Baixar versão em PDF

Transcrição

Baixar versão em PDF
História dos Rudimentos
25 de fevereiro de 2008, por Cássio Cunha
Nós devemos aos suíços a herança dos rudimentos. Enquanto primariamente os
turcos e mongóis usavam os "kettledrums" para anunciar a chegada de algum
exército, os suíços na época eram os primeiros a usar tambores para sinalizar as
tropas durante uma batalha. O primeiro registro do uso de "Fifes" (espécie de
flauta) e tambores pelos suíços numa campanha militar foi na Batalha de Sempach
em 1386.
A origem do uso de tambores e, sua área de maior atividade parece ser nos
arredores da cidade de Basel na Suíça, devido a grande integração do tambor
rudimentar a cultura da cidade. Um exemplo claro disso é o "Fasnatch", uma
espécie de carnaval tradicional onde grupos chamados "cliques" saem tocando
tambores e flautas usando roupas típicas e lanternas saem andando pelas ruas
escuras da cidade. O tambor executa um toque guia acompanhado pelos
participantes. Em Basel há cerca de 3.000 tocadores de tambor e flauta, numa
população de 300.000 habitantes. Cada um pertencente a um grupo e, ser um bom
tocador de flauta ou tambor é uma grande honra.
Na Suíça e Alemanha, a caixa era conhecida como "Trommel". No séc. XVI os
Escoceses usavam tambores chamados "Swasche talbum" para a marcha das
tropas na batalha. Os "dromslades" (Nome alemão para percussionista) em 1547
usavam tambores militares tão grandes (20"x 20") que eram pendurados ao lado
do percussionista e tocados com duas baquetas na pele necessitando do uso da
técnica tradicional que é usada até hoje. A primeira descrição da Guarda Papal é
datada de 1513, durante o reinado do Papa Julius II. A tradição do uso de uma
companhia Suíça de Fifes e tambores, continua até hoje no Vaticano.
Por causa do volume puro, simples e absoluto de um regimento de tambores, eles
foram usados em várias situações militares. No exército britânico, a primeira coisa
que os soldados aprendem, depois do manual de armas, são os diversos toques de
tambor, chamados exercícios ou normas de campo e quartel. Imediatamente depois
de ouvir um determinado toque, os homens devem responder. "The Reveille"
acorda os homens de manhã. "The Assembly, (Concentração)" Agrupam-nos em
suas companhias específicas, e "The Tatoo" é a chamada para retornar ao quartel.
EUA
Os tambores foram para os EUA através dos (colonos imigrantes) provenientes do
oeste europeu. Arthur Perry, o primeiro percussionista da Antiga Artilharia
Honorária era chamado para tocar na chamada dos cultos aos domingos e palestras
às quintas.
Ele também era chamado para anunciar a venda de salas, crianças achadas e
perdidas e a saída de navios. Seu tambor está agora na Sociedade Histórica de
Connecticut e é o mais antigo tambor existente nos EUA.
No séc. XVII as tropas se moviam a pé, era fundamental que os regimentos
mantivessem movimentos e distâncias regulares entre si, por isso o uso de
tambores em marcha era importante.
Para coordenar um ataque era preciso calcular a distância e o tempo que o
regimento gastaria para chegar ao seu objetivo, usando para isso o número de
batidas por minuto e o tamanho dos passos. O lento passo Prussiano era
normalmente marcado a cerca de 60-70 batidas por minuto, Marchas Longas a 80
bpm, Marchas Regulares à 96 bpm, e Marchas Rápidas à 120 bpm. Nessa época as
cadências eram tocadas de cor. Os rudimentos eram designados pelo som que
produziam, como por exemplo: Flam, Ruff, Ratamacue, da-da, ma-ma roll etc.
O Novo, Completo e Prático Sistema para Tocar Tambor de Charles Ashworth foi o
primeiro manual, e surgiu em 1812. Ashworth era um percussionista Inglês que
ingressou nos fuzileiros navais dos EUA em 1802 e foi promovido a Major
percussionista do que seria dois anos mais tarde a Banda dos Fuzileiros Navais
Americana.
Ashworth também foi o primeiro a usar o termo Rudimento para classificar o grupo
de figuras ritmicas, se auto-entitulando o Pai do Tambor Rudimentar. Na primeira
página ele definia a forma de segurar a baqueta.
"A Baqueta esquerda deve ser firmada entre o polegar e os dedos indicador e
médio, apoiando então no anular e mínimo entre a primeira e segunda falanges".
"A mão direita deve ser apoiada no dedo mínimo para facilitar o uso através dos
outros dedos, como o usado na esgrima".
Pouco tempo depois disso apareceu um manual em Londres chamado: "Art of
Beating the Drum"(A Arte de Bater no Tambor ) de Samuel Portter, Major
Percussionista do Coldstream Regiment. Manual este praticamente idêntico ao de
Ashworth no que se refere ao conteúdo Rudimentar, porém bem mais detalhado no
que se refere a descrição da técnica. Potter começa com instruções detalhadas do
posicionamento militar do executante.
"A primeira coisa para a correta prática é estar perfeitamente alinhado, colocando
seu calcanhar esquerdo encaixado na curva do pé direito, coloque o talabarte do
tambor no pescoço, cuidando para que o talabarte seja de um comprimento
moderado".
O livro mais importante do século foi "The Drummers and Fife Guide" de Bruce &
Emmet, escrito em1862 por George Bruce, instrutor da Escola de Prática do
Exército, e Daniel Emmet, compositor e flautista de "Dixie". Este livro foi o primeiro
na América a escrever os rudimentos, The Camp Duty, e um grande material de
flauta foi escrito.
Um dos mais práticos livros de rudimentos foi escrito no início do século XX por
Sanford (GUS) Moeller, que em turnê com um Show pelos EUA, observou como a
falta de prática estava tomando conta dos jovens bateristas. Seu método - The
Moeller Book , editado pela Ludwig Drum Company em 1918, ajudou a revigorar os
rudimentos.
No fim da Primeira Guerra Mundial em 1919, A Legião Americana organizou um
concurso nacional de bateristas e Cornetistas. Incluindo testes individuais. Porém
não havia juízes competentes o suficiente para julgar os participantes, além disso,
havia uma falta de uniformidade na maneira de tocar os rudimentos.
As diferenças entre o Oeste e o Leste dos EUA eram consideráveis.
Por causa dessas diferenças consideráveis durante esse concurso, foi criado então o
(N.A.R.D), National Association of Rudimental Drummers.
Wilian F. Ludwig e a Ludwig Drum Company agregaram os mais proeminentes
instrutores de várias partes do país na Convenção Nacional da Legião Americana
em Chicago, no ano de 1932 com o propósito de organizar um sistema prático de
tocar bateria rudimentar.
Eu nunca vou esquecer aquela noite. Durante seis horas nós tocamos e falamos
sobre os rudimentos até o dia raiar. Mas sentimos que tínhamos salvo os
rudimentos adotando um sistema prático que respeitava os métodos já
estabelecidos. Mantivemos os rufos do Bruce & Emmet, aberto e fechado.
Mantivemos a lição #25 do método Stube. Nós dividimos os 26 rudimentos em
duas seções selecionando o que determinamos como os 13 essenciais que cada
candidato tinha que executar como teste para se tornar membro do NARD. E os
outros 13 que complementam os 26.
Para se tornar membro do NARD, era necessário passar pelos 13 rudimentos
essenciais. O candidato recebia um cartão de membro (que ajudava muito para
assegurar um trabalho na área de percussão), alguns certificados e uma assinatura
da revista "The Ludwig Drummer". Além disso, recebia a autorização para avaliar
outros candidatos.
Na sua época mais ativa o NARD chegou a ter cerca de 3500 membros. A anuidade
de 50 centavos era revertida para a impressão de cópias dos rudimentos que eram
distribuídas nas bandas marciais escolares e nas lojas de música. Clinicas também
eram realizadas pelos membros para perpetuar os solos clássicos que estão em uso
até hoje.