quintal produtivo

Transcrição

quintal produtivo
QUINTAL PRODUTIVO
Antônio Roberto Mendes Pereira
SERTA – SERVIÇO DE TECNOLOGIA ALTERNATIVA
DIRETORIA
Presidência
Germano de Barros Ferreira
Sebastião Alves dos Santos
Secretaria
Valdiane Soares da Silva
Janaína Maria Gonçalves
Tesouraria
Paulo José de Santana
Ivone Sulamita de Farias
______________________________________________________________________
MISSÃO
Formar jovens, educadores/as e produtores/as familiares, para atuarem na
transformação das circunstâncias econômicas, sociais, ambientais, culturais e políticas,
na promoção do desenvolvimento sustentável do campo.
VISÃO
Ser referência na formação de jovens, educadores/as e produtores/as familiares,
influenciando na proposição de políticas públicas, para o desenvolvimento sustentável
do campo.
VALORES
Cooperação, Solidariedade, Transparência, Entusiasmo, Respeito à diversidade, Ética,
Afetividade, Compromisso, Crença nas pessoas, Respeito à preservação da natureza e
do meio ambiente.
______________________________________________________________________
2
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO A TEMÁTICA ................................................................................................................. 5
2.
CONTEXTUALIZANDO O ESPAÇO E A NECESSIDADE DE USO ............................................................... 7
3.
VANTAGENS DE SE TER UM QUINTAL PRODUTIVO ............................................................................. 9
4.
A BUSCA DA SUSTENTABILIDADE ATRAVÉS DO ALCANCE DAS SEGURANÇAS ................................... 10
4.1.
Segurança Alimentar ................................................................................................................. 10
4.2.
Segurança em Água ................................................................................................................... 10
4.3.
Segurança em Energia ............................................................................................................... 11
4.4.
Segurança em Nutrientes .......................................................................................................... 11
5.
APRENDENDO A UTILIZAR O ENTORNO DA CASA .............................................................................. 11
6.
AS CONEXÕES QUE LEVAM AS COMBINAÇÕES ADEQUADAS ............................................................ 17
7.
REPENSANDO OS ESPAÇOS DOS QUINTAIS URBANOS ...................................................................... 17
8.
COMO APROVEITAR E TRANSFORMAR OS ESPAÇOS URBANOS? ...................................................... 18
9.
IDÉIAS DE APROVEITAMENTO DE ESPAÇOS ...................................................................................... 23
10.
ONDE LOCALIZAR A FARMÁCIA DE PLANTAS? ............................................................................... 24
10.1.
O tamanho da farmácia ......................................................................................................... 25
10.2.
Os consórcios sugeridos ........................................................................................................ 25
10.3.
Os formatos dos canteiros ..................................................................................................... 26
10.4.
Sabedoria passada de Mãe para Filha ................................................................................... 27
10.5.
Plantas indicadas para curas .................................................................................................. 28
11.
PROBLEMA – PLANTAS INDICADAS – NOME CIENTÍFICO .............................................................. 29
11.1.
Saúde começa no prato ......................................................................................................... 30
11.2.
Ótimo Negócio....................................................................................................................... 30
12.
INDICADORES DE SOLO SAUDÁVEL ............................................................................................... 32
12.1.
Diversidade de plantas e animais no local ............................................................................. 33
12.2.
Presença de matéria orgânica diversificada e abundante ..................................................... 33
12.3.
A cor do solo .......................................................................................................................... 33
12.4.
O volume de biomassa por metro quadrado ......................................................................... 33
12.5.
A presença de minhocas ........................................................................................................ 34
13.
A NATUREZA GARANTINDO A PRODUÇÃO DE FORMA ESPONTANEA ........................................... 34
14.
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS PARA O QUINTAL ................................................................................ 37
15.
OUTRAS ESTRATÉGIAS DE ECONOMIA LOCAL ............................................................................... 45
3
15.1.
Do próximo para o longe ....................................................................................................... 45
15.2.
Só plantar o que dá para cuidar ............................................................................................. 45
15.3.
Utilizar ao máximo o que se tem ........................................................................................... 46
15.4.
Criar manejo de menor intervenção ...................................................................................... 46
15.5.
Aumentando a mistura de plantas ........................................................................................ 46
16.
EDUCANDO OS FILHOS PARA UMA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL ................................................ 47
16.1.
Educação, o poder de mudar a realidade .............................................................................. 47
16.2.
Educar para a participação .................................................................................................... 48
16.3.
Educar para a autocontentação............................................................................................. 50
16.4.
Educar para a frugalidade ...................................................................................................... 51
16.5.
Educar para autolimitação ..................................................................................................... 52
16.6.
Educar para o minimalismo ................................................................................................... 53
16.7.
Educar para resolver conflitos ............................................................................................... 53
16.8.
Educar para o contemplar ..................................................................................................... 54
16.9.
Educar para a ecologização ................................................................................................... 55
16.10.
Educar para o lar ................................................................................................................... 56
17.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ......................................................................................................... 58
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1. INTRODUÇÃO A TEMÁTICA
A agricultura familiar cada vez mais vem perdendo a lógica ancestral de primeiro produzir seu
alimento, seu sustento, antes de pensar em produzir para o mercado. E o nosso pão de cada dia
vem sendo comprado diariamente e não produzido pela maioria das famílias. Esta é a realidade
percebida em muitas das pequenas propriedades rurais e urbanas independentemente da
região. O caminho de ir a feira aos sábados torna-se obrigatório, não para “vender” os
produtos, mas para “comprar os mantimentos necessários para alimentar as famílias”.
A lógica capitalista/mercantilista de transformar os sítios, e as pequenas propriedades em
agronegócios tendo como carro chefe a implantação de monoculturas, fez e vem fazendo com
que as famílias, percam sua diversidade de plantas e animais, levando a estas famílias a uma
alimentação deficiente e de pouca variedade. Além da perca da qualidade biológica e
nutricional dos seus produtos.
Cada vez mais estamos nos alimentando de comida de NENHUM LUGAR, onde não se sabe a
procedência, como foi produzida? Por quem? O que se utilizou para produzir? Enfim pouco se
sabe sobre este alimento. A rastreabilidade ainda não faz parte da nossa cultura. O querer
conhecer toda a cadeia ou teia produtiva, ainda não foi incorporado a nossa cultura e pouco é
divulgada como uma forma de consumo consciente e de uma alfabetização ecológica em
formação.
Outra medida que se torna a cada dia mais freqüente na nossa cultura é comer alimentos fora
de seu período de safra e vindo de fora da nossa região. A importação e a exportação de
alimentos para atender a caprichos do só gostar disso ou daquilo de certas classes sociais, já é
uma constante em muitas dietas. O atender estes caprichos cria uma rede de distribuição que
transcende os espaços das cidades, dos estados e até países. Quanto mais distante vem este
alimento mais caro ele se torna. Além de trazer uma série de riscos sanitários, podendo trazer
consigo doenças, insetos. Isto é, não se importou apenas o alimento, mas também seus
parasitas. Contribuindo para o aumento da lista de pragas e enfermidades presentes naquele
ambiente. Sem contar com os gastos exorbitantes de energia gastas através deste translado do
vai e vem de alimentos.
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Com toda esta lógica sendo implantadas e aceita pelas pequenas propriedades as famílias se
tornam reféns dos mercados de compra. Precisa-se resgatar a LÓGICA do sítio onde se produzia
quase de tudo que a família consumia diariamente nas suas refeições. A diversidade é sinal de
segurança para o não faltar, e sim para aumentar a capacidade do “ter” sempre. É claro que
esta garantia só acontece quando se planeja, quando se reflete o que realmente se precisa para
ter uma mesa farta e diversificada durante o ano inteiro.
Precisam-se montar uma área dentro da propriedade onde esta preocupação de plantar para
comer, ou melhor, para alimentar a família seja um dos princípios norteadores do
planejamento inicial. Este deve ser o primeiro passo para se ter um sítio com estas
características. Logo, inicie a montagem deste local escolhendo uma pequena área para a
prática do “produzir para comer e não para vender”. E um dos melhores espaços é o entorno
da casa, por ser isto é a área mais próxima, onde possamos utilizar e reutilizar tudo com mais
facilidade, gastando-se menos tempo.
O manejo desta área deve ser de fácil manipulação, podendo ser manejado por qualquer um
membro da família. Para muitos este espaço recebe alguns nomes: QUINTAL PRODUTIVO,
TERREIRO PRODUTIVO, na cidade é conhecido também como o MURO PRODUTIVO.
E o slogan que deve nortear esta área deve ser:
“tudo se planta, nada se vende, tudo se consome”
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Terreiro da casa sem
utilidade produtiva,
contribuindo para o
aquecimento de toda área
da casa e do seu entorno.
A escala humana de fazer e de planejar a agricultura no entorno da casa para que esta área
possa proporcionar uma produção permanente de alimentos para a família é o enfoque
principal desta cartilha.
2. CONTEXTUALIZANDO O ESPAÇO E A NECESSIDADE DE USO
O espaço conhecido como o terreiro, ou quintal, historicamente sempre foi utilizado como um espaço
produtivo, porém sempre planejado para atender as necessidades em escala familiar. Boa parte da
produção dos alimentos do consumo familiar era produzida nesta área. Alimentos como hortaliças,
ervas medicinais além de alguns tubérculos e frutas e pequenos animais faziam parte da utilidade de
uso deste espaço. O munturo espaço atrás da casa onde se jogava o lixo doméstico tornava o solo deste
espaço rico em matéria orgânica, garantindo tudo que ali nascia. Era um espaço de aprendizagem onde
muitas espécies novas eram introduzidas, testadas até que pudessem ser incorporadas e fazer parte da
cultura familiar.
Esta pequena área também sempre foi encarada como um espaço feminino, espaço este onde as
mulheres tinham a liberdade de tomar as decisões do que plantar, de como plantar além da
quantidade. Neste espaço o homem simplesmente era convidado para ajudar, contribuía, mas nunca
decidia o que o quanto o onde e o como. Era também um espaço de aprendizagem, de testagem, onde
se experimentava os conhecimentos dos novos cultivos que eram consumidos semanalmente pela
família.
Muito destes cultivos depois de uma prática empírica com o tempo iriam compor a dieta e até os
hábitos de consumo da família. Era também um espaço onde o reaproveitamento das águas servidas era
utilizado, reaproveitado, podendo ser novamente incorporado em um novo ciclo produtivo.
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Era um espaço onde se praticava a segurança alimentar, onde se preocupava em garantir as principais
necessidades básicas alimentares da família. Pedagogicamente falando era também um espaço de
inclusão social, onde os filhos podiam comprovar para os pais, principalmente para o pai, sua
capacidade de aprendizagem e operacionalização produtiva. O não colocar em risco a segurança
econômica da família sempre foi uma das grandes preocupações do progenitor masculino familiar.
Aplicar conceitos e conhecimentos novos e inovadores nas áreas, era entendido como colocar em risco
e em cheque todos os conhecimentos herdados pela cultura e podiam também comprometer o
equilíbrio econômico da família. Este tipo de iniciativa sempre foi um dos grandes empecilhos e desafios
da assistência técnica, fazer com que conhecimentos novos e diferentes fossem incorporados pelas
famílias nas suas praticas produtivas. Aceitar sistemas de agricultura de base ecológica é um desafio
necessário que precisa ser encarado, com criatividade e conhecimento.
Espera-se que cada família a partir dos novos conhecimentos adquiridos a partir da leitura desta
cartilha, possa selecionar algumas tecnologias a partir da sua capacidade econômica e de implantação e
consigam implantá-las no seu quintal. Transformando este espaço em um ambiente de investimento
técnico pedagógico e produtivo, onde as quatro seguranças básicas (segurança alimentar, hídrica,
energética e em nutrientes) possam ser planejadas e operacionalizadas. Voltar a ter o quintal como
espaço da prática de uma atividade produtiva familiar é o que se pleiteia.
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As imagens acima mostram o supermercado no entorno da casa. Cada produto tem como
distância de referencia, para ser plantado e cultivado a proximidade da CASA.
Comer o que se tem e o que se planta sem ter necessidade de comprar, é o que se pretende, e
para que isto ocorra é preciso também repensar nossa dieta alimentar, repensar novos
cardápios, provar novos sabores, reeducar nossos hábitos alimentares. Comer o que se tem
naquele momento, naquele dia, naquela estação, exige novas posturas diante da natureza, é ser
mais respeitoso e paciente com a natureza e com seus ciclos fenomenológicos.
Encontrar o verdadeiro sabor de cada produto e não na mistura entre eles. Saborear
verdadeiramente a cenoura, a macaxeira sem precisar colocar um molho de carne para poder
suportar ou aceitar o sabor natural do tubérculo. É entender mais além, é descobrir a capacidade
do nosso solo de produzir sem ter que trazer nada de fora, é a produção real e possível daquele
pedaço de chão, naquelas condições de manejo que estou dando ou fazendo.
3. VANTAGENS DE SE TER UM QUINTAL PRODUTIVO
a) Ando menos para produzir alimentos;
b) Aproveito melhor meu tempo nas tarefas produtivas;
c) Facilita o olhar para ver se estar maduro, no ponto, pronto para colher;
d) Diminui os desperdícios, pois estou vendo o ponto de maturação;
e) Evito o comprar;
f) Conheço a procedência, é rastreado por mim mesmo;
g) Garantias da origem do alimento;
h) Reaproveitamento de água, restos de culturas entre outros insumos orgânicos da
propriedade;
i) Mais fácil cuidar;
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j) Embeleza o entorno da casa;
k) É um espaço de aprendizagem para meus filhos entender como produzir respeitando os
princípios da natureza;
l) Aumenta meu relacionamento com meus vizinhos, quando faço doações dos
excedentes;
m) A geladeira fica menos cheia;
n) Apuro o meu paladar ao me alimentar de produtos in natura e fresco;
o) A qualquer hora tenho comida disponível;
4. A BUSCA DA SUSTENTABILIDADE ATRAVÉS DO ALCANCE DAS SEGURANÇAS
4.1.
Segurança Alimentar
É uma intenção permanente a busca por esta segurança. A propriedade deve se tornar o
supermercado da família. Deverá produzir toda a alimentação básica da família. Esta segurança
também se estende a qualquer elemento que faça parte do sistema como, por exemplo: as
galinhas, os suínos e qualquer outra espécie animal.
4.2.
Segurança em Água
Não existe vida sem água, logo se deve buscar captar e armazenar água suficiente para suprir as
necessidades de todos que fazem parte deste sistema, como as plantas, animais e o próprio
homem. A água deve estar presente em todos os espaços, e principalmente armazenada no
próprio solo. Não podemos esquecer que é a água que dilui e carrega os nutrientes necessários
para as plantas. Além disso, para se viver com qualidade de vida precisamos de água para
beber, para lavar, para cozinhar, para banho e para lazer. Por isto é necessário que toda
propriedade pense em como captar, armazenar, tratar, reutilizar e distribuir e redistribuir este
líquido da melhor maneira possível.
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4.3.
Segurança em Energia
Precisamos de energia em todos os momentos. Energia para andar, para pular, para trabalhar.
São vários tipos energia que necessitamos. Todos os seres vivos necessitam de energia e a
maior fonte desta energia é o sol, fonte primária desta energia. As plantas são os únicos seres
vivos que conseguem captar e transformar energia luminosa em energia química através da
fotossíntese. As plantas são os únicos produtores e todos os demais seres são consumidores
desta energia nas mais diversas formas. Uma propriedade precisa acumular o máximo de
energia. E toda atividade para ser sustentável deve produzir mais energia do que aquela gasta
para sua manutenção e produção.
4.4.
Segurança em Nutrientes
Não podemos perder os nutrientes que já fazem parte do sistema e muito menos os que
entram. Precisam-se reciclar todos os materiais orgânicos, mineralizando 1 e disponibilizando os
nutrientes para outros cultivos. Qualquer fluxo deve se tornar ciclo no sistema que esta sendo
montado. Vários ciclos precisam estar presentes no sistema como, por exemplo: ciclo do
nitrogênio, do carbono, etc. Uma cultura sustentável deve restaurar o solo perdido e sua
fertilidade, e uma forma de restaurar este solo é recuperando toda sua bioestrutura através do
uso da matéria orgânica. E ao mesmo tempo também estamos recondicionando os nutrientes
necessários para que uma planta possa crescer com pleno desenvolvimento.
5. APRENDENDO A UTILIZAR O ENTORNO DA CASA
Pode se iniciar da seguinte maneira:
a) Inicie seu planejamento operativo em pequenos espaços e vá aumentando lentamente,
levando em consideração a sua aprendizagem e domínio do que esta fazendo e
ocupando. Este domínio passa pela observação e descoberta das necessidades dos
elementos vivos que estão sendo introduzidos para serem criados naquele espaço e o
1
Mineralização redução da matéria orgânica em nutrientes
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seu pronto atendimento. A ocupação deste espaço pode ser iniciada por um vaso, um
caixote ou até por um pequeno canteiro, o importante é começar com a busca
intencional e planejada da segurança alimentar. Não aprenda sozinho, ensine para os
demais membros da família, convide seus vizinhos para ver suas proezas produtivas
tendo como parceiro a natureza. Mostre os resultados alcançados pela sua ação pro
ativa com a natureza.
Imagens do arquivo Serta Ibimirim – Otimização dos espaços
b) Aproveite ao Maximo os espaços, pense sempre em aperfeiçoar em otimizar estes
espaços ao invés de maximizar. Defina os caminhos, as trilhas deste espaço, planeje
suas idas e vindas de forma eficiente e eficaz. Além de aproveitar e planejar o uso dos
espaços horizontais veja e planeje também o uso dos espaços verticais, aproveite os
espaços subindo, criando andares de uso, desde que o manejo não seja dificultoso.
Utilize a matemática da necessidade da família. Calcule as necessidades da sua família e
só plante o necessário de cada espécie, com esta atitude sobrará espaço para outras
espécies aumentando a diversidade da dieta. Lembre-se o tamanho desta zona é
mensurado pelo tamanho da família e sues hábitos alimentares. Plante o que gosta de
comer, cheirar e ver.
c) Misture tudo ao máximo desde que permitido e tolerado por esta mistura. Isto é, crie
comunidades de plantas, onde uma ajuda a outra. Identifique plantas que se suportam
que se toleram que são companheiras, que se adéquam mutuamente. Que podem
ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo com momentos de colheitas diferentes. A
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natureza não tolera espaços vazios, desocupados, descobertos, para ela é uma ferida
que precisa ser cicatrizada e curada o mais rápido possível. Antecipe-se antes dela,
ajude-a a ela lhe ajudar, monte comunidades de plantas que em todo tempo o solo
esteja protegido, resguardado das intempéries, da intensa luz solar direta, da gota de
chuva direta no solo. Estes jardins intensivos comestíveis tornam o espaço e os seres
que deles se alimentam mais sustentáveis.
d) As formas de vida renováveis neste espaço devem ser perseguidas. A não
renovabilidade dos espaços e dos elementos nos remete a insustentabilidade. Ter forma
de estar sempre presente de geração em geração garante a perpetuidade e o
aperfeiçoamento natural do elemento vivo. Este estar presente não é o estar sozinho,
ser o único, mas presente na comunidade, no ecossistema cultivado que ora fora criado
e estimulado. Faça uma lista dos elementos que podem ser renováveis de forma
permanente na sua propriedade e em especifico no terreiro.
e) Imite os padrões da natureza, crie formas parecidas dos padrões naturais. Utilize a
biomimética2 de forma permanente nestes espaços, repetindo as formas que a natureza
utiliza para organizar os espaços, os elementos vivos e não vivos. O interessante não é
estar junto mais sim conectado, interdependente, onde sei que este elemento precisa
de mim e eu dele, e nós precisando dos outros e os outros precisando de todos e de
cada um. É mais importante conhecer o como se melhora as relações entre um e outro
e não conhecer individualmente cada um sem se conhecer com quem este pode se
relacionar.
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Biomimética - É uma área da ciência que tem por objetivo o estudo das estruturas biológicas e das suas funções,
procurando aprender com a Natureza. A biomimética é a imitação da vida.
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Aprenda a aprender como conviver, como se combinar dentro de um pequeno espaço
com o máximo de elementos permitido por este espaço, onde um ajuda o outro no
desenvolvimento do todo. Os padrões da natureza quando percebidos, entendidos e
imitados vão facilitar a sustentabilidade a beleza, a produtividade e o equilíbrio
permanente do todo. As curvas, os caminhos sinuosos ou tortos oferecem diferentes
visuais e paisagens que atraem olhares para a contemplação para a apreciação,
provocando a multiplicação em outros espaços. Precisamos romper com linhas retas
elas apressam, diminuem os espaços, e lembre-se nesta Zona preciso otimizar os
espaços sem aumentar os espaços.
Aromatize estes espaços com cheiros naturais de plantas, para atrair mais presença de
vida, aumentando a diversidade do espaço. Espaços de caos e mistérios fazem parte dos
padrões naturais, livre-se do simples, do mono, do único, estimule o complexo, o poli o
diverso.
f) Acrescente sempre o elemento água neste espaço. Como captar, armazenar e distribuir
este elemento nesta Zona? Que esta captação e armazenamento possam acontecer de
forma natural e artificial, isto é a natureza sabe como realizar este processo, mas nós
podemos dar duas contribuições para aumentar este processo. Primeiramente
estimulando e facilitando formas de manejo onde a natureza possa realizar suas tarefas
de captação, armazenamento e distribuição de água e a segunda forma é instalando e
consolidando estruturas físicas que possam também aumentar todo este processo.
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g) 01 elemento 03 funções, esta deve ser uma premissa básica para a inclusão e
permanência dos elementos que vão compor esta Zona. Consegue-se operacionalizar
esta premissa posicionando de forma relativa os elementos. Um elemento bem
posicionado consegue desempenhar várias funções, além de se economizar energias e
recursos econômicos e naturais. As estruturas físicas antes de serem instaladas
precisam ser projetadas também levando em consideração estas premissas, como
exemplo a projeção de um lago desde que bem localizado pode atender a várias
funções:

Estimular formas de vida aquática;

Reserva de água para irrigação;

Reserva de água para incêndios naturais e provocados;

Criação de peixes;

Aumento da diversidade de plantas comestíveis aquáticas;

Diminuição da temperatura criando micro climas;
PENSE NISSO... Largar do trabalho e ir não para casa, mas para o seu ecossistema “privado”,
onde você foi um dos mentores, coadjuvante deste pequeno espaço. Onde você contribuiu
verdadeiramente com a natureza para gerar e dar sustentabilidade e continuidade a vida
naquele espaço inclusive o da sua família? Poder se alimentar do que planta, do que nasce,
puder colher todo este manjar natural é um momento repleto de magia e encanto. Além de ser
fantástico ele traz harmonia, consciência ecológica, operacionalidade ambiental. Para uns
Hobby, para outros trabalho, para alguns responsabilidade pedagógica, na intenção de ensinar
para que os outros possam projetar a continuidade do processo, formando novas gerações que
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acreditam, que fazem que sente, que se alimenta. A projeção e a montagem deste espaço
podem contribuir em tudo isto.
O ver crescer uma planta, acompanhar seu desenvolvimento sabendo como está sendo
produzida e depois se desfrutar do seu sabor, do seu aroma, de sua beleza não tem preço que
pague por esta tarefa, só você fazendo e vivendo todo este processo é que vai sentir o que
digo. Relaxa, descansa, ativa a vontade de viver, de fazer, de aumentar, de plantar e criar mais,
criar mais vida, mais tudo. Se com uma planta se sente isto imagine com uma horta e com um
ecossistema diverso, montado por você, se o aumento for exponencial e geométrico vai se
entrar em êxtase. Pela beleza não deveria se pagar e sim se contemplar. Crie seus espaços de
contemplação e de beleza natural. Viva os ciclos da natureza, as safras, as luas, o período das
chuvas, do sol, dos equinócios e solstícios, volte a ter parte a ser parte e a fazer parte da
natureza.
Miguel Grinberg, ambientalista argentino, editor e autor no campo da ecologia social, define a
difusão de valores ecológicos como um processo de contágio que pressupõe contato,
transmissão por proximidade. Tanto a alegria pode ser contagiante, como também as doenças.
No caso da ecologização, trata-se de contagiar a vida pessoal, a família, o município, a
sociedade, o planeta, com o anticorpo da consciência ecológica, combatendo o vírus da
poluição e da degradação do ambiente.
Diz a mitologia grega que o rei Midas transformava em ouro tudo o que tocava. Na peça
intitulada “O menino do dedo verde”, o autor francês Maurice Druon retrata um menino que
tinha a capacidade de melhorar o ambiente, limpá-lo e despoluí-lo a partir de seu toque. Cada
indivíduo, tendo vontade, disposição e lucidez, pode atuar como um menino do dedo verde,
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colaborando para o processo de ecologização da sociedade, a partir de sua ação local. Tal ação
pode referir-se a temas ligados à realidade local, como a outros de ampla abrangência e alcance
global. Não espere inicie sua tarefa de ser mais um menino do dedo verde e saia contagiando as
pessoas e os espaços com o bom vírus da ecologização.
6. AS CONEXÕES QUE LEVAM AS COMBINAÇÕES ADEQUADAS
A BOA FERTILDADE de um solo esta agregada, ou melhor, conectada com uma grande
quantidade de variáveis que promovem a saúde e a produção de todo o sistema. Podemos
tentar elencar algumas destas variáveis interligadas:
Solo com grande quantidade de matéria orgânica ajuda para que este solo possa se tornar fofo,
grumoso, esta grumosidade permite a entrada de ar e água, este ar e esta água ajuda na
absorção das plantas, que por sua vez contribui de forma direta no aumento da fotossíntese,
que termina por aumentar a produção de biomassa, que estimula a floração e que esta se
transforma em flores que serão futuros frutos.
7. REPENSANDO OS ESPAÇOS DOS QUINTAIS URBANOS
O número de pessoas que produzem alimentos no mundo vem diminuindo. As luzes da cidade a
cada dia vêm encantando e atraindo os moradores do campo. A saída do campo e a nova
moradia na cidade causam grandes transtornos na vida destas pessoas. A cultura do produzir
alimento vai sendo esquecida e trocada pela cultura do comprar.
a) Na qualidade da alimentação dos camponeses migrados do campo, a uma perda
irreparável, diminui muitas vezes em quantidade, qualidade e na facilidade do poder
ter, ou melhor, do poder comprar. Na qualidade da vida também tem perdas
irreparáveis, perdas estas que o espaço urbano não consegue atender, nem ofertar.
Assim para alguns a troca já não foi ou não é tão boa como se pensava.
b) Outros indicadores de vida saudável são perdidos como: a qualidade do ar, da água, do
espaço como um todo. Além da perda da paisagem, que antes eram naturais. O belo da
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paisagem estava ali em a frente da casa, no jardim, ali pertinho podendo se contemplar,
apreciar, produzir, doar, cuidar, ter prazer sem ter que pagar para ver e sentir o cheiro
da chuva na terra molhada, o canto dos pássaros ao amanhecer e o perfume das plantas
que faz bem a qualquer ser.
c) E muitos ex-agricultores quando se dão conta destas
perdas tentam retornar ao campo, mas muitos por ter
vendido o seu pedaço de terra tentam compensar estas
perdas tornando-se agricultores urbanos que praticam a
AGRICULTURA DE LUGAR. Pois, de agora em diante é o
espaço utilizado para praticar uma pequena agricultura,
exigindo dele criatividade no uso do pouco espaço que se
tem disponível.
d) A vontade de voltar a produzir torna muitos
ex-agricultores em egressos da prática em
agricultura,
buscando
aproveitar
todo
espaço livre que possa ter acesso para voltar
a produzir alimento. Uns como hobbies,
outros por necessidade de complementação
alimentar, outro, como fonte de geração de
renda para prover parte da dieta da família.
8. COMO APROVEITAR E TRANSFORMAR OS ESPAÇOS URBANOS?
a) O primeiro passo é estar motivado, querer fazer, querer produzir, e deixar a criatividade
tomar conta das suas ações produtivas. Precisamos ver boniteza e estética nos vasos
plantados com culturas comestíveis. Normalmente as donas de casa cultivam muitas
plantas ornamentais que serve unicamente como hobby e beleza. Como associar todas
estas vantagens e ainda ter comida de boa qualidade, produzida ali pertinho ou até dentro
de casa?
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Porque estes vasos não estão produzindo hortaliças, tubérculos ou até frutas?
Laranjas em vasos, estética e produção
Bananeiras na sala
b) Envolver outros nesta produção. Inicialmente os familiares, depois os vizinhos e parentes.
Precisamos envolver outros familiares neste hobby produtivo de alimentos naturais, a
qualquer momento você poderá ter que viajar e vai necessitar de alguém que cuide da sua
mini fazenda. Isto também é qualidade de vida, que pode ser oferecida e praticada por
qualquer uma pessoa logo, esta condição precisa ser ensinada, oferecida para outros, isto
também é ECO-cidadania praticada. Sirva de exemplo, você perceberá quantas pessoas
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irão achar o máximo o que você esta fazendo. Contamine outras pessoas para esta
atividade que antes de tudo é ecológica e contribui de forma benéfica para o meio
ambiente, e sua qualidade de vida.
c) Leve o sol para dentro dos espaços internos. Esta vai ser uma providência necessária para
aumentar as áreas produtivas. Para que possa ocorrer produção de vegetais em qualquer
espaço, faz-se necessário a presença do sol, sem ele é quase que impossível a produção de
biomassa verde. Logo, o sol é sua fonte energética de sua fabrica, você pode ter água,
semente, solo e minerais, mas sem o sol não vai ter alimento. Como fazer para ter ele, nos
mais variados espaços da casa? Oferecendo-nos luz, calor, energia e fotossíntese. Dê
brecha para que ele entre na cozinha, no quarto, na sala e transforme esta luz em comida.
Faça como o girassol, cate sol.
Para que isto possa acontecer:

Acompanhe o sol dentro de casa, ele se desloca durante todo o dia;

Use espelhos que podem conduzir a luz a muitos locais que ele não teria acesso. Nas
estações do ano o comportamento dele muda, tente acompanhar;

Abra janelas e as janelas, deixe-o entrar sem impedimentos, ele traz inúmeros
benefícios.
d) Utilizar os espaços que se tem, independentemente se ele é ideal ou não. A tecnologia e a
criatividade se encarregarão de encontrar formas adequadas para os cultivos. Jardins,
hortas, latinhas e plantas têm tudo a ver. Crie alternativas produtivas.
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e) Faça estética com plantas comestíveis, elas também produzem flores além de frutos que
podem ser consumidos. É um erro pensar que só podemos ornamentar com plantas de
jardins, a beleza de um pé de alface roxa ou de uma americana são fantásticos, de rápida
produção, além da beleza tem sabor, ti alimenta.
f) Conheça as necessidades fisiológicas que uma planta precisa ter a sua disposição para que
ela possa realizar a alquimia de transformar luz, CO2 e água em alimento. As plantas têm
necessidades diversas, umas precisam de mais luz, outras de menos, umas gostam de mais
umidade, outras de pouca, umas precisam de tutores para se agarrar, e assim
sucessivamente. Seja curioso busque conhecer cada representante que você deseja
produzir criando uma parceria entre o sol, a semente, a água e solo e você.
g) De forma alguma jogue as sementes no lixo, elas são um banco genético que não se pode
desperdiçar. Lance-as em espaços em que elas possam germinar espontaneamente. O
retorno é incrível, rápido e sadio, você quando menos perceber terá frutos para comer sem
ter tido nenhum trabalho.
21
h) Busque atender as seguintes seguranças para os cultivos: segurança hídrica, segurança em
nutrientes elas vão ser a base para se obter ótimos resultados produtivos.
Compostagem em tambor
Compostagem
i) Crie um espaço de produção de mudas, um berçário onde você terá plantinhas diversas
para manter uma constância produtiva dos alimentos mais consumidos ou preferidos, não
permitindo períodos sem. É bom lembrar-se dos ciclos naturais onde nem todo o ano a
natureza permite a produção de todos os vegetais.
22
9. IDÉIAS DE APROVEITAMENTO DE ESPAÇOS
a) Treliças
b) Varal de ferro para pendurar garrafas pet
c) Paredes com canos, garrafas
d) Telhados
e) Vasos, tambores, bacias, latas
f) Tipis (armações de varas produtivas)
23
Tipis (armação produtiva)
Telhado verde produtivo
Treliça
Precisamos levar a agricultura para as cidades, é uma forma de contribuir para um meio ambiente
muito mais equilibrado. É uma forma também de recriar e aumentar a relação homem urbano e
natureza verde e produtiva.
10. ONDE LOCALIZAR A FARMÁCIA DE PLANTAS?
A melhor localização é na Zona 01, o mais próximo da casa possível. Imagine uma necessidade
de fazer um chá de madrugada, doença não escolhe hora. Logo, é bom montar esta, sempre
perto da casa e de preferência perto da porta da cozinha, facilitando a colheita, e o cuidar. Não
instalar a horta em local onde leve poeira de passagem de veículos, isto é próximo a estrada
interna e externa.
O solo para horta deve ser o da melhor qualidade, se este não for precisa ser feito. As plantas
devem crescer em local sadio e fértil para que sua qualidade biológica seja perfeita e completa,
ela precisa produzir todos os princípios ativos da sua espécie.
24
10.1. O tamanho da farmácia
O tamanho vai estar muito ligado ao espaço que se tem ao tamanho da família, ao tempo que
se dispõe para manejar esta horta, e o consumo de ervas da família. Levando em consideração
estes critérios fica fácil mensurar o tamanho necessário para a montagem da farmácia de
plantas medicinais. Cultive apenas o necessário e deixe espaço para que a natureza possa
também partilhar deste espaço com as plantas nativas e espontâneas.
10.2. Os consórcios sugeridos
As plantas medicinais podem ser consorciadas com hortaliças. É um consorcio interessante,
pois muitas plantas medicinais produzem aromas que afugentam insetos que poderia atacar as
hortaliças, e em compensação as hortaliças por ter normalmente longevidade curta, produz
sombra, e muita biomassa que vai ajudar na fertilização das plantas medicinais.
A diversificação protege a quem dela faz parte, quer seja as próprias plantas, como também
quem dela se alimenta. Logo, é interessante praticar esta diversidade em todos os espaços
produtivos. Misture a vontade e descubra as parcerias mais benéficas entre as plantas.
Diversificação de plantas medicinais,
farmácia natural ao alcance de todos.
25
10.3. Os formatos dos canteiros
Quanto mais espontâneos forem os formatos melhor, pense nos padrões que a natureza utiliza,
para caber o máximo no menor espaço. Que tal no formato dos lóculos dos tomates, ou da
parte interna do mamão.
Cultive as plantas medicinais onde estão
localizadas às sementes, e onde está à
polpa serão os caminhos da horta que irão
dar acesso aos cultivos
Horta imitando o padrão da parte
interna do tomate, mais espaço e melhor
distribuição harmônica das plantas
cultivadas
26
É bom lembrar que as formas arredondadas aumentam a quantidade de plantas por unidade de
área, é uma das estratégias da natureza para aumentar a quantidade de vida na área o máximo
possível.
10.4. Sabedoria passada de Mãe para Filha
A ancestralidade das experiências, dos erros e acertos, dos conhecimentos produzidos durante
dezenas de anos, garante de certa forma muita sabedoria que precisa ter continuidade, sendo
repassada para outros e outros. No caso da cura pelas plantas existe muito conhecimento
produzido. Na escolha da planta, da parte da planta, da quantidade da parte da planta, de
quanto em quanto tempo, a quantidade a ser ingerida, toda esta sabedoria está presente em
muitas pessoas, principalmente as mais idosas, não podemos deixar que este conhecimento
não seja perpetuado.
Cultivando as plantas medicinais,
preocupação em perpetuar a sabedoria
popular do cultivo e do uso das ervas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que 80% da população dos países em
desenvolvimento fazem uso de práticas tradicionais nos cuidados básicos à saúde. Deste
universo, 85% usam plantas ou preparados. O Brasil, apesar da ampla tradição no uso de
plantas com finalidade terapêutica, tem investido muito pouco nessa área. Resultado disso é
que apenas 10 das 60 plantas registradas pela ANVISA são nativas. (http://www.isaude.net)
27
10.5. Plantas indicadas para curas
Em toda casa existe sempre uma farmácia, em algumas pequenas, já em outras mais arrojadas,
mais completa. Mais sempre existem produtos medicamentosos armazenados, quer sejam
alopatas ou fitoterápicos (folhas desidratadas, cascas, sementes, etc.).
Os critérios utilizados ou levados em conta na seleção destes medicamentos são vários, entre
eles está o estado da saúde da família, se é uma família sadia, que não adoece com facilidade, a
variedade destes medicamentos é pouca, já em outras onde normalmente a saúde é mais frágil,
esta quantidade é maior, e se nessas famílias existir pessoas hipocondríacas esta quantidade é
exagerada. Hipocondria é o medo persistente de se ter uma doença séria. Uma pessoa com
este distúrbio tende a interpretar sensações normais, funções corporais e sintomas leves como
um sinal de uma doença grave.
Outro critério de escolha é uma seleção das doenças mais comuns que afligem a maioria da
população, escolha esta também que pode variar de pessoa a pessoa, de família para família.
Esta escolha pode ser considerada também como o de armazenamento da prevenção, ou até
do tratamento alternativo.
Alguns destes remédios são comprados outros são fabricados pela própria família, como no
caso dos lambedores.
28
Lista de algumas plantas fitoterápicas que em toda farmácia verde (nordeste do Brasil) deveria
existir, logo esta escolha também é guiada por uma infinidade de informações e observações. A
forma da apresentação será:
11. PROBLEMA – PLANTAS INDICADAS – NOME CIENTÍFICO
Dor de Barriga
Boldo do chile
Peumus Peomus
Cicatrizante
Espinheira santa
Maytenus ilicifolia
Dor de cabeça
Alfazema
Officinalis Lavandula
Pressão alta
Sabugueiro
Sambucus nigra
Pancadas
Mentrasto
Ageratum conyzoides L.
Ressaca alcoólica
Louro
Laurus nobilis
Inflamações
Tanchagem
Plantago major
Catarro
Mastruço
Lepidium sativum
Gripe
Sabugueiro
Sambucus australis
Diarréia
Aroeira
Schinus aroeira
Asma
Cardo santo
Cirsium vulgare
Azia
Carqueja
Triptera Baccharis
Anemia
Artemísia
Artemísia vulgaris
Febre
Camomila
Maricaria chamomilla
Gases intestinais
Alecrim
Rosmarinus officinalis
Insônia
Erva doce
Pimpinella anisum
Calmante
Camomila
Maricaria chamomilla
Baixar a pressão
Alho
Alium sativum
Vermes
Alho
Alium sativum
Reumatismo
Arruda
Ruta Graveoleons
Nervos
Erva cidreira
Melissa officinalis
Falta de apetite
Macela
Achyzocline sarureoides
http://claudiokruger.blogspot.com/
29
11.1. Saúde começa no prato
Nossa saúde depende diretamente do que comemos logo, podemos concluir que a saúde
começa no prato. A prevenção inicia-se na nossa dieta diária, no que escolhemos para cultivar,
e também na forma de como cultivamos estes alimentos (sistema de produção utilizado).
As plantas têm um poder incrível, elas conseguem resolver uma infinidade de problemas das
nossas necessidades:

Oxigena-nos;

Alimenta-nos;

Cura-nos

Protege-nos

Etc.
11.2. Ótimo Negócio
Além de todos estes benefícios, é um ótimo negócio a comercialização de plantas medicinais. A
procura ainda é grande, além do mais que muitas empresas farmacêuticas estão a procura de
30
fazer parcerias com agricultores para produzir determinadas ervas de seu interesse. É mais uma
fonte de renda para a família, quando bem planejada.
Comprando Ervas medicinal nas feiras
livres
Como vemos a natureza proporciona ao homem uma infinidade de plantas com
valores medicinais. E a flora brasileira é uma rica fonte de ervas que podem auxiliar no
tratamento e prevenção de vários males. Se nossos ancestrais contavam apenas com o
conhecimento empírico, nós, hoje, dispomos de pesquisas científicas que comprovam as
propriedades medicinais de várias plantas, atestando, em alguns casos, sua eficiência.
Do ponto de vista do consumo, é importante ressaltar que, ao contrário do que muitos
imaginam, algumas plantas fazem mal à saúde. Portanto, o uso de plantas medicinais não deve
ser indiscriminado. Algumas espécies são muito parecidas e corre-se o risco de, por engano,
ingerir uma que é perigosa e não benéfica. Nunca se devem usar plantas para fazer chás sem
que se tenha certeza de sua origem e seus possíveis efeitos. Ervas não são medicamentos.
Nenhum tratamento deve ser feito sem o acompanhamento médico profissional.
31
Remédios são os recursos ou expedientes para curar ou aliviar o desconforto e a enfermidade.
Os medicamentos são substâncias ou preparações que se utilizam como remédio, elaborados
em farmácias ou indústrias farmacêuticas que atendem especificações técnicas e legais. Assim,
um preparado caseiro com plantas medicinais pode ser um remédio, mas ainda não é um
medicamento, não pode esquecer-se deste detalhe. Logo, precaução se faz necessário.
Estimule-se e monte sua farmácia verde, só assim
você vai conhecer mais as plantas selecionadas para
compor sua farmácia para problemas que possam
surgir repentinamente. E não esqueça! a falta de um
espaço específico não poderá ser justificativa para
não ter a farmácia. Vá à feira e transforme as suas
compras alimentares também na sua farmácia. Seu
corpo é o que você come e ingere.
12. INDICADORES DE SOLO SAUDÁVEL
Existem vários indicadores que podem nos orientar sobre a fertilidade ou não do solo. Alguns
destes indicadores podem ser observados sem muita necessidade de conhecimentos profundos
sobre pedologia (estudo do solo). Já outros precisam ser analisados em laboratórios para a
comprovação ou não da presença de determinados minerais.
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12.1. Diversidade de plantas e animais no local
É sinal de solo fértil e de saúde desse solo. A diversidade de minerais que promove a fertilidade
do solo, é um dos facilitadores para o surgimento da biodiversidade.
12.2. Presença de matéria orgânica diversificada e abundante
É um bom indicador de solo vivo, ativo e fértil. Se tivermos grande quantidade de matéria
orgânica é porque temos muitas plantas e ou animais, e se esta matéria orgânica for
proveniente de plantas e animais diversificados a riqueza é potencialmente rica, propiciando
um alto nível de fertilidade.
12.3. A cor do solo
Também é um grande indicador de solo potencialmente rico, pois a cor escura normalmente é
proveniente da decomposição de matéria orgânica. Embora que alguns tipos de solo podem ter
também uma cor mais escura devido ao tipo da rocha de origem, mas na sua maioria é a
matéria orgânica a grande base para esta cor escura dos solos férteis.
12.4. O volume de biomassa por metro quadrado
Esta quantidade de vida clorofiliana é um grande indicador da riqueza e diversidade deste solo.
Porém, esta quantidade de biomassa verde está também relacionada a presença do sol e da
capacidade das plantas de fotossintetizar.
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Coleta de matéria orgânica para pesar
O vigor e o crescimento dos seres vivos pertencentes a este agroecossistema, estão totalmente
relacionado a riqueza e disponibilidade dos minerais e nutrientes para as plantas. É provável
que possa acontecer de existir um solo fértil, porém sem ter seus minerais disponibilizados para
as plantas. A carência, por exemplo, de cálcio pode ser o limitante para impedir a assimilação
dos demais minerais do solo. Logo, este solo necessitará de uma calagem para suprir esta
deficiência.
12.5. A presença de minhocas
Em alguns países a fertilidade é medida através da presença de minhocas. Estes seres são
responsáveis em grande parte pelo revolvimento e mistura dos minerais do solo. Executam um
papel fundamental na manutenção desta fertilidade, pois chegam ainda a aumentar alguns
níveis de alguns minerais do solo. Logo quanto mais minhocas você encontrar no seu solo, mais
fertilidade este solo estará alcançando.
13. A NATUREZA GARANTINDO A PRODUÇÃO DE FORMA ESPONTANEA
Uma única fruta pequena de pinha pode conter em média 50 sementes férteis que podem
gerar uma nova geração, perpetuando sua espécie. É um grande potencial que pouco é
34
aproveitado dentro das propriedades. Imagine em um fruto de mamão quantas sementes pode
conter? E quantos novos pés podem ser gerados? É pura dádiva da natureza.
É uma pena que não se dê atenção necessária a este grande recurso que é o aproveitamento de
todas as sementes e caroços de tudo que se consome. Este potencial não é aproveitado, é
desperdiçado, é visto como resíduo e é destinado ao lixo. Com esta atitude perdem-se a
oportunidade de se ter espontaneamente várias espécies genéticas nascendo de forma natural,
só bastando fazer os seguintes procedimentos: coletar e distribuí lançando estas sementes em
locais propícios e pretendidos por nós para seu estabelecimento.
Imagine que toda manhã este recurso potencial é subutilizado, desprezado. No seu café da
manhã quais as frutas que se consome? Melancia, mamão, melão? E no almoço quais as
hortaliças? Tomate, pepino, pimentão¿ E na hora de se preparar o suco quais as frutas? Goiaba,
maracujá, carambola, limão? Como podemos observar são sementes que poderiam está
nascendo espontaneamente se atiradas ou jogadas em locais possíveis de crescimento. Não
podemos esquecer e de observar que a maioria das plantas que nascem espontaneamente, isto
35
é, sem serem plantadas crescem sadias, sem sofrerem ataques por pragas e doenças e na sua
maioria produzem muitas frutas ou frutos.
Um belíssimo pé de tomate que nasceu e esta crescendo espontaneamente em um monturo no
quintal tem uma grande possibilidade de produzir tomates grandes, bonitos e sadios, além de
ser biologicamente completos e nutritivos.
Cultive as plantas medicinais onde estão
localizadas às sementes, e onde está à polpa
serão os caminhos da horta que irão dar acesso
aos cultivos
Horta imitando o padrão da parte interna
do tomate, mais espaço e melhor
distribuição harmônica das plantas
cultivadas
Esta cartilha pretende abordar este assunto, alertando para este grande recurso disponível em
todas as propriedades e por que não dizer em todas as cozinhas. Trazendo alternativas de uso
para estas sementes marginalizadas e com grande potencial produtivo guardado, esperando
para cumprir sua função na natureza.
Sementes de tangerina e maracujá, melancia e abóbora lixo ou recurso produtivo em
potencial?
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O espaço do entorno da casa normalmente não é aproveitado de forma produtiva. É um espaço
livre e limpo, que poderia ser utilizado para a distribuição de determinadas espécies de
sementes. Espécies de plantas hortícolas e até sementes de pequenas fruteiras temporárias
deveriam compor esta paisagem do entorno das casas. Um simples espremer de tomates em
locais possíveis de germinação poderá garantir alguns quilos de tomates a mais na mesa além
da sua qualidade biológica e nutricional inquestionável. Esta experiência vem sendo aplicada no
SERTA (Serviço de Tecnologia Alternativa) obtendo resultados satisfatórios e surpreendentes.
Feijões que foram excluídos do consumo foram jogados nestas áreas e chegaram a crescer e ter
uma produção inesperada, quando comparado com feijões que foram plantados.
É uma estratégia muito interessante e que traz resultados em curto prazo muito bons.
Devemos aumentar este banco de sementes espontâneas nos primeiros centímetros de nossos
solos. Com certeza vamos nos surpreender com os resultados. Muitas sementes podem fazer
parte desta estratégia, tudo vai depender dos hábitos alimentares da sua família. Não
transforme um potencial genético vivo em matéria orgânica morta antes de eles mostrarem
suas potencialidades reprodutivas.
14. TÉCNICAS E TECNOLOGIAS PARA O QUINTAL
a) Para cozinhar podemos utilizar fogão solares, biodigestor, fornos solares. A diminuição de
gastos com a compra do GLP e outros desaparecem.
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b) Para aquecer e purificar água pode disponibilizar de aquecedores de água os mais diversos.
Além de sistemas de purificação como o sodis e destiladores que tem como fonte de
energia o sol.
Painel solar feito com garrafa pet para
aquecimento de água.
c) Para gelar ou refrigerar podemos utilizar a geladeira de barro (pot in pot), onde podemos
conservar quase todos os alimentos in natura, como frutas, verduras. Diminui-se o gasto
com energia elétrica.
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d) Para clarear, podemos utilizar a lâmpada de garrafa pet e para noite pode-se utilizar o
gerador de energia de bicicleta onde com alguns minutos de exercícios físicos consegue-se
acumular energia em bateria para algumas horas de uso nos mais variados
eletrodomésticos ou até lâmpadas, tomadas de força entre outros.
e) Para ventilar pode-se aprender a canalizar vento, através de captadores feitos no alto ou
no baixo, onde o vento e a brisa podem melhorar o conforto térmico da casa. Utilizar esta
fonte de energia pode significar uma economia grande de recursos financeiros. Temos de
graça esta energia e o que precisamos apenas é aprender como lidar e controlar e
direcionar ela para onde temos as necessidades a serem atendidas. Os mecanismos de
captação podem ser do simples ao sofisticado, do barato ao caro, a escolha é sua. Mas, não
deixe de utilizar esta fonte de energia que nos é oferecida todos os dias gratuitamente.
39
f) Para pintar a casa podemos utilizar tintas de terra com corantes de várias plantas para
mudar tonalidades e cores.
g) Para impermeabilizar podemos utilizar a baba da palma, que é um polímero natural de
ótima aplicação e resultados. Pode-se utilizar esta mistura para impermeabilizar tanques,
cisternas, lajes, paredes entre outros.
h) Para construir a casa ou alguns compartimentos extras podemos utilizar a bioconstrução
com uma infinidade de técnicas como: adobe, super adobe, COB, taipa de pilão, terra
compactada, ate construção de estruturas feitas de geodésica.
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Casa construída com adobe e teto de
cascaje - Ecocentro IPEC
Parte da casa feira de COB - Ecocentro IPEC
Parede construída de taipa leve –
Ecocentro IPEC
Casa feita com estrutura geodésica
i) Para acumular água podemos fazer cisternas de ferro cimento, lagos de tela cimento, ou
plastos.
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j) Na confecção de móveis podem-se utilizar também técnicas de bioconstrução como o COB,
adobe, super adobe e plastos. Pias pré-moldadas podem ser confeccionadas também com
plastos ou até ferro cimento.
k) Para espantar pernilongos podemos utilizar as cascas de laranja, que possui ácido cítrico
que tem o poder de afugentar alguns tipos de insetos. Podemos utilizar o equipamento
elétrico substituindo as pastilhas químicas por pedaços de casca de laranja ou limão
cortado no mesmo formato das pastilhas.
A casca de laranja comum contém um dos elementos o ácido cítrico que é usado na
conservação de alimentos e também pode ser utilizado para afastar mosquitos. Além de
espanar mesmo a maioria dos mosquitos e pernilongos, deixa um suave aroma de laranja
no ambiente e a certeza de que você não está colocando nenhum componente químico
artificial no ar de sua casa.
42
l) Para processar alimentos, podemos utilizar a energia mecânica produzida pela força
humana aplicada a uma bicicleta adaptada para executar algumas tarefas. O processar,
misturar, mexer, moer podem tranquilamente dispensar a energia elétrica pela energia
mecânico-humana. Esta tarefa pode ser executada agregada a outro serviço: o exercício
físico, a malhação além de sarar o corpo pode também executar outros serviços
concomitantemente.
Moinho de milho conectado a bicicleta
m) Para limpar, desinfetar utensílios e objetos de forma menos agressivas ao meio ambiente,
pode-se utilizar detergentes, sabões e desinfetantes ecológicos, produzidos com
substâncias botânicas. Uma limpeza ecológica é realizada como um sistema que permite a
utilização de métodos e produtos amigos do ambiente, que pouco deve poluir. A melhor
maneira está na escolha dos produtos e equipamentos que vai ser utilizado para a
realização desta limpeza, o gasto com energia, e o uso de elementos inorgânicos devem ser
muito bem pensado e escolhido. O uso de soluções mais naturais e econômicas é a lógica
que precisa ser levada em consideração. Depende de nós, diminuirmos a quantidade de
elementos tóxicos que chegam às águas, ao ar e ao solo, através dos ralos das nossas
cozinhas e dos nossos banhos e lavagem de roupas, e também do ar da nossa própria casa.
43
Detergentes, sabão e desinfetantes
ecológicos.
Confeccionando produtos de limpeza
ecológicos.
n) Gerando energia elétrica – É uma das grandes necessidades de muitas propriedades rurais. A
distância da civilização às vezes é medida pela falta da energia elétrica. Esta energia provoca
comodidade, o apertar um interruptor pode fazer a diferença no permanecer ou não na
zona rural. Muitas tarefas podem ser executadas por máquinas que facilitam muito a vida
das famílias. Em muitas atividades produtivas o ter ou não ter pode significar maior
rentabilidade ou não. O ventilar, o refrigerar, o acender pode em pequena escala ser
atendido por equipamentos que geram a produção de parte da energia necessária para uma
residência. Mas uma vez a bicicleta pode desempenhar esta função atrelada a força da
malhação humana.
Carregador de bateria
http://meioseculodeaprendizagens.blogspot.c
om
44
15. OUTRAS ESTRATÉGIAS DE ECONOMIA LOCAL
15.1. Do próximo para o longe
Tudo mais distante normalmente se gasta mais. O ir, o vir, o levar o trazer, são tarefas que
quando realizadas em grandes distâncias aumentam muitos as despesas. Uma boa estratégia
que pode ajudar muito na economia local é trazendo a produção para o mais próximo de casa
possível. Plantar o que se come o mais perto de casa possível deve ser uma das estratégias. Na
Permacultura a zona 01 é a área que deve ser dedicada a se tornar o supermercado da família,
onde o alimento do consumo de casa deve ser produzido ao máximo nesta área. Ter as
necessidades básicas atendidas sem precisar se comprar faz uma diferença fantástica e muito
significativa na economia financeira da família.
Entorno da casa transformando-se no
supermercado da propriedade.
Zona 01 área de segurança alimentar da
família
15.2. Só plantar o que dá para cuidar
Normalmente a intenção de plantar transcende a quantidade de mão de obra e de tempo que
se tem, gerando perdas e conseqüentemente baixas na produção e na rentabilidade da
atividade. Dimensionar corretamente o que se quer cultivar ou criar levando em consideração a
disponibilidade de mão de obra, de insumos e de tempo deve fazer parte do planejamento da
produção. É comum encontrarmos atividades super dimensionadas na tentativa de fazer mais
lucro, e sempre percebo que normalmente os resultados são negativos, precisamos montar
estratégias de diminuir os riscos e não de aumentar.
45
15.3. Utilizar ao máximo o que se tem
Antes de comprar qualquer insumo verifique primeiro se existe outro elemento que possa
atender a demanda sem ter que se comprar. Um dos princípios da Permacultura é que cada
elemento deve executar várias funções, logo, aplique este princípio e descubra ou identifique
outros elementos que possa atender a demanda. Produto similar ou parecido e que
desempenhe a função exigida é a estratégia pretendida.
15.4. Criar manejo de menor intervenção
Qualquer intervenção que se faça no nível de cultivo ou criação, normalmente aumenta as
despesas. Uma intervenção também na hora errada aumenta vertiginosamente os gastos
principalmente com mão de obra. Por exemplo, tem muitos produtores que durante o cultivo
do milho de inverno faz duas a três limpas, enquanto outros produtores mais atentos aos
processos naturais já perceberam que uma capina em muitos casos é suficiente, não
comprometendo o desempenho produtivo do cultivo e muito menos o retorno financeiro. A
estratégia é a hora e o momento certo de aplicar o serviço.
15.5. Aumentando a mistura de plantas
Quando se mistura as culturas aumenta-se a capacidade de lucratividade, pois dificilmente
acontecerão prejuízos onde se perca tudo o que foi plantado. É uma garantia o plantio
consorciado, além de economizar mão de obra, pois ao mesmo tempo em que manejo uma
cultura estarei manejando todas ao mesmo tempo.
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O aumento da rentabilidade e a diminuição das despesas internas de uma propriedade rural
dependem em parte dos fenômenos da natureza e da ação planejada ou não do ser humano.
Quando investimos tempo e energia no planejamento diminuímos os riscos. Utilizar os recursos
que se tem no local é uma condição necessária para a busca da sustentabilidade das
propriedades de modo geral. Trazer de fora não deve ser a postura de quem quer criar um
ambiente equilibrado e que não deixe de ter por falta de dinheiro.
16. EDUCANDO OS FILHOS PARA UMA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
16.1. Educação, o poder de mudar a realidade
Os cientistas avisam que nosso modo de vida é insustentável. Estamos esgotando os recursos,
poluindo, envenenando, água, solo e ar. Uma mudança é urgente e necessária. Um tipo de
mudança que envolva e prepare os jovens para ter posturas menos impactantes diante da
natureza. A ecoalfabetização deve ser o eixo norteador ou até um tema transversal em
qualquer processo educacional, em todos os espaços de intervenção humana a
ecoalfabetização deve fazer parte.
A Ecoalfabetização3 (CAPRA, 2006) é o conjunto de conceitos inerentes aos processos
comunitários calcados em princípios de sustentabilidade. O conhecimento de que toda a
comunidade tem que estar engajada para atingir sustentabilidade é o resultado de um processo
natural de sobrevivência e deve ser aprendido deste cedo.
Como educar nossos filhos para uma nova concepção de agricultura que utilize a
ecoalfabetização como base? Quais as disciplinas que se deve utilizar para formar um jovem
para o uso de valores Ambientais, Ecológicos e ou Permaculturais?
Podemos ensinar em casa? Ou unicamente é função da escola? Será que a escola consegue
trabalhar valores ou fica unicamente nos conhecimentos disciplinares? Os conhecimentos
sobre como produzir alimentos de forma saudável quem vai ensinar aos nossos filhos? Como
3
Ecoalfabetização – É o conjunto de conceitos inerentes a processos comunitários calcados em princípios de
sustentabilidade.
47
cuidar do planeta? A escola está conseguindo ensinar? A escola está formando ou apenas
informando?
Adubo natural (composto orgânico), alimento
vivo para a terra.
Adubo químico, alimento antinatural para
a terra.
Estas e muitas outras perguntas sempre vêm me fazendo, na tentativa de encontrar formas ou
experiências onde o jovem possa se identificar, protagonizando todas estas questões. Formar
jovens preocupados com as questões planetárias a partir do local, da sua propriedade é o
desafio que esta sendo posto.
As questões ambientais cada vez estão se tornando preocupantes e vem tomando dimensões
cada vez mais alarmantes. Como aproveitar a natureza e a natureza da propriedade para que
ela se torne verdadeiramente uma sala de aula onde toda a família possa aprender a partir do
ver, do fazer, do comprovar, do errar, do não alcançar a produção esperada? Que
aprendizagens devem e podem acontecer?
O parágrafo a seguir pretende apresentar idéias onde a intenção é formar jovens filhos de
agricultores para uma nova forma de ver e fazer agricultura. Uma cultura produtiva que se
orienta por valores ecológicos, ambientais. Onde se busca a satisfação atual sem impedir que as
demais gerações tenham este mesmo direito. Tirar com parcimônia, com cautela, com critérios.
Como sugestão, proponho repensar as trocas das disciplinas, e em casa ao invés de se ensinar a
matemática, a biologia, a física irá ensinar novas disciplinas/valores com as seguintes intenções
pedagógicas:
16.2. Educar para a participação
48
A natureza sempre trabalha na intenção de envolver mais elementos, aumentar as
combinações, aumentar a participação de todos que compõe o ecossistema. Este nível de
participação pode acontecer em ligações diretas, junto, perto, ligado pele a pele, outras
acontecem de forma indireta, não necessitando estar junto. Mas, a participação com valores
cooperativos reforçam, legitimam laços de parcerias, de aceitação, de alinhamento. Sente-se
que a minha força é complementada na do outro. O que não sei é reforçado pelo saber do
outro. Na participação desconcentram-se as tomadas de decisões em um único para a decisão
conjunta, coletiva, responsabilidade de todos pelo sucesso ou insucesso. Precisamos
desaprender valores culturais herdados onde a individualidade ainda direciona as ações de
exploração e do fazer. Posso aprender sozinho, mas é muito mais gostoso aprender em grupo,
no processo do debate as aprendizagens se multiplicam, posso até fazer sozinho, mas é mais
leve fazer em grupo, posso até errar sozinho, mas é muito menos doloroso saber que não errei
só, foi decisão grupal.
Alternativas produtivas ambientalmente
corretas
Construção de cisterna feita por jovens,
educação para problemas coletivos.
Precisamos utilizar a participação como uma regra, como norma e porque não dizer como
disciplina.
Nossos filhos devem ser educados para servir e não unicamente para ser servidos. A
participação deve ser praticada desde cedo em tudo que se pensa e que se faz. Não espere ser
chamado ofereça-se. Ajudar o outro é tarefa gratificante e que produz grandes valores morais,
de solidariedade, de companheirismo. Precisamos ensinar o saber cuidar como diz o grande
pensador Leonardo Boff.
49
Crie estratégias de provocar participação, dê a entender que precisa de ajuda, e se não for
percebido, peça ajuda, ajuda se dá a quem pede e a quem quer.
Mutirão, grande estratégia de
participação e ajuda ao próximo.
A participação, disciplina que
estimula a troca de conhecimento
independentemente do gênero.
Aumento da produtividade estimulada
pela participação
Rapidez e eficiência se ganha na ação
conjunta
16.3. Educar para a autocontentação
A propaganda sempre é criada para estimular os desejos, e tenta o tempo inteiro fazer me
sentir inferior por não ter determinadas necessidades atendidas. O consumismo me leva a ter
várias coisas iguais ou diferentes, porém com a mesma função. E a não contentação se torna
permanente, nunca ficamos satisfeito com o que temos, sempre quero outro e outro e mais
outro. A pergunta base é como me autocontentar e ensinar aos meus filhos esta
disciplina/valor se a mídia permanentemente destrói esta lógica, vendendo a felicidade como
se fosse um produto que se compra ou que se adquire quando se efetiva uma compra.
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Muitas das coisas que torna as pessoas mais contentes, felizes e melhores não são bens que
podem ser comprados e vendidos: são valores, atitudes, sentimentos e emoções que valem
muito, mas não têm preço. As vezes determinadas conquistas nos traz momentos de alegria, de
prazer de poder, mas com certeza isto não é felicidade.
16.4. Educar para a frugalidade
Ser frugal é ser simples em nossos costumes, em nossa forma de viver. É não correr demasiado
em busca do ter, pois reconhece a ilusão desta atitude. É evitar desperdício, é preocupar-se
com a ecologia, é dispensar hábitos caros, é suprimir a necessidade de auto-gratificações
constantes. Ser frugal é se contentar com pouco, é não exigir tanto da natureza para ter nossas
necessidades atendidas.
É repensar o ter que comprar um novo se o velho ainda esta funcionando, é saber cuidar do
velho para não ter que comprar outro só porque é mais moderno. É dar a outro para que ele
possa reutilizar, é passar de mão em mão sem virar lixo. É aproveitar ao máximo o valor e
função dos objetos, é dar mais função ao objeto, evitando que o mesmo se transforme em
objeto sem utilidade.
Pergunte sempre “Preciso mesmo disso?”. A frugalidade não se furta de dormir em uma cama,
mas não exige que a mesma seja emoldurada com diamantes e suas colchas não precisam ter
fios de ouro. A frugalidade senta-se à mesa e come o pão e toma vinho, mas não necessita que
o vinho seja francês da safra 1968 (Rafael Reinehr).
Acredito que esta disciplina/valor é de fundamental importância para que as propriedades
possam ser mais sustentáveis e equilibradas entre o produzir, possuir e descartar. Os nossos
filhos precisam aprender praticando intensamente esta disciplina/valor. A sobra é conseguida
também diminuindo o consumo, e quanto menos consumo menos exploração da natureza, e
isto significa mais preservação do ambiente.
Enfim ser frugal é dar valor ao que você conseguiu, é ser feliz com o que se tem e com o que se
é, buscando sempre o essencial e a durabilidade do já alcançado.
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Não é o não poder trocar as enxadas por um trator, mas saber o que esta compra pode gerar de
gastos energéticos e de impactos ambientais. O custo benefício vai valer apena. Será que esta
máquina vai ter serviço para executar o ano inteiro ou só vai ser utilizado em alguma estação
do ano?
Poupe a natureza, consuma só o
necessário. Evite desperdícios.
16.5. Educar para autolimitação
Conhecer e reconhecer os limites do ambiente, das
pessoas, e das coisas é de fundamental importância para
um bom viver. Para viver harmoniosamente é preciso
respeitar limites. E isto é coisa que se aprende, logo é
necessário que alguém ensine. Tudo tem limites para se
Tudo tem limites, descubra os
seus, dos outros e do ambiente.
possuir permanentemente. É uma condição para se
alcançar o estado sustentável das coisas.
Não podemos esquecer que a natureza tem seus limites para atender nossas necessidades, logo
não tire mais do que ela pode te oferecer. Os nossos corpos também têm seus limites, qualquer
exagero executado, passamos dos limites, logo comer demais, beber demais, trabalhar demais,
dormir demais, todos estes comportamentos exagerados nos levarão ao passar dos limites,
logo se criou uma situação de insustentabilidade.
Como diz o dito popular “nem tanto, nem tão pouco” esta deve ser a lógica para se alcançar a
Autolimitação.
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Ensine a seus filhos a avaliar constantemente os princípios que guiam suas escolhas e seus
hábitos de consumo.
16.6. Educar para o minimalismo
A postura minimalista durante a vida como consumindo o mínimo de alimentos, de ar,
controlando o próprio corpo diante das necessidades deve ser um exercício diário. Esta postura
constitui um ideal a ser atingido. É uma postura de ecologia interior, de ecologia profunda,
onde preciso aprender a ter autocontrole, domínio das compulsões, e a ser tolerante.
Ter reservas naturais e consumir pouco é uma estratégia para quem quer ser sustentável. Em
pequena propriedade o minimalismo deve ser praticado ao máximo, ampliar o uso das coisas e
da natureza é a postura educacional que se quer com esta disciplina/valor. Aprenda e ensine a
minimizar o uso:
a) Da terra
b) Do adubo
c) Da água
d) Do espaço
e) De trabalho
f) De energia aplicada
16.7. Educar para resolver conflitos
É mais fácil aprender através de fatos lógicos, mas não saber lidar com as falhas, com os
fracassos e com conflitos é não saber aprender para o existir.
A vida é cheia de contradições e conflitos, o tempo inteiro estamos tomando decisões, optando
por A ou B e em algumas vezes por C. lidar com situação conflito exige aprendizagens
intangíveis. Entender e mexer com emoção não é fácil, nortear decisões transcende as
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disciplinas tradicionais. Os valores devem ser as ferramentas para as escolhas para as opções na
vida.
O conflito nos ajuda a produzir conhecimentos e sabedoria. Problematizar algumas situações
nos torna mais ávidos para entender o que se está enfrentando. Uma visão sem ação é sonho, e
uma ação sem visão não tem sentido, somente uma ação com visão tem o poder de mudar a
realidade.
A verdade é que muitas pessoas veem o mundo de forma diferente, por razões culturais,
educacionais, costumes e outras tantas que interferem numa uniformidade de pensamento. Há
os que manifestam posição ou entendimento; outros ficam calados, contudo com um menor
envolvimento e compromisso.
16.8. Educar para o contemplar
O belo é aquilo que é despojado, limpo, simples, e isso reflete na decoração, no planejamento
do espaço no jogo de cheios e vazios. O belo natural não precisa da interferência humana.
Aprender a contemplar os espaços, a vida individual e coletiva para menos intervenção causa
boas repercussões ambientais.
Vê e admirar a beleza de um sapo é ir além do conceito de beleza que se apresenta e se ensina.
A beleza não só está na plástica, na geografia, ela transcende essa lógica.
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Olhar apreciando e buscando entender as lógicas, as conexões, as mensagens que aquele
elemento pode nos trazer é contemplar a mistura e a essência. Uma paisagem é bela não pelo
único, mas pelo conjunto que se vê. Logo, precisamos educar nossos filhos para ver estética no
elemento e no conjunto que ele está ligado. Olhar a caatinga e a mata atlântica e vê a beleza
destes biomas na sua plenitude é olhar com olhos de vê. Não vê o seco da caatinga com
desdém, mas vê a riqueza deste espaço a partir desta secura, da sua resistência, da sua
biodiversidade adaptada, dos animais moldados para este espaço, da hibernação esperando o
momento exato para voltar a desabrochar, isto tudo é beleza que precisa ser vista e entendida.
16.9. Educar para a ecologização
Em principio tudo pode ser ecologizado, quer seja no sentido de que podemos adotar formas
menos agressivas no pensar, no comunicar, no agir, no vestir, no trabalhar. Existe uma
infinidade de ecologias que podem e devem ser trabalhadas para o aumento de
conhecimentos:
a) Ecologia política
b) Ecologia humana
c) Ecologia cultural
d) Ecologia social
e) Ecologia rural
f) Ecologia urbana
g) Ecologia planetária
h) Ecologia interior
i) Ecologia profunda
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j) Ecologia industrial
Cada uma delas compõe um mosaico de visões, perspectivas e abre possibilidades de
compreensão do mundo e do nosso espaço local e particular. Perceber esta realidade
ambiental e ir além do pensamento tradicional ou de senso comum. Precisamos educar nossos
filhos com filtros e lentes aproximando-os de uma visão mais holística da ecologia, na qual a
percepção do todo é enriquecida pela visão mais detalhada de cada uma das partes. Ecologizar
é um verbo que pretende aguçar estes conhecimentos em todos os âmbitos. A necessidade de
ecologizar os pensamentos, diante do fato que a nossa cultura estar baseada, em uma cultura
com valores e visões de mundo dissociadas das leis da natureza, o que resulta na crescente
degradação ambiental, acumulação de resíduos, e perda da sustentabilidade em todos os
espaços de presença e ação humana.
16.10. Educar para o lar
O que seria uma educação para o lar? A manutenção de uma casa exige a execução de muitas
tarefas cotidianas, tarefas estas que precisam ser executadas por todos os membros da família.
Qualquer desequilíbrio neste ambiente causa muito trabalho para uns e pouco para outros.
Podendo gerar até alguns conflitos entre seus membros.
Uma das primeiras necessidades educacionais neste espaço é a distribuição de trabalho e
responsabilidade envolvendo todos os jovens nesta aprendizagem prática. Seu espaço, e os
espaços coletivos precisam fazer parte de um todo que é a casa, que deve ser encarada como
um ser vivo, onde demanda muitas manutenções e entradas de alguns insumos e energia.
Manter uma casa ecologicamente correta vai exigir mudanças de alguns costumes, hábitos que
foram herdados por uma cultura que vai de encontro as normas e regras naturais. Entre estes
hábitos culturais herdados, está a produção de lixo, como educar nossos filhos para a não
produção? Ou pelo menos a diminuição de produção? O que fazer com o pouco lixo produzido?
Como reaproveitá-lo? Como incluí-lo no ciclo do sistema, para que ele não venha causar
poluição? O que fazer para diminuir os gastos de energia, principalmente as pagas? Como
projetar espaços para que a energia do sol possa ser utilizada com mais intensidade? Que
materiais de limpeza para a casa vão ser utilizados? Vai comprar estes insumos que na sua
maioria são produtos químicos ou vai se produzir de forma ecológica? Como elaborar um
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cardápio barato e que respeite a estações climáticas, aproveitando o que a natureza pode nos
oferecer nos ciclos produtivos? Quais os hábitos alimentares corretos que vamos ensinar aos
nossos filhos? Não dá para cobrar se você mesmo não tem estes hábitos pretendidos. O ditado
popular que diz “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, neste processo educacional
não vale, não se encaixa, não se enquadra. E não podemos esquecer que boa parte do que se
produz na propriedade deve ser para atender a demanda de uma dieta equilibrada da família.
Todas estas questões devem fazer parte do processo educacional para o lar. Nossos filhos
precisam ser educados e em muitos casos treinados e até avaliados de forma continua. O sair
da rota é muito fácil, os espaços de aprendizagens são muitos fora de casa, e todos tem um
poder de influência enorme.
Estas seriam as intenções pedagógicas e didaticamente teríamos a natureza da propriedade
como espaço de aprendizagem, de prática e de exemplos. Sabemos que a natureza não
trabalha valores, mas podemos através das nossas observações e comparações entender sua
ação desprendida de ganância, do ter só para mim, do não dividir, do fazer junto, onde o
sucesso de um é o sucesso de todos do sistema.
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17. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Vivan, Jorge Luiz. Agricultura e Florestas : princípios de uma interação vital – Guaíba, 1998.
Fukuoka, Manosubu. Agricultura Natural: teoria e prática da filosofia verde; tradução de Hiroshi
Seó e Ivna Wanderley Maia – São Paulo: Nobel. 1995
Morrow, Rosemary – Permacultura Passo a Passo – Pirenópolis, GO : Mais Calango Editora,
2010
Legan, Lucia- Soluções Sustentáveis – Permacultura na Agricultura Familiar/ Pirenópolis, GO:
Mais Calango Editora, Ecocentro IPEC, 2007
Introdução à Permacultura – Bill Molisson e Reny Mia Slay
Permacultura UM – Bill Mollison e David Holmgrem
Mendes, Roberto – A Permacultura aplicada na agricultura familiar / Permacultura Pedagógica, 2012
Holmgren, David – Permacultura: princípios e caminhos além da sustentabilidade / tradução Luiza
Araújo. – Porto Alegre: Via Sapiens, 2013
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