aprendizagem do sistema escrito: o caso dos contextos competitivos
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Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. APRENDIZAGEM DO SISTEMA ESCRITO: O CASO DOS CONTEXTOS COMPETITIVOS Otilia Lizete de Oliveira Martins HEINIG1 RESUMO: Relata-se o trabalho desenvolvido durante uma intervenção colaborativa, em duas quartas-séries do Ensino Fundamental, cada uma com 25 alunos. Dois aspectos se fizeram sentir como fundamentais, ambos interligados: o planejamento e a metodologia. O planejamento sistemático dos itens lexicais favoreceu a compreensão, pois se apoiou no desenvolvimento da argumentação para explicar a grafia do homófono não homógrafo. Descartou-se uma postura mecanicista em favor de um trabalho para desinstalar o aluno do lugar de repetidor e conduzi-lo ao de questionador: só refletindo sobre a língua, é que se podem resolver as ambiguidades linguísticas de forma racional. Assim, quando o aluno é levado a analisar e discutir os homófonos não homógrafos, aprende a observar diferenças e semelhanças e a buscar razões que as expliquem. Aprende também a produzir justificativas coerentes e a discuti-las com seus pares, desenvolvendo assim a capacidade de argumentar. Como resultado do trabalho desenvolvido, verificou-se que a metodologia empregada favoreceu a grafia correta, mas especialmente a maneira de justificá-la ao apresentar o elo, na grande maioria dos casos, entre a forma de grafar e a justificativa, os resultados do pós-teste apontaram um aumento de 89 para 329 respostas com elo; a maioria das justificativas, depois da intervenção colaborativa, está centrada no conhecimento semântico; os sujeitos do GE não apenas internalizaram em seu léxico mental ortográfico muitos dos homógrafos trabalhados como também os seus significados, o que fez com que conseguissem explicar as diferenças de grafia; os alunos do GE com maior dificuldade (25%) detectado no pré-teste passaram de 10 palavras com grafia correta para 17, o que é extremamente significativo; ensinar a pensar a maneira por que um homófono é grafado possibilita a reflexão sobre outros fenômenos linguísticos; o aspecto lúdico favoreceu os resultados alcançados, além disso, puderam-se obter resultados quanto ao uso do jogo para a aprendizagem do sistema ortográfico. PALVRAS-CHAVE: intervenção colaborativa; contextos competitivos; homófonos; não-homógrafos; estratégias semânticas ____ 1 Fundação Universidade Regional de Blumenau Mestrado em Educação Rua Antônio da Veiga,140 – Bairro Vitos Konder 89012-900 Blumenau, SC, Brasil [email protected] 47 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. A INVENÇAO DO CINTO Chegar ao cinto Foi simples. Antes dele, Muita gente sentava E quando ia levantar A calça caía. “sinto muito, Sinto muito” É o que todos diziam. Até que uma criatura Inventou de botar Uma corda na cintura Daí em diante Sempre que perguntavam Por que sua calça Não caía, ela respondia: “muito cinto, muito cinto”. Introdução O poema em epígrafe faz uma brincadeira com os itens lexicais cinto e sinto aproveitando a semelhança sonora entre os dois. No contexto, é possível perceber que há significados distintos entre os termos empregados, além disso, há formas diferentes de grafar as quais levam em consideração a informação semântica que cada um carrega: está-se diante de um caso de homófonos não homógrafos, o tema geral deste artigo. 48 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. A discussão pontual, entretanto, será o caso dos homófonos cuja representação gráfica é a do fonema /s/, exemplificada no poema de Silvestrin (2004). Para tal, pinçaram-se dados de um estudo maior realizado por Heinig (2003) junto a alunos de uma quarta série do ensino fundamental. Estar com os alunos e a professora, no contexto de sala de aula, permitiu compreender como os alunos aprendem e também ensinam sobre a codificação da língua e quais as facilidades e dificuldades que apresentam quando precisam grafar palavras cujo contexto é competitivo. Ampliando o olhar para o espaço macro da formação de professores, justificam-se investigações desta natureza, tendo em vista que os professores do ensino fundamental raramente estudam os princípios do sistema alfabético do português do Brasil, o que promove a falta de compreensão de como se dá o ensinoaprendizagem da ortografia; o material didático usado tem como base o livro didático, no qual o tratamento se dá, na sua grande maioria, sob a forma de exercícios mecânicos e descontextualizados. Estes fatores motivaram o desenvolvimento da pesquisa que investigou o acesso do léxico ortográfico e homonímia a fim de analisar como a prática de sala de aula vem desenvolvendo o processo de codificação, especificamente em contextos competitivos. 49 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. Questões teóricas: dois aspectos importantes A homonímia entre os fenômenos de indeterminação semântica As discussões acerca da homonímia como fenômeno de indeterminação semântica conduzem a outras a fim de que se possam traçar limites entre esse e outros fenômenos. Assim, para estabelecer a distinção entre homonímia e polissemia, recorreu-se a Moura (2001) que apresenta para tal o critério da obrigatoriedade de determinação no contexto. Retomando Pinkal (1995, p. 86), sabe-se que “uma expressão é homônima se e somente se um nível de base indeterminado é inadmissível.” Assim, no critério primeiro, quando se tem um item lexical homônimo, sua seleção é obrigatória no contexto. Portanto, em uma sentença na qual apareça, por exemplo, o item banco, só poderá haver uma das duas interpretações possíveis, isto é, instituição financeira ou assento. Entretanto, no caso da polissemia isso não ocorre, uma vez que admite valor de verdade indefinido. Ou seja, mais de uma acepção pode co-ocorrer para o item lexical. Por exemplo, as palavras livro, carta e brochura também discutidas por Cruse (2000), permitem que sejam interpretadas tanto como [texto] quanto [tomo]. É justamente o critério de obrigatoriedade de determinação no contexto, segundo Moura (2001), que caracteriza a homonímia, 50 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. opondo-se, então, à polissemia e vagueza. Essa ideia parte da análise feita dos resultados detestes de ambiguidade já propostos por outros autores (KEMPSON, 1980; CRUSE, 2000). Este apresenta os testes de identidade e de zeugma, os quais visam cotejar a incompatibilidade de significações em um mesmo item lexical. Diferentemente do proposto por Moura, esses testes agrupavam de um lado a ambiguidade, englobando homonímia e polissemia, e vagueza de outro. Assim, é possível perceber que a oposição entre homonímia e polissemia ocorre quando, naquela “há uma incompatibilidade completa entre os sentidos de uma palavra, mas no caso da polissemia tal incompatibilidade pode ser maior ou ‘menor’” (MOURA, 2001, p. 113-4). Já que o mote de toda discussão, aqui, é a homonímia, este fenômeno pode ser entendido como a relação que existe entre um item lexical e dois ou mais significados. Assim, podem-se encontrar palavras que apresentam a mesma pronúncia e escrita e será preciso o contexto e, às vezes, a precisificação para que a escolha adequada do sentido aconteça. Também é possível encontrar homonímia parcial, ou seja, há apenas a mesma pronúncia ou escrita: são os casos de homografia e homofonia. Nesta situação, a atribuição do significado pode se tornar mais simples, especialmente, se for levada em conta a descodificação. 51 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. Contextos competitivos: aspectos relevantes para sua compreensão e transposição didática Se a leitura, de um lado, permite ao sujeito invadir o mundo da linguagem escrita, é justamente no próprio ato de escrever que esse novo estatuto se realiza de modo pleno. A questão da escrita, aqui, focará a capacidade de produzir escrita, especificamente, como ocorre a sua aprendizagem, levando em conta aspectos relacionados à pesquisa desenvolvida tais como o ditado e as dificuldades de escrita. Em uma situação comum de ditado, o ponto de partida é uma cadeia fonológica para se alcançar uma sequência ortográfica. Para chegar à escrita, tanto é possível percorrer a via fonológica e/ou a lexical. Na primeira, pode-se recorrer às correspondências fonológico-grafêmicas; na outra, é feita a recuperação direta da forma escrita da palavra a partir de uma forma fonológica correspondente. A escrita de palavras regulares, desconhecidas e pseudopalavras ocorre pela via fonológica apenas. Já a via lexical permite escrever com correção as palavras irregulares uma vez que é preciso que a forma ortográfica, armazenada no léxico mental, seja recuperada, o que foi bem representado no modelo de dupla via de Castro e Gomes (2000, p. 151). 52 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. O sistema alfabético do português do Brasil é transparente sobremaneira no que diz respeito à leitura, entretanto, há muitas situações na escrita em que as conversões fonema-a-grafema são irregulares. Em situações como as dos contextos competitivos, nas quais se incluem os homófonos não homógrafos, é possível, por exemplo, ler “sela” como /´sεla/ levando-se em conta a regra de descodificação segundo a qual o “s” em posição inicial é lido como /s/. Scliar-Cabral (2003a, p. 83) assim explica a regra D2.1: “ ... o grafema “s” se lê como a transposição à realização do fonema /s/, quando estiver em início de vocábulo, como em “sapo”...”. Entretanto, para escrever a mesma sequência fonológica acima, o redator pode fazê-lo tanto com o grafema “s” quanto com o “c” e as duas ortografias resultariam em palavras reais do português, as homófonas “sela” (arreio de cavalgadura, o qual constitui assento sobre que monta o cavaleiro) como em: “O homem trouxe a sela e colocou sobre o cavalo para que os hóspedes pudessem fazer seu passeio”1 e cela (aposento de condenado, em penitenciárias) como em “O prisioneiro foi conduzido a sua cela”2. A dúvida aqui, em termos de codificação, só se resolve quando entra em cena o significado da palavra, por isso o redator precisa de informações dadas pelo contexto no qual a palavra se insere. 1 2 FERREIRA (1999). Idem 53 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. As alternativas competitivas constituem a maior dificuldade ortográfica na aprendizagem do sistema escrito. Em casos como o do fonema /s/, que apresenta o maior número de possibilidades de conversão, “é necessário selecionar no léxico mental ortográfico o item que emparelhe semântica e morfossintaticamente com a forma fonológica” (SCLIAR-CABRAL, 2003a, p. 151). Situações dessa natureza podem ser resolvidas e compreendidas se houver um ensino inteligente da gramática que considere: 1) o papel do significado quando os dois itens forem da mesma classe gramatical; 2) a morfologia, especialmente, a derivação. Assim, a grafia de “paço” ou “passo”, “sessão” ou “seção”, só pode ser resolvida em um contexto no qual o sentido possa ser atribuído pelo redator, uma vez que as duas situações se apresentam diante de vogal [+post]. O mesmo ocorre com “sinto” e “cinto”, mote do poema com o qual se abriu o artigo; entretanto, o que precisa ser observado, neste caso, é o contexto inicial e a vogal que segue, neste caso, trata-se de [-post]. Partindo deste cenário teórico, apresentamos a seguir uma síntese da metodologia e depois serão discutidos dados que levam em consideração o contexto competitivo acima descrito. Contornos metodológicos Esta pesquisa, por visar avaliar os efeitos da educação sistemática, optou por trabalhar com dois grupos de sujeitos sendo 54 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. um o grupo experimental (GE) e o outro controle (GC). Devido a isso, a escolha da escola foi fundamental e selecionamos um colégio localizado em Brusque-SC. Nele havia duas turmas, nas quais era a mesma professora que atuava na área de Língua Portuguesa; assim foi possível analisar o processo de ensino-aprendizagem realizado pelo mesmo professor, mas com metodologia diferente. A amostra foi composta de duas quartas séries com 25 alunos cada, do período matutino. Aos sujeitos do GE aplicou-se, inicialmente, um questionário que permitiu traçar o seguinte perfil dos participantes no que se refere ao lar e à escola. São monolíngues; a média de idade é 9 anos e 8 meses; a maioria dos pais terminou o ensino superior; a maioria dos alunos ingressou na educação infantil a partir dos 2 anos; os sujeitos usam mais o dicionário em casa do que na escola; a maioria não sabia ler e escrever quando ingressou no ensino fundamental e entrou para o referido Colégio na educação infantil. É sobre os dados coletados desses sujeitos que iremos trabalhar. Para este artigo, selecionamos dados do pré-teste e pós-teste; o teste aplicado junto aos sujeitos foi em forma de ditado interativo. De um pequeno trecho selecionado do livro didático adotado pela escola, retirava-se o homônimo não homógrafo que deveria ser grafado pelo sujeito que logo em seguida deveria elaborar uma justificativa. Entre a aplicação dos dois testes, foi desenvolvida uma intervenção colaborativa junto ao GE, cujo planejamento foi realizado pela 55 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. pesquisadora e pela professora, mas a aplicação foi realizada apenas pela professora durante um semestre. A grafia dos homônimos não homógrafos e as implicações pedagógicas: alguns dados Nesta seção, iremos discutir os dados e resultados do pré e do pós-teste levando em consideração, especialmente, o desempenho dos aprendizes quanto à maneira de grafar os homófonos não homógrafos. Dos 20 itens lexicais selecionados para os testes, 12 apresentam a dúvida na codificação do fonema /s/, são elas: conserte, acende, assentos, cena, passo, russa, sessões, concerto, intenção, espectadores, esperto, espiada. O gráfico 1 revela qual foi o desempenho dos sujeitos, no pré-teste, nestas palavras: 30 25 CORRETA HOMÔNIMO NILO RNI PM ECF 15 10 5 es pi ad a es pe rt o ad or es es pe ct in te nç ão nc er to co se ss õe s ru ss a pa ss o ce na s as se nt o ac en de ns er te 0 co freqüência 20 palavras ditadas 56 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. Gráfico 1 – Codificação do /s/ no pré-teste pelo GE Além de serem analisadas quanto ao número de acertos, as palavras ditadas também foram categorizadas quanto às diferentes maneiras de serem grafadas. As respostas foram agrupadas em seis categorias: 1) correta: o sujeito grafou a palavra corretamente; 2) homófonos: o sujeito grafou o homófono da palavra levando em consideração apenas o som ditado ; 3) NILO (não internalizada no léxico ortográfico): o sujeito grafou a palavra de uma forma que não existe na língua portuguesa: isso se deve a pouca leitura; 4) RNI (regra não internalizada): o sujeito grafou a palavra incorretamente por não conhecer as regras de codificação; 5) PM (problemas maiores): o sujeito grafou a palavra incorretamente revelando problemas de sintaxe ou de percepção; 6) ECF (escreve como fala): o sujeito grafou a palavra como a fala, mostrando não estabelecer distinção entre fala e escrita. Não é possível trazer todos os dados para este artigo, mas é importante fazer referência a outros dados organizados em gráficos (HEINIG, 2003) que comparam especificamente o número de acertos; neles é possível observar como os dois grupos são parecidos quando analisadas as demais categorias. Os dados mostram que mais da metade das respostas, 60,8% no GE e 60,6% no GC, pertencem à categoria 1. As palavras com maior número de acerto (acima de 20) 57 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. foram: espiada, esperto, passo, russa, cena em ambos os grupos e espectadores com 20 acertos no GE. A maior dificuldade se encontra na categoria 2, uma vez que a palavra ditada está testando um contexto competitivo. Os homófonos que apareceram mais vezes, em ambos os grupos, foram: acentos, sessões e concerto. A dúvida entre os homófonos não homógrafos aponta para a necessidade de um trabalho em sala de aula que auxilie o aluno a resolver esse tipo de dúvida valendo-se do contexto e/ou da construção do sentido do vocábulo. Já as demais categorias aparecem em menor número e podem ser compreendidas se o processo de alfabetização desses sujeitos for levado em conta. A categoria 3 (NILO) é resultante de pouca leitura, ou seja, as palavras testadas não fazem parte do conhecimento prévio dos sujeitos ou eles as encontram muito pouco em textos. Por exemplo, a palavra ditada despensa foi grafada como despença e esta grafia não existe. O aluno escreveu a palavra assim porque é possível, pois é um contexto competitivo, embora a palavra não exista; o sujeito não tem no seu léxico ortográfico a palavra “despensa”. A categoria 4 (RNI) aponta para problemas de codificação, especialmente no que se refere às regras de correspondência fonológico-grafêmica que não foram trabalhadas ainda com os alunos. Já na bateria de testes de recepção e produção da língua portuguesa de Scliar-Cabral, problemas relativos ao 58 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. desconhecimento das regras de codificação se fizeram sentir, mas não os mesmos identificados no pré-teste. Neste, verificou-se que as seguintes regras não foram internalizadas: 1) “as realizações do fonema /s/ podem se reescrever “ss”, “c”, ou “sc” [...], entre vogal oral e vogal não posterior oral ou nasalizada, ou semivogal não posterior,...” (SCLIAR-CABRAL, 2003a, p. 153-4), ou seja, os sujeitos de ambos os grupos grafaram: asende, asentos; 2) “a realização do fonema /s/ [...] entre vogal oral e vogal posterior oral ou nasalizada que não a [+alta], posteriores, [...] pode se escrever com os grafemas “ss”, “ç” (op. cit., p. 155). São exemplos do desconhecimento da regra em ambos os grupos: paso, rusa, sesões, descrisão. 3) “A realização do fonema /s/ em posição inicial de sílaba, entre vogal nasalizada e vogal oral ou nasalizada ou semivogal não posteriores [...] pode se reescrever “s”, “c” ou “sc” (op. cit., p. 156). Em ambos os grupos, apareceu apenas a grafia consserto. 4) “a realização do fonema /s/ pode ser codificada seja pelo grafema “s” ou “ç” em início de sílaba entre vogal nasalizada e vogal oral ou vogal nasalizada posteriores[...] ou entre /ẽ/ e a semivogal posterior /w/” (op. cit., p. 156), como não aconteceu em: intenssão, dispenssa e despenssa. Interessante observar que o fonema que mais provocou problemas, nesta categoria, foi o /s/ justamente por sua codificação estar entre os contextos competitivos, sendo este um dos que apresentam maior dificuldade para os aprendizes da norma ortográfica. 59 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. Esse diagnóstico possibilitou a realização da intervenção colaborativa que focou todas as palavras ditadas no pré-teste bem como outras que foram diagnosticadas na bateria de testes de recepção de produção de Scliar-Cabral (2003b) além de dúvidas que surgiram ao longo do trabalho em sala de aula. À medida que o trabalho foi se desenvolvendo, os alunos foram depreendendo regras, analisando contextos e construindo justificativas. O trabalho em sala de aula se deu sob várias formas, mas teve como ponto de partida principalmente os jogos preparados em CD-ROM e em cartelas; a partir deles outras atividades eram desenvolvidas. Esse trabalho realizado pela professora da classe sob a orientação da pesquisadora sinaliza que o ensino dos contextos competitivos requer um profissional que trabalhe os conhecimentos gramaticais e o significado de forma a auxiliar o aprendiz a resolver suas dúvidas, compreendendo que conhecimentos são necessários para tomar a decisão certa em cada situação. Nesse viés, faz-se necessário compreender que a via lexical permite escrever com correção as palavras irregulares uma vez que é preciso que a forma ortográfica, armazenada no léxico mental, seja recuperada. Como já afirmado anteriormente, o sistema alfabético do português do Brasil é transparente quanto à leitura, entretanto, há muitas situações, na escrita, em que as conversões fonema-a-grafema são irregulares, destacando-se, especialmente, as situações dos contextos competitivos, nas quais se incluem os homófonos não 60 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. homógrafos, cuja grafia depende de informações advindas do próprio texto, sejam elas referentes a aspectos semânticos ou morfológicos. Além disso, é preciso considerar que a aprendizagem da escrita acontece paulatinamente e, com a entrada, na escola, a criança começa a estabelecer a distinção entre o desenho e a escrita através das experiências ali desenvolvidas. Nesse momento, a criança também começa a perceber que não se escreve como se fala e isso significa que o contínuo da cadeia da fala deve ser segmentado e passará, então, a ser representado por unidades discretas separadas por espaços em branco. Portanto, a tarefa de quem está aprendendo o sistema escrito envolve uma série de “habilidades”, ou seja, deverá ser capaz de refletir a respeito da classe gramatical da palavra em análise; atentar para a posição do segmento sonoro dentro da palavra; observar a tonicidade, entre outras. Deste modo, juntando informações advindas das próprias palavras com outras provenientes do contexto, professor e alunos, em um processo de análise, depreenderão as regras que permitirão entender a norma ortográfica, não apenas decorá-la. Pesquisas na área de Psicolinguística Aplicada permitem compreender o processo de aprendizagem do sistema alfabético; em adendo, pode-se também, a partir dos dados, apresentar uma proposta metodológica que permita uma outra forma de entender o ensino e a aprendizagem da codificação. Quanto aos resultados, o artigo vai se ater à forma como as palavras foram grafadas no pós-teste, não apresentando os resultados 61 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. concernentes à forma como os sujeitos produziram as justificativas. O Gráfico 2 apresenta dados quanto ao desempenho dos sujeitos do palavras GE após a intervenção colaborativa. 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 CORRETA HOMÓFONO NILO RNI PM ECF GE GC grupos Gráfico 2 - Categorias quanto à maneira de grafar a palavra ditada no pósteste Comparando os grupos, é possível observar que há diferenças quanto ao número de respostas em todas as categorias exceto na última. Os dados mostram que, na categoria 1, há diferença entre os dois grupos, pois o GE teve 81% das respostas e o GC 61%, ficando próximo ao resultado obtido no pré-teste que foi de 60,6%. Diferentemente do que ocorreu no pré-teste, os grupos também não apresentam comportamento semelhante em relação às categorias 2 (homófonos), 3 (NILO), 4 (RNI) e 5 (PM), embora a maior dificuldade nos dois grupos ainda resida na categoria 2. Pelo fato de os homófonos não homógrafos testarem contextos competitivos, os sujeitos apresentaram relativa dificuldade para grafar com adequação as palavras ditadas. No GE, observou-se uma significativa melhora neste aspecto, pois o índice passou de 26,2% do pré-teste para 14,4% no pós-teste, sendo que as palavras que ainda apresentam maior dúvida para esses sujeitos são sessões/seções e conserto/concerto. Em se tratando do contexto competitivo /s/ as palavras com mais de dez ocorrências foram: concerte, acentos. A diferença entre os dois grupos na categoria 1 e 2 revela que o trabalho com os homófonos não homógrafos foi um fator que auxiliou os alunos do GE a perceberem diferenças entre uma e outra grafia, o que ficou ainda mais claro quando se fez a análise das justificativas, pois não basta apenas saber grafar, é preciso também refletir sobre os fatores que levam a optar por uma ou outra grafia. 62 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. Embora o trabalho desenvolvido tenha focado os homófonos não homógrafos, os resultados se fizeram sentir nas categorias 3, 4 e 5, as quais permaneceram parecidas no GC, mas sofreram queda no GE. Analisando cada uma das palavras ditadas, nos dois grupos, pôde-se perceber que, no GE, aumentou o número de ocorrências na categoria 1(correta) e que a categoria 2 (homófono) foi a que sofreu maior queda; entretanto, no GC, a situação permaneceu praticamente a mesma. O gráfico a seguir apresenta detalhadamente a maneira de grafar o fonema /s/ pelo GE em contextos competitivos: 30 25 20 correta homô nimo 15 out ra maneira 10 5 0 p al a vr as d i t ad as Gráfico 3 - Codificação do /s/ no pós-teste pelo GE Em comparação com o gráfico 1, que analisa o pré-teste, nesta mesma situação, no GE, verificou-se que houve uma diminuição quanto ao número de hipóteses de grafia para a mesma palavra ditada. No pré-teste, se computou apenas uma ocorrência na categoria correta, já no pós-teste foram três. Além disso, 16 palavras aumentaram a frequência nesta categoria, duas permaneceram iguais e somente uma teve queda: conserte. Esses resultados estão relacionados com o trabalho desenvolvido em sala de aula do qual iremos pinçar alguns aspectos a serem apresentados na seção final deste artigo. 63 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. Algumas conclusões No tocante ao trabalho desenvolvido durante a intervenção colaborativa, dois aspectos se fizeram sentir como fundamentais, estando ambos interligados: o planejamento e a metodologia. O planejamento sistemático dos itens lexicais trabalhados favoreceu a sua compreensão, pois se apoiou no desenvolvimento da argumentação para explicar a grafia do homófono não homógrafo partindo, sobremaneira, do significado. Portanto, descartou-se uma postura mecanicista em favor de um trabalho no qual se desejou desinstalar o aluno do lugar de repetidor e conduzi-lo ao de questionador, pois, só refletindo sobre a língua, é que se podem resolver as ambiguidades linguísticas de forma racional. Assim, quando o aluno é levado a analisar e a discutir os homófonos não homógrafos, aprende a observar diferenças e semelhanças e a buscar razões que as expliquem. Aprende também a produzir justificativas coerentes e a discuti-las com seus pares, desenvolvendo assim a capacidade de argumentar. Para que o planejamento fosse operacionalizado, desenvolveu-se uma metodologia apoiada em atividades que promoveram reflexão e discussão durante a aprendizagem. Como resultados do trabalho desenvolvido, verificou-se que: 1. a metodologia empregada favoreceu a grafia correta, mas especialmente a maneira de justificá-la ao apresentar o elo, na grande maioria dos casos, entre a forma de grafar e a justificativa: os resultados do pós-teste apontaram um aumento de 89 para 329 respostas com elo; 2. a maioria das justificativas, depois da intervenção colaborativa, está centrada no conhecimento semântico; 3. os sujeitos do GE não apenas internalizaram em seu léxico mental ortográfico muitos dos homógrafos trabalhados como também os seus significados, o que fez com que conseguissem explicar as diferenças de 4. os alunos do GE com maior dificuldade (25%) detectado no pré-teste passaram de 10 palavras com grafia correta para 17, o que é extremamente significativo; 4. ensinar a pensar a maneira por que um homófono é grafado possibilita a reflexão sobre outros fenômenos linguísticos; 5. o aspecto lúdico favoreceu os resultados alcançados; além disso, puderam-se obter resultados quanto ao uso do jogo para a aprendizagem do sistema ortográfico, carência apontada por Curvelo, Meireles e Correa (1998). Referências bibliográficas 64 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 45 – Aprendizagem neuronal para as práticas sociais de leitura e escrita. CASTRO, S. L.; GOMES, I. Dificuldades de aprendizagem da língua materna. Lisboa : Universidade Aberta, 2000. CRUSE, D. A. Micro-structure of Word Meanings. In:_____. Theoretical and computational approaches. New York, Oxford University Press, Cap. 2, p. 30-51, 2000. CURVELO, C. S.; MEIRELES, Elisabeth de Sousa; CORREA, Jane. O conhecimento ortográfico da criança no jogo da forca. Psicologia: reflexão e crítica. Porto Alegre, v. 11, n. 3, p. 467-480,1998. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1986. _____. Novo Aurélio: dicionário da língua portuguesa. 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