Por Flávia Freire

Transcrição

Por Flávia Freire
48 :: TIdigital / Debate / Ruby on Rails
Por Flávia Freire
A linguagem Ruby foi criada em 1994 pelo japonês Yukihiro
Matsumoto, mais conhecido como Matz, para ser mais poderosa que
Perl e mais orientada a objetos que Python. Nove anos depois, o Ruby
ganhou “agilidade sobre trilhos” através do framework Ruby on Rails.
Este, idealizado pelo jovem dinamarquês David Heinemeier Hansson
e desenvolvido em apenas dois meses para benefício próprio. David
liberou o framework para o resto do mundo somente um ano depois,
e, desde então, tem atraído milhares de usuários por ser baseado
no conceito de MVC (Model-view-controller), pela simplicidade nas
aplicações e por possuir pouco mais que mil linhas de código, o que
significa pouquíssimo para tudo o que é capaz de fazer. David Hansson
aceitou o convite para responder algumas perguntas à revista TIdigital
e introduzir este debate que tem como principal objetivo mostrar as
particularidades do Ruby on Rails.
TIdigital / Debate / Ruby on Rails :: 49
DAVID H. HANSSON
TI: O que te levou a criar um framework a partir da linguagem de programação Ruby? Por que o
Ruby? E como foi o processo de criação?
Hansson: Eu estava me preparando para começar a trabalhar na Basecamp. Eu programava em PHP
e Java, mas não era totalmente feliz com nenhum deles. Então eu achei que era a hora de tentar algo novo.
Eu fui realmente atraído pela idéia do Matz de criar uma linguagem de programação bonita, que deixasse
os programadores satisfeitos. Que fosse ideal para mim e me realizasse.
TI: Você esperava que o RoR fosse tomar toda esta proporção?
Hansson: De modo algum. No começo, eu não pensei em tornar o Rails público. Era só uma estrutura que
eu estava criando para me satisfazer como programador e tornar o meu trabalho mais produtivo. É um grande
prazer ver que muitos outros programadores puderam se tornar mais produtivos e mais realizados também.
TI: Com esta criação você ganhou alguns prêmios de grande valor no mercado (Melhor Hacker do
Ano 2005 e o Jolt Award 2006 de excelência com o Rails 1.0). Qual diferencial você acredita que um
programador deve ter para criar uma ferramenta de sucesso?
Hansson: Eu tendo a focalizar um objetivo e ir diretamente ao ponto. Fazer as adaptações necessárias
para lançar algo para o mundo. Eu não espero pela perfeição. Acho que muitos programadores se prendem
a coisas que na verdade não importam. Eles desperdiçam muito tempo ao invés de focar num ideal. Acho
que existem excelentes programadores que podem explorar este potencial.
TI: Hoje temos alguns outros frameworks criados com base no Ruby on Rails, como o cakePHP.
O que você pode destacar como característica única do RoR?
Hansson: Rails defende a convenção ao invés da configuração desde seu primeiro dia. Nós já estamos
há cinco anos aperfeiçoando esta abordagem e eu acho o resultado impressionante. Existem também muitas
pequenas coisas que vem sendo melhoradas pelos milhares de programadores que contribuem com o Rails.
Apesar de ser difícil descrever, este trabalho compõe grande parte do apelo da plataforma. Isso tudo e a
própria linguagem Ruby, claro.
TI: O que podemos esperar do RoR? Vem por aí novas versões?
Hansson: Estamos trabalhando atualmente em cima do Rails 2.3. É provável que a próxima versão
seja o Rails 3.0, que terá uma grande influência da fusão com o Merb.
50 :: TIdigital / Debate / Ruby on Rails
Diante da diversidade de frameworks disponíveis no mercado, o que
faz do Ruby on Rails realmente superior?
CARLOS EDUARDO G. FRANCO
Carlos Eduardo G. Franco
CEO - Tecnologia e Inovação e-Genial Soluções Inteligentes Adobe Solution Partner
www.egenial.com.br
www.treinatom.com.br
Quando comecei a estudar Ruby on Rails em 2005, eu não tinha levado a sério o fator curva de aprendizado. Quando percebi que em pouco
tempo eu já estava dominando boa parte de suas funcionalidades e recursos, incluindo recursos visuais de Ajax como prototype e scriptaculos, em
poucas semanas eu já tinha um produto totalmente pronto e muita informação para compartilhar.
O mais interessante é que eu estava estudando Ruby on Rails sem levar em consideração que minha idéia de criar um produto poderia ser
alcançada, pois tinha uma idéia, mas não sabia por qual tecnologia começar, visto que na época usava Java para criar sites e pequenas aplicações.
Sem formação acadêmica, sem um curso técnico, longe dos grandes centros para fazer qualquer curso, morando no interior de Mato Grosso,
eu só dispunha de um notebook, uma conexão adsl, muita força de vontade e um framework com uma API muito bem documentada, e isto bastou.
Na época eu fiz comparação com várias ferramentas cases que existem no mercado, ferramentas estas que geravam código e que me
entregavam telas e relatórios prontos. Um framework como o Ruby on Rails é algo ainda no mínimo 85% mais produtivo, pois você escreve
código seguindo uma convenção, e mesmo assim você tem total controle sobre o código gerado de sua aplicação, o que não acontece com
as ferramentas cases, pois boa parte delas geram códigos difíceis de se manter, engessados e sujos.
Hoje, quatro anos depois, nossa empresa cresceu 300%, empregamos quatro pessoas diretamente, fora a mão-de-obra terceirizada que vem
diretamente de outras pequenas cidades do Brasil. Somos pioneiros em cursos on-line de Ruby on Rails, BDD on Rails, Adobe Flex e Flash Media
Interactive Server, com mais de 850 pessoas treinadas em menos de um ano e meio.
Isso foi possível porque o Ruby on Rails me deixou livre das tarefas mais pesadas e comecei a destinar esse meu tempo para melhor gerir o
meu negócio. Hoje, muitos estão descobrindo isso com facilidade, pois já existem vários cases e documentações criadas pela comunidade Ruby on
Rails, a que mais cresce no mundo, no Brasil e em suas pequenas cidades.
RONALDO FERRAZ
Gerente de Desenvolvimento da WebCo Internet
Responsável pelos sites Blogblogs.com.br e
www.brasigo.com.br
A resposta simples é: mindset.
De um ponto de vista puramente técnico, os demais frameworks dinâmicos existentes no mercado (Django, Pylons, CodeIgniter, etc) são
suficientemente similares ao Rails para permitirem o uso em situações e projetos da mesma natureza. Obviamente, cada um possui pontos fortes para tarefas específicas mas a combinação de todos eles garante que podem ser utilizados em condições relativamente iguais.
Dito isso, é possível argumentar que o Rails tem uma vantagem sobre os demais frameworks que não é diretamente técnica,
mas que garantiu sua rápida ascensão e adoção entre os desenvolvedores Web: seu mindset.
Dentro da idéia que o Rails representa, dois temas despertam interesse pelo mesmo:
O primeiro desses temas é “Software com opinião”. Desde sua criação, o Rails fez certas escolhas filosóficas que tornam o desenvolvimento mais rápido e mais pragmático. Isso também evitou que o Rails crescesse desnecessariamente e cometesse erros como alguns
frameworks que tentaram resolver problemas ainda não existentes.
O segundo tema é a escolha de linguagens descritivas para representar código. É muito comum, em código Rails, ver trechos que se
parecem mais como uma especificação do que está sendo feito do que uma série de comandos. Isso permite grande produtividade, menos
erros e maior facilidade de receber contribuições de outros programadores.
Em resumo, esses dois temas garantiram o crescimento rápido e a grande penetração atual do Rails.
TIdigital / Debate / Ruby on Rails :: 51
PAULO VANDERLEY SOUZA
Responsável pelo site Ruby Brasil
www.ruby-br.org
O Ruby on Rails é uma escolha interessante por uma série de fatores, mas o que chama a atenção das empresas e desenvolvedores é a
facilidade e agilidade que ele proporciona no desenvolvimento de aplicações web. Além disso, o Rails é uma ferramenta madura, confiável,
completa, e, por isso, utilizada por grandes empresas nas mais diversas tarefas.
A produtividade alcançada com Rails é um fator importante, graças à combinação simples e eficiente das convenções, do padrão MVC, do
ActiveRecord, entre outras coisas. Em meio a tudo isso, aprender e preparar uma equipe para o Rails pode surpreendentemente ser mais rápido
do que para outras linguagens e ferramentas.
Ainda mais nesse momento de crise econômica, onde os recursos para os projetos são cada vez mais escassos, a escolha mais
adequada deve ser por uma plataforma livre, que reduza os custos de desenvolvimento, possibilitando fazer mais com menos tempo e
esforço, reduzindo gastos e aliviando os programadores, inclusive permitindo o uso de métodos ágeis de desenvolvimento.
Além do Rails oferecer produtividade, facilidade e economia, está montado sobre uma base sólida e moderna: o framework é baseado
em Ruby, uma linguagem de programação orientada a objetos elegante e robusta que está em evidência – e não só pelo Rails, mas pelos seus
diversos pontos fortes.
CARLOS BRANDO
Senior Engineer da consultoria americana Surgeworks Inc.
Autor do blog nomedojogo.com e um dos responsáveis
pelo Rails Podcast Brasil
A grande vantagem do Ruby on Rails em relação a outros frameworks começa na primeira parte do seu nome: o Ruby. A linguagem
Ruby, diferente das outras, não foi construída pensando em quão rápida seria sua execução na máquina, mas sim na produtividade do
desenvolvedor. Em outras palavras, em Ruby você faz mais codificando menos. E como produtividade está intimamente relacionada à
felicidade, programar em Ruby se torna um prazer para o profissional. E com isto temos um ciclo, programadores felizes e produtivos
estão sempre criando novas ferramentas que tornam o desenvolvimento de softwares ainda mais rápido.
O que o Ruby on Rails faz é elevar a produtividade do Ruby a um novo patamar. Ele tem dois lemas: "Convenção ao invés de
configuração" e "Não se repita". Seguindo estas premissas, o Rails oferece ao programador ferramentas que permitem focar
totalmente no desenvolvimento do negócio, sem a necessidade de criar centenas de arquivos de configuração. O Rails também
conta com um sistema de plugins que agilizam o desenvolvimento, evitando, a cada novo projeto, reescrever os mesmos códigos.
Existem centenas de frameworks disponíveis no mercado, cada um com suas particularidades e filosofias, e alguns são realmente
bons. Durante os últimos 12 anos tive a oportunidade de trabalhar com diversos destes frameworks, mas foi no Ruby e no Rails que
recuperei a alegria e o prazer em programar.

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