Nutricionista destaca as propriedades dos

A-6
Baixada Santista
A TRIBUNA
Domingo 28
www.atribuna.com.br
março de 2010
Sónopalitinho
Colorida e saborosa, a comida japonesa conquistou o paladar dos santistas
ALEXSANDER FERRAZ
VANESSA RODRIGUES
LUIZ FERNANDO YAMASHIRO
DA REDAÇÃO
Há 100 anos, eles desembarcavam no Porto de Santos para
conquistar a simpatia e a admiração dos brasileiros. Agora, a
conquista é pelo paladar.
Sedutora aos olhos, menos
calórica e mais saudável do que
a maioria das receitas ocidentais,a culinária japonesa experimenta um boom aparentemente inabalável na Cidade, rivalizando com churrascarias e cantinas italianas. Hoje, os restaurantes japoneses estão presentes em todos os cantos de Santos, com pratos adaptados à preferência nacional.
A expansão teve seu despertar no início dos anos
80, com a popularizaO sucesso da
ção da Festa do Peixe,
culinária nipônica
promovidapelo Estreem Santos
la de Ouro Futebol
começou no início
Clube, na Ponta da
dos anos 80
Praia.Ao ver seurestaurante lotado durante o
evento, realizado só uma
algo do tipo delivezpor ano, a comunidadejapovery, no gênero China in
nesapercebeu a demanda e pas- Box. Tanto que ele, funcionásou a oferecer almoços e janta- rio público, e ela, bancária, conres com maior frequência.
tinuaram em suas respectivas
No fim dos anos 80, chega- profissões.
ram as vedetes do cardápio: o
A clientela se encarregou de
sushi e o sashimi, trazidos ao mudaros planos. Em 15 anosde
Estrela por Hiroshi Endo, ex- atividade, o Gotissô virou refepresidente da Associação Japo- rência,faturouduasvezesoprênesa de Santos. Era o começo mio Top of Mind de A Tribuna,
de uma revolução na gastrono- abriuumasegunda unidadeejá
mia local. Dali em diante, acom- parte para a terceira, que atenpanhando a febre nacional, o derá, a partir de julho, no novo
peixe cru começaria a fazer par- prédio do Clube XV, na AvenidaVicente deCarvalho.
te do cardápio dos santistas.
Isabel admite que o sucesso
O sucesso do Estrela gerou
uma dinastia que não pára de foi muito além do planejado.
crescer: o Atami, no Centro, o Voltando a 1995, ela lembra do
Oishi, na Ponta da Praia, e a mercado ainda restrito, da difiTemakeria Okumura, no Gon- culdade em encontrar mão-dezaga, foram todos fundados por obra qualificada, que precisou
pessoas ligadas ao clube. O pri- ser importada da Capital.
Mas essa linhagem é mais
meiro desses descendentes se
antiga do que se pensa. Ela
agigantou ao acaso.
Quando o casal Roberto e Isa- começa em meados da década
bel Matsumoto decidiu abrir de 70, época em que a ideia de
um restaurante japonês, pensa- comer peixe cru causava náuvam apenas em algo que pudes- sea por aqui. Para todas as sise completar a renda familiar – tuações, há um desbravador.
Mais restaurantes
>> Atami
Rua XV de Novembro, 100, Centro –
Santos
De segunda a sexta, das 11h30 às 15
horas, almoço por quilo; às sextas e
sábados, das 20 às 23 horas, festival de
sushi.
Telefone: (13) 3219-4383
>> Bonsai
Rua Oswaldo Cruz, 319, conjuntos 87/88,
Boqueirão – Santos
De segunda a sábado, das 11 às 19h30.
Telefone: (13) 3223-3500
>> Estrela de Ouro
Av. Rei Alberto I, 372, Ponta da Praia,
Santos
De terça a sexta, das 11h30 às 15 horas,
e aos sábados e domingos, das 12 às
16 horas, almoço por quilo; de terça a
quinta, jantar no mezanino das 20 horas
às 23h30; às quintas, jantar no salão
térreo, das 20 horas às 23h30; sexta e
sábado, jantar à la carte das 19h30 às
23h30.
Telefone: (13) 3261-2179
>> Haru
Rua Timbiras, 6, Gonzaga – Santos
De domingo a quinta, das 18 horas à
meia-noite; sextas e sábados, das
18 horas à 1 hora
Telefone: (13) 3289-2196
>> Hotei
Rua Jorge Tibiriçá, 26, Gonzaga, Santos
De terça a sexta, das 12 às 15 horas;
sábados e domingos, das 13 às 16 horas;
de terça a quinta, das 19 às 23 horas;
sextas e sábados, das 19 horas à 0 hora;
domingos, das 19 às 23 horas
Telefone: (13) 3286-1031
>> Khondy
R. Tolentino Filgueiras, 71, Gonzaga,
Santos.
De segunda a quinta e aos domingos, das
19 horas è meia-noite; sextas e sábados,
das 19 horas à 1 hora
Telefone: (13) 3288-1290
>> Kyoto
Praça Palmares, 11, Macuco – Santos
Todos os dias, das 19 horas à 1 hora
Telefone: (13) 3221-2257
>> Max Sushi
R. Alexandre Martins 80, cj. 228-A,
Aparecida – Santos
Todos os dias, das 10 às 22 horas
Telefone: (13) 3227-8089
>> Momoe
Praça Fernandes Pacheco, 41, Gonzaga –
Santos
De segunda a sexta, das 18 horas à
meia-noite; sábados e domingos, das
12 horas à meia-noite
Telefone: (13) 3288-1777
>> Nagasaki YA
Av. Washington Luiz, 476, Boqueirão –
Santos
De segunda a sexta, das 19 horas às
23h30; sábados e domingos, das 12 horas
às 16h30 e das 19 horas à 0 hora
Telefone: (13) 3284 5195
>> Nagoya
Rua Doutor Acácio Nogueira, 14,
Boqueirão – Santos
Todos os dias, das 19 horas à meia-noite
Telefone: (13) 3286-1697
>> Oishi!
Rua Antônio Guenaga, 62, Ponta da Praia
– Santos
De segunda a sexta, das 11h30 às
15 horas; sábado e domingo, das 12 às
16 horas; de quarta a sábado, a partir
das 19h30
Telefone: (13) 3261-3658
>> Okumura Temakeria
Rua da Paz, 17, Boqueirão – Santos
De domingo a quarta, das 18 horas à
meia-noite; de quinta a sábado, das
18 horas à 1 hora
Telefone: (13) 3877-9194
>> Temakeria Santista
Rua Goiás, 197 A, Gonzaga – Santos
De segunda a sábado, das 12 às 16 horas;
de domingo a quarta, das 19 horas a
1 hora; de quinta a sábado, das 19 às
3 horas
Telefone: (13) 3223-6264
>> Tokyo
Rua Itororó, 71, Centro – Santos
De segunda a sexta, das 11 horas às 15h30
Telefone: (13) 3219-1528
>> Yow
Rua Tolentino Filgueiras, 45,
Gonzaga – Santos
De domingo a quarta, das 19h30 à
1 horas; de quinta a sábado, a partir
das 19h30.
Telefone (13) 3321-8489
Serviço
Gotissô
Av. Almirante Saldanha da Gama,
159, Ponta da Praia - Santos.
De terça a sexta, das 11h30 às
14h30 e das 19h às 23h; sábados,
das 12h às 16h e das 19h30 às
23h30; domingos, das 12h às 23h
Telefone: (13) 3261-1188
Avenida Mal. Floriano Peixoto,
42, lojas 109/110.
Atende no horário de
funcionamento do Shopping
Miramar.
Telefone: (13) 3288-4208
Tika
Rua Bahia, 93, Gonzaga – Santos.
De quarta a sábado, a partir das
19h30, e domingo, a partir das
12h30.
Telefone: (13) 3284-6253.
Sem desconfiar que ajudava a escrever uma história,
dona Sachi Tanabe desO restaurante
cia a serra de ônibus,
Tika foi criado em
com a sacola cheia de
1976 por Sachi
produtos japoneses
(já falecida) e
que ia buscar no bairro
Hisakage Tanabe
da Liberdade. As com(na foto)
prasiamabasteceramodesta pensão do nº 57 da
Rua Bahia, onde ela e o marido, Hisakage, serviam refeições ram a frequentar o local, espaaoshóspedesjaponeses.
lhando a notícia cidade afora.
Nascia assim, em 1976, o TiDona Sachi morreu em
ka, representante mais antigo 2004, mas seu Hisakage e as
da culinária nipônica em San- duas filhas, Maki e Lika, mantos. “Tika era como chamavam têm o pioneirismo do Tika. E
minha mãe”, explica Maki, fi- apesar da mania nacional de
lha mais velha do casal.
sushis, sashimis e temakis, o
Aos 74 anos e ainda coman- tepan não perdeu a preferêndando a cozinha, seu Hisakage cia na casa.
se diverte ao lembrar o começo
O filé mignon na chapa com
difícil de seu empreendimen- broto de feijão, legumes e moto. “Só aparecia japonês para lho especial - cuja receita percomer. Coloquei até feijoada manece em segredo 30 anos –
no cardápio para ver se apare- ainda é a marca registrada do
cia algum brasileiro, mas não chef Hisakage. “O meu freguês
adiantou”, sorri. Só mais tarde, sabe que a comida não perde a
por intermédioda pediatra Kei- qualidade, tem o gosto de semko Teruya, médicos começa- pre. Então, ele sempre volta”.
Empórios
A preferência por comida
japonesa reflete-se também no
surgimento de lojas
especializadas. Na Oriental
House, o proprietário, Wagner
Myiashiro, atribui os bons
negócios à influência da mídia.
“Muita gente vem e pede: quero
tal coisa, eu vi no Globo
Repórter”.
Oriental House
Rua Luís de Camões, 213, Vila
Mathias - Santos.
Telefone: (13) 3232-2831
Iguarias exigem etiqueta específica
ALEXSANDER FERRAZ
TTT Não basta comer. É preciso
imitar os japoneses à perfeição,
aprender seus costumes, conhecer sua história. É esse o
desejo que move um grupo de
40 pessoas reunidas no suntuoso restaurante Shintori, na capital paulista. Ali, apesar do
banquete oferecido, os olhos se
voltam aos gestos da consultora Lumi Toyoda, especialista
em cultura e etiqueta japonesa.
A palestra-jantar mescla instruções sobre como se portar à
mesa, relatos sobre a origem
das receitas nipônicas e as
adaptações sofridas para cair
no gosto do brasileiro. Como
resultado deste processo, temos hoje a caipirinha de sakê e
o sushi de carne seca.
A cada orientação, os aprendizes descobrem que, numa refeição japonesa, todo ato tem
um significado. O nabo, que
causa estranheza a marinheiros de primeira viagem, tem a
função de aguçar o paladar e
facilitar a digestão, assim como
o gengibre e o chá verde, semprepresentes. “Daí vem asensação de que a comida japonesa é
leve: os ingredientes aceleram
a digestão”.
Lumi confessa: na última década, a demanda por cursos de
etiqueta japonesa vem aumen-
Nutricionista destaca as
propriedades dos alimentos
TTT Na mesa, o latim se encaixa
perfeitamente à filosofia japonesa: mens sana in corpore sano. A imagem de longevidade e
sabedoriaostentada pelos nipônicos está diretamente associada a sua alimentação.
De acordo com a nutricionista Tatiana Pimentel, a maioria
das receitas da terra do sol nas-
cente ajuda a manter o cérebro
ativo, o coração em bom compasso e o corpo em boa forma.
Ela explica que o peixe, um dos
pilares da cozinha japonesa, é a
melhor fonte de proteína e
ômega 3 - gordura que reduz o
colesterol ruim (LDL) e a pressão arterial, além de melhorar
o poder de concentração e me-
cando à nova atividade. “De
uns 20 anos para cá, a comida japonesa começou a ter
destaque”.
O maior desafio para
quem se aventura pela primeira vez em um restaurante
japonês é manusear os hachis
– em bom português, comer
de pauzinho. De fato, requer
certa adaptação para os acostumados apenas aos talheres ocidentais. A professora Lumitenta simpliO modo correto
ficar: eles devem ser
de utilizar os
pegos deforma diagohachis é pegá-los
nal, paralelos um ao
de forma diagonal,
outro. Uma vez posimantendo-os
cionados na mão, só o
paralelos
dedo indicador e o médio devem mover o hashi
de cima.
tando. A consultora
Difícil? Marta Baar, apesar
foi responsável pelo treinamento do cerimonial do Palácio dos da origem alemã, acha que
Bandeirantes para a recepção não. “Se complicar, vai uma
ao príncipe Naruhito em dica: peça sushi, que pode ser
2008, ano do centenário da comido com a mão’’.
imigração japonesa ao Bra- MAIS INFORMAÇÕES EM
sil. Desde então, vem se dedi- WWW.ETIQUETAJAPONESA.COM.BR
morização. A soja, também frequente nasreceitas, é outra aliada para evitar o acúmulo de
gordura nas artérias.
As algas, também muito usadas nos pratos, têm o poder de
retardaroenvelhecimento,assim
como o gengibre, raiz com ação
bactericidaeanti-inflamatória.
Para a nutricionista, o temaki é o alimento que melhor
sintetiza todo esse potencial: “é
uma combinação nutricional
perfeita: o arroz é fonte de carboidrato e aminoácidos essenciais; o peixe traz proteína, cál-
cio, zinco e outros sais e vitaminas do complexo B; e a
alga é antioxidante, ótima
contra o envelhecimento das
células”.
Porém, uma vez à mesa
dos japoneses, tente imitarlhes outra característica: a
moderação. Tatiana adverte que, nos festivais promovidos por alguns restaurantes, é bom não abusar das
frituras, como o tempurá e
o harumaki. O shoyu, molho de soja, também não
permite exageros.