Aula 15 – Simbolismo - CURSINHO PRÓ

Transcrição

Aula 15 – Simbolismo - CURSINHO PRÓ
C U R S I N H O
Prof. Gustavo Saldívar - Literatura
Aula 15: Simbolismo
1. (Ufsc 2014) O Soneto
Nas formas voluptuosas o Soneto
tem fascinante, cálida fragrância
e as leves, langues curvas de elegância
de extravagante e mórbido esqueleto.
A graça nobre e grave do quarteto
recebe a original intolerância,
toda a sutil, secreta extravagância
que transborda terceto por terceto.
E como um singular polichinelo
ondula, ondeia, curioso e belo,
o Soneto, nas formas caprichosas.
P R Ó - E N E M U F M S - 2 0 1 5
04) Neste poema, o soneto é visto, metaforicamente, como uma
mulher sensual, o que sugere uma valorização da fertilidade
e da vida; porém, a evocação da figura do esqueleto remete à
ideia da morte inevitável. Dessa tensão entre vida e morte,
resulta a valorização da vida como um momento efêmero
para celebração e humor, sintetizado na figura do
polichinelo.
08) Nos versos “tem fascinante, cálida fragrância” e “e as leves,
langues curvas de elegância”, ocorrem, respectivamente,
sinestesia e aliteração, figuras de linguagem utilizadas na
poesia do Simbolismo.
16) O primeiro quarteto do soneto “Vida obscura” – Ninguém
sentiu o teu espasmo obscuro, / ó ser humilde entre os
humildes seres. / Embriagado, tonto dos prazeres, / o mundo
para ti foi negro e duro. – revela o envolvimento de Cruz e
Sousa, como poeta e jornalista, na denúncia das condições
miseráveis em que viviam os trabalhadores no início do
processo de industrialização brasileiro.
32) Nos dois últimos versos do soneto “Cárcere das almas” – que
chaveiro do Céu possui as chaves / para abrir-vos as portas
do Mistério?! –, aparece um tema frequente na poesia de
Cruz e Sousa, a libertação do espírito pela morte.
As rimas dão-lhe a púrpura vetusta
e na mais rara procissão augusta
surge o sonho das almas dolorosas...
CRUZ E SOUSA, J. da. Últimos sonetos. p. 17.
Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000078.p
df>.
Acesso em: 2 set. 2013.
Glossário
voluptuosas – sensuais púrpura – certo tom de vermelho;
cálida – morna (fig.) roupas usadas por nobres
langues – sensuais vetusta – antiga; respeitável
polichinelo – certa personagem do augusta – elevada, solene
teatro de humor; fantoche
Com base na leitura do texto, no livro de poemas Últimos
sonetos, obra publicada pela primeira vez em 1905, e no contexto
geral da literatura brasileira da época de sua primeira edição,
assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01) No elogio que faz à forma do soneto, Cruz e Sousa
aproxima-se, tematicamente, de alguns poemas parnasianos
que têm por tema a própria poesia; isso pode estar
relacionado com o desejo de reconhecimento, expresso em
outros poemas de Últimos sonetos.
02) Neste, como em outros poemas de Últimos sonetos, Cruz e
Sousa exercita certa liberdade formal, manifesta
especialmente na métrica irregular e no uso pouco
convencional do vocabulário; essas características fazem
com que o poeta seja hoje visto como um dos precursores da
revolução modernista da década de 1920.
2. (Enem 2014) Vida obscura
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sentimento inquieto,
magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,
Mas eu que sempre te segui os passos
sei que cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!
SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961.
Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro,
Cruz e Sousa transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em
conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção
traduz-se em
a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela
discriminação.
b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.
3. (Enem 2014) Psicologia de um vencido
Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis
Cidade Universitária, s/n * Caixa Postal 549 * Campo Grande – MS * CEP 79070-900 - Fone:3345-7232/7233 *
www.pro-enem.ufms.br * E-mail: [email protected] * www.preae.ufms.br * E-mail: [email protected]
1
C U R S I N H O
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
P R Ó - E N E M
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura
de transição designada como pré-modernista.
Com relação à poética e à abordagem temática presentes no
soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como
a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas
e o vocabulário requintado, além do ceticismo, que antecipam
conceitos estéticos vigentes no Modernismo.
b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista,
manifesta em metáforas como “Monstro de escuridão e
rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”.
c) a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em
“carbono e amoníaco”, “epigênesis da infância” e “frialdade
inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem.
d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do
Parnasianismo e do Simbolismo, dimensionada pela inovação
na expressividade poética, e o desconcerto existencial.
e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e
ao mesmo tempo filosófica, que incorpora valores morais e
científicos mais tarde renovados pelos modernistas.
4. (Enem 2009) Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
U F M S
-
2 0 1 5
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação
Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.
Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto
cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das
almas, de Cruz e Sousa, são
a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de
temas filosóficos.
b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à
temática nacionalista.
c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento
metafísico de temas universais.
d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social
expressa em imagens poéticas inovadoras.
e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a
métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano
5. (Enem 2006) ERRO DE PORTUGUÊS
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de Sol
O índio tinha despido
O português.
Oswald de Andrade. Poesias reunidas. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1978.
O primitivismo observável no poema anterior, de Oswald de
Andrade, caracteriza de forma marcante
a) o regionalismo do Nordeste.
b) o concretismo paulista.
c) a poesia Pau-Brasil.
d) o simbolismo pré-modernista.
e) o tropicalismo baiano.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o fragmento do poema Antífona, de Cruz e Sousa, e
responda
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
"Ó Formas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Formas do Amor, constelarmente puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis
Cidade Universitária, s/n * Caixa Postal 549 * Campo Grande – MS * CEP 79070-900 - Fone:3345-7232/7233 *
www.pro-enem.ufms.br * E-mail: [email protected] * www.preae.ufms.br * E-mail: [email protected]
2
C U R S I N H O
E dolências de lírios e de rosas...
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume.
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume..."
P R Ó - E N E M U F M S - 2 0 1 5
IV- "Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua aldeia;
Vestia finas lãs, e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal, e manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado."
6. (Pucsp 1998) Esse trecho do poema, que abre o livro
BROQUÉIS, é considerado uma espécie de profissão de fé
simbolista.
Reflita sobre as afirmações a seguir.
I - O fragmento revela a preocupação do eu lírico pelas formas
caracterizadas pela cor branca, pelas cintilações, pela vaguidade,
pelo diáfano o pelo transparente.
II - O fragmento apresenta uma construção apoiada na
justaposição de frases nominais, com o intuito de descrever os
objetos com clareza.
III - O fragmento mostra alguns procedimentos estilísticos do
Simbolismo, como, por exemplo, a musicalidade das palavras, o
uso de reticências, o emprego de letras maiúsculas e a
identificação do referente.
Conforme se verifica, está correto o que se afirma
a) apenas em I e II
b) apenas em I e III
c) apenas em II e III
d) apenas em I
e) em I, II e III
7. (Unesp 1989) Identifique os movimentos literários a que
pertencem as seguintes estrofes, na ordem em que elas se
apresentam.
I- "A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
E o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor."
II- "Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpia dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."
III- "Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:"
V- "Torce, aprimora, alteia, lima
A frase, e enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito."
a) Romantismo, Simbolismo, Barroco, Arcadismo e
Parnasianismo.
b) Modernismo, Parnasianismo, Barroco, Arcadismo e
Romantismo.
c) Romantismo, Modernismo, Arcadismo, Barroco e
Simbolismo.
d) Simbolismo, Modernismo, Arcadismo, Parnasianismo e
Barroco.
e) Modernismo, Simbolismo, Barroco, Parnasianismo e
Arcadismo.
Gabarito:
Resposta da questão 1:
01 + 08 + 32 = 41.
Resposta da questão 2:
[A]
Resposta da questão 3:
[D]
Resposta da questão 4:
[C]
Resposta da questão 5:
[C]
Resposta da questão 6:
[B]
Resposta da questão 7:
[A]
Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis
Cidade Universitária, s/n * Caixa Postal 549 * Campo Grande – MS * CEP 79070-900 - Fone:3345-7232/7233 *
www.pro-enem.ufms.br * E-mail: [email protected] * www.preae.ufms.br * E-mail: [email protected]
3

Documentos relacionados

Prof. Antonio B. Pereira - Químico Mestre em Ensino de Química

Prof. Antonio B. Pereira - Químico Mestre em Ensino de Química (Ufsj 2012) Em uma solução contendo 0,01 mol de ácido sulfúrico dissolvido em água pura, adicionaram-se 0,74 gramas de hidróxido de cálcio e a solução foi homogeneizada. Em relação ao pH final da m...

Leia mais

Aula 08 romantismo - CURSINHO PRÓ

Aula 08 romantismo - CURSINHO PRÓ do Romantismo para construção da identidade da nação é a reagindo contra o sentimentalismo e o subjetivismo a) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da românticos. Olavo Bilac, no e...

Leia mais