Carta Mensal nº 75 - Colégio Brasileiro de Genealogia

Transcrição

Carta Mensal nº 75 - Colégio Brasileiro de Genealogia
MARQUES DA VILA REAL DA PRAIA GRANDE: CAETANO PINTO DE MIRANDA
MONTENEGRO
- ASCENDENTES,
DESCENDENTES
E HISTORIA: PORTUGAL E BRASIL.
AMILCAR MONTENEGRO OSORIO - PESQUISADOR
SONITA CERQUEIRA MONTENEGRO OSORIO DE FREITAS ALVES - ORGANIZADORA
RIO DE JANEIRO, A ORGANIZADORA, 2003 - 470 PG. IL
Roberto Melle~es de Moraes
Urn livro de gene alogia e sempre 0 resultado final
de urn processo, muitas vezes demorado e quase
sempre dificil, que envolve pesquisas, duvidas, erros,
acertos e permanentes obst<iculos e dificuldades
diversas. Com isso e comum existirem pesquisas
interrompidas, esquecidas, perdidas, destruidas e ate
mesmo usurpadas.
Na genealogia nacional sao conhecidos os casos
de pesquisadores detalhistas, que ainda que com
muito afinco, seriedade e dedica<;ao, na busca de
urn elo impossivel
ou oculto, ou mesmo das
informa<;6es
sobre parentes
perdidos,
nao
conseguiram
veneer a etapa que permitiria
a
publica<;ao e divulga<;ao de sua pes qui sa. Com isso
sao perdidas informa<;6es preciosas, muitas despesas
e horas de vida e dedica<;ao.
Urn pensamento
consciente
para todos que
intentam uma pesquisa e sua posterior publica<;ao e
a conforma<;ao humana de que em genealogia, nunca
existirao
os tratados
perfeitos,
completos
e
imutaveis. No dia seguinte que umlivro geneal6gico
e publicado, a dinamica de qualquer familia, 0
nascer, viver, casar, separar e marrer, ja 0 faz
desatualizado e incompleto. 0 reconhecimento exato
dessa incapacidade,
curiosamente,
muito teria
enriquecido a bibliografia geneal6gica brasileira.
Por isto, e e com satisfa<;ao que vemos, agora esta
integrada it bibliografia nacional, de maneira muito
ordenada, a extensa pesquisa - 60 anos! - deixada
por Amilcar Montenegro Os6rio, falecido em 1993,
que foi s6cio atuante e prestante
do Colegio
Brasileiro de Genealogia.
Seu antepassado,
Caetano Pinto de Miranda
Montenegro,
0 enfocado
central da pesquisa e
recente publica~ao foi uma figura honrada no
primeiro Reinado. Bern aquinhoado pelo destino
desde 0 nascimento, 0 Marques de Vila Real da Praia
Grande proveio de uma distinta farmlia,integrante
da pequena nobreza portuguesa. Alem das raizes
brasonadas,
seus costados remontam a extensa
parentela de Santo Antonio de Lisboa, integrantes
da antiga familia Bulhoes.
Bern colocado na
estrutura administrativa
do Reino Unido e do
Primeiro
Reinado,
ocupando cargos e
postos de destaque,
nao seria dificil
que
sua
descendencia
imediata,
e 0 circulo de
seus
mais
pr6ximos
parentes
integrasrem
urn seleto e
distinto modelo
da farmlia carioca
tradicional
do
Imperial.
Bra s i I
Cons tam
da
publica<;ao diversos
personagens aliados aos Miranda Montenegro, e
que tambem integravam a galeria nobiliarquica
brasileira: os Duques de Caxias, os Bar6es de Santa
Monica, os Viscondes de Ururahy, os Condes de
Tocantins, os Bar6es de Suruhy, os Viscondes da
> NACIONALIDADESJETNIAS
-INSULANOS
Penha, de Mage e 0 Marques da Gavea. E tambem
divers os outros sobrenomes,
vultos e familias
conhecidas e reconhecidas
como integrantes da
sociedade brasileira aristocrlitica do seculo XIX.
A obra que tern prefacio assinado pelo s6cio titular
do Colegio Brasileiro de Genealogia, Atila Augusto
Cruz Machado,
e extensamente ilustrada,
apresentando os retratos dos familiares, os objetos
de uso do titular, a sepultura da farmlia, os bras6es,
os documentos e as vistas do solar natal do Marques
da Vila Real da Praia Grande, a ancestral e nobre
Quinta da Boavista, situada em Castelo de Paiva,
Portugal.
Essas ilustra<;6es formam urn importante subsidio
e documenta<;ao visual dos dados historicos e sociais
expostos no texto.
Hoje, na genealogia nacional e sempre urn:' ~)C-,
norma
desconfiar
de obras pretensame
aristocraticas
que nao estejam alicer<;adas t
fotografias de pessoas, imoveis, objetos, sepultura,
documentos e publica<;6es da epoca, bem como
testemunhos dos contemporaneos, pois esses sao os
melhores e mais fieis validadores da forma de
nascer, viver, agir, relacionar, possuir, amealhar
e morrer, que com suas distin<;6es e grada<;6es,
perrnitem 0 reconhecimento
do leitor, da
validade ou nao da historia apresentada.
Com is so tudo a pesquisa de Anulcar Montenegro
Osorio,
carinhosamente
preservada
e
cuidadosamente
publicada por sua filha Sonita
Montenegro Os6rio de Freitas Alves, ern urn volume
de 470 paginas, numa tiragem de 500 exernplares,
ainda que com pre<;o elevado de compra ern
cornpara<;ao com 0 mercado livreiro nacional,
preenche plenamente
as condi<;6es de integr0r
enriquecendo,
a bibliografia
NO BRASIL MERIDIONAL
genealogica brasileira.
I
Walter FPia~za
No inicio
do seculo XVIII,
mais
precisamente
em 1712, 0 engenheiro
frances
Amedee Fran<;ois Frezier esteve na llha de Santa
Catarina, da qual desenhou 0 perfil e ali realizou
sondagens
batimetricas
e da sua permanencia
restou-nos uma "Relation de voyage de la mer
Sud aux cotes du Chily et du Per6u".
Na aludida obra diz que no hoje territorio
catarinense "havia entao 147 brancos, alguns indios
e negros libertos, dos quais, uma parte acha-se
dispersa pela orIa da terra firme".
E esta popula<;ao que frei Agostinho Trindade,
missionario carrnelita, natural de Sao Paulo, vai
encontrar, em 1714, na Ilha de Santa Catarina,
quando, ali, chega, com seu companheiro de !labito
frei Tome Bueno e dao inicio ao pastoreio
sistematico
e continuado
das almas, naquelas
passagens.
Acres<;a-se a estes povoadores outros poucos
que ali se localizaram paulatinamente, apos aquela
data.
Neste sentido vale salientar que, em 1737, ja
por sugestao de Jose da Silva Paes, ap6s seu retorno
da Colonia do Sacramento e funda<;ao do forte
"Jesus, Maria, Jose' - fulcro da povoa<;ao de Sao
Pedro do Rio Grande -, da-se a fixa<;ao na llha de
Santa Catarina de urn destacamento da Pra<;a de
Santos, por ordem do Govemador da citada Pra<;a,
Joao dos Santos Ala, sob a chefia do Capitao de
Infantaria Antonio de Oliveira Bastos, composto de
urn Alferes, dois Sargentos,
cinqiienta e dois
soldados e sete artilheiros.
Assim, no litoral sul-brasileiro 0 contingente
populacional nao ultrapassaria quatro mil almas, em
1746.
As ilhas dos Arquipelagos
dos A<;ores e da
Madeira estavam superpovoadas, alem de sofrerern,
notadamente
0 Arquipelago
a<;oriano, corn
constantes erup<;6es vulcanicas e tremores de terra,
que os faziam temerem pelo futuro e ensejavam
solicita<;6es it Coroa Portuguesa que lhes dessem
rnelhor destino.
De outra parte a superpopula<;ao dessas ilhas,
agravava-se, tambem, pela falta de alimentos e a
extrema
pobreza,
origin an do regras
de
comportamento religioso, como aquelas estipuladas
pelo Bispo de Angra, Dom Frei Valerio do
Sacramento,
sobre 0 comparecimento
aos atos
religiosos pelos "mal-enroupados".
Deve-se aqui salientar que desde 0 primeiro
povoamento das Ilhas - quer dos A<;ores, quer da
Madeira - viveram estas ern grande isolamento
cultural, tomando os seus habitantes hermeticos e
conservadores, alem de estarem em regime de semiservidao.
Deve-se,
ainda, considerar
que aspectos
politicos de hegemonia territorial e estrategicos
fizeram com que a Coroa Portuguesa olhasse, com
especial interesse, os apelos dos insulanos.
Os dominios
portugueses
e espanh6is
na
America Meridional, notadamente
na regiao do
Rio da Prata, desde a assinatura do Tratado de
Tordesilhas,
eram
objeto
de continuada
controversia.
Acresc;:a-se que tal territ6rio nao tinha ocupac;:ao
humana que definisse a posse, por qualquer urn dos
contendores.
As povoac;:oes eram humildes e distanciadas
entre si, tomando-se 6bvio 0 vazio demognifico. Dai
a razao politica do povoamento
da regiao, que
motivou a Coroa Portuguesa.
Face a tais circunstancias
teve a Coroa
Portuguesa que planejar e executar 0 transplante de
ac;:orianos e madeirenses para alem-Atlantico, como
pondenivel argumento para a definic;:ao do futuro
Tratado de Madri, cujo apoio topografico
fora
efetivado pelos chamados "Padres Matematicos",
Diogo Soares e Domingos Capacci, ambos da
Companhia de Jesus.
Por outro lado e necessario salientar 0 papel de
aconselhamento
ao Rei, exercido, no Conselho
Ultramarino,
pelos Conselheiros
Alexandre de
Gusmao - santista - e Rafael Pires Pardinho - que
exercera as func;:oes de Ouvidor na Capitania de Sao
Paulo e ajudiciaria no Brasil-Meridional, alcanc;:ando
Laguna.
Assim, devidamente
instrumentalizada,
foi
possivel a Coroa Portuguesa emitir Provisoes Regias,
quer ao Capitao General do Rio de Janeiro, Gomes
Freire de Andrada, a quem se subordinada 0 BrasilMeridional, quer ao Brigadeiro Jose da Silva Paes,
Govemador da Capitania da "llha de Santa Catarina"
e a outras autoridades civis e eclesiasticas,
que
deveriam, dill em diante, ter parte no grandiose plano
a ser executado.
A primeira e ingente tarefa coube ao Corregedor
da Comarca das IIhas (dos Ac;:ores), qual fosse
supervisionar
0 "alistamento"
daqueles
que
pretendessem passar ao Brasil, tarefa que teve inicio
a 20 de fevereiro de 1746.
Nas vinte e uma cidades e vilas das llhas dos
Ac;:ores com os seus sessenta
e tres lugares,
cornpreendendo cento e seis paroquias procedeu-se
o aludido "alistamento", executando-se nas IIhas de
Santa Maria, Flores e Corvo, 0 que nao significa a
ausencia de naturais dessas llhas na epopeia que teve
como palco 0 Brasil-Meridional.
A totalizac;:ao dos alistados alcanc;:ou 7.817
pessoas, que, entretanto, sofreria alterac;:oes devido
aos problemas da mais variada ordem.
Enquanto na llhas dos Arquipelagos dos Ac;:ores
e da Madeira erarn efetuados os "alistarnentos", 0
Brigadeiro Jose da Silva Paes dava andarnento aos
preparativos para receber os povoadores.
As Camaras Municipais da IIhas tiveram, entao,
como obrigac;:ao, escolher entre os alistados, ern suas
jurisdic;:oes, aqueles que serianl, nas novas povoac;:oes
a serem eretas no Brasil, os seus "oficiais de
ordenanc;:as" .
De outra parte a burocracia lusitana teve que
decidir sobre 0 trans porte da irnensa rnassa que
desejava vir para 0 Brasil-Meridional, em busca de
rnelhores condic;:6es de vida.
Foi, entao, elaborado urn "Regimento que se ha
de observar no trans porte dos casais da IIha da
Madeira e dos Ac;:ores para 0 Brasil", que gerou,
como nao podia deixar de ser, varias propostas a
Corte Lisboeta e a Feliciano Velho Oldenberg e Cia,
ja contratadores gerais do comercio de tabaco no
Brasil, coube 0 prirneiro assento (contrato) para
conduzir ac;:orianos e madeirenses ao suI do Brasil.
Este assento, firmado a sete de agosto de 1747,
com vinte e quatro condic;:oes, estabelecendo que as
embarcac;:6es deveriam sornente transportar
os
alistados e seus trastes, alem de comestiveis e aguada
necessaria a viagern, partindo de Lisboa corn escalas
nos Ac;:ores e na Madeira,
e dispoe sobre as
acornodac;:oes a bordo, fala das rac;:oes, trata da
alimentac;:ao a bordo e do seu preparo, fixa 0
prec;:o do transporte das llhas para Santa Catarina,
alude as dietas para os doentes, bem como diz de
fiscalizac;:ao dos alimentos, apontando, ainda, a
sindicancia
que deveria
ser efetuada
pelo
Govemador de Santa Catarina quando da chegada
de cada embarcac;:ao, nao deixando de indicar a
assistencia
medica
a bordo,
bem como 0
atendirnento religioso. Sao, tanlbem, estipuladas as
condic;:oes de conhecimento
do "Regimento do
transpolte" pelo Mestre ou Capitao do navio, alem
de tratar do retorno do navio, das possiveis
arribadas, de adiantamento ao assentista e sobre
conhecimento do "assento" pelos "casais".
De imediato foram expedidas instruc;:oes ao
Brigadeiro
Jose da Silva Paes para atender a
alimentac;:ao dos "casais", com farinhas, peixes e
carne do gada tirado das estiincias reais de Bojuru
e Torotama, alem de outras rnedidas, atinentes a boa
recepc;:ao dos ac;:orianos.
Nos navios tambern se rernetiam as ferramentas
e as espingardas que caberiam aos "casais".
Enquanto
dos Ac;:ores Feliciano
Velho
Oldenberg conduzia 1.000 (hum mil) pessoas para
a llha de Santa Catarina, havia irnpaciencia na IIha
da Madeira, de tal modo que, pela corveta "N. Sra.
das Maravilhas, Santo Antonio e Almas" foram
despachadas sessenta pessoas, a 08 de abril de 1749.
No porto de Angra de Heroismo,
na IIha
Terceira, ha muito rnais gente para ernbarcar e logo
se trata de urn segundo "assento" para 0 trans porte
de quatro mil pessoas, com Francisco de Souza
Fagundes, assinado a 04 de julho de 1749.
A 20 de fevereiro de 1750 0 Governador
Manoe! Escudeiro Ferreira de Souza informa a
Lisboa que, em tres navios, Francisco de Souza
Fagundes transportara 277 "casais", totalizando
1.513 pessoas, das quais 1.334 eram de "rac;:ao
inteira".
E, Francisco de Souza Fagundes continua a
execuc;:ao do seu 2° contrato e 0 finda e assina, de
irnediato, urn outro "assento" para transportar rnais
1.000 (hum mil) pessoas dos Ac;:ores para a IIha de
Santa Catarina, que foi cumprido.
Mas, as solicitac;:oes da llha da Madeira fizeram
corn que a Corte de Lisboa autorizasse urn "assento"
corn Francisco de Souza Fagundes para transportar
500 pessoas daquela llha para a de Santa Catarina,
a 26 de seternbro 1754, que 0 repassa a 15 de
outubro de 1755 para Jose Rodrigues Lisboa, que,
por sua vez, fez preparar 0 navio "N. Sra. da
Conceic;:ao e Porto Seguro", que parte a 26 de abril
de 1756, conduzindo 520 pessoas.
Apesar da experiencia do Mestre Custodio
Francisco a referida embarcac;:ao naufraga na foz
do rio Joanes, no litoral da Bahia, no lugar
"Buraquinhos",
e do qual se salvaram algumas
rnulheres e uns poucos homens, sendo que estes se
intemaram nos matos proximos, para escapar a urn
possivel reernbarque.
Chegados a IIha de Santa Catarina, os primeiros
ilheus forarn recebidos
pelo Governador
da
Capitania, 0 Brigadeiro Jose da Silva Paes, e 0 foram
humanamente atendidos, nao so no tocante it sande,
porquanto debilitados pela longa e penosa viagern,
mas, tambem, no tocante a sua instalac;:ao.
Alguns foram, desde logo, instalados na pr6pria
vila-capital, a povoa de N. Sra. do Desterro (hoje
Florianopolis),
principalmente
nas cercanias do
Palacio do Govemo e da Igreja Matriz, na rua "dos
IIMus".
A partir dai forarn sendo distribuidos,
a
proporc;:ao que chegam, em pequenas comunidades
de pouco, rnais ou menos, sessenta "casais", na
forma do fixado na Provisao Regia de 09 de agosto
de 1747, "desde 0 Rio de Sao Francisco do SuI ate
o Serro de S. Miguel".
E, assim, foram estabelecidas as freguesias de
N. Sra. da Conceic;:ao da Lagoa, na llha de Santa
Catarina, eN. Sra. do Rosario de Enseada de
Brito, no continente
fronteiro,
instaladas
ern
1750, Sao Jose "da terra firrne" em 1751, Sao
Miguel "da terra firnle", Sant' Ana e Vila Nova
ern 1752 e N. Sra. das Necessidades
e Santo
Antonio, na parte norte da llha de Santa Catarina
em 1755.
Deve-se acentuar que a Provisao de criac;:aodas
freguesias e de 1747, pois a de Sao Miguel "da terra
firme" e de 09 de agosto, e a sua erec;:ao, e de 1750
e a nomeac;:ao do seu primeiro vigario (Pe. Domingos
Pereira Machado) e datada de 08 de fevereiro de
1752, 0 que produz
discrepancia
entre os
historiadores,
baseados
em
documentos
eclesiasticos.
A partir de 1751, ja 0 Governador Manuel
Escudeiro Ferreira de Souza fazia com que novos
povoadores demandassem para 0 suI, tendo em vista
a dificuldade de penetrac;:ao para 0 oeste diante da
barreira montanhosa da Serra Geral.
Por outro lade as dificuldades ernergentes face
aos solos areno-argilosos e a dificuldade de cultivo
do trigo, diante da hostilidade clirnatica, fez com
que os insulanos
tivessern como substituto
a
mandioca. Aliado a este problema alimentar tern-se
que registrar as distancias entre os pr6prios vizinhos,
dificultando 0 convivio social, que induziu rnuita
gente a nao querer se internar ern terras entao
cobertas de mata virgem e espessa.
Ja, ern fevereiro de 1748, 0 Brigadeiro Jose da
Silva Paes falava ern remeter ac;:orianos para 0 Rio
Grande de Sao Pedro, "donde 0 terreno e rnais
regular, e tern passagens donde se podem fOfUlar os
lugares que V. Majestade tern determinado
se
estabelec;:am", 0 que se fez a partir de 1752.
E, a "diaspora" se intensifica no Rio Grande de
Sao Pedro com a tomada da vila do Rio Grande,
pelos espanh6is, em 1763, e tern novos contomos
com a tornada da llha de Santa Catarina, ern 1777,
tambem pelos espanhois, 0 que significa a fixac;:ao
de trac;:os culturais da matriz luso-ac;:oriana ern todo
Brasil-Meridional
e a sua expansao para 0 atual
Uruguai e parte da Argentina.
E, diga-se, aqui, ate que ponto as prornessas
regias foram conferidas aos ac;:orianos e madeirenses.
o primeiro ponto a ser exarninado e a concessao
de "urn quarto de Iegua ern quadra", a cada casal.
As medic;:oes foram efetuadas na IIha de Santa
Catarina e no seu continente fronteiro, "mas, desde
logo, tiveram dificuldades,
porquanto haviarn
florestas que se opunham entre os vizinhos e que
exigiam grandes forcas para lirnpar os terrenos e que,
desde logo, os "casais" acharam inconvenientes",
porque querem "ficar perto urn dos outros".
Ern junho de 1753 0 Governador
Manuel
Escudeiro Ferreira de Souza fez abertura do Livro
"para nele se lanc;:arem as datas de terras que Sua
Majestade manda dar aos casais que passam das
llhas dos Ac;:ores", e nele se tern anotados a data da
concessao,
0 nnrnero
de brac;:as, 0 nome do
concessionario e 0 lugar da concessao.
Como se sabe os "casais" vinham em busca de
me!hores dias e nao podiam arcar corn as despesas
da medic;:ao e os encargos burocrMicos da emissao
da "carta de sesmaria", que deveria ter a chancel a
real.
Tal fate vai fazer corn que ate 1850, quando da
sanc;:ao da "Lei de Terras"
(Lei n° 601 de
18.09.1850),
que ordenou
a legitimac;:ao
e
revalidac;:ao das terras, poucos tivessem docurnentos
declarando-os proprietarios, 0 que vai ser suprido
quando, face a mesrna Lei, se tern a partir de 1854
(Decreto n° 1318, de 30.01.1854), os chamados
"Registros
de Vigarios", tarnbern denominado
"Registro Paroquial de Terras" que validam a posse,
ate entao exercida.
No tocante as sementes que se deveriam dar
aos "casais", no volume de dois alqueires, nao
construidos
moinhos,
dentro da tradi9ao
a90riana.
Foram, tambem, entregues aos "casais" armas
e ferramentas, estas confeccionadas pelos mestres
ferreiros de Lisboa, bem como houve a entrega de
gado, extraido das "fazendas reais" existentes no
Rio Grande de Sao Pedro.
Houve, ainda, 0 sustento dos "casais", no
primeiro ano, com farinha e peixes.
A provisao Regia de 9 de agosto de 1747,
ordenando
0 povoamento
pelos "casais",
foi
expedida aos Bispos de Angra e do Funchal no
sentido de serem providos
vigarios
para as
"freguesias a serem criadas e, de imediato, criaramse algumas e a elas foram remetidos objetos de
culto".
Atendendo, ainda, as instru90es e 0 contido nos
"assentos" deveria haver atendimento
medicosanitario a bordo, 0 que se constata ter havido, pelo
expresso na documenta9ao compulsada.
No que concerne
a vinda de sacerdotes,
acompanhando os "casais" vale assinalar que houve
alguns que, aqui, se fixaram.
Deve-se considerar que a Coroa Portuguesa
dentro do espirito que norteava suas rela90es com a
Igreja Cat6lica, a partir da institui9ao do "Padroado",
era regidas por uma explicita subordina9ao
do
espiritual ao temporal.
Dai a determina9ao
do Rei aos Bispos,
notadamente ao de Sao Paulo, a quem cabia entao 0
govemo das terras do Brasil Meridional, que aos
sacerdotes que acompanhariam os "casais" se daria
o sustento durante urn ano, e mais "comodo" (terras)
e ainda ajuda-de-custo a chegada no valor "dez mil
reis".
Dessa forma se organiza a vida religiosa na Ilha
de Santa Catarina e no seu continente fronteiro.
Com a explosao demografica vao surgir novas
"freguesias",
quer na Ilha, quer no continente
fronteiro, que, entretanto, nao suportam a debilidade
econ6mica com que se defrontam, ja no seculo
seguinte e surge dai a necessidade de "coloniza9ao
nacional".
Paralelamente, para atender aquela popula9ao
no tocante aos estudos 0 Aviso Regio de 03 de
dezembro de 1750 determinava a cria9ao de urn
Colegio de Jesuitas na Ilha de Santa Catarina e ele
vai durar ate a execu9ao do Decreto de 03 de
setembro de 1759, detemunando a expulsao dos
jesuitas de POltugal e seus dominios ultramarinos.
A fixa9ao de mais de 6.000 a90rianos e pouco
mais de meia centena de madeirenses no litoral sulbrasileiro e a sua "diaspora" para 0 Uruguai e
Argentina,
teriam, for90samente,
que deixar
gravados tra90s culturais, quer de forma material,
quer na cultura espiritual, popular ou nao, dessas
regioes.
Acresce, lado a lado, com 0 volume dos
a90rianos e madeirenses,
0 isolamento de dois
seculos, sem contato com outras culturas nao
ibericas.
Para bem aquilatar 0 que foi a migra9ao das
Ilhas para 0 Brasil-Meridional deve-se salientar 0
custo de tal empreendimento.
A Coroa Portuguesa teve que tomar dinheiro
emprestado de particulares, em Lisboa, como D.
Joao Luiz de Menezes e das freiras do Mosteiro de
N. Sra. de Nazare, do bairro do Mocambo, da cidade
de Lisboa, no montante de 20 contos de reis a juros
de 4% ao ano.
E, tem-se, assim, a grande marca do contributo
luso-a96rico-madeirense,
indelevelmente fixada no
Brasil-Meridional e no Cone SuI.
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ADAUTO RAMOS, socio
J oao
Pessoa,
titular,
levantamento
lanc;:ou, em
genealogico
Os Mello A::.edo da Parafba, sobre
intitulado
os proprietarios
do engenho
Poxi de Cima.
• FRANCISCO TEOTONIO DA Luz NETO, socio
colaborador,
lanc;:ou em Picos, PI, em janeiro,
seu
Genealogia
livro
registrando
Brasil.
•
da familia
300 anos da historia
no
titular,
foi
ARMINDO L. MULLER, socio
pelo jornal AVo::. da Serra, de 12
entrevistado
de fevereiro
180
Lu::.,
da familia
p.p., de Nova Friburgo,
anos
da
imigrac;:ao
alema
municipio e sua contribuic;:ao
do povo friburguense.
sobre os
naquele
para a formac;:ao
•
JoAo LIMA, socio colaborador,
publicou,
no boletim do Rotary Club de Bonsucesso,
de
fevereiro
p.p.,
memoria
artigo
em
a
homenagem
de PAULO CARNEIRO DA CUNHA.
• CYBELLE DE IpANEMA, socia honoraria,
foi
escolhida pelo Conselho Nacional de Mulheres
do Brasil como uma das "Dez Mulheres
de 2003",
pOI' seu
historiografia,
processo
trabalho,
pela integrac;:ao
de desenvolvimento
econ6mico
do ano
no campo
da
da Mulher
no
socio-potitico-
do pais.
• LUlZ HuGO GUIMARAEs,socio colaborador,
agraciado
com
a Medalha
pela Assembleia
D.Helder
Legislativa
foi
Camara
da Paraiba.
.!1.2Ql. Florian6polis.
5.
RIBEIRO, Luiz da Silva Obras ill Varia. Angra do Herofsmo,
00. Instituto Hist6rico
6.
da Ilha Terceira.
ESPIRITOSANTO,MiguelFredericodo. 0 RioGrandede
fe
7.
8.
Sao Pedro e seus confins entre a
e a razao. Sao Leopoldo,
RS.
CORTESAo,
Jaime. Alexandre de Gusmao e 0 Tratado de
Madri. Rio de Janeiro.
PIAZZA, Walter F. As rotas do AtHintico as escalas insulares·
o caso do Contrato do Tabaco. Angra do Herofsmo, A<;ores,
Col6quio "A<;ores e as dinamicas do Atlantico", Boletim do
Agradecemos
a doa<;ao das seguintes
publica<;6es:
• OLIVEIRA,
Betty Antunes de. Genese
dos Batistas no Brasil. Rio de Janeiro: ed.da
autora,
2004.
38 p. (Doa<;ao da consocia
e
autora.)
CADASTRO
PESQUISADORES
INSTITUTOS
o II Col6quio
NACIONAL
VINCULADOS
mSTORICOS
DE
A
- CNPIH
Nacional de Institutos Hist6ricos
realizado, sob os auspicios do Instituto Hist6rico e
Geografico Brasileiro, emoutubro de 2001, aprovou
resolucao no sentido de organizar urn Cadastro
Nacional de Pesquisadores vinculados aos Institutos
Hist6ricos existentes no pais, com vistas a recensear
as respectivas atividades de pesquisa e produ9ao
bibliografica.
A iniciativa se insere no projeto de implanta9ao
de urn Sistema N acional de Institutos Hist6ricos,
englobando
0 IHGB, os institutos estaduais e
municipais
e, numa segunda etapa, levara a
publica9ao de urn catillogo para dissemina9ao das
inforrna90es recolhidas.
Se voce e membro efetivo ou titular de alguma
dessas institui90es e ainda nao se cadastrou, nao
deixe de solicitar ao Instituto estadual ou municipal
de que participe 0 respectivo formulario, preenchao e devolva-o a institui9ao de origem, para que ela 0
encaminhe ao IHGB, sendo certo que, no caso de
filia9ao a mais de uma institui9ao, a estadual prefere
sempre a municipal. Na eventualidade, porem, de
filia9ao
apenas
como
correspondente,
0
cadastramento sera feito via Colegio, bastando para
tanto que nos avise para que the possamos enviar 0
referido fommlario.
Nao fique a margem. E importante que a sua
produ9ao, ja reconhecida a nivel de sua cidade ou
estado,
venha a figurar
nesse cadastro
de
pesquisadores
ligados as Casas de Mem6ria por
excelencia, que sao os Institutos Hist6ricos de nosso
pais.
• BASTOS, Wilson de Lima - Os Sirios em
Juiz de Fora
R$ 10,00
• SILVA, Salvador da Mata - Eles Nasceram em
it ~~AR,
Adamo -Roteiro GeneaI6gid&,ae
Mato Grosso Vol. I e II, cada
20,00
• BASTOS, Wilson de Lima - A Fazenda da
Borda de Campo e 0 Inconfidente Jose
Aires Gomes
20,00
• RIBEIRO, ARMANDO Vidal Leite- Familia
Vidal Leite Ribeiro
35,00
• CBG - Bibliografia Preliminar sobre
Genealogia
40,00
• BREVES, Padre Renato - Santana do Pirai e
a sua Historia
25,00
• FERREIRA, Ottoni Barbosa - Os Ottoni,
Descendentes e Colaterais
30,00
• MIRANDA, Victorino Chermont de Iconografia e B. dos Titulares do
Imperio V Letras I e J
20,00
• LACERDA NETO, Artur Virmond
eTR!IIIWi1l~~QJlirioo G. - Familias Pri~&s
de Bage - Fasciculos I e II
cada
20,00
• GENTIL, Jose da Mota S.J. -Os Frotas do Sui
do Brasil
20,00
• VIDIGAL,Pedro
Maciel - Amador Buena, 0
Aclamado na Familia Lagoana
50,00
• OLIVEIRA, Betty Antunes - North
American Imigration to Brazil
20,00
• RIBEIRO, Paulo Fernandes Telles e
LINHARES, Eliana - Comendador Guilherme
Telles Ribeiro
35,00
Pedidos para 0 CBG, acompanhado de cheque
cruzado e nominal
ao Instituto
Hist6rico
e
Geografico Brasileiro no valor, acrescido de R$ 5,00
por volume.
• FAIGUENBOIN,
Guilherme
/
VALADARES,
Paulo / CAMPAGNANO,
Ana Rosa.
Dicionario
sobrenomes.
Sefaradi
Sao Paulo:
(Doac;:ao do consocio
de
Fraiha,
2003.
527 p.
Guilherme
F aiguenboin.)
• HOZ, Dulce
Recuerdos.
Sessa,
1980.
Quintela
Liberal
Buenos
Martinez
Aires:
de.
Taller de Aldo
116 p. (Doa<;ao da socia Eliane
de Linhares.)
• BRAZIL, Paulo M.Assis. Bravos setanejos
do Serido - Fann1ias de Portugal e do Brasil:
o Dantas
e os Ribeiro
Vermelho,
2002.
• SANTA
CATARINA,
Geognifico
n.n,
Dantas.
Natal:
Sebo
122 p. (Doac;:ao do autor.)
de. Boletim.
Instituto
Historico
Florianopolis:
a.VI,
mar<;o 2004.
• FUNDA\=A.O
CULTURAL
DE
BLUMENAU.
Blumenau
em cadernos
XLV, 1/2.
Blumenau:
Movimento,
janeiro
Cultura
/ fevereiro
-
em
2004.
• LIMA, Roberto
de Volta Redonda.
Guiao de Souza. Fazendas
Volta Cultural. Volta
Drumond,
fev.2003 / 2004 (l7a a
Redonda:
19a ed., 21 a a 27a ed.). (Doac;:ao do socio e
autor.)
e
NOVA FRIBURGO . 0 BER<;O DA COLONIZA<;AO ALEMA NO BRASIL
Rev. Armindo L. Miiller
A colOnia alema teve 0 seu inicio, em Nova Friburgo, no dia 3
de maio de 1824. As 342 pessoas (128 casados e 214 solteiros),
que para ca vieram, haviam sido destinadas, originalmente, para
a colonia de Almada no suI da Bahia. Mas - desconhecemos os
motivos - foram enviadas para ca. Os
irnigrantes rebelaram-se contra esta decisao
mas nao tiveram escolha.
Os pioneiros vieram em dois navios ate 0
porto do Rio de Janeiro. A grande maioria
dos passageiros constava de soldados, que
haviam sido angariados pelo Governo
Imperial para formarem os Batalh6es de
Estrangeiros. Estes ultimos foram engajados
no seus respectivos batalh6es. Os demais
imigrantes,
em sua grande
maioria
lavradores, permaneceram por mais de tres
meses nos armazens ciaArmac;ao das Baleias.
Foram, depois, levados por via fluvial ate
perto de Itaborai, e dali seguiram a pe ate
Nova Friburgo.
o os irnigrantes que vieram no primeiro
navio, 0 Argus, tiveram uma viagem muito acidentada. Tiveram
que enfrentar violentas tempestades e ate foram atacados por
piratas. Entre os passageiros contamos 0 pastor luterano Friedrich
Oswald Sauerbronn, que perdeu a esposa durante a travessia.
Acompanharam-no, entre outras, as fanulias Baum, Berbert,
BrOder, Darr, Eller, Jonas Emerich, Fals, Grieb, Heiderich,
Heringer, Hermann, JUnger, Klein, Laubach, Nanz, Riegel,
Schenckel, Schneider, Schott, Schwab, Schwenck, Schwind,
Spamer, Ulrich e Winter. A viagem durou longos sete meses.
No segundo navio, 0 Caroline, que teve uma viagem tranqiiila
vieram as fanulias Brust, Dietrich, Johann Emerich, Gradwohl,
HOfel, Kaiser, Meyer, Nagel, Oberlander, Schmidt, Stork, Wolf
e outras mais.
Dados geneal6gicos destas fanulias pioneiras constam do livro
"Os comec;os do Protestantismo no Brasil" de autoria de Arrnindo
L. Muller.
A vida desses pioneiros nao foi nada facil:
encontravam se, agora, num pais diferente, com
costumes e dimas diferentes, nao falavam a
mesma lingua, e foram assentados em terras
praticamente impr6prias para a agricultura. Em
vista disso, grande parte destas famflias
debandou e foi it procura de terras mais
apropriadas nos municipios vizinhos. Algumas
tomaram 0 rumo de Manhuac;u e outras do Rio
Grande do SuI onde se estabeleceram.
E ja que a maioria destes irnigrantes era de
confissao luterana, foi-Ihes perrnitido exercerem
aqui a sua fe, sob a lideranp do pastor que os
acompanhava. Este fato e importante, pois ate
a Proclamac;ao da Republica em 1889, 0
catolicismo continuou sendo a religiao oficial
do pais. Os luteranos podiam exercer 0 seu culto
em casas sem forma exterior de tempo. Tambem os matrimonios
efetuados pelo pastor luterano nao tinham valor legal. Tudo isto
trouxe muitas situac;6es de conflito e desavenc;as.
No dia 14 de maio de 1 824 foi instalado 0 Cerniterio Luterano
- hoje conhecido por Cerniterio Luterano Jardim da Paz - talvez
o cerniterio nao cat6lico mais antigo do Brasil, onde se encontram
as sepulturas de diversos pioneiros, entre os quais a do Pastor
Sauerbronn.
Em principios do seculo XX fixaram se em Nova Friburgo,
diversos empresanos alemaes que aqui instalaram suas empresas,
o que trouxe urn surto de progresso e desenvolvimento para 0
municipio.
PROGRAMA<;AO COMEMORATIVA PELOS 180 ANOS DE IMIGRA<;AO AIEMA NO
BRASIL E DA FUNDA<;AO DA IGREJA LUTERANA, ORGANIZADA PELO CONFRADE REV.
• ~NDO
L. MULLER
Dia 6- F6rum Luterano Fluminense - Encontro de lideran\;as das
comunidades luteranas do Estado do Rio de Janeiro (Niter6i) Ilha do
Governador; Ipanema, Martin Luther, Petr6polis, Nova Friburgo e
Resende
Maio
Dia 2 -Celebra\;ao festiva na Igreja Luterana, com a participa\;ao do
pastores presidente da IECLB (lgreja Evangelica de Confissao
Luterana do Brasil) e das Comunidades Luteranas do Sinodo Sudeste
e autoridades
Dia 4 - Sessao solene da Camara dos Vereadores em homenagem a
Igreja Luterana.
Dia 16 - Solenidade no Cemiterio Luterano Jardirn da Paz - Culto e
celebra\;ao da Santa Ceia.
Junho
Dia 13 - Realiza\;ao do Seminario Nacional de Hist6ria, com apoio da
Q INSTITUTO HISTORICO,
GEOGRAFI:CO E GENEALOGICO DE SOROCABA,
comemorou em mar\;o seu Jubileu de Quro com extenso programa:
• Exposi\;ao da Produ\;ao Cultural
• Missa em A\;ao de Gra\;aspelo 50 aniversario
• Sessao especial da Camara Municipal de Sorocaba
0
41»
Associa\;ao Nacional de Pesquisadores da Hist6ria das Comunidades
Teuto-Brasileiras, Academia Friburguense de Letras (AFL) e Nova
Friburgo Country Clube.
Agosto
'Dia 1 Culto de A\;ao de Gra\;as e Festa do Colonizador, com
exposi\;ao e venda de artesanato, e gastronomia tipica.
0
-
Outras atividades confirmadas
*Lan\;amento de selo personalizado.
* Concurso nacional e local de poesia e reda\;ao, com apoio da AFL,
sobre 0 tema -Nova Friburgo -0 ber\;o da coloniza\;ao alema no Brasil.
* Concurso nacional de trovas, com apoio da Uniao Brasileira de
Trovadores (UBT), tambem alusivo aos 180 anos da imigra\;ao alema.
* Concerto de Musica Classica orgao e violinos, com musicos da
comunidade.
*Concerto de 6rgao - "A hist6ria da musica atraves do 6rgao", com
Thiago Tavares de Petr6polis.
* Publica\;ao dos anais do Seminario Nacional de Hist6ria.
• Cerim6nia de outorga do Colar Cruz do Alvarenga e dos Her6is
Anonimos
• Reuniao Comemorativa do IHGGS: Hist6ria Viva
• Sessao do IHGGS para posse de novos s6cios seguida de Almo\;o
de Confraterniza\;ao.
FREGUEZIA DE SANTO ANTONIO
ORAGO DE JACUTINGA (Parte 2/2)
Publicadas pela Secretaria Municipal de Cultuta da Prefeitura de Nil6polis-RJ
1·1SZTJ1S PJiSlJ01<:'{2S
~J01
:BJllXil'lJ51 j I:Wt[l'!tL"E:N"l'E
T'E1Tt';; P'Efj) fk{(J'}J.$'1}}.['I{03
P'lZ.'4J(,1({J
~O :19{O'lYE 1794
Irmandades tem 4. 1° do SSMO, que foi criada
no ano de 1751 porautoridade, e Provisilo do Exmo.
Sr. Bispo D. Fr. Antonio
do Desterro,
com
Compromisso aprovado, e confrrmado pelo mesmo
Senhor. A ela foi anexada a 1° Irmandade
do
Padroeiro,
cuja cria<;;i1o ignorei, por falta de
documentos. Em tempo, que se conservava sujeita
ao Ordinario das suas contas cuidou sempre no
cumprimento de seus deveres e na satisfa<;;i1o, do
que the estava a cargo pelo seu Compromisso, como
se mostra pelos seus Livros, Assentos, e etc. mas do
ano de 1787 por diante / tempo em que foi compelida
a subtrair-se da sujei<;;i1oOrdinaria / e ficou afeta ao
Juizo da Provedoiria das Capelas / principiou a
decair daquele fervor, e zelo, com que se conduzia
nas suas obriga<;;6es porque vendo-se isenta da
inspe<;;i1odos Parocos, que as despertavam em seus
descuidos a encher os seus deveres, tern caido na
mais deploravel relaxa<;;i1oque apenas assiste com
azeite para a Lampada, e cera para a banqueta do
Altar; sendo ali preciso que 0 Paroco se nilo descuide
de solicitar esse pequeno servi<;;o, para que nilo
aconte<;;am as faltas, que muitas vezes hilo sucedido,
assim que cessa 0 cuidado, e 0 requerimento do
mesmo Paroco. Tendo sido determinado
a esta
Irmandade, na Visita de 1786, que mandasse fazer
urn purificatorio
de prata ou estanho para a
purifica<;;i1o dos dedos do R. Sacerdote,
que
administrasse a Sagrada Eucaristisa, porque nilo se
devia fazer uso de purificadores de loi<;;a,ou de outra
materia ftagil; e que a mesma pertencia 0 prover
aquele Altar das Alfaias necessarias,
para a
administra<;;i1o dos Santos Sacramentos,
e muito
particularmente
do SSmo; ate agora nada se
executou. Chega a tanto 0 descuido, a negligencia,
que ja se nilo cobram os seus anuais, nem se fazem
/ senilo com muita frouxidilo / todas as outras
obriga<;;6es: e os devedores nilo cuidam mais em
pagar, 0 que estilo a dever. Por esta mesma razilo
nilo se cumpre a maior parte dos suftagios; porque
nilo havendo dinheiro,
nilo pode ela mandar
satisfazer todos os encargos de Missas a que e
obrigada; padecendo por isso mesmo as Almas dos
Irmiios defuntos, pela indevo<;;i1o,e falta de caridade
dos vivos. Ja nilo se congregam as Mesas, todas as
vezes, que e necessario, e ordena 0 Compromisso.
Nilo assiste com as Missas necessarias para 0 Servi<;;o
do Senhor, estando umas, ja indignas do mesmo
servi<;;o, outras totalmente estragadas; de sorte que,
para se poder continuar a celebrar no mesmo Altar
maior, foi necessario,
que depois de muitas
infrutuosas advertencias, se resolvesse 0 R. Paroco
a fazer, a sua custa, 0 jogo de toalhas, que atualmente
servem no dito Altar: ao mesmo tempo, que antes
da sobredita adjudica<;;i1o ao Juizo Secular, consta
de suas contas, e Assentos, que contribuiam todos
os Irmiios / com os seus anuais, os oficiais cumpriam
as suas obriga<;;6es, e a Irmandade assistia com 0
precise para 0 servi<;;odo Senhor
2° - Das Almas. Pelo que consta dos seus antigos
Livros,
foi ereta em 0 ana 1719 talvez com
Autoridade
Ordinaria. 0 seu Compromisso
foi
cassada pelo Ministro Secular, quando no ano dito,
1787 principiou a tomar-Ihes conta, ordenando-Ihe,
que fizesse outro, e que 0 remetesse para Lisboa, a
ser aprovado pela Mesa de Consciencia:
0 que
executou, mais ate agora nilo voltou. Ate aquele ana
dito cumpriu as fun<;;6es: porem depois que passou
para a administra<;;i1p Secular, foi descaindo, ate
aniquilar-se,
com notavel detrimento dos Fieis
Defuntos, e lamentavelmente
escandalo dos vivos.
Ficou enfim reduzida ao miseral estado de nilo
parecer, que houvera nesta Freguezia tal Irmandade.
Mais 0 zelo do atual R. Vigario atendendo as
consequencias
prejudiciais
a Igreja, por esta
desordem, fez convocar, no ana de 1794, os antigos
Irmilos, e adquiria outros de novo, com os quais
ajustou uma especie de regulamento,
fim de se
continuarem por ele os sufragios dos defuntos, ate
que Deus seja servido dar a Providencia de que Ele
sabe necessitar a sua Igreja.
3° Da Senhora do Socorro dos Homens Pardos.
Pelos seus antigos Livros, e Manuscritos que por
muito estragados nilo deixam colher toda certeza,
que se deseja faz-se certo, que existia muito antes
do ano de 1686, tempo que ainda se conservava esta
Freguezia como Capela Curada, com disse em
primeiro a Fl. 78: e por isso, ou foi do mesmo ano
ou pouco menos, que a de Santo Antonio Padtoeiro,
criada por Autoridade Ordinaria segundo parece,
olhando para a cria<;;i1ode todas elas, e pela razilo de
ter sido sujeita nas suas contas ao mesmo Juizo
Eclesiastico.
No ana de 1787, avocada pelo
Provedor das Capelas, principiou a ser sujeita ao
Juizo Secular: e cornela houve-se aquele Juiz mesma
forrnalidade de procedimento, que com a das Almas,
arrrependido de seu Compromisso;
0 qual ficou a
copia para seu govemo, nos Livros competentes. Na
decadencia seguiu a mesma sorte da das Almas: e
de fonna decaiu, que hoje nilo existe: por que ha 4
anos que se nilo congrega a Mesa, nao se fazem
Elei<;;6es, nilo tern Administradores, e s6 se dizem
algumas poucas Missas pelos vivos, defuntos, por
zelo do antigo Escrivilo, que procuta cobrar algum
anual para 0 dito fim.
4° Da Senhora dos Rosarios dos Pretos. Foi ereta
por Autoridade do lImo. Sr. Bispo D. Fr. Antonio
de Guadalupe, emProvisiio de 1724. Nas suas contas
esteve igualmente sujeita ao Ordinario, ate 0 ana de
1786, em que, assim como as outras, foi avocada ao
Juizo Secular. Consta de seus Livros, que fora muito
formosa;
e aplicada
ao Culto de seu Orago,
celebrando gran des festas, tratando com muito
asseio 0 seu Altar, que foi omado com Sacras e
Casti<;;ais de prata, tendo bastante Alfaias de seda
e urn born Guiilo de Damasco com remate e cruz de
prata, e outras muitas coisas, que bem mostrava 0
seu zelo e devo<;;i1o. Mas desde a epoca da
Infelicidade
comum das Irmandades,
decaiu e
esfriou de modo que apenas conserva hoje os
vestigios do que fora: a tanto assim que para pintar
de novo a Imagem de sua Padtoeira, no ano de 94,
foi necessario tirarem-se esmolas fora da Innandade
porque esta, se nilo achava com a modica quantia
do 32Rs., em que importou a pintura: e a nilo ser 0
grande zelo do seu Escrivilo perpetuo, Cap. Joakim
de Veras Nascentes nem estes mesmos vestigios de
Irmandade se conservariam.
A Fabrica, ate agora se conserva sujeita nas suas
contas ao Juizo da Visita; e por elas ficou em
suplemento,
ou Receita a quantia de 13$850
Rs.,bens patrimoniais nilo tern, a excessilo de 50
bra<;;as de terras em quadta as quais havendo side
doadas por Jose de Azeredo, Senhor e possuidor
delas no Engenho, chamado do Santo Antonio, no
lugar do Calhanla<;;o, quando ali existiu a Freguezia;
depois de transferida para 0 lugar em que hoje existe,
Antonio de Azeredo, filho daquele doador, comutou
por aquelas, sitas no morro ao pe do Rio de Santo
Antonio, outra igual por<;;ao no lugar, em que se
fundou de novo a Matriz.
Desta doa<;;i1o, e
comuta<;;i1o,nilo aparece documento, e Testamento
algum, senilo a memoria dos antigos freguezes que
ainda consta por tradi<;;i1o. Por ocasiilo de ser
nomeado 0 R. atual Vigario para Juiz Comissario
da Justifica<;;i1o, e medi<;;ao das terras, que foram
dadas pelo Mestre de Campo Inacio do Andrade
Sotto-Maior, para Patrimonio do R. Manoe! Pereira
de Lemos, no ano de 1794; este, em presen<;;a de
testemunhas, dos avaliadores do Juizo deste Distrito,
do procutador bastante do dito R. e na sua, fez fazer
a medi<;;i1odas 50 bra<;;asdoadas para Patrimonio de
Santo Antonio, e as separou das 250 bra<;;as do
Patrimonio
do dito Padre, em que estavam
encravadas; e de tudo, no Livro da Fabrica da Igreja
a Fl. 171 fez lavrar urn temlo, em que assinaram
todas as pessoas ditas, e 0 mesmo R. Vigario, para
que ficasse este servindo
de monumento,
e
testamento autentico a fim de constar para 0 futuro
a realidade existencia das ditas 50 bra<;;asde terra e
nos Autos do Patrimonio do dito Padte informoume 0 mesmo Vigario, que havia feito a precisa
declara<;;i1opara que se nilo perdesse a memoria e
Testamento do Patrimonio desta Igreja, assim como
havia acontecido ate 0 presente com esta, e outras
mais. Como ate este tempo se tem conservado esta
Freguezia com Parocos Encomendados, apesar de
ter side elevada a natureza Colativa; por esta causa
nem a Fabrica nem 0 Paroco percebe coisa alguma
da Real Fazenda,
havendo-se
alias deputado
C6ngrua, e guizamento, quando se criou Colada,
mas sem efeito, por nao tomar posse 0 nomeado
Paroco. Os reditos, de que a Fabrica, e 0 mesmo
Paroco se mantem, silo os contingentes
mal
satisfeitos, que resultam de Sepulturas, e mais
Oficios funerais, e dos donativos, que the fazem os
fteguezes, pelos Oficios Paroquiais.
Nao tern funda<;;i1oalguma de Missas perpetuas:
apenas se poderia dizer tais, as que anualmente
mandam dizer as Irmandades mais estas mesmas
falham, pe!a decadencia, em que elas se conservam.
Se algumas obla<;;6es se fazem aos Santos, sao
consumidas nos seus Altares respectivos.
A povoa<;;i1o tern sentido aumento:
porque
contando no ano de 1792 Fogos 333 e Almas capazes
de Sacramento 2015; no ana de 93 Fogos 349 e
Almas no seu total 2235; no ana do 1797 foram os
Fogos 343; Almas, capazes de Sacramentos 2340;
Menores 597; fazendo a seu total de 2937.
E muito certo que 0 total de Almas compreende
mais uma terceira parte; porque ordinariamente os
brancos, e pardos solteiros, e libertos, que temem
ser apreendidos
para soldados,
jamais
se
manifestam;
antes procuram
ocultar-se quanto
podem. Os Senhores de Escravos
igualmente
ocultam ao Rol, todos os que tem, subtraindo muitas
vezes uma boa parte deles, e alguns ate a metade,
desde que os Dizimeiros excogitaram 0 meio de
obterem Portarias de V. Excia., para tirarem dos Roes
das Freguezias 0 numero de Escravos, a fazerem os
seus ladtoados ajustes; que por isso, e por excessivos,
e que tern feito lembrar aos Povos a subtra<;;i1odos
Escravos, e mais pessoas do Rol das Freguezias. Em
con sequencia deste procedimento,
padecem os
parocos com as faltas de satisfa<;;ao aos seus reditos.
Acha-se situada a Igreja Matriz a urn canto do
seu largo territ6rio, que compreende nove leguas,
em toda sua extensao que e de E e W; na sua largura
que e muito irregular, em umas partes 2leguas; em
outras, pouco mais, em outras menos.
Da Matriz para a Fazenda do Mosteiro de Sao
Bento, que fica na margem meridional do Rio
Igua<;;u, distam 3 leguas; e seguindo esta mesma
margem por N. ate 0 morro Grande, em distancia de
1.1/2 legua, e ate 0 lugar, chamado por Porto dos
Saveiros, se divide com as Freguesia de N. Sra. do
Pilar, N. Sra. da Piedade, ambas do Igua<;;u, para a
margem oriental do Rio Santo Ant6nio do Mato,
onde divide com a Freguesia de S. Fanu1ia,6Ieguas:
para 0 S., onde divide com a Freguesia de Silo Joilo
Batista de Trairaponga , ou de Meriti, pelo limite
das terras do Engenho da Cachoeira, 3/4 de legua:
pelo Poente com a Freguesia de N. Sra. da Concei<;;i1o
de Mariapicu, no rumo das terras do Engenho
chamado Madureira, onde se principiam
as do
Engenho de Cabossu, 1.l/2 legua:
seguindo a
margem Ocidental do Rio Santo Ant6nio, desde 0
Engenho da Cachoeira, atravessando
a Estrada
Geral, que guia a esta cidade e continuando a carreira
do dito Rio / que dal1i por diante tern 0 nome de
Serapuhy / ate 0 Mar, tendo atravessado os chanlados
Pantanais, vai fazendo divisa com a sobredita
Freguesia de Silo Joilo de Trairaponga.
C»
o pagamento
da j6ia de ingresso e das
anuidades - obriga~ao primeira dos associados
a tanto obrigados - passou a ser condi~ao
essencial nao apenas para a subsistencia do
vinculo associativo, mas para 0 exercicio dos
pr6prios direitos, equiparando-se
0 nao
atendimento de tal obriga~ao, ap6s notifica~ao
da Tesouraria,
renuncia
condi~ao de s6cio,
para quaisquer fins.
Para maior simplifica~ao
da materia,
optou-se ainda por fundir 0 Regimento com 0
Estatuto, eliminando redundilncias e conflitos
de dispositivos, e pela consolida~ao da nova
reda~ao, ao inves de remi~ao a emendas
substitutivas.
a
a
Nossos votos de Boas Vindas ao novos
S6cios Correspondentes, aprovados em
Reuniao de Diretoria de 3 Dez 2003:
• ENRIQUEJAVIERYARZARovIRaMontevideu, Uruguai
o novo Estatuto, ap6s registro no cart6rio
competente, sera publicado na primeira edi~ao
do Brasil Geneal6gico que se The seguir.
A Biblioteca do CBG esta sendo
modernizada passando por urn processo de
Informatiza~ao, para:
- Cataloga~ao de todo 0 acervo atraves do
programa Access, por autor, titulo e assunto
- arrranjo dos livros nos armarios
devidamente identificados
- organiza~ao do sistema para
enquadramento em rede no futuro
• GRACIELA
GALMES- Montevideu, Uruguai
• HERNANCARLOSLUX-WURM- Buenos
Aires, Argentina
• OLGAMENDEZALGORTA
-Montevideu,
Uruguai
DESTINATARIO
REMETENTE
Colegio Brasileiro de Genealogia
Av. Augusto Severo, 8 _120
20021-040 - Rio de Janeiro - RJ
IMPREssa

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