Salmonella Heidelberg no Canadá
Transcrição
Salmonella Heidelberg no Canadá
Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 1 Versão do Aluno Salmonella Heidelberg no Canadá PARTE I Estudo de caso em sala de aula. VERSÃO DO ALUNO. Investigadores originais: Surtos: Andrea Currie1, Laura MacDougall2, Jeff Aramini3, Collette Gaulin4, Murray Fyfe2, Lorraine McIntyre5, Ana Paccagnella5, Keir Cordner6, Alan Kerr6, Rafiq Ahmed7, Sandy Isaacs3. Vigilância de resistência antimicrobiana: Rita Finley3, Kathryn Doré3, Lucie Dutil8, Lai King Ng7, Richard Reid-Smith8, Rebecca Irwin8 and the CIPARS Collaborative 1 Canadian Field Epidemiology Program, Public Health Agency of Canadá Epidemiology Services, British Columbia Centre for Disease Control 3 Center for Foodborne, Enviromental and Zoonotic Infectious Diseases, Public Health Agency of Canada 4 Ministére de la Santé et des Services Sociaux, Direction de la protection de lá santé publique 5 Laboratoty Services, British Columbia Centre for Disease Control 6 Vancouver Island Health Authority 7 Nacional Microbiology Laboratory, Public Health Agency of Canada 8 Laboratory for Foodborne Zoonoses, Public Health Agency of Canada 2 Estudo de caso e guia do instrutor criado por: Rita Finley, MSc Revisado por: Tom Chiller, MD, PhD, Enrique Pérez, DVM, PhD, Richard Reid-Smith, DVM DVSc, Kathryn Doré, MGSc, Lucie Dutil DVM MSc NOTA: Este estudo de casos se baseia em investigação real realizada no Canadá de 2002 a 2004 e publicado no Journal of Food Protection e no Epidemiology and Infection Journal e os dados relativos á vigilância foram publicados em informes anuais. Alguns aspectos destas investigações foram modificados para ajudar a realizar os objetivos desejados no ensino e alguns detalhes têm sido formulados para continuidade da narrativa. Traduzido e revisado por: Márcia de Cantuária Tauil, Adriana Oliveira Santos e Greice Madeleine Ikeda do Carmo; Coordenação de Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar/ Secretaria de Vigilância em Saúde/ Ministério da Saúde do Brasil. Público alvo: profissionais da saúde pública (médicos, enfermeiros, veterinários, biólogos), microbiologistas, especialistas em saúde ambiental e estudantes com conhecimentos básicos de epidemiologia. Nível do estudo de caso: Avançado Material necessário para o estudo: papel e calculadora Tempo necessário: 3 horas Idioma: Português Materiais de treinamento custeados por: Public Health Agency of Canada (Center for Foodborne, Environmental and Zoonotic Infectious Diseases e Laboratory for Foodborne Zoonoses); Centers for Disease Control and Prevention e Pan-American Health Organization. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 2 Versão do Aluno VERSÃO DO INSTRUTOR. Salmonella Heidelberg no Canadá. Objetivo do aprendizado: Ao terminar o estudo deste caso o estudante deve estar capacitado para: 1) Discutir como os dados relativos à resistência aos antimicrobianos podem ser usados para o desempenho das práticas de saúde pública. 2) Compreender a estrutura e necessidades de um sistema integrado de vigilância. INTRODUÇÃO Parte I – Vigilância de Salmonella no Canadá. Quando uma pessoa tem uma doença gastrointestinal aguda, pode recorrer ao médico da família, clínica particular ou unidade de emergência. A pedido do médico, os pacientes fornecem uma amostra de fezes, a qual será remetida ao laboratório local que realizará as análises apropriadas e onde pode resultar num diagnóstico confirmado. No Canadá, os dados relacionados a casos confirmados no laboratório de doença gastrointestinal são obtidos de duas formas, uma pelo setor de epidemiologia e outra pelo laboratório. Pelo setor de epidemiologia, a confirmação do laboratório de um agente notificável, como a Salmonella, é comunicado ao serviço médico oficial da unidade de saúde local. Neste, os epidemiologistas e inspetores de saúde pública acompanham os casos de doença e implantam um formulário padronizado a fim de obter maiores informações. A seguir, eles remetem as informações relativas ao caso para a Província do Território, que por sua vez envia para a Agência de Saúde Pública do Canadá para ser incluída no Registro Nacional de Notificação de Doenças (RNND). Esta base de dados coleta informações do número de casos observados no Canadá referente ao número de doenças reportadas. A semana para notificar a doença é determinada pela data de início da doença ou da coleta de amostras (segundo o comunicado da unidade local de saúde). As informações mensais são fornecidas de forma preliminar ficando disponível em sites. Pelo laboratório, a unidade local recebe as amostras (geralmente de fezes) dos pacientes, junto com os formulários de envio preenchidos pelos médicos. Caso identifique um agente notificável, o laboratório deve enviar os resultados ao médico que submeteu o material, assim como para as autoridade sanitárias apropriadas. Se o agente etiológico requer maiores confirmações ou outros testes, o isolamento pode ser enviado para o laboratório da Província com informações mínimas do caso. Para provas mais específicas, (ex: tipificação molecular de fagos), os isolamentos podem ser remetidos ao Laboratório Nacional de Microbiologia em Winnipeg. Os dados laboratoriais das províncias são recebidos semanalmente e analisados pelo Programa Nacional de Vigilância Entérica (NESP) e, se disponível serão incorporados com a informação de Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 3 Versão do Aluno epidemiologistas federais e das províncias para preparar informes semanais, semestrais, trimestrais e anuais. A semana para reportar a informação para o NESP é determinada pela data de identificação do isolamento no laboratório da província. O NESP é um programa nacional de vigilância, baseado em laboratório, que tem sido destinado para proporcionar análises e notificações oportunas de casos confirmados no laboratório de doenças entéricas no Canadá. Também fornece informação para integração com os esforços nacionais e internacionais a fim de monitorar e limitar a difusão de microrganismos entéricos patogênicos. O NESP está funcionando desde abril de 1997 e proporciona informes semanais as partes interessadas do país. O informe destaca surtos conhecidos e investigações atuais, especialmente aquelas que podem ser de importância nacional. Também indicam aumentos estatísticos importantes em número de isolamentos nas província e nacionalmente. O diagrama seguinte representa o fluxo de informação do sistema de vigilância de doença entéricas no Canadá. Setor de Epidemiologia Setor de Laboratório Registro Nacional de Notificação de Doenças (RNND) Programa Nacional de Vigilância Entérica (NESP) Ministério da Saúde da Província Laboratório Nacional de Microbiologia Unidade de Saúde Local Laboratório de Referência da Província Laboratório Local Clínica Geral População Figura 1. Vigilância de Doenças Entéricas do Canadá Geralmente, o número de casos reportados pelos setores de laboratório e epidemiologia são diferentes. Considera-se mais confiável o setor de epidemiologia do sistema de vigilância, pelo fato que, a legislação da província requer a notificação destes dados dos laboratórios e das unidades locais de saúde. No setor de laboratório, apenas novos casos devem ser reportados ao NESP. Caso recebam amostras múltiplas ou isoladas de um único paciente, só se relata a primeira identificação de um patógeno. Todas as identificações idênticas de um único paciente durante um período de três meses são consideradas como um único caso e devem ser notificadas apenas uma vez. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 4 Versão do Aluno Parte II. Salmonella Heidelberg no Canadá Salmonella Heidelberg constitui um grande problema de saúde pública no Canadá e se alterna com a Salmonella Enteritidis como o segundo ou terceiro sorotipo de Salmonella mais prevalente em infecções humanas. O NESP resume os seguintes dados para casos confirmados nos laboratórios de salmoneloses no Canadá de 2000 a 2005. Tabela 1. Isolamentos de Salmonella por sorotipo em laboratório, ano de notificação, e estimativa da população, Canadá, nos anos de 2000 a 2005. SOROTIPO 2000 Typhimurium 1267 Enteritidis 1192 Heidelberg 741 Hadar 292 Outros 2368 sorotipos Total 5860 População do 30.590.600 Canadá Ano de notificação 2001 1299 1237 821 245 2745 2002 1250 1000 1086 258 2662 2003 1104 685 1091 194 2337 2004 1107 991 942 149 2190 2005 1058 1750 712 168 2408 6347 30.922.100 6256 31.272.000 5411 31.558.600 5379 31.842.800 6096 31.974.970 NESP data 2000-2005: http://www.nml-lnm.gc.ca/english/NESP.htm A taxa de incidência de isolamentos confirmados no laboratório de S. Heidelberg e S. Enteritidis para o Canadá durante os anos de 2000-2005 foram calculados e se apresentam no gráfico seguinte. Tabela 2. Taxa de incidência por 100.000 habitantes para S. Heidelberg e S. Enteritidis no Canadá, nos anos de 2000 a 2005. S. Heidelberg S. Enteritidis TAXA DE INCIDÊNCIA POR 100.000, POR ANO DE NOTIFICAÇÃO 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2,42 2,65 3,47 3,46 2,96 2,23 3,89 4,00 3,19 2,17 3,11 5,47 Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 5 Versão do Aluno Incidencia/100,000 casos confirmados en laboratorio 6 5 Heidelberg Enteritidis 4 3 2 1 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 AÑO DE NOTIFICACIÓN Figura 2. Incidência de casos de Salmonella Heidelberg e Salmonella Enteritidis por ano de notificação por população de 100.000, Canadá, de 2000 a -2005. A incidência de isolamentos de S. Heidelberg recuperados dos casos notificados foi mais alta do que os isolamentos de S. Enteridis de 2002 a 2003. Em 2004 se observou uma diminuição acentuada da incidência de S. Heidelberg e aumento da incidência de S. Enteritidis no nível nacional. Uma revisão de surtos por alimentos notificados nos Estados Unidos indicou que de 2260 surtos de Salmonella, 3% foram causados por S. Heidelberg. Os lugares notificados onde ocorreram os surtos incluem clínicas, hospitais e na comunidade em geral. No entanto, pouco se sabe sobre esta doença nos humanos já que raramente informações sobre investigações dos surtos são publicados. Internacionalmente, S. Heidelberg parece ser um sorovar principalmente Norte Americano. Na Europa e na América do Sul, os sistemas de vigilância e dados reportados ao Global Salm-Surv de amostras de animais e humanos não indicaram o isolamento deste sorovar em seus países no ano de 2005. Salmonella Heidelberg tem sido associada com infecções extra-intestinais, septicemia e miocardite. No Canadá, informações de casos invasivos foram notificados ao Programa Nacional de Vigilância Entérica que mostraram que esse sorotipo de Salmonella é freqüentemente isolada do sangue. Semelhantemente, uma revisão sobre infecção invasiva por Salmonella nos Estados Unidos indicou que 11% dos casos de salmonelose invasiva foram causados por S. Heidelberg. Parte III – Estudos epidemiológicos de S. Heidelberg em duas Províncias do Canadá Salmonella Heidelberg é um patógeno transmitido principalmente por alimentos e frequentemente está associada ao consumo de produtos de carne de aves domésticas e Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 6 Versão do Aluno ovos. Em 2003, a província de Quebec observou um aumento no número de casos de S. Heidelberg em comparação a anos anteriores. Realizou-se investigação de uma série de casos para identificar as causas potenciais das doenças. A investigação concluiu que a proporção de casos indicando consumo de nuggets de frango era mais alta que o esperado na população em geral. No ano seguinte, 2004, o número de isolamentos de S. Heidelberg continuou aumentando no Canadá. No final de fevereiro, um grupo da família de S. Heidelberg foi identificado e investigado pelas autoridades de saúde pública da Província de Columbia Britânica. Duas crianças foram hospitalizadas e, depois de sair do hospital, uma delas apresentou sintomas novamente. Posteriormente, outros três membros da mesma família adoeceram. Em um dos casos obtiveram confirmação laboratorial para S. Heidelberg. De acordo com o formulário preenchido quanto ao consumo de alimentos, as autoridades sanitárias coletaram amostras de restos de alimentos que foram identificados como fontes potenciais de infecção. As análises confirmaram que os nuggets de frango processados e congelados estavam contaminados com S. Heidelberg. De janeiro a abril de 2004, o número total de casos de S. Heidelberg notificados na Columbia Britânica não excedia o número esperado para o período, exceto durante uma semana no final de fevereiro, quando um grupo da família da S. Heidelberg foi identificado. Apesar da ausência de um surto, os investigadores questionaram casos diagnosticados com S. Heidelberg na mesma época da família índice. A informação coletada nas entrevistas indicou que muitos casos também notificavam consumo de nuggets ou tiras de frango durante o período de incubação para salmoneloses. Parte IV – Estudo de caso-controle de Salmonella Heidelberg no Canadá. Autoridades da Columbia Britânica realizaram estudo de caso-controle. Estes foram definidos como residentes na Columbia Britânica com infecção confirmada em laboratório de 01 de janeiro a 01 de abril de 2004. Os controles foram selecionados para entrevista por meio do primeiro/último dígito telefônico das residências dos casos. Esta investigação mostrou uma associação entre o consumo de nuggets, tiras de frango e S. Heidelberg. Com base nestes resultados, os investigadores da Agência de Saúde Pública do Canadá iniciaram um estudo nacional de caso-controle pareado para identificar fatores de risco de infecções de S. Heidelberg no Canadá. Foi de especial interesse a associação potencial entre a infecção e o consumo de nuggets e tiras de frango, segundo observou-se nas províncias de Quebec e Columbia Britânica. Os casos foram definidos como infecções de S. Heidelberg confirmados em laboratório em residentes do Canadá entre 01 de janeiro e 31 de maio de 2004 que não haviam viajado para fora do Canadá na semana anterior da doença. Casos que haviam participado do estudo de Columbia Britânica foram excluídos do estudo. Os controles foram selecionados para entrevista por meio do primeiro/último dígito telefônico das residências dos casos. O formulário utilizado durante o estudo na Columbia Britânica foi aumentado e traduzido para o francês. Os investigadores coletaram informações dos casos sobre as doenças e exposições a alimentos durante a semana prévia do início dos Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 7 Versão do Aluno sintomas, informações sobre como os produtos processados de frango foram percebidos (crus ou pré-cozidos), manipulados, armazenados e preparados, e expostos a outros fatores de risco potencial. Autoridades em seis províncias e um território entrevistaram um total de 95 pareamentos com início dos sintomas de 15 de outubro 2003 a 28 de maio de 2004. A tabela seguinte contém informações dos sintomas apresentados pelos casos entrevistados. Tabela 3. Frequência dos sintomas relatados pelos casos de S. Heidelberg SINTOMAS FREQUÊNCIA PERCENTAGEM (N=95) 84 76 62 40 32 28 31 Diarréia Febre Cãimbras Abdominais Náusea Vômito Dor de cabeça Diarréia com sangue (%) 88 80 65 42 33 29 33 Quarenta e sete por cento dos casos foram hospitalizados com uma permanência média de 5 dias. Salmonella Heidelberg foi isolada em amostra de sangue em 29% dos casos. Além de descrever os sintomas dos casos, os investigadores procederam as análises dos dados coletados sobre a exposição aos nuggets e tiras de frango e outras exposições potenciais coletadas por meio do estudo de caso-controle. Tabela 4. Fatores de risco potencial para infecção com S. Heidelberg em participantes de um estudo nacional de caso-controle, no Canadá, de 01 janeiro a 31 maio de 2004. EXPOSIÇÃO Nuggets de frango Tiras de frango Nuggets de frango e/ou tiras Ovos mal cozidos Suco de maçã Amêdoas Torradas francesas EXPOSIÇÃO NA SEMANA ANTES DO INÍCIO/ENTREVISTA Pareamento de Odds 95% IC Valor-p Ratio 3.2 1.5-6.8 0.0009 6.8 1.9-38.1 0.0009 3.8 1.7-8.2 0.0002 5.5 1.75 1.1 1.33 1.2-51.1 0.34-1.87 0.47-2.59 0.46-3.84 0.0225 0.15 0.3 0.8 As análises finais concluiram que era mais provável que os casos que haviam consumido nuggets ou tiras de frango preparadas em casa e ovos mal cozidos tiveram maior probabilidade de adoecer que os controles. Informação adicional coletada sobre a Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 8 Versão do Aluno manipulação de alimentos indicou que os consumidores não produziram, manipularam ou prepararam estes alimentos crus, não processados como deveriam. Devido à coloração morrom destes produtos envolvidos em farinha de rosca, muitos consumidores acreditam que estes estão cozidos, mas na realidade a maioria está cru ou parcialmente cozido. Existe uma falsa percepção do estado dos produtos de frangos processados e congelados, já que a maioria deles estão crus ou parcialmente cozidos quando são vendidos ao consumidor. Os resultados de todas estas investigações tem contribuído para um acréscimo nas Regulamentações de Alimentos e Drogas do Canadá que requerem obrigatoriamente que as rotulagens contemplem a manipulação segura em carne moída crua e produtos de frango que aparentam estar cozidos. Isso também conduz a uma mudança nos requisitos para as rotulagens, de maneira que todos os produtos que tenham aparência de cozidos, mas estão crus, devam incluir o aviso “não cozido ”na rotulagem do produto. Apesar da investigação sobre a fonte de exposição da S. Heidelberg no Canadá ter sido completada, os investigadores ficaram intrigados como os casos descobertos por este estudo tinham mais probabilidade de ter recebido confirmação do laboratório por meio de cultura de sangue comparado com todos os casos de S. Heidelberg relatados nacionalmente. Foi preocupante a alta percentagem de casos que necessitaram de hospitalização. Ao revisar a informação dos casos nos questionários e formulários do hospital, os investigadores identificaram vários casos invasivos nos quais os tratamentos com antimicrobianos de primeira linha não obtiveram êxito, levando ao tratamento com outros antimicrobianos, que normalmente não seriam utilizados para salmoneloses. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 9 Versão do Aluno Salmonella Heidelberg no Canadá PARTE II Estudo de caso em sala de aula. VERSÃO DO ALUNO. Investigadores originais: Surtos: Andrea Currie1, Laura MacDougall2, Jeff Aramini3, Collette Gaulin4, Murray Fyfe2, Lorraine McIntyre5, Ana Paccagnella5, Keir Cordner6, Alan Kerr6, Rafiq Ahmed7, Sandy Isaacs3. Vigilância de resistência antimicrobiana: Rita Finley3, Kathryn Doré3, Lucie Dutil8, Lai King Ng7, Richard Reid-Smith8, Rebecca Irwin8 and the CIPARS Collaborative 1 Canadian Field Epidemiology Program, Public Health Agency of Canadá Epidemiology Services, British Columbia Centre for Disease Control 3 Center for Foodborne, Enviromental and Zoonotic Infectious Diseases, Public Health Agency of Canada 4 Ministére de la Santé et des Services Sociaux, Direction de la protection de lá santé publique 5 Laboratoty Services, British Columbia Centre for Disease Control 6 Vancouver Island Health Authority 7 Nacional Microbiology Laboratory, Public Health Agency of Canada 8 Laboratory for Foodborne Zoonoses, Public Health Agency of Canada 2 Estudo de caso e guia do instrutor criado por: Rita Finley, MSc Revisado por: Tom Chiller, MD, PhD, Enrique Pérez, DVM, PhD, Richard Reid-Smith, DVM DVSc, Kathryn Doré, MGSc, Lucie Dutil DVM MSc NOTA: Este estudo de casos se baseia em investigação real realizada no Canadá de 2002 a 2004 e publicado no Journal of Food Protection e no Epidemiology and Infection Journal e os dados relativos á vigilância foram publicados em informes anuais. Alguns aspectos destas investigações foram modificados para ajudar a realizar os objetivos desejados no ensino e alguns detalhes têm sido formulados para continuidade da narrativa. Traduzido e revisado por: Márcia de Cantuária Tauil, Adriana Oliveira Santos e Greice Madeleine Ikeda do Carmo; Coordenação de Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar/ Secretaria de Vigilância em Saúde/ Ministério da Saúde do Brasil. Público alvo: profissionais da saúde pública (médicos, enfermeiros, veterinários, biólogos), microbiologistas, especialistas em saúde ambiental e estudantes com conhecimentos básicos de epidemiologia. Nível do estudo de caso: Avançado Material necessário para o estudo: papel e calculadora Tempo necessário: 3 horas Idioma: Português Materiais de treinamento custeados por: Public Health Agency of Canada (Center for Foodborne, Environmental and Zoonotic Infectious Diseases e Laboratory for Foodborne Zoonoses); Centers for Disease Control and Prevention e Pan-American Health Organization. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 10 Versão do Aluno VERSÃO DO ALUNO Salmonella Heidelberg no Canadá. Objetivos de aprendizagem: Ao término do estudo deste caso o estudante deve estar capacitado para: 1) Discutir como os dados relativos à resistência antimicrobiana podem ser usados para o desempenho da saúde pública. 2) Compreender a estrutura e as necessidades de um sistema integrado de vigilância. Parte I – Resistência Antimicrobiana de Microrganismos Entéricos Os antimicrobianos são substâncias que matam ou inibem o crescimento de microrganismos. No entanto, em alguns casos, por meio de mutações ou aquisição de novos elementos genéticos, certos organismos desenvolvem mecanismos de proteção que lhes capacita à sobrevivência quando são expostos aos antimicrobianos. Estes microrganismos resistentes aos antimicrobianos podem multiplicar-se e difundir-se. Eventualmente, o antimicrobiano original pode tornar-se ineficaz no tratamento de infecções causadas por estas cepas resistentes. No entanto, é importante observar que quando falamos de resistência antimicrobiana, é o microrganismo (bactérias, vírus, fungos, etc.) que é resistente ao antimicrobiano e não o antimicrobiano ou o paciente. Perguntas 1. Liste as áreas onde se utilizam os antimicrobianos e descreva para que são usados. ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 11 Versão do Aluno ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ O extenso uso de antimicrobianos representa uma fonte ampla de exposição para os humanos a microorganismos potencialmente resistentes a antimicrobianos, incluindo a rota de transmissão da granja a mesa de bactérias resistentes que se encontram em animais para alimentação (Figura 1). Na medicina humana e na veterinária, a prescrição prudente e o consumo apropriado de antimicrobianos deveriam minimizar a probabilidade de desenvolvimento de resistência antimicrobiana. No entanto, os médicos e veterinários podem prescrever medicação sem realizar provas para identificar os microrganismos causadores da doença, a qual se for ocasionada por um vírus, não será afetada pelo uso de antimicrobianos. Em outros casos, quando as doses dos tratamentos são incorretas, a duração dos tratamentos é inadequada ou não são tomados de forma apropriada, os antimicrobianos selecionados têm propriedades farmacocinéticas subestimadas (não chega a uma concentração apropriada no sítio de infecção, a meia vida é longa, a qual leva a bactéria entérica a estar exposta a uma concentração baixa de antimicrobiano por vários dias, etc.) Na medicina veterinária, a “necessidade” de se tratar um grupo de animais em vez de se tratar individualmente (só o animal infectado), ou a utilização dos antimicrobianos para promover o crescimento do animal, levam a utilização de quantidades grandes de drogas, o qual aumenta a possibilidade de selecionar cepas resistentes. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 12 Versão do Aluno AQUACULTURA Nadar Lagos /Oceanos Agua Potável Agua Potável Efluente de Agricultura e Difusão de Adubo Residuos Animais Animais Mortos Rios TERRA Aguas Residuais FAUNA Despojos Vegetação , Colheita , Frutas SUÍNOS Alimentos OVELHAS para Animais BEZERRO Químicos Antibacterianos Industriais e Domésticos HUMANO BOVINOS ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL AVES Matadouros Comércio / Carnes Processamento de Plantas Manipulação Preparação Consumo HOSPITALIZADO COMUNIDADE - URBANA -RURAL SERVIÇOS DE OUTRAS CRIAÇÕES ATENÇÃO PROLONGADA ANIMAIS DOMÉSTICOS Contato Direto Linton AH (1977), modificado por Irwin RJ Figura 1: Epidemiologia de vigilância antimicrobiana. Geralmente, a flora bacteriana normal atua como uma barreira para prevenir a colonização dos intestinos com organismos potencialmente patógenos. O uso de antimicrobianos pode modificar a ecologia normal da flora intestinal, que resulta na colonização com microrganismos resistentes a antimicrobianos. Estes microrganismos resistentes também podem, às vezes, mudar genes e transferir resistência a flora bacteriana normal. Nem todos os genes são transferíveis e as mudanças são muito mais comuns dentro do mesmo gênero de bactéria, mas mudanças entre diferentes gêneros bacterianos podem ocorrer. As conseqüências da flora bacteriana normal desenvolver resistência antimicrobiana ou se infectar com bactéria resistente, pode ter sérios resultados e sofre influência pela idade da pessoa, situação do sistema imune ou virulência do organismo causador da doença. A alta prevalência da bactéria comensal resistente contribui para a disseminação e aumento da resistência bacteriana em comunidades locais e ao redor do mundo. Não só podem ser depósitos de genes resistentes para outras bactérias comensais ou entéricas patogênicas, mas também podem ser fonte de genes para outros tipos de bactérias como os patógenos respiratórios. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 13 Versão do Aluno Perguntas 2. Quais são as ameaças que a resistência antimicrobiana apresenta para a saúde humana? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Durante a investigação nacional do surto de S. Heidelberg, os investigadores encontraram que 47% dos casos haviam sido hospitalizados com salmonelose aguda. Destes, 17 casos receberam tratamento com ciprofloxacin, uma fluoroquinolona que se utiliza freqüentemente como tratamento de primeira linha para infecções extra-intestinais de Salmonella. Vinte oito casos foram tratados com ceftriaxona, uma cefalosporina de terceira geração que se utiliza freqüentemente em crianças e mulheres grávidas. Entre os tratados com ceftriaxona, 46% (13/28) tiveram falha no tratamento, obrigando os médicos a utilizarem outras drogas, incluindo o ciprofloxacin, o qual é um antimicrobiano não recomendado para uso nestas categorias de pacientes. Este alto e inesperado nível de falha do tratamento conduziu a maiores investigações dos motivos potenciais para o nível de resistência dos agentes para cefalosporina. Pergunta 3. Quais outros tipos de informações você quer revisar para determinar prováveis fontes de resistência? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 14 Versão do Aluno ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 15 Versão do Aluno Parte II – Vigilância de Resistência Antimicrobiana no Canadá e Salmonella Heidelberg. A resistência antimicrobiana continua sendo um assunto crítico da saúde pública, sendo necessário sistemas nacionais de vigilância, completos e integrados, que possam medir o impacto da resistência antimicrobiana na saúde pública e o impacto de qualquer intervenção. Alguns países, incluindo Dinamarca, os Estados Unidos e Canadá têm estabelecido sistemas de vigilância integrados que coletam informações sobre diferentes patógenos e organismos comensais de animais, alimentos e humanos. No Canadá, o CIPARS - Programa Integrado do Canadá para Vigilância de Resistência Antimicrobiana - (Canadian Integrated Program for Antimicrobial Resistance Surveillance) é um programa nacional dedicado a coleta, integração, análise e comunicação de tendências no uso de antimicrobianos e de desenvolvimento de resistência em microrganismos bacterianos selecionados de humanos, animais e fontes de alimentos derivados de animais no Canadá. O responsável pela realização dessa vigilância é parte do Laboratório Nacional de Microbiologia, o Laboratório de Zoonoses por Alimentos e o Centro de Doenças Infecciosas por Alimentos, Ambiente e Zoonoses da Agência de Saúde Pública do Canadá. CIPARS coleta informações sobre resistência antimicrobiana e o uso de antimicrobianos nas populações humana e animal (Figura 2). Todos os dados coletados para o componente humano são conduzidos por vigilância passiva e somente para isolamentos clínicos de Salmonella. Todos os isolamentos recebidos pelos laboratórios das cinco províncias com menor população são enviados ao Laboratório Nacional de Microbiologia, enquanto que as províncias com maior população enviam isolamentos recebidos do 1° ao 15° dia de cada mês. Isto assegura um equilíbrio adequado entre a necessidade de um plano de amostra com maior validez estatística e o trabalho adicional imposto aos laboratórios das províncias. No componente animal e de alimentos, a informação é coletada por meio da vigilância passiva e ativa, como se pode ver na figura abaixo. Os patógenos e microrganismos comensais que são isolados e testados variam por espécie animal e incluem a Salmonella, Camylobacter spp., E. coli e Enterococcus spp. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 16 Versão do Aluno Figura 2. Vista geral do Programa Integrado do Canadá para Vigilância de Resistência Antimicrobiana (CIPARS) Durante o surto nacional de S. Heidelberg, os isolamentos recebidos dos laboratórios provínciais foram enviados ao Laboratório Nacional de Microbiologia para provas de suscetibilidade. Ao mesmo tempo, o componente animal do programa estava em curso, coletando e testando isolamentos de Salmonella de ceco de frango em matadouro e frango coletado do varejo nas mercearias. Os epidemiologistas da investigação tinham conhecimento do programa do CIPARS e dos dados que eles coletavam. Devido aos altos níveis de falha do tratamento e hospitalização, eles decidiram entrar em contato com a CIPARS e solicitar assistência para obter mais informações sobre resistência dos casos e dos produtos de frango que eles pesquisam rotineiramente em seu programa. A tabela 1 indica um resumo dos resultados de resistência antimicrobiana para isolamentos humanos relacionados aos surtos nacionais. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 17 Versão do Aluno Tabela 1 – Dados para casos hospitalizados (n=45) do surto nacional de S. Heidelberg por província e modelo de resistência antimicrobiana observada. NÚMERO DE CASO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 PROVÍNCIA IDADE 2 69 88 2 2 4 73 7 72 10 3 4 25 1 1 6 32 18 19 20 21 22 23 Ontário New Brunswick Alberta Quebec British Columbia Manitoba Ontário British Columbia Quebec Ontário Ontário Quebec Ontário British Columbia Alberta Quebec Prince Edward Island Quebec Alberta British Columbia Ontário Quebec British Columbia TIPO FAGO 29 4 29 29 4 6 29 4 6 29 53 4 13 32 53 29 4 TRX CRO CIP CIP CRO CRO CRO CRO CRO CIP CRO CRO CRO CIP CRO CRO CRO CRO FALHA DO TRATAMENTO Sim Não Não Sim Não Não Sim Não Não Sim Não Não Não Não Não Sim Não 29 10 2 6 61 78 29 53 4 41 29 29 CIP CRO CRO CRO CRO CRO Não Não Não Não Não Sim 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 Alberta Manitoba Ontário British Columbia Saskatchewan Newfoundland Ontário Quebec Alberta British Columbia 4 36 3 45 8 70 66 5 20 77 4 32 29 29 6 4 32 29 4 54 CRO CIP CRO CIP CRO CIP CIP CRO CIP CRO Não Não Sim Não Não Não Não Sim Não Sim 34 35 19 55 6 6 CIP CIP Não Não 36 37 38 39 40 41 42 43 44 Manitoba Prince Edward Island Nova Scotia British Columbia Quebec Alberta Ontário Quebec Ontário Ontário British Columbia 15 20 4 61 4 9 4 25 84 4 32 6 4 29 29 29 54 29 CIP CIP CRO CIP CRO CRO CRO CIP CRO Não Não Não Não Sim Sim Sim Não Sim 45 Quebec 20 29 CIP Não PADRÃO DE RESISTÊNCIA AMC, AMP, CEP, FOX, TIO, TCY CHL AMC, AMP, CEP, FOX, TIO AMC, AMP, CEP, CRO, FOX, TIO, No se observó Resistencia TCY AMC, AMP, CEP, CRO, FOX, TIO No se observó Resistencia GEN, SMX AMC, AMP, CEP, CRO, FOX, TIO AMC, SMX, CHL No se observó Resistencia AMP, FOX AMP, CHL, CEP AMP, SMX, CHL AMC, AMP, CEP, CRO, FOX, TIO No se observó Resistencia AMC, AMP, CEP, CRO, FOX, TIO CHL, STR, SMX, TCY No se observó Resistencia GEN, SMX AMC, AMP, CEP, CRO, FOX, TIO AMC, AMP, CEP, CHL, FOX, STR, SMX, TCY, TIO No se observó Resistencia No se observó Resistencia AMC, AMP, FOX, TIO AMC, AMP, CRO, FOX, TIO CEP, STR No se observó Resistencia No se observó Resistencia AMC, AMP, CRO, FOX, TIO No se observó resistencia AMC, AMP, CHL, CRO, STR, SMX, TCY, FOX, TIO CEP, STR No se observó resistencia No se observó resistencia AMP, CHL, CEP No se observó resistencia No se observó resistencia AMC, AMP, CRO, FOX, TIO AMC, AMP, CRO, FOX, TIO AMC, AMP, CRO, FOX, TIO AMC, AMP, CEP AMC, AMP, CHL, CRO, FOX, STR, SMX, TCY, TIO AMP, CHL, STR, SMX, NAL Nota: TRX=tratamento. Nesta tabela, falha de tratamento inclui resposta tardia no tratamento. AMC=amoxilina-ácido clávulanico, AMP=ampicilina, CEP=cefalothina, CHL=cloranfenicol, CRO= ceftriaxona, FOX=cefoxitina, TIO=ceftiofur, AMP=ampicilina, TCY=tetraciclina, CHL=chloranfenicol, GEN=gentamicina, SMX=sulfametoxazol, CEP=cefalotina, STR=estreptomicina. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 18 Versão do Aluno Pegunta 4: Faça um resumo da informação apresentada sobre os casos hospitalizados. Existem alguns padrões de resistência específico ou resistência a um antimicrobiano específico que podem estar relacionados à falha do tratamento nesses casos? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 19 Versão do Aluno ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Em 2003 e 2004, amostras cecais coletadas de matadouros de frango inspecionados por autoridades federais e carne de frango comprada em lojas do varejo, foram submetidas a provas de contaminação por S. Heidelberg e resistência antimicrobiana. Devido a restrições financeiras do programa, a amostra representativa de varejo foi focada em duas das províncias do Canadá com maior população: Ontário e Quebec. Amostras de varejo foram compradas em apenas duas províncias: Ontário e Quebec. As duas tabelas seguintes resumem a informação coletada de componentes de animal e alimento do CIPARS em 2003 e 2004. Tabela 2. Resumo do isolamento de Salmonella retirada de amostras cecais coletadas em matadouros nacionais, Canadá, 2003-2004. Sorotipos Heidelberg Kentucky Hadar Infantis Thompson I:4,5,12:I:Schwarzengrund Sorotipos menos comuns 2003 (n=126) 63 (50,0%) 18 (14,3%) 15 (11,9%) 5 (4,0%) 4 (3,2%) 3 (2,4%) 3 (2,4%) 15 (11,9%) Sorotipos Heidelberg Kentucky Enteritidis Schwarzengrund Hadar Agona Infantis Thompson Kiambu Typhimurium Sorotipos menos comuns 2004 (n=142) 51 (35,9%) 35 (24,6%) 9 (6,3%) 6 (4,2%) 5 (3,5%) 4 (2,8%) 4 (2,8%) 4 (2,8%) 3(2,1%) 3 (2,1%) 18 (12,7%) Tabela 3. Resumo do isolamento de Salmonella retiradas de amostras de frango compradas em lojas de varejo em Ontário e Quebec, Canadá, 2003-2004. Sorotipos 2003 Sorotipos 2004 Ontário (n=26) Ontário (n=55) Heidelberg 19 (73,1%) Heidelberg 32 (58,2%) Kentucky 3 (11,5%) Kentucky 10 (18,2%) Agona 2 (7,4%) Hadar 3 (5,5%) I:ROUGH-O:r,1,2 1 (3,8%) Enteritidis 2 (3,6%) Infantis 1 (3,8%) Infantis 2 (3,6%) Thompson 1 (3,8%) Sorotipos menos comuns 6 (10,9%) Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 20 Versão do Aluno Quebec (n=28) Heidelberg Hadar Kentucky Agona I:6,8:z10:Schwarzengrund Thompson Quebec (n=52) 20 (71,4%) 2 (7,1%) 2 (7,1%) 1 (3,6%) 1 (3,6%) Heidelberg Kentucky Hadar Agona Typhimurium var. Copenhagen 1 (3,6%) Sorotipos menos comuns 1 (3,6%) 28 (53,8%) 9 (17,3%) 5 (9,6%) 3 (5,8%) 2 (3,8%) 5 (9,6%) Pergunta 5. Revisar a informação de sorotipos de Salmonella coletados de frangos, representadas nas tabelas 2 e 3. Quais são as conclusões que se pode formular desta informação? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 21 Versão do Aluno ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Dados coletados de diferentes programas de vigilância e de iniciativas de pesquisa em agroalimentos podem ser muito valiosos para dar indicação de assuntos especiais identificados nas investigações de surtos, como acompanhamento de casos ou de sistemas de vigilância vigente. Neste caso, a informação coletada por meio do programa do CIPARS tem permitido algumas idéias sobre o que ocorre dentro de indústrias avícolas referente à resistência antimicrobiana e contaminação por Salmonella. No entanto, enquanto uma pode chegar a conclusões de dados animais referentes ao o que está sendo observado na população humana, deve-se ter cautela, já que as metodologias e objetivos usados por outros programas de coleta de dados deveriam sempre ser levados em consideração, uma vez que eles podem ter impacto na interpretação dos achados. No caso do CIPARS, o objetivo principal de se recuperar isolamento de Salmonella de matadouro de diferentes produtos, frango, neste caso, é oferecer dados nacionais anuais representativos e válidos de resistência antimicrobiana de bactéria. O objetivo principal do componente do matadouro é coletar um número de amostras cecais necessárias para produzir um total de 150 cepas isoladas por cada produto e espécies bacterianas para os testes de resistência bacteriana acima de um período de 12 meses. Semelhantemente, no varejo, a amostragem significou produzir 100 cepas isoladas por produto, por bactéria, por província, por ano. Indiretamente, CIPARS também gerou a informação de recuperação. Os dados podem parecer semelhantes aos de outros programas federais destinados a propiciar dados de referência para a contaminação nos Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 22 Versão do Aluno matadouros, por exemplo, enquanto que os métodos de laboratório e projeto de amostragem são diferentes. amoxicilina-acido clavulanico I ceftiofur ceftriaxone ciprofloxacina amikacin ampicilina cefoxitina Vigilancia al detalle - Pollo - Quebec 2003 n=20 kanamycin Vigilancia al detalle - Pollo - Quebec 2004 n=28 II gentamicina nalidixic acid estreptomicina trimetoprima-sulfamethoxazole Vigilancia al detalle - Pollo - Ontario 2003 n=19 Vigilancia al detalle - Pollo - Ontario 2004 n=32 III cefalotin chloranfenicol sulfamethoxazole tetraciclina IV ANTIMICROBIALES DE IMPORTANCIA EN LA MEDICINA HUMANA Os pesquisadores das CIPARS forneceram dados dos padrões de resistência antimicrobiana das cepas de S. Heidelberg obtidos de amostras do varejo coletadas em Ontário e em Quebec de 2003 e 2004. Como pode observar na Figura 3, a maioria da resistência observada foi para ampicilina, amoxicilina-ácido clavulânico, cefoxitina e ceftiofur, que são os principais componentes do padrão observado previamente nos isolamentos humanos de S. Heidelberg. Entre 2003 e 2004 a percentagem de isolamentos de Heidelberg resistentes a estes antimicrobianos permaneceu igual em Quebec, enquanto que aumentou significativamente em Ontário. 0% 20% 40% 60% 80% PORCENTAJE DE AISLADOS RESISTENTES 100% Figura 3. Resistência antimicrobiana individual em isolamentos de Salmonella Heidelberg de amostras de frango em Ontário e Quebec, 2003-2004 – Vigilância no varejo. Mesmo quando os pesquisadores pareciam ter informação suficiente para crer que a resistência presente nas cepas de Heidelberg em produtos de frangos era uma fonte potencial de resistência para casos humanos relacionados ao surto nacional, permaneceram intrigados pela diferença na prevalência dos níveis de resistência em isolamentos de Heidelberg de frango entre as províncias e os anos, e decidiram comparar isolamentos humanos e de frango em Ontário e Quebec nesse período (Figura 4 e 5). Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 23 Versão do Aluno I ceftiofur ceftriaxone ciprofloxacina amikacin ampicilina cefoxitina II gentamicina kanamycin Vigilancia al detalle - Pollo - Ontario 2004 n=32 Vigilancia Pasiva - Humana -Ontario 2004 n=186 nalidixic acid estreptomicina trimetoprima-sulfamethoxazole Vigilancia al detalle - Pollo - Ontario 2003 n=19 Vigilancia Pasiva - Humana - Ontario 2003 n=172 cefalotin III ANTIMICROBIALES DE IMPORTANCIA EN LA MEDICINA HUMANA amoxicilina-acido clavulanico chloranfenicol sulfamethoxazole IV tetraciclina 0% 20% 40% 60% 80% PORCENTAJE DE AISLADOS RESISTENTES 100% Figura 4. Resistência antimicrobiana individual em isolamentos de Salmonella Heidelberg de humanos e amostras de frango no varejo em Ontário, 2003-2004. amoxicilina-acido clavulanico ANTIMICROBIALES DE IMPORTANCIA EN LA III MEDICINA HUMANA II I ceftiofur ceftriaxone ciprofloxacina amikacin ampicilina cefoxitina gentamicina kanamycin nalidixic acid estreptomicina Vigilancia al detalle - Pollo - Quebec 2004 n=28 Vigilancia pasiva - Humana -Quebec 2004 n=116 Vigilancia al detalle - Pollo - Quebec 2003 n=20 Vigilancia pasiva - Humana - Quebec 2003 n=167 trimetoprima-sulfamethoxazole cefalotin chloranfenicol sulfamethoxazole IV tetraciclina 0% 20% 40% 60% 80% PORCENTAJE DE AISLADOS RESISTENTES 100% Figura 5. Resistência antimicrobiana individual em isolamentos de Salmonella Heidelberg em humanos e amostras de frango no varejo em Quebec, 2003-04. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 24 Versão do Aluno Pergunta 6. Revise e descreva os dados apresentados nas Figuras 4 e 5 com referência a resistência a ampicilina, amoxicilina-ácido clavulânico, cefoxitina e ceftiofur. ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ O uso da ceftiofur tem sido identificado como um fator potencial de risco que tem causado a resistência observada em frangos de 2003 a 2004. Devido à falta de informação sobre o uso de antimicrobianos a nível animal, é difícil determinar se os níveis de consumo e o modo/razão para o uso de antimicrobiano são as causas principais para tal resistência. Ao mesmo tempo, como foi mencionado anteriormente, um dos principais fatores de risco para o aumento da resistência para ceftiofur em humanos, poderia ser o uso de cefalosporinas de terceira geração. No entanto, os dados coletados sobre o uso de antimicrobianos tem demonstrado que o consumo deste grupo de antimicrobianos tem diminuído nos últimos anos nas províncias, conduzindo os pesquisadores a acreditarem que o principal fator de risco possa estar relacionado com os alimentos. Pergunta 7. Quais seriam suas recomendações para compreender e monitorar melhor este assunto? _____________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 25 Versão do Aluno ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Parte III. Epílogo Segundo o que foi observado nas investigações dos dois surtos apresentados neste estudo de caso e em estudo publicado por Hennesy et al (2004), o consumo de produtos de frango e ovos são considerados fatores de risco para infecções de Salmonella Heidelberg no Canadá e nos Estados Unidos. É preocupante que aumento da severidade da infecções possa ser atribuída a infecções com microrganismos resistentes. No Canadá, os dados de vigilância da CIPARS para 2003-2004 revelaram uma prevalência significativa e crescente para a resistência ao ampC (resistência a betalactâmicos) em S. Heidelberg isolados de amostras humanas e frangos. Em 2004, o padrão de resistência (AMC-AMP-FOX-TIO) foi encontrada em 48% de carne de frango do varejo e 26% de cepas humanas de S. Heidelberg. A susceptibilidade reduzida a ceftriaxona, cefalosporina de terceira geração, tem aumentado de 8% em 2003 para 26% em 2004 entre isolamentos humanos de S. Heidelberg. Uma importante hipótese para o aumento em padrão de resistência (AMC-AMPFOX-TIO) observada no Canadá, é que o uso de ceftiofur em aves domésticas contribui para resistência desta bactéria em frangos e estes microrganismos se disseminam nos humanos pelo consumo e contato direto com as aves. Biologicamente, esta hipótese parece plausível devido às rotas de transmissão. Existe evidência sugerindo que esta situação é relativamente recente em humanos nos últimos 5-6 anos, mas os dados históricos da resistência antimicrobiana necessitam ser verificados. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 26 Versão do Aluno Em contraste com outras partes do mundo, freqüentemente a S. Heidelberg se encontra envolvida em infecções clínicas em humanos no Canadá. O aumento da resistência a betalactâmicos entre as cepas humanas e a emergência de cepas multiresistentes causa preocupação devido a possibilidade de redução da eficácia de várias drogas, especialmente as de cefalosporina de terceira geração nos tratamentos de salmoneloses extra-intestinal no Canadá. Ceftriaxone, uma cefalosporina de terceira geração, é uma das últimas opções antimicrobianas para o tratamento de salmoneloses extra-intestinais em crianças, já que as fluoroquinolonas não possuem indicação para uso em crianças no Canadá. Apesar da falta de indicação, as fluoroquinolonas estão sendo cada vez mais utilizadas em crianças. No entanto, o alto nível de resistência a cefalosporina de terceira geração em sorotipo invasor segue sendo motivo de preocupação. Nos primeiros meses de 2005, os criadores da província de Quebec suspenderam de forma voluntária o uso de ceftiofur em ovos e frangos de um dia. O impacto desta suspensão voluntária se descreve nos dados abaixo. Suspensão voluntária em Quebec* 80% Uso de cefalosporinas de tercera generacion en humanos 0.2 0.18 Cepas de S. Heidelberg en pollo al detalle 70% 60% 0.16 Cepas de E. coli en pollo al detalle 0.14 50% 0.12 0.1 40% 0.08 30% 0.06 20% 0.04 10% 0.02 0% 0 1 2 3 2000 4 1 2 3 2001 4 1 2 3 2002 4 1 2 3 4 2003 1 2 3 2004 4 1 2 3 4 1 2005 2 3 4 2006 Año y trimestre *suspensão voluntária de ceftiofur usado por criadores em Quebec, em fevereiro de 2005. Figura 6. Últimos três trimestres a média de percentagem de cepas resistentes a ceftiofur para E. Coli em frangos de varejo, cepas de S. Heidelberg em frangos de varejo e amostras clínicas em humanos, e o uso trimestral de cefalosporinas de terceira geração dispensados nas farmácias de Quebec. Setembro 2008 DDD por 1000 habitantes-dias Porcentaje de cepas resistentes a ceftiofur Cepas de S. Heidelberg en personas Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 27 Versão do Aluno A Figura 6 mostra a marcada diminuição da prevalência de S. Heidelberg resistente a ceftiofur isolados de frangos e humanos e de E. coli isoladas de frango após a suspensão voluntária da utilização de ceftiofur em criadouros e frangos de um dia em Quebec. A resistência ao ceftiofur em isolamentos de E. coli genérica isoladas de frango é utilizada esta percentagem como indicador substituto para o uso de ceftiofur. Para reduzir a variação devido ao pequeno número de S. Heidelberg e E. coli recuperadas em frango de varejo sobre uma base trimestral, e com a finalidade de utilizar a mesma escala de tempo para todos os dados de resistência ao ceftiofur, os resultados de resistência se apresentam como média móvel nos últimos três trimestres. Os dados disponíveis para 2006 indicam que em Quebec a resistência ao ceftiofur da E. Coli isolada de frango e da S. Heidelberg isolada de casos clínicos em pessoas segue baixando, enquanto isso, a resistência da S. Heidelberg isolada de frangos parece estar estabilizada em torno de 10%. Estima-se que o uso de cefalosporinas de terceira geração em seres humanos nesta província demonstra uma constante tendência de diminuição desde 2000 (com as flutuações estacionais de uso), porém este não se relaciona bem com as flutuações de resistência ao ceftiofur observada em cepas humanas de S. Heidelberg. No entanto, a informação sobre o uso de antimicrobianos não inclui o uso hospitalar de cefalosporinas (dados não estiveram disponíveis no momento das análises). Os dados de resistência de Quebec e Ontário tendem a ser muito similares através do tempo. A falta de dados sobre o consumo de antimicrobianos em frangos de engorda no Canadá, não se pode verificar se a suspensão do uso de ceftiofur em Quebec levou os criadores de frangos de engorda em Ontário a alterar uso deste antimicrobiano. No entanto, a proporção de frangos comercializados em Ontário podem ter sido oriundos de ovos incubados Quebec e algumas carnes de frango de varejo vendido em Ontário podem ser de frangos crescidos em Quebec. Do mesmo modo, uma parte dos frangos produzidos ou adquiridos em Quebec poderiam ter sido originados em Ontário. Estes intercâmbios inter-províncias poderiam explicar algumas das similaridades entre as províncias. Algumas outras contaminações que não por frango podem desempenhar um papel na resistência observada em cepas clínicas humanas de S. Heidelberg. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 28 Versão do Aluno 80% 0.2 Uso de cefalosporinas de tercera generacion en humanos Suspensão voluntária em Quebec Cepas de S. heidelberg en pollo al detalle 70% 0.18 Cepas de S. Heidelberg en personas 0.14 50% 0.12 40% 0.1 0.08 30% 0.06 20% 0.04 10% 0.02 0% 0 1 2 3 2000 4 1 2 3 2001 4 1 2 3 2002 4 1 2 3 4 2003 1 2 3 2004 4 1 2 3 4 1 2005 2 3 4 2006 Año y trimestre Figura 7. Últimos três trimestres a média de percentagem de cepas resistentes a ceftiofur para E. Coli em frangos de varejo, cepas de S. Heidelberg em frangos de varejo e amostras clínicas em humanos, e o uso trimestral de cefalosporinas de terceira geração dispensados nas farmácias de Quebec. Bibliografía Stehr-Green JK. 2004. Salmonella in the Caribbean: A classroom case study. Public Health Agency of Canada. National Enteric Surveillance Program (NESP) Procedures Manual. Accessed November 2006. Chittick P, Sulka A, Tauxe RV, Fry AM. 2006. A summary of national reports of foodborne outbreaks of Salmonella Heidelberg infections in the United States: clues for disease prevention. J Food Prot. 69: 1150-1153. Setembro 2008 DDD por 1000 habitantes-dias Porcentaje de cepas resistentes a ceftiofur 0.16 Cepas de E. coli en pollo al detalle 60% Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 29 Versão do Aluno Wilmshurst P, Sutcliffe H. 1995. Splenic abscess due to Salmonella Heidelberg. Clin. Infect. Dis. 21 : 1065. Burt CR, Proudfoot JC, Roberts M, Horowitz RH. 1990. Fatal myocarditic secondary to Salmonella septicemia in a young adult. J. Emerg. Med. 8: 295-297. Public Health Agency of Canada. NESP Annual Report 2005. Accessed November 2006. Hennessy TW, Cheng LH, Kassenborg H, Ahuja SD, et al. 2004. Egg consumption is the principal risk factor for sporadic Salmonella serotype Heidelberg infections: a casecontrol study in FoodNet sites. Clin Infect Dis. 38 (Suppl 3) : S237-43. MacDougall L, Fyfe M, McIntyre L, Paccagnella A, Cordner K, et al. 2004. Frozen chicken nuggets and strips – a newly identified risk factor for Salmonella Heidelberg infection in British Columbia, Canada. J Food Prot. 67: 1111-1115. Currie A, MacDougall L, Aramini J, Gaulin C, Ahmed R, Isaacs S. 2005. Frozen chickne nuggets and strips and eggs are leading risk factors for Salmonella Heidelberg infections in Canada. Epidemiol Infect. 133: 809-816. Standing Medical Advisory Committee, Sub-group on Antimicrobial Resistance. The Path of Least Resistance. London: Department of Health, 1998. Avorn JL, Barrett JF, Davey PG, McEwen SA, O’Brien TF, Levy SB. Antibiotic resistance: synthesis of recommendations by expert policy groups. Alliance for the Prudent Use of Antibiotics. Geneva: World Health Organization, 2001. Available at: http://www.who.int/drugresistance/Antimicrobial_resistance_recommendations_of_exper t_polic.pdf. Accessed April 22, 2005. Health Canada. Uses of antimicrobials in food animals in Canada: impact on resistance and human health. Report of the Advisory Committee on Animal Uses of Antimicrobials and Impact on Resistance and Human Health. Prepared for the Veterinary Drugs Directorate, Health Canada, 2002. Available at: http://www.hc-sc.gc.ca/dhpmps/alt_formats/hpfb-dgpsa/pdf/pubs/amr-ram_final_report-rapport_06-27_e.pdf. Accessed April 22, 2005. Government of Canada. Canadian Integrated Program for Antimicrobial Resistance Surveillance (CIPARS) 2004. Guelph, Ontário: Public Health Agency of Canada, 2006. Last JM (1995). A Dictionary of Epidemiology. 3rd ed. New York: Oxford University Press, p.180. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 30 Versão do Aluno Apêndice: Resumo de Investigações Originais MacDougall L., Fyfe M, McIntyre L., Paccagnella A, Cordner K, Kerr A, Aramini J. Nuggets e tiras de frango congelado - um fator de risco recente identificado para infecção de Salmonella Heidelberg na Columbia Britânica, Canadá. J Food Prot 2004; 67: 1111-1115. Salmonella entérica var. Heidelberg foi isolada de uma fonte não comum de alimento durante o acompanhamento de rotina de caso, que resultou em uma investigação de casocontrole de nuggets e tiras de frango congelados. A maioria de nuggets e tiras de frango congelados são crus, entretanto, uma fritura parcial deixa uma aparência de cozida. Desta forma, os consumidores não tomarão medidas apropriadas para preparar o alimento. Casos foram confirmados no laboratório entre 01 de Janeiro a 01 de abril de 2003. Os controles foram gerados por transmissão dos dígitos discados (forward-digit dialing) e pareados individualmente por categorias de idade. Entrevistas telefônicas foram conduzidas e amostras de produtos embalados e lacrados foram feitas. Foram entrevistados 18 pares pareados. As probabilidades de infecção foram 11 vezes mais altas em indivíduos que haviam consumido nuggets e tiras de frango congelados e processados (95% intervalo de confiança), l,42 < razão de probabilidade (odds ratio) < 85,20. Um terço dos casos e controles consideraram que os nuggets e tiras de frango congelados estavam pré-cozidos e um quarto utilizou o microondas, que é um método equivocado para cozinhar. Conceitos errôneos dos consumidores contribuem para o risco de infecção. Torna-se necessário o uso de recomendações para identificar nuggets e tiras de frango crus. Currie A, MacDougall L, Aramini J, Gaulin C, Ahmed, Isaacs S. Nuggets e tiras de frango congelados e ovos são os principais fatores de risco de infecção de Salmonella Heidelberg no Canadá. Epidemiol Infect 2005; 133: 809-816. Um estudo de caso-controle foi conduzido de 01 de janeiro a 31 de maio de 2003 para identificar fatores de risco para infecções de S. Heidelberg no Canadá. Os controles foram pareados por grupos de idade e intercâmbio telefônico para 95 casos. Exposições nos 7 dias anteriores da doença/entrevista foram avaliados utilizando regressão logística multivariada condicional.Consumo de nuggets e tiras de frango preparadas em casa [pareamento de razão de probabilidade – matchedodds ratio (mOR) 4,0, 95% intervalo de confiança (IC) l,4-13,8] e ovos mal cozidos (mOR 7,5, 95% IC 1,5-75,5) aumentou o risco de infecção. Exposição a uma granja diminui o risco (mOR 0,22, 95% IC 0,031,00). A fração da população-imputável associada com nuggets e tiras de frango foi de 34% e com ovos mal cozidos foi de 16%. Um terço dos participantes do estudo não percebem que a preparação e manipulação de nuggets e tiras de frango como produtos de risco elevado ainda que a maioria dos produtos no mercado do Canadá estão crus. Estes achados resultaram em mudanças na política de rotulagem de produtos e na educação do consumidor. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 31 Versão do Aluno Glossário Taxas de ataque: Descreve a freqüência da doença em uma situação de surto, é uma medida de risco. Esta taxa é calculada dividindo-se o total do número de casos novos de uma doença específica, notificada durante um tempo específico pela população em risco no começo do período de tempo. Estudo de caso-controle: Um estudo observacional onde um grupo de pessoas com a doença de interesse e grupo de pessoas sem a doença estão envolvidos e suas exposições são identificadas.A diferença de exposição entre os dois grupos indica uma associação entre os expostos e a doença em estudo. Casos são aquelas pessoas que desenvolveram a doença ou um resultado de interesse. Os controle são as pessoas que não desenvolveram a doença ou resultados de interesse no tem em que foram selecionadas. Controle de caso pareado: Neste tipo de estudo, investigadores escolhem um ou mais controles para cada caso os quais tem o mesmo as mesmas características específicas do caso, como idade, gênero, lugar de residência, etc. Isso é usado em situações onde um ou mais fatores de riscos que são suspeitos de ter relação com a exposição e, independentemente, serem um fator de risco para a doença. Lembre-se sempre que uma vez pareado com um fator específico de risco, você não pode mais avaliar o efeito da doença no seu estudo. Investigação de séries de casos: Um estudo observacional onde casos com características específicas ou expostos são comparados com outros casos na mesma condição sem características ou exposição para achar fatores de risco que causam esta condição. Casos tem que ter ocorrido durante o mesmo período de tempo e localização geográfica. Estudo coorte: Um estudo observacional onde um grupo de pessoas que dividem uma experiência ou condição em comum pode oferecer uma imagem global do efeito de saúde de uma dada exposição. As pessoas incluídas neste estudo são selecionadas com base em seus status de exposição. Cada pessoa com status de posição é registrado ao invés de atribuído ao acaso pelo investigador. Esta é uma técnica de escolha para um surto que ocorre em uma população bem definida, especialmente aquela onde se dispõem de uma lista de nomes e informações para contato. Intervalos de confiança (IC): São teste estatíticos significantes. O intervalo de confiança é uma faixa onde se encontra com maior probabilidade o valor da “verdade” de associação. Um intervalo muito amplo reflete uma grande variabilidade na análise dos dados, enquanto que um intervalo estreito reflete uma pequena variabilidade e uma alta precisão. Se o intervalo de confiança incluir 1, podemos concluir que as nossas odds ratios não são significativas, mas se o intervalo não incluir o 1, podemos concluir que as nossas odds ratios são estatisticamentes significativas. Contagens: É uma simples enumeração de número de casos de doenças em uma dada população. Não se considera o tamanho da população tornado seu uso muito limitado pelas pesquisas epidemiológicas. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 32 Versão do Aluno Análises de Riscos e Pontos Críticos de Controle (Hazard Análisis Critical Control Points - HACCP). Está é uma ciência baseada no sistema de inocuidade alimentar que enfoca a prevenção de problemas e controle de riscos associados com alimentos. Este é estruturado para avaliar e controlar os riscos associados aos alimentos quanto a inocuidade dos mesmos. Incidência: É o número de casos novos de uma doença em uma população definida em um período específico de tempo numa população específica. Um dos tipos mais comuns de incidência utilizadas nas pesquisas epidemiológicas é a taxa de incidência, a qual é a taxa de novos eventos ocorridos numa população definida. Concentração Inibitória Mínima (MIC): mínimo de concentração necessa´ria para inibir o crescimento ou a morte de cepas em condições de laboratório. Probabilidades: A razão de probabilidade entre um evento ocorrer e não ocorrer. O numerador não é um subproduto da denominador. Por exemplo, se 70 pessoas desenvolvem diarréia e 30 não, a probabilidade entre as 100 pessoas que comeram frango de ter diarréia são 70:30 ou 2:3. Note a diferença de probabilidade das pessoas que comeram frango de desenvolver diarréia é 70/100 ou 0,7. Razões de Probabilidades (Odds Ratios – ORs): Medida de associação para um estudo de caso-controle (pareado ou não pareado). Esta é a razão de duas probabilidades: a probabilidade de expostos a um fator entre os casos e a probalidade de expostos a um fator entre os controles. A razão de prevalência nos indica o quanto mais elevada a probabilidade de exposição entre os casos comparadas aos controles, eles estão sempre entre 0 e o infinito. A razão de prevalencia: • Menor que 1,0 significa que a probabilidade de exposição entre os casos é menor que a probabilidade de exposição entre os controles. A exposição pode ser uma proteção contra um problema de saúde. • Um ou perto de 1,0 significa que a probabilidade de exposição entre os casos é a mesma que a a probabilidade de exposição entre os controles. A exposição não está associada com problema de saúde. • Maior que 1,0 significa que a probabilidade de exposição entre os casos é maior que a probabilidade de exposição entre os controles. A exposição pode ser um fator de risco para o problema de saúde. Prevalência: Número de indivíduos em uma população que tem a doença em um específico período de tempo em vez de novos casos que ocorrem durante certo tempo. Note que isso é um número e não uma taxa. Proporções: Um tipo de razão na qual o numerador faz parte do denominador. O período de tempo deve ser especificado para que a proporção tenha sentido. Setembro 2008 Salmonella Heidelberg no Canadá, p. 33 Versão do Aluno Taxa: Freqüência com que ocorre um evento em uma população definida. É essencial utilizar taxas em vez de números crus para fazer comparações entre populações em diferentes tempos, lugares ou pessoas. Razão: Uma expressão de relação entre o numerador e o denominador onde os dois usualmente são quantidades separados e distintos, nenhum está incluído no outro. Isto é diferente de proporção na qual o numerador na proporção é incluído na população definida no denominador. Vigilância: Sistemática coleta dados essenciais, análise e interpretação de resultados específicos para planejamento, implementação e avaliação de práticas de saúde pública, estritamente integrada com a disseminação em tempo destes dados para aqueles que precisam destas informações. (Fonte: CDC) Vigilância informal: Presente em países com instabilidade política ou com extrema pobreza. Organizações não governamentais podem se encarregar da vigilância já que os sistemas públicos de saúde tem uma prioridade pequena ou não existem. A informação coleta por estas agências consistem em surtos extensos e pouco comuns. Vigilância sindrômica: A vigilância é realizada com base na presença de sintomas delineados numa definição padrão de casos. Informações de laboratórios podem ou não estar disponíveis, mas não é o principal componente para o sistema de vigilância. Este tipo de sistema oferece dados para contar os casos de doenças específicas. Vigilância baseada em laboratório: Utilizar padrões de casos definidos para classificar doenças e padronizar métodos para identificação de patógenos com reconhecimento de sistemas de garantia de qualidade internacional. Dados coletados possuem maior qualidade que aquele coletado na vigilância sindrômica e oferece números de casos específicos por agentes e capacidade para caracterização posterior de patógenos. Vigilância integrada da cadeia alimentar: Dados são coletados, analisados e interpretados para animais, alimentos e humanos, utilizando definição de caso padrão para classificação da doença. Este tipo de sistema permite atribuir o efeito da doença a alimentos específicos por meio da monitoração de alimentos e animais. Vigilância passiva: Vigilância realizada em amostras adquiridas para outros propósitos e o principal objetivo do programa de vigilância, como quando amostras são submetidas para o diagnóstico clínico ou monitoramento do governo. Em geral, vigilância passiva não é baseada em uma ciência pré-definida, baseada em cenário de amostragem. Vigilância ativa: Vigilância que uma organização ou grupo que conduz a vigilância tem desenvolvido procedimentos para obter notificação em uma base regular, quer por meio de chamadas telefônicas, visitas aos hospitais e laboratórios ou eletronicamente. Setembro 2008