análise dos compostos bioativos presentes no azeite de
Transcrição
análise dos compostos bioativos presentes no azeite de
ANÁLISE DOS COMPOSTOS BIOATIVOS PRESENTES NO AZEITE DE OLIVA EXTRA VIRGEM ORGÂNICO NACIONAL 1 2 3 1 Caldas, L. B. S. , Medeiros, R.M.L. , Santos, B.M. , Souza, F.C. , Celeghini, R.M.S. 1 1* Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade de Campinas - UNICAMP, Rua Monteiro Lobato 80, 2 13083-862 Campinas, São Paulo, Brazil; EPAMIG, Rua Washington Alvarenga Viglione s/nº, 35517-000, Maria 3 da Fé, Minas Gerais, Brazil; Faculdade de São Lourenço Rua Madame Schimidt 90, 37470-000, São Lourenço, Minas Gerais, Brazil- [email protected] RESUMO Pesquisas demonstraram que o consumo regular de azeite de oliva ajuda a prevenir doenças e retarda o envelhecimento. Os compostos bioativos presentes na fração insaponificável do azeite de oliva virgem, protegem o organismo contra agentes externos e do desenvolvimento de doenças. Dentre estes compostos, o esqualeno tem sido apontado como um fator para a menor incidência de câncer nas populações mediterrânicas. O αtocoferol, a clorofila e os compostos fenólicos são potentes antioxidantes e seqüestradores de radicais livres. O Olival Santa Maria, situado no Vale do Gamarra em MG, em parcerias com a Emater e a Epamig, produziram a primeira safra de azeite orgânico. Diante dessa situação, torna-se necessário e importante, estudar as características deste azeite nacional em relação aos compostos da fração insaponificável. O objetivo deste trabalho foi avaliar os compostos bioativos (Clorofila, fenóis totais, α-Tocoferol e esqualeno) presentes na fração insaponificável. A concentração de clorofila (21,34 mg/Kg), α-Tocoferol (25,12 mg/100g), esqualeno (149,33 mg/100g) e fenóis Totais (154,04 mg/kg), presentes no azeite de oliva extra virgem orgânico nacional, estão de acordo com os resultados encontrados na literatura para azeites de olivas extra virgem. PALAVRAS-CHAVE: clorofila, compostos fenólicos, α-tocoferol, esqualeno, orgânico ANALYSIS OF BIOACTIVE COMPOUNDS PRESENT IN THE BRAZILIAN ORGANIC EXTRA VIRGIN OLIVE OIL ABSTRACT Researches have shown that regular consumption of olive oil helps preventing disease and the premature aging. The bioactive compounds present in the unsaponifiable fraction of virgin olive oil protect the body against external agents and diseases. Among these compounds, squalene has been appointed as a factor for the lower incidence of cancer among mediterranean populations. The α-tocopherol, chlorophyll and phenolic compounds are potent antioxidants and free radical scavengers. The Santa Maria’s Olive Trees, situated in Gamarra Valey in MG, in a partnership with EMATER and EPAMIG, produced the first harvest of organic olive oil. Considering the situation, it is important and necessary to study the characteristics of this national olive oil in relation to compounds of the unsaponifiable 1 fraction. The purpose of this job was to evaluate bioactive compounds (chlorophyll, total phenols, α-tocopherol and squalene) presents in the unsaponifiable fraction. The concentration of chlorophyll (21,34 mg/Kg), α-tocopherol (25,62mg/100g), squalene (149,33 mg/100g) and total phenols (152,5 mg/Kg) presents in the national organic olive oil are conformed with the standards shown in the literature for extra virgin olive oil. KEYWORDS: chlorophyll, total phenols, α-tocopherol, squalene, organic INTRODUÇÃO Dentre os óleos vegetais comestíveis comercializados mundialmente, o azeite de oliva é um dos mais importantes e antigos. O azeite de oliva é o produto obtido de azeitonas maduras, procedentes de oliveiras sadias, cujo processamento tenha sido realizado com frutos frescos evitando qualquer tratamento que altere a natureza química de seus componentes (Goodacre et al.,1993). A oliveira tem muitas variedades que apresentam maiores ou menores diferenças fenotípicas e genéticas. Atualmente, as diferenças no tamanho, cor, teor de óleo, composição de ácidos graxos e outras propriedades são verificadas como características de origem dos principais países que cultivam oliveiras (Fourati et al., 2002). A fração insaponificável do azeite de oliva virgem representa de 1-2% do azeite em massa. Consiste em vários componentes, tais como: compostos orgânicos voláteis, fenóis, tocoferois, pigmentos, esteróis, esqualeno, entre outros, que são responsáveis pelo sabor, estabilidade e propriedades nutricionais do azeite de oliva (Saba et al., 2005). A presença de clorofila nos óleos tem um significado importante no processo de auto-oxidação, podendo ser um sensibilizador do oxigênio, na presença de luz, agindo como prooxidante, e na ausência de luz atuar como antioxidante (Endo et al., 1985). Os tocoferois tem significado especial devido a sua atividade vitamínica (vitamina E) e por serem antioxidantes naturais. O azeite de oliva contém também quantidades variáveis de substâncias fenólicas, potentes antioxidantes que apresentam importante papel na estabilidade oxidativa dos azeites (Murkovic et al., 2004). Tornando-se dependente da importação para abastecimento interno, sem uma produção própria de azeitonas e azeite de oliva, o Brasil apostou no desenvolvimento de trabalhos de pesquisa e cultivo de oliveiras. A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) iniciou um trabalho de cultivo e propagação de oliveiras na fazenda Experimental de Maria da Fé no sul de Minas Gerais. O Olival Santa Maria, situado no Vale do Gamarra em MG a 1.800 m de altitude com clima tropical e temperatura anual média de 20,6ºC, em parcerias com a Emater e a Epamig, produziram a primeira safra de azeite orgânico. Diante dessa situação, torna-se necessário e importante estudar as características deste azeite nacional através da avaliação dos 2 compostos da fração insaponificável que contêm micronutrientes como o α-tocoferol, clorofila e compostos fenólicos que protegem o organismo contra agentes externos e o desenvolvimento de doenças. MATERIAL E MÉTODOS Extração: A extração do azeite de oliva extra virgem foi realizada no Núcleo Tecnológico de Azeitona e Azeite (NTAA), na EPAMIG de Maria da Fé (MG) em parceria com a Associação dos Olivicultores dos contrafortes da Mantiqueira. As azeitonas da variedade Alberquina, produzidas no olival Santa Maria, situado no Vale do Gamarra (Baependi-MG), através da agricultura orgânica, foram processadas logo após a colheita. As azeitonas foram colhidas manualmente, selecionadas, sanitizadas e enxaguadas em água corrente. As azeitonas foram trituradas na máquina extratora de azeite e batidas por cerca de 50 minutos, para liberação do óleo da pasta. A pasta de azeitona foi transferida para a centrífuga onde ocorreu a separação do óleo, da água e dos resíduos. Após a extração o azeite foi envasado em vidros previamente esterilizados e mantidos a -18ºC. Métodos de análises: A análise de clorofila foi realizada através de análises espectrofotométricas pelo método Ch 4-91 (AOCS, 2004). O resultado foi expresso em mg de pigmentos totais de clorofila por quilograma de azeite. A quantificação do α-Tocoferol foi realizada de acordo com o método Ce 8-89 (AOCS, 2004) por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). A análise de fenóis totais foi adaptada do método proposto por GUTFINGER (1981) e a quantificação do esqualeno foi realizada de acordo com o método proposto por Nenadis e Tsimidou (2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta os resultados dos compostos bioativos analisados na amostra de azeite de oliva extra virgem orgânico nacional. Tabela 1- Concentrações de compostos bioativos presentes na amostra de azeite de oliva extra virgem orgânico nacional Compostos Biativos Concentração Clorofila (mg feofitina a/kg) 21,34 ± 0,08 α-Tocoferol (mg/100g) 25,12 ± 0,66 Fenóis totais (mg ác.gálico/kg) 154,04 ± 2,28 Esqualeno (mg/100g) 149,33 ± 0,74 Segundo Tsimidou (1998), uma ampla faixa de teor de compostos fenólicos totais tem sido relatada, mas os valores são geralmente entre 100 e 300 mg/kg cultivar, o que está de acordo com o resultado (152,50 mg/kg) encontrado neste experimento. O teor de αtocoferol encontrado na amostra deste experimento (256,20 mg/Kg) está de acordo com a faixa de 98 a 370 mg/kg obtida de 90 amostras de azeites analisadas por Psomiadou et al. (2000). Quanto ao teor de clorofila, segundo Psomiadou e Tsimidou (2001), o azeite de oliva virgem contém até 40 mg/kg, expresso em feofitina a. Os mesmos autores, ao analisarem 3 quatro diferentes amostras de azeite extra virgem gregos, encontraram valores que variaram de 9,1 a 23 mg feofitina a/kg. O valor de 21,34 mg de feofitina a/kg encontrado no azeite usado neste experimento está de acordo com o obtido pelos autores citados. Grigoriadou et al. (2007), quantificaram 171,8 mg/100g de esqualeno em amostras de azeite Grego. Estes valores estão próximos ao encontrado na amostra de azeite de oliva extra virgem orgânico nacional que foi de 149,33 mg/100g. CONCLUSÕES Foi possível quantificar a presença de compostos funcionais em níveis consideráveis na amostra de azeite de oliva nacional, caracterizando-se como um alimento funcional, principalmente pelo seu caráter antioxidante, importante no combate aos radicais livres no organismo humano. Através destes resultados, podemos concluir que o Brasil é um país capaz de produzir azeites de excelente qualidade, com condições favoráveis para introdução deste tipo de cultura, antiga para várias regiões do mundo, mas nova para o Brasil. AGRADECIMENTOS: FAPESP e CNPq BIBLIOGRAFIA AMERICAN OIL CHEMISTS SOCIETY - AOCS. Official Methods and Recommended Practices of the American Oil Chemist´s Society. 5 ed., Champain: AOCS, 2004. ENDO, Y.; USUKI, R.; KANEDA, T. Prooxidant activities of chlorophylls and their decomposition products on the photooxidation of methyl linoleate. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v.61, 781-784,1984. FOURATI, H.; COSSENTINI, M.; KARRA, B. Classification of Olive Trees According to Fruit and Oil Characterisation. Acta Horticulturae. v.586, p.141-145, 2002. GOODACRE, R.; KEL, D. B.; BIANCHI, G. Rapid assessment of the adulteration of virgin olive oils by other seed oils using pyrolysis mass spectrometry and artificial neural networks. Journal of the Science of Food and Agriculture, v.63, p.297–307, 1993. GRIGORIADOU, D.; ANDROULAKI, A.; PSOMIADOU, E.; TSIMIDOU, M.Z. Solid phase extraction in the analysis of squalene and tocopherols in olive oil. Food Chemistry, v.105, p.675–680, 2007. MURKOVIC,M; LECHNERA,S; PIETZKAA,A; BRATACOS, B; KATZOGIANNOS, E. Analysis of minor components in olive oil. J. Biochem. Biophys. Methods, v.61, p.155–160, 2004. NENADIS, N.; TSIMIDOU, M. Determination of squalene in olive oil using fractional crystallization for sample preparation. Journal of American Oil Chemists’ Society, v.79, n.3, p.257-259, 2002. PSOMIADOU, E.; TSIMIDOU, M. Pigments in Greek virgin olive oils: Occurrence and levels. Journal of the Science of Food and Agriculture, v.81, p.640–647, 2001. PSOMIADOU, E.; TSIMIDOU, M.; BOSKOU D. α-Tocopherol content of Greek virgin olive oils. Journal of Agricultural Food Chemistry, v.48, p.1770–1775, 2000. SABA, A.; MAZZINI, F.; RAFFAELLI, A.; MATTEI, A.; SALVADORI, P. Identification of 9(E), 11(E)-18:2 fatty acid methyl ester at trace level in thermal stressed olive oils by GC coupled to acetonitrile CI-MS and CI-MS/MS, a possible marker for adulteration by addition of 4 deodorized olive oil. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.53, n.12, p.4867-4872, 2005. 5
Documentos relacionados
Material de Marketing - A4Seboxyl
SEBOXYL® é um suco orgânico estabilizado com glicerina vegetal, obtido das folhas de groselha (Ribes nigrum) e framboesa (Rubus idaeus), as quais foram selecionadas por suas moléculas complementare...
Leia mais