SIGNO COMPONENTES, PRINCÍPIOS TIPOS (PIERRE GUIRAUD)
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SIGNO COMPONENTES, PRINCÍPIOS TIPOS (PIERRE GUIRAUD)
SIGNO COMPONENTES, PRINCÍPIOS TIPOS (PIERRE GUIRAUD) 1 SIGNO “entidade psíquica de duas faces” “combinação do conceito e da imagem acústica” “une não uma coisa e um nome, mas um conceito e uma imagem acústica” 2 COMPONENTES DO SIGNO IMAGEM ACÚSTICA – parte sensível, sensorial e é só, neste sentido, que é material; a marca ou impressão psíquica desse som, a sua representação mental facultada pelo testemunho dos sentidos; CONCEITO – parte psíquica, imagem mental, é mais abstracto que a imagem acústica. As imagens acústicas são variáveis consoante as línguas; os conceitos são universais (Aristóteles). 3 COMPONENTES DO SIGNO (SAUSSURE) Conceito Imagem acústica Significado Significante “árvore” Substância Conteúdo Psíquico Forma Expressão Sensível 4 SIGNO – PRINCÍPIOS QUE O ASSISTEM (SAUSSURE) 1. ARBITRARIEDADE; 2. LINEARIDADE DO SIGNIFICANTE; 3. IMUTABILIDADE; 4. MUTABILIDADE. 5 ARBITRARIEDADE O traço que une o significante ao significado é arbitrário, o. s., não assenta numa relação lógica, racional, motivada nem natural. Ex.º: a ideia de pé não está ligada por nenhuma relação à cadeia de sons “p” + “é”. Podia ser perfeitamente representada por outra cadeia de sons (ex. foot, pier, pie) 6 ARBITRARIEDADE OBJECÇÕES: Onomatopeias; Exclamações; Protótipos de composição e derivação vocabulares. 7 ARBITRARIEDADE Não deve dar a ideia de que o significante depende da livre escolha do sujeito falante: não está em poder do indivíduo alterar o signo, desde que ele tenha sido aceite por um grupo linguístico. Arbitrariedade sim, mas na relação do signo ao significado, com o qual não tem qualquer ligação natural. Um sistema é arbitrário, quando os seus signos são estabelecidos, não por contrato, mas por decisão unilateral (Roland Barthes) 8 LINEARIDADE DO SIGNIFICANTE O significante, por ser de natureza auditiva, desenvolve-se no tempo e, ao tempo, vai buscar os seus atributos: A) representa uma extensão; B) essa extensão é mensurável numa só dimensão: é uma linha. Todo o mecanismo da língua, para deter sentido, carece deste princípio. 9 IMUTABILIDADE O signo é imutável, porque resiste a qualquer substituição arbitrária. A massa social não é consultada e o significante, escolhido pela língua, não poderia ser substituído por qualquer outro. A comunidade linguística não tem soberania sobre uma só palavra. O factor linguístico da transmissão domina totalmente a língua e exclui qualquer modificação linguística geral e repentina. 10 IMUTABILIDADE Explicações: A soma dos esforços que exige a aprendizagem da língua materna impossibilita uma modificação geral; A reflexão não intervém na prática de um idioma: os sujeitos falantes são, na sua larga maioria, inconscientes das leis da língua e, se não se apercebem delas, não podem, sobre elas, reflectir e modificá-las; E mesmo se os sujeitos falantes fossem conhecedores, seria preciso recordar que os factos linguísticos não provocam grandes críticas, pois cada povo está geralmente satisfeito com a língua recebida. 11 IMUTABILIDADE Explicações (cont.): Carácter arbitrário do signo: coloca a língua ao abrigo de qualquer tentativa de mutação; A enorme quantidade de signos necessários para constituir qualquer língua; Carácter demasiado complexo do sistema: uma língua constitui um sistema, ponto em que reina uma certa disciplina e em que se denota mais a incompetência da comunidade para a transformar; Resistência da inércia colectiva a todas as inovações linguísticas: a língua é o sistema de que mais se servem os indivíduos e é, de todas as instituições sociais, a que oferece menor margem a iniciativas factor de conservação. 12 MUTABILIDADE Apesar de a solidariedade para com o passado anular a liberdade de escolha e, assim, garantir a estabilidade do signo, o TEMPO, que assegura a continuidade da língua, tem um outro efeito sobre esta: o de alterar, mais ou menos rapidamente, o signo linguístico. Daí podermos falar simultaneamente em imutabilidade e mutabilidade do signo. Ex. Acordo Ortográfico. A evolução linguística força à mutabilidade do signo. 13 MUTABILIDADE A língua é radicalmente impotente para se defender, instante a instante, dos factores que desviam a relação entre significante e significado. Exs.: o latim plicare (matar) evoluiu para o francês noyer (afogar); o árabe suq (mercado) evoluiu para o português açougue (talho; matadouro). É uma das consequências da arbitrariedade do signo. O tempo altera tudo: não há motivos para que a língua seja excepção a esta lei universal. 14 SIGNO – CONCEPÇÃO (PIERRE GUIRAUD) “é um estímulo – isto é, uma substância sensível – cuja imagem mental está associada no nosso espírito à de um outro estímulo que ele tem por função evocar com vista a uma comunicação”. 15 SIGNO – PRINCÍPIOS QUE O ASSISTEM (PIERRE GUIRAUD) 1. Comunicação: o signo é sempre a marca de uma intenção de comunicar um sentido. Exclui os índices naturais; 2. Codificação: a relação entre o significante e o significado é convencional, o. s., resulta de um acordo entre os seus utentes, que a reconhecem e a respeitam no emprego do signo; 3. Motivação: relação natural entre o significante e o significado, parte da sua natureza. A motivação não exclui a convenção. 4. Monossemia (um significante faz-se corresponder a um significado e vice-versa) e polissemia (um significante pode combinar-se com vários significados e um significado com vários significantes); 5. Denotação (constituída pelo significado concebido objectivamente e apenas como tal) e conotação (expressa por valores subjectivos ligados ao signo, resultantes da sua forma e função. Ex.º: Um uniforme denota o grau e uma função; conota o prestígio e autoridade que lhe estão associados. 6. Matéria (ou veículo sensível), substância (ideia, conceito) e forma (valor). 16 VALOR LINGUÍSTICO Tratar o signo, não pela sua composição, mas pelas suas imediações: é o problema do valor. O valor está intrinsecamente relacionado com a noção de língua: leva a despsicologizar a Linguística e a aproximá-la da Economia. Abordagem de um sistema de equivalências. Para que haja SIGNO ou valor económico, é necessário: 1. a troca de coisas dissemelhantes; 2. a comparação de coisas similares entre si. O sentido só fica verdadeiramente fixo, depois desta dupla determinação: significação e valor. 17 TIPOS DE SIGNO (PIERRE GUIRAUD) 1) Signos lógicos: transmitem informação sobre a realidade exterior, percebida e racionalizada em sistemas de relações; 2) Signos expressivos ou estéticos: exteriorizam a experiência interior do Homem sobre a mesma realidade; 3) Signos sociais: podem denunciar a identidade de um indivíduo, a sua pertença a um grupo ou informar sobre certas circunstâncias das relações sociais. 18 TIPOS DE SIGNO Existem 2 modos de expressão semiológica: COMPREENDER vs. SENTIR Espírito Alma Signos Lógicos Convencional Arbitrário Homológico Objectivo Racional Abstracto Geral Transitivo Selectivo Signos Expressivos ou Estéticos Natural Motivado Analógico Subjectivo Afectivo Concreto Singular Imanente Total 19 SIGNOS E CÓDIGOS LÓGICOS Tipos: • Linguísticos; • Paralinguísticos: • • • • Epistemológicos (representam a própria realidade): • • • Apoios da linguagem (os diferentes alfabetos); Substitutos da linguagem (códigos autónomos da linguagem); Auxiliares da linguagem (signos paralelos que acompanham a linguagem: código prosódico, código quinésico; código proxémico Científicos (altamente restritivos, convencionais, rigorosos e claros); Mânticas (artes de adivinhação e meios de comunicar com os deuses, o além e o destino). Práticos (coordenam as acções dos indivíduos). 20 SIGNOS SOCIAIS Muito pouco socializados, estruturados ou convencionados; Maior parte é do tipo motivado, quer por metáfora, quer por metonímia; São frequentemente conotados, exprimindo poder, majestade, força, ou o seu contrário: a humildade. São mais do tipo estético que lógico, se bem que, no seu princípio, a maioria deles seja signos de classificação; Pela sua natureza icónica, assemelham-se aos signos estéticos. 21 CÓDIGOS SOCIAIS • Correspondem a uma organização e a uma significação da sociedade. O indivíduo é, ele próprio, o veículo e a substância do signo: é, ao mesmo tempo, o significante e o significado. • A vida social é um jogo, no qual o indivíduo desempenha o seu próprio papel. • O signo social é um signo de participação: através dele, o indivíduo manifesta a sua identidade e pertença a um grupo e, ao mesmo tempo, reivindica e institui essa pertença. 22 TIPOS DE SIGNOS SOCIAIS • Signos de Identidade: reconhecem a identidade dos indivíduos e grupos, exprimindo a organização da sociedade e as relações interindividuais e intergrupais; • Signos de Cortesia: regulam as relações ente o anfitrião e o convidado. 23 SIGNOS DE IDENTIDADE a) Armas, bandeiras, totens: indicam a pertença a uma família ou clã. Podem estender-se a grupos mais amplos: cidade, província, nação. b) Uniformes: vestimentas que marcam o indivíduo e/ou grupo: grupo social, institucional, profissional, cultural e étnico. c) Insígnias e condecorações: vestígios simbólicos das armas e uniformes e asseguram as mesmas funções sob formas deterioradas. d) Tatuagens, maquilhagens, penteados: são do mesmo modo insígnias codificadas nas sociedades primitivas e que sobrevivem nas nossas modas. e) Nomes e sobrenomes: são as mais simples e universais marcas de identidade. No princípio, são sempre motivados. Nas culturas modernas, a História arrastou consigo a decadência deste sistema. Tabuletas: designam, preferencialmente, objectos – mas socializados – em vez de agrupamentos de indivíduos. As tabuletas, como os brasões, são, em geral, ícones falantes. Marcas de fábrica: indicam e garantem a origem de um produto. f) g) 24 SIGNOS DE CORTESIA a. b. c. d. e. f. Prosódia ou tom de voz: maneira mais universal de significar a relação entre emissor e receptor. Saudações e fórmulas de cortesia: carácter particularmente convencional e culturalmente variável. Injúrias: formas negativas das saudações, signos de hostilidade, convencionais. Quinésica: mímica, gestos, movimentos, danças, que significam. Proxémica: a utilização do espaço e do tempo. A distância entre interlocutores e o tempo de espera na recepção da resposta constituem signos. Alimentação: permite a identificação do grupo. A sua função semiológica sobrevive em festins e banquetes.25 CÓDIGOS SOCIAIS São diferentes tipos de comunicação social. Protocolos: instauram a comunicação entre os indivíduos. Uma sociedade é um agrupamento de indivíduos, com vista a um objectivo comum: cada indivíduo possui a sua função, o seu lugar e define-se pelas suas relações com os demais. É indispensável que estas relações sejam reconhecidas e identificadas. Ritos ou rituais: comunicações de grupos, a sua mensagem ritualizada é emitida pela comunidade e em seu nome. O emissor é o grupo e não o indivíduo. O grupo participa, nem que seja pela mera presença. A sua função é significar a solidariedade dos indivíduos, quanto às suas obrigações religiosas, nacionais e sociais. Altamente convencionados. Modas: são maneiras de estar, vestir, alimentar-se, alojar-se próprias do grupo. A moda, como os divertimentos, alivia as frustrações e satisfaz os desejos de prestígio e poder. Jogos: Tal como as artes, são simulações da realidade social, só que, enquanto nas artes, é o receptor que reage emocionalmente, tendo como inspiração uma imagem; nos jogos, é o emissor que desencadeia a acção e pratica, através de uma imagem, os actos desta realidade – é o actor. Tipos de jogos: (1) científico ou intelectual; (2) social ou prático; (3) afectivo ou estético. 26
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