Texto Complexidade

Centro Universitário de Várzea Grande
Curso de Graduação em Enfermagem
TURMA 09/1 M – 2009/1
COMPLEXIDADE
(O Pensamento Complexo de Edgar Morin)
Profa. Ms. Yêda Regina de Souza
Resumo produzido para a disciplina de
Homem Complexo da turma ENF 09/1.
COMPLEXIDADE: nega a simplificação, a unicausalidade, e busca o
entrelaçamento de aspectos aparentemente contraditórios, a compreensão da
totalidade dos fenômenos.
Nesse sentido, quando falamos em complexidade, não estamos nos referindo à
simples noção de complicação, mas em aprofundamento da análise de fenômenos
e fatos sociais, “que o pensamento simplificado e reducionista não é capaz de
resolver satisfatoriamente” (BEHRENS, 2006, p. 21).
Complexus - “significa o que foi tecido junto” (MORIN, 2004).
[...] de fato, há complexidade quando elementos diferentes são
inseparáveis constitutivos do todo (como o econômico, o político, o
sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico), e há um tecido
interdependente, interativo e inter-retroativo entre:
• o objeto de conhecimento e seu contexto,
• as partes e o todo,
• o todos e as partes,
• as partes entre si.
Por isso, a complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade.
DESAFIOS DA ATUALIDADE PARA A MUDANÇA DE PARADIGMAS
• Ruptura com o dogma reducionista do ser humano
• Acesso ilimitado à informação (sociedade das relações descartáveis e
transitórias)
• O questionamento do papel da educação formal
RUPTURA COM O DOGM A REDUCIONISTA DO SER HUMANO
1. O Ser humano é Homo Complexus dada a sua Multidimensionalidade. O ser
humano comporta as Unidades Complexas (Ser humano é 100% biológico e
100% cultural):
• 100% biológico é o tangível, palpável (anatomia, fisiologia, histologia,
biologia, genética, psicologia ...)
• 100% cultural é resultante das vivências, da interação, da linguagem,
conjunto dos saberes, fazeres, e se reproduzem através das gerações ao
longo dos anos (antropologia, sociologia, psicologia, teologia)
Ser humano = Homo Complexus
100%
Biológico
100%
Cultural
Disciplina Homem complexo ENF09/1M
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Na perspectiva do pensamento complexo, o ser humano é compreendido como
inserido em uma trindade humana inseparável: indivíduo/sociedade/espécie.
• Inseparabilidade indivíduo / sociedade / espécie
• Indivíduo e sociedade – multidimensionais
O que não podemos separar entre o indivíduo, a sociedade e a espécie ???
• [...] a sociedade vive para o indivíduo, que vive para a sociedade;
• sociedade e indivíduo vivem para a espécie, que vive para o indivíduo e a
sociedade (MORIN, 2005, p.52).
HOMEM COMPLEXO desta turma: João Carlos, 24 anos, pele escura, médico,
nascido em Cuiabá, desde os 15 anos pratica maratona, com 1,80m, 78 Kg,
pernas malhadas e grossas, porém, aos 18 anos, fraturou a perna direita e devido
ao atendimento de saúde recebido esta perna fraturada ficou 3cm menor que a
outra, dando-lhe um funcionamento deficiente e impedindo-o de continuar a
prática de maratona. Segundo o próprio João Carlos, certo dia, estava passeando
e conversando com um amigo pela cidade de Cuiabá, ambos estavam em uma
moto, de repente, sofreram um acidente e caíram ao chão. Neste acidente, ficou
internado no Pronto-Socorro de Várzea Grande por uma semana devido à fratura
na perna esquerda, inchaço intenso no seu joelho e muitas escoriações (“ralado”)
na coxa. Recebeu alta após a retirada dos pontos. Dois fatos citados por João
Carlos são: 1) a explicação da sua aparência “bastante sofrida” ser devido à
exposição ao sol e os 3 filhos que possui com sua esposa e 2) o abdômen
distendido devido a doença da barriga d’água e conseqüências da desnutrição
sofrida na infância. Sobre o seu casamento, destaca que é casado com uma
matogrossense e sua cabeça sente-se dividida entre Cuiabá e a Agrovila das
Palmeiras. João Carlos já pensou em ser jogador de futebol, mas, desistiu porque
sofreu preconceito devido aos pés “gordos”, calos e joanetes no pé direito, dedos
grandes, unhas largas, pretas e encravadas e, número 40. Mas, o João vê que
seu pé esquerdo tem 27 ossos, 5 tendões, tecidos e vasos, tatuagem, ou seja, tem
um pé de tamanho normal. É filho único de coronel do exército e diretora de
Hospital. Apesar de ter nascido em Cuiabá, morou muito tempo na Agrovila das
Palmeiras e retornou à Cuiabá há apenas 2 meses. Seu braço esquerdo é
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malhado e longo. Lembrou-se de um acidente de trabalho que causou-lhe fratura
no braço direito, isto deixou o seu braço imobilizado por 30 dias, mas fica feliz por
ter retornado as suas atividades normalmente e não ter a sua escrita afetada (já
que é destro) sua mão direita é queimada de sol e possui calos. Não mencionou
nada sobre a sua mão esquerda: do tamanho da mão de um bebê, dedos
pequenos, unhas curtas e gordinhas, parece não impedi-lo de trabalhar como
qualquer um, estudar, andar de bicicleta ... Nada foi falado sobre o seu tórax.
Identificar as unidades complexas:
Ser humano = HOMEM COMPLEXO
Identificar as UNIDADES COMPLEXAS
100%
Biológico
100%
Cultural
Identificar a trindade humana:
S e r h u m a no = H O M E M C O M P L E X O
I d e n t if ic a r a t r in d a d e h u m a n a
T r i n d a d e h u m a n a = I n s e p a r a b iilliid
dade
i n d iv í d u o / s o c i e d a d e / e s p é c iie
e
O q u e n ão p o d e m o s se p ara r e n tre o
in d i v í d u o , a s o c i e d a d e e a e s p é c i e ? ??
J o ã o C a rlo s
F a m í li a
V i z in h a n ç a
E s p é c ie
H u m ana
P r o fa
d aa R e g i n a
f a . Y êêd
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Planeta
Sociedade
Famí
Família
Espécie
Humana
SER
HUMANO
Família
Vizinhança
João Carlos
2. OPERADORES DA COMPLEXIDADE
• Princípio Hologramático
• Princípio Recursivo
• Princípio Dialógico
PRINCÍPIO HOLOGRAMÁTICO: Não apenas a parte está no todo, como o todo
está inscrito na parte. O todo é mais que somente a soma das partes.
Ex.: a célula; a sociedade e o indivíduo.
A história do João Carlos: (...)João Carlos, certo dia, estava passeando e
conversando com um amigo pela cidade de Cuiabá, ambos estavam em uma
moto, de repente, sofreram um acidente e caíram ao chão. Neste acidente, ficou
internado no Pronto-Socorro de Várzea Grande por uma semana devido à fratura
na perna esquerda, inchaço intenso no seu joelho e muitas escoriações (“ralado”)
na coxa.
Q u e m é o to d o ?
Q u e m é a p a rte ?
J o ã o
E s p é c ie
Hum ana
J o ã o C a rlo s
C a r lo s
F a m ília
V iz in h a n ç a
E s p é c ie
H u m a n a
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PRINCÍPIO RECURSIVO: somos aos mesmo tempo causa e efeito.
Exemplo: “os indivíduos humanos produzem a sociedade nas interações e pelas
interações, mas a sociedade, à medida que emerge, produz a humanidade desses
indivíduos, fornecendo-lhes a linguagem e a cultura” (MORIN, 2005f, p. 74; 2004a,
p. 95).
Q ual é a causa?
Q u a l é o e f e it o ?
“ P as s ea nd o e c on ve rsa n d o”
p e la c id a d e ?
Q u e da d a m oto ?
_________________________________________________________________________
Q u a l é a c a u s a ?
Q u e d a d a m o to ?
Q u a l é o e f e it o ?
F r a tu r a n a p e r n a ?
_________________________________________________________________________
“P a ss ea n do e c o nv ers an d o ”
p e l a c id a d e ?
Q ual é a causa?
Q u e d a d a m o to ?
F ra tu ra n a p e rn a ?
F ic a r in te rn a d o ?
. . .
Q u a l é o e f e it o ?
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Q u e da d a m oto ?
F ra t u r a n a p e rn a ?
F ic a r i n t e r n a d o ?
. . .
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PRINCÍPIO DIALÓGICO: juntar, entrelaçar o que aparentemente está separado,
que é antagônico (contrário).
• razão e emoção,
• o sensível e o inteligível,
• o real e o imaginário.
A história do João Carlos: (...) Não mencionou nada sobre a sua mão esquerda:
do tamanho da mão de um bebê, dedos pequenos, unhas curtas e gordinhas,
parece não impedi-lo de trabalhar como qualquer um, estudar, andar de bicicleta...
P R IN C ÍP IO
D IA L Ó G IC O
M ã o c o m
d e f e it o g e n é t i c o
F a z e r a s
a tiv id a d e s
Q u a l é o o p o s to ?
3. O papel da educação formal
Será que ensinamos, ou são as pessoas que simplesmente aprendem?
“Ensinar” refere-se a processos globais, multifacetados que
deveriam ser tratados junto aos alunos:
• “Ensinar” junto aos acadêmicos:
• “Ensinar a condição humana”
• “Ensinar a identidade terrena”
• “Ensinar a compreensão”
• Ensinar a “ética do gênero humano”
• “Enfrentar as incertezas”, dentre outros. (Morin, 2004b)
Portanto, a aprendizagem precisa necessariamente ser um processo significativo para o
acadêmico.
A aprendizagem é acima de tudo um processo no qual consiga (re)ligar saberes
historicamente dissociados, separados, fragmentados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORIN, Edgar. Tradução A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o
pensamento. Eloá Jacobina. 10ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina
Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. 9ª.
ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2004.
PINHEIRO, Roseni; MATTOS, Ruben Araújo de. Os sentidos da integralidade na atenção
e no cuidado à saúde. Rio de Janeiro: UERJ, IMS: ABRASCO, 2001.
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