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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ JULIANO CARPEN SCHULTZ A COMUNICAÇÃO EMOCIONAL NO REPERTÓRIO BRASILEIRO PARA TROMPETE E TROMBONE CURITIBA 2012 JULIANO CARPEN SCHULTZ GRR 20072557 A COMUNICAÇÃO EMOCIONAL NO REPERTÓRIO BRASILEIRO PARA TROMPETE E TROMBONE Monografia apresentada à disciplina HA603 - Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial à conclusão do Curso Bacharelado Departamento de em Música, Artes, SCHLA, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Danilo Ramos. CURITIBA 2011 ii Dedico todo o empenho e esforço desse trabalho aos meus pais Aracy Carpen Schultz e Gabriel Schultz. Espero um dia educação, poder o recompensar carinho e a depositado em mim por vocês. toda a confiança iii AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço à minha família, em especial aos meus pais Aracy Schultz e Gabriel Schultz, pelo apoio, incentivo e confiança incondicional depositados em mim; pela herança mais preciosa que os pais podem deixar aos filhos: a educação e a conduta moral, sendo ensinadas sobretudo, por meio do exemplo. Aos meus irmãos Marcelo Schultz e Alessandra Schultz pelo apoio que recebi durante esse tempo. Por fim, no âmbito familiar, agradeço à Olandia Schultz, que me acolheu e me acolhe como um filho em sua própria casa. A Dorival Ariede e a Nágila Ariede pela participação indireta que tiveram durante todo o tempo decorrido da pesquisa. Aos músicos e ouvintes participantes dessa pesquisa que foram as peças principais desse estudo. Em ordem alfabética, agradeço aos participantes que atuaram nesta pesquisa como performers: Abimael Barbosa, Alexandre Zultanski, Anderson Moraes de Paula, Douglas Chiullo, Erivaldo Lucas, Evaldo Ribeiro, Jorge Scheffer, Ozéias Costa, Ricardo Espíndola, Rodrigo Vicaria, Rogério Leitum e Sidnei Pereira. Agradeço ao professor Silvio Spolaore pela sua participação no experimento piloto de gravação e pela sua participação na etapa de apreciação dos trechos musicais para mapeamento do código acústico os performers. Além disso, sou grato pela sua dedicação e perseverança na condição de docente em trombone que, além de ter conseguido envolver-me no processo de ensino-aprendizado, não me deixou desistir frente às dificuldades. Agradeço-o, sobretudo pela sua amizade, generosidade e compreensão. Agradeço a Maria Eduarda Guimarães pela sua contribuição direta na pesquisa, com o fornecimento do equipamento para as gravações do Experimento I, pela monitoração de toda a gravação e também por todos os outros auxílios durante todo o processo de coleta de dados. Assim como sou grato pelo apoio e incentivo nos momentos de fraqueza nos quais eu mais precisei e pelos momentos de alegria que me ajudaram a suportar os momentos de tensão. Não posso deixar de agradecer a compreensão para com as minhas ausências (que cometi em razão das tribulações cotidianas) e para com meus equívocos e erros decorrentes das minhas imperfeições e dos meus instintos egóicos e orgulhosos. iv Agradeço imensamente ao professor Danilo Ramos, pela oportunidade de trabalharmos juntos, por ter me apresentado um mundo rico em conhecimento. Pela sua compreensão nos momentos mais periclitantes da pesquisa. Por sua amizade, por ter se tornado uma das pessoas mais influentes em minha vida. Não agradeço apenas pela orientação e acompanhamento durante toda a pesquisa, mas agradeço principalmente pela sua generosidade. Agradeço aos colegas do GRUME (Grupo de Pesquisa Música e Emoção) pelas calorosas discussões e engrandecimento intelectual que traçamos durante esse período existencial do grupo. Em especial agradeço ao amigo Elder Gomes da Silva pela participação na etapa de apreciação dos trechos para definição das pistas. A ele e ao amigo Adriano Elias agradeço pela amizade e pela inspiração indireta que me deram, talvez mesmo sem o saberem. v O homem que não tem a música dentro de si e que não se emociona com um concerto de doces acordes é capaz de traições, de conjuras e de rapinas. William Shakespeare – O mercador de Veneza vi APRESENTAÇÃO A Cognição Musical é uma área pouco explorada no Brasil, sobretudo com um enfoque oriundo da Psicologia Experimental. Esse é um dos motivos que fomentam a importância de pesquisas onde se busca entender os processos mentais que ocorrem em atividades relacionadas à música, como a escuta, a performance ou até mesmo o processo de composição de uma peça musical. Durante os últimos anos, várias pesquisas estão sendo desenvolvidas, as quais relacionam a comunicação emocional entre intérprete e ouvinte. Na Europa e nos Estados Unidos, os pesquisadores da área têm verificado os processos psicológicos relacionados a comunicabilidade em diversos instrumentos musicais, entre eles, o piano, a guitarra e o violino. Porém, até o presente momento, não se tem notícia de algum estudo realizado no Brasil que investiga a comunicação emocional no trombone e no trompete. Esses instrumentos foram escolhidos porque há alguns anos venho desenvolvendo o estudo sistemático do trombone e, durante este processo, venho apresentando algumas dificuldades com relação ao aprimoramento de minhas performances em alguns aspectos do instrumento. Esses aspectos são principalmente relacionados à execução do instrumento. Por vezes uma informação sobre como devo executar uma frase ou um tema está muito clara em minha cabeça. Porém, no momento de colocar em prática no instrumento essa informação, a dificuldade aparece na forma de um bloqueio. Esta pesquisa contribui para o entendimento destes, que provavelmente ocorre com outros músicos também. No Brasil (e especialmente em Curitiba, cidade onde resido) os professores desses instrumentos, com os quais tive contato, dão ênfase para o ensino de aspectos técnicos da performance e a ênfase aos aspectos expressivos é relegada para momentos futuros quando o aluno já tem um bom nível técnico. Neste sentido, este estudo pode ser justificado no sentido de fornecer aos músicos uma possibilidade para a obtenção de performances que levem em conta a aquisição de elementos expressivos durante suas execuções. Esses instrumentos possibilitam grande variação de combinação de elementos, que resultam em diversas maneiras de se tocar, o que leva à expressão de diferentes possibilidades sonoras, especialmente vii se o contexto musical em questão é o repertório brasileiro, com sua variedade e riqueza rítmica, melódica, harmônica e timbrística. Neste sentido, este trabalho se propõe a investigar como o trombone e trompete comunicam emoções no repertório brasileiro. Apesar de estes instrumentos serem feitos do mesmo material e ambos serem classificados como instrumento de sopro da família dos metais, eles possuem mecanismos técnicos distintos entre si. O trombone com o uso da vara possibilita recursos próprios, que fora disso pode ser encontrado apenas na voz humana, como o glissando. Já o trompete apresenta recursos com as válvulas, que, teoricamente, facilitam a execução e talvez o aprendizado do instrumentista. Neste sentido, os resultados desta pesquisa poderão contribuir para auxiliar estes instrumentistas na expressão de suas emoções por meio de seus instrumentos musicais. Produtores musicais e maestros poderão ter alternativas para fornecer aos músicos elementos acerca das intenções emocionais de uma peça a ser criada ou selecionada quando uma intenção em determinada música for exigida. viii RESUMO Pesquisadores em Cognição Musical empregam o termo acurácia na comunicação emocional àquelas situações no qual a emoção expressa pelo performer é compreendida pelo ouvinte. O Brunswikian Lens Model é um modelo científico que procura averiguar a acurácia da comunicação emocional entre intérprete e ouvinte. Este modelo foi construído e vem sendo aplicado em um contexto musical europeu ocidental. Neste sentido, o propósito desta pesquisa foi avaliar as respostas emocionais de ouvintes sobre performances musicais de peças executadas por trombonistas e trompetistas no contexto brasileiro. Para tal, ela foi dividida em quatro etapas: (a) gravação de trechos musicais de trombonistas e trompetistas que eles acreditem desencadear as emoções Alegria, Tristeza, Serenidade e Raiva em seus futuros ouvintes; (b) análise do material gravado em termos de descrição do código acústico empregado pelos performers em cada trecho musical; (c) exposição do material gravado a ouvintes músicos e não músicos residentes na cidade de Curitiba; (d) análise das respostas emocionais dos ouvintes sobre cada trecho musical apresentado, feitas por meio de escalas de diferencial semântico (alcance 19), referente às emoções acima mencionadas. Com relação à análise do código acústico empregado pelos performers, os resultados indicaram que de maneira geral, trombonistas e trompetistas utilizaram o mesmo código acústico apresentado no Brunswikian Lens Model para comunicar emoções aos ouvintes. Além disso, outras pistas acústicas relacionadas a estilos musicais brasileiros foram utilizadas: para a emoção alegria, fez-se uso da síncopa com predominância de ritmos como a gafieira e para a comunicação da o atonalismo foi amplamente utilizado. Com relação às respostas emocionais dos ouvintes, os dados foram analisados por meio do teste ANOVA, a partir do design experimental 2 (instrumentos) x 4 (emoções). Estes resultados indicam que esses dois instrumentos comunicam a emoção Alegria de maneira parecida. Os resultados referentes à emoção Raiva apresentaram uma influência do instrumento sobre a acurácia na comunicação dessa emoção. Os resultados referentes às emoções Serenidade e Tristeza indicaram que os performers não conseguiram comunicar nenhuma dessas emoções de maneira acurada. Os resultados desta pesquisa foram discutidos à luz do Brunswikian Lens Model. Palavras-chave: Comunicação emocional; música brasileira; trombone; trompete. ix LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: O modelo Circumplexo de Russell (1980), apud Juslin, 2001.............. Error! Bookmark not defined.! Figura 2: O Brunswikian Lens model para a comunicação em performance musical (adaptado por Juslin, 1995) ......................................... Error! Bookmark not defined.! Figura 3 Ilustra as médias dos trechos musicais encontradas (alcance 1 – 9) nos julgamentos dos ouvintes em relação a cada emoção analisada no trombone e no trompete..................................................................................................................... 26! Figura 4: Médias das respostas dos ouvintes em relação aos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas para a emoção Alegria (alcance: 1-9). ..................................................................................... Error! Bookmark not defined.! Figura 5: Médias das respostas dos ouvintes em relação aos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas para a emoção Raiva (alcance: 1-9). ..................................................................................... Error! Bookmark not defined.! Figura 6: Médias das respostas dos ouvintes em relação aos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas para a emoção Serenidade (alcance: 1-9). ............................................................................. Error! Bookmark not defined.! Figura 7: Médias das respostas dos ouvintes em relação aos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas para a emoção Tristeza (alcance: 19).................................................................................. Error! Bookmark not defined.! x LISTA DE TABELAS Tabela 1: Utilização das pistas na comunicação de emoções (Juslin, 2001).............. 6! Tabela 2 Resumo da análise sintática dos juízes à respeito dos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas.......................................................... 17! xi SUMÁRIO 1.! Introdução: as emoções musicais ..................................................................... 1! 2.! Comunicação emocional ................................................................................... 5! 2.1.! O código acústico.............................................................................................. 6! 2.2.! O Brunswikian lens model................................................................................. 8! 3.! Comunicação emocional de música brasileira por trombone e trompete ....... 11! 3.1.! Instrumentos de sopro de metal ..................................................................... 11! 4.! Objetivos ........................................................... Error! Bookmark not defined.! 5.! Experimento I - codificação ............................................................................. 15! 5.1.! Método – experimento I .................................................................................. 15! 5.2.! Resultados – experimento I ............................................................................ 17! 5.3.! Discussão – experimento I .............................................................................. 19! 6.! Experimento II - decodificação ........................................................................ 22! 6.1.! Método – experimento II ................................................................................. 22! 6.2.! Resultados – experimento II ........................................................................... 25! 6.3.! Discussão – experimento II ............................................................................. 32! 7.! Discussão Geral .............................................................................................. 36! 8.! Conclusão ....................................................................................................... 38! 9.! Bibliografia ...................................................................................................... 40! 10.! Anexos ............................................................................................................ 42! 1 1. INTRODUÇÃO: AS EMOÇÕES MUSICAIS As razões pelas quais a música tem significado emocional são complexas e paradoxais, principalmente se o que for considerado envolver o estereótipo daquilo que é considerado bom ou ruim junto com uma certa subjetividade, geralmente associada a aspectos considerados técnicos pelo ouvintes (Persson, 2000)1. Vários estudos têm se ocupado com a mensuração das emoções que ocorrem durante uma prática musical (Juslin, 2001; Lundqvist, Carlsson, Hilmersson & Juslin, 2009; Juslin & Lindström, 2011). De modo geral, ouvintes concordam que em peças musicais as emoções são expressas. Mas o nível de concordância varia devido a muitos fatores, como a peça em si, o seu gênero, o formato de resposta e o procedimento de avaliação. A percepção da emoção dos ouvintes é algo confiável, sólido, pois os julgamentos não são afetados significativamente pela formação musical, idade e sexo (Gabrielsson & Juslin, 2003). Pelo fato do reconhecimento da emoção não ser afetado pela formação musical, sugere-se que há um mecanismo “geral” para tal reconhecimento (Juslin & Lindström, 2011). Em pesquisa realizada por Ramos e Bueno (2012), não foram encontradas diferenças significativas entre respostas de pessoas com diferente formação musical. Porém, os autores encontraram diferenças quanto ao grau de homogeneidade das respostas entre músicos e não músicos: enquanto músicos interpretam a música de forma mais analítica em tarefas de escuta musical, não músicos envolvem-se mais emocionalmente com ela em tarefa similar. Da mesma forma, os resultados de uma pesquisa realizada por Ramos, Bueno e Bigand (2011) mostram que participantes musicalmente treinados forneceram respostas emocionais mais homogêneas que os leigos, quando os parâmetros musicais dos trechos musicais em questão foram o modo e o andamento. A música é considerada como um meio de comunicação de emoções, e essa noção se deve não apenas à estrutura notada e implícita da música, mas também ao modo como ela é executada (Juslin, 2001). Acredita-se que o performer contribua subjetivamente para uma performance, algo que lhe é próprio e vem a contribuir para identidade da performance, diferenciando assim as várias possíveis 1 !Apud!Persson,!2001.! 2 versões de uma mesma música. Segundo Palmer (1997) 2, o conteúdo comunicativo na performance inclui a interpretação da composição pelo performer, ou seja, a modelagem individual que o performer aplica na peça conforme suas intenções. A música tornar-se-ia algo mecânico se assim não fosse. Contudo, um performer deve entender e saber processar as intenções de uma música para que a performance torne-se mais comunicativa do ponto de vista emocional. Como afirma C. P. E. Bach3 “um músico não pode comover os outros sem ele mesmo estar comovido”. Segundo Gabrielsson (1999) a excelência em música envolve dois grandes componentes: um entendimento acerca da música, sua estrutura e significado; e um domínio completo da técnica instrumental. Pode-se supor que os aspectos ligados ao entendimento da estrutura e o significado da peça estejam ligados à expressão. De modo geral, os aspectos técnicos da performance são geralmente considerados como habilidades “ensináveis”, enquanto que os aspectos ligados à expressão são considerados mais instintivos (Juslin & Persson, 2002). Estudos em Cognição Musical sugerem que os aspectos expressivos da performance vêm sendo negligenciados em educação musical. Em países da Europa e nos Estados Unidos, professores tendem a despender mais tempo e esforço em aspectos técnicos em vez de aspectos expressivos ou estéticos (Juslin & Persson, 2002). Pelo fato de muitos métodos de ensino de instrumento no Brasil terem como base os métodos de ensino utilizados nestes países, acredita-se que a nossa realidade possa ser parecida. Geralmente, justifica-se essa asserção, afirmando-se que, para o performer ter uma boa expressão, é necessário que ele domine os aspectos técnicos. Porém, acredita-se que os professores também sintam dificuldade de ensino de expressão em música por não existir poucos ou nenhum método para ensino de tal elemento. Muitos, inclusive, consideram que a expressividade não pode ser ensinada, apenas sentida ou percebida (Juslin & Persson, 2002). Geralmente, as tradições acerca dos processos psicológicos relacionados à interpretação musical podem ser divididas em dois grupos. Em uma delas, a tarefa do performer é ser fiel portador da mensagem do compositor (Sloboda 1998, p. 22)4. Este processo envolve o estudo da partitura e também um estudo musicológico 2 !Apud!Juslin,!2001.! !Apud!Persson,!2001.! 4 !Apud!Juslin,!2001.! 3 3 sobre o compositor e período que a obra foi escrita. Neste contexto, a performance musical torna-se convencional e a interpretação da obra a ser executada fica determinada, em maior parte, pela intenção do compositor. Em outra tradição de interpretação, o performer é mais livre e desenvolve uma interpretação que pode ser guiada pelas emoções do próprio performer enquanto toca a música (ver Woody, 20005). Este processo geralmente ocorre quando o performer é o próprio compositor, como em sessões de improviso. Essa divisão de tradições de interpretação varia entre estilos e culturas. Entretanto, a primeira tradição geralmente está associada à prática instrumental no contexto do repertório erudito ocidental, enquanto que a segunda está associada à prática instrumental no contexto da música popular. A literatura aponta duas principais abordagens acerca do conceito das emoções musicais: uma abordagem categórica, que, segundo Ekman (1992)6 as pessoas classificam as emoções musicais como categorias que são distintas entre si. E existe também uma abordagem dimensional, que foca uma identificação de emoções musicais baseada no deslocamento das emoções em um espaço formado pela dimensão valência afetiva e pela dimensão arousal (Ramos & dos Santos, 2010). A dimensão valência afetiva parte do pressuposto de que a música possua um valor afetivo, que é subjetivo. Tal dimensão refere-se ao grau de satisfação provocado no ouvinte durante uma escuta musical (Ramos & Bueno, 2012). A valência afetiva está relacionada à agradabilidade musical, podendo ser positiva ou negativa (Ramos & Dos Santos, 2010). A dimensão arousal está relacionada ao estado de excitação fisiológica do indivíduo durante uma escuta musical e parte do pressuposto de que toda escuta musical provoca um estado de pré-ativação interna, o que leva o ouvinte a prestar atenção na música. O aurousal pode provocar reações motoras no ouvinte como bater o pé para acompanhar a música ou até mesmo dançar (Ramos & Bueno, 2012). O modelo dimensional considera que certas estruturas musicais podem ter menor influência em certa dimensão de emoção que outras. Segundo Juslin (2001), andamento, nível sonoro e articulação parecem ser mais importantes para o nível de arousal, enquanto o timbre, combinado com o nível sonoro parece ser mais importante para a valência emocional. Segundo Ramos et al (2011), os efeitos de andamento e modo podem ser considerando parâmetros que modificam o arousal e 5 6 !Idem.! !Apud!Ramos!&!Dos!Santos,!2010.! 4 a valência das emoções. Geralmente, presume-se que o andamento influencia mais o arousal que a valência: andamentos rápidos remetem a um alto arousal. Levando em conta a abordagem dimensional, podem-se mensurar as emoções com o auxílio de gráfico cartesiano, sendo que o eixo das abscissas representa arousal e o eixo das coordenadas representa a valência afetiva. Desse modo, as emoções musicais podem ser classificadas em quatro categorias: (1) “emoções com valência e arousal positivos”, como a Alegria; (2) “emoções com valência positiva e arousal negativo”, como a Serenidade; (3) “emoções com valência negativa e arousal positivo, como a Raiva; e, finalmente, (4) “emoções que representam valência e arousal negativos”, como a Tristeza (maiores detalhes em Ramos & Dos Santos, 2010). 5 2. COMUNICAÇÃO EMOCIONAL Juslin & Persson (2002) definem comunicação emocional para situações as quais o performer possui a intenção de comunicar uma emoção ao ouvinte. Uma das principais questões que os pesquisadores da área têm investigado é se tal comunicação é realmente possível. A concordância entre a emoção pretendida pelo performer e a emoção sentida pelo ouvinte durante uma escuta musical é definida como acurácia da comunicação emocional (Juslin, 2001). Assim, uma comunicação acurada ocorre quando a intenção emocional expressa pelo performer é compreendida pelo ouvinte. Por esse motivo, a expressão e o reconhecimento da emoção devem ser sempre estudados de maneira integrada (Juslin & Persson, 2002). Algumas pesquisas sugerem que o compositor e o performer possuem participações efetivas e distintas no processo de comunicação emocional. Segundo Hevner (1937)7, andamento, modo, altura, harmonia e ritmo possuem grande efeito no julgamento dos ouvintes e são características da música definidas principalmente pelo compositor. Em contrapartida, Juslin (2001) sugere que andamento, intensidade, articulação e timbre possuem grande efeito no julgamento dos ouvintes, e são características definidas pelo performer no momento da execução. Juslin e Lindström (2011) investigaram o papel dos compositores e dos performers na comunicação emocional a seus ouvintes e concluíram que algumas emoções tendem a ser exaltadas por características estruturais da própria obra musical, que é de uso principal do compositor. Estes dados estiveram relacionados principalmente à comunicação emocional no contexto da Serenidade e do Medo. Segundo os autores, o modo, a altura a progressão melódica e o ritmo são pistas acústicas que cabe ao compositor decidir por qual optar. Em contrapartida, o andamento, a dinâmica, a articulação e o timbre são pistas acústicas em que o performer tem poder de alterar. Além disso, existe a possibilidade de interação entre as pistas acústicas. 7 !Apud!Juslin!&!Lindström,!2011.! 6 2.1. O código acústico A intenção emocional expressa pelo performer somada às intenções originais do compositor são responsáveis pela expressão emocional de todo o conteúdo da performance. O conteúdo destas intenções pode ser mensurado por meio do cálculo preciso do conjunto de pistas acústicas (peças de informação) que são usadas por compositores e performers durante a execução musical (Juslin & Persson, 2002). A Tabela 1 apresenta um conjunto de pistas acústicas encontradas nos estudos sobre comunicação emocional no contexto erudito ocidental, em uma revisão bibliográfica feita por Juslin (2001) para cinco emoções: Alegria, Tristeza, Amor, Raiva e Medo. Tabela 1: Principais resultados da utilização das pistas acústicas na comunicação de emoções na 8 revisão feita por Juslin, 2001. Emoção Alegria Tristeza Raiva 8 Pistas Utilizadas Arousal Andamento rápido e com pouca Alta variabilidade, uso de staccato, grande variabilidade de articulação, alto volume sonoro, timbre brilhante, rápido ataque das notas, pouca variação temporal, crescimento dos contrastes de duração entre notas curtas e longas, uso de microintonação para o agudo, pequena extensão de vibrato. Andamento muito lento, uso excessivo Baixa do legato, pouca variabilidade de articulação, baixo volume sonoro, contrastes reduzidos entre as durações das notas curtas e longas, ataques lentos entre as notas, microintonação para o grave, final ritardando e frases decelerando . Alto volume sonoro, timbre agudo, Alta ruídos espectrais, andamento rápido, uso do staccato, ataques tonais abruptos, crescimento dos contrastes de duração entre notas curtas e longas, ausência do ritardando, acentos súbitos, acentos sobre notas harmonicamente !Apud!Ramos!&!Dos!Santos,!2010.! Valência Positiva Negativa Negativa 7 Amor Medo instáveis, crescendo, uso de frases em accelerando, grande extensão de vibrato. Andamento lento, ataques lentos, baixo Baixa volume sonoro, com pequenas variações, uso do legato, timbre leve, moderadas variações do “timing musical”, uso intenso do vibrato, contrastes reduzidos entre as durações das notas curtas e longas, final ritardando, acentos em notas harmonicamente estáveis. Uso do staccato, volume sonoro muito Moderado baixo, com muita variabilidade, andamento rápido, com grande variabilidade, grandes variações do “timing musical”, espectro brilhante, rápido, superficial, vibrato irregular, uso de pausas entre as frases e de sincopas súbitas. Positiva Negativo Algumas dessas pistas apresentadas na tabela são de conhecimento comum de muitos performers, enquanto outras pistas (aquelas relacionadas com a microestrutura da peça) são menos óbvias (Juslin, 2001). Além disso, as pistas acústicas acima descritas dependem do instrumento utilizado. (Juslin & Persson, 2002). Por isso, faz-se necessária a realização de pesquisas que procurem mensurar a acurácia da comunicação emocional em instrumentos de diferentes famílias, com o intuito de se analisar o código acústico empregado em performances musicais de diferentes famílias de instrumentos, com o objetivo de verificar a relação destas pistas com cada instrumento musical analisado. Uma das estratégias usadas por alguns professores é fazer com que o próprio performer sinta a emoção que ele deseja desencadear a seus ouvintes (Woody, 2000)9. Além disso, Juslin e Persson (2002) argumentam que sentir a emoção, não garante que o performer comunicará a emoção de forma acurada e também não será necessário que ele sinta a emoção para que tal comunicação ocorra de maneira eficaz. Além disso, Sloboda (1996) 10 observa que estudantes raramente monitoram os resultados expressivos de suas próprias performances. 9 !Apud,!Juslin!&!Persson,!2002.! !Apud,!Juslin!&!Persson,!2002.! 10 8 Eles monitoram apenas as suas próprias intenções e, acreditam que a intenção é realmente a expressão da performance. Segundo Juslin & Persson (2002), a origem do código possui elementos inatos e também elementos culturais. Considerando as contribuições inatas, existem evidências acerca da existência de programas cerebrais para a expressão vocal das emoções. Por esta suposição, sugere-se que a performance musical comunica emoções aos ouvintes usando o mesmo código acústico usado na expressão vocal. Por exemplo: a expressão vocal para a emoção tristeza envolve uma região de frequência grave, volume sonoro baixo e pouca energia de alta-frequência no espectro da voz. Tais pistas são similares às apresentadas na Tabela 1 para a mesma emoção. Esse código proveniente de elementos inatos pode contribuir para explicar o motivo dos professores considerarem a expressão na performance musical como algo instintivo. Se isso realmente acontece, um paralelo entre a voz humana e os instrumentos deve ser traçado e compreendido, além de aprender uma técnica suficiente para expressar emoções conforme o código vocal (Juslin & Persson, 2002). A segunda contribuição é o aprendizado social, ou memórias específicas. Trata-se de um processo que começa com a interação entre a mãe e a criança e termina no último dia de vida do indivíduo. Se a mãe pede calma para a criança, ela reduz a velocidade e a intensidade. Esse código pode parecer inato, mas o estilo particular expressivo da mãe modula o estilo expressivo da criança. Essa moldagem das habilidades expressivas continua por toda a vida com as experiências de autoregulação emocional entre o indivíduo e os outros indivíduos de seu meio que se acumulam no curso vital (Juslin & Persson, 2002). 2.2. O Brunswikian lens model O Brunswikian Lens model, adaptado por Juslin (1995)11 é um modelo científico desenvolvido especificamente para tentar explicar os processos mentais envolvidos na comunicação das emoções musicais. A Figura 2 ilustra como os performers expressam emoções específicas por meio de pistas “prováveis” e/ou incertas no momento da performance (por exemplo, andamento, nível sonoro, 11 !Apud!Juslin,!2001.! 9 timbre, articulação). Essas emoções supostamente são reconhecidas por ouvintes que usam o mesmo código para o julgamento sobre a intenção emocional do intérprete durante suas performances musicais (Juslin, 2001). Figura 1: O Brunswikian Lens model para a comunicação em performance musical (adaptado por Juslin, 1995). Tradução nossa. Nesse modelo, a relação entre a intenção expressiva do performer e as pistas acústicas por ele empregadas na performance descreve a validade ecológica (re) desta pista. A validade funcional (rf) da mesma pista é indexada pela relação entre a pista e o julgamento do ouvinte. O termo achievement (ra) refere-se à acurácia da comunicação, medida pela relação entre a intenção do performer e o julgamento do ouvinte. Por fim, matching (G) refere-se a medida em que a validade ecológica e a funcional foram correspondidas entre elas, ou seja, se o performer e o ouvinte compartilharam um código em comum (Juslin, 2001). Existe um uso comum de determinadas pistas acústicas em várias emoções, ou seja, uma mesma pista acústica está presente no código acústico de várias emoções. Isso reduz a incerteza do processo comunicativo. Por outro lado, limita a capacidade de informação do canal comunicativo, justamente porque a mesma informação é transmitida por várias pistas (Juslin, 2001). Como as pesquisas nessa área são recentes, a literatura científica sugere que o pesquisador deva almejar 10 resultados e metas de curto alcance. Neste sentido, pesquisas na área apontam para a busca de resultados mais gerais, ao invés da procura pela distinção entre duas emoções mais sutis (entre Alegria, Entusiasmo e Euforia, por exemplo) (Juslin, 2001). O Brunswikian lens model possui importantes implicações. Uma delas é que não se pode esperar uma acurácia perfeita na comunicação entre intérprete e ouvinte, pois se as pistas são ambíguas (por pertencerem a mais de uma emoção), significa que esta acurácia possui um nível provável, mas não exato. Em segundo lugar, para entender a comunicação emocional em uma situação, necessita-se descrever tanto o processo de expressão quanto o de reconhecimento das emoções em termos de mesmo conceito. Terceiro, devido as pistas serem intercorrelacionadas em certa medida, muitas estratégias diferentes de utilização das pistas podem levar a um nível similar de acurácia (cf. Dawes & Corrigan, 1974)12. Há um benefício associado à referida ambiguidade dentro do processo comunicativo: devido a inexistência de uniformidade rígida na utilização das pistas, os performers podem comunicar as emoções básicas de modo satisfatório sem comprometer seu estilo único de tocar (Juslin, 2001). Esse sistema proposto não é extremamente rígido e fechado. Ao mesmo tempo em que ele busca facilitar a comunicação de emoções específicas, ele é flexível na variação do modo como isso ocorrerá (Juslin & Lindström, 2011). Isso vem a confirmar que o modelo não defende uma comunicação de emoção apenas pelas pistas acústicas, visto que o performer também tem seu sua contribuição particular com a criatividade e a expressão própria. 12 !Apud,!Juslin!2001.! 11 3. COMUNICAÇÃO EMOCIONAL DE MÚSICA BRASILEIRA POR TROMBONE E TROMPETE A maioria dos estudos que investigam a expressão das emoções musicais em ouvintes foram feitos a partir de estilos musicais relacionados à música erudita ocidental europeia (Ilari, 2006). Até o presente momento, não se tem conhecimento de pesquisas na área de Cognição Musical com música brasileira executada por instrumentos de metais. Pesquisas recentes (Ramos & Dos Santos, 2010; Ramos & Rosa, 2012; Ramos, Schultz, Elias & Silva, no prelo) têm investigado o assunto de maneira sistemática, mas nenhuma delas investiga a comunicação emocional da música executada por trombonistas e trompetistas. Pela experiência e observação do cenário de ensino instrumental no Brasil, especificamente na cidade de Curitiba – PR nota-se que há ênfase no ensino da técnica instrumental, mas a questão de expressão musical é negligenciada ou é dada devida ênfase tardiamente no processo de ensino-aprendizagem. 3.1. Instrumentos de sopro de metal Os instrumentos de metais são bem antigos e já eram conhecidos no início da Era Cristã. Eram usados em ocasiões festivas, rituais religiosos e até mesmo nas guerras (Almada, 2000). Pode-se sugerir um paralelo entre essas ocasiões e as emoções aqui estudadas: ocasiões festivas geralmente remete-se a alegria; rituais religiosos remete-se uma música de cunho sereno onde haja uma ambientação para a meditação e reflexão; e nas guerras o provável da música seria expressar a raiva contra o inimigo, ou então provocar o medo no mesmo. Podem-se definir os instrumentos de sopro como sendo aqueles que convertem a energia pneumática, sob forma de pressão de ar e velocidade, em ondas sonoras. Os instrumentistas de sopro usam o aparelho respiratório como um compressor de ar para fornecer energia ao instrumento. Na boca, o ar é levado por meio de uma interface que os instrumentistas chamam de embocadura, e qualquer ação sutil no sistema respiratório ou na embocadura marca o som, formando parte da expressão musical (Fuks & Fadle, 2002). 12 Todo instrumento de sopro possui algum mecanismo que altera ou interrompe o fluxo de ar. Esse mecanismo pode ser chamado de reed. Em outras palavras, é uma válvula que controla a passagem de ar para o instrumento. Nos instrumentos de metais, esse mecanismo é chamado de lip reed, e correspondem aos lábios. Além deles, a língua e os movimentos estruturais do sistema respiratório também podem ser usados para a regulagem do fluxo de ar. Esse ar será direcionado para a coluna de ar, que é a extensão do instrumento, onde essa extensão é aumentada conforme a forma do instrumento, seja por meio de válvulas (trompete) ou por meio de vara (trombone) (Fuks & Fadle, 2002). A embocadura consiste nos músculos que formam e rodeiam a boca, os dentes, a maxilar superior e a mandíbula e os músculos responsáveis pela mastigação13. A embocadura controla o comportamento do reed, afetando a cor da nota, articulação, dinâmica e outros parâmetros (Fucks & Fadle, 2002). Esses elementos que fazem parte da produção de som são responsáveis pela qualidade sonora. Neste sentido, é necessário que o músico tenha a musculatura desenvolvida para ter controle sobre tais elementos. Segundo Almada (2000), é importante conhecer os matizes de articulação e fraseado para se conseguir explorar a expressividade dos instrumentos de metais. Nos instrumentos de metais, a obtenção das notas ocorre pela combinação da pressão do diafragma com mudanças da tensão labial da embocadura. Com isso, o instrumentista consegue produzir vários harmônicos, a partir de uma nota fundamental. A variação das notas no trombone acontece com o recurso da vara e no trompete ocorre com o acionamento das válvulas, ou pistões. Acionando as válvulas certas (no caso do trompete), e na abertura da distância na vara (no caso do trombone), o ar passa por um sistema de extensão tubular, aumentando o percurso e, portanto, variando o comprimento do tubo sonoro. Isso corresponderá a um acréscimo de seis semitons mais graves, cada um com a sua série harmônica (Almada, 2000). O trompete mais comum é afinado em sib. De maneira geral, o instrumento é bastante versátil, apesar de ser associado à música marcial, de caráter heroico, ou em momentos que exigem força e brilho. Ainda é caracterizado por isso, mas vem adquirindo mais espaço na música popular (termo citado pelo autor citado). É muito 13 !Nos!instrumentos!de!metais!os!lábios!tem!a!função!de!embocadura!e!ao!mesmo!tempo!de!reed!(Fuks!&! Fadle,!2002).! 13 ágil e possui precisão e clareza no ataque das notas, mas também consegue realizar ligaduras de expressão. Um membro da família dos trompetes é o flüghelhorn, que também é afinado em sib. A principal diferença perante o trompete é quanto ao timbre, que é mais “aveludado” e “suave”, menos brilhante. Por isso, geralmente é encarregado de executar temas de caráter lírico (Almada, 2000). O trombone tenor também é instrumento afinado em sib, mas não é transpositor14 como o trompete. Possui vantagem em relação a grande capacidade dinâmica, mas seu registro mais expressivo é o médio, geralmente usado em solos mais líricos ou melodias “solenes” e “majestosas”. A região aguda é bastante empregada em estilos populares, como samba, os quais, pela acentuação e ritmos sincopados, pedem ataque preciso e sonoridade forte e brilhante (Almada, 2000). Instrumentos de sopro exigem técnicas de respiração, movimentos de braços, mãos e dedos, articulação da língua, postura corporal e controle da embocadura. Também é importante o entendimento do comportamento acústico do instrumento que se toca, de como ele funciona e fatores práticos que produzem o som. Aspectos psicológicos, como dimensões estéticas da música e o estresse emocional induzido por situações envolvendo a prática intensiva e a performance em público, também estão envolvidas nesse processo. Todos esses elementos são coordenados durante uma performance e devem ser treinados por meio de repetidos e sistemáticos exercícios, com a supervisão de um professor experientes (Fuks & Fadle, 2002). A qualidade deste treinamento tem implicação direta em aspectos técnicos e expressivos que podem ser apresentados durante a performance musical. A hipótese dessa pesquisa é a de que, apesar de o trombone e o trompete pertencerem a mesma família (a dos metais), eles se utilizam de modos diferentes entre si para comunicar emoções e, como consequência é possível que haja diferentes níveis de acurácia na comunicação emocional entre performer e ouvinte. Uma segunda hipótese surge a partir da análise que avaliará a comparação das respostas emocionais de ouvintes músicos e não músicos. Em um estudo desenvolvido por Ramos, Bueno e Bigand (2011), em que ouvintes músicos e não músicos realizaram tarefas de associação emocional a trechos musicais modais, os 14 Instrumentos de sopro construídos em tamanhos diferentes. Tal variação do comprimento do tubo faz com que produzam sons de diferentes alturas na mesma posição. Por razões práticas, mantém-se o mesmo nome da nota para cada posição (dedilhado), apesar do som real não coincidir com o nome da nota escrita. As notas são escritas em altura diferente daquela que realmente é tocada (Bohumil, 1996) 14 autores encontraram resultados que sugerem uma audição com foco atencional mais analítico (em termos de harmonia) percebida em músicos e uma audição com foco atencional mais emocional percebida em não músicos. Estas diferenças na escuta destes grupos pode interferir no processo de comunicação emocional entre intérprete e ouvinte. O objetivo geral do presente trabalho é analisar as respostas emocionais de ouvintes músicos e não músicos submetidos a escuta de trechos musicas executados por trombonistas e trompetistas no repertório brasileiro. A pesquisa tem como objetivos específicos: a) gravar trechos musicais do repertório brasileiro executados por trombonistas e trompetistas e submetê-los à análise do código acústico empregado em cada trecho por ouvintes especialistas em instrumentos de metais; b) submeter os trechos gravados a respostas emocionais de ouvintes brasileiros, no intuito de mensurar a acurácia da comunicação emocional entre intérprete e ouvinte; c) comparar os resultados encontrados com os resultados encontrados na literatura (Juslin, 2001) para verificar a aplicabilidade do Brunswikian lens model no repertório de música brasileira executada por trombonistas e trompetistas. 15 4. EXPERIMENTO I - CODIFICAÇÃO 4.1. Método – experimento I Participantes: 12 participantes com idades entre 27 e 38 anos (média=31,5). Todos os instrumentistas eram do sexo masculino e possuíam pelo menos 10 anos de experiência em estudos sistematizados com trombone ou trompete. Nenhum deles foi remunerado pela participação. Equipamento e material: o experimento foi realizado em uma sala isolada acusticamente, com tratamento acústico interno. A sala era iluminada por lâmpadas incandescentes, que não produzem ruídos. À frente do músico havia um pedestal com um microfone da marca Behringer, modelo B-2 Pro, disposto em um pedestal conectado, por meio de um cabo balanceado, à interface de áudio da marca MAudio, modelo Fast Track Pro de dois canais, que estava na sala técnica. Ao alcance da visão do músico, havia uma mesa com uma cadeira, e sobre a mesa havia uma garrafa de água à disposição do performer, com quatro envelopes que continham o nome das emoções a serem representadas. A interface estava conectada ao notebook Macbook White. O software utilizado foi o Logic Pro 9. Fora da sala experimental, colado às portas (da técnica e do estúdio), havia dois avisos dizendo: “Experimento em andamento! Não interrompa!”. Procedimento: Os participantes foram contatados com quatro semanas de antecedência da data prevista para o primeiro experimento. E cada um deles recebeu uma espécie de carta-convite15 para formalizar a participação. Os participantes foram informados que deveriam executar quatro trechos de música brasileira, cada um com duração de 40 segundos aproximadamente, sendo que um dos trechos deveria corresponder à emoção Alegria, outro que correspondesse à Serenidade, outro para Tristeza e, por fim, outro para Raiva. Os participantes foram informados que poderiam compor ou improvisar, desde que o material apresentado pertencesse ao repertório brasileiro. Foram comunicados ainda que poderiam estar munidos de partitura ou não. Os participantes foram agendados individualmente, no dia e horário que melhor lhes conviesse. Cada participante foi recebido no 15 !Em!anexo.! 16 Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná e encaminhado para a sala de gravação. Antes de o participante adentrar a sala de gravação o técnico de som iniciava a gravação. Dentro da sala, o participante podia tocar antes de começar realmente o experimento, para se ambientar com a sala. Enquanto isso, o áudio de gravação era ajustado e o termo de consentimento livre e esclarecido referente ao Comitê de Ética e Pesquisa lhe era apresentado, para ser assinado em duas vias. Após esse procedimento, eram passadas as seguintes instruções: “Você dará uma importante contribuição para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir que você execute pequenas tarefas, uma de cada vez. Peço que você escute todo o procedimento antes do início do experimento.” Assim que o participante consentisse as instruções, o experimentador prosseguia: “Você vai dar a sua contribuição para um estudo sobre comunicação emocional em música. Em um primeiro momento, a sua tarefa consiste em executar pequenos trechos musicais que você acredite serem capazes de desencadear emoções específicas em seus ouvintes, sendo elas: Alegria, Tristeza, Serenidade e Raiva. A ordem que você deverá executar os trechos será definida por meio de um sorteio, o qual você mesmo o fará. Sobre a mesa há quatro cartões com o nome das emoções que você sorteará e lê-lo-á em voz alta próximo ao microfone para sabermos qual emoção será interpretada. Então deverá executar um trecho musical em seu instrumento que você acredite comunicar a emoção sorteada a seus ouvintes. Você terá o tempo que achar necessário para executar a música. Se sentir necessidade de repeti-la, sinta-se à vontade para fazêlo. Repita o trecho até você considerar que desempenhou a melhor interpretação, ou seja, aquela que melhor expressou a emoção sorteada. Quando isso ocorrer, você falará em voz alta perto do microfone qual das versões foi a melhor, ou quais versões foram melhores e ainda dirá que naquele momento se encerra a representação da emoção da vez. Então, você deverá sortear um novo cartão, procedendo da mesma maneira que o primeiro, e assim por diante, até que seja sorteado o último cartão. Alguma dúvida? Você pode começar quando quiser!” Respondidas as dúvidas, o participante ficava sozinho e começava quando se sentia a vontade para tal. Quando havia dúvidas durante o experimento, o pesquisador sanava-as de dentro da sala técnica ou voltava até o estúdio quando o participante pedia. Ao final do quarto trecho, quando o participante anunciava que estava satisfeito com as performances, o pesquisador retornava ao estúdio para apresentar ao performer um questionário complementar. Enquanto o participante respondia as 17 questões, o pesquisador pausava discretamente as filmagens, mas a gravação do áudio continuava até o participante sair da sala. Em todas as sessões, o registro do áudio continuou até o fim do preenchimento do questionário porque, após constatado em estudo piloto, alguns músicos comentavam as suas respostas do questionário, pois tinham mais facilidade de se expressar oralmente do que na forma escrita. O tempo total médio das sessões de gravação foi de uma hora, divididos entre 15 minutos para aquecimento, assinatura do termo de consentimento e explicação das instruções; 15 minutos para a gravação dos trechos; e 30 minutos para preenchimento do questionário. Análise de dados: para a análise de dados foi montado um júri composto de três juízes. Todos eles possuíam curso superior em música, sendo um trompetista, um trombonista e um pesquisador atuante na área de Cognição Musical. O júri ouviu 40 trechos selecionados das gravações e analisou sintaticamente cada trecho. Os juízes receberam uma folha resposta na qual escreveram suas impressões sobre os trechos. Cada trecho foi tocado duas vezes num intervalo de dois minutos. A tarefa dos juízes era simplesmente escutar duas vezes cada trecho apresentado e descrever, em uma folha de papel, as pistas acústicas que acreditavam fazer parte da estrutura musical de cada trecho. Após essa atividade de percepção, fizeram-se comentários acerca do material ouvido. Esses comentários foram gravados. 4.2. Resultados – experimento I A Tabela 2 indica as pistas acústicas utilizadas nas performances dos trompetistas e trombonistas participantes do estudo na execução de músicas com a intenção de comunicar determinadas emoções. Tabela 2 Resumo da análise sintática dos juízes à respeito dos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas. Emoção Alegria Trombone Trompete Modo predominantemente maior; Modo predominantemente maior; andamento entre meio articulação rápido; forte dinâmica andamento e forte; entre meio predominantemente articulação rápido; forte dinâmica e forte; predominantemente 18 non legato, mas com uso de non legato, mas com uso de staccatos e legatos; uso de staccatos e legatos; uso de sincopas; região de frequência sincopas; região de frequência predominantemente aguda; uso média e aguda. de glissandos; uso de ritmos tipicamente brasileiros, como choro, samba e gafieira. Raiva Atonal; andamento indefinido com Modo não definido; andamento variação no pulso (acelerando); predominantemente dinâmica forte; articulação dinâmica predominantemente sem fraseado predominantemente staccato; forte, definido; rápido; com muita articulação variabilidade; predominantemente variação de região de frequência; staccato; sem fraseado definido; alusão à música contemporânea. timbre estridente; região de frequência aguda. Serenidade Modo predominantemente maior; Modo não definido; andamento andamento lento; dinâmica meio lento; dinâmica meio forte; forte; articulação legato; uso de articulação legato; uso frequente notas longas; uso frequente de de frases longas; frequência região fraseado não de definido; região de frequência predominantemente média e média-aguda; uso de média; uso de vibratos. Tristeza sincopas; vibrato. Modo menor; andamento lento; Modo predominantemente menor; dinâmica meio forte; articulação andamento lento; dinâmica meio predominantemente frases longas; frequência vibratos. média; legato; forte; articulação legato; fraseado região uso de indefinido, de frases mas longas; com uso região de de frequência média e média-aguda; uso do vibrato. 19 4.3. Discussão – experimento I Houve diferenças entre o código acústico originário do Brunswikian Lens Model e o código acústico baseado nos trechos musicais dos trombonistas e trompetistas para as músicas brasileiras. Não apenas pelas divergências entre pistas contempladas pelos dois códigos acústicos, mas também pela inserção de novas pistas acústicas não contempladas pelo código acústico original. Isso mostra que existem elementos do código acústico musical brasileiro que não são contemplados pelo código acústico do Brunswikian Lens Model, uma vez que este baseia-se em um código acústico musical europeu. Conforme a Tabela 2, para a emoção Alegria, as pistas mais determinantes (o modo e o andamento) são semelhantes entre os dois grupos de instrumentos e, as diferenças acontecem com as pistas sutis, como a ocorrência da exploração de um recurso próprio do trombone, como o glissando. Uma das características mais marcantes dos trombonistas foi o uso de ritmos tipicamente brasileiros. Alguns dos trechos dos trompetistas também apresentaram essa característica, porém ela não foi tão marcante para o júri, uma vez que apenas um dos cinco trechos dos trompetistas que representaram a emoção Alegria foi caracterizado como Choro Brasileiro. A Figura 3 ilustra o uso de um ritmo tipicamente brasileiro (o Choro), que foi executado por um dos participantes trombonistas na pesquisa. Em ambos os grupos, há, no código acústico empregado pelos musicistas, a presença de sincopas. A utilização de ritmos tipicamente brasileiros como Samba, Choro e Gafieira e até mesmo a utilização de sincopas não está incluída na tabela de pistas de comunicação emocional apresentada por Juslin (2001), o que indica que a música brasileira pode contribuir para o aprimoramento e ampliação do Brunswikian Lens Model. 20 Figura 2: Trecho da música Na Glória de Ary dos Santos e Raul de Barros, lançada em 1949. Um exemplo de um ritmo tipicamente brasileiro, o choro. Segundo Dalla-Bella, Peretz, Rousseau, Gosselin, Ayotte e Lavoie (2001), o modo e o andamento são pistas acústicas mais decisivas para comunicar as emoções Alegria e Tristeza. Porém, a tabela originária do Brunswikian Lens Model não contempla o modo. Para a emoção Alegria, os resultados encontrados para o andamento entre trombonistas e trompetistas foram os mesmos estabelecidos pelo modelo original, ou seja, andamento rápido. Em contrapartida, com relação a articulação houve pequena divergência, sendo que o modelo sugere o uso de staccato, com grande variabilidade de articulação e, no presente estudo, os performers utilizaram a articulação non legato, com pouca variabilidade de articulação. Para expressar a emoção Raiva, os trombonistas se mostraram confiantes na utilização do atonalismo, o que não aconteceu com os trompetistas. Estes se mostraram indecisos quanto à utilização dos modos, sendo constatados pelo júri trechos tocados em modo maior, menor e também trechos atonais. O andamento foi uma pista que não ficou muito bem definida para ambos os instrumentos, mas há uma tendência para o uso de andamento rápido, o que entra em concordância com código acústico do Brunswikian Lens Model. As pistas referentes à dinâmica e articulação foram as mesmas utilizadas por ambos os grupos de instrumentistas na referida emoção: dinâmica predominantemente forte e staccato como articulação. Esses resultados corroboram a tabela de pistas do modelo original. Ainda, o modelo sugere o emprego frequência na região aguda para a comunicação da Raiva, o que 21 foi obedecido apenas pelos trompetistas. Os trombonistas tocaram os trechos com grande variabilidade de região de frequência. Por fim, o júri observou que o timbre usado pelos trompetistas para a emoção Raiva foi estridente, o que não foi empregado pelos trombonistas. A emoção Serenidade não é abordada na tabela de pistas do Brunswikian apresentada por Juslin (2001). Porém, os autores abordam a locução Amor/Ternura, que se encontram no mesmo quadrante que ela, segundo o modelo Circumplexo de Russel (1980). O modo utilizado por trombonistas e trompetistas diferiu para a comunicação da emoção Serenidade, sendo que os trombonistas usaram predominantemente o modo maior e os trompetistas ficaram bastante indecisos quanto ao modo a ser usado para a comunicação dessa emoção. O andamento lento, a dinâmica meio forte, a articulação legato e o uso de fraseados longos foram pistas usadas em comum por ambos os grupos de instrumentistas. Com exceção do fraseado, estas pistas são contempladas da mesma forma pela tabela do Brunswikian Lens Model para a emoção amor/ternura. Para a emoção Tristeza, ambos os grupos utilizaram o modo menor. O mesmo ocorreu com outras pistas como andamento lento, articulação legato, dinâmica meio forte e, uso de região de frequência média. Segundo o modelo original, os performers acertaram ao usar o andamento lento e a articulação legato. Porém, em vez de usar dinâmica meio forte, o Brunswikian Lens Model sugere o uso de menos volume sonoro; e em vez de usar a região de frequência média, o modelo sugere o uso da região de frequência grave. Para verificar o nível de acúrácia dos trechos analisados nessa fase, fez-se necessário um segundo experimento que abordasse o julgamento emocional de ouvintes. Este experimento é descrito a seguir. 22 5. EXPERIMENTO II - DECODIFICAÇÃO 5.1. Método – experimento II Participantes: 23 participantes músicos com média de idade de 21,8 anos e 18 participantes não músicos com média de idade de 21,2 anos Os participantes músicos estavam matriculados em cursos de graduação em música da cidade de Curitiba-PR, ou possuíam conhecimento prático e teórico de música a pelo menos quatro anos. Os participantes não músicos não possuíam conhecimento teórico prático sobre música, averiguado pelo questionário experimental aplicado após o experimento. Nenhum deles foi remunerado pela participação. Equipamento e material: O material musical gravado na primeira fase da pesquisa pelos trombonistas e trompetistas foi editado no software Sound Forge Pro 10.0. Nenhum efeito foi adicionado e os trechos não receberam nenhum tratamento, ou seja, foram usados de modo “flat”, a não ser por fade-in no início e fade-out no final de cada trecho. As músicas foram recortadas em trechos de 20 segundos. O software para a montagem do experimento foi o E-Studio, onde foram utilizados 44 trechos de música, sendo que quatro foram usados como exemplos para que os participantes se acostumassem com o manuseio do equipamento. O software que executou o experimento para os participantes fornecerem as suas respostas foi o ERun. E o software que registrou as respostas dos participantes foi o E-Date. Esses três softwares fazem parte do pacote E-prime. Quatro experimentos foram montados com os mesmos 44 trechos, sendo que nos quatro experimentos os quatro exemplos foram os mesmos. Esta medida foi tomada para contrabalancear a ordem de apresentação dos trechos musicais. Tanto os exemplos quanto os 40 trechos foram tocados em ordem aleatória fornecida pelo próprio software E-Run. Os quatro experimentos diferiram quanto a ordem que as emoções apareciam na hora da avaliação, mas essa ordem era mantida durante todo o experimento. As quatro ordens das emoções eram: Disposição 1 – Alegria, Serenidade, Tristeza, Raiva. Disposição 2 – Serenidade, Alegria, Raiva, Tristeza. Disposição 3 – Tristeza, Raiva, Alegria, Serenidade. Disposição 4 – Raiva, Tristeza, Serenidade e Alegria. Os computadores usados para a coleta de dados foram da marca Lenovo. Os trechos foram ouvidos por meio de fones de ouvido Philips modelo SHP 1900. O 23 experimento ocorreu na sala 112 (Laboratório de Produção Sonora) do Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná. Foram retirados os estímulos visuais que poderiam atrapalhar a execução do experimento ou distrair os participantes. Fora da sala experimental foi colocado um aviso com os dizeres: “Experimento em andamento. Não interrompa!”. Procedimento: Os participantes foram contatados por meio de redes sociais na internet ou de forma oral. Várias seções foram agendadas e o número de participantes em cada uma delas variou de dois a sete participantes. Antes do horário de início de cada sessão, os fones de ouvido foram conectados em cada computador e o software R-Run foi preparado e testado. Ao lado de cada computador foram colocadas duas cópias do termo de consentimento e conforme os participantes chegavam à sala, eram orientados a não mexer em nada, a ler o termo e assiná-lo, caso estivessem de acordo. Quando havia um número razoável de participantes na sala, a porta era fechada, os termos de consentimento eram recolhidos e as instruções eram fornecidas: “Vocês vão dar uma contribuição importante para nossos estudos em Cognição Musical. Para isso, eu vou pedir que vocês executem pequenas tarefas, uma de cada vez. Peço que vocês escutem todo o procedimento antes do início do experimento". Após o consentimento de todos, as instruções continuavam. “A primeira tarefa consiste de uma escuta musical: para realizá-la, você deverá ouvir um trecho musical, por meio deste fone de ouvido. Na tela do seu computador, está a seguinte mensagem: “Você vai dar a sua contribuição para um estudo sobre Cognição Musical. Assine o termo de consentimento que está sobre a mesa e aguarde novas orientações do pesquisador. Aperte a barra de espaço para continuar!”. Pressionando uma vez a barra de espaço, aparecerá uma nova tela com a seguinte mensagem: “Sua tarefa consiste em julgar as emoções que você perceber nos trechos musicais que você ouvir. Este julgamento ocorrerá após cada escuta musical, por meio de uma escala de 1 à 9, na qual 1 significa "pouca emoção" e 9 significa "muita emoção". Você pode utilizar também valores intermediários. As emoções envolvidas são: ALEGRIA, TRISTEZA, SERENIDADE E RAIVA. Os quatro primeiros trechos são apenas exemplos para que você se acostume com o manuseio do equipamento. Aperte a barra de espaço para dar início ao experimento!”. Pressionando uma vez a barra de espaço, aparecerá uma nova tela com a seguinte mensagem: “Pronto?”Quando você pressionar novamente a barra de espaço, a música vai começar a tocar. Após 24 escutar a música, aparecerá uma nova tela com uma das quatro escalas de 1 a 9 para julgamento emocional: Ex: “Alegria 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 – 9”. Esta tarefa consiste em você identificar o nível de emoção presente no trecho musical reproduzido. Para isto, você apertará a tecla do número referente da escala de 1 a 9, no qual 1 significa “pouca emoção” e 9 significa “muita emoção”. Após aparecer a escala referente a uma emoção, uma nova tela se abrirá para que você dê o seu julgamento de outra emoção, e assim por diante. Ou seja, a sequência das tarefas para cada trecho musical será: escuta musical e julgamento de 4 emoções. Você deverá proceder estas tarefas, de escuta e julgamento, nesta mesma sequência para todos os outros trechos musicais. O experimento terminará quando aparecer na tela a seguinte mensagem: “Aqui se encerra a sua contribuição nesse experimento...”. Eu peço que vocês me comuniquem quando aparecer esta mensagem na tela, porque esta mensagem significa o término do experimento. Realizado o teste, peço que vocês mantenham no mesmo lugar e em silêncio, até que os outros participantes terminem também. Alguma dúvida? Caso tenham dúvidas ou problemas durante a realização do experimento, levantem o braço e eu irei até vocês. Peço que vocês executem o experimento todo em completo silêncio, e não se comuniquem com outros participantes”. Após a explicação, as dúvidas eram esclarecidas, o horário era conferido e então autorizado o início do experimento. Durante a realização do experimento, o número do participante e do computador era anotado e preenchido no questionário complementar. Quando todos terminavam o experimento de escuta, os respectivos questionários eram entregues e prontamente respondidos pelos participantes. Respondidos os questionários, os participantes eram liberados. Os dados registrados pelo E-Date eram recolhidos de cada computador por meio de um pen-drive e salvos em um HD virtual. Então a sala era preparada para outra sessão, caso houvesse. O tempo total médio de cada sessão durou aproximadamente 50 minutos, sendo 10 minutos para as orientações, 25 minutos para a execução do experimento e 15 minutos para o preenchimento do questionário complementar. Análise de Dados: Primeiramente o teste ANOVA foi aplicado para comparar as médias dos julgamentos emocionais dos trechos musicais apresentados seguindo o design experimental 2 Categorias de ouvintes (músicos x não músicos) x 2 Instrumentos (Trombone x Trompete) x 4 Emoções (Alegria x Tristeza x Serenidade x Raiva). Um post-hoc Newmann Keuls foi empregado para 25 estabelecer uma análise pareada entre os trechos musicais (exemplo: médias dos trechos referentes à emoção Alegria executados no trombone versus médias dos trechos referentes à emoção Alegria executados no trompete e assim por diante com as outras emoções). Um teste ANOVA mais detalhado foi aplicado sobre as respostas emocionais específicas dos trechos que representavam determinada emoção (exemplo: para os trechos que representavam a emoção Raiva, foram levados em conta apenas as respostas emocionais da emoção Raiva, sendo desconsiderados as respostas de Alegria, Serenidade e Tristeza para tais trechos). Para complementar esse teste ANOVA, um post-hoc Newman Keuls foi aplicado baseado no mesmo design experimental. 5.2. Resultados – experimento II O teste ANOVA mostrou que, de forma geral, os índices de comunicação emocional entre trombone e o trompete foram semelhantes. Contudo, o teste ANOVA mostrou uma interação entre o instrumento utilizado e a emoção comunicada (F=5,017; p=0,002104). Além disso, apresentou diferença entre as médias das respostas emocionais entre os ouvintes músicos e não músicos (F=7,205; p=0,008593). A Figura 3 ilustra as médias das respostas emocionais específica de cada emoção em relação a cada um dos instrumentos testados em ouvintes músicos e não músicos. 26 Média%das%respostas%emocionais%dos%ouvintes%% 9,00! 8,00! 7,00! 7,13% 6,51% 6,93% 6,60% 6,69% 5,47% 5,51% 6,00! 5,52% 6,62% 6,39% 5,74% 6,66% 6,61% 6,16% 4,78% 4,54% 5,00! 4,00! 3,00! 2,00! 1,00! 0,00! Alegria! Raiva! Serenidade! Tristeza! Trombone%(Músicos)% Trombone%(Não%Músicos)% Trompete%(Músicos)% Trompete%(Não%Músicos% Figura 3 Ilustra as médias dos trechos musicais encontradas (alcance 1 – 9) nos julgamentos dos ouvintes em relação a cada emoção analisada no trombone e no trompete. 5.2.1. Emoção Alegria Segundo o design experimental 2 (categorias de ouvintes) x 2 (instrumentos) x 4 (emoções), o teste ANOVA não indicou interação entre instrumento e emoção para os trechos em que os performers intencionaram comunicar a emoção Alegria. Tal resultado foi confirmado pelo post-hoc Newman Keuls, que indicou alta acurácia na comunicação da emoção Alegria. Isso pode ser observado na Figura 4, que 27 indica as médias dos julgamentos da emoção Alegria em relação aos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas em que intencionaram comunicar a emoção Alegria: Respostas%emocionais%correspondentes%aos% trechos%%executados%com%a%intenção%%de% comunicar%Alegria% 9! 8! 7,13! 6,93! 6,60! 6,51! 7! 6! 4,13! 4,01! 3,78! 3,55! 5! 4! 2,61! 2,27!2,27!2,18! 2,37!2,12!2,15!2,23! 3! 2! 1! 0! Alegria! Raiva! Trombone%(Músicos)% Trompete%(Músicos)% Serenidade! Tristeza! Trombone%(Não%Músicos)% Trompete%(Não%Músicos)% Figura 4: Médias das respostas dos ouvintes em relação aos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas para a emoção Alegria (alcance: 1-9). Porém, em uma análise mais detalhada segundo o design experimental 2 (categorias de ouvintes) X 2 (instrumentos), onde foram consideradas apenas as respostas específicas de Alegria para os mesmos trechos musicais, o teste ANOVA indicou uma diferença marginal entre as categorias de ouvintes (F=4,220; p=0,042716). Esse resultado foi refletido no post-hoc Newmann-Keuls que fez uma análise pareada entre grupos e não indicou diferenças significativas entre 28 instrumentos e as categorias de ouvintes. Contudo, o índice entre a média das respostas emocionais dos ouvintes músicos e não músicos no instrumento trompete foi marginal (p=0,067439). 5.2.2. Emoção Raiva O teste ANOVA indicou uma interação entre instrumento e emoção (F=7,871; p=0,000046) para os trechos em que os performers tiveram a intenção de comunicar a emoção Raiva, segundo o design experimental 2 (categorias de instrumentos) x 2 (instrumentos) x 4 (emoções). Além disso, o mesmo teste apresentou diferença entre as médias das respostas emocionais dos ouvintes músicos e não músicos (F=5,259; p=0,024059). O post-hoc Newman Keuls não apresentou diferença entre as médias das respostas emocionais das emoções Alegria e Raiva para os trechos executados ao trompete, tanto para ouvintes músicos quanto para não músicos, indicando que não houve alta acurácia com os ouvintes músicos na emoção Raiva com os trechos executados ao trompete. A diferença entre as médias das respostas emocionais de músicos e não músicos não foi encontrada em uma Análise de variância mais detalhada com design experimental 2 (categorias de ouvintes) X 2 (instrumentos), onde foram consideradas apenas as respostas da emoção Raiva para os mesmos trechos. Tal resultado indica que a diferença na acurácia da comunicação emocional entre ouvintes músicos e não músicos apresentado pelo primeiro teste não está presente na emoção Raiva. Porém esta análise refinada apresentou diferença entre instrumentos (F=13,9116; p=0,000328), indicando que os trombonistas tiveram maior acurácia no processo de comunicação da emoção Raiva comparado aos trompetistas. O post-hoc Newman Keuls confirmou tal diferença entre instrumentos na categoria dos ouvintes músicos (p=0,005954). Para os ouvintes não músicos não houve diferença significativa na acurácia da comunicação emocional entre instrumentos (p=0,067929). Isso pode ser observado pela Figura 5, a qual apresenta as médias das respostas emocionais dos ouvintes em relação aos trechos musicais executados por trombonistas e trompetistas que tinham intenção de comunicar a emoção Raiva. 29 Respostas%emocionais%correspondentes%aos% trechos%%executados%com%a%intenção%%de% comunicar%Raiva% 9! 8! 7! 5,47!5,51! 6! 5! 4,54!4,78! 4,19!4,34! 3,55!3,79! 4! 2,71! 2,86! 2,43! 2,03! 3! 3,25! 3,18! 2,87! 2,57! 2! 1! 0! Alegria! Raiva! Trombone%(Músicos)% Trompete%(Músicos)% Serenidade! Tristeza! Trombone%(Não%Músicos)% Trompete%(Não%Músicos)% Figura 5: Médias das respostas dos ouvintes em relação aos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas para a emoção Raiva (alcance: 1-9). 5.2.3. Emoção Serenidade Para os trechos em que os performers tinham a intenção de comunicar a emoção Serenidade, segundo o design experimental 2 (categorias de ouvintes) x 2 (instrumentos) x 4 (emoções), o teste ANOVA apresentou diferença entre as médias das respostas emocionais dos ouvintes músicos e não músicos (F=8,361; p=0,004761). Além disso, apresentou interação entre instrumento e emoção (F=7,651; p=0,000062). O post-hoc Newman Keuls não apresentou diferença entre as emoções Serenidade e Tristeza entre as médias das respostas dos ouvintes para os trechos executados trombone e as médias das respostas dos ouvintes para os 30 trechos executados no trompete, tanto com músicos quanto com não músicos. Este resultado indica que não houve alta acurácia no processo de comunicação emocional da emoção Serenidade. Comparando-se a média das respostas emocionais dos ouvintes músicos na emoção Serenidade dos trechos executados ao trombone, com a média das respostas emocionais dos ouvintes músicos na emoção Tristeza executados no mesmo instrumento, verifica-se que a média das respostas emocionais da emoção Tristeza foram maiores que a média da emoção Serenidade. Isso pode ser observado na Figura 6, que indica as médias das respostas dos ouvintes em relação aos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas para a emoção Serenidade. Respostas%emocionais%correspondentes%aos% trechos%%executados%com%a%intenção%%de% comunicar%Serenidade% 9! 6,69! 8! 6,39! 5,52! 7! 6! 5! 4! 6,02!5,96! 5,74! 5,16! 4,79! 4,19! 3,57! 2,96! 2,45! 3! 1,81!1,89! 1,95! 1,79! 2! 1! 0! Alegria! Raiva! Trombone%(Músicos)% Trompete%(Músicos)% Serenidade! Tristeza! Trombone%(Não%Músicos)% Trompete%(Não%Músicos)% Figura 6: Médias das respostas dos ouvintes em relação aos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas para a emoção Serenidade (alcance: 1-9). 31 Ao se comparar apenas as respostas da emoção Serenidade para os mesmos trechos musicais por meio da análise de variância sobre o design experimental 2 (categorias de ouvintes) x 2 (instrumentos), a mesma diferença foi encontrada entre as médias das respostas emocionais de músicos e não músicos (F=8,706; p=0,004003). O post-hoc Newman Keuls confirmou esse resultado apenas para os trechos executados ao trombone (p=0,000315). O teste ANOVA não indicou interação entre as categorias de ouvintes e instrumentos, mas o resultado foi marginal (F=3,467; p= 0,065717). 5.2.4. Emoção Tristeza Segundo o design experimental 2 (categorias de ouvintes) x 2 (instrumentos) x 4 (emoções), o teste ANOVA indicou diferença entre os ouvintes músicos e ouvintes não músicos para as respostas emocionais relacionadas aos trechos musicais em que os performers tinham a intenção de comunicar a emoção Tristeza (F=13,645; p=0,000371). O post-hoc Newman Keuls não encontrou diferenças entre as emoções Tristeza e Serenidade para ambos os instrumentos, tanto para ouvintes músicos quanto para não músicos, o que indica que não houve alta acurácia no processo de comunicação emocional da emoção Tristeza. Em uma análise mais detalhada do teste ANOVA, a partir do design experimental de 2 (categorias de ouvintes) X 2 (instrumentos), em que apenas as respostas específicas da emoção tristeza foram levadas em conta para os mesmos trechos musicais, o teste não encontrou diferença entre as médias das respostas emocionais dos ouvintes músicos e não músicos, indicando que a diferença encontrada na primeira análise não ocorreu na emoção Tristeza. O post-hoc Newman Keuls confirmou tal resultado, onde não encontrou diferença entre os instrumentos e tampouco entre as categorias de ouvintes. A Figura 8 indica as médias das respostas dos ouvintes em relação aos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas para a emoção Tristeza: 32 Respostas%emocionais%correspondentes%aos% trechos%%executados%com%a%intenção%%de% comunicar%Tristeza% 9! 6,48! 6,36! 5,86! 5,66! 8! 7! 6,62!6,66!6,61! 6,16! 6! 5! 4! 2,64! 1,92! 2,53! 1,82! 3! 2,28! 1,63!1,89! 1,77! 2! 1! 0! Alegria! Raiva! Serenidade! Tristeza! Trombone%(Músicos)% Trombone%(Não%Músicos)% Trompete%(Músicos)% Trompete%(Não%Músicos)% Figura 7: Médias das respostas dos ouvintes em relação aos trechos musicais executados pelos trombonistas e trompetistas para a emoção Tristeza (alcance: 1-9). DISCUSSÃO – EXPERIMENTO II Apesar de ambos os instrumentos usados nessa pesquisa pertencerem a mesma família de classificação de instrumentos (os metais), verificou-se que a comunicação de diferentes emoções ocorre de maneira distinta entre eles. Os resultados tanto para trombone quanto para trompete referentes à comunicação emocional foram similares para a emoção Alegria, em que ambos os instrumentos utilizaram códigos acústicos semelhantes e como consequência, obtiveram 33 resultados idênticos no julgamento dos ouvintes. Este resultado indica que a emoção Alegria foi comunicada com alta acurácia por trombonistas e trompetistas para ouvintes músicos e não músicos. Entretanto, diferenças foram encontradas no processo de comunicação emocional envolvendo as emoções Tristeza, Raiva e Serenidade entre os grupos. Para a emoção Raiva, os trombonistas comunicaram tal emoção com maior grau de acurácia, uma vez que os julgamentos para essa emoção dos trechos executados ao trompete foram confundidos com Alegria. A emoção Serenidade não obteve alta acurácia na comunicação da emoção, pois foi confundida com Tristeza e vice-versa. Os resultados da análise mais detalha sobre as respostas emocionais referentes à emoção Alegria indicaram que a comunicação emocional dessa essa emoção foi homogênea, não apresentando diferenças entre instrumentos e nem entre as categorias de ouvintes. De modo geral, trombonistas e trompetistas utilizaram códigos acústicos semelhantes, havendo apenas diferenças sutis no uso deste código entre um e outro instrumento. O uso de pistas não contempladas pelo código acústico apresentado por Juslin (2001), como os ritmos tipicamente brasileiros e as síncopas não afetou o julgamento emocional dos ouvintes, uma vez que tal emoção foi percebida de maneira acurada por eles, em ambos os instrumentos. Os trechos cuja intenção era comunicar a emoção Raiva executados ao trombone apresentaram alta acurácia com ouvintes músicos e não músicos. Porém, o mesmo não ocorreu nos trechos executados pelos trompetistas para a mesma emoção, em que houve uma confusão com as respostas emocionais dos ouvintes referentes à emoções Raiva e Alegria tanto para músicos como para não músicos. Além disso, houve diferença estatística significativa entre as médias das respostas emocionais entre os instrumentos para esta emoção: trombonistas obtiveram médias mais altas na comunicação dessa emoção Raiva. As pistas acústicas empregadas pelos instrumentistas variaram entre os trombonistas e trompetistas e, além disso, houve heterogeneidade com relação ao uso do código acústico referente a esta emoção. Porém, os trombonistas apresentaram uma pista acústica que parece ser predominante para a comunicação dessa emoção: o atonalismo. Isso é sugerido pela alta acurácia encontrada nos trechos tocados pelos trombonistas para a emoção Raiva. A discrepância no uso do código acústico entre os músicos no presente estudo pode ser explicado pela dificuldade encontrada por alguns 34 performers em encontrarem músicas do repertório brasileiro que comunicassem tal emoção. Pela análise das respostas dos questionários experimentais, verificou-se que os performers reconhecem em seus instrumentos, trombone e trompete, um grande potencial para a comunicação da emoção Raiva. Geralmente essa indicação está vinculada à justificativa de o instrumento possuir grande potência sonora, ou então, devido ao seu timbre. Além disso, quando questionados sobre as estratégias utilizadas para a comunicação de tal emoção, muitos deles responderam que se utilizaram da articulação pesada e dinâmica forte. Isso demonstra que os performers possuem alguns conhecimentos sobre pistas acústicas que podem favorecer a comunicação dessa emoção. Diante disso, presumem-se duas hipóteses para a explicação dos processos psicológicos relacionados à comunicação dessa emoção: a) o atonalismo como fator determinante para a comunicação da emoção Raiva, uma vez que foi amplamente utilizado pelos trombonistas e eles obtiveram alta acurácia na comunicação emocional; b) as pistas acústicas mais determinantes para a comunicação emocional da Raiva são de responsabilidade do compositor (o modo, o ritmo, a altura e a harmonia), uma vez que os performers sentiram dificuldade de encontrar músicas no repertório brasileiro que comunicasse tal emoção. Os resultados para a emoção Serenidade mostraram que não houve acurácia no processo de comunicação emocional entre os grupos de ouvintes, uma vez que não houve diferença entre as médias dos julgamentos de Serenidade e as médias dos julgamentos de Tristeza para ambos os instrumentos, indicando que ocorreu uma confusão no processo de comunicação emocional referente a essas emoções. Isso pode ser explicado pela mescla de pistas acústicas presentes no código acústico dessas duas emoções, sugeridas pelo código acústico originário do Brunswikian Lens Model. Além disso, os resultados indicaram que músicos e não músicos avaliaram diferentemente os trechos da emoção Serenidade para os trechos executados ao trombone, em que os ouvintes associaram alguns trechos apresentados para comunicar Serenidade com scores mais altos para a emoção Tristeza. O mesmo não aconteceu com os trechos executados ao trompete. Isso pode ser explicado pela diferença entre grupos de instrumentistas, em que trompetistas diferiram entre si quanto ao modo musical empregado em suas performances, enquanto trombonistas apresentaram trechos onde predominou o modo maior. 35 Os resultados da emoção Tristeza indicam que não houve acurácia no processo de comunicação emocional entre intérprete e ouvinte, uma que vez que a percepção dos trechos correspondentes a essa emoção foram confundidos com a emoção Serenidade. Porém, os resultados que levaram em conta apenas as respostas emocionais da emoção Tristeza mostram que as respostas emocionais para essa emoção foram mais homogênea entre os participantes, juntamente com a emoção Alegria. Assim como já mencionado acima acerca da emoção Serenidade, esses resultados com relação à emoção Tristeza podem ser explicados pelo fato de código acústico sugerido pelo Brunswikian Lens Model para as emoções Serenidade e Tristeza serem semelhantes. Além disso, quando os performers foram perguntados sobre as estratégias que utilizaram para executar as músicas representantes das emoções, verificou-se que não existe um padrão entre os músicos das estratégias usadas, sobretudo para a emoção Serenidade. Para essa emoção, alguns performers basearam-se em elementos extra musicais, como as imagens mentais de um lago ou de mar. Outros performers basearam-se no estado físico de relaxamento. Diante disso, verifica-se que a hipótese inicial deste estudo foi negada para a emoção Alegria, uma vez que ambos os instrumentos comunicaram tal emoção com um código acústico parecido apenas com diferenças sutis, e os níveis de acurácia foram semelhantes. Para a emoção Raiva, a hipótese foi confirmada, uma vez que os códigos acústicos foram heterogêneos tendo os trombonistas apresentado uma pista acústica decisiva, o atonalismo. E isso foi refletido pelos níveis de acurácia encontrados para a comunicação dessa emoção para ambos os grupos de ouvintes. Para a emoção Serenidade, os códigos acústicos empregados pelos intérpretes foram semelhantes e isso foi refletido pelos níveis de acurácia relacionados à comunicação desse emoção entre os ouvintes, também semelhantes, assim como na emoção Tristeza. A segunda hipótese levantada na presente pesquisa, a respeito da influência da expertise musical dos ouvintes sobre suas respostas emocionais foi confirmada, pois os scores das médias das respostas emocionais dos ouvintes não músicos foram mais altos que os scores das médias dos músicos, confirmando os dados de Ramos, Bueno e Bigand (2011). 36 6. DISCUSSÃO GERAL Um dos elementos que está presente na música brasileira é a síncope e que não é contemplada pelo código acústico do Brunswikian Lens Model. Tal elemento foi bastante usado pelos performers principalmente nas músicas que representam a emoção Alegria. Pode-se buscar uma explicação na musicologia ou na etnomusicologia para o uso recorrente desse elemento, visto que é um elemento bastante presente em músicas que remetem a festividades ou eventos festivos, como carnaval e bailes de gafieira. O atonalismo foi amplamente explorado pelos performers e é outra característica não abordada pelo modelo original. Esse elemento foi amplamente explorado pelos performers para os trechos da emoção Raiva e, isso foi determinante para a escolha dos trechos dessa para alguns performers, com a justificativa desse elemento lembrar músicas contemporâneas e, isso os fez acreditar que desencadearia a Raiva em seus ouvintes. A aplicação do Brunswikian Lens Model no repertório de tais instrumentos na música brasileira pode ser de grande valia, uma vez que uma das vertentes da música brasileira é a própria música europeia ocidental. Essa influência começou desde a colonização do Brasil e perdurou por toda a história (Barros, 2011). Por outro lado, a música brasileira sofreu influência da música africana, principalmente por meio da cultura dos escravos bantus e sudaneses. Além dessas duas vertentes há também, na raiz musical brasileira a forte presença da música indígena, sendo a influência desta, porém, menos expressiva em relação à música europeia e africana (Barros, 2008; Mukuna, 1977; Ribeiro, 1995). De acordo com Barros (2008), durante o período em que o Brasil foi colônia de Portugal, era comum os músicos e compositores terem o patrocínio de um mecenas, que não raro era um eclesiástico, então bastava que o compositor fizesse uma peça sacra, perfeitamente europeia, para que não houvesse maiores problemas. Os elementos musicais não contemplados pelo código acústico original do Brunswikian Lens Model podem ser explicados pela influência exercida pela cultura africana e indígena na musica brasileira. Segundo Barros (2011), a contribuição afrodescendente mais importante está na melodia e na rítmica, como por exemplo, o ritmo sincopado, o jeito de cantar, os padrões de configuração melódica e o gingado. Segundo Makuna (1977), a presença dos africanos e seus descendentes no Brasil 37 deixou elementos musicais variados da cultura africana, que persistiram em diferentes cenários artísticos, como a presença da divisão do tempo da música em 16 pulsações. Acredita-se que tal estrutura tenha se originado no Zaire. No Brasil, o mesmo padrão é encontrado no samba. Instrumentos como agogô, cuíca, caxixi e berimbau estão presentes na música brasileira e apesar de terem sofrido modificações, também são originários de diferentes regiões da África. Existe a fusão de elementos culturais oriundos das culturas africana e europeia, sendo que há a predominância do conceito rítmico africano de organização funcionando como a base para as implicações harmônicas e melódicas provindas da cultura europeia (Mukuna 1977). A contribuição africana se multiplica ainda pelo contexto popular e folclórico. A herança e interação oriunda da fusão de elementos brancos e negros na música brasileira pode ser exemplificadas pelo Maracatu, a Congada, o Jongo, o Lundu, o Samba, o Chorinho, o Frevo, o Afoxé (Barros, 2011). 38 7. CONCLUSÃO De modo geral, parece haver duas pistas acústicas que são fundamentais e determinantes no processo de comunicação emocional: o andamento e o modo. As outras pistas, consideradas mais sutis, podem atenuar ou acentuar as emoções intencionadas pelos intérpretes na comunicação emocional com seus ouvintes em relação aos instrumentos trombone e trompete. O código acústico originário do Brunswikian Lens Model não aborda o modo usado para comunicar as emoções estudadas. Porém percebe-se que essa pista acústica é fundamental para o processo de comunicação emocional principalmente das emoções Alegria e Tristeza. Do mesmo modo, o atonalismo está vinculado à comunicação da emoção Raiva. Os performers do presente estudo utilizaram pistas acústicas não contempladas pelo código acústico original do Brunswikian Lens Model, como sincopas e uso de ritmos tipicamente brasileiros nos trechos representantes da emoção Alegria, conseguindo, com o uso deste código, altos níveis de acurácia na emoção Alegria. Isso significa que essas pistas acústicas empregadas no presente estudo podem ampliar o código acústico apresentado por Juslin (2001). O mesmo acontece com o atonalismo em relação à emoção Raiva. A busca por um código acústico relacionado a cada emoção específica contribui para um aprimoramento de aspectos expressivos empregados na performance musical. Esse código, entretanto, não pode ser abordado de forma rígida e inflexível, uma vez que parece não contemplar todos os aspectos expressivos da performance do músico. Como mencionado anteriormente, o performer tem o livre poder de decisão sobre a forma como administra esse código acústico na expressão de suas emoções. Tal expressão parece ser modulada por sua instrução musical, que pode ser predominantemente erudita, popular, híbrida ou ainda envolver nuances oriundas de outras “subculturas” musicais. Isso torna possível, por exemplo, que uma mesma música seja executada de forma diferente por intérpretes distintos, porém, mantendo o mesmo objetivo expressivo da peça, que está relacionado à comunicação de uma ou mais emoções. Entretanto, ainda assim, os resultados obtidos nesta pesquisa podem dar uma contribuição valiosa 39 com relação a um auxílio aos professores de música, no sentido de proporcionar um direcionamento para o ensino da expressão das emoções de seus alunos durante suas performances. E, se um dos objetivos da performance musical é proporcionar uma experiência agradável aos ouvintes (Juslin & Sloboda, 2001), este trabalho cumpre o papel de facilitar o entendimento sobre como proporcionar escutas musicais que envolvam uma experiência musical com esta característica. 40 8. BIBLIOGRAFIA Almada, C. (2000). Arranjo. Campinas: Editora UNICAMP. Barros, J. d’A. (2008). Raízes da música brasileira. São Paulo: Hucitec. Dalla Bella, S. ; Peretz, I. ; Rousseau, L. ; Gosselin, N. ; Ayotte, J. & Lavoie, A. (2001). Development of the happy-sad distinction in music appreciation: Does tempo emerge earlier than mode? Annals of the New York Academy of Sciences, 930, 436-438. Fuks, L.& Fadle, H. (2002) Wind Instruments. In: Parncutt, R. & McPherson, G. E. (Eds.). The science and psychology of music performance: strategies for teaching and learning (pp. 319-334) New York: Oxford University Press. Gabrielsson, A. & Juslin, P. (2003). Emotional expression in music. In: Davidson, R. J.; Scherer, K. R.; Goldsmith, H. H. (Eds) Handbook of affective sciences (pp. 503-534). Oxford, NY: Oxford University Press. Gabrielsson, A. (1999). The performance of music. In: D. Deutsch (Ed.). The psychology of music. (2ª ed., pp. 501–602). San Diego, CA: Academic Press. Ilari, B. S. (2006). Em busca da mente musical. Curitiba: Editora UFPR. Juslin, P. N. & Laukka, P. (2003). Communication of emotions in vocal expression and music performance: different channels, same code? Psychological Bulletin, 129, nº 5, pp. 770-814. Juslin, P. N. & Lindström, E. (2011). Musical expression of emotions: modeling listeners’ judgments of composed and performed features. Music Analysis, 29, p. 334-364. Juslin, P. 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Mukuna, K. wa. (1977). Contribuição bantu na música popular brasileira. São Paulo: Global. Persson, R. S. (2001). The subjective world of the performer. In: Juslin, P. N. & Sloboda, J. A. (Eds.). Music and emotion: theory and research. New York: Oxford University Press. Ramos, D. & Bueno, J. L. (2012). A percepção de emoções em trechos de música ocidental erudita. Per musi,26, pp. 21-30. Ramos, D. & Dos Santos, R. A (2010). Comunicação emocional em performance pianística. Música em perspectiva, 3, n. 2, pp. 34-42. Ramos, D.; Bueno, J. L. & Bigand, E. (2011). Manipulating greek musical modes and tempo affects perceived musical emotion in musicians and non musicians. Brazilian journal of medical and biological research. 44 (2), pp. 165-172. Ramos, D; Rosa, A. (2012). Percepção das emoções musicais em performances executadas em vídeo e áudio por violonistas em repertório brasileiro. Simpósio de artes e cognição musical, Florianópólis, SC, BR, 08 Ribeiro, D. (1995). O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia de bolso. Russel, J. A. (1980). A circumplex model of affect. Journal of Personality and Social Psychology, 39, pp. 1161-1178. 9. ANEXOS Anexo 1 Ficha-convite Você está sendo convidado a participar de um estudo sobre comunicação emocional em música. A sua contribuição será escolher e tocar quatro trechos de música brasileira, nos quais você acredite que melhor comuniquem as seguintes emoções específicas a seus ouvintes: Alegria, Tristeza, Serenidade e Raiva. Você terá aproximadamente três semanas para escolher os trechos que serão gravados em dia e horário combinados. As gravações ocorrerão no Departamento de Música da Universidade Federal do Batel, que fica localizado na Rua Coronel Dulcídio, nº 638, Bairro Batel, Curitiba – PR. No dia e horário marcado, você será recepcionado no Departamento de Música e encaminhado para uma sala, onde assinará um termo de consentimento para registro e uso do som e da imagem enquanto você toca. Após a assinatura em duas vias, você terá aproximadamente 20 minutos para fazer aquecimento, e então será encaminhado para a sala de gravação onde receberá as instruções para a realização do estudo. Terminada a seção de gravação, você será encaminhado de volta para a sala de aquecimento, onde preencherá um formulário complementar sobre sua carreira e vida acadêmica. Respondido esse questionário, você estará livre para desmontar e guardar seu instrumento, e então estará dispensado. ________________________ _________________________ Prof. Dr. Danilo Ramos Juliano Carpen Schultz (Área: Cognição Musical) Pesquisador em Cognição Depto. de Música – UFPR Depto. De Música - UFPR Musical Anexo 2 PROTOCOLO DE PESQUISA Experimento I 1. Preparação Todos os voluntários estudam ou estudaram na Escola de Música e Belas Artes do Paraná ou no Conservatório de Música Popular Brasileira, ambas instituições situadas na cidade de Curitiba. Os voluntários serão contatados por meio de telefone celular ou via e-mail com aproximadamente três semanas de antecedência, onde os músicos já serão avisados de que deverão estar munidos de partituras, e as tarefas que deverão desempenhar: trechos de música brasileira, com duração de aproximadamente 30 ou 40 segundos, com liberdade para poder improvisar ou compor. O experimento deverá ser realizado com a participação um pesquisador titular, um pesquisador auxiliar e um técnico de som e contará com 12 participantes matriculados em um curso de nível superior de instrumento, divididos em dois grupos: seis trombonistas e seis trompetistas. Cabe ao pesquisador auxiliar providenciar uma caixa ou saco com cartões onde estarão escritas as emoções a serem sorteadas. 1.1. Preparação do voluntário Os participantes serão agendados para a gravação no dia e horário que melhor lhes convier. A gravação ocorrerá de forma individual, em que o voluntário será levado diretamente à sala de gravação. Ele terá tempo para montar seu instrumento e fazer um aquecimento antes da execução dos trechos. 1.2. Preparação da Sala Experimental Com antecedência as duas salas deverão ser reservadas por meio de requerimento, com autorização do professor Hugo Melo. A sala de experimentos será razoavelmente isolada acusticamente, contendo em seu interior ao alcance dos olhos do músico: uma estante para partitura, um microfone em seu pedestal conectado a uma interface digital que estará ligada a um notebook (onde este estará fora do estúdio), uma cadeira e uma bancada. a) Pegar as chaves das salas previamente reservadas: o estúdio de gravação do Departamento de Artes da UFPR, e da cabine do estúdio, salas 114 e 112 respectivamente; b) Pegar uma estante para a partitura na secretaria caso não tenha no estúdio; c) O notebook, os cabos e o microfone estarão de posse do técnico de som (não precisa fazer requerimento); d) Retirar da sala qualquer elemento (mobília, objeto, ruído ou estímulos visuais) que interfiram nas tarefas de execução dos trechos musicais dos participantes. Sugestão para a sala 114 do Departamento de Artes: criar um “mini estúdio” dentro do estúdio, deixando o músico na parte da frente, logo na entrada, em frente à janela de visualização da sala técnica. Aproximadamente a seis metros do vidro, colocar caixas de papelão e encapá-las com papel craft, para diminuir os estímulos visuais do voluntário. Entre as caixas e o vidro não pode haver nada e o músico fica de frente para o vidro (que deverá ser tampado, com algum tipo de papel ou cortina). 1.3. Tarefas de ordem prática a) Conectar o notebook à tomada; b) Conectar a interface digital ao notebook e ligá-la; c) Ligar o notebook; d) Arrumar o pedestal e acomodar adequadamente o microfone; e) Conectar a ponta fêmea do cabo XLR no microfone, e conectar a ponta macho na interface; f) Camuflar uma câmera portátil de vídeo Digital, atrás do papel que cobre o vidro; g) Fechar a entrada de ar que se localiza na parede frontal à porta no alto da parede; h) Conectar um cabo numa caixa de som dentro do estúdio com a mesa de som, onde há um microfone e possibilita a comunicação entre o pesquisador e o músico; i) Colocar sobre a bancada uma caixa ou saco contendo cartões com o nome das emoções, a serem sorteadas. j) Colocar uma garrafa de água e um copo em cima da bancada para o músico. k) Se possível, colocar um pedestal específico onde os trombonistas possam alocar seus instrumentos enquanto não estejam tocando. Para trompete isso é dispensável. 1.4. Configurar o equipamento a) Abrir o software Logic. b) Na janela que aparece, chamada Startup, clicar em Start a new empty Project, para criar um novo projeto e clicar em Ok.; c) A configuração que será usada já é fornecida de modo padrão pelo programa; d) Na caixa Device selecionar o plugin Core Audio, para diminuir a latência na gravação; e) Na caixa Input selecionar o canal de entrada (canal 1); f) Na caixa Output selecionar o canal de saída (canal 1); g) Selecionar as duas caixas de seleção Input Monitoring e Record Enable, para monitorar enquanto a gravação é feita e deixar pronto para gravar, respectivamente; h) Clicar no botão Criate; i) Automaticamente o programa pede para selecionar um local e nome para salvar o projeto. A pasta de destino será Gravações Pesquisa Música e Emoção “. E o nome do arquivo deverá ser escrito na caixa de texto Save as e ter a seguinte formatação: NúmeroDoParticipanteGrupoQueElePertence-Data. Exemplo: Participante01- GrupoTrombone-05Fev12. j) Confirmar, clicando no botão Save. k) Fazer os ajustes necessários e ativar a gravação; l) Enquanto o músico estiver aquecendo, pedir para ele tocar algo na dinâmica mais forte que irá usar na execução para ajustar o ganho da interface. 1.5. Fora da sala Experimental a) Colocar uma cadeira ao lado da porta para o técnico de som. Ele cuidará para que ninguém atrapalhe ou interfira na performance do voluntário durante a gravação; b) Colocar um cartaz onde diz: “Experimento em andamento: Não interrompa sob hipótese alguma!” 2. Realização do experimento 2.1. Encaminhamento do voluntário; a) O experimento será realizado com um participante por vez; b) Receber o participante na porta de entrada do Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná; c) Encaminhá-lo para o estúdio de gravação onde ele fará seu aquecimento antes da gravação; d) Quando o músico estiver adentrando a sala, o técnico de som deverá iniciar a gravação clicando no botão Record; e) Apresentar a ele o termo de compromisso, ler com ele, e pedir para que assine ambas as vias: uma ficará com o pesquisador auxiliar e a outra ficará com o voluntário. f) Deixá-lo à vontade o tempo que quiser para fazer o aquecimento. g) Durante o aquecimento pedir para que ele toque algo na dinâmica mais forte que ele usará, para acertar o compressor. h) Após o tempo de aquecimento (que será de aproximadamente 15 a 20 minutos), colocar todos os pertences do participante (incluindo celular, player de música, case do instrumento, e qualquer outra coisa que possa interferir na execução) na cabine do estúdio (sala 112); i) Avisar o participante sobre o trabalho do técnico de som. 2.2. Monitoramento da gravação a) Quando o voluntário estiver aquecido e pronto para começar, conversar descontraidamente para deixá-lo bem à vontade; b) Dar a seguinte instrução: “Você dará uma importante contribuição para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir que você execute pequenas tarefas, uma de cada vez. Peço que você escute todo o procedimento antes do início do experimento." c) Após o consentimento do participante, prosseguir com as instruções: “Você vai dar a sua contribuição para um estudo sobre comunicação emocional em música. Em um primeiro momento, a sua tarefa consiste em executar pequenos trechos musicais que você acredite serem capazes de desencadear emoções específicas em seus ouvintes, sendo elas: Alegria, Tristeza, Serenidade e Raiva. A ordem que você deverá executar os trechos será definida por meio de um sorteio, o qual você mesmo o fará. Dentro do saco, há quatro cartões, cada um com um nome de uma emoção. Você tirará um cartão e lê-lo-á em voz alta próximo ao microfone para sabermos qual emoção será interpretada. Então deverá executar um trecho musical em seu instrumento que você acredite comunicar a emoção sorteada a seus ouvintes. Você terá o tempo que achar necessário para executar a música. Se sentir necessidade de repeti-la, sinta-se à vontade para fazê-lo. Repita o trecho até você considerar que desempenhou a melhor interpretação, ou seja, aquela que melhor expressou a emoção sorteada. Quando isso ocorrer, você falará em voz alta perto do microfone qual das versões foi a melhor, ou quais versões foram melhores, e ainda dirá que naquele momento se encerra a representação da emoção da vez. Então, você deverá sortear um novo cartão, procedendo da mesma maneira que o primeiro, e assim por diante, até que seja sorteado o último cartão. Alguma dúvida? Você pode começar quando quiser!” d) Esclarecer as dúvidas do voluntário, conforme o caso. e) Assim que todas as dúvidas forem respondidas, o pesquisador deixará o voluntário sozinho na sala experimental e fechará a porta. f) Durante a execução dos trechos o pesquisador auxiliar permanecerá na cabine do estúdio, monitorando a gravação. 2.3. Preenchimento do questionário a) Quando o pesquisador perceber que o voluntário terminou o quarto trecho, ele, então, adentrará o estúdio conversará descontraidamente com o participante, e colocará o microfone na posição polar omnidirecional, para captar a conversa e comentários do músico; b) O pesquisador deverá acomodar o participante na mesa (ou carteira) e lhe entregará o questionário; c) O pesquisador deverá monitorar o participante no preenchimento do referido questionário. Atenção! O questionário deverá ser preenchido pelo próprio participante! O pesquisador deverá somente ser responsável pela retirada de dúvidas que possam surgir durante a aplicação do questionário! d) Durante o preenchimento dos questionários, o pesquisador deverá esclarecer as dúvidas que poderão surgir, e pode sugerir que o participante comente oralmente as questões; e) Após o preenchimento do questionário, o pesquisador deverá recolhêlo devidamente preenchido e arquivá-los em uma pasta; f) Após agradecer o participante pela colaboração e acompanhá-lo até a saída do Departamento, o pesquisador irá se encontrar com o técnico de som para auxiliá-lo na finalização gravação do material sonoro. Neste momento, o técnico de som interrompe a gravação e salva o arquivo. (Conferir o item 3). 3. Salvando os dados a) Para salvar o projeto pressionar o atalho no teclado: “Command + S”, o arquivo será salvo na pasta pré selecionada; b) Para exportar o arquivo em formato Wave: Clicar em File (na barra de menu) – Export – Track as audio file; na janela que abrir, selecionar a mesma pasta em que foi salvo o projeto, e na caixa de texto Save as colocar o mesmo nome do projeto. c) Salvar ambos os arquivos em dois pen-drives. 4. Finalização da sessão experimental Após os dados serem salvos e gravados em dois pen-drives, o desligamento do equipamento deverá ocorrer: a) Zerar a entrada de som na interface; b) Desconectar o cabo do microfone na placa e no notebook; c) Guardar o microfone em sua caixa. d) Desligar o notebook e guardá-lo em seu estojo. e) Verificar a ordem e organização da sala experimental, deixando-a do mesmo jeito em que foi encontrada; f) O questionário deverá ser guardado em uma pasta. g) Conferida a organização da sala, as luzes deverão ser apagadas; h) A porta deverá ser trancada; i) A chave deverá ser entregue na portaria do Departamento. Anexo 3 Termo de Consentimento Você está sendo convidado a participar do estudo intitulado “Comunicando emoções em música brasileira: uma comparação entre o código acústico utilizado por trombonistas e trompetistas”, que está sendo desenvolvido no Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná como parte integrante do projeto de monografia e Iniciação Científica de Juliano Carpen Schultz (pesquisador responsável, que lhe apresenta o seguinte termo), sob a supervisão do Professor Doutor Danilo Ramos. O objetivo deste estudo é avaliar como trombonistas e trompetistas expressam as suas emoções em performances musicais no repertório brasileiro. Neste sentido, você gravará trechos de música brasileira de um minuto de duração, pertencentes a repertório próprio (de livre escolha), no intuito de desencadear Alegria, Tristeza, Serenidade e Raiva em seus ouvintes; além disso, será pedido que você esclareça o porquê relacionou cada música escolhida à cada emoção. Sua última tarefa consistirá em preencher um questionário, relacionado à sua formação musical. Esta metodologia já está bastante consolidada na literatura científica em Cognição Musical, não existindo, portanto, métodos alternativos que possam produzir a exatidão dos dados necessários para este tipo de estudo. A sua participação durará, em média, 45 minutos e é de extrema importância, porque contribuirá para um maior entendimento dos processos psicológicos que ocorrem na mente dos trombonistas e trompetistas brasileiros enquanto executam as suas performances, gerando assim, uma relevante contribuição para a área de Educação Musical (em especial, a pedagogia desses instrumentos), bem como para a área de Cognição Musical (em especial, o estudo das emoções desencadeadas pela música brasileira). Este estudo não apresenta desconfortos ou riscos previsíveis à sua integridade física e moral ou mesmo à sua saúde. No entanto, você tem total liberdade para perguntar o que quiser antes, durante e mesmo depois de sua participação. Se, de algum modo, o estudo lhe provocar constrangimentos ou qualquer tipo de prejuízo, você tem total garantia de se recusar a participar em qualquer momento, sem que isto acarrete qualquer penalidade, nem represálias de qualquer natureza. Durante toda a sua participação, eu estarei do lado de fora da sala experimental e poderei ser acionado a qualquer momento que você julgar importante. O pesquisador responsável garante o sigilo confidencial dos dados; assim, todas as gravações executadas serão mantidas no anonimato. Você não será reembolsado por sua participação neste estudo. Uma cópia deste documento lhe será entregue assim que você assiná-lo. Para maiores esclarecimentos, contatar: Juliano Carpen Schultz Danilo Ramos Rua Dr. José Palú, 285 – F 43 Departamento de Artes da Novo Mundo, Curitiba, PR Rua Coronel Dulcídio, 638 CEP 81020-050 Bairro Batel, Curitiba, PR Contatos: (41) 3092-4770 / CEP 80420-170 (41) 9668 2661 [email protected] UFPR Contatos: (41) 3222 6856 [email protected] Eu li a proposta acima e entendi os procedimentos. Eu me disponho a participar deste estudo e autorizo a utilização do som e imagem para fins científicos. Nome:_______________________________________________________ Assinatura:_____________________________________ Data: ________ / ________ / ________. Anexo 4 Questionário Experimental N° do participante: ____________ Idade: _______________________ Sexo: ________________________ Nacionalidade: ___________________________ Instrumentos que toca: _________________________________________ Há quanto tempo: _____________________________________________ Que estilo você prefere tocar? ___________________________________ Local onde trabalha: ___________________________________________ Atua como professor de instrumento? Onde? Há quanto tempo? ___________________________________________________________________ Como costuma ensinar a questão da comunicação de emoção para os alunos? _____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Quais as emoções que você acredita que seu instrumento seja capaz de melhor comunicar? Por quê? _____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Que estratégias você utilizou para comunicar as diferentes emoções? Alegria ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _____________________________________________________________ Tristeza ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _____________________________________________________________ Serenidade ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _____________________________________________________________ Raiva ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _____________________________________________________________ Por favor, nomeie as músicas que você utilizou para comunicar as emoções: Alegria ___________________________________________________________________ _______________________________________________________________ Tristeza ___________________________________________________________________ _______________________________________________________________ Serenidade ___________________________________________________________________ _______________________________________________________________ Raiva ___________________________________________________________________ _______________________________________________________________ No caso de você ter tocado composições próprias ou improvisos, por favor, explique, de forma livre, com suas palavras o porquê você deu o nome a cada uma das músicas que você utilizou para comunicar as emoções: Alegria _____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Tristeza _____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Serenidade _____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Raiva _____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Quais as vantagens que você acredita que seu instrumento possua em relação aos outros instrumentos para comunicar emoção de forma a proporcionar uma experiência musical agradável em seus ouvintes? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Qual a sua preferência musical para escuta? _____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Você notou algo de particular durante o experimento? Se sim, explique. _____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Qual a sua opinião sobre o objetivo desse estudo? Você formulou alguma hipótese sobre ele? _____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Você tem alguma remarca ou sugestão sobre este experimento? _____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Obrigado por sua participação! Anexo 05 PROTOCOLO DE PESQUISA Experimento II 1. Preparação O experimento será realizado com a participação de um pesquisador e 40 participantes voluntários, distribuídos em diferentes sessões de escuta, sendo 20 músicos matriculados em cursos superiores de música da cidade de Curitiba e 20 não músicos matriculados em outros cursos superiores da mesma universidade. Todos os participantes possuem idade entre 17 e 27 anos. 1.1. Contato com os voluntários As sessões serão agendas para dias e horários que não interfiram nas demais atividades do Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná e que facilite a participação dos voluntários. O convite será feito por meio de redes sociais online e via oral, sendo informados o dia, horário e local. O participante que possuir interesse deverá confirmar sua presença com o pesquisador. No dia da sessão experimental, cada participante será recebido na sala e acomodado em frente a um computador, devendo aguardar até que todos os participantes estejam presentes. 1.2. Preparação da sala experimental O experimento ocorrerá na sala 102 (Laboratório de Produção Sonora) do Departamento de Artes da UFPR, onde há 15 computadores idênticos para a realização do experimento. O pesquisador deverá instalar previamente o software a ser utilizado pelos ouvintes em todas as máquinas. a) Reservar previamente a sala com documento formal e diretamente com o responsável; b) Pegar a chave da sala, abrir a porta e ascender as luzes; c) Verificar a organização da sala experimental. Caso esteja desorganizada, retirar da sala qualquer elemento (mobília, objeto, ruído ou estímulos visuais) que interfiram na escuta e/ou nas tarefas de julgamento emocional dos participantes; d) Deixar um aviso na parede em frente aos participantes com os dizeres: “Durante o experimento não se comunique com outros participantes sob hipótese alguma! Obrigado.” e) Na porta do lado de fora colocar um aviso com os dizeres: “Experimento em andamento. Não interrompa!” 1.3. Tarefas de ordem prática a) Certificar a conexão dos microcomputadores na tomada localizada abaixo das bancadas; b) Colocar e posicionar cadeiras confortáveis para os participantes em posição central à mesa; c) Ligar os microcomputadores; d) Conectar os fones de ouvidos correspondentes a cada um dos microcomputadores; e) Colocar duas vias do termo de consentimento (que deverá ser assinado pelos participantes) e uma caneta em cima das mesas, próximos a cada computador utilizado; f) Os questionários complementares ficarão com o pesquisador e será entregue para todos, quando todos os participantes terminarem a tarefa de avaliação dos trechos. 1.4. Configuração do equipamento As tarefas relacionadas abaixo devem ser realizadas uma em seguida da outra, em cada um dos microcomputadores: a) Clicar duas vezes na pasta “Meus documentos”; b) Clicar duas vezes na Pasta “Juliano Schultz-ExperimentoII”; c) Clicar duas vezes em “JulianoSchultz-Disposição1.ebs2”16; d) Caso abrir uma caixa que pede para registrar o programa, digitar o número do serial: A2DF5E-EC88C5-BF877E e) Abrirá uma janela com os dizeres: “Please enter the subject number:”; f) Escrever o número do participante; g) Clicar uma vez no ícone “Ok”; h) Abrirá uma janela com os dizeres: “Please enter the session number:”; i) Escrever o número da seção (N°1); j) Clicar uma vez no ícone “Ok”; k) Abrirá uma janela com os dados escritos anteriormente e com os seguintes dizeres: “Continue with the above startup info?”; l) Clicar uma vez no ícone “Yes”; m) O teste abrir-se-á; n) Aparecerá na tela a seguinte mensagem: “Você vai dar a sua contribuição para um estudo sobre Cognição Musical. Assine o termo de consentimento que está sobre a mesa e aguarde novas orientações do pesquisador. Aperte a barra de espaço para continuar!”; o) Colocar o fone de ouvido; p) Apertar uma vez a barra de espaço; q) Aparecerá na tela a seguinte mensagem: “Sua tarefa consiste em julgar as emoções que você perceber nos trechos musicais que você ouvir. Este julgamento ocorrerá após cada escuta musical, por meio 16 ! Essa será a única parte que se diferenciará para alguns microcomputadores: há quatro tipos de disposição na ordem em que aparecerão as escalas para julgamento emocional. Essas quatro disposições devem se alternar entre os computadores. Conforme a disposição que estiver no computador, o nome do arquivo irá mudar. Por exemplo: computador 01, disposição ATSR; computador 02, disposição TRAS e assim por diante (a ordem das letras correspondem a cada emoção mensurada);! de uma escala de 1 à 9, na qual 1 significa "pouca emoção" e 9 significa "muita emoção". Você pode utilizar também valores intermediários. As emoções envolvidas são: ALEGRIA, TRISTEZA, SERENIDADE E RAIVA. Os quatro primeiros trechos são apenas exemplos para que você se acostume com o manuseio do equipamento. Aperte a barra de espaço para dar início ao experimento!” r) Apertar uma vez a barra de espaço; s) Aparecerá na tela a seguinte mensagem: “Pronto?”; t) Apertar uma vez a barra de espaço; u) Escutar o primeiro estímulo musical (para verificar se o programa está funcionando e se o volume está adequado para a realização do teste); v) Aparecerá na tela as seguintes mensagens, uma emoção por vez: “Alegria 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9", “Tristeza 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 8 - 9", “Serenidade 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9"e Raiva “1 - 2 - 3 - 4 5 - 6 - 7 - 8 – 9”;17 w) Apertar uma vez a tecla de um dos números citados em cada emoção (para verificar se o programa está funcionando normalmente); x) Fechar o programa (pressionando Ctrl + Alt + Del); y) Repetir esse procedimento até a letra “m”; z) Deixar o microcomputador no modo “stand by”. 2. Realização do experimento 2.1. Encaminhamento dos participantes a) Receber os participantes na porta da sala experimental; b) Quando todos estiverem na sala, fechar a porta da sala; c) Conversar de forma descontraída com os participantes. 2.2. Monitoramento da sessão 17 !Conforme disposição das emoções que está em cada computador. a) Acomodar os participantes em cada uma das cadeiras localizadas em frente aos microcomputadores e pedir para que eles leiam e assinem o termo de consentimento; b) Pedir para que cada participante retire relógio, telefone celular, mp3, mp4 ou qualquer outro aparelho que possa interferir durante a realização do experimento; c) Recolher os termos de consentimento preenchidos; d) Dar as seguintes instruções: “Vocês vão dar uma contribuição importante para nossos estudos em Cognição Musical. Para isso, eu vou pedir que vocês executem pequenas tarefas, uma de cada vez. Peço que vocês escutem todo o procedimento antes do início do experimento". e) Após o consentimento dos participantes, prosseguir com as instruções: “A primeira tarefa consiste de uma escuta musical: para realizá-la, você deverá ouvir um trecho musical, por meio deste fone de ouvido. Na tela do seu computador, está a seguinte mensagem: “Você vai dar a sua contribuição para um estudo sobre Cognição Musical. Assine o termo de consentimento que está sobre a mesa e aguarde novas orientações do pesquisador. Aperte a barra de espaço para continuar!”. Pressionando uma vez a barra de espaço, aparecerá uma nova tela com a seguinte mensagem: “Sua tarefa consiste em julgar as emoções que você perceber nos trechos musicais que você ouvir. Este julgamento ocorrerá após cada escuta musical, por meio de uma escala de 1 à 9, na qual 1 significa "pouca emoção" e 9 significa "muita emoção". Você pode utilizar também valores intermediários. As emoções envolvidas são: ALEGRIA, TRISTEZA, SERENIDADE E RAIVA. Os quatro primeiros trechos são apenas exemplos para que você se acostume com o manuseio do equipamento. Aperte a barra de espaço para dar início ao experimento!”. Pressionando uma vez a barra de espaço, aparecerá uma nova tela com a seguinte mensagem: “Pronto?”Quando você pressionar novamente a barra de espaço, a música vai começar a tocar. Após escutar a música, aparecerá uma nova tela com uma das quatro escalas de 1 a 9 para julgamento emocional: Ex: “Alegria 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 – 9”. Esta tarefa consiste em você identificar o nível de emoção presente no trecho musical reproduzido. Para isto, você apertará a tecla do número referente da escala de 1 a 9, no qual 1 significa “pouca emoção” e 9 significa “muita emoção”. Após aparecer a escala referente a uma emoção, uma nova tela se abrirá para que você dê o seu julgamento de outra emoção, e assim por diante. Ou seja, a sequência das tarefas para cada trecho musical será: escuta musical e julgamento de 4 emoções. Você deverá proceder estas tarefas, de escuta e julgamento, nesta mesma seqüência para todos os outros trechos musicais. O experimento terminará quando aparecer na tela a seguinte mensagem: “Aqui se encerra a sua contribuição nesse experimento...”. Eu peço que vocês me comuniquem quando aparecer esta mensagem na tela, porque esta mensagem significa o término do experimento. Realizado o teste, peço que vocês mantenham no mesmo lugar e em silêncio, até que os outros participantes terminem também. Alguma dúvida? Caso tenham dúvidas ou problemas durante a realização do experimento, levantem o braço e eu irei até vocês. Peço que vocês executem o experimento todo em completo silêncio, e não se comuniquem com outros participantes”. f) Esclarecer as dúvidas dos participantes, conforme o caso; g) Declarar o início do experimento para todos os participantes, na mesma hora; h) Anotar, no questionário complementar de cada participante, a hora correspondente ao início do experimento; i) Preencher o campo “N° do participante” e “N° do computador” de cada questionário complementar com o número atribuído a cada participante. Este número deverá ser o mesmo número a ser salvo no hardware de cada microcomputador (ver item 3, “salvando os dados”); j) Quando cada participante finalizar o experimento, preencher no questionário complementar correspondente o horário referente ao término do experimento; k) Quando todos os participantes terminarem o experimento, entregar a eles uma caneta esferográfica preta e o questionário complementar a ser preenchido (de acordo o “N° do participante” e “N° do computador”); l) Monitorar os participantes no preenchimento do referido questionário. Atenção! Os questionários deverão ser preenchidos pelos próprios participantes! O pesquisador deverá somente ser responsável pela retirada de dúvidas que possam surgir durante a aplicação dos questionários! ; m) Após o preenchimento dos questionários, recolhê-los preenchidos e arquivá-los em uma pasta; n) Em silêncio, encaminhar cada participante para a porta da sala experimental, retirá-los da sala e fechar novamente a porta; 3. Salvando dados a) Após a saída do último participante da sala experimental, selecionar os dados de cada participante (que já foram salvos automaticamente após realização do teste no hardware do microcomputador - Pasta “JulianoSchultz”) e copiá-los no pendrive do pesquisador para back up. Importante: o número atribuído a cada participante deverá ser o mesmo, tanto nos questionários complementares quanto nos hardwares dos microcomputadores! Importante: para evitar confusão no salvamento dos arquivos, estabelecer determinados microcomputadores para os participantes ímpares e o outros microcomputadores para os participantes pares! b) Após a saída do último participante da sala experimental, preparar novamente a sala para receber mais participantes (repetir o mesmo procedimento referente aos itens 1.3. “Configuração do Equipamento” em diante), caso tenha outra sessão em seguida. 4. Finalizando a sessão experimental Quando os dados do último participante do dia tiverem sido salvos no pendrive, o experimentador deverá finalizar a coleta de dados do dia. Em cada microcomputador, deverão ser seguidos os seguintes passos: a) Desligar o microcomputador; b) Desconectar o fone de ouvido; c) Guardar os fones de ouvidos nas respectivas caixas e alocá-las no armário da própria sala; d) Guardar a pasta com os termos de consentimento e os questionários, bem como as canetas; e) Verificar a ordem e organização da sala experimental, deixando-a do mesmo jeito em que foi encontrada; f) Desligar as lâmpadas da sala experimental; g) Fechar a porta de entrada da sala experimental; h) Devolver na portaria do Departamento a chave da porta de entrada da sala experimental. Anexo 06 Termo de consentimento Você está sendo convidado a participar de um estudo na área de Cognição Musical que faz parte do Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Música de Juliano Carpen Schultz (pesquisador responsável, que lhe apresenta o seguinte termo), sob a supervisão do Professor Doutor Danilo Ramos. O estudo será realizado na sala 102 B do Departamento de Artes, Setor de Ciências Humanas, de Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Após cada escuta musical, você deverá julgar a emoção que perceber em cada trecho que ouvir. Além disso, você deverá preencher um questionário complementar. Esta metodologia já está bastante consolidada na literatura científica em Cognição Musical. A sua participação nesta pesquisa durará, em média, 30 minutos e é de extrema importância, uma vez que ajudará na busca por um maior entendimento dos processos psicológicos relacionados à escuta musical de Músicos e Não Músicos. Durante toda a sua participação, eu estarei presente para esclarecer quaisquer questões referentes ao estudo. Este estudo não apresenta desconfortos ou riscos previsíveis à sua integridade física e moral ou mesmo à sua saúde. No entanto, você tem total liberdade para perguntar o que quiser antes e/ou depois de sua participação. Se, de algum modo, o estudo lhe provocar constrangimentos ou qualquer tipo de prejuízo, você tem total garantia de se recusar a participar em qualquer momento, sem que isto acarrete qualquer penalidade, nem represálias de qualquer natureza. O pesquisador responsável garante o sigilo confidencial dos dados; assim, todas as suas respostas cognitivas serão mantidas no anonimato. Você não será reembolsado por sua participação neste estudo, uma vez que não houve nenhum gasto envolvido. Uma cópia deste documento lhe será entregue assim que você assiná-lo. Para maiores esclarecimentos, contatar: Juliano Carpen Schultz Departamento de Artes – DeArtes – UFPR Rua Coronel Dulcídio, 638 - Bairro Batel / CEP 80420-170 – Curitiba PR Telefone: (041) 9668-2661 E-mail: [email protected] Eu li a proposta acima e entendi os procedimentos. Eu me disponho a participar deste estudo. Nome:______________________________________________________ Assinatura:__________________________________________________ Data: ________ / ________ / ________. Anexo 07 Questionário Experimental N° do participante: ____________ N° do computador: ___________ Idade: ___________________________________ Sexo: ____________________________________ Nacionalidade: ____________________________ Lateralidade: ______________________________ Você é músico? R: ___________ Se sim, responda: Instrumentos que toca: ______________________________ Há quanto tempo: __________________________________ Estilo você prefere tocar: ____________________________ Qual a sua preferência musical para escuta (em termos de estilo)? _________________________________________________________ Você tem algum problema de audição? Se sim, isto te atrapalhou durante as escutas musicais? Explique. _________________________________________________________ Você notou algo de particular durante o experimento? Se sim, explique. R: _________________________________________________________ Houve algum aspecto das gravações, do equipamento ou de outro elemento do procedimento que atrapalhou seu julgamento das emoções? Se sim, explique. R:___________________________________________________________ _____________________________________________________ Quais estratégias você utilizou para dar os seus julgamentos emocionais? Em outras palavras, baseado em quê você deu os seus julgamentos? R : _________________________________________________________ _____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________ Qual a sua opinião sobre o objetivo desse estudo? Você formulou alguma hipótese sobre ele? R : _________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________ Você tem alguma remarca ou sugestão sobre este experimento? R : _________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________ Obrigado por sua participação!
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