
peouenosfrutos
Amoras silvestres, uma oportunidade?
Baby kiwi nasce em Famalicão
IV edição do Workshop “Instalação de Pomares de Mirtilos”
1.º Congresso Nacional do Mirtilo
Entrevista a David Bryla
Este suplemento faz parte integrante da Agrotec n.o 8, do 3.o trimestre de 2013, e não pode ser vendido separadamente.
®
editorial | índice | ficha técnica
«Quem está agora
entrar no el dorado
dos pequenos frutos
tem de saber que
vai precisar de se
sacrificar, trabalhar
muito (principalmente
estudar) e, sobretudo,
ter muito cuidado…»
3
Editorial
Entrevista
4
Angus Davison – Produção em Portugal em equação
Entrevista
6
Entrevista a David Bryla
Mirtilicultura – Investigação na base do sucesso
Produção
9O desempenho de cultivares indiferentes de morangueiro em sistemas
A febre do ouro
E
m 1896 George Carmack anunciou a descoberta de ouro
no vasto território sub-ártico do Klondike, na divisa ente o
Canadá e o Alasca. A notícia fez mobilizar legiões de explo-
radores de várias partes do mundo, e em apenas um ano, 100.000
viajaram através das inexploradas e inóspitas estepes geladas. A
dificuldade do caminho era tão grande que o tributo exigido pela
natureza fez com que apenas 30.000 pessoas e 8 cavalos chegassem, em 1897, ao novo e último el dorado.
A promessa do ouro não era uma miragem nem ilusão, ele existia
mesmo, em grandes quantidades. Porém, para o obter era necessário
árduo trabalho, abrindo minas através do permafrost (solo completamente congelado) ou peneirar nas águas de glaciares em fusão. Era
necessário suportar um inverno em que as temperaturas chegavam
a -50ºC, habitar em tendas ou casas muito rudimentares e enfrentar
doenças esquecidas como o escorbuto.
Faltava quase tudo para o sustento dos homens de então, desde
alimentos a mulheres, e os preços destes bens essenciais dispararam
ao ponto de um simples ovo fresco chegar a valer, na então fundada
cidade de Dawson, 80 dólares!
Muito ouro foi arrancado à terra, mas como sempre acontece com
as febres do ouro, o imposto a pagar por quem trabalha e se sacrifica
de produção outonal
10 Agrovida – a fazer crescer empresas agrícolas desde 1989
12 A importância do fornecedor de material vegetal e sua legalidade
14 Da Planta ao Fruto
16 Avaliação de cultivares de mirtilo no Alentejo Interior
Resultados preliminares
18 Baby kiwi nasce em Famalicão
19 Contributo para a avaliação da evolução da maturação do medronho
na sua pós-colheita
20 Amoras silvestres, uma nova cultura?
MERCADOS 21 Campanha com início desanimador para a cereja
Proteção de culturas
22 Ensombramento Agrícola
Proteção Anti-Escaldão em Amoras e Framboesas
24 Pesticidas na Produção de Pequenos Frutos
Eventos
26 1.o Congresso Nacional do Mirtilo
28 Elogios à qualidade técnica e apelos ao associativismo
30IV Edição do Workshop
“Instalação de Pomares de Mirtilos”
é demasiado alto para que se faça fortuna, e a maioria dos mineiros
acabou deixando a vida ou o ouro nas mãos de toda a variedade de
vigaristas e oportunistas que, esses sim, fizeram grandes e duradouras fortunas.
Penso que se pode tirar uma bela lição para os nossos dias.
Quem está agora entrar no el dorado dos pequenos frutos tem
de saber que vai precisar de se sacrificar, trabalhar muito (principalmente estudar) e, sobretudo, ter muito cuidado…
Bernardo SABUGOSA Portal Madeira
DIRETOR | Doutorado em Ciências Agrárias
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Cátia Monteiro, Goreti Botelho, Graça Palha, Helder Marques,
Hugo Silva, João Campos, José Silva, Justina Franco,
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entrevista
Angus Davison – Produção
em Portugal em equação
Helder Marques, JoÃo Campos
Começou há vinte anos no Reino Unido e hoje está
presente em mais de 50 países. A Haygrove produz
atualmente pequenos frutos no Reino Unido e África do
Sul e fabrica túneis de larga escala. A Agrotec entrevistou
Angus Davison, fundador e responsável máximo da
organização, que nos revela como atingiu o sucesso e
desvenda os seus planos para Portugal.
AG: Que variedades produz a Haygrove atualmente?
AD: Como inicialmente referi, começámos com a produção de 1 hectare de morangos, aquando de um projeto universitário. Desde então,
a produção aumentou e cultivamos cerca de 53 hectares na África
do Sul e no Reino Unido. A Elsanta, Driscolls Amesti e Jubilee são as
principais variedades produzidas no Reino Unido.
Produzimos também framboesas, pelo que contamos já com 19
hectares no Reino Unido e na África do Sul.
A produção de cereja tem sido também elogiada ao longo dos anos.
Trabalhamos com 15 variedades, entre elas Stella, Summer Sun,
Lappins, Karina, Kordia, Regina, Sweetheart and Penny.
Ainda em crescendo está a produção de mirtilos. Neste momento
temos 10 hectares espalhados pelo Reino Unido e África do Sul e
apostámos nas variedades Ozark, Chandler e Powder Blue.
Finalmente, a produção de amora está também em crescendo, sendo
que atualmente produzimos as variedades Obsidian e Driscolls Carmel.
AG: O escoamento do produto é muita das vezes um problema para
Angus Davison
os produtores. Como é que a Haygrove gere essa situação?
AD: Como referi, abastecemos grande parte do mercado local, tanto
no Reino Unido como na África do Sul. Estou convencido que nesse
Agrotec (AG): Como surgiu a
de novas técnicas hortícolas,
campo, a comunicação é um fator decisivo. Temos uma relação muito
Haygrove?
inspirei-me principalmente
próxima com os revendedores, o que ajuda a que os consumidores
Angus Davison (AD): Os meus
na California. Após 5 anos de
saibam que produz a fruta. Penso que isso é muito importante,
pais eram agricultores, daí o meu
pesquisas em novos mercados
especialmente em países de pequena/média dimensão como é o
interesse pela área da agrono-
decidi apostar no estrangeiro.
caso de Portugal. Penso que a relação entre os vendedores finais e os
consumidores é também muito importante, pois desta forma, estes
mia. Tudo começou com um
projeto universitário em 1987,
AG: Como explica o sucesso na
quando consegui reunir algumas
produção de fruta?
pessoas e plantar um hectare de
AD: A estratégia passou por
AG: Como prevê o futuro das bagas, nomeadamente em Portugal?
morangos. Tivemos aquilo a que
produzir em épocas desfasadas
AD: Penso que esta “febre” dos pequenos frutos não é descabida.
se costuma chamar “sorte de
(antes ou depois) em relação à
Cada vez mais as pessoas reconhecem-nos como frutos altamente
principiante”, sendo que nos anos
grande maioria dos produtores,
nutritivos, pelo que o consumo dos mesmos está a aumentar de forma
seguintes cometemos alguns
o que se tornava bastante pro-
exponencial. Por exemplo, no Reino Unido, que tem um mercado
erros: não tinhamos o sistema de
veitoso. Porém, passado algum
muitíssimo desenvolvido, apenas 30% das pessoas consomem mirtilo.
rega pronto a tempo, a plantação
tempo, os outros produtores
foi atingida por fungos e bacté-
começaram a fazer o mesmo.
rias, foi danificada por coelhos,
Foi quando percebi que tinha de
entre outras adversidades.
começar a produzir algo mais
Acabei por perder dinheiro.
arrojado ou que os outros não
quisessem produzir. Comecei a
AG: Como evoluiu então o negó-
produzir gradualmente fram-
cio de produção de fruta?
boesa e mirtilo e a expandir a
AD: A experiência que adquiri ao
produção para outros países,
longo dos anos permitiu melho-
inicialmente para a Hungria e
rar as condições das culturas.
depois para a Escócia e África
Viajei pelo mundo à procura
do Sul.
4
peouenosfrutos
sabem exatamente o que os consumidores querem.
Em apenas alguns anos, acredito
“Portugal é um local
único para a produção de
pequenos frutos. Apesar
de ser um país pequeno,
é grande o suficiente para
produzir boas culturas.
Com um bom investimento
e com produções bem
geridas, poderá no futuro
fornecer grande parte da
Europa.”
que este valor possa rondar os
70/80%. No resto da Europa,
nomeadamente em Portugal,
menos de 20% das pessoas consomem mirtilos, daí haver uma
margem de progressão enorme,
tanto para este como para outros
pequenos frutos, como a framboesa ou a amora. É um mercado
emergente, com grande futuro
pela frente.
entrevista
a crescer e tivemos de empregar mais colaboradores, entre eles: um
gestor, um engenheiro e um comercial. Decidimos então enveredar
“Gostaríamos de investir
junto de um bom produtor
de cereja e/ou mirtilo.”
pelo mundo fora. 10 anos depois do primeiro túnel, já estávamos em
50 países.
AG: A Haygrove introduziu a venda de túneis em Portugal em 2005.
Tem algum conselho para quem esteja a pensar adquirir este tipo de
AG: Como evoluiu a Haygrove da
de venda. A Haygrove conta com
equipamento?
produção de fruta para o fabrico
mais de 5 mil hectares de túneis
AD: Cada caso é um caso. A Haygrove acompanha cada cliente indi-
e venda de túneis?
espalhados por todo o mundo,
vidualmente, procurando responder às suas necessidades específi-
AD: Apercebemo-nos que o
com tamanhos, características e
cas. A mensagem que tentamos passar é que a compra de um túnel
clima era uma grande adversi-
designs diferentes, consoante as
é um investimento a longo prazo. Escolha um túnel em vista aos
dade para as nossas produções.
necessidades do produtor.
próximos 25/30 anos. Por vezes, o barato sai caro.
Não produza à espera que o tempo esteja sempre favorável. Tenho
Em 1991 importámos túneis
de Espanha, mas estes eram
AG: Porque foram os túneis um
pesquisado em toda a Europa, e Portugal é um local único para a pro-
demasiado pequenos e os tra-
negócio bem sucedido?
dução de pequenos frutos. Apesar de ser um país pequeno, é grande
tores não conseguiam mano-
AD: Penso que o segredo é
o suficiente para produzir boas culturas. Com um bom investimento e
brar lá dentro. Adaptámo-los,
que para além de produzirmos
com produções bem geridas, poderá no futuro fornecer grande parte
tornando-os maiores, mais altos
túneis, também produzimos
da Europa.
e mais robustos. Começámos a
fruta. Por isso conhecemos as
desenvolver as nossas próprias
necessidades técnicas de um
AG: Pensam também introduzir a produção de pequenos frutos em
soluções pois as que já existiam
túnel.
Portugal?
não eram suficientemente efica-
Em Inglaterra não havia
AD: Porque não? Portugal é um país com boas condições climáticas
zes para o que pretendíamos.
soluções e nós criámo-las.
para a produção de pequenos frutos. Tem épocas do ano suficiente-
A venda dos túneis surgiu de
Havia muitos interessados, pois
mente frias e as alterações climáticas não atingirão tanto Portugal
forma quase acidental, pois não
a oferta (com qualidade) era
como os outros países europeus. Mesmo em termos de água disponí-
era o objetivo inicial. Quem via os
relativamente escassa. Com o
vel para rega, Portugal parte à frente. Estamos principalmente inte-
túneis que inicialmente fabricá-
crescer do negócio, começámos
ressados em conhecer produtores influentes com os quais possamos
vamos ou adaptávamos, gostava
a vender para países como a Bél-
trabalhar e estamos abertos a sugestões. Podemos estar interessa-
e queria um igual. Foi assim que
gica, Alemanha, Estados Unidos
dos em estabelecer parcerias. Gostaríamos de investir junto de um
iniciámos um processo gradual
ou Quénia. O trabalho começou
bom produtor de cereja e/ou mirtilo.
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entrevista
Entrevista a David Bryla
Mirtilicultura – Investigação na base
do sucesso
Bernardo Madeira e João Campos
São cada vez mais os pormenores que fazem a diferença
na produção de pequenos frutos, particularmente na área
do mirtilo. À margem da Feira do Mirtilo, a PEQUENOS
FRUTOS entrevistou David Bryla, investigador norteamericano do estado de Oregon, que nos deixou algumas
dicas e recomendações.
gotejadores. Aqui denotei também alguns problemas: os camalhões
eram relativamente pequenos. Reparei também que os gotejadores
são colocados por cima da tela, quando deviam ser colocados por
baixo da mesma.
PF: A produção em Portugal é feita em áreas muito pequenas,
cerca de 1 ou 2 hectares, e recorrendo a mão de obra familiar. Como
é a produção nos Estados Unidos?
DB: Nos EUA, a maior parte dos campos são de média/grande dimensão, com áreas entre os 10 e os 15 hectares. Em cerca de 85% destes
campos, são utilizadas máquinas para apanhar os mirtilos.
PF: Em Portugal há quem defenda a não utilização de máquinas
na apanha do mirtilo, pois supostamente estas danificam a fruta. É
verdade?
DB: Penso que não. É apenas necessário ter especial cuidado no processo de pós-colheita. A fruta deve ser cuidadosamente selecionada
e classificada. Primeiramente é alvo de uma triagem por cor, depois
por consistência.
Depois disto, segue para uma linha de seleção onde é feita uma
última triagem (humana), antes do embalamento. Resumindo, a
qualidade do produto final é tão boa como se fosse apanhada à mão.
O uso de máquinas é bastante vantajoso, pois em apenas uma hora,
a máquina consegue apanhar fruta em 1,2 hectares e são apenas
David Bryla
necessárias duas pessoas para a dirigir. Para facilitar a passagem das
máquinas, amarramos os ramos.
PEQUENOS FRUTOS (PF):
DB: Visitei duas explorações,
Esteve vários dias em Portugal.
uma recente e uma mais antiga,
PF: Qual o custo de uma máquina para a apanha de mirtilo?
O que achou da dinâmica que se
e fiquei com uma impressão
DB: Cerca de 110.000€.
tem gerado em torno da cultura
positiva de ambas. Na mais
do mirtilo?
antiga, as plantas estavam em
PF: A cultura do mirtilo está em grande crescimento em Portugal.
David Bryla (DB): Já tinha
relativo bom estado, contudo
Qual a situação a nível mundial?
estado em Portugal, e compara-
verifiquei alguns problemas,
DB: Depende muito dos países. Penso que o essencial é não saturar
tivamente com 2004, notei um
nomeadamente na fertilização
os mercados consumidores. Cada país deve sinalizar um mercado
grande crescimento e interesse
e na poda. A exploração mais
consumidor e fixar-se nele. Apesar desta “febre”, penso que há ainda
pela área. Na altura, o mirtilo era
recente que visitei consiste
muito espaço para desenvolvimento de novos sistemas e técnicas
praticamente desconhecido e as
num hectare plantado este ano,
que tornem a produção de mirtilo mais rentável.
plantações eram quase inexis-
onde são usadas técnicas mais
tentes, ao contrário de hoje.
modernas. Nesta, são usados
PF: Provém de um estado americano conhecido pelos seus records
camalhões, telas de solo, e
de produtividade da cultura. Quais os valores de produção por
1
hectare?
PF: Certamente visitou algumas
DB: Não sei dizer valores precisos, mas posso adiantar que a maioria
explorações. Quais foram os
maiores problemas com que se
deparou?
6
peouenosfrutos
Tela de solo, tela de ervas, ou weed mat é uma tela
de plástico tecido, de várias cores, normalmente preto,
que serve de barreira à luz e evita que ervas indesejadas
cresçam.
1
dos produtores atinge cerca de 22,5 toneladas por hectare. Os valores oscilam, mas rondam o número que referi.
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PF: Lemos que não é incomum atingir as 40 toneladas/hectare.
É verdade?
DB: Por vezes, os produtores exageram um pouco mas na Califórnia acredito que se tenham já atingido valores próximos às 40
toneladas/hectare.
PF: Qual o segredo para tal produtividade?
DB: No Oregon temos excelentes condições para a produção de
mirtilos. As primaveras não são demasiadamente chuvosas, a maioria dos solos são ácidos e os verões são secos mas não demasiado
secos, o que permite que as plantas cresçam de forma saudável e
realizem a fotossíntese com facilidade. A isto junta-se a presença
de muitos e bons investigadores, que contribuem para o melhoramento das produções. Há muito investimento público que faz com
que o avanço tecnológico traga resultados práticos.
PF: Um dos vossos princípios é a aplicação de fertilizante apenas
quando e onde necessário. Quer desenvolver um pouco essa ideia?
DB: Aplicamos uma regra que consideramos essencial, a dos 4R’s:
right source, right rate, right time e right place. Isto significa que
temos sempre estes quatro parâmetros em especial atenção: origem, quantidade, tempo e lugar - devem ser alvo especial atenção.
A escolha dos nutrientes é essencial, consoante o pH do solo. Se
o pH do solo for superior a 5.5, recomendamos o uso de sulfato de
amónio, (NH4)2SO4, para que este baixe, e se o pH for inferior a 5,
recomendamos a utilização de ureia, pois também baixa o pH mas
de forma menos acentuada.
Uma vez que os solos portugueses são geralmente pobres em
fósforo, recomendo a aplicação deste nutriente na plantação.
A quantidade de fertilizante a usar também é determinante, e varia
consoante as características da produção. A época de aplicação é
algo que ainda estamos a investigar, mas já sabemos que o azoto
é absorvido na primavera e no início do verão; à medida que o fruto
amadurece a planta tende a absorver muito menos azoto.
Por fim, o local é um também um parâmetro decisivo. As linhas
dos gotejadores (onde segue o fertilizante) devem ser posicionadas
próximas da planta (…)
PF: E quanto à aplicação de cálcio? Recomenda?
DB: Geralmente, a presença de cálcio não é um fator associado
ao aumento de produção já que a planta adapta-se bem à falta de
cálcio. Na generalidade dos casos, consideramos mais importante
a aplicação de azoto, fósforo e boro. Em Portugal esta aplicação faz
todo o sentido pois os solos portugueses são pobres em fósforo e
o boro é facilmente diluído/removido em chuvadas (acontecimento
frequente no vosso país).
PF: As produções em modo de agricultura biológica não podem
usar azoto sintético. Como se procede nesse tipo de casos?
DB: Por vezes usamos emulsão de peixe2 líquida e farinha de penas
granulada. Ambos resultam bastante bem. Ainda assim, é necessário ter em atenção que estes fertilizantes biológicos possuem
Emulsão de peixe - fertilizante foliar porque que contém azoto, fósforo e potássio, além de micronutrientes que as
plantas precisam em pequenas quantidades para sobreviver
2
entrevista
aspersores, posicionados ao nível
uma menor compactação, e
do solo.
consequente mais arejamento
e espaço para as raízes no solo.
PF: E quanto à aplicação de
As raízes da árvore do mirtilo
herbicidas?
são bastante finas, pelo que têm
DB: Nas produções em Oregon,
dificuldade em crescer em solo
é aplicado Glifosato ao longo, e
denso. Pensamos também que
só, da base do camalhão, onde
as raízes da planta do mirtilo
não há raízes, para evitar o cres-
têm grandes taxas de respira-
cimento de ervas indesejadas.
ção, razão pela qual necessitam
de bastante oxigénio, daí o
Na generalidade dos
casos, consideramos mais
importante a aplicação de
azoto, fósforo e boro. Em
Portugal esta aplicação
faz todo o sentido pois os
solos portugueses são
pobres em fósforo e o
boro é facilmente diluído/
removido em chuvadas
(acontecimento frequente
no vosso país).
PF: Em Portugal, alguns
arejamento providenciado pelos
produtores regam outro tipo
camalhões ser essencial.
de plantações (milho, por
Outra das razões para a constru-
exemplo) para fazer baixar as
ção de camalhões é que facilita a
temperaturas e permitir que
passagem das máquinas.
pode atingir os mesmos fins que
a planta realize a fotossíntese
Contudo, as plantações em
atingia se usasse aspersores.
mais facilmente. O que acha
camalhões podem também acar-
Não obstante, pode dar-se o
disto?
retar consequências negativas:
caso de a raiz da planta apodre-
DB: Nos EUA, normalmente
para além de ser difícil fazê-lo
cer (problema resolúvel através
não temos temperaturas tão
em parcelas pequenas e irre-
da aplicação de um fungicida).
altas, mas essa é uma questão
gulares, estes podem também
Se o produtor utilizar aspersores
interessante. O calor excessivo
levar a algum desperdício de
não terá esse problema, mas
pode danificar tanto as plantas
água, pois esta resvala para a
se utilizar gotejadores já o terá.
como os frutos e a aplicação de
base do camalhão.
Depende também da variedade
água através de micro sprays
que se esteja a produzir, sendo
pode ser eficaz na redução da
AG: Quais devem ser então as
que a maior parte das varieda-
temperatura.
dimensões dos camalhões?
des se dá bem com ambas as
É também aconselhável a
DB: Depende da forma do
técnicas de rega.
utilização de redes/telas de
camalhão. Se for um trapézio
ensombramento, que para além
poderá ter 80cm no topo, 120cm
diferentes quantidades de
PF: Conhecemos dois tipos
de fazerem descer a tempera-
na base e uma altura de cerca
nutrientes, o que poderá ser um
de micro-aspersão. Um que é
tura, protegem as plantas de
de 30 cm.
problema a longo prazo.
aplicado ao nível do solo e outro
raios ultravioleta. Esta tela torna
A farinha de penas deve ser
no topo da planta. Qual o mais
ainda possível o prolongamento
AG: Em Portugal estão a
aplicada relativamente cedo,
aconselhado?
da época de produção.
ser feitas plantações em
pois como é um granulado pre-
DB: Apesar de alguns estudos
cisa de tempo para se decom-
aconselharem a aplicação ao
AG: Em Portugal, tem existido
0,75m (entre plantas) e 2,5m
por, enquanto que a emulsão
nível do solo, penso que será
muita controvérsia em torno
(entre filas), muito mais plantas
de peixe tem um efeito quase
mais rentável no topo da planta
do uso de camalhões de
por hectare do que nos EUA.
imediato (esta pode ser injetada
(a sensivelmente 2 metros do
plantação. Quais as vantagens e
Como comenta esta opção?
através da rega).
solo). Isto porque desta forma
inconvenientes?
DB: O valor de 2,5m entre filas
é possível fertilizar mais do que
DB: É de facto uma questão
põe-me algo reticente pois à
PF: Apesar da maior parte das
uma planta ao mesmo tempo.
discutível. A minha opinião é que
medida que as plantas crescem,
plantações dos EUA ser regada
Para além disso, à medida que a
se o produtor tiver as condições
como estão tão próximas uma
por aspersão, em Portugal
planta cresce, a água onde estão
necessárias, deve optar por
das outras, tornar-se-á difícil a
(quase) todos os produtores
contidos os nutrientes atinge
camalhões, pois a produção
movimentação das pessoas no
utilizam gotejadores. Qual a
todos os ramos, tornando o pro-
torna-se mais rentável. Se
campos. Essa estratégia poderá
estratégia correta?
cesso mais eficaz, pois funciona
aplicar serrim ao solo e não fizer
ser eficaz nos primeiros 5/10
DB: Pode dizer-se que ambas
também como fertilização foliar.
camalhões, grande parte vai ser
anos, mas a partir daí poderá
as técnicas são viáveis, mas
Ainda assim, a aplicação de
desperdiçada, enquanto que com
trazer problemas.
talvez a rega gota a gota seja a
micro aspersores aéreos poderá
camalhões a matéria orgânica
Em Oregon as filas distam em
técnica mais aconselhável. Se
trazer a desvantagem de
vai estar onde é precisa. Outra
3 metros não só pelo que referi
um produtor optar por gotejado-
contaminar os frutos, o que não
das vantagens dos camalhões é
mas também para facilitar a
res e utilizar duas linhas por fila
acontece com os gotejadores e
o facto de estes apresentarem
passagem das máquinas.
8
peouenosfrutos
densidades tão elevadas como
produção
O desempenho de cultivares
indiferentes de morangueiro
em sistemas de produção outonal*
Maria da Graça Palha, Investigadora
* Este texto constitui um resumo do artigo que será publicado na revista AGROTEC n.o 9
Os pequenos frutos constituem um grupo de culturas
que abrange vários géneros e espécies, onde se inclui
o morangueiro pertencente ao género Fragaria. A
nível mundial, esta cultura tem vindo a aumentar a
sua expressão em termos de superfície cultivada e de
produção. O seu fruto encontra-se disponível no mercado
durante o ano inteiro, fazendo parte da dieta alimentar
de vários povos e sendo bastante apreciado não só pelo
seu sabor/aroma como também pelas suas qualidades
nutricionais e funcionais o que tem conduzido a um
aumento acentuado do seu consumo.
mento das plantas e na qualidade do fruto, sendo o seu efeito variável
com a cultivar e sistema de produção. No âmbito do projeto europeu
EUBerry “The sustainable improvement of European berry production,
quality and nutritional value in a changing environment: Strawberries,
Currants, Blackberries, Blueberries and Raspberries” foi realizado um
ensaio com cinco cultivares indiferentes de morangueiro em cultura
protegida, na região do sudoeste alentejano, com o objetivo de avaliar
a sua adaptabilidade, a produtividade e qualidade organolética e capacidade antioxidante dos frutos. Compararam-se, ainda, dois sistemas
de produção de morango, um no solo e outro em substrato.
A produtividade das plantas variou entre cultivares e sistemas de
produção. A qualidade do fruto, em termos sensoriais e de riqueza em
antioxidantes foi igualmente afetada pela cultivar e variou entre os
sistemas de produção testados.
E
m Portugal, a produção
de produção para o outono e
de morango faz-se ao
inverno, o recurso às cultivares
longo de todo o ano em
indiferentes são uma alternativa
diferentes regiões, ocorrendo
pois estas plantas possuem a
maioritariamente na primavera e
particularidade de diferenciarem
utilizando cultivares de dias-
flores em qualquer altura do
curtos que frutificam de janeiro
ano. A produção de morango
a junho. Para prolongar o período
fora de época tem vindo a
ganhar expressão devido a uma
menor oferta aliada a uma
procura crescente de morangos nesta época. As condições
climáticas durante a produção
fora de época nem sempre são
favoráveis ao crescimento e
frutificação da planta. Fatores
ambientais, como temperatura
e condições de luz, e fatores bióticos (nomeadamente doenças)
podem ser limitantes no cresci-
peouenosfrutos
9
produção
PUB
Agrovida – a fazer crescer empresas
agrícolas desde 1989
Bert Vam de Groep é holandês, mas foi em solo português
que desenvolveu a empresa que viria a estimular o
desenvolvimento hortícola do concelho de Odemira. Como
não há fome que não dê em fartura, o litoral alentejano é
hoje um ninho de empresas agrícolas.
apoios que os jovens agricultores recebem do Estado não chegam
para torná-los empresários de sucesso – “os jovens agricultores
portugueses não têm ideia de escala, trabalha cada um por si, e isso
não lhes trará um negócio sólido, deviam unir-se, trabalhar juntos,
falta escala, oiço jovens a falar em 3 mil m2, isso lá fora é uma
brincadeira”.
É certo e sabido que a sustentabilidade económica e financeira de
sem medo de apostar num setor
uma exploração agrícola, tal como de qualquer negócio ou empresa
que há muito foi abandonado.
está muito ligada ao perfil do empresário, isto é, ter vocação para o
Ali, e um pouco por todo o país,
negócio, mas esta empresa pode dar uma ajuda, afinal, tudo o que
a terra voltou a ter um novo
precisa, está ali, mesmo à mão de semear. E porque não aprender
significado, a agricultura tornou-
com quem sabe?
se num setor lucrativo e tem
uma quota parte na balança das
exportações.
Mas para que haja empresas
Quantos anos demora para
de qualidade, é preciso existir
eu comprar o mercedes?
uma visão estratégica. Eis um
serviço pelo qual, felizmente,
também se pode pagar.
A Agrovida, uma empresa
sediada em São Teotónio desde
1989, além de todo o material
que fornece, vende também o
aconselhamento, o que significa
que pode ajudar a criar empre-
É com esta pergunta que Bert caracteriza a
mentalidade de muitos agricultores portugueses.
O holandês-português acredita que muitos jovens
estão hoje interessados só no lucro e esquecem
a substância da empresa. O facto de pensarem
no dinheiro que ganham com a produção
de tal produto, tolda-lhes a visão, o espírito
empreendedor, no fundo, rouba-lhes o futuro.
sas de raiz. Alguém tem uma
ideia, e a Agrovida concretiza.
Bert Vam de Groep, o
responsável pelo negócio, veio
se naquele concelho, o aconselhamento e o acompanhamento que
coisa que o apaixonou foi o mar
deu, foram fatores determinantes para o sucesso das mesmas.
e descobrir ali uma região tão
M
A empresa de São Teotónio já viu algumas empresas a erguerem-
para Portugal em 86. A primeira
“Atraímos muitas empresas holandesas para a região, quase
diversificada, mas depois de uma
posso dizer que a Agrovida transformou Odemira numa região de
vista mais atenta, mais demo-
horticultura”, admite Bert.
irtilos, morangos, alfa-
rada, teve a certeza que era ali
ces, cenouras, flores,
que queria investir, e que o mar
esse processo, é altura de tratar de toda a logística. Quem chega
pimentos, framboesas,
ficaria para olhar depois de uma
à Agrovida tem tudo o que é necessário para começar a traba-
jornada de trabalho.
lhar, desde material para horticultura, floricultura, arbocultura e
beterrabas, relva para estádios.
Estes sãos apenas alguns dos
“Portugal tem um clima fan-
Mas nem só de conselhos vive o empreendedor, e ultrapassado
fruticultura.
negócios que cresceram nos
tástico, tem todas as condições
últimos anos no concelho de
de se tornar um líder Europeu
a Agrovida leva vantagem. São já 24 anos de história, e em duas
Odemira. O impulsionamento
no setor agrícola”, palavras com
décadas, muitas foram as mudanças arquitetadas pelo tempo.
da agricultura tornou aquele
sotaque holandês de quem tam-
concelho do litoral alentejano,
bém tem uma opinião formada
das atrás os agricultores não sonhavam que Portugal pudesse expor-
num local privilegiado para
sobre o futuro agrícola no país.
tar mirtilo para toda a Europa, ou que pudesse produzir morangos
agricultores empreendedores,
Bert Groep considera que os
durante todo o ano, amoras e framboesas.
10
peouenosfrutos
A confiança num nome constrói-se com o tempo, e nesse aspeto,
Como é o caso do cultivo de pequenos frutos. Há algumas déca-
produção
A Driscoll’s, uma empresa
Sempre com uma visão de futuro, a Agrovida ganhou a aposta.
norte-americana com mais
Hoje, não fornece material apenas para aquele concelho alentejano,
de 65 anos de história e
já galgou as planícies do Alentejo e é requisitada de Norte a Sul do
especializada na comercia-
país. A trabalhar em si tem apenas 4 pessoas, e só uma delas de
lização de frutos vermelhos
nacionalidade portuguesa.
um pouco para todo o mundo,
Bert Vam de Groep, o horticultor holandês explica que as cente-
pintou o Brejão, uma freguesia
nas de clientes vão ficando devido ao acompanhamento que lhes é
da Zambujeira do Mar, no
dado.
concelho de Odemira, de tons
de vermelho.
Desde 2004 que se lançou
De futuro só quer continuar a contribuir para o desenvolvimento
da horticultura, mas para isso, é preciso trocar os mercedes pela
maquinaria agrícola e trabalhar, trabalhar para crescer.
no cultivo de frutos vermelhos
e até agora tem vindo sempre
a crescer. E nasceu e cresceu
Produtos que pode encontrar na Agrovida:
também com o apoio da Agro-
› Vasos e selhas (de 5 até 1500 Lt)
vida, um dos seus principais
›Tabuleiros
fornecedores. Vasos especiais
› Ferramentas
para a produção de pequenos
›Redes
frutos e substrato em grandes
›Telas e Lonas
quantidades são alguns dos
› Plásticos
produtos que a empresa
› Condutas
fornece, além da parte de
›Tanques de água
consultadoria.
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produção
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A importância do fornecedor
de material vegetal
e sua legalidade
O atual crescimento exponencial de produtores de
pequenos frutos, dando mais enfoque à cultura do
mirtilo, tem levado a uma corrida desenfreada na procura
de plantas para a instalação das novas explorações.
Na verdade, a oferta carece face à procura e muitos
são os que têm visto oportunidades de negócio sem
se preocuparem com o cumprimento de normas e
licenciamentos que garantam controlo fitossanitário.
noturno, alimentando-se durante a noite, e a sua presença pode
passar um pouco despercebida até se visualizar o seu ataque e o próprio inseto. É de salientar que em Portugal, até à data, não existem
produtos homologados para a cultura do mirtilo no combate a este
escaravelho, estando o produtor limitado a medidas de controlo e a
monitorização torna-se crucial.
Na verdade, o gorgulho ou pedrolho, como lhe chamam comummente, é uma praga que já se encontra muito disseminada nos
viveiros europeus e os seus ovos e larvas vêm no substrato da planta,
sendo assim introduzida na exploração desde a sua instalação.
Este é só um exemplo de
muitos que poderá surgir quando
Na verdade, o
gorgulho ou pedrolho,
como lhe chamam
comummente, é
uma praga que já
se encontra muito
disseminada nos
viveiros europeus e
os seus ovos e larvas
vêm no substrato
da planta, sendo
assim introduzida na
exploração desde a
sua instalação.
as plantas são adquiridas sem
qualquer tipo de segurança
fitossanitária e que levarão ao
insucesso de instalação e atraso
no retorno económico esperado.
Para além dos problemas
fitossanitários também surgem
muitas vezes situações de erros
nas cultivares fornecidas devido
a uma rastreabilidade deficiente
no viveiro bem como enganos
no uso das plantas mãe que são
utilizadas para a propagação de
plantas. O produtor estará assim
a instalar uma cultivar que não
escolheu, apercebendo apenas
disso muito mais tarde. Quando
Figura 1. Adulto de Otiorhynchus sulcatus
a cultivar pertence aos mesmo grupo, o problema maior poderá ser a
época de colheita que não será a pretendida, mas quando a troca se
M
verificar entre grupos de plantas, o produtor poderá estar a instalar
uitos são já os relatos
raiz da planta e na fase adulta
uma cultivar que não terá sucesso de produção na sua exploração
de novas explorações
alimenta-se das folhas e flores,
face às diferentes exigências climáticas inerentes aos diversos gru-
onde os problemas
debilitando a planta de tal forma
pos de mirtilos.
fitossanitários surgem pouco
que pode levar à sua morte.
depois da instalação e o futuro
Na verdade, quando o produtor
viveirista qualquer operador económico que seja produtor de plantas
“saudável” e rentável da cultura
se apercebe do seu ataque já
ou fornecedor de material vegetal. No entanto, muitos são os anún-
fica comprometido. Pragas como
poderá ser tarde para o controlo
cios e publicidades que se têm visto de operadores económicos a
o escaravelho Otiorhynchus
da praga, uma vez que antes de
divulgar a comercialização de plantas de mirtilo, sem mencionar o
sulcatus são deveras preocupan-
eclodir e se tornar visível o seu
número de licença do viveiro ou posse de passaporte fitossanitário,
tes pois é um inseto que em todo
estrago já debilitou o sistema
e que comercializam milhares de plantas sem qualquer fiscalização
o seu ciclo é prejudicial à planta.
radicular. Na fase adulta este
por parte das entidades competentes.
Na fase larvar alimenta-se da
inseto tem um comportamento
12
peouenosfrutos
Em Portugal é obrigatório estar licenciado para a atividade de
A situação mais grave é que a maior parte dos produtores que
produção
nalismo do setor. Em última análise o IFAP pode mesmo recusar
o pagamento de faturas destes operadores económicos que não se
encontram a cumprir as normas legais, ou em caso extremo num
controlo posterior exigir a devolução das quantias pagas, pois é
assim que manda a lei.
Os produtores devem procurar junto das Direções Regionais de
Agricultura os viveiros que se encontram legalizados para a venda
de plantas da(s) cultura(s) que pretendem instalar, uma vez que as
listas de Produtores e Fornecedores de Fruteiras por espécie não
se encontram atualizadas. A informação atualizada de todas as
entidades licenciadas encontram-se num ficheiro comum, mas sem
especificar qual ou quais as espécies que fornecem. Fica aqui um
apelo à DGAV para a atualização das listas por espécies fruteiras
para que os utentes possam mais facilmente dispor da informação
pretendida.
Figura 2. Larva de Otiorhynchus sulcatus
É filosofia da Berrysmart estar no mercado de forma profissional
e cumprindo as normas exigidas pelas entidades regularizadoras,
procuram plantas para a ins-
não se encontram legalizados.
tendo como principal objetivo a produção de bens e serviços de
talação das suas explorações
Estes acontecimentos deveriam
qualidade que garantam aos seus clientes um futuro promissor, mas
são promotores de projetos ao
ser inadmissíveis e punidos para
também a preocupa a fileira dos pequenos frutos e seus intervenien-
Proder, submetendo nos pedidos
que toda a cadeia de produção
tes, pelo que este artigo vem no sentido de alertar e dar a conhecer
de pagamento as faturas de
seja regularizada e fiscalizada,
acontecimentos menos positivos.
operadores económicos que
levando à seriedade e profissio-
Saudações mirtileiras e explorações saudáveis.
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produção
PUB
Da Planta ao Fruto
Perante a crescente procura de plantas de mirtilo
de qualidade, a Careplants disponibiliza agora uma
vasta gama de variedades desenvolvidas in vitro vitro e
micropropagação. Para além dos viveiros, a produção
é também uma aposta forte, sendo que existe já em
Romariz, Santa Maria da Feira, um área de produção que
totaliza cerca de 4 hectares. O objetivo é aumentá-la para
10 ha num futuro próximo .
trolo por uma entidade independente. Como se sabe, para o mirtilo,
não é legalmente exigido o passaporte fitossanitário, ao contrário da
framboesa e da groselha. Contudo, a Careplants trabalha como se
assim fosse.
Quanto à propagação das plantas, pretende-se apenas comercializar plantas reproduzidas por multiplicação in vitro e micropropagação. Isto porque esta técnica permite um maior número de
lançamentos ao nível do colo da planta e garante ao produtor uma
maior regularidade produtiva – aspeto diferenciador numa exploração
profissional.
Filipe Costa possui experiência em outras culturas, nomeadamente na produção de kiwi, o que lhe permite abordar o tema com
clareza e estabelecer parâmetros de comparação entre produções.
“O setor do mirtilo é muito fechado ao nível da cooperação e de partilha de informação. Apesar das dificuldades e da falta de comunicação, Filipe Costa pensa que “algo está a mudar”. “A informação deve
ser livre e gratuita. É neste espírito que colaboramos tecnicamente
com os nossos clientes e estamos sempre recetivos a quem pretenda
visitar as nossas explorações. Só assim poderemos partilhar as nossas experiências e até erros que cometemos.
Variedades
A Careplants está neste momento direcionada para a comercialização de cultivares de mirtilo do norte, sendo que também vende
algumas variedades do sul como a O’neal, Star, Misty e Biloxi.
Para além das variedades do norte já conhecidas em Portugal, são
comercializadas mediante reserva, outras variedades como Earliblue,
Huron, Bluejay, Darrow, Elisabeth, Meader, North Country , Northblue,
R
ui Oliveira (Analista pro-
passa por uma diferenciação
gramador) e Filipe Costa
ao nível da qualidade da planta
(kiwicultor há treze
comercializada e da relação de
em vasos de 1L, 1,5L e 2L, sendo que a maioria da procura incide nas
anos e mirticultor há um) na
confiança e seriedade com o
plantas de 2L.
procura de plantas de qualidade
produtor.
e soluções integradas para os
A qualidade das plantas ao
Patriot, Putte, Sierra, Spartan C, Toro, Rubel , Denis Blue e Chippewa.
As plantas são vendidas em diversos tamanhos, nomeadamente
Para 2013, já foi ultrapassado o objectivo de 100 000 plantas
Comercializadas. Rui Oliveira considera que a “confiança dos produ-
seus pomares surgiu a ideia de
nível fitossanitário é assegurada
tores conjugada à qualidade das plantas fornecidas e apoio pres-
fornecer aos outros Agricultores
na origem por inspeção e con-
tadado a estes tem sido fundamental para este crescimento”. Para
o mesmo conceito, um conceito
integral que para além do fornecimento das plantas poderiam
complementar com um aconselhamento técnico e transversal
através da experiencia vivida e
conseguida na realidade Mundial.
Utilizando esta metodologia os
Agricultores podem tirar partido
das melhores técnicas agrícolas
utilizadas muldialmente ao nível
da implementação, manutenção
e rentabilização de pomares de
Mirtilo. O objetivo da Careplants
14
peouenosfrutos
produção
Utilizar densidades de plantação das 3000 a 5000 plantas por cada
hectare. A titulo de exemplo há 15 anos em Portugal os compassos
de plantação de kiwis eram de 5x5m actualmente são de 3x5; 2,5x5 e
mesmo 1x5m. O objectivo é conseguir ser mais competitivo no futuro
conseguindo maiores produtividades - superiores a 15 ton/ha – e
rentabilizar mais rapidamente o investimento uma vez que se atinge
a velocidade de cruzeiro na produtividade do pomar em menos anos.
Os compassos que defendemos são de 0,8 a 1 m na linha por 2 a 3 na
entrelinha. Contudo atendendo à projeção solar da copa da árvore no
solo, a largura mínima da entre-linha deveria ser de 2,3 a 2,5m.
Telas sintéticas ou mulching?
Outro aspeto importante é o controlo de infestantes na linha de
2014 já estamos a aceitar reservas, assim os produtores poderão
plantação. Deve-se perceber se é benéfico o uso de telas sintéticas
planear as suas plantações com a antecedência necessária.
ou mulching. O uso de tela traz algumas vantagens, como o aumento
do desenvolvimentos radicular por aumento da temperatura do solo.
Porém também apresentam muitas desvantagens como o “cozer”
Escolha das variedades
A escolha das variedades deve ser pessoal e obedecer a diversos
das raízes nos dias escaldantes de verão.
O mulching, através da utilização de diversos matérias orgânicos
critérios. Entre eles destacam-se a duração do periodo de colheita
desde a caruma dos matos ao serrim, é sem duvida preferível na
(ver quadro 1), datação, características culturais (produtividade,
medida que contribui para o anteriormente defendido aumento da
tamanho do fruto, resistência a geadas e variações de pH), neces-
estrutura e fertilidade do solo. No entanto, ao utilizar este tipo de
sidade de polinização cruzada, conservação, entre outros.
materiais há que ter o cuidado de escolher o material adequado (ser-
O produtor deve estar o mais bem informado possível das
características das variedades para que, em conjugação com
rim de pinheiro é uma boa opção). Nunca se deve usar materiais que
tenham sido alvo de processos de transformação como aglomerados.
outros aspetos (como as características do terreno), possa
tomar as melhores decisões. Por exemplo, “um produtor com um
terreno sujeito a encharcamento, ao escolher a variedade Duke,
Rega e fertilização
esta a correr elevados riscos pela propensão desta variedade ao
O dimensionamento do sistema de rega é também um parâmetro ao
desenvolvimento de fitoftora”. Filipe Costa adianta ainda outro
qual deve ser dada a maior importância.
exemplo aleatório: “se um produtor tem um terreno com pH mais
A fertirrigação é fundamental na medida em que o aporte de
alto, a vareiedade Bluecrop é das mais aconselhadas pela sua
adubos deve ser bastante fracionado no tempo, de forma a que não
adaptabilidade e maior resistencia a estes pH do solo.
haja picos de salinidade/condutividade, uma vez que o mirtilo é muito
sensível a condutividades superiores a 2 micro-siemens por centimetro quadrado.
Cuidados a ter numa plantação
Quanto à fertilização, ao contrario das opiniões gerais, Rui Oliveira
O maior investimento numa exploração deve ser no solo. Este
e Filipe Costa defendem que, de forma sustentada, se deve potenciar
deve ser feito no sentido de promover praticas e estratégias que
ao máximo o crescimento da planta com aportes de nutrientes muito
aumentem ou mantenham a estrutura superficial do solo. A título
acima dos tradicionais.
de exemplo devem-se evitar movimentações “brutas” do solo.
Se se fizerem terraplanagens, deve procurar-se repor a capa
orgânica superficial. O uso da fresagem do solo deve ser evitado
ao máximo, uma vez que destrói por completo a estrutura que se
está a tentar proteger.
Uma análise de solo completa com bases de troca e granulimetria é uma excelente ferramenta.
Atendendo às caracteristicas do terreno, deve-se definir a
construção, ou não, de um camalhão. Na dúvida o produtor deverá
optar por fazê-lo – pode constituir um seguro contra problemas
fitossanitários como o aparecimento de fungos tais como a fitoftora, e por outro lado um seguro para erros de rega por excesso.
Há que definir que compasso de plantação se pretende.
“Defendemos que a exemplo do que se passa nas outras culturas
frutícolas e na maior parte do mundo, se deve adensar a plantação.”
peouenosfrutos
15
produção
Avaliação de cultivares de mirtilo
no Alentejo Interior
Resultados preliminares
Rui Machado e Ricardo Jesus
Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas (ICAAM), Universidade de Évora
A
s plantas de mirtilo eram cultivadas em climas frios, pois as
cultivares utilizadas «Northern highbush» após a entrada
em dormência necessitam de acumular entre 800 a 1200
h de temperaturas entre 0 e 7.2 oC («chilling»). Contudo, devido ao
aparecimento das cultivares «Southern highbush » e «Rabbiteys»
com menores necessidades de acumulação de baixas temperaturas;
respetivamente, entre 150 a 800h e entre 300 a 700h, a cultura tem
vindo a expandir-se para áreas climáticas mais quentes, de países
como: Brasil, Chile, Argentina, Marrocos, Espanha, Austrália, Africa
do Sul, E.U.A. Portugal, etc. No nosso país, a maior área de produção
situa-se em Sever do Vouga e no litoral Alentejano. Contudo, a cul-
Figura 1. Estádios de desenvolvimento dos frutos. A. Crescimento dos frutos, B. Alteração da
tonalidade do fruto, passando da tonalidade verde a cor-de-rosa. C. Cerca de 25% da totalidade dos
frutos atinge a maturação (cor azulada), D. Cerca de 75% dos frutos maduros.
tura tem vindo a expandir-se para o interior do País, destacando-se a
implantação de 60 ha em Idanha-a-Nova, onde no verão a temperatura atinge valores muito elevados. Para analisar o comportamento
ha-1, repartidos por doze aplicações semanais. O adubo utilizado foi
de diferentes cultivares sob estas condições, instalou-se em 2010 na
o sulfato de amónio. Não se aplicaram outros adubos pois a concen-
Universidade de Évora um ensaio de cultivares de mirtilo. O ensaio
tração dos diferentes nutrientes no solo era elevada. Entre abril e
foi delineado em blocos casualizados com 4 repetições. Em cada
meados de setembro a cultura foi regada três vezes por dia, tendo a
repetição foram implantadas 4 plantas de cada cultivar. Na tabela 1,
dotação variado entre os 0,5 e 5 mm dia-1. No segundo ano procedeu-
apresentam-se as cultivares estudadas e as suas principais caracte-
se à avaliação da produção e da qualidade dos frutos (calibre, «oBrix»
rísticas. As plantas com um ano, em vasos de 2 litros foram adquiri-
e pH). A colheita realizou-se semanalmente entre meados de maio e
das a um viveirista e plantadas em camalhões, distanciados de 3 m e
de julho tendo-se iniciado em cada cultivar quando cerca de 25% dos
distanciadas na linha de 0,75 cm (4444 plantas ha ). Os camalhões
frutos atingiu a maturação total (figura 1 C).
-1
com 0,40 m de altura e 0,70 m de largura foram feitos com 6 meses
Todas as cultivares produziram frutos, mesmo as mais exigen-
de antecedência e o solo destes foi enriquecido com matéria orgânica
tes em acumulação de horas de frio (´Nui´ e ´Orzakblue´), tendo
(± 5%) e acidificado, através da aplicação de 900 kg ha-1 de enxofre
a produção variado entre 26 e 614 g planta-1 (Tabela 2). A produ-
elementar, para baixar o pH do solo de 7.2 para 5.
ção foi mais elevada na ´Misty´ (614 g planta-1) e na ´Star´ (250 g
Tabela 1. Principais características das cultivares estudadas
Cultivar `Misty´
´Star´ ´Southmoon´ ´Ozarkblue´
´O´Neal´
´Nui´
“Southern Highbush” “Northern Highbush”
150
400
N.o horas de
frio (h) a 200
Floração Precoce Precoce
Altura das
1,80
2,00
plantas (m)
Facilidade de Difícil
Fácil
colheita manual
400
Precoce
1,80
Difícil
800
400 a 500
1000
Tardia Semiprecoce
2,00 1,20 a 1,80
Tardia
Reduzida
Fácil
Fácil
Fácil
Para regar a cultura foi instalado de cada lado da linha da cultura,
a 10 cm, um tubo de rega gota-a-gota, com gotejadores de 40 em 40
cm e um débito de 2,3l h-1. Sobre o camalhão foi ainda colocada uma
tela preta (permeável ao ar e à água). No primeiro ano, para estimular o crescimento dos ramos de formação, procedeu-se à eliminação
de todas as flores. No 2.o ano aplicaram-se em fertirrega 80 kg de N
16
peouenosfrutos
Figura 2. Aspecto do ensaio em maio de 2013.
produção
sólidos solúveis superior a 12% (Sousa et al., 2007). O pH dos frutos
variou entre 2,77 e 3,37, o que são valores normais para a cultura
(Molina et al., 2008; Sousa et al., 2007).
Tendo em consideração que este estudo foi efetuado no 2.o ano
após a instalação da cultura, os resultados obtidos sobre o comportamento das cultivares no Alentejo (Évora) são preliminares,
mas promissores. Assim, as cultivares continuarão a ser avaliadas
nos próximos anos e implantou-se um novo ensaio, com outras
cultivares.
Tabela 2. Produção, altura das plantas, peso e diâmetro transversal dos frutos, “oBrix” e pH
Figura 3. Aspecto de uma planta da cultivar ´Orzakblue´ em meados de junho 2013
Cultivar
Fruto (1)
Altura das
Produção
(g planta -1) plantas (cm) Peso (g) Diâmetro transversal (mm) “obrix” pH
´Star`
250
117
1.47
15,00
13,50 3,37
´Misty`
614
104
1,03
12,55
12,80 3,03
´Southmoon`
114
88
1,50
15,40
13,60 3,06
ensaios realizados na Califórnia, Fresno. As cultivares nestes dois
´Orzakblue`
56
138
1,74
16,13
12,98 2,91
anos cresceram significativamente, pois na altura da plantação as
´O´Neal`
26
80
1,45
14,58
13,00 3,14
´Nui`
94
61
2,07
17,40
12,40 2,77
planta-1), enquanto a mais baixa foi na ´NUI´ e na ´O'Neal´. As
produções obtidas são semelhantes às determinadas por Jiminez
et al. (2005) para as mesmas cultivares com a mesma idade em
plantas tinham aproximadamente 20 cm de altura. A cultivar Star e
Ozarkblue apresentaram maior crescimento, respetivamente 117 e
(1) Valor médio das diferentes colheitas
138 cm (Tabela 2). Pelo contrário a «Nui» foi a cultivar que cresceu
menos, não ultrapassando os 61 cm, o que pode estar relacionado
com o facto de ser uma cultivar de porte arbustivo aberto e de
Referências
reduzida estatura. O peso médio dos frutos foi o mais elevado na
›
´Nui´, seguindo-se os da `Ozarkblue´, «Southmoon´, ´Star´, ´O´Neal´
e por último os da ´Misty´. Ainda que o calibre dos frutos seja muito
Valley blueberries evaluated for quality attributes. California Agriculture. 62 (3): 91-96.
›
influenciado pelas técnicas culturais e pela maturidade das plantas,
Jimenez et al. (2005) e Bremer et al. (2008) obtiveram calibres
›
mas os consumidores dão preferência a frutos com um teor de
Molina, J. M., Calvo, D., Medina, J. J. (2008). Fruit quality parameters of some Southern
highbush blueberries (Vaccinium corymbosum L.) grown in Andalusia. Spanish Journal of
superior a 12%, variando entre 12,4 (´Nui`) e 14,1 (´ Misty`) (Tabela
2). Os frutos de mirtilo devem ter um mínimo de 10% de « Brix»,
Jimenez, M., Carpenter, F., Molinar, R. H., Wright, K., Day, K. D. (2005). Blueberry research
launches exciting new California specialty crop. California Agriculture. 59 (2).
semelhantes. O «obrix» dos frutos das diferentes cultivares foi
o
Bremer, V., Crisosto, G., Molinar, R., Jimenez, M., Dollahite, S. e Crisosto, C. H. (2008). San Joaquin
Agricultural Research. 6 (4): 671-676.
›
Sousa, M. B., Curado, T., Vasconcellos, F. N. e Trigo, M. J. (2007). Mirtilo – Qualidade póscolheita. Folhas de divulgação AGRO 556, n.o 8.
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produção
Baby kiwi nasce em Famalicão
Metódico, rigoroso e determinado foi esta a impressão que
nos deixou Emanuel Machado, produtor/investigador na
cultura do baby kiwi ou kiwi arguta e autor da página do
facebook “Mini-kiwi land”, único fórum português em torno
da nova cultura.
O
Baby kiwi, sobretudo
oferta ainda limitada e pelo
pertencente à espécie
custo da mão de obra na apanha,
Actinidia arguta, é um
tal como em outros pequenos
tipo de kiwi muito mais pequeno
frutos, os preços são muito ele-
do que o comum kiwi, tendo
vados, o que garante aos produ-
como principal particularidade
tores remunerações que podem,
não apresentar “pelos”, o que
na atualidade, ir aos 7€/kg.
o torna fácil de consumir com
A Pequenos Frutos foi
“casca”, a que alia a caracterís-
recebida na pequena exploração
tica de uma maior doçura e ser
experimental (cerca de 200
colhido, maduro, a partir do mês
plantas) que o empresário detém
de agosto (e não em novembro e
em Landim (Vila Nova de Fama-
ros frutos já no ano de 2013, embora apenas na variedade Issai, que
dezembro, como no A. deliciosa).
licão). Propriedade de quase 3
é uma variedade autofértil de fruto integralmente verde.
Este kiwi, a que a Peque-
hectares, onde encontrámos
Emanuel Machado
Atualmente estão em teste 4 variedades de kiwi arguta (Actinidia
nos Frutos já deu atenção no
uma plantação alinhada com
arguta): Issai, Geneva, Ken Red, Ananasnaya e o Weiki como poli-
número 1, é fruto sensação em
rigor militar e cuidada como um
nizador “macho”. Além destas variedades, detém ainda alguns pés
alguns mercados do centro
jardim nórdico, onde se des-
da variedade Tomuri do kiwi tradicional, que segundo se crê auxilia
europeu, como o francês, belga
taca o relvado primorosamente
ativamente na polinização do arguta.
e holandês, onde o público está
cuidado no entrelinhamento e
a aderir entusiasticamente ao
uma linha de plantação livre de
simples e em pérgola, a fim de comparar os resultados e optar pelo
seu consumo (o que, pelo sabor
infestantes.
melhor sistema, tendo adotado um compasso de 2 x 3m, e um enrel-
delicioso e cremoso, acontecerá
Este pomar, integralmente
A cultura encontra-se conduzida em dois sistemas: cordão
vamento na entrelinha que recebe intervenções todas as semanas.
também em Portugal). Porém,
montado pelo próprio Sr. Ema-
Tal como na produção de outros pequenos frutos, também no
pela grande procura face a uma
nuel Machado, colhe os primei-
caso do baby kiwi existe a possibilidade de o empresário se estabelecer individualmente em mercado aberto ou em “integração”, com
empresas que trabalham com produtores e variedades exclusivas.
Depois de ter encontrado interesse por parte do mercado,
sobretudo de grandes empresas nacionais, optou por avançar para
o mercado livre porém, procura criar uma “rede de produtores”, pois
só com uma área mínima nacional suficiente para corresponder às
solicitações dos futuros clientes se permitirá o sucesso do empreendimento de cada um.
É neste contexto que cria a página do facebook, que regista
assinalável sucesso, e onde partilha a sua experiência pessoal,
troca informações (com produtores e investigadores desta cultura,
nomeadamente com um amigo Belga, Khristian De Kezel) e difunde
a cultura.
E é com o propósito de apostar nesta cultura que, depois deste
primeiro ano francamente animador, pretende expandir a plantação
para 2 hectares, na mesma região, plantação que surge do desejo
de preparar agora o dia de amanhã, quer da sua reforma, quer do
profissional de seu filho, que se inicia este ano como aluno da Escola
Profissional Agrícola Conde São Bento, em Santo Tirso.
18
peouenosfrutos
produção
Contributo para a avaliação da
evolução da maturação do medronho
na sua pós-colheita*
Carolina Santos, Justina Franco, Goreti Botelho
* Este texto constitui um resumo do artigo que será publicado na revista AGROTEC n.o 9
O
medronho pode ser usado em compotas, geleias, produtos
fermentados como aguardente, licores e consumido em
fresco.
Na Escola Superior Agrária de Coimbra (Instituto Politécnico
de Coimbra) desenvolveu-se um trabalho que teve como objetivo
avaliar a evolução da cor (medida no sistema CIELAB) e do teor de
sólidos solúveis totais (expressos em oBrix) ao longo de um período
de pós-colheita de 21 dias em medronhos com diferentes graus de
maturação: frutos completamente vermelhos – maduros, frutos em
fase intermédia de maturação e frutos louros ou imaturos.
Verificou-se que os valores dos parâmetros L*, b*, C* e ho diminuíram ao longo do tempo. Inversamente, o parâmetro a* aumentou
bem como oBrix que estabilizou nos 22,2 oBrix, independentemente
do grau de maturação inicial.
Os medronhos são frutos provenientes do arbusto
Arbutus unedo L., geralmente esféricos, carnudos,
globulosos, granulosos na superfície, contêm
sementes, medem entre um a quatro centímetros
de diâmetro e possuem cor vermelha (resultante da
presença dos pigmentos β-caroteno e antocianinas)
quando maduros.
O comportamento observado, nestes dois parâmetros, é
semelhante ao de frutos climatéricos amplamente estudados, o
que parece indicar que os frutos completam a sua maturação após
serem colhidos.
O estudo da evolução da taxa de respiração e da taxa de produção de etileno poderá vir confirmar a natureza climatérica do
medronho.
PUB
peouenosfrutos
19
produção
Amoras silvestres, uma nova cultura?
Pedro V. Trindade1, Vânia Sousa2, Lucélia Tavares3,4, Cristina Oliveira5, Paula Pinto2,4, Cláudia N. Santos3,4, Pedro B. Oliveira1
Este texto constitui um resumo do artigo que será publicado na revista AGROTEC nº9
As amoras silvestres possuem um peso significativo na
produção mundial de amoras. Estima-se que no ano de
2005, tenham sido colhidas amoras selvagens de
3 600 ha (R. glaucus) no Equador, 2 400 ha na Roménia
(R. armeniacus, R. laciniatus), 2 000 ha no Chile (derivadas
da introduzida R. ulmifolius) e 100 ha de R. glaucus na
Venezuela. Estes 8 000 ha terão produzido, em 2005,
cerca de 13 460 toneladas. Cerca de um terço da produção
mundial de amoras selvagens registada em 2005 (5 800 t)
foi processada e exportada pelo Chile (Strik et al., 2007).
sido analisados diversos parâmetros biométricos e físico-químicos e,
ainda um ensaio de exportação dos frutos. No que respeita as características reológicas dos frutos destas espécies, R. radula e R. brigantinus
apresentaram os valores mais elevados de dureza, sendo que apenas
os segundos mantiveram esta propriedade uma semana após colheita.
A percentagem de matéria seca foi superior na espécie R. radula. Os
restantes parâmetros de análise proximal (humidade, cinzas, proteína
total, lípidos totais e glúcidos totais) encontraram-se dentro dos valores descritos para este tipo de fruto. Registaram-se diferenças entre
os frutos para os glúcidos totais que apresentaram valores estatisticamente mais altos para R.radula e R.brigantinus. As espécies com maior
teor em sólidos solúveis totais (ºBrix) foram a R. brigantinus, R. radula e
a R. henriquesii. As espécies que apresentaram níveis mais baixos foram
R. sampaioanus e R. vigoi. Os valores de acidez total foram mais elevados para R. radula. Um dos parâmetros que reflete a aceitação dos
consumidores é o rácio açucares/acidez, sendo o fruto de R. brigantinus
o que apresentou o rácio mais elevado. Este valor refletiu-se na opinião
que se registou num painel de 51 provadores, que consideraram os frutos desta espécie os mais doces, e com menor acidez e adstringência.
Essa sensação foi mantida mesmo após a prova (sensação residual). De
acordo com o painel também se destacaram o R. radula e R. brigantinus
pela uniformidade da cor e o R. sampaioanus pela suculência. Na apreciação global dos frutos o R. brigantinus revelou-se como sendo o mais
agradável e preferido. Sendo R. sampaioanus o fruto menos apreciado.
Figura 1. Frutos de amora selvagem, R. henriquesi
Na caracterização fitoquímica, as espécies R. henriquesii e R. radula
apresentaram maior teor em fenóis totais. Este parâmetro é normal-
D
evido ao elevado poten-
destas espécies presentes em
mente associado com presença de compostos com efeitos benéficos
cial das amoras para a
território Português.
para a saúde humana. A capacidade antioxidante é uma característica
saúde, e tendo Portugal
No ensaio de caracterização
frequentemente associada a este tipo de compostos. R. vigoi seguido por
um conjunto único de espécies
agronómica, foram cultivadas
R. henriquesii apresentaram os frutos com maior capacidade antioxi-
de amoras silvestres, um estudo
cinco espécies: R. vigoi; R. radula;
dante. Embora esta propriedade seja reconhecida para o grande publico
recente destacou algumas destas
R. henriquesii; R. sampaioanus e
como uma mais-valia, estudos recentes não valorizam como sendo a
espécies com potencial interesse
R. brigantinus. Foram analisados
propriedade diretamente implicada nos efeitos no organimo humano.
para a saúde. Neste sentido tem
o vigor, percentagem de abrolha-
vindo também a aumentar a
mento, precocidade e produção
interesse e aceitação deste tipo de frutos selvagens, em particular no
importância da introdução deste
que apresentaram uma grande
mercado Italiano.
germoplasma em programas de
variabilidade com diferenças
melhoramento para posterior
significativas em todas as
demonstrou que as espécies com melhores características agronómi-
exploração comercial. Nesse
características analisadas. De
cas não são as que apresentam melhores características pós-colheita
âmbito foi estabelecida uma linha
todas as espécies apenas duas,
e de aceitação pelo consumidor. Desta forma, é reforçada a ideia de que
O ensaio piloto de exportação para mercados Europeus revelou
Em conclusão, a caracterização realizada para as espécies silvestres
de trabalho no projeto Euro-
R. henriquesii e R. sampaioanus
as espécies silvestres para serem introduzidas em cultura necessitam
peu FP7 EUBerry onde foram
apresentaram características
de melhoramento de forma a serem economicamente rentáveis. O
efetuados ensaios agronómicos,
vegetativas e produtivas aceitá-
melhoramento deverá atuar ainda ao nível de características pós-
de qualidade pós-colheita e
veis (quantidade e qualidade da
colheita, tais como aumento do teor em sólidos solúveis totais, redução
avaliação de fitoquímicos com o
produção). Foi também testada
da adstringência, entre outras. A existência de uma elevada varia-
objetivo de caracterizar algumas
a qualidade dos frutos, tendo
bilidade de germoplasma em território Português representa assim
uma mais-valia a ser explorada, visando a obtenção de variedades de
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P., UEIS-SAFSV, Av. da República Nova Oeiras, 2784-505 Oeiras
Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Santarém, Qta do Galinheiro, 2001-904 Santarém
Instituto de Tecnologia Química e Biológica, Universidade Nova de Lisboa, Av. da República, Apartado 127, 2781-901 Oeiras
4
Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica, 2781-901 Oeiras
5
Instituto Superior de Agronomia, Tapada da Ajuda 1349-017 Lisboa
1
2
3
20
peouenosfrutos
amoras com valor nutricional acrescentado, bem adaptadas ao clima
Português, com boas características agronómicas e boa aceitação
comercial.
mercados
Campanha com início desanimador
para a cereja
Condições atmosféricas adversas
atrasaram a maturação e
prejudicaram muito a floração,
com redução da produção.
Cotações pontualmente acima das
expectativas, mas sem falta de
produto no mercado.
A
Framboesa manteve o seu preço de resistência
no mercado do Algarve em torno dos 5€ para a
categoria II com convergência de preços com a
chegada do mês de agosto. Exportações para a Rússia e
mercados nórdicos aumentaram. Enquanto a campanha da
Amora arrancou com valores médios em torno dos 9€ por kg.
A nível internacional o Mirtilo viveu excelente campanha,
com grande procura e cotações mais altas do que em
períodos homólogos refletindo-se nos preços pagos ao
produtor.
peouenosfrutos
21
proteção de culturas
PUB
Ensombramento Agrícola
Proteção Anti-Escaldão em Amoras e Framboesas
Antonio Martins
COTESI
Estamos perante um novo ciclo agrícola, com uma
produção primária mais especializada a surgir por todo o
território nacional, caminhamos diariamente no sentido do
melhoramento e da otimização dos métodos de produção
e dos conhecimentos técnicos.
› A utilização de telas de solo nos camalhões, nas parcelas com
cobertura total, no chão das estufas e dos túneis;
› A condução e tuturação de pequenos frutos com Arame Polyester de 1,8mm ou 2,0mm em ambientes protegidos ou de 2,2mm
ou 2,6mm em sistemas a campo e a condução com arames de
2,6mm e 3mm para a vinha e o olival intensivo;
› A proteção Anti-Pássaros e Anti-Granizo na Vinha e nos Mirtilos;
› Os sistemas de montagem de estruturas com postes e acessórios
COTESI.
No entanto, neste artigo vamos dar destaque a outro aspeto da
proteção agrícola, actualmente com grande importância : a proteção
solar e anti-escaldão em Amoras, Framboesas, bem como noutros
pequenos frutos.
Figura 1. Ambientes muito específicos e controlados por baixo de telas Cotesi
para proteção anti-escaldão nas cores disponíveis preto e prata-zona Vale do Tejo
- cultura morango.
Ensombramento Técnico em Pequenos Frutos
As culturas como Framboesas, Amoras, Groselhas e Morangos
são muito sensíveis ao sol e às altas temperaturas, especialmente
quando combinadas com dias ou ambientes secos. O verão em Portugal é quente, praticamente em todo o território, mas particularmente
S
abemos hoje que não
e hortícola (nunca esquecendo
nas zonas interiores do Alentejo e Ribatejo, a temperatura sobe
existem zonas boas ou
todos os outros setores tão
acima dos 35º. Estatisticamente verifica-se que a maioria destas
más, mas sim zonas
preciosos e que nos caracteri-
temperaturas ocorrem em junho, julho e agosto e coincidem com o
distintas e que cada região apre-
zam como um país agrícola e de
período de maior risco nas amoras e framboesas, época em que estes
senta um potencial específico
tradições rurais).
frutos estão mais vulneráveis aos estragos por queimaduras, na fase
para determinada atividade
Acreditamos que, com a
agrícola devido às suas carac-
correta utilização de telas e
terísticas geomorfológicas e
com um investimento reduzido,
climatéricas.
é possível a criação de ambien-
Falando de uma forma
tes específicos e a produçao
generalista podemos dizer que
em zonas novas e em épocas
o nosso território nacional muda
do ano tradicionalmente não
cada 40km, seja para norte ou
produtivas devido a fenómenos
para sul, para o interior ou para
climáticos tais como frio, geada,
o litoral. Dispomos de solos
excesso de sol ou temperaturas
com recursos hídricos e ótimas
elevadas.
condições de luz, com potencia-
No capítulo da fruticultura,
lidades para a produção e ainda
os pequenos frutos e os frutos
muitas zonas com terras virgens.
vermelhos ganham cada vez
Existe também um enorme
mais o seu lugar na nova agri-
leque de microclimas e este
cultura e a COTESI S.A. tem
conjunto de fatores posicionam
desenvolvido um trabalho de
Portugal num lugar de destaque
grande relevância neste Setor.
para poder continuar a produzir,
Já são perfeitamente conhecidas
crescendo e melhorando, nome-
e praticadas as nossas soluções,
adamente na vertente frutícola
nomeadamente:
22
peouenosfrutos
de floração, acastanhamento do fruto e maturação.
Figura 2. Amoras produzidas em sistema a campo - colocação de telas Cotesi à floração,
zona Ribatejo.
proteção de culturas
Há assim que ter em conta vários fatores quando optamos por
colocar este tipo de proteções, e a escolha do tecido, cor e dimensão
da tela deve ser muito rigorosa, bem como a data da abertura das
telas.
Pensamento Final
A proteção indicada para uma exploração deve ser avaliada caso a
caso, havendo aspetos fundamentais a considerar:
›Localização geográfica (litoral ou interior, norte ou sul)
› Cultura (Framboesa, Amora, Groselha, Morango)
› Variedade (precocidade, data de maturação/colheitas, rusticidade)
› Exposição solar (nascente ou poente, existência ou não de sombra
natural)
› Sistema de produção (túnel, estufa, sistema a campo, combinação
com outros tecidos ou plástico UV)
Com parcelas protegidas nas mais diversas combinações dos
fatores acima referidos podemos ajudar e aconselhar o produtor,
posicionando-nos como seu verdadeiro parceiro. Dispomos das telas
Ref. 40% nas medidas mais procuradas e adaptadas aos correntes
sistemas de Produção.
Em conclusão, estamos ao dispor dos produtores e continuamos
a trabalhar no sentido de podermos fornecer soluções testadas e
apropriadas às necessidades de cada cultura. Esperamos ter as
culturas de Amoras e Framboesas devidamente protegidas e aptas
Figura 3. Amoras produzidas no Alentejo interior - período mais quente do ano na região mais
quente do pais-Sistema de condução a campo unicamente com tela de Proteção Cotesi colocada à
para produzirem as deliciosas bagas que os consumidores tanto
apreciam.
Floração -Maturação início de Julho, dias prolongados com temperaturas acima dos 40ºC.
As nossas telas de proteção solar para pequenos frutos
protegem as colheitas, não através do efeito tradicional das
telas de sombra não técnicas que produzem sombra e ocultação,
mas sim através da criação de um ambiente seguro e de um
ensombramento parcial muito controlado, combinado com
alguma refração da luz.
A escolha do tecido adequado à proteção de uma determinada
cultura deve ser muito criteriosa, para que a colheita seja
garantida. Nas amoras e framboesas desprotegidas, o escaldão,
as queimaduras e a desidratação estragam cerca de 60%-70% da
fruta duma campanha e, além disso é sabido que, bastam 3 dias
com temperaturas acima de 35ºC para destruir praticamente por
inteiro uma produção. Este tipo de danos são muitíssimo sérios,
em alguns casos as bagas nem chegam a encher totalmente nem
a mudar de cor, o desenvolvimento é simplesmente abortado.
Por outro lado, o ensombramento excessivo é igualmente não
desejado, porque embora não cause perdas diretas vai interferir
negativamente nos mecanismos fotossintéticos e no tipo de
crescimento, produzindo plantas alongadas e finas, criando assim
desequilíbrios e competição com os rebentos presentes nas zonas
mais inferiores. Vai inevitavelmente causar também atrasos nas
maturações e consequentemente na respetiva colheita. Em último
caso pode mesmo influenciar os ciclos seguintes.
PUB
proteção de culturas
Pesticidas na Produção
de Pequenos Frutos
Sandra Velho
Tal como as demais culturas, os pequenos frutos estão
expostos a inúmeros inimigos, sejam doenças ou pragas.
potenciais inimigos com que os produtores se podem deparar.
Tal como no caso dos herbicidas que, como vimos, praticamente
não se podem utilizar (e nem sempre é conveniente o seu uso),
sobretudo por falta de homologação, para o que se apela à iniciativa
das organizações de produtores do setor, no que toca aos pesticidas
é também restrito o número de substâncias autorizadas, sendo particularmente importante o cuidado na sua aplicação e o respeito pelos
intervalos de segurança, quer pela saúde pública quer pela importância de o produto português manter o elevado nível de qualidade
que tem revelado, sem contaminações ou resíduos acima dos limites
permitidos.
Não deixando de sublinhar que a melhor defesa é a prevenção, e
que na maioria dos casos as doenças e pragas podem, em parte, ser
limitadas ou mitigadas por boas práticas agronómicas ou formas de
I
nfelizmente, como temos
relativamente limitada a lista
luta mais amigas do ambiente, faz-se publicar a lista atualizada, de
visto em edições anterio-
de produtos homologados para
acordo com a lista da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária, de
res da revista Pequenos
utilização neste tipo de culturas,
produtos de uso autorizados para “usos menores”, de que seleciona-
não abrangendo ainda todos os
mos os autorizados para pequenos frutos.
Frutos, em Portugal ainda é
Cultura
Praga/doença
Dose
Intervalo de Nome comercial/substância
segurança
activa
AMORA
(Rubus spp.)
ácaros eriofídeos
(Acalitus essigi)
ácaros eriofídeos
(Acalitus essigi)
Afídeos
1-2 L pc/hl (780-1560 g sa/hl)
-
150 g pc/hl (7,95 g sa/hl)
21
50g p.c./hl (25g s.a./hl)
14
Afídeos
(Aphis gossypii, Aphis spiraecola,
A. Ruborum, Brachycaudus prunicola, Myzus persicae)
20ml p.c/hl (9,6g s.a./hl)
3
aranhiço vermelho
40ml p.c./hl (20g s.a./hl)
-
aranhiço vermelho
(Tetranychus urticae)
cochonilha
(Cocus hesperidium)
Lagartas
(Spodopetra littoralis, S. exígua e Chrydodeixis chalcifes)
0,75-1,21 g p.c./ha (13,5-21,6 g s.a./ha)
7
150-200ml p.c./hl (72-96g s.a./hl)
21
1000g p.c/ha
-
Míldio
(Peronospora sp)
1250-2000g p.c./hl (250-400g s.a./hl)
7
Oídio
(Oidium sp)
Oídio
(Oidium sp)
podridão cinzenta
(Botrytis cinerea)
podridão cinzenta
(Botrytis cinerea)
Tripes
(Frankliniella occidentalis, Thrips sp.)
3-6 kg g p.c./ha (2400-4800 kg s.a./hal)
-
100-125 ml p.c./hl (4,5-5,6 g s.a./hl)
3
150g p.c./hl (75g s.a./hl)
1
150g p.c./hl (75g s.a./hl)
3
20ml p.c/hl (9,6g s.a/hl)
3
afídeo preto
(Mysus cerasi)
Traça
(Cheimatobia brumata)
cabeça de prego/capa de ferro/carocho negro
(Capnodis tenebrionis)
Tripes
(Thripidae)
mosca da cerejeira
(Rhagoletis cerasi)
moniliose
(Monilia laxa e Monília fructigena)
moniliose
(Monilia spp)
120-140g pc/ha (60-70g sa/ha)
14
15ml p.c./hl (1,5g s.a./hl)
14
30g p.c./hl (7,5g s.a./hl)
7
60-100ml p.c./hl (4,5-7,5g s.a./hl)
14
25 g p.c./hl (5 g s.a./hl)
14
0,1 L p.c./hl (5 g s.a./hl)
3
20-30g p.c/hl (7,5+5-11,25+7,5g s.a./hl)
7
CEREJEIRA
(Prunus avium L.)
24
peouenosfrutos
CITROLE
óleo de verão
DINAMITE
fenepiroximato
PIRIMOR G
pirimicarbe
CALYPSO
tiaclopride
APOLLO
clofentezina
VERTIMEC 018 EC
abamectina
DURSBAN 4
clorpirifos
TUREX
Bacillus thuringiensis
CALDA BORDALESA QUIMAGRO
sulfato de cobre e cálcio-mistura
bordalesa)
THIOVIT JET
enxofre
SYSTHANE 45 EW
miclobutanil
TELDOR
fenehexamida
ROVRAL AQUAFLOW
iprodiona
SPINTOR
spinosade
TEPPEKI
flomicamida
KARATE ZEON
lambda-cialotrina
ACTARA 25 WG
tiametoxame
RUFAST AVANCE
acrinatrina
EPIK SG
acetamiprida
INDAR 5 EW
fenebuconazol
SWITCH 62,5 WG
ciprodinil+fludioxinil
proteção de culturas
FRAMBOESA
(Rubus idaeus)
GROSELHEIRA
(Ribes spp.)
MIRTILO
(Vaccinium corymbosum)
MORANGUEIRO
(Fragaria vesca L.)
ácaros tetraniquideos
50 g p.c./hl (5 g s.a./hl)
7
Afídeos
50g p.c/hl (25g s.a/hl)
14
Afídeos
20ml p.c/hl (9,6g s.a/hl)
3
aranhiço vermelho
40ml p.c./hl (20g s.a./hl)
-
aranhiço vermelho
(Tetranychus urticae)
ferrugem
0,75-1,21 g p.c./ha (13,5-21,6 g s.a./ha)
7
40ml p.c./hl (10g s.a./hl)
-
lagartas
100g p.c./hl
-
lagartas
(Helicoverpa armigera) (Spodoptera litoralis)
lagartas
(Helicoverpa armigera) (Spodoptera litoralis)
lagartas
(Spodoptera littoralis, Autographa gamma, Helicoverpa armigear)
míldio
(Peronospora sparsa)
150-200ml p.c./hl (72-96g s.a./hl)
21
10-20ml p.c./hl (1-2g s.a./hl)
7
1000g p.c./ha (32g sa/ha)
-
1250-2500g p.c./hl (250-500g s.a./hl)
7
Oídio
(Oidium sp)
Oídio
(Oidium sp)
Oídio
(Oidium sp)
Oídio
(Oidium sp.)
Oídio
(Oidium sp.)
podridão cinzenta
(Botrytis cinerea)
podridão cinzenta
(Botrytis cinerea)
podridão cinzenta
(Botrytis cinerea)
Tripes
150ml p.c./hl (37,50g s.a./hl)
7
50ml p.c/hl (6,25g s.a./hl)
3
30-35ml p.c./hl (3-3,5g s.a./hl)
-
3-6 kg g p.c./ha (2400-4800 kg s.a./hal)
-
133 ml p.c./hl (6g s.a./hl)
3
150g p.c./hl (75g s.a./hl)
1
150 ml p.c./hl (75g s.a./hl)
3
1 kg p.c/ha (375+250 g s.a./ha)
7
20ml p.c/hl (9,6g s.a/hl)
3
ácaros eriofídeos
(Acalitus essigi)
150 g pc/hl (7,95 g sa/hl)
21
afídeos
20ml p.c/hl (9,6g s.a/hl)
3
aranhiço vermelho
40ml p.c./hl (20g s.a./hl)
7
podridão cinzenta
(Botrytis cinerea)
150g p.c./hl (75g s.a./hl)
7
cercosporiose
180-200g p.c./hl (144-176g s.a./hl)
30
antracnose
(Colletotrichum gloeosporioides)
cochonilha algodão
(Iceria purchasi)
oídio
1250-2500g p.c./hl (250-500g s.a./hl)
7
1-2l p.c./hl (700-1400g s.a./hl)
-
200-400g p.c./hl (160-320g s.a./hl)
-
oídio
(Erysiphe vaccinii)
podridão cinzenta
(Botrytis cinerea)
podridão cinzenta
(Botrytis cinerea)
afídeos
(Aphis sp)
tripes
(Frankliniella occidentalis)
1-1,25 l p.c./ha (45-56,25 g s.a./ha)
100-125 ml pc/hl (4,5-5,625 g sa/hl)
100-150g p.c./hl (50-75g s.a./hl)
14
200ml p.c./hl (80g s.a./hl)
14
20ml p.c/hl (9,6g s.a/hl)
14
20ml p.c/hl (9,6g s.a/hl)
200 ml p.c/ha (96 g s.a./ha)
3
antracnose
(Colletotrichum sp)
oídio
(Podosphaera macularis)
oídio
(Podosphaera macularis)
oídio
(Podosphaera macularis)
tripes
(Frankliniella occidentalis e Heliothrips haemorrhoidalis)
250-300ml p.c./hl (125-150g s.a./hl)
3
mosca branca
(Trialeurodes vaporariorum)
mosca branca
(Trialeurodes vaporarium)
lagartas
(Helicoverpa armigera)
lagartas
(Helicoverpa spp e Agrotis spp)
murchidão das plântulas
(Pythium e Phytophthora)
MARACUJAZEIRO
(Passiflora edulis)
1
50ml p.c./hl (6,25g s.a./hl)
3
100ml p.c./hl (25g s.a./hl)
7
133 ml p.c./hl (6g s.a./hl)
3
95ml p.c./hl (7,125 g s.a./hl)
3
0,75 L p.c./ha (150g s.a./ha)
30
40g p.c./hl (20g s.a./hl)
3
60-100ml p.c./hl (3-5g s.a./hl) Não permitido 7
em culturas de ar livre
100-150 g p.c./hl (0,85-1,275 g s.a./hl)
1
2-3 L p.c/hal (1444-2166 g s.a./ha)
21
antracnose
(Colletotrichum gloeosporioides)
antracnose
(Colletotrichum gloeosporioides)
Septoriose
(Septoria passifloricola)
Septoriose
(Septoria passifloricola)
ácaros
1,25-2,5 Kg p.c./hl (250-500g s.a./hl)
7
75 ml p.c./hl (18,75g s.a./hl)
3
1,25-2,5 Kg p.c./hl (250-500g s.a./hl)
7
75 ml p.c./hl (18,75g s.a./hl)
3
2l p.c./hl (1600g s.a./hl)
-
cochonilha algodão
2l p.c./hl (1600g s.a./hl)
-
cochonilhas
2l p.c./hl (1600g s.a./hl)
-
mosca do mediterrâneo
(Ceratitis capitata)
tripes
24 iscos/ha
-
2l p.c./hl (1600g s.a./hl)
-
NISSORUM
hexitiazox
PIRIMOR G
pirimicarbe
CALYPSO
tiaclopride
APOLLO
clofentezina
VERTIMEC 018 EC
abamectina
SCORE 250 EC
difeconazol
TUREX
Bacillus thuringiensis
DURSBAN 4
clorpirifos
KARATE ZEON
lambda-cialotrina
DIPEL
Bacillus thuringiensis
CALDA BORDALESA QUIMAGRO
sulfato de cobre e cálcio-mistura
bordalesa)
NIMROD
bupirimato
RALLY
miclobutanil
TOPAZE
penconazol
THIOVIT JET
enxofre
SYSTHANE 45 EW
miclobutanil
TELDOR
fenehexamida
ROVRAL AQUAFLOW
iprodiona
SWITCH 62,5 WG
ciprodinil+fludioxinil
SPINTOR
spinosade
DINAMITE
fenepiroximato
CALYPSO
tiaclopride
APOLLO
clofentezina
TELDOR
fenehexamida
FUNGITANE
mancozebe
CALDA BORDALESA SAPEC
sulfato de cobre
OLEOFIX
óleo de verão
STULLN
enxofre
SYSTHANE 45 EW
miclobutanil
TELDOR
fenehexamida
SCALA
pirimetanil
CALYPSO
tiaclopride
SPINTOR
spinosade
BRAVO 500
clortalonil
RALLY
miclobutanil
NIMROD
bupirimato
SYSTHANE 45 EW
miclobutanil
RUFAST AVANCE
acrinatrina
CONFIDOR CLASSIC
imidaclopride
PLENUM 50 WG
pimetrozina
MATCH
lufenurão
AFFIRM
emamectina
PREVICUR N
propamocarbe(hidrocloreto)
CALDA BORDALESA SAPEC
sulfato de cobre
ORTIVA
azoxistrobina
CALDA BORDALESA SAPEC
sulfato de cobre
ORTIVA
azoxistrobina
FITANOL
óleo de verão
FITANOL
óleo de verão
FITANOL
óleo de verão
ADRESS
lufenurão
FITANOL
óleo de verão
peouenosfrutos
25
© Luis Freitas
eventos
1.o Congresso Nacional do Mirtilo
João Campos
Decorreu entre os dias 28 e 29 de junho, em Sever do
Vouga, o 1º Congresso Nacional do Mirtilo. Foram dois
dias intensivos de apresentações e debates sobre mirtilo,
num evento que contou com a participação de vários
especialistas internacionais.
alterações ao sistema de produção prendem-se com a maior densidade de plantação (0,75 x 3 m), generalização da colheita mecânica,
e o armazenamento em atmosfera controlada.
Andrea Pergher, responsável técnico da empresa italiana Aurora
Fruit, frizou que no caso particular da Itália, a expansão da área da
cultura do mirtilo está limitada pelo pH dos solos, que são maio-
© Luis Freitas
ritariamente alcaninos. A escolha das variedades produzidas está
muito dependente de fatores climáticos (resistência ao frio invernal e
necessidade de horas de frio) e a estratégia passa por evitar o pico de
produção de julho e cobrir o mercado de setembro.
Andrea Pergher defendeu a possibilidade de serem usadas estratégias semelhantes em Portugal e na sua opinião, com o aumento da
produção de mirtilo em toda a Europa, o esforço tem de ser focado na
diminuição dos custos de produção.
Giz Gaskin é gestor de negócios da Hargreaves Plants, empresa
britânica de comercialização de plantas de mirtilo. Giz justificou
David Bryla e Pedro Brás de Oliveira
o porquê do aumento do consumo de mirtilo particularmente em
Inglaterra, mas também um pouco por todo o mundo. “Para além de
D
a produção à comer-
das colheitas, o controlo de
ser benéfico para a saúde, é um fruto com sabor constante e fácil de
cialização, debateu-se
qualidade e o futuro da fileira do
comer, pois não se descasca nem tem caroço, por isso isso as crian-
de tudo um pouco
mirtilo.
ças adoram-no.” Em Inglaterra, o mercado do mirtilo terá represen-
neste evento que muito terá
David Bryla, investigador do
tado 190 milhões de libras, em 2010.
contribuido para a evolução da
Departamento de Agricultura
O especialista inglês defendeu ainda a propagação in vitro, que
produção e cultura do mirtilo em
dos EUA (USDA), deixou claro
tem a vantagem de conservar a identidade genética da planta-mãe,
Portugal. O Secretário de Estado
que as condições básicas para a
o que permite que todas as plantas geradas tenham as mesmas
das Florestas e Desenvolvimento
produção de mirtilo continuam
características, capacidades e necessidades.
Rural, Francisco Gomes da Silva,
inalteradas: solos com pH entre
fez as “honras da casa”, num
4,5 e 5,5, como baixos teores
apresentou a enxertia como uma alternativa válida para a produção
primeiro dia dedicado a comuni-
de salinidade, boa irrigação e
das variedades que mostram ser desadequadas à produção ou ao
cações técnicas, no qual vários
utilização de azoto apenas na
mercado. Esta técnica obteve 83% de sucesso, e é capaz de colocar a
especialistas internacionais
forma amoniacal. Ainda assim,
plantação em “produção cruzeiro” em apenas 2 anos.
expuseram os seus pontos de
David referiu que a tecnologia de
vista e deixaram vários conse-
produção nos EUA tem-se alte-
Chile, deu a conhecer a estratégia utilizada pela fileira chilena para
lhos a quem já está no mercado
rado bastante, essencialmente
ultrapassar a comercialização das 100 mil toneladas/ano. Destacou
e a quem neste se pretende
devido aos estudos comparativos
ainda o aumento da produção mundial, e chamou a atenção para
lançar. O segundo dia focou
de diferentes tipos de condução,
a necessidade de desenvolver a cultura do consumo de mirtilo,
maioritariamente a organização
rega e adubação. As principais
investindo em promoções e outras estratégias. Andrés Armstrong
26
peouenosfrutos
Juan Carlos Garcia, da associação pública das Astúrias, SERIDA,
Andrés Armstrong, Diretor Executivo do Comité de Mirtilos do
eventos
referiu ainda que, no Chile, a
próprio mercado”. Como referido
que as explorações tenham a certificação GLOBAL GAP. A Certifi-
qualidade e reputação do mirtilo
em epígrafe, o segundo dia do
cação BIO foi desaconselhada, uma vez que traz um acréscimo de
baixaram, por se terem que-
evento abordou a organiza-
custos, e neste momento não é valorizada pelo mercado.
brado regras essenciais como
ção da colheita e o controlo
a escolha da variedade para o
de qualidade do produto final,
escalonamento da maturação. A
assim como a caracterização
isto acrescenta-se o facto de ter
das explorações de mirtilo nas
tado através de um sistema informático desenvolvido pela Universi-
chovido anormalmente na época
regiões Norte e Centro.
dade de Faro que permite o controlo rigoroso e em tempo real das
de colheita e o preço da fruta
Chegou-se à conclusão que
Na mesa redonda participaram várias entidades que estão no
mercado da apanha e comercialização do mirtilo.
A HUBEL possui um sistema de prémios de colheita implemen-
quantidades e qualidade colhidas por cada operador.
Já a SUDOBERRY implementa o sistema de prémios com regras
para transformação ter descido,
há ainda muito mercado para o
aumentando a pressão sobre a
mirtilo e que os os mil hectares
claras e fáceis de entender, utilizando um sistema informático de
fruta em fresco.
de plantações previstos para
origem inglesa (pickwise) que permite medir a qualidade e produtivi-
este ano serão facilmente esco-
dade. Aos melhores é facilitado o trabalho em horas extras.
Para Piet Merker, gestor de
A RANDSTAD, empresa de trabalho temporário, tem já ao dispor
vendas da holandesa Sunberry,
ados. No entanto, há a premente
as variedades mais aconselhá-
necessidade de os produtores
uma base de dados de trabalhadores, o que facilita o processo de
veis para produção em Portugal
se associarem e funcionarem
seleção de mão de obra para a colheita de fruta, o que pode constituir
são a Duke e Huron, sendo que a
enquanto equipa, caso contrário
uma ajuda importante aos produtores.
maior janela de exportação é em
não sobreviverão individual-
Junho. O Holandês defende que
mente, isto porque não é viável
Em suma, este foi um evento que abrangeu as mais variadas
uma exploração de mirtilo deve
ir para o mercado com 1000Kg.
temáticas na área do mirtilo, desde a escolha das variedades ao
ter no mínimo 1,2 ha e deixou
Debateu-se ainda a pertinência
escoamento do produto e elucidou, precaveu e alertou quem pensa
um conselho aos portugueses:
das certificações e foi referido
em lançar-se na produção deste pequeno fruto, que está cada vez
“Não se esqueçam do vosso
que não é possível exportar sem
mais “na moda”.
PUB
Encontro Internacional de produtores
portugueses
MadrId
16 e 17
outubro
No âmbito da edição de 2013 da Fruit
Attraction, em Madrid, a revista Agrotec
e a Naturalfa estão a organizar a deslocação de uma delegação de produtores
hortofrutícolas portugueses para um
business meeting com empresas espanholas de comercialização de hortofrutícolas,
uma visita àquela feira e às instalações
da Eurobananan (a maior empresa ibérica
de comercialização de hortofrutícolas) no
MercaMadrid.
Esta viagem pode constituir uma excelente oportunidade de estabelecimento de
novos negócios e parcerias entre empresas, nacionais e estrangeiras, a operar
nesta fileira agrícola.
Se estiver interessado em integrar esta delegação
de empresários agrícolas e obter mais informações,
por favor entre em contacto para (+351) 225 899
620, (+351) 918 555 194, ou envie um email para
[email protected],
Organização:
Apoios:
Data limite para inscrições: 23 de setembro
eventos
Elogios à qualidade técnica e apelos
ao associativismo
José Manuel Rodrigues Silva
Participantes elogiaram qualidade técnica
do Congresso e dos oradores num evento onde se
ouviram vários apelos ao associativismo
F
oram várias as vozes que
desde a instalação de um pomar,
apelaram à associação
passando pela fertilização e
dos produtores de mir-
terminado nas questões de
tilos durante a realização do I
estratégia comercial”. “Com este
Congresso Nacional do Mirtilo. O
Congresso e com outros eventos
evento pode ser um dinamizador
recentes começo a vivenciar
de movimentos associativos que
uma mudança de paradigma ao
proporcionam uma maior dimen-
nível da partilha de informação
são aos agentes que operam
e mesmo ao nível da qualidade
nesta fileira, aumentando consi-
desta”, destaca este produtor
deravelmente as possibilidades
que, contudo, lamenta “o desin-
de sucesso na sua atividade.
teresse de muitos novos mirti-
Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural presidiu à abertura do Congresso
Um evento de elevada qualidade técnica é como Catarina Cam-
Para a organização, o Con-
cultores que viram o Congresso
pos, da Lusomorango, uma associação de produtores de pequenos
gresso permitiu "fazer a caracte-
passar-lhes ao lado como quem
frutos de Odemira, classifica o evento. Para esta técnica, o Congresso
rização do estado da arte desta
já sabe tudo”.
“teve a grande mais-valia de trazer oradores internacionais, parti-
fileira a nível nacional e interna-
Também Rute Cardoso,
lhando os seus estudos e as suas experiências de diferentes climas
cional”. Concluiu-se que ainda há
responsável da empresa
e regiões, contribuindo para a criação de novos desafios nas nossas
um longo caminho a percorrer,
“Naturpassion”, que produz
práticas culturais”.
embora se possam “queimar
mirtilos, framboesas e amoras
etapas no seu desenvolvimento,
em Amarante, ficou agradada
tirando partido dos sucessos e
com a parte técnica que o
erros no processo que passaram
Congresso proporcionou, tendo
Manuel Soares,
os países mais desenvolvidos
destacado a intervenção do
presidente da Câmara
nesta atividade”.
norte-americano David Bryla.
Municipal de Sever do
“Foi uma iniciativa muito
Vouga
Os participantes elogiaram a
qualidade técnica dos oradores
interessante porque abordou
convidados, alguns deles de
todos os campos relacionados
Congresso relevante e de
renome internacional. Filipe
com a fileira do mirtilo”, afirma.
qualidade
Costa, produtor de mirtilos de
Rute Cardoso entende que o
Santa Maria da Feira, considera
Congresso do Mirtilo foi útil
que o evento proporcionou a
para todos quantos se dedicam
“oportunidade única de ace-
ao cultivo ou comercialização
der ao ‘mundo dos mirtilos’
deste fruto pois “cada um
sem termos de nos deslocar a
retirou conhecimentos da parte
sição e troca de conhecimentos relativamente à produção e comer-
diversos países”. Sublinhando
que mais lhe interessava”. Esta
cialização deste fruto. “Além de ter representado mais uma etapa na
que a informação partilhada vai
mirticultora acompanhou com
intenção de Sever do Vouga vir a liderar a fileira dos pequenos frutos
revelar-se bastante útil na sua
especial atenção as interven-
em Portugal, através do cluster dos pequenos frutos a instalar no
atividade, pois ela foi “do mais
ções técnicas relacionadas com
Vougapark, o Congresso foi muito elogiado por governantes e partici-
alto nível”, Filipe Costa garante
a gestão da água e a instalação
pantes, que reconheceram a relevância e qualidade deste evento, que
que ela “ajudou a consolidar
de pomares, que foram “muito
trouxe a Portugal palestrantes de renome internacional”, sublinha
ideias e perceber qual o caminho,
úteis” para a sua atividade
Manuel Soares.
quais as práticas mais atuais,
como produtora de mirtilos.
28
peouenosfrutos
A
realização do I Congresso Nacional do Mirtilo foi, no entender do presidente da Câmara Municipal de Sever do Vouga,
Manuel Soares, mais um passo na afirmação deste concelho
como “Capital do Mirtilo” e uma excelente oportunidade para a aqui-
eventos
Evento decorreu em Sever do Vouga
Feira do Mirtilo acolheu quase 40 mil visitantes
A
VI edição da Feira do
do Vouga, a Feira do Mirtilo é já
poder viver a experiência de colher
Mirtilo, que decorreu em
uma referência a nível nacional
o fruto diretamente do arbusto. E
Sever do Vouga entre 27
neste setor. Uma das novidades
a adesão ultrapassou as expetati-
e 30 de junho, recebeu perto de
da Feira do Mirtilo foi a inclusão
vas tendo sido necessário alargar
40 mil visitantes que adquiriram
de uma maior área técnica, um
o número de participantes por
cerca de dez toneladas de mirtilo
espaço dedicado a todos os
sessão devido às muitas inscrições
durante os quatro dias do evento.
que estão ligados à produção e
recebidas. A organização pretende
Da responsabilidade da AGIM
comercialização de mirtilo e que
repetir a atividade na próxima
- Associação para a Gestão, Ino-
traduz a forte aposta da AGIM
edição tentando que se realize em
vação e Modernização do Centro
na inovação desta fileira. Outra
mais plantações de mirtilo para
Urbano de Sever do Vouga e
inovação introduzida este ano
que mais visitantes possam parti-
da Câmara Municipal de Sever
foi a possibilidade do visitante
cipar na apanha do fruto.
Visitantes tiveram a oportunidade de
experimentar a apanha do mirtilo
Concurso elege o
em Dornelas. Já foi presidente
Menção honrosa:
melhor pomar de
da Mirtilusa, uma associação
"Bouça Nova – Mirtilos
mirtilos
local de produtores de mirtilos
de Cedrim"
Inserido na Feira do Mirtilo, a
e também produz groselha e
O pomar "Bouça Nova – Mirtilos
AGIM promoveu um concurso
uma pequena quantidade de goji.
de Cedrim", que conquistou uma
para eleger o melhor pomar de
Como é reformado, Custódio
menção honrosa no concurso do
mirtilos do concelho de Sever
2.200 metros quadrados de
Borges dedica grande parte do
Melhor Pomar de Mirtilos, é um
do Vouga. Foram premiados os
mirtilos e 600 metros quadrados
seu tempo à exploração onde diz
projeto conjunto de César (pai),
três melhores pomares, sendo
de groselha. Há 18 anos que se
sentir-se bem.
Eduardo e João Costa Gomes
ainda atribuída uma menção
dedica ao cultivo deste pequeno
(filhos). Plantaram em março
honrosa pelo júri, constituído
fruto e já não é a primeira vez
3.o prémio:
pelos engenheiros Pedro Brás de
que ganha um prémio: três anos
José Sousa
dos de mirtilos das variedades
Oliveira e Luís Lopes da Fonseca,
após se ter iniciado na cultura do
O 3.o prémio foi atribuído a
Duke e Bluecrop em Cedrim,
mirtilo também foi distinguido
um pomar situado no lugar de
área que esperam alargar em
da Direção Regional de Agricul-
pela qualidade do seu pomar. Na
Penouços (Paradela do Vouga),
breve e conciliar com o cultivo
tura do Centro, que tiveram em
altura recebeu 25 contos, revela.
propriedade de José Sousa.
de amoras.
conta o estado e manutenção do
Os cuidados que diz ter com
pomar, o estado geral das estru-
o seu pomar passam por uma
turas e equipamentos de apoio
boa fertilização e uma boa rega,
à exploração agrícola, o estado
dedicando sempre algum tempo
sanitário das plantas, a estrutura
diariamente ao pomar, nem que
de gestão e o enquadramento
seja apenas meia hora.
do INIAV, e por um membro
deste ano 3.200 metros quadra-
da exploração, bem como a
aplicação de práticas associadas
2.o prémio:
A plantação tem cerca de duas
Residentes em Lisboa
a agricultura sustentável e a
Custódio Borges
mil plantas das variedades Duke
mas com raízes familiares
Custódio Borges é mirticultor há
e Bluecrop, numa extensão de
em Cedrim, deslocam-se
20 anos e tem a sua exploração
quase um hectare, e que nasceu
frequentemente à exploração
de 5.000 metros quadrados
práticas agrícolas pouco nocivas
para o ambiente.
em 2005. José Sousa, que é o
de mirtilos que se encontra
1.o prémio:
atual presidente da Mirtilusa,
em fase de crescimento. O
Armando Carvalheira
garante que todos os dias passa
projeto do anexo foi concebido
O vencedor do concurso do
pela plantação, localizada em
por Eduardo e João, arquitetos,
melhor pomar de mirtilos foi
frente a sua casa. Até final deste
que também participaram, em
Armando Carvalheira que tem
ano este mirticultor conta plan-
conjunto com o Eng. Alexandre
a sua exploração no lugar do
tar mais um milhar de plantas
Tavares, na conceção integrada
Carvalhal (Silva Escura) e cultiva
de mirtilo.
do pomar.
peouenosfrutos
29
eventos
IV Edição do Workshop
“Instalação de Pomares de Mirtilos”
A Tberries – Produção de Mirtilos em conjunto com a
Formtivity, promoveu no dia 20 de julho de 2013 a
IV Edição do Workshop “Instalação de Pomares de
Mirtilos”. O evento decorreu na Junta de Freguesia de
Refojos de Riba de Ave – Santo Tirso, sendo o período da
manhã ministrado pela Eng.ª Tatiana Matos que abordou
os fundamentos a ter em conta para a instalação de
pomares de mirtilos, tais como a seleção da parcela
de terreno, preparação do solo, variedades, condições
edafo-climáticas, etc.
O
período da tarde contou
técnica nomeadamente ao nível
também com a parti-
do sistema de rega, preparação
cipação do Eng.o Hugo
do solo, armação dos camalhões,
Rocha e Silva, tendo decorrido
métodos e espaços de plantação,
ser tidos em conta em fase de projeto e antes da instalação do
nas instalações da Tberries,
apanha de fruto, armazena-
pomar, pelo que este período se revelou uma excelente oportunidade
onde os participantes tiveram
mento, acondicionamento e con-
para debater e esclarecer alguns dos pormenores abordados na
oportunidade de esclarecer
servação da fruta pós colheita,
parte da manhã.
todos os aspetos de ordem
entre outros aspetos que devem
Os participantes desta IV edição do workshop, provenientes das
regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Centro e Norte do país, constituíram
um grupo heterogéneo, com vivências distintas na área da produção
e comercialização de produtos agrícolas, o que se revelou muito
interessante e proveitoso para todos, pela partilha de conhecimentos
e experiências. A Tberries surgiu em 2011 e produz diferentes variedades de mirtilos em 2,4 ha localizados em Santo Tirso, dedicandose nesta fase à produção de mirtilos de qualidade superior bem como
à formação de jovens agricultores e interessados pela cultura do
mirtilo sobre a instalação de pomares, podas, colheita, entre outros
temas, contribuindo desta forma para colmatar as lacunas detetadas
pela empresa aquando da sua criação e instalação no que respeita à
formação.
Para obter mais informações sobre a Tberries e futuros eventos,
poderá consultar o site http://tberries.wordpress.com/.
30
peouenosfrutos
CheckIT, o app da
Yara para o diagnóstico
das deficiências
nutricionais nas
culturas

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