Os Estados Unidos estão espionando você?
Transcrição
Os Estados Unidos estão espionando você?
os eua estão espionando você? os Estados Unidos estão espionando você? Após as polêmicas declarações de Edward Snowden, entenda o caso que abalou o governo Obama. por Amanda Sorato Recentemente, o mundo passou a ter conhecimento do PRISM, sistema que permite ao governo americano coletar dados de empresas de internet como Google, Facebook, Apple, Yahoo! e outras. Quem trouxe as informações à tona foi o técnico em computação Edward Snowden, ex-funcionário da Booz Allen Hamilton, empresa que presta serviços para a NSA (Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos), órgão que controla o PRISM. Snowden entregou as informações, que foram coletadas para o jornal britânico “The Guardian”, que, junto com o jornal “Washington Post”, publicou o conteúdo de inúmeros documentos e slides.Snowden justifica que divulgou as informações – às quais tinha acesso graças à sua antiga posição – porque não pode deixar que o governo americano suprima a liberdade e privacidade dos cidadãos. 34 mobilexpert.com.br seus sites. A alegação é que as informações só são coletadas quando aprovadas pela FISA (Corte de Inteligência e Vigilância Externa). O PRISM fez diferença na habilidade dos EUA de se prevenirem contra atentados terroristas Mas não há certeza de como acontece tal monitoramento. Edward Snowden afirma que o governo fiscaliza todas as interações online dos cidadãos – americanos e estrangeiros – direto dos servidores dos serviços envolvidos. Nos slides divulgados por Snowden, aliás, é possível ver isso. Já o governo americano diz que não, que só tem acesso aos dados que envolvem estrangeiros e que os sites entregam ao governo os dados requeridos quando o pedido é Disse o presidente Obama aprovado pela corte americana. As polêmicas do PRISM O caminho até o PRISM Após os atentados de 11 de setembro de 2001, os EUA mudaram sua postura e começaram a agir para prevenir que novos ataques viessem a acontecer. Em suas manobras visando à segurança do país, o ex-presidente George W. Bush aprovou o USA Patriot Act, ato do Congresso Americano que determinava o fornecimento de instrumentos apropriados para interceptar todo e qualquer ato de terrorismo – mesmo que fossem apenas suspeitas. O ato permitia ao governo obter todo tipo de informação sobre qualquer pessoa, usando métodos como espionagem, invasão de domicílio, interrogatórios, entre outros. Em 2007 também foi aprovado e assinado por Bush o Protect America Act, que permitia a vigilância eletrônica de pessoas fora dos EUA sem ordem judicial. A partir daí, a NSA foi construindo formas de estar sempre à frente de possíveis atentados. Neste contexto foi criado o PRISM. Em 2011, o atual presidente Barack Obama assinou o PATRIOT Sunset Extension, extensão do antigo USA Patriot Act do ex-presidente Bush. Este ato, junto com a Lei de Vigilância e Inteligência Externa, da década de 1970, permite ao governo americano continuar inspecionando os cidadãos. A partir daí, a NSA passou a inspecionar todo o tráfego de informações entre cidadãos, tanto na internet quanto fora, tendo acesso também a ligações telefônicas. O que é o PRISM? O PRISM consiste no monitoramento de servidores de empresas de internet ao redor do mundo, tendo acesso a mensagens via e-mail, fotos enviadas, conversas de Skype, mensagens privadas no Facebook e qualquer tipo de interação online. Funciona da seguinte forma: quando julga necessário, o governo americano pede às empresas de tecnologia as informações trocadas pelos usuários em 36 mobilexpert.com.br Muitas incertezas rondam o PRISM e a NSA. Nos documentos coletados e divulgados por Snowden, o governo americano afirma que possui parceria com mais de 80 corporações globais, entre elas as maiores empresas de tecnologia dos EUA. Ainda contam com uma linha do tempo mostrando o ano em que a NSA passou a ter acesso direto ao sistema de empresas de tecnologia. De acordo com os documentos, a Microsoft foi a primeira a participar do programa, em 2007. Em seguida, o Yahoo!, em 2008; Google e Facebook, em 2009; Youtube, em 2010, Skype, em 2011, e Apple em 2012. Ainda nos documentos – uma apresentação de PowerPoint, com 41 slides contendo informações sobre o PRISM – o governo americano afirma que o programa roda com o apoio das empresas. A questão que tem rondado os debates sobre o acesso direto do governo a dados coletados por empresas de tecnologia é o fato de a lei americana permitir o acesso apenas com um mandado aprovado pela corte. Os documentos, porém, mostram que não é isso que tem acontecido. De acordo com os papéis, a NSA tem recolhido os dados sem nenhum tipo de mandado ou aprovação da corte e isso tem sido permitido pelo governo. O outro lado Após o vazamento das informações, as empresas de tecnologia e o governo foram a público dar o seu parecer da situação. A Apple alegou que nunca ouviu falar do PRISM, que o governo americano não tem acesso direto a seus servidores e que, quando o governo pede acesso a algum dado, só é permitido quando possuem uma aprovação da corte. O Google também disse que não faz parte do programa, que o governo não tem acesso direto a seus servidores e, assim como a Apple, quando o governo pede acesso a algum dado, eles só liberam se existir uma aprovação da corte. Ainda assim, depois de uma análise do que foi pedido. Edward Snowden A Microsoft disse que só entrega os dados quando há uma ordem legal e que, se existe realmente um programa com este, eles não fazem parte. O Yahoo! afirma que leva muito a sério a privacidade de seu usuários e que o governo não tem acesso a seus servidores. O Facebook também comentou o assunto: disse que o governo também não tem acesso direto a seus servidores e que quando o governo pede acesso a algum dado, eles analisam e só liberam o que é permitido por lei. Quem também foi a público falar sobre o assunto foi o presidente Barack Obama. O presidente dos EUA disse que, para ele, o programa fez diferença na habilidade dos EUA de se prevenirem contra atentados terroristas. O presidente assegurou aos americanos que eles podem se tranquilizar porque a NSA só monitora estrangeiros. Para Obama, não se pode ter 100% de segurança e 100% de privacidade. É preciso estabelecer regras e critérios que são polêmicos porque fomentam os debates acerca do tema privacidade diz Alexandre Freire, consultor de segurança da informação. 37 Sede da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos Já o chefe da NSA, Keith Alexander, afirmou em uma conferência que há um controle nos dados requeridos e que poucos são os aprovados. Ainda disse que o conteúdo recebido não fica disponível para a NSA, apenas é enviado para o FBI e que tais dados foram essenciais e responsáveis pela prisão de terroristas. Constituição americana protege o cidadão de ter sua Para Alexandre Freire, consultor de segurança da informação e professor da UFRJ, países como os EUA vivem na constante ameaça de ataques terroristas, que geralmente são arquitetados via internet, e que a solução para monitorar isso é usar inteligência. “O grande problema é que a inteligência neste caso éalimentada por processos e ferramentas tecnológicas de espionagem paracoleta e análise de informações, que trazem à tona a discussão sobre aquebra da privacidade e a barreira do ético”, diz Freire. ameaças. “Naturalmente, é preciso compreender o que Consequências privacidade violada – a Emenda 4, por exemplo, garante ao cidadão a inviolabilidade de seus espaços, sejam físicos ou na rede. Ela ainda afirma que esse espaço só será infringido mediante a culpa declarada da pessoa. Ao mesmo tempo, é dever do governo proteger seus cidadãos de possíveis monitorar, quando e como. É preciso estabelecer regras e critérios que são polêmicos porque fomentam os debates acerca do tema privacidade. ” diz Alexandre. Se chegaremos à visão de sociedade narrada por George Orwell em seu livro “1984”, na qual o governo observa tudo que seus cidadãos fazem, ainda não sabemos. Mas a ideia de que o governo americano está recebendo tudo que fazemos na internet pode ser perturbadora. Resta aguardar os novos desdobramentos do tema. Cabe aos cidadãos, A polêmica do PRISM e da espionagem americana trouxe de no entanto, cobrar de seus governantes transparência na volta diversos debates. Os limites da internet, privacidade coleta de dados. na rede e até onde um país pode ir visando à segurança de seu povo são temas recorrentes agora na mídia. A 38 mobilexpert.com.br
Documentos relacionados
Espionagem na rede provoca crise e protestos
os computadores servidores de nove companhias gigantes da tecnologia, algumas das quais os principais hospedeiros de e-mails mundiais: Microsoft (Hotmail), Yahoo! (Yahoo! mail), Google (Gmail), Fac...
Leia mais