O STRESS NOS PROFESSORES DO ENSINO SECUNDÁRIO: Um

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O STRESS NOS PROFESSORES DO ENSINO SECUNDÁRIO: Um
Anya Vanessa Mussagy
O STRESS NOS PROFESSORES DO ENSINO SECUNDÁRIO:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição
pública e privada da Cidade de Maputo
Universidade Politécnica
A POLITÉCNICA
MAPUTO
2008
Anya Vanessa Mussagy
O STRESS NOS PROFESSORES DO ENSINO SECUNDÁRIO:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição
pública e privada da Cidade de Maputo
Monografia apresentada ao Curso Superior de
Psicologia da Escola Superior de Gestão, Ciência e
Tecnologia da Universidade Politécnica, como parte
dos requisitos para a obtenção do grau de
Licenciada em Psicologia das Organizações e do
Trabalho.
Tutora: Dra. Andrea Folgado Serra
MAPUTO
2008
Parecer do tutor:
Eu, Andrea Folgado Serra, Tutora da Monografia de Licenciatura da estudante Anya
Vanessa Mussagy, intitulada “O Stress nos Professores do Ensino Secundário: Um
estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de
Maputo”, outorgo à mesma a minha apreciação favorável.
Por estes motivos, considero o presente trabalho de Licenciatura da candidata, apto para
ser submetido à avaliação e defesa pública perante o Júri nomeado para o efeito.
Maputo, 14 de Agosto de 2008
_________________________
Andrea Folgado Serra
Aos meus queridos pais, CassamoMussagy e Helena Mussagy, por todo o amor, apoio
e, grandes lições de vida que me deram ao longo dos anos.
AGRADECIMENTOS
À Dra. Marta Correia (directora do Colégio Kitabu) e, a professora Helena Mataveia pela
disponibilidade, simpatia e acolhimento com que me receberam.
Ao Dr. Alberto Mazive, director da Escola Secundária Josina Machel por ter autorizado a
realização do estudo e, ao professor João Jeque pela simpatia, disponibilidade e apoio
prestado ao longo de todo trabalho de pesquisa.
À Mestre Andrea Serra, minha tutora, pelo seu apoio incondicional e infinita paciência,
orientando-me e, incentivando-me ao longo deste trabalho. Sem a sua colaboração, não
seria possível a realização desta monografia.
A todos professores da cidade de Maputo, por exercerem uma das profissões mais dignas,
contribuindo para o desenvolvimento da sociedade e, em especial aos professores que
participaram na pesquisa, pela sua colaboração, disponibilidade e paciência.
Aos meus pais, Helena e Cassamo Mussagy, às minhas irmãs, Naya e Mayra, por estarem
sempre presentes na minha vida, pelo apoio e incentivo ao longo de toda a minha
existência.
Ao Ricardo Custódio, companheiro e amigo, pelas palavras de encorajamento, pelo
carinho e apoio incondicional.
As minhas colegas e queridas amigas, Paula Guimarães e Tatiana Sucá, pela amizade,
cumplicidade e, apoio ao longo destes quatro anos.
A todos os docentes, colegas e amigos que directa ou indirectamente contribuíram para
que hoje eu possa concretizar o meu sonho.
RESUMO
A presente pesquisa teve como principal objectivo analisar o nível de stress dos
professores do ensino secundário geral da cidade de Maputo. O estudo foi feito com uma
amostra de 40 professores, comparando-se os níveis de stress de duas instituições de
ensino, uma pública e outra privada, tendo-se em conta o ciclo em que leccionam. A
investigação é predominantemente exploratória e descritiva, de abordagem quantitativa.
Os resultados da pesquisa demonstram que a amostra de professores estudada, associa o
conceito de stress aos principais sintomas fisiológicos e psicológicos que o organismo
humano manifesta quando se encontra sobre tensão. O estudo indica também que os
professores apresentam um nível de stress acima dos padrões moderados e, que este nível
é mais elevado actualmente que no passado, sendo que o 1º Ciclo apresenta níveis de
stress mais elevados em relação ao 2º Ciclo. Os mesmos, apontaram várias fontes de
stress relacionadas com três factores: trabalho em si mesmo, com o contexto laboral e
com a relação do sujeito com o trabalho. Para além destas, outras fontes de stress no
trabalho, consideradas pelos professores foram: o elevado número de alunos por turma, o
baixo salário e o atraso na recepção do mesmo, o excesso de trabalho, a elaboração e
correcção de testes, a falta de material didáctico, o fraco desempenho dos alunos e, o seu
comportamento.
Palavras-chave: Nível de Stress, Agentes Stressantes, Professores, Ensino Secundário,
Público vs Privado, Maputo
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Tipos de Stress.............................................................................................................. 10
Figura 2: Factores determinantes do Stress.................................................................................. 11
Figura 3: Indicadores de Stress .................................................................................................... 13
Figura 4: Desenvolvimento do burnout........................................................................................ 19
Figura 5: Modelo de Exigência-Controle de Karasek.................................................................. 23
Figura 6: Modelo de Stress nas Organizações de Kahn e Byosiere, 1992 ................................... 26
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Produção Científica sobre Stress em Moçambique (2001-2008)...............................5
Tabela 2: População e Amostra de Professores das Instituições pesquisadas .........................38
Tabela 3: Descrição dos factores da Escala de Stress Sócio-Laboral ......................................40
Tabela 4: Distribuição dos Professores por sexo e instituição.................................................43
Tabela 5: Distribuição dos Professores por idade e instituição ...............................................43
Tabela 6: Distribuição dos Professores por estado civil e instituição......................................44
Tabela 7: Distribuição dos Professores por nível de formação concluída e instituição...........44
Tabela 8: Distribuição dos Professores por tempo de trabalho e instituição ...........................45
Tabela 9: Distribuição dos Professores por ciclo e instituição ................................................45
Tabela 10: Distribuição dos Professores por média de alunos por turma e instituição............46
Tabela 11: Distribuição dos Professores pelo seu salário mensal e instituição .......................46
Tabela 12: Sinónimos da palavra stress na percepção dos professores por instituição ...........47
Tabela 13: Nível de Stress dos Professores por instituição .....................................................49
Tabela 14: Nível de Stress dos Professores por Ciclo .............................................................49
Tabela 15: Fontes de Stress associadas ao Factor “Trabalho em si mesmo”...........................50
Tabela 16: Fontes de Stress associadas ao Factor “Contexto Laboral” ...................................51
Tabela 17: Fontes de Stress associadas ao Factor “Relação do Sujeito com o Trabalho”.......52
Tabela 18: Outras fontes de stress apontadas pelos Professores por instituição pesquisada ...53
ABREVIATURAS
APA
Associação Americana de Psicologia
CK
Colégio Kitabu
EP
Ensino Primário
ESG
Ensino Secundário Geral
ESJM
Escola Secundária Josina Machel
MEC
Ministério da Educação e Cultura
OIT
Organização Internacional do Trabalho
QVT
Qualidade de Vida no Trabalho
SGA
Síndrome Geral de Adaptação
SPSS
Pacote Estatístico para Ciências Sociais
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 1
1.1
1.2
1.3
1.4
2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 9
2.1
2.2
2.3
2.4
3
CONCEITO DE STRESS, CAUSAS E SINTOMAS ................................................................ 9
MODELOS E DIMENSÕES EXPLICATIVAS DO STRESS OCUPACIONAL ........................... 20
O ESTADO DA ARTE SOBRE O STRESS NO PROFESSOR ................................................. 26
GESTÃO DO STRESS NO TRABALHO............................................................................. 34
MÉTODO ......................................................................................................................... 36
3.1
3.2
3.3
3.4
4
PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO ...................................................................................... 1
JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 3
OBJECTIVOS .................................................................................................................. 7
ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................................... 7
TIPO DE INVESTIGAÇÃO .............................................................................................. 36
PARTICIPANTES ........................................................................................................... 37
INSTRUMENTOS ........................................................................................................... 38
PROCEDIMENTOS ........................................................................................................ 41
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ..................................................................... 43
4.1
4.2
4.3
4.4
PERFIL DOS PROFESSORES PESQUISADOS .................................................................... 43
PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES SOBRE O STRESS ........................................................ 46
NÍVEL DE STRESS NOS PROFESSORES .......................................................................... 48
FONTES DE STRESS PARA OS PROFESSORES ................................................................. 50
5
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................................... 55
6
CONCLUSÕES E SUGESTÕES.................................................................................... 61
REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 64
ANEXO - INSTRUMENTO DE PESQUISA ........................................................................ 68
Anya Vanessa Mussagy
1
1.1
1
INTRODUÇÃO
Problema de Investigação
No cenário educacional muitos são os que assumem papéis e funções em níveis diversos.
Contudo, mesmo não ocupando altos cargos e não participando do processo principal de
decisões, certamente é o professor uma das duas figuras mais importantes. A outra, sem
dúvida, é o aluno. Embora se possa dizer que no processo interactivo entre professor e aluno,
um exerce influência sobre o outro, cabe ao professor influir mais no processo de formação e
desenvolvimento dos alunos que lhe são confiados, sejam eles crianças, jovens ou mesmo
adultos.
Nessas circunstâncias, não é de estranhar a constante preocupação de gestores e de
pesquisadores de diversas áreas em conhecer o professor. Entre os pesquisadores está o
psicólogo que tem se ocupado em conhecer directamente o professor, trabalhar com os seus
problemas, as suas relações interpessoais, a sua eficácia e eficiência enquanto profissional do
ensino.
Não é recente o reconhecimento de que as situações de trabalho podem interferir
negativamente na saúde dos indivíduos. Entre a problemática vivenciada e pesquisada no que
concerne ao professor está a questão do stress. O Stress é um problema mundial de saúde bio
psicossocial que tem sido objecto de pesquisas descritivas e funcionais, que buscam as causas e
as soluções, que se reflectem nos programas de prevenção e de intervenção.
Concretamente, no caso dos professores, desde os anos 30 considerou-se que esta
profissão favorecia o aparecimento de síndromas nervosos e a partir da segunda metade dos
anos 70 começou a desenvolver-se investigações específicas sobre o stress profissional dos
professores. Em 1981, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) considerou o stress
como uma das principais causas de abandono da profissão docente, considerando a docência
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como uma profissão de risco físico e mental. Nestas duas ultimas décadas a desvalorização do
papel tradicional do professor e, em simultâneo, o aumento da exigência social sobre o papel
do professor vieram reafirmar a pertinência do estudo deste fenómeno neste grupo profissional.
(Chambel, 2008)
No caso de Moçambique, a situação do professor, em particular do Ensino Básico e
Secundário tem sido matéria de discussão nos órgãos de comunicação social devido à
precariedade de salários e condições de trabalho a que os mesmos estão sujeitos. Apesar dos
esforços que tem vindo a ser levados a cabo pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) nos
últimos anos, a situação do professor do Ensino Primário (EP) e Ensino Secundário Geral
(ESG) é ainda alarmante, colocando em causa a qualidade do processo de Ensino e
Aprendizagem.
A infra-estrutura escolar e as condições materiais e de equipamento da rede escolar em
Moçambique é fraca devido, por um lado, à destruição da rede escolar em todo o país pelos
longos anos de guerra e, por outro, à fraca dotação orçamental que o Estado possui para a
reabilitação e apetrechamento da rede escolar pública.
Porém, o cenário da rede escolar privada no país mostra-se diferente em termos de
infra-estrutura e condições adequadas de equipamento e material didáctico crucial para o
professor desenvolver o seu trabalho com a qualidade exigida. Um estudo desenvolvido por
Serra (2006) junto de professores universitários mostrou que os professores das instituições
públicas estavam menos satisfeitos com a sua qualidade de vida no trabalho (QVT)
comparativamente aos de instituições privadas. Condições salariais e de trabalho foram
factores chave de insatisfação evocados no âmbito do estudo.
Contudo, o contexto educacional pode gerar stress em todos os que o partilham,
resultante do próprio ambiente, das relações interpessoais, das tarefas e de outros factores
indirectamente relacionados ao contexto de Ensino. (Witter, 2003) Apesar da pesquisa
internacional na área do stress e QVT apresentar maior número de casos de stress diferenciado
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em contexto de instituições públicas e privadas, há no entanto, outras pesquisas que revelam
que o stress é um factor de risco inerente a determinadas profissões, como é o caso da
docência, independentemente das condições materiais do contexto. Mas porque a produção
científica a respeito ainda é limitada, as questões de investigação que se levantam no âmbito
deste estudo são, nomeadamente:
1. Qual a percepção dos Professores do ESG de Maputo sobre o conceito de stress?
2. Que factores contribuem para a emergência do stress em professores do ESG em
Maputo?
3. Existirão diferenças entre os níveis de stress de professores do ESG público e privado
de Maputo?
4. Existirão diferenças entre os níveis de stress de professores do 1o e do 2o Ciclo do ESG
de Maputo?
1.2
Justificativa
Embora o stress apareça como um dos problemas de saúde do trabalhador, este não tem
sido objecto suficiente de pesquisas específicas, quer a nível nacional, quer no contexto
internacional. O campo de pesquisa nesta área ainda é promissor já que o stress tem sido
indicado como presente no quadro de problemas de saúde das várias profissões. Um destes
profissionais é o professor.
A pesquisa e produção científica sobre o stress no professor são ainda mais limitadas.
Como salienta Bonanno (2001), embora se fale muito do stress do professor e da necessidade
de uma devida prevenção e intervenção, os pesquisadores não estão a dar a devida atenção ao
problema.
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A comprovar este facto, Witter (2003) relata os resultados de duas pesquisas por ele
conduzidas sobre o nível de produção científica sobre o stress:
•
A primeira, realizada em 2002, investigou artigos sobre prevenção no stress em
geral no PsycLIST produzidos no período entre 1994 e 1999 no qual foram
registrados apenas 12 trabalhos sobre stress profissional em um total de 1.639
trabalhos;
•
A segunda, realizada em 2003, investigou artigos sobre o stress no professor no
PsycArticle, base de dados gerenciada pela American Psychological Association
(APA), que cobre a publicação efectivada via 47 periódicos de maior relevância
na Psicologia. A solicitação foi feita tendo por requisito a relação professorstress, cobrindo o período de 1988 até 2002. Como resultado desta pesquisa
foram localizados apenas 28 artigos científicos sobre o stress no professor sendo
sete de autoria única e os demais de autoria múltipla.
A nível nacional, a produção científica na área do stress ocupacional é ainda mais fraca.
Dados levantados em fontes físicas de arquivos revelam que entre 2001 e 2008, foram
publicadas sete pesquisas sobre o stress ocupacional, na sua maioria, na Universidade
Politécnica, sendo apenas dois artigos científicos e do total apenas um trabalho incidindo sobre
o Stress no Professor (vide tabela 1).
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Tabela 1: Produção Científica sobre Stress em Moçambique (2001-2008)
Autor(es)
Ano
População
Isabel Búfalo
2001
Trabalhadores
do
Ramo
Hoteleiro da cidade de Maputo
Andrea Serra
2003
Estudantes Universitários
Mariza da Costa
2005
Michela
Raimundo e
Andrea Serra
Isabel Torres
2007
Pessoal
Administrativo
e
Operários de Fábrica FASOL da
província de Maputo
Profissionais do Sector Bancário
da cidade de Maputo
2007
Enfermeiros de Hospital Dia da
cidade de Maputo
Paula Guimarães
2008
Médicos de diversas instituições
de saúde da cidade de Maputo
Lara de Azevedo
2008
Pessoal
Administrativo
e
Docentes
de
instituição
Universitária
Natureza do
Trabalho
Monografia de
Conclusão de
Licenciatura
Artigo
Científico
Monografia de
Conclusão de
Licenciatura
Artigo
Científico
Monografia
Conclusão
Licenciatura
Monografia
Conclusão
Licenciatura
Monografia
Conclusão
Licenciatura
Fonte
Arquivo
da
ViceReitoria (A Politécnica)
Revista Proler
Arquivo
da
ViceReitoria (A Politécnica)
Revista Humanitas
de
de
Arquivo
da
ViceReitoria (A Politécnica)
de
de
Arquivo
da
ViceReitoria (A Politécnica)
de
de
Arquivo
da
ViceReitoria (A Politécnica)
Fonte: Pesquisa da Autora
A despeito de se reconhecer a importância do estudo sobre o stress no professor, o
mesmo tem sido pouco pesquisado enquanto profissional submetido a condições stressantes,
predominando os estudos em que actuam como avaliadores destas condições e da presença do
stress entre alunos e familiares. (Witter, 2003) Ao que tudo indica, há necessidade de maiores
investimentos na pesquisa na área do que vem efectivamente ocorrendo razão pela qual se
justifica a realização da presente pesquisa, como forma de contribuir para ampliar o
conhecimento e a produção científica nacional neste campo de estudo tão vasto e rico.
Por outro lado, a relevância desta pesquisa centra-se no âmbito da actuação da população
escolhida já que o professor é o actor principal de todo o sistema educativo. O stress do
professor está relacionado a variáveis do meio escolar, de fora da escola e do professor
enquanto indivíduo. O impacto desta associação influi na saúde do professor, no seu
desempenho e na qualidade do processo ensino-aprendizagem.
Programas tanto de prevenção como de intervenção para redução dos níveis de stress
procuram manipular as variáveis geradoras do problema para controlar o efeito das mesmas.
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Daí a relevância da pesquisa para detectá-las e, posteriormente, das pesquisas de avaliação dos
referidos programas. No caso do professor, actue ele nos primeiros níveis de ensino ou mesmo
no ensino superior, há variáveis similares que podem ter formas e intensidades diferentes, mas
que estão presentes em todos os níveis. Algumas estão presentes em qualquer profissão, como
é o caso do sistema administrativo ou organizacional mas há outras que são próprias do sistema
educacional.
Na escola, o trabalho mais directamente vinculado à produção é o realizado pelo
professor, daí a maior pressão do sistema incidir sobre ele. O resultado da produção é
constituído pelo que se constata no aluno em termos do desenvolvimento de competências e de
habilidades estabelecidas e interligadas nos objectivos da escola. Esta situação pode gerar
muito stress no professor.
Quando a escola é motivo de constante frustração para o docente, as consequências
tendem a ser negativas. Ocorrendo a frustração, a impossibilidade de atingir metas ou
objectivos pessoais, gera-se o stress e outros comportamentos negativos como a agressão, a
fuga, o absentismo, doenças, falta de comprometimento com os projectos pedagógicos, entre
outros aspectos. Como salienta Chambel (2008, p.1)
“Se pensarmos nos custos que representam para as escolas estas situações,
facilmente compreendemos que as repercussões do stress profissional dos
professores não se restringem às vivenciadas pelos professores, mas também
incluem efeitos negativos para as escolas e para o sistema educativo. Os
custos económicos e sociais decorrentes do absentismo, do abandono e do
tratamento dos professores que vivem situações de stress, a par da diminuição
do seu desempenho, têm sido destacados como efeitos negativos do stress
profissional dos professores.”
É precisamente esta a segunda grande razão de ser deste estudo, possibilitar uma maior
reflexão e consciencialização por parte de gestores escolares e académicos por forma a que
possam, também eles actores importantes do sistema educativo, conhecer os principais
problemas que afectam os professores física e psicologicamente e, contribuir para melhoria do
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desempenho dos mesmos, reduzindo o impacto de variáveis que geram stress ou cuidando de
potencializar as que garantem um nível adequado do mesmo.
1.3
Objectivos
Objectivo Geral
-
Analisar o Stress em professores do ESG da Cidade de Maputo.
Objectivos específicos
-
Identificar e descrever a percepção dos professores sobre o conceito de stress;
-
Descrever as principais fontes de stress para os professores;
-
Comparar os níveis de stress entre os professores do ensino público e privado;
-
Comparar os níveis de stress entre os professores que leccionam no 1o e 2o Ciclo do
ESG.
1.4
Estrutura do Trabalho
O presente trabalho encontra-se dividido em seis capítulos.
No primeiro capítulo, contextualiza-se o problema de investigação, apresenta-se a
justificativa para a escolha do tema e, os objectivos do estudo.
No segundo capitulo, é feita a fundamentação teórica sobre o tema, enfatizando-se os
principais conceitos, modelos teóricos explicativos do stress e o estado da arte sobre o stress no
professor.
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No terceiro capítulo aborda-se o método usado para a realização da pesquisa,
discriminando o tipo de investigação, os participantes, os instrumentos e procedimentos usados
para a realização da mesma.
No quarto capítulo apresentam-se os resultados da pesquisa em função das questões de
investigação e respectivos objectivos que nortearam a realização da mesma. No quinto
capítulo, é feita a discussão dos resultados obtidos confrontando os achados com os modelos
teóricos e a revisão da literatura sobre o tema.
Finalmente, no sexto capítulo, apresentam-se as conclusões da pesquisa, algumas
sugestões de intervenção e para futuras investigações sobre o tema.
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2
2.1
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Conceito de Stress, Causas e Sintomas
A qualidade de vida no trabalho (QVT) representa o grau em que os membros de uma
organização são capazes de satisfazer as suas necessidades pessoais com a actividade exercida
na organização. (Chiavenato, 2006)
A qualidade total de uma organização depende principalmente da optimização do
potencial humano, que por sua vez depende do sentimento de bem-estar das pessoas que nela
trabalham.
Chiavenato (2006) refere que a QVT, envolve vários factores, tais como: a satisfação
com o trabalho executado, possibilidades de futuro na organização, reconhecimento pelos
resultados alcançados, o salário, benefícios, relacionamento humano dentro do grupo e da
organização, ambiente psicológico e físico de trabalho, liberdade de decisão, participação nas
decisões, etc.
Para além destes factores intrínsecos do cargo, a QVT envolve também aspectos
extrínsecos e contextuais, ou seja, afecta atitudes pessoais e comportamentais importantes para
a produtividade, como: a motivação, adaptabilidade e flexibilidade a mudanças no ambiente de
trabalho, criatividade e vontade de inovar.
O stress é também um factor que se encontra associado à QVT, na medida em que os
seus níveis podem influenciar positiva ou negativamente no desempenho do trabalhador, ou
seja, quanto maior o nível de stress, menor será a QVT.
O Stress é uma reacção complexa com componentes físicos e psicológicos resultantes
da exposição a situações que excedem os recursos de enfrentamento da pessoa. É uma reacção
adaptativa do organismo humano ao mundo em constante mudança, no entanto, quando as suas
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causas se prolongam e os meios de enfrentamento são escasso, o stress pode avançar para fases
de maior gravidade, tornando o corpo vulnerável a diversas doenças. (Murta e Tróccoli, 2004)
Para França e Rodrigues (2002), estar stressado é um estado do organismo, após o
esforço de adaptação, que pode produzir deformações na capacidade de resposta, atingindo o
comportamento mental e afectivo, o estado físico e o relacionamento com as pessoas.
As reacções de stress são naturais e até necessárias para a vida, no entanto sob algumas
circunstâncias, elas podem-se tornar prejudiciais ao funcionamento do indivíduo. Assim, os
autores França e Rodrigues (2002) citam dois tipos de stress (vide figura 1):
Figura 1: Tipos de Stress
Fonte: França e Rodrigues (2002)
Eustress ou stress positivo: tensão com equilíbrio entre o esforço despendido, tempo,
realização e resultados, ou seja, acontece quando fazemos algo agradável e nos sentimos
valorizados pelo esforço despendido. Neste tipo de stress, o esforço de adaptação gera sensação
de realização pessoal, bem-estar e satisfação das necessidades, mesmo que decorra de esforços
inesperados. O eustress é importante em situações de trabalho, criando tensão para
competitividade, engajamento social, revigoramento e atitude empreendedora.
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Distress ou stress negativo: tensão com rompimento do equilíbrio bio psicossocial por
excesso ou falta de esforço, incompatível com o tempo, resultados e realização. Surge quando
há uma falha de adaptação que leva o organismo desequilibrado a adoecer. Outras
consequências deste tipo de stress são: o envelhecimento precoce, sobrecarga profissional e
pessoal, desorganização do projecto de vida e, o trabalho compulsivo (workaholic).
A Comissão Europeia (2002), define o Stress no trabalho como sendo um conjunto de
reacções emocionais, cognitivas, comportamentais e fisiológicas referentes a aspectos adversos
e prejudiciais do conteúdo, da organização e do ambiente de trabalho. É um estado
caracterizado por níveis elevados de excitação e perturbação, acompanhados frequentemente,
de sentimentos de incapacidade devido a factores determinantes conforme se ilustra na figura
abaixo.
Figura 2: Factores determinantes do Stress
Capacidade
inadequada de
adaptação
Idade
(trabalhadores
adolescentes e
idosos)
Deficiência
Comportamentos do
“tipo A” (hostil);
Factores
determinantes
do Stress
Sexo combinado
com a sobrecarga
Viver e trabalhar
em condições
socio-económicas
desfavorecidas
Falta de
apoio
social
Fonte: Comissão Europeia (2002)
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A Comissão Europeia (2002) refere que, o stress no trabalho pode ser causado por vários
factores, de entre os quais:
Carga de trabalho excessiva ou deficitária;
Tempo insuficiente para completar o trabalho a nosso próprio contento e ao dos outros;
Falta de uma descrição inequívoca das tarefas a realizar ou de uma cadeia de comando;
Falta de reconhecimento ou recompensa por um bom desempenho profissional;
Falta de oportunidades para expressar queixas;
Muitas responsabilidades, mas pouca autoridade ou capacidade para tomar decisões;
Falta de cooperação ou apoio de superiores, colegas ou subordinados;
Insegurança no emprego e rotatividade excessiva;
Exposição a preconceitos relativos à idade, sexo, raça, etnia ou religião;
Condições físicas de trabalho incómodas ou perigosas;
Falta de oportunidade para utilizar talentos ou capacidades pessoais;
Possibilidade de um pequeno erro ou falta de atenção terem consequências graves;
Qualquer combinação dos factores mencionados acima.
Quando o indivíduo é exposto a estes ou outros factores de stress, normalmente reage
com ansiedade, depressão, mal-estar, excitação ou fadiga. O stress no trabalho também
pode influenciar o comportamento, fazendo com que as pessoas comecem a fumar mais ou
a comer em demasia, procurem conforto no álcool ou a correr riscos desnecessários no
trabalho ou até mesmo na condução, comportamentos que podem levar à doença ou morte
prematura, sendo o suicídio um dos exemplos.
França e Rodrigues (2002), fazem referência a alguns indicadores de stress, como
ilustrado na figura abaixo.
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Figura 3: Indicadores de Stress
Fonte: França e Rodrigues (2002)
A Health Care Health & Safety (2005), cita alguns sinais avançados indicadores de
stress e respectivas consequências, nomeadamente:
1. Sinais Avançados indicadores de stress:
a) Sintomas físicos: Dores de cabeça; distúrbios do sono; irritações da pele; problemas de
estômago/ intestinos.
b) Sintomas psicológicos: Esquecimento; Cansaço; Ansiedade; Irritação fácil; Depressão;
Sentir-se sem força.
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2. Consequências do Stress: O stress prolongado pode resultar em:
a) Condições físicas: Tensão arterial alta; Doenças cardíacas; Doenças contagiosas;
Espasmos do cólon.
b) Sintomas psicológicos: Acidentes e lesões; Abuso de substâncias; Comportamento
suicida; Violência.
Segundo França e Rodrigues (2002), existem algumas síndromes que podem estar
associadas ao stress, nomeadamente:
Somatizações – Sensações e distúrbios físicos com forte carga emocional e afectiva.
Fadiga – desgaste de energia física ou mental, que pode ser recuperada através de repouso,
alimentação ou orientação clínica específica.
Depressão – é uma combinação de sintomas, em que prevalece a falta de ânimo, a
descrença pela vida e uma profunda sensação de abandono e solidão.
Síndrome do pânico – estado de medo intenso, repentino, acompanhado de imobilidade,
sudorese e comportamento arredio.
Síndrome de burnout – estado de exaustão total decorrente de esforço continuo e excessivo
e contínuo.
Síndrome do desamparo – medo contínuo de perda do emprego, acompanhado de
sentimento de perseguição e queda de autoconfiança.
Síndrome de fadiga
França e Rodrigues (2002), referem-se à fadiga como sendo possivelmente um dos
sintomas mais comuns na Medicina e na Psicologia e, como sendo um dos problemas de saúde
mais difíceis de tratar devido as inúmeras condições que a podem desencadear. Esta é definida
como um estado físico e mental, que resulta de esforço prolongado ou repetido, levando a
várias repercussões em vários sistemas do organismo, causando alterações de funções e,
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conduzindo a uma diminuição da performance no trabalho tanto quantitativa como qualitativa,
em vários graus e, também ao absentismo do trabalho e a uma série de distúrbios psicológicos,
familiares e sociais. As suas principais características são:
Sensação de cansaço, fadiga constante e intensa após esforço mental;
Por vezes, seguida de exaustão ou esgotamento e fraqueza, após pequenos esforços;
Acompanhado dos seguintes sintomas orgânicos: Dores musculares e auriculares,
tonturas, dor de cabeça, perturbações do sono, sonolência excessiva, alterações
digestivas, gânglios sensíveis ou dolorosos;
Manifestações de ansiedade, com sintomas a nível do corpo: suores, aceleração da
frequência do pulso, dos batimentos cardíacos e da respiração, sensação de faltar de
ar, com aumento da pressão arterial, palidez ou vermelhidão, diminuição da libido;
Reacções depressivas leves como:
- Diminuição do prazer no que faz, pouco interesse na vida, dificuldade de se animar
com coisas que anteriormente considerava atraente;
- Afastamento e isolamento de tudo e de todos;
- Sentimento de desmotivação, falta de vontade, desatenção, desligamento de tudo;
- Irritação ou desânimo fácil e por vezes intenso;
- Menor interesse sexual;
- Sintomas de leve intensidade, com algum esforço, não há interrupção das actividades
no trabalho;
- Usualmente, há preocupação com os seus sintomas.
Sensação de menor energia e, dificuldade de acompanhar o que acontece a volta;
Introversão, quando a pressão é muito intensa;
Sensação de peso nos ombros;
Dificuldade em tomar decisões;
Diminuição da capacidade de concentração;
Comprometimento da memória.
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França e Rodrigues (2002), destacam ainda, os factores psicológicos relacionados à
fadiga, nomeadamente:
Falta de interesse genuíno na tarefa e actividades rotineiras executadas sob pressão;
Repressão da carga psíquica do trabalho, gerando tensão e desprazer;
Organização do trabalho com características autoritárias;
Luta constante contra obstáculos sentidos como insuperáveis;
Falta de esperança em alcançar um objectivo significativo.
Distúrbios do sono
Os distúrbios do sono são provavelmente alguns dos sintomas mais comuns que uma
pessoa pode apresentar quando passa por uma situação que exige dela esforço. Esses distúrbios
estão divididos em: Dificuldade em iniciar e manter o sono, comumente chamadas de insónia;
Sonolência excessiva; Distúrbios do padrão sono-vigília; Parasonias (sonambulismo, terror
nocturno, determinado tipo de enxaqueca, bruxismo ou ranger de dentes nocturno).
Workaholics
Este termo em inglês é conhecido e usado universalmente para se referir às pessoas
“viciadas”, dependentes do trabalho para viver, pessoas que praticamente não conseguem fazer
mais nada na vida a não ser trabalhar e, quando chega o fim-de-semana ou as férias, têm
dificuldades em conviver com a família, lazer e vida social, mostram-se irritadiças e por vezes
desenvolvem manifestações depressivas.
Em geral, estas pessoas apresentam o tipo A de personalidade, carregam dentro de si
um nível intenso de ansiedade e “se acostumam” a lidar com o stress, utilizando o trabalho
como válvula de escape. Os workaholics são muito valorizados no meio empresarial, pois são
pessoas muito produtivas, competitivas, eficazes, que vivem para empresa e em busca de
objectivos relacionados ao trabalho, com alto nível de rendimento profissional.
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Depressão
O quadro clínico de depressão não deve ser confundido com os momentos de tristeza
que são reacções comuns (limitadas no tempo e na intensidade) a qualquer pessoa e, que
podem surgir em situações do quotidiano, desencadeadas por situações de perda, luto,
decepções importantes.
A depressão requer tratamento médico e psicológico e, apresenta vários sintomas de
intensidade variável que podem comprometer a vida das pessoas que dela sofrem. Nesse
estado, a actividade profissional fica comprometida: o indivíduo não consegue desenvolver as
suas funções adequadamente, por vezes nem consegue trabalhar, tem dificuldade em se
concentrar, cansaço excessivo. Os sintomas mais observados são:
Redução do nível de energia;
Perda de interesse;
Dificuldade em iniciar actividades, principalmente de manhã;
Diminuição do apetite ou aumento da ingestão de alimentos;
Perda ou ganho de peso;
Insónia inicial ou acordar precoce;
Hipersónia durante o dia;
Preocupação maior que o habitual;
Dificuldade em tomar decisões;
Sentimento de desespero;
Pessimismo;
Diminuição do prazer nas actividades em geral;
Diminuição da libido;
Afastamento das actividades sociais;
Irritabilidade;
Diminuição da auto-estima;
Ideias negativas sobre si mesmo;
Crises de choro;
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Angústia;
Lentificação dos movimentos e/ou dos pensamentos;
Pensamento de que a morte seria uma alivio ou solução;
Ideias ou planos de suicídio;
Incremento de preocupação com a saúde.
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Burnout
Burnout é a resposta emocional a situações de stress crónicos em função de relações
intensas, em situações de trabalho com outras pessoas ou de profissionais que apresentam
grandes expectativas em relação a seus desenvolvimentos profissionais e dedicação à profissão;
no entanto em função de diferentes obstáculos não alcançaram o retorno esperado.
Lipp (2006), refere que o trabalho do professor é visto como sendo propício para o
desenvolvimento do burnout, pois é uma profissão de ajuda, em que existem contactos
interpessoais muito intensos.
França e Rodrigues (2002) referem-se ao burnout como sendo de instalação insidiosa
(não ocorre repentinamente), um estado que vai corroendo gradualmente a relação do sujeito
com a sua actividade profissional. Alguns sintomas do burnout são, respectivamente: Malestar; Sentimento de exaustão ou fadiga; Esgotamento e perda de energia, em termos
emocionais, mentais e físicos; Sentimentos de infelicidade; Desamparo; Diminuição da autoestima; Perda de entusiasmo com a profissão e, vida em geral; Sensação de dispor de poucos
recursos para dar ou cuidar de outras pessoas.
Lipp (2006), ao esquematizar o desenvolvimento do burnout, cita mais alguns sintomas
típicos desta síndrome, como se apresenta na figura que se segue.
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Figura 4: Desenvolvimento do burnout
Fonte: Lipp (2006)
Segundo França e Rodrigues (2002), o burnout é uma síndrome caracterizada por três
aspectos básicos:
Exaustão emocional
A exaustão emocional pode se desenvolver diante de uma intensa carga emocional que
o contacto intenso com pessoas impõe, principalmente se estas vivem em situações de
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sofrimento. O profissional sente-se esgotado e com pouca energia para encarar o dia seguinte
de trabalho e, fica com a impressão que não terá como recuperar essas energias. Os
profissionais frequentemente ficam pouco tolerantes, facilmente irritáveis, nervosos, amargos
no ambiente de trabalho e fora dele.
Despersonalização
É o desenvolvimento do distanciamento emocional, como frieza, indiferença diante das
necessidades dos outros, insensibilidade e postura desumanizada. Com a desumanização, o
profissional perde a capacidade de identificação e empatia com as pessoas que o procuram em
busca de ajuda, deixando de as tratar como seres humanos, mas como “coisas” ou “objectos”.
O seu trabalho torna-se um transtorno que o incomoda e perturba e, o contacto com as pessoas
é tolerado, a atitude em geral será de intolerância, irritabilidade e ansiedade.
Redução da realização pessoal e profissional
Perante a deterioração da qualidade da actividade, a realização pessoal e profissional
ficam extremamente comprometidas. Com o incremento da exaustão emocional e da
despersonalização e de toas as suas consequências, pode surgir um senso de inadequação e
sentimento de que se têm cometido falhas, com seus ideias, normas, conceitos. Pode surgir a
sensação de que tornou outro tipo de pessoas, diferente, mais fria e descuidada, surgindo a
queda da auto-estima, podendo levar a depressão.
2.2
Modelos e Dimensões Explicativas do Stress Ocupacional
O stress é um fenómeno complexo, que ao longo dos anos tem levado à formulação de
vários conceitos e modelos marcando a sua trajectória. Serão apresentados aqui alguns desses
modelos.
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O mais antigo dos modelos explicativos do stress é a Síndrome Geral de adaptação
(SGA), proposto por Selye que definiu-o como o conjunto de modificações não específicas que
ocorrem no organismo diante situações de stress. (Melgosa, 1996) O SGA decorre em três
fases, nomeadamente:
Reacção de Alarme - Fase de preparação do organismo para a fuga ou luta.
Caracteriza-se por aumento da frequência cardíaca, aumento da pressão arterial, aumento da
concentração de glóbulos vermelhos e brancos, redistribuição do sangue, aumento da
concentração de açúcar no sangue, aumento da frequência respiratória, dilatação dos brônquios
e das pupilas e, ansiedade.
Fase de Resistência - Segue-se à reacção de Alarme e, acontece caso o agente stressor
mantenha a sua acção. Caracteriza-se por: Aumento do córtex da supra-renal, surgimento de
ulcerações no aparelho digestivo, irritabilidade, insónia, mudanças no humor, diminuição no
desejo sexual e atrofia de algumas estruturas relacionadas à produção de células do sangue.
Fase de Exaustão - o aparecimento desta fase, frequentemente significa que houve
falha nos mecanismos de adaptação. Há um retorno parcial à fase de Alarme e, se o estímulo
stressor permanecer potente, o organismo pode morrer. Caracteriza-se por: retorno parcial e
breve à reacção de alarme, falha dos mecanismos de adaptação, esgotamento por sobrecarga
fisiológica e, em casos mais graves, a morte do organismo.
Procurando responder à questão: “ o que causa stress em diferentes pessoas?”, Lazarus
e Folkman em 1984, desenvolveram um modelo de stress e coping (enfrentamento) que se
tornou bastante influente. Este, enfatiza a função cognitiva do indivíduo na percepção e
interpretação das situações de stress, dentro da concepção de que os eventos não são
stressantes, e sim a forma como são interpretados e a reacção que despertam no indivíduo.
(Muchinsky, 2004)
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O conceito subjacente ao modelo é de que o stress psicológico é uma relação particular
entre o indivíduo e o ambiente que é avaliada pelo indivíduo como excedendo os seus recursos
internos de enfrentamento e colocando em risco o seu bem-estar. (Muchinsky, 2004)
Segundo Muchinsky (2004), o modelo tem em conta quatro fases, vistas como
mediadoras da relação pessoa-ambiente:
Avaliação Primária – a pessoa avalia-se do ponto de vista de seu bem-estar, sendo o
acontecimento irrelevante, positivo ou stressante.
Avaliação secundária – é um julgamento relativo ao que pode ser feito (estratégias de
coping).
Reavaliação – é avaliação modificada, com base em novas informações vindas do
ambiente e/ou levantadas pela própria pessoa.
Coping ou enfrentamento – refere-se aos esforços cognitivos e comportamentais, em
constante mudança, de que a pessoa se serve para gerir exigências externas e/ou internas
específicas, ao avaliar que um facto ou evento excede os recursos que ela detém.
França e Rodrigues (2002) referem-se ainda ao instrumento, que estes dois autores
desenvolveram com o objectivo de detectar o estilo de coping utilizado pelos sujeitos diante de
situações avaliadas como como stressantes, no qual incluem factores como: confronto, auto
controle, suporte social, aceitação de responsabilidades, fuga-esquiva, resolução de problemas
e reavaliação positiva.
Em 1979, Robert Karasek, desenvolveu o modelo Exigência-Controle relacionado
com as características psicossociais do trabalho. De acordo com este modelo o stress no
trabalho resulta do desequilíbrio entre as exigências do trabalho e as capacidades, recursos ou
necessidades do trabalhador. (França e Rodrigues, 2002)
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De acordo com o modelo Exigência-Controle, os diferentes tipos de trabalho são
caracterizados pela combinação de exigências e controle que apresentam como se esquematiza
na figura abaixo. Os trabalhos que envolvem altas exigências e baixo controle (ex. operadores
de linhas de montagem, garçons) resultam em tensão. Os trabalhos que envolvem alta
exigência de trabalho e alta latitude decisória, chamados activos, levam ao desenvolvimento de
novos padrões de comportamento, no ambiente de trabalho e fora do mesmo. No extremo
oposto, os trabalhos com baixas exigências e baixo controle, chamados passivos, são indutores
de um declínio na actividade geral do indivíduo e da redução da sua capacidade de resolver
problemas, podendo levar ao quadro de “desperança aprendida”. (França e Rodrigues, 2002)
Figura 5: Modelo de Exigência-Controle de Karasek
Fonte: França e Rodrigues (2002)
No modelo publicado em 1979, Karasek referia que as relações sociais no ambiente de
trabalho, estavam relacionadas de forma indirecta, no entanto, desenvolvimentos posteriores
levaram-no a incorporar no modelo o conceito de suporte social, representado pela natureza de
relações interpessoais entre trabalhador, colegas e chefes. Quando estas relações são de apoio,
constituem um factor protector contra o stress. (França e Rodrigues, 2002)
Baker e Karasek (2000), citados por França e Rodrigues (2002), apontam como agentes
stressores os seguintes:
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Exigências de tempo, estrutura temporal do trabalho e ritmo: horas extras,
trabalho em turnos, trabalho ao ritmo de máquina, pagamento por produção.
Estrutura das tarefas: falta de controlo, subutilização das capacidades.
Condições físicas: desagradáveis, ameaça de riscos físicos ou tóxicos, riscos
ergonómicos.
Organização do trabalho: ambiguidade do papel, conflito e papel, competição e
rivalidade.
Extra-organizacionais: factores relacionados à comunidade, insegurança no
emprego, preocupações com a carreira.
Fontes extra trabalho: pessoas, família, relacionados à comunidade.
Os mesmos autores, citam também várias consequências de curto e longo prazo do estado
de stress, nomeadamente:
Fisiológicas:
De curto prazo: catecolaminas, cortisol, aumento da pressão arterial;
De longo prazo: hipertensão, doenças cardíacas, úlceras, asma.
Psicológicas (cognitivas e afectivas):
De curto prazo: ansiedade, insatisfação, doença psicogénica de massa;
De longo prazo: depressão, burnout, distúrbios mentais.
Comportamentais
De curto prazo: no trabalho (absentismo, produtividade e participação), na comunidade
(redução de amizades e de participação).
De longo prazo: “desesperança aprendida”.
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Cooper e seus colaboradores também deram a sua contribuição para a compreensão
do fenómeno do stress ao desenvolverem um modelo teórico, buscando integrar diferentes
colaborações que foram sendo dadas aos estudos do stress, tendo em conta o ambiente laboral.
De acordo com o modelo proposto por estes pesquisadores o stress resulta de forças que
conduzem ao organismo a limites físicos ou psicológicos criando tensão no indivíduo. Esta
tensão pode resultar de factores diversos, nomeadamente: (França e Rodrigues, 2002)
Factores ambientais – envolvem acontecimentos domésticos, do trabalho e da vida
pessoal das pessoas.
Factores individuais – envolvem características da personalidade, atitudes e,
indicadores demográficos, como desencadeadores de estados de stress, levando os
indivíduos a usar estratégias de enfrentamento para a sua interrupção.
No âmbito dos factores ambientais geradores de stress relacionados com o trabalho este
modelo considera determinantes os aspectos relacionados com factores intrínsecos do trabalho;
o papel da organização; o relacionamento no trabalho; o desenvolvimento na carreira e a
estrutura e clima organizacionais. Por outro lado, o modelo considera também o conceito de
vulnerabilidade individual como moderador do stress e, este é composto por factores como:
personalidade (tipos A e B), locus de controle, eventos da vida, suporte social para problemas
pessoais e de trabalho e estratégias de enfrentamento dirigidas ao stress da vida e do trabalho.
(França e Rodrigues, 2002)
Um outro modelo explicativo do stress no trabalho e bastante abrangente e integrador
em termos de factores e variáveis envolventes foi criado por Kahn e Byosiere, em 1992
designado por Modelo de Stress nas Organizações. Conforme se ilustra na figura abaixo, este
modelo procura explicar o desencadeamento do stress no contexto organizacional a partir de
associações complexas entre os antecedentes do stress, factores de stress inerentes ao contexto
organizacional, variáveis mediadoras do stress responsáveis pelas diferenças individuais de
como as pessoas reagem ao stress e, consequências do mesmo. (Muchinsky, 2004)
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Figura 6: Modelo de Stress nas Organizações de Kahn e Byosiere, 1992
Antecedentes
organizacionais
ao stress
Indicadores
de stress
Características
organizacionais
Tamanho
Horário de
trabalho
Factores de stress
na vida
Organizacional
Físicos
Ruído
Luz
Vibração
Psicossociais
Ambiguidade
de papéis
Conflito de
papéis
Sobrecarga
de papéis
Características pessoais como
mediadoras do stress
Tipo A e B
Auto-estima
Locus de Controle
Percepção e
Cognição
O processo de
avaliação
Características da situação
como mediadoras do stress
Reacção ao stress
Fisiológica
Cardiovascular
Bioquímica
Gastrointestinal
Músculo –
Esqueletal
Psicológica
Depressão
Ansiedade
Satisfação no
Trabalho
Consequências
do stress
Saúde e doença
Eficácia
organizacional
Desempenho
em outros
papéis na vida
Comportamental
Rotatividade
Absentismo
Apoio Social do superior
Apoio Social dos colegas
Fonte: Muchinsky (2004)
2.3
O Estado da Arte sobre o Stress no Professor
Várias pesquisas tem enfocado mais especificamente o stress e as condições stressantes
relacionadas com a actividade do professor. Ainda assim, as mesmas são escassas,
particularmente, em Moçambique, onde as condições precárias a que os professores são
submetidos, escondem uma série de problemas sociais e psicológicos que inviabilizam a
qualidade de qualquer projecto educativo e de formação.
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Ostroff (1992), por exemplo, investigou as relações entre satisfação do trabalhador,
atitudes relacionadas ao trabalho, nomeadamente: comprometimento, ajustamento, stress
psicológico e desempenho organizacional. Os dados foram colectados em 298 escolas
secundárias e os instrumentos aplicados em 13.808 professores que nelas trabalhavam. A
análise correlacional mostrou significância nas relações de stress com as outras variáveis
estudadas revelando estes resultados implicações para a gestão das condições de ensino. Muito
em particular, o estudo apela à necessidade de se garantir condições de adaptação que atendam
à variedade interna e externa, assegurando melhores condições de eficiência aos professores no
seu trabalho.
A pesquisa de Parkes (1990) teve por finalidade testar a hipótese de que o enfrentamento
directo pode moderar os efeitos das relações entre stress no trabalho e saúde mental resultante.
Entretanto, a supressão (forma focal de enfrentamento) pode ter um efeito geral no resultado. A
sua pesquisa foi realizada com 157 professores em treinamento, cruzando-se dados de
enfrentamento, exigências e apoios percebidos no trabalho e sintomas afectivos. Os resultados
confirmaram as hipóteses iniciais. Foram verificadas também diferenças de género, com os
homens recorrendo mais à supressão do que as mulheres como forma de enfrentamento de
situações stressantes. A afectividade negativa apareceu como uma variável que engloba o
índice de reactividade nas relações stress-resultado. O índice de reactividade actua em
associação com as percepções sobre o trabalho e os sintomas afectivos. Todavia, é um
moderador que não atingiu o nível de significância. O estudo também apurou que os
professores com alto índice de afectividade negativa demonstraram maior reactividade
negativa às exigências ou demandas do trabalho do que o fizeram os professores com baixa
afectividade negativa, predispondo os primeiros ao stress.
O trabalho de De Mulder, Denham, Schmidt, e Mitchell (2000) enfoca as relações entre
os comportamentos de segurança demonstrados na relação mãe pré-escolar, as condições
stressantes da família e as relações das crianças com a professora e os colegas na escola. Os
resultados deste estudo mostraram que em famílias com baixo nível de stress, os filhos
apresentavam melhor relação com as mães; famílias com alto nível de stress tinham filhos com
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maior incidência de medo, agressão e problemas de competência social. Meninos com melhor
relação com as mães também apresentavam melhor relação com as professoras e eram mais
populares com os seus colegas. Neste último caso, são menos stressantes para os professores.
Especificamente em relação ao professor, os autores deste estudo verificaram que a segurança
junto às mães era mais importante para os meninos do que para as meninas no estabelecimento
da segurança junto aos professores. Para os meninos foi encontrada uma relação linear entre
relação com a mãe e relação com a professora. Essa relação não ocorreu entre as meninas.
Taris et al. (2001) estudaram o esgotamento (burnout), entendido como exaustão
emocional, despersonalização e falta de realização pessoal em duas amostras, com abrangência
nacional, de professores alemães, uma com relato de stress decorrente do trabalho e outra sem
este tipo de problema. Os professores stressados compunham três grupos distintos quanto aos
stressores: alunos, colegas e escola de um modo geral. Verificou-se que os stressores não
afectam igualmente todos os professores, uns são mais afectados pelos colegas, outros pelos
alunos e outros pela escola de uma forma global.
Os mesmos autores, acima mencionados, em um primeiro estudo, verificaram entre 312
professores secundários da Alemanha, falta de reciprocidade entre eles ou iniquidade entre os
mesmos como geradora de stress, tendo encontrado esta situação sendo vivenciada por 271
deles. Em um segundo estudo de carácter longitudinal acompanharam uma amostra
representativa (N=1309) de professores do ensino primário e secundário da Alemanha onde
puderam verificar que a ausência ou ineficiência de sistemas de recompensas, a falta de
investimento no professor e a falta de reciprocidade entre demanda e possibilidade de atendê-la
estão altamente correlacionadas com o stress, com consequente abandono do trabalho.
Westman e Etzion (1999) analisaram as condições de stress vivenciadas por 47 directores
e 183 professores de escolas de Israel. O objectivo era verificar se a existência de stress entre
casais também aparecia no local de trabalho e os mecanismos subjacentes ao cruzamento do
stress em duplas (director vs professor). Verificaram significância no stress induzido pelo
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trabalho, mas não em esgotamento (burnout) resultante da relação professor-director e viceversa. Houve significância no cruzamento entre stress no trabalho e na família.
Steptoe, Cropley e Joekes (2000), retomando estudos que mostram associação entre
reacções cardiovasculares e pressão sanguínea com testes de stress, estudaram a questão em
102 professoras e 60 professores submetidos a tarefas de alta e baixa demanda em condições
padronizadas, usando monitoramento biológico durante todo o período do trabalho.
Verificaram que as medidas de stress permaneciam baixas e constantes durante o dia inteiro
incluindo interacções de baixa demanda. As reacções e as situações de baixa demanda se
mostraram preditivas quanto à pressão sanguínea e ao ritmo cardíaco, independentemente da
linha de base, idade, género e massa corporal. As medidas tomadas quando os participantes
estavam sentados foram mais consistentes do que quando estavam em pé. As associações
laboratoriais medidas sugerem que dependem da consequência entre situação stressante e nível
da actividade em que o professor se envolve.
Para evitar o stress em professores de escola elementar (N=10) de Quebec, Canadá, foi
usado um procedimento de observação e análise de suas actividades enquanto leccionavam.
Messing, Seifert e Escalona (1997) observaram os professores durante 48 horas e 24 minutos
buscando identificar os elementos stressantes e os recursos usados pelos professores para evitar
o stress. Verificaram que os professores usam diversas estratégias para reduzir o impacto dos
stressores, entre os quais registraram: mudanças bruscas nas sequências de acção, fixação dos
olhos por breve lapso de tempo, rápido relaxamento físico ou mental, desenvolvimento
simultâneo de muitas actividades, níveis de temperatura e humidade desconfortáveis. O
empenho dos professores para a redução do stress inclui o uso variado de estratégias de ensino
para criar um ambiente de aprendizagem e para manter a atenção dos alunos sob condições
adversas. O exame destas estratégias levaram as autoras deste estudo a recomendar a melhoria
das relações entre professores e supervisores para que estes os ajudem a tornar a sala de aula
um lugar mais fácil de ensinar.
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Sonnentag (2000) estudou o uso de tempo de lazer e a recuperação do trabalho tendo em
vista o bem-estar das pessoas. A sua amostra abrangeu 100 professores alemães que fizeram
um diário das suas actividades de lazer por um período de cinco dias e responderam a um
questionário sobre o trabalho. A autora concluiu que o seu estudo mostrou que as actividades
de lazer e o nível de stress baixo na situação de trabalho contribuem independentemente para o
bem-estar das pessoas.
Goulart (2006) realizou um estudo onde procurou identificar a presença ou não do stress
em professores de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental da rede pública no Brasil. O objectivo
foi o de também identificar as fases do stress e o quadro sintomatológico apresentado, bem
como, identificar os principais stressores do contexto escolar que exercem influência
significativa na presença do stress nessa categoria profissional. Participaram da pesquisa, 175
professoras de Educação Básica, alocadas em 12 escolas. Os resultados do estudo apontaram
para 56,6% das professoras com stress, manifestando predominantemente sintomas
psicológicos (irritabilidade excessiva, cansaço excessivo e ansiedade), embora revelassem em
menor escala sintomas físicos (sensação de desgaste e cansaço constante, tensão muscular e
problemas com a memória). Inadequação de salário, número excessivo de alunos em sala de
aula, excesso de trabalho, falta de equipamentos para o trabalho e ambiente físico da escola,
foram os factores que se destacaram por exercerem forte influência na presença do stress nas
professoras. Todos eles relacionados a factores institucional/estruturais da escola. O estudo
revelou ainda que o factor “Comportamento dos Alunos”, configurou-se como sendo o
principal stressor influenciador da presença do stress nas profissionais, destacando-se como o
principal stressor actual do contexto escolar onde as participantes actuam. Para 64% das
professoras com elevado nível de stress, a indisciplina dos alunos tem forte impacto no
equilíbrio emocional das pesquisadas.
Christophoro e Waidman (2002) detectaram elevados níveis de stress em trinta
professores universitários do curso de enfermagem da Universidade Estadual de Maringá, no
Estado do Paraná, no Brasil, num estudo por eles conduzido em Julho de 2000. Segundo este
estudo, os docentes atribuíram como causas dos níveis de stress apresentados às condições de
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
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trabalho, à dupla ou tripla jornada de trabalho, às questões financeiras e às pressões do trabalho
como pós-graduação, competitividade e relacionamento interpessoal conflituoso.
Souza (2001) estudou a QVT junto a 200 professores universitários no Brasil tendo
verificado que 100% dos professores não possuía uma qualidade de vida ideal, demostrando
deficiências em vários desses aspectos, deixando claro o desequilíbrio entre as necessidades
psico-fisiológicas, assim como 88% apresentou níveis de stress elevado e 12% níveis de stress
tolerável.
Paiva e Saraiva (2005) encontraram indícios que tendem a confirmar o histórico de
pesquisas sobre o tema, de níveis de stress mais elevados numa amostra de 170 professores
provenientes de três IES´s - duas privadas e uma pública - situadas em Belo Horizonte, Brasil.
Visando contribuir para a compreensão do stress no ambiente académico universitário,
Ayres, Brito e Feitosa (1999) procuraram identificar os agentes avaliados como stressantes e as
estratégias defensivas utilizadas, numa amostra de trinta e cinco docentes com cargos de chefia
intermediária (Directores e Directores Adjuntos de Centro; Chefes e Subchefes de
Departamento; e Coordenadores e Subcoordenadores de Curso) de uma Universidade pública
do Nordeste do Brasil. Os resultados do estudo apontam os itens relativos à rede de
comunicações, ao relacionamento com colegas e com os alunos, como os factores de maior
potencial stress. E destacam os Directores Adjuntos de Centro como o cargo com maiores
índices de fontes de stress. Entre as estratégias defensivas, as mais utilizadas pelos docentes
são a expressão dos sentimentos e a busca de suporte social, sendo os Directores de Centro os
que mais as utilizam.
A situação do stress em professores no Reino Unido originou a criação de uma rede de
apoio aos professores que disponibiliza uma linha telefónica de apoio. No ano 2000, dois
terços dos professores, que usaram a referida linha para obter apoio e aconselhamento,
reportaram problemas relacionados com o seu trabalho, muito particularmente, sintomas de
stress e ansiedade. (Moore, 2006)
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Gomes (2002) reforça que o Burnout descreve o ciclo degenerativo da eficácia docente,
pois constitui o conjunto de consequências negativas que afectam o professor, a partir da acção
combinada das condições psicológicas e sociais em que se exerce a docência.
Garcia e Benevides-Pereira (2003) reportam as dez maiores fontes de esgotamento
emocional em docentes: desmotivação dos alunos; comportamento indisciplinado dos alunos;
falta de oportunidades de ascensão na carreira profissional; baixos salários; más condições de
trabalho (falta de equipamentos e instalações adequadas); turmas excessivamente grandes;
pressões de tempo e prazos; baixo reconhecimento e pouco prestígio social da profissão;
conflitos com colegas e superiores; e rápidas mudanças nas exigências de adaptação dos
currículos.
Garcia e Benevides-Pereira (2003), ao estudarem a Síndrome de Burnout, em setenta e
nove professores de uma IES privada no Município de Maringá, no Brasil, encontraram
diferenças significativas na dimensão exaustão emocional, que se apresentou mais elevada nos
professores do sexo feminino. A pesquisa também demonstrou existir correlação positiva e
significativa entre as horas semanais de trabalho e as três dimensões de Burnout, evidenciando
que, quanto mais horas dedicadas à docência, maior a probabilidade de aparecimento da
sintomatologia associada ao Burnout.
Segundo o estudo, observou-se que cinquenta e oito professores (73,42%), sentiam que
a profissão interferia negativamente na sua vida pessoal e estes apresentavam médias
significativamente mais elevadas que os demais em exaustão emocional, evidenciando que o
esgotamento sentido se reflectia em outras dimensões que não apenas o ocupacional. Dentre os
profissionais pesquisados, também se constatou que vinte e seis (32,91%) afirmaram já se
terem submetido ou ainda estarem em processo de psicoterapia, sendo que estes apresentaram
níveis mais elevados em exaustão emocional e despersonalização que os demais professores.
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
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33
Fonseca (2001) também relata pesquisas nos E.U.A. que confirmam a presença de
maiores níveis de sintomas da síndrome de Burnout em professores do sexo feminino que
através das ausências ao trabalho, justificadas por doença física e mental, funcionam como
saída para a mulher professora suportar o mal-estar do trabalho pedagógico. Conforme Gomes
(2002), a dupla jornada de trabalho das mulheres professoras, além de implicar um maior
número de horas, supõe uma divisão emocional entre as exigências do trabalho e das
necessidades da família, gerando com frequência uma dupla culpabilidade, aumentando a
predisposição a doenças.
Marques e Paiva (2004) fizeram uma pesquisa, cujo objectivo era identificar diferenças
entre os professores de duas instituições de ensino superior (uma pública e outra privada) em
Belo Horizonte, no Brasil. As variáveis em estudo foram a QVT, o stress e a situação de
trabalho, tendo em vista o desgaste físico e mental, ocasionados pelas exigências da profissão.
Para tal, foi realizada uma pesquisa descritiva e comparativa, de enfoque qualitativo e
quantitativo, através de um survey, que abordou 85 docentes dos departamentos de engenharia
eléctrica e mecânica de ambas universidades. Em termos de dados demográficos, as grandes
diferenças encontradas estavam, relacionadas com os níveis de escolaridade e de renda mensal.
Os professores da instituição pública apresentaram pontuações de QVT inferiores aos da
instituição privada, porém ambos satisfatórios. O nível de stress foi indicado como normal e
baixo pela maioria dos pesquisados. Quanto à situação de trabalho, as diferenças identificadas
foram em relação aos tipos de dedicação a carreira académica, participação em pesquisa,
ministração de aulas, relacionamentos com sindicatos.
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
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2.4
34
Gestão do Stress no Trabalho
A Comissão Europeia (2002), refere que para se identificar o stress no trabalho, suas
causas e consequências, deve-se vigiar a realização profissional, as condições de trabalho, os
termos contratuais, as relações sociais no trabalho, a saúde, o bem estar e a produtividade.
Segundo esta entidade, podem-se melhorar as condições que conduzem ao aparecimento do
stress nos locais de trabalho, através de alterações organizacionais simples, como:
Conceder ao trabalhador o tempo necessário para realizar de uma forma
satisfatória o seu trabalho;
Fornecer ao trabalhador uma descrição clara das suas funções;
Recompensar o trabalhador pelo bom desempenho das suas funções;
Estabelecer formas dos trabalhadores poderem expor as suas queixas e,
considerá-las sérias e prontamente;
Harmonizar a responsabilidade e autoridade do trabalhador;
Clarificar os objectivos e valores da empresa e, sempre que possível adaptá-los
aos objectivos e valores do trabalhador;
Promover o controlo e o orgulho do trabalhador relativamente ao produto final
do seu trabalho;
Fomentar a tolerância, a segurança e a justiça no local de trabalho;
Eliminar exposições físicas e prejudiciais;
Identificar fracassos, sucessos e respectivas causas e consequências em acções
passadas e futuras a favor da saúde no local de trabalho; aprender a evitar
fracassos e a promover os sucessos através de uma melhoria gradual do
ambiente e da saúde ocupacional (controlo interno).
Permitir ao trabalhador tomar parte nas decisões ou acções que afectem o seu
trabalho;
Certificar-se que as tarefas são compatíveis com as capacidades e recursos do
trabalhador;
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
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35
Definir tarefas que dêem significado, estímulo, sentimento de realização e uma
oportunidade para utilizar as suas competências;
Criar oportunidades para a interacção social, incluindo o apoio emocional e
social e a ajuda entre colegas de trabalho;
Evitar ambiguidade em questões de segurança do emprego e progressão na
carreira;
Promover a aprendizagem ao longo da vida.
Pereira (1999), citado por Lipp (2006), refere que como forma de reduzir o stress no
contexto laboral os gestores devem ter em conta a identidade pessoal e profissional de cada
trabalhador; dar autonomia pessoal; criar uma estrutura organizacional flexível e aberta; criar
práticas de comunicação eficientes; estabelecer redes de apoio formais e informais; estimular a
liderança; prever um sistema de recompensa e, cuidar do sistema de gestão de conflitos.
Lipp (2006) cita ainda algumas variáveis com envolvimento administrativo que podem
atenuar o stress do professor:
Sistema aberto de administração;
Condições para actualização frequente do professor;
Fornecer rede de apoio social;
Liderança não coerciva;
Ambiente físico agradável;
Conseguir envolvimento pessoal;
Garantir satisfação no trabalho;
Cultura organizacional positiva;
Equilíbrio entre demanda, competência e condições de trabalho;
Garantir motivação;
Garantir condições de auto-realização;
Adequada gestão de conflitos.
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
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3
3.1
36
MÉTODO
Tipo de Investigação
Para alcançar o objectivo proposto inicialmente, no âmbito desta pesquisa, recorreu-se
ao levantamento de dados, através de uma pesquisa exploratória e descritiva recorrendo-se a
uma abordagem quantitativa.
Devido à fraca produção científica e sistematização do tema objecto da presente
pesquisa no contexto moçambicano, este trabalho seguiu uma perspectiva exploratória,
esperando-se poder contribuir para aumentar o conhecimento sobre as principias questões de
investigação levantadas e abrir caminhos para futuros estudos que aprofundem relações entre
variáveis e causa-efeito no âmbito da manipulação de determinadas variáveis.
Tal como Piovesan e Temporini (1995) citam, a pesquisa exploratória dá-nos a
conhecer a variável em estudo, o seu significado e o contexto onde esta se insere, permitido
deste modo, um conhecimento adequado da realidade.
Simultaneamente, percorreu-se um caminho de descrever e comparar a tendência que se
encontrou no terreno, através do levantamento dos dados junto dos participantes da presente
pesquisa. A pesquisa descritiva faz a descrição das características de determinada população ou
fenómeno, ou então, o estabelecimento de relações entre variáveis, sem que haja manipulação
pelo pesquisador. Este tipo de pesquisa, tem como uma das características mais significativas,
a utilização de técnicas padronizadas de colecta de dados, tais como o questionário e a
observação sistemática. (Richardson, 1999)
Segundo Chagas (2007), na pesquisa quantitativa, cada fenómeno tem uma explicação
objectiva (científica), com medição rigorosa dos dados, procurando explicar os fenómenos
sociais em estudo recorrendo-se à quantificação ou análise estatística dos dados. Enquanto que
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37
uma abordagem qualitativa procura descrever os factos tal como encontrados no campo sem no
entanto os quantificar.
3.2
Participantes
Para a realização do presente estudo, devido a constrangimentos de tempo e custos,
optou-se por seleccionar duas instituições de Ensino da cidade de Maputo, uma pública e outra
privada, nomeadamente: Escola Secundária Josina Machel (ESJM) e Colégio Kitabu (CK).
A ESJM, foi inaugurada em 1952, como Liceu Salazar e, só após a independência de
Moçambique, em 1975 é que ficou conhecidapelo actual nome.Esta instituição pública de
ensino, abrange os dois ciclos doESG. O primeiro ciclo (8ª a 10ª classes) funciona no período
da tarde, com quarenta e sete turmas, 58 professores e 3.919 alunos. O segundo ciclo (11ª e 12ª
classes) funciona no período da manhã, com 64 professores e 3.644 alunos.
Em termos de infra-estruturas, a ESJM tem 47 salas de aulas, uma biblioteca, uma sala
de professores, uma sala de reuniões, um salão de festas, dois campos de jogos, uma piscina
coberta, dois ginásios, 18 casas de banho e duas cantinas.
O CK foi uma das primeiras escolas privadas em Maputo criada em 1992, abrange o
terceiro ciclo do EP (6ª e 7ª classes) e o ESG. Esta instituição de ensino tem actualmente 544
alunos, sendo 58 do terceiro ciclo do EP, 281 do primeiro ciclo do ESG e 175 do segundo
ciclo. O terceiro ciclo do EP, a 8ª e 10ª classes têm aulas durante a manhã, enquanto que a 9ª
classe e o segundo ciclo do ESG têm aulas no período da tarde. O CK tem 75 professores a
leccionar e destes, poucos leccionam apenas um único ciclo.
As instalações do CK possuem 10 salas de aulas, uma sala de desenho, dois
laboratórios (um de Física e Química e outro de Biologia), um salão polivalente, uma sala de
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
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38
informática, 1 campo de jogos, dois balneários, quatro casas de banho, uma sala de professores,
uma secretaria, uma reprografia, uma sala de material didáctico.
O universo deste estudo é de 197 professores dos dois ciclos do Ensino Secundário,
sendo que 122 leccionam na Escola Secundária Josina Machel (ESJM) e 75 no Colégio Kitabu
(CK). Devido ao elevado número de professores recorreu-se à selecção de uma amostra por
conveniência constituída por 20% do universo de professores de cada ciclo e por escola (vide
tabela 2), que segundo Goode e Hatt (1969) é uma percentagem aceitável para a amostra.
Tabela 2: População e Amostra de Professores das Instituições pesquisadas
ESJM
1º Ciclo
2ºCiclo
Total
CK
1º Ciclo
2º Ciclo
Total
Fonte: Análise da Autora
População
58
64
122
População
41
34
75
Amostra
12
13
25
Amostra
8
7
15
O principal constrangimento do uso de amostras por conveniência é o dos resultados do
estudo não poderem ser generalizados para o universo uma vez que se trata de uma amostra
não probabilística. (Richardson, 1999) Neste sentido, os resultados e conclusões do presente
estudo somente deverão ser válidos para a amostra de professores estudada.
3.3
Instrumentos
O instrumento escolhido para a realização da pesquisa, foi o questionário com perguntas
abertas e fechadas (ver anexo) que, segundo Goldenberg (2000), tem muitas vantagens, tais
como:
-
Ser menos dispendioso;
-
Não exige muita habilidade para aplicação;
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39
-
Pode ser enviado ou entregue em mão;
-
Pode ser aplicado a um grande número de pessoas ao mesmo tempo;
-
Frases padronizadas garantem uma maior uniformidade para a mensuração;
-
Menor pressão para uma resposta imediata, permitindo que os pesquisados pensem
com calma.
Segundo o mesmo autor, a desvantagens do questionário seriam:
-
Índice baixo de resposta;
-
Estrutura rígida, impedindo a expressão de sentimentos;
-
Exige habilidade para ler e escrever e, disponibilidade para responder.
O questionário em causa, foi elaborado para que fossem alcançados os objectivos
propostos no início da pesquisa e, encontra-se subdividido em três partes:
A primeira parte, refere-se a recolha de dados sócio-demográficos da amostra,
permitindo traçar um perfil dos professores pesquisados.
A segunda parte, é constituída por duas perguntas abertas, que permitem analisar
a percepção dos professores sobre o conceito de Stress e, as fontes que o causam.
A terceira e última parte do questionário é constituída por uma escala de Stress
Sócio-laboral, da autoria de Seara e Robles (1996), cuja tradução e adaptação
para o contexto moçambicano foi feita pela Mestre Andrea Serra1. Esta escala
tem como principal função o estudo do stress no âmbito laboral e, é dirigida à
população com idades compreendidas entre os 20 a 60 anos, que esteja a trabalhar
por conta própria. A escala apresenta 50 itens, agrupados em três factores que
possibilitam a validade do teste, com base na análise factorial, como se pode ver
na tabela 3 que se segue.
1
Docente do Curso de Psicologia da Universidade Politécnica e orientadora do presente trabalho de investigação.
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40
Tabela 3: Descrição dos factores da Escala de Stress Sócio-Laboral
Factor
Designação
Descrição
Factor I
Trabalho em si
Integra
mesmo
funções que o sujeito tem
as
tarefas
Itens
e
14, 15, 16, 17, 22, 23, 26, 30,
33, 36, 37, 39
que realizar
Factor II
Contexto laboral
Entende-se como factor
8, 9, 11, 13, 18, 19, 20, 21, 24,
relativo
25, 27, 28, 29, 32, 41, 42
às
condições
ambientais de trabalho
Factor III
Relação do
Está
vinculado
à
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 10, 12, 31,
sujeito com o
problemática de si próprio
34, 35, 38, 40, 43, 44, 45, 46,
trabalho
com o trabalho
47, 48, 49, 50
Fonte: Seara e Robles (1996)
Desta escala obtêm-se, de forma directa, três tipos de pontuações:
•
Presença (Sim) ou Ausência (Não) do acontecimento stressante na vida do sujeito.
•
Presença de agentes stressantes no passado (P) e actualmente (A);
•
Intensidade com que tais agentes stressantes foram vivenciados pelos sujeitos
(Nada: 0, Um pouco:1, Muito:2, Muitíssimo:3).
Para tal, obtêm-se os valores parciais de intensidade em A e P, multiplicando o número
de respostas marcadas como positivas (nº de sim) pela respectiva intensidade (1, 2, ou 3) e, por
fim, somando esses pontos para A e o mesmo para P. A pontuação total directa obtém-se,
somando os valores parciais de A e P. (Seara e Robles, 1996)
Os modelos teóricos que estão na base desta escala de stress e que, portanto, nortearão a
presente pesquisa são, nomeadamente o modelo de Holmes e Rahe (1967) e o modelo de
Lazarus e Folkman (1984). (Seara e Robles, 1996)
Os referidos modelos pressupõem que ao longo do ciclo vital dão-se abundantemente
actividades, desempenho de papeís, vivências de sucessos, experiências, situações que
desencadeiam stress, ansiedade, nervosismo, tensão e outros sintomas nos indivíduos. Mas,
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41
nem todos os agentes potencialmente stressantes estão presentes na vida de cada indivíduo e
nem afectam-no da mesma maneira. Ao contrário, a resposta ao stress é diferencial, depende
dos agentes potencialmente stressantes, do contexto e das características ambientais, mas
também, da reacção e capacidade de enfrentamento por parte do indivíduo. (Seara e Robles,
1996)
A partir de um planeamento cognitivo o indivíduo faz uma avaliação cognitiva dos
acontecimentos stressantes e também de si frente aos mesmos. Contudo, o sucesso pode ser
relevante ou vital, a sua resposta pode ser adequada se o indivíduo conta com uma estratégia de
enfrentamento adequada. Na vivência do stress, supostamente, é fundamental o planeamento
cognitivo (de si mesmo e do contexto), mas também o é a afectividade-emocional de como se
vive tal sucesso vital. (Seara e Robles, 1996)
3.4
Procedimentos
O primeiro procedimento para a realização da pesquisa, foi a revisão da literatura, com o
objectivo de obter uma visão geral do tema. Para tal, recorreu-se ao uso de livros e, de diversos
artigos científicos retirados de websites e bases de dados electrónicas de produção científica.
Seguiu-se a preparação para a pesquisa de campo, escolhendo-se o instrumento a ser
usado e, as instituições que fariam parte da pesquisa. Foram então solicitadas credenciais a
Universidade A Politécnica, dirigidas aos directores das instituições objecto de estudo, para
que autorizassem e colaborassem na pesquisa. Depois de obtidas as autorizações, procurou-se
saber o número exacto de professores de cada Instituição (universo) e a partir deste, definiu-se
a amostra.
Através do contacto directo com os professores no seu local de trabalho, a investigadora
apresentava-se, explicava que estava a fazer o seu trabalho de fim de curso, dizendo o tema
escolhido e os objectivos do mesmo, solicitando por fim, que os mesmos, participassem na
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
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42
pesquisa, através do preenchimento do questionário, que era entregue após uma breve
explicação sobre a forma de o preencher.
Foi dado o prazo de uma semana para a devolução dos questionários preenchidos. Na
posse dos mesmos, iniciou-se o tratamento dos dados através do Pacote Estatístico para
Ciências Sociais (SPSS). Para a análise estatística dos dados foram usadas tabelas de
frequências e percentagens e o cálculo de médias.
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4
43
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
4.1
Perfil dos Professores Pesquisados
Como se pode verificar na tabela 4, a amostra foi constituída maioritariamente por
professores do sexo masculino nas duas instituições de ensino pesquisadas, representando
67,5% da amostra total.
Tabela 4: Distribuição dos Professores por sexo e instituição
Instituição
CK
ESJM
Total
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Sexo
Masculino
Feminino
9
6
60,0%
40,0%
18
7
72,0%
28,0%
27
13
67,5%
32,5%
Total
15
100,0%
25
100,0%
40
100,0%
Fonte: Instrumento de Pesquisa
A faixa etária predominante na ESJM é dos 36 a 45 anos, correspondendo a 54,2% da
amostra, seguida pela faixa dos 26 a 35 anos, que corresponde à faixa predominante no CK
(vide tabela 5).
Tabela 5: Distribuição dos Professores por idade e instituição
Instituição
CK
ESJM
Total
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Até 25 anos
2
13,3%
1
4,2%
3
7,7%
Idade
26 a 35 anos
36 a 45 anos
6
5
40,0%
33,3%
6
13
25,0%
54,2%
12
18
30,8%
46,2%
46 a 55 anos
2
13,3%
4
16,7%
6
15,4%
Total
15
100,0%
24
100,0%
39
100,0%
Fonte: Instrumento de Pesquisa
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44
Quanto ao estado civil, os professores das duas instituições são na sua maioria solteiros,
como se pode observar na tabela 6 que se segue.
Tabela 6: Distribuição dos Professores por estado civil e instituição
Instituição
CK
ESJM
Total
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Casado
7
46,7%
8
32,0%
15
37,5%
Estado Civil
Solteiro
8
53,3%
13
52,0%
21
52,5%
Outro
0
,0%
4
16,0%
4
10,0%
Total
15
100,0%
25
100,0%
40
100,0%
Fonte: Instrumento de Pesquisa
A tabela 7, mostra que 65% da amostra de professores tem o nível de licenciatura
concluído e, que ao contrário do que acontece na ESJM, o CK não tem nenhum professor
apenas com o nível secundário concluído.
Tabela 7: Distribuição dos Professores por nível de formação concluída e instituição
Nível de Formação Concluída
Instituição
CK
ESJM
Total
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Secundário
0
,0%
3
12,0%
3
7,5%
Bacharelato
4
26,7%
6
24,0%
10
25,0%
Licenciatura
11
73,3%
15
60,0%
26
65,0%
PósGraduação
0
,0%
1
4,0%
1
2,5%
Total
15
100,0%
25
100,0%
40
100,0%
Fonte: Instrumento de Pesquisa
Como se pode observar na tabela 8, o tempo de trabalho dos professores nas
instituições pesquisadas varia muito, sendo que 40% dos professores do CK, trabalha nesta
instituição há no máximo 2 anos e, na ESJM esta mesma percentagem de professores, trabalha
há mais de 15 anos na Instituição.
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45
Tabela 8: Distribuição dos Professores por tempo de trabalho e instituição
Tempo de Trabalho na instituição
Instituição
CK
ESJM
Total
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Até 2 anos
6
40,0%
5
20,0%
11
27,5%
2 a 5 anos
4
26,7%
3
12,0%
7
17,5%
5 a 10 anos
2
13,3%
6
24,0%
8
20,0%
10 a 15 anos
2
13,3%
1
4,0%
3
7,5%
Mais de
15 anos
1
6,7%
10
40,0%
11
27,5%
Total
15
100,0%
25
100,0%
40
100,0%
Fonte: Instrumento de Pesquisa
Da amostra de professores das instituições pesquisadas verifica-se que enquanto no CK
a maioria dos professores leccionam no 1o Ciclo do ESG, na ESJM a maioria dos professores
da amostra lecciona no 2o Ciclo (vide tabela 9).
Tabela 9: Distribuição dos Professores por ciclo e instituição
Instituição
CK
ESJM
Total
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Ciclo em que lecciona
1º Ciclo (8, 9 e 2º Ciclo (11 e
10 Classes)
12 Classes)
8
7
53,3%
46,7%
12
13
48,0%
52,0%
20
20
50,0%
50,0%
Total
15
100,0%
25
100,0%
40
100,0%
Fonte: Instrumento de Pesquisa
A média de alunos por turma, é outro factor que varia muito de uma instituição para a
outra, sendo mais comum ter turmas de 26 a 40 alunos no CK, enquanto que na ESJM, as
turmas têm na sua maioria (72%) mais de 55 alunos (vide tabela 10).
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46
Tabela 10: Distribuição dos Professores por média de alunos por turma e instituição
Até 25
Instituição
CK
ESJM
Total
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
5
33,3%
0
,0%
5
12,5%
Média de Alunos/turma
26 a 40
41 a 55
9
1
60,0%
6,7%
0
7
,0%
28,0%
9
8
22,5%
20,0%
Mais de 55
0
,0%
18
72,0%
18
45,0%
Total
15
100,0%
25
100,0%
40
100,0%
Fonte: Instrumento de Pesquisa
Quanto ao salário mensal, a maioria (73,1%) da amostra dos professores das duas
instituições recebe um valor que varia de 6 a 15 mil meticais (vide tabela 11).
Tabela 11: Distribuição dos Professores pelo seu salário mensal e instituição
Instituição
CK
ESJM
Total
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Count
% within Instituição
Até 5 mil
2
25,0%
3
16,7%
5
19,2%
Salário Mensal (Mtn)
De 6 a 15 mil De 26 a 35 mil
4
2
50,0%
25,0%
15
0
83,3%
,0%
19
2
73,1%
7,7%
Total
8
100,0%
18
100,0%
26
100,0%
Fonte: Instrumento de Pesquisa
4.2
Percepção dos Professores sobre o Stress
Para responder ao primeiro objectivo do presente estudo, procedeu-se à análise de
frequências das respostas obtidas da amostra de professores sobre a sua percepção da palavra
“Stress”. Conforme se apresenta na tabela 12, abaixo, em geral os professores associam o
conceito de stress a aspectos de ordem fisiológica com ênfase no cansaço seguindo-se de
aspectos psicológicos como nervosismo, preocupação, pressão, frustração, tensão, fadiga e
ansiedade. No entanto, o excesso de trabalho foi também considerado pelos professores como
sendo sinónimo de stress.
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47
Tabela 12: Sinónimos da palavra stress na percepção dos professores por instituição
CK (ƒ
ƒ)
Categoria
Sinónimos da Palavra Stress
Ansiedade
3
1
Apreensão
Dependência
1
1
1
Desconcentração
1
1
Desequilíbrio emocional
1
1
1
1
1
1
1
2
1
3
2
5
3
3
6
Impaciência
1
1
Incapacidade
1
1
1
3
Intolerância
1
1
Irritação
1
1
Loucura
2
2
2
3
Esgotamento nervoso
Exaustão
Fadiga
Frustração
Inquietação
Aspectos
Comportamentais
1
Desânimo
Desgaste
Aspectos
Fisiológicos
1
1
1
Depressão
Aspectos
Psicológicos
ESJM TOTAL
(ƒ
ƒ)
(ƒ
ƒ)
2
5
2
Má disposição
1
Mal-estar
3
3
Mau humor
1
1
Nervosismo
Pancada
Preocupação
5
5
10
2
Pressão
3
1
7
5
1
9
8
Repressão
1
Susto
1
1
1
2
Saturação
1
1
Tensão
2
3
5
Cansaço
7
11
18
Choque
1
1
Doença
1
1
Fome
1
Morte
1
1
2
1
Turvo
1
1
Velhice
1
1
Funcionamento deficiente
Alcoolismo
1
1
1
1
Atrapalhação
1
1
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
Anya Vanessa Mussagy
48
1
Desleixo
Aspectos
Sociais e Laborais
1
Desorganização
1
1
Assalto
1
1
Excesso de trabalho
3
Falta de dinheiro
1
Insucesso
2
1
5
2
1
1
Fonte: Instrumento de Pesquisa
Quando comparados os aspectos que os professores das duas escolas mencionaram
como sendo sinónimos de stress, verifica-se que existem algumas diferenças de percepção,
nomeadamente:
Os aspectos comportamentais foram mais mencionados pelos professores da ESJM
como estando associados ao stress, particularmente: alcoolismo, atrapalhação e
desleixo.
O aspecto fisiológico “cansaço”, foi o mais percepcionado como sinónimo de stress
pelos professores das duas escolas pesquisadas.
Os aspectos psicológicos foram os mais citados como estando associados ao stress e, de
entre estes, os sinónimos mais apontados foram: o nervosismo (citado por igual número
de professores nas duas escolas), a preocupação, a pressão, a frustração, a ansiedade e a
tensão.
4.3
Nível de Stress nos Professores
Para responder ao segundo objectivo do presente estudo, procedeu-se ao cálculo das
médias das pontuações parciais e global obtidas através da aplicação da escala de stress laboral
à amostra de professores por instituição pesquisada.
Como se pode observar na tabela 13, abaixo, em termos gerais, observa-se que a amostra
de professores pesquisada demonstrou níveis de stress acima dos padrões moderados (que
seriam de uma média de 25 a 30 pontos). Por outro lado, em termos globais, a amostra de
professores do CK apresentou um nível de stress superior à amostra da ESJM, no entanto, em
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
Anya Vanessa Mussagy
49
termos de incidência do stress, verifica-se que actualmente os professores da amostra de ambas
instituições são mais afectados pelo stress que no passado, e que, enquanto no passado a
amostra de professores do CK apresentou maior incidência de stress, actualmente, a amostra de
professores da ESJM revelou maior incidência de stress.
Tabela 13: Nível de Stress dos Professores por instituição
stressactual
stresspassado
stresstotal
Instituição
CK
ESJM
CK
ESJM
CK
ESJM
N
Mean
31,87
33,84
14,40
8,56
46,27
42,40
15
25
15
25
15
25
Std. Error
Mean
5,200
3,329
2,248
1,795
5,435
3,277
Std. Deviation
20,138
16,643
8,708
8,973
21,049
16,383
Fonte: Instrumento de Pesquisa
Ao proceder-se à análise comparativa entre o nível de stress nos professores por ciclo em
que leccionam, verifica-se que, em termos globais, os professores do 1º Ciclo apresentam um
nível de stress superior aos do 2º Ciclo, mantendo-se esta tendência para a incidência do stress
no momento actual que é também maior para os professores do 1º Ciclo (vide tabela 14).
Tabela 14: Nível de Stress dos Professores por Ciclo
stressactual
stresspassado
stresstotal
Ciclo em que lecciona
1º Ciclo (8, 9 e 10
Classes)
2º Ciclo (11 e 12
Classes)
1º Ciclo (8, 9 e 10
Classes)
2º Ciclo (11 e 12
Classes)
1º Ciclo (8, 9 e 10
Classes)
2º Ciclo (11 e 12
Classes)
N
Mean
Std. Deviation
Std. Error
Mean
20
37,70
19,369
4,331
20
28,50
15,195
3,398
20
10,45
9,950
2,225
20
11,05
8,672
1,939
20
48,15
19,834
4,435
20
39,55
15,511
3,468
Fonte: Instrumento de Pesquisa
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
Anya Vanessa Mussagy
4.4
50
Fontes de Stress para os Professores
Através da análise das frequências das situações consideradas stressantes pelos
professores do Ensino Secundário das escolas pública e privada, pôde-se determinar quais as
fontes de stress percepcionadas pelos mesmos, para cada um dos factores: fontes de stress
relacionadas com o trabalho em si mesmo, fontes de stress relacionadas com o contexto laboral
e fontes de stress associadas à relação do sujeito com o trabalho.
Como se pode ver, pela tabela 15, as fontes de stress relacionadas com o factor “trabalho
em si” mais apontadas pelos professores da ESJM são: o facto de não poderem realizar o seu
trabalho como gostariam de faze-lo, o tipo de trabalho (por ser pouco motivador), a sobrecarga
de tarefas e funções laborais e, ainda o ritmo de trabalho.
Os professores do CK apontam em primeiro lugar para as limitações de tempo para a
realização do trabalho, seguindo-se o facto de não poderem trabalhar como gostariam de fazêlo, a responsabilidade excessiva e a sobrecarga de tarefas e funções laborais.
Tabela 15: Fontes de Stress associadas ao Factor “Trabalho em si mesmo”
Item
14
15
16
17
22
23
26
30
33
36
37
39
Fontes de Stress relacionadas com o Factor I
(Trabalho em si mesmo)
Sobrecarga de tarefas e funções laborais
Tipo de trabalho (pelo facto de ser pouco motivador)
Horário de trabalho ou mudança do mesmo
Ritmo de trabalho
Responsabilidade laboral excessiva
Tomada constante de decisões importantes
Limitações de tempo para realizar o trabalho
Não poder realizar o seu trabalho como gostaria de fazê-lo
Trabalhar em algo para o qual não está preparado
Mudar de local de residência ou cidade pelo trabalho
Mudar de posto de trabalho
Viajar com frequência por razões laborais
Fonte: Instrumento de Pesquisa
CK (%)
53,3
28,6
46,7
42,9
57,1
50,0
66,7
60,0
46,7
26,7
33,3
20,0
ESJM
(%)
56,0
64,0
44
48,0
24,0
36,0
64
92,0
20
16,0
28,0
8,0
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
Anya Vanessa Mussagy
51
Em relação ao factor “contexto laboral”, as duas escolas apontam como principal fonte
de stress, a subida constante do custo de vida (vide tabela 16).
Para os professores da ESJM, factores como: poucas possibilidades de promoção
laboral, falta de factores aliciantes no trabalho, ambiente físico do seu trabalho e falta de
reconhecimento do seu trabalho são também fontes de stress consideráveis, enquanto que para
os professores do CK, as fontes mais citadas foram: que supervisionem constantemente o seu
trabalho, dívidas, empréstimos e hipotecas, a insegurança no posto de trabalho e, ainda,
trabalhar para um público exigente.
Tabela 16: Fontes de Stress associadas ao Factor “Contexto Laboral”
Item
8
9
11
13
18
19
20
21
24
25
27
28
29
32
41
42
Fontes de Stress relacionadas com o Factor II
(Contexto Laboral)
Competitividade laboral
Subida constante do custo de vida
Dívidas, empréstimos e hipotecas
Relações com os colegas, chefes ou subordinados
Ambiente físico do seu trabalho
Desorganização do trabalho
Que supervisionem constantemente o seu trabalho
Interrupção constante do ritmo de trabalho
Falta de factores aliciantes no trabalho
Trabalhar para um público exigente
Poucas possibilidades de promoção laboral
Receber críticas constantes de chefes e colegas
Existência de "Padrinhos" no seu trabalho
Insegurança no posto de trabalho
Perda de autoridade
Falta de reconhecimento do seu trabalho
Fonte: Instrumento de Pesquisa
CK (%)
35,7
93,3
57,1
26,7
33,3
28,6
60,0
46,7
46,7
53,3
33,3
33,3
13,3
46,7
28,6
40,0
ESJM
(%)
32,0
100,0
52,0
44,0
60,0
44,0
20,0
52,0
72,0
32,0
76,0
28,0
28,0
44,0
20,0
60,0
Para os professores das duas escolas, a situação económica própria ou da família, é a
fonte de stress mais frequente relacionada com o factor “ relação do sujeito com o trabalho”
(vide tabela 17).
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
Anya Vanessa Mussagy
52
Outras fontes de stress consideradas importantes pelos professores da ESJM são: a
baixa remuneração ou redução de vencimentos, depender de um carro ou de outro meio para
trabalhar e, não ter conseguido atingir os seus objectivos pessoais.
De entre os professores do CK, as fontes mais citadas foram: A etapa de preparação
profissional, chegar tarde ao trabalho, reuniões ou entrevistas, situação de emprego eventual ou
temporário e, o facto de trem que pagar impostos ou rendas.
Tabela 17: Fontes de Stress associadas ao Factor “Relação do Sujeito com o Trabalho”
Item
1
2
3
4
5
6
7
10
12
31
34
35
38
40
43
44
45
46
47
48
49
50
Fontes de Stress relacionadas com o Factor III
(Relação do sujeito com o trabalho)
Período de procura do primeiro emprego.
Situação de emprego eventual ou temporário.
Estar desempregado.
Etapa de preparação profissional.
Fazer o serviço militar.
Apresentar-se a uma entrevista de selecção.
Apresentar-se a exames e/ou testes de selecção laboral.
Situação económica própria ou da família.
Chegar tarde ao trabalho, reuniões ou entrevistas.
Baixa remuneração ou diminuição de vencimentos
Depender de um carro ou outro meio para ir trabalhar.
Viver longe da família.
Período de ausência no trabalho por motivos de doença.
Implicação ou influência negativa da família no seu trabalho.
Não ter conseguido atingir os objectivos propostos.
Fracasso profissional.
Êxito profissional alcançado.
Seu futuro profissional.
Ter que pagar impostos ou rendas.
Etapa de preparação de férias.
Etapa de regresso de férias e reinício do trabalho.
Proximidade da reforma.
Fonte: Instrumento de Pesquisa
CK (%)
60,0
66,7
40,0
78,6
33,3
60,0
28,6
86,7
71,4
60,0
60,0
33,3
60,0
26,7
60,0
20,0
60,0
53,3
66,7
33,3
46,7
26,7
ESJM
(%)
40,0
32,0
4,0
52,0
8,0
40,0
16,0
96,0
40,0
76,0
68,0
36,0
28,0
20,0
56,0
28,0
44,0
44,0
52,0
24,0
44,0
16,0
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
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53
Outras fontes de stress, segundo a percepção dos professores, que os resultados deste
estudo indicam (vide tabela 18) são maioritariamente relacionadas com aspectos laborais, tais
como: o elevado número de alunos por turma, o baixo salário e o atraso na recepção do mesmo,
o excesso de trabalho, a elaboração e correcção de testes, a falta de material didáctico, o fraco
desempenho e o comportamento dos alunos. Estas fontes foram citadas na sua maioria pelos
professores da ESJM, sendo o elevado número de alunos, citado por 11 professores desta
escola e, apenas um professor do CK.
As fontes relacionadas com aspectos comportamentais (alcoolismo e drogas), foram
exclusivamente citadas por professores da ESJM. A pressão para cumprir programs e o barulho
foram outras das fontes mais citadas pelos professores.
Tabela 18: Outras fontes de stress apontadas pelos Professores por instituição pesquisada
CK (ƒ
ƒ)
Categoria
Aspectos
Psicológicos
Aspectos
Fisiológicos
Aspectos
Comportamentais
Aspectos
Sociais
Aspectos Laborais
(Contexto Escolar)
Fontes de Stress
ESJM TOTAL
(ƒ
ƒ)
(ƒ
ƒ)
3
4
1
2
5
Má nutrição
1
1
Alcoolismo
1
1
Drogas
1
1
Pressão para cumprir programas
1
Pressão social
1
Barulho
3
Acusação injusta
1
1
Condições de vida
1
1
Falta de transporte
2
2
Conduzir longas distâncias
1
1
Custo de vida elevado
1
1
Desarmonia conjugal
1
1
Falta de dinheiro
1
1
Falta de emprego
1
1
Vida social difícil
1
1
Baixo salário
3
6
9
Conflitos com colegas
1
1
Falta de incentivos
Falta de profissionalismo e criatividade
dos colegas
1
1
1
2
3
Falta de progressão na carreira
2
1
1
3
1
Falta de reconhecimento
Falta de tempo para investigação
1
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
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54
1
Relação professor-aluno
2
2
Relação professor-direcção
1
1
2
Ritmo acelerado de trabalho
2
3
Rotina de actividades
3
Atraso e faltas as aulas
1
1
2
Elaboração e correcção de testes
1
5
6
Elevado número de alunos por turma
1
Época de exames
1
11
1
12
2
Comportamento dos alunos
1
4
5
Falta de material didáctico
1
4
5
Fraco desempenho dos alunos
Leccionar em mais de uma turma ou em
dois locais
2
4
6
1
1
Qualidade de ensino-aprendizagem
1
3
1
3
2
2
2
Más condições de trabalho
Falta de condições de trabalho
2
Excesso de carga horária
Excesso de trabalho
2
4
6
Atraso na recepção do salário
1
4
5
Fonte: Instrumento de Pesquisa
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
Anya Vanessa Mussagy
5
55
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A pesquisa revelou que para os professores pesquisados a palavra stress tem como
principal sinónimo o cansaço, um aspecto fisiológico, seguindo-se vários aspectos
psicológicos, como: nervosismo, preocupação, pressão, frustração, ansiedade, fadiga e tensão.
Em termos de aspectos sociais, os professores referiram-se principalmente ao excesso de
trabalho e a falta de dinheiro.
Na verdade, todos estes termos indicados pelos professores como sinónimo da palavra
stress, estão associados aos sintomas de estados de stress, como indica a literatura consultada.
França e Rodrigues (2002) referem-se à fadiga como sendo possivelmente um dos
sintomas mais comuns em Medicina e Psicologia, que leva a várias repercussões no organismo,
podendo levar a distúrbios psicológicos, afectando as actividades laborais, familiares e sociais.
No estudo sobre stress nos professores, realizado por Goulart (2006), este cita os
sintomas de stress encontrados: irritabilidade e cansaço excessivos, ansiedade, sensação de
desgaste e tensão muscular.
Como resultado desta pesquisa, foi possível verificar que de uma forma geral, a amostra de
professores, apresenta níveis de stress acima dos padrões moderados e, que os professores das
duas escolas são mais afectados pelo stress actualmente, em comparação ao passado.
De facto, como Lipp (2006) refere, o stress é um problema dos tempos modernos, em que
se vive num “corre-corre”, com horários desrespeitados, horas de sono perdidas, alimentação
descuidada e, não há tempo para o lazer. Factores que levam efectivamente à fadiga crónica ou
stress.
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
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56
Verificou-se também que os professores do CK apresentam um nível de stress global e,
passado superior aos da ESJM, e que actualmente verifica-se o contrário, ou seja, maiores
níveis de stress nos professores da ESJM.
Os níveis superiores de stress no passado nos professores do CK, podem-se dever ao facto
desta ter sido uma das primeiras escolas privadas em Maputo (senão em Moçambique) e, como
tal, detinha o monopólio do mercado, exigindo dos professores um esforço adicional para
conseguir suportar a demanda de alunos.
Outro aspecto importante de se salientar é que sendo uma escola privada, existe uma maior
exigência por parte dos clientes (pais e alunos) no que se refere a qualidade de ensinoaprendizagem prestada e, este factor está intimamente ligado aos professores, em que os pais
cobram da direcção da escola e, estes dos professores.
Por outro lado, os professores da ESJM, demonstram maiores níveis de stress actualmente,
o que pode ser justificado pelas recentes reformas nas políticas educacionais, havendo maior
pressão por parte do governo para a melhoria das condições de ensino no nosso país,
procurando-se cada vez mais, profissionais com formação académica, capazes de responder às
exigências da sociedade.
Outros factores que podem estar associados são: o elevado número de alunos nas salas de
aulas (dificultando o trabalho do professor); os baixos salários dos professores do ensino
público, que levam a que este procurem outras fontes de rendimento; as infra-estruturas da
escola e condições de trabalho dos professores, com salas superlotadas, sem ventilação, mal
iluminadas e falta de material didáctico.
Os professores pesquisados apontaram vários aspectos, considerados por eles como sendo
geradores de stress. Das fontes de stress relacionadas com o factor “trabalho em si “, as mais
citadas pelos professores da ESJM foram: o facto de não poderem realizar o seu trabalho como
gostariam de faze-lo, o tipo de trabalho (por ser pouco motivador), a sobrecarga de tarefas e
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
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57
funções laborais e, ainda o ritmo de trabalho. Por seu lado, os professores do CK apontam em
primeiro lugar para as limitações de tempo para a realização do trabalho, seguindo-se o facto
de não poderem trabalhar como gostariam de fazê-lo, a responsabilidade excessiva e a
sobrecarga de tarefas e funções laborais.
Como se pôde ver, a sobrecarga de tarefas e funções é uma fonte de stress comum para
os professores de ambas escolas e, efectivamente, Lautert, Chaves e Moura (1999), Raimundo
(2006) e Torres (2006) citam a sobrecarga de trabalho como uma das fontes de stress
encontradas nos seus estudos.
Kahn e Byosiere (1992), no seu modelo de stress das organizações também fazem
referência ao tamanho e horário de trabalho como uma das fontes de stress.
Não poder realizar o trabalho como gostariam, é outro aspecto comum para as duas
escolas e, este foi também encontrado como uma fonte de stress nos estudos de Costa (2006) e
Raimundo (2006). Este último autor, também concluiu que o ritmo de trabalho está associado
ao aparecimento do stress.
Por outro lado, os professores do CK citam a responsabilidade laboral excessiva, que
pode dever-se ao facto de como escola privada, existir uma maior tendência para o controle da
qualidade de serviços prestados pelos mesmos.
Os professores da ESJM, referem-se ao facto de considerarem o trabalho pouco
motivador e, este aspecto pode estar relacionado com o tempo o e tipo de trabalho que eles
realizam, ou seja, 40% dos professores da amostra trabalha naquela instituição há mais de 15
anos, possivelmente na mesma área, dando as mesmas disciplinas aos mesmos níveis de
ensino, cumprindo os mesmos programas, tornando o trabalho rotineiro e desmotivante.
Em relação ao factor “contexto laboral”, os professores foram unânimes em apontar como
principal fonte de stress, a subida constante do custo de vida. Sendo este o único item em que
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
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58
houve concordância, pois os itens mais apontados por uma escola, foram menos relevantes para
a outra.
Para os professores da ESJM, factores como: poucas possibilidades de promoção
laboral, falta de factores aliciantes no trabalho, ambiente físico do seu trabalho e falta de
reconhecimento do seu trabalho são também fontes de stress consideráveis, enquanto que para
os professores do CK, as fontes mais citadas foram: que supervisionem constantemente o seu
trabalho, dívidas, empréstimos e hipotecas, a insegurança no posto de trabalho e, ainda
trabalhar para um público exigente.
Tal como nesta pesquisa, Garcia e Benevides-Pereira (2003) apontaram para a falta de
oportunidade de ascensão na carreira e para a o baixo reconhecimento e pouco prestígio social
da profissão, como sendo fontes de stress em docentes.
A subida constante do custo de vida foi apontada por 100% da amostra de professores
da ESJM e por mais de 90% da amostra de professores do CK, ou seja, o rendimento mensal é
uma das principais fontes de stress dos professores.
Para os professores das duas escolas, a situação económica própria ou da família, é a
fonte de stress mais frequente relacionada com o factor “ relação do sujeito com o trabalho”e,
tal como aconteceu em relação ao contexto laboral, é o único item em que houve concordância,
pois as principais fontes apontadas pelos professores de uma escola, não foram as mesmas
apontadas pelos da outra escola.
Outras fontes de stress consideradas importantes pelos professores da ESJM são: a
baixa remuneração ou redução de vencimentos, depender de um carro ou de outro meio para
trabalhar e, não ter conseguido atingir os seus objectivos pessoais. Por seu lado, os professores
do CK, apontam a etapa de preparação profissional, chegar tarde ao trabalho, reuniões ou
entrevistas, situação de emprego eventual ou temporário e, o facto de terem que pagar impostos
ou rendas como sendo fontes de stress relevantes.
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
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59
Como apresentado na fundamentação teórica da presente pesquisa, a Comissão
Europeia (2002), cita a falta de reconhecimento ou recompensa por um bom desempenho
profissional como sendo um dos vários factores que podem causar stress no trabalho. Assim, a
baixa remuneração é uma das fontes de stress apontadas por vários autores nos seus estudos,
tais como: Christophoro e Waidman (2002), Garcia e Benevides-Pereira (2003) e Goulart
(2006).
No contexto moçambicano, Serra (2002), na sua pesquisa com estudantes universitários
da cidade de Maputo, também detectou que a subida constante do custo de vida e os problemas
económicos pessoais ou familiares constituíam fontes de stress para a amostra estudada.
É interessante verificar que a situação económica é a principal fonte de stress, sendo
comum para as duas amostras de professores, no entanto, a baixa remuneração para os
professores do CK não é das fontes mais importantes, enquanto que para os professores da
ESJM é a segunda fonte mais apontada.
Esta foi das perguntas do questionário em que se obteve menos respostas por parte da
amostra de professores das duas escolas, no entanto, verificou-se que dos 83,3% dos
professores da ESJM que responderam a questão, recebem um salário mensal que varia dos
6.000 a 15.000 meticais.
O salário dos professores é um factor que tem sido revisto pelo MEC, no sentido de
oferecer uma melhor qualidade de vida aos professores e, até mesmo de incentivar a formação
de professores, tão necessários no nosso país.
Em relação as fontes de stress percepcionadas pelos professores das duas escolas
(elevado número de alunos por turma, baixo salário e o atraso na recepção do mesmo, excesso
de trabalho, elaboração e correcção de testes, falta de material didáctico, barulho, fraco
desempenho e o comportamento dos alunos), verificou-se que, estas enquadram-se nas fontes
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
Anya Vanessa Mussagy
60
de stress indicadas pelos professores dentro dos diferentes contextos, principalmente nos
relacionados com os contextos laboral e com o trabalho em si.
No seu estudo, Goulart (2006) encontrou muitas destas fontes de stress, como exercendo
forte influência na presença do stress em professoras tais como: Inadequação de salário,
número excessivo de alunos em sala de aula, excesso de trabalho, falta de equipamentos para o
trabalho e ambiente físico da escola. Sendo o comportamento dos alunos, o principal stressor
no contexto escolar, interferindo no equilíbrio emocional das professoras.
O modelo de stress das organizações de Kahn e Byosiere (1992), citado por Muckinsky
(2004), também faz referência ao ruído (factor físico) como uma das principais fontes de stress.
Estas fontes foram na sua maioria apontadas pelos professores da ESJM, que leccionam
turmas com uma média de 60 alunos, confrontando-se com todos os problemas que daí advém,
tais como: o barulho, o comportamento dos alunos, a dificuldade em dar uma assistência
individual a cada um deles, a correcção de muitos testes, etc.
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
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Anya Vanessa Mussagy
6
61
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Tendo em conta, os objectivos definidos para a presente pesquisa e, os resultados obtidos,
pode-se concluir que os professores do ESG, integrantes da amostra estudada:
Associam o conceito de stress aos sintomas fisiológicos e psicológicos que surgem
quando o ser humano é exposto a situações de grande tensão, tais como: cansaço,
nervosismo, preocupação, pressão, frustração, ansiedade, fadiga e tensão.
Demonstram variações quanto às fontes de stress associadas ao trabalho em si,
sendo as mais citadas pelos professores da ESJM: o facto de não poderem realizar
o seu trabalho como gostariam de faze-lo, o tipo de trabalho (por ser pouco
motivador), a sobrecarga de tarefas e funções laborais e, ainda o ritmo de trabalho.
Por seu lado, os professores do CK apontam em primeiro lugar para as limitações
de tempo para a realização do trabalho, seguindo-se o facto de não poderem
trabalhar como gostariam de fazê-lo, a responsabilidade excessiva e a sobrecarga
de tarefas e funções laborais.
Revelam-se unânimes em apontar como principal fonte de stress, no contexto
laboral, a subida constante do custo de vida. No entanto, para os professores da
ESJM, factores como: poucas possibilidades de promoção laboral, falta de factores
aliciantes no trabalho, ambiente físico do seu trabalho e falta de reconhecimento do
seu trabalho são também fontes de stress consideráveis, enquanto que para os
professores do CK, as fontes mais citadas foram: que supervisionem
constantemente o seu trabalho, dívidas, empréstimos e hipotecas, a insegurança no
posto de trabalho e, ainda trabalhar para um público exigente.
Consideram a situação económica própria ou da família, como a principal fonte de
stress relacionada com o factor “ relação do sujeito com o trabalho”e apontam
outras fontes de stress consideradas relevantes, tais como: a baixa remuneração ou
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redução de vencimentos, depender de um carro ou de outro meio para trabalhar e,
não ter conseguido atingir os seus objectivos pessoais, para os professores da
ESJM e, a etapa de preparação profissional, chegar tarde ao trabalho, reuniões ou
entrevistas, situação de emprego eventual ou temporário e, o facto de terem que
pagar impostos ou rendas como, para os professores do CK.
Percepcionam como outras fontes de stress: o elevado número de alunos por turma,
o baixo salário e o atraso na recepção do mesmo, o excesso de trabalho, a
elaboração e correcção de testes, a falta de material didáctico, o fraco desempenho
dos alunos e, o seu comportamento.
Apresentam níveis de stress acima dos padrões moderados, verificando-se níveis
mais elevados de stress actualmente em relação ao passado, sendo que de uma
forma global, o stress nos professores do CK é superior ao da ESJM. No entanto,
os níveis de stress actual são maiores para os professores da ESJM, ao contrário do
verificado para os níveis de stress do passado.
Divididos pelos ciclos que leccionam, apresentam diferentes níveis globais de
stress, sendo os professores do 1º ciclo que apresentam níveis de stress superiores
aos do 2º Ciclo, mantendo-se esta tendência no momento actual.
Face às conclusões acima recomenda-se aos professores que estejam atentos aos sinais
e sintomas de stress e, que aprendam a lidar com os mesmos. Que estes conheçam e pratiquem
algumas técnicas simples a seguir para enfrentar o stress, tais como: usar o senso de humor e
rir, usar técnicas de relaxamento, praticar exercício físico, alimentar-se bem (muitos vegetais e
fruta) e, aprender a tirar férias mentais, ou seja, desligar-se dos problemas por alguns minutos
durante o dia.
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Um estudo comparativo entre professores de uma instituição pública e privada da Cidade de Maputo
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63
Recomenda-se que as instituições de ensino continuem a medir o nível de stress dos
seus trabalhadores periodicamente, de forma a acompanhar as mudanças que possam ir
surgindo ao longo do tempo.
Por fim, deixam-se algumas sugestões para pesquisas futuras, nesta linha de
investigação:
Estender este estudo para uma população mais representativa, permitindo
comprovar a existência de níveis acima dos moderados em professores do
ensino secundário em Maputo;
Estender o estudo a Professores que leccionam outros níveis de ensino
O estudo comparativo dos níveis de stress entre os professores que leccionam
em apenas uma instituição e, aqueles que leccionam em mais instituições (de
ensino ou não).
Abranger outras províncias do país, de modo a comprovar que os professores
são um dos grupos profissionais mais vulneráveis ao stress;
O estudo das estratégias de enfrentamento do stress nos professores, no contexto
moçambicano.
O Stress nos Professores do Ensino Secundário:
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ANEXO - Instrumento de Pesquisa
QUESTIONÁRIO
O presente questionário destina-se à colecta de dados com vista a analisar o fenómeno do Stress nos
Professores do Ensino Secundário provenientes de diversas instituições de educação da Cidade de
Maputo. Socilita-se a sua colaboração no preenchimento deste instrumento, seguindo as referidas
instruções. Garante-se o anonimato.
PARTE I
DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS
Responda às questões que se seguem, preenchendo os espaços em branco ou colocando um X na opção que
melhor caracterize a sua situação.
A. Sexo:
Masculino
Feminino
B. Idade: ______ anos
C. Estado Civil:
Casado
Solteiro
Viúvo
Divorciado
D. Nível de formação concluído:
Primário
Bacharelato
Secundário
Licenciatura
Pós-Graduação
Mestrado
Outro
Doutoramento
E. Nome da Instituição onde lecciona: __________________________________
F. Tempo de Trabalho na Instituição:
Até 2 anos
De 2 a 5 anos
G. Em que anos lecciona:
10a Classe
Outra
De 5 a 10 anos
11a Classe
De 10 a 15 anos
Mais de 15 anos
12a Classe
Indique: ________________________
H. Média de Alunos que lecciona, por turma: _______
I. Salário Mensal (em Mtn): __________________________
PARTE II
PERCEPÇÃO SOBRE O CONCEITO E FONTES DE STRESS
A. Indique algumas palavras que, na sua percepção, são sinónimas da palavra “Stress”.
_____________________________
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_____________________________
_____________________________
_____________________________
_____________________________
_____________________________
B. Na sua percepção, que aspectos, situações ou eventos, constituiem fontes de stress para si, na qualidade
de professor do Ensino Secundário e que interferem negativamente no seu dia-a-dia de trabalho docente.
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
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70
PARTE III
ESCALA DE STRESS
INSTRUÇÕES
Na página a seguir a esta irá encontrar uma série de frases relacionadas com acontecimentos
importantes, situações de ansiedade, momentos tensos, de nervosismo, de inquietude, de frustração, etc.
Para cada uma das referidas frases, você deve decidir se algum desses acontecimentos esteve ou está
presente na sua vida. Para isso, na folha de respostas que se encontra na página à seguir à série de
frases, marcará com um círculo no SIM, sempre que um dos acontecimentos se tenha produzido na sua
vida; caso contrário, marcará com um círculo no NÃO.
Sempre que tiver assinalado SIM, na folha de respostas, deverá também assinalar em que medida é que
tal acontecimento o afectou. Para isso, marcará primeiro com um círculo no número que você considere
que melhor representa a intensidade com que tal acontecimento o afectou, sabendo que 0 significa nada,
1 um pouco, 2 muito e 3 muitíssimo.
Em segundo lugar, deve também indicar na mesma folha de respostas se, todavia, o referido
acontecimento está a afectá-lo actualmente, colocando um círculo na letra A ou se o afectou no passado
e deixou de afectá-lo, colocando um círculo na letra P.
Exemplo:
“Castigo não merecido”
SIM
NÃO
0 1 2 3
A
P
ESPERE, NÃO VIRE ANTES DE LER AS INSTRUÇÕES QUE VÊM NESTA PÁGINA
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71
NÃO ESCREVA NADA NESTA PÁGINA.
Por favor, leia com atenção cada uma das frases e assinale a sua resposta na folha de
respostas na página a seguir a esta.
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
Período de procura do primeiro emprego.
Situação de emprego eventual ou temporário.
Estar desempregado.
Etapa de preparação profissional.
Fazer o serviço militar.
Apresentar-se a uma entrevista de selecção.
Apresentar-se a exames e/ou testes de selecção
laboral.
Competitividade laboral.
Subida constante do custo de vida.
Situação económica própria ou da família.
Dívidas, empréstimos e hipotecas.
Chegar tarde ao trabalho, reuniões ou entrevistas.
Relações com os colegas, chefes ou subordinados.
Sobrecarga de tarefas e funções laborais.
Tipo de trabalho (pelo facto de ser pouco
motivador).
Horário de trabalho ou mudança do mesmo.
Ritmo de trabalho.
Ambiente físico do seu trabalho.
Desorganização do trabalho.
Que supervisionem constantemente o seu trabalho.
Interrupção constante do ritmo de trabalho.
Responsabilidade laboral excessiva.
Tomada constante de decisões importantes
Falta de factores aliciantes no trabalho.
Trabalhar para um público exigente.
26.
27.
28.
29.
30.
31.
32.
33.
34.
35.
36.
37.
38.
39.
40.
41.
42.
43.
44.
45.
46.
47.
48.
49.
50.
Limitações de tempo para realizar o trabalho.
Poucas possibilidades de promoção laboral.
Receber críticas constantes de chefes e colegas.
Existência de “padrinhos” no seu trabalho.
Não poder realizar o seu trabalho como gostaria de
fazê-lo.
Baixa remuneração ou diminuição de vencimentos.
Insegurança no posto de trabalho.
Trabalhar em algo para o qual não está preparado.
Depender de um carro ou outro meio para ir
trabalhar.
Viver longe da família.
Mudar de local de residência ou cidade pelo
trabalho.
Mudar de posto de trabalho.
Período de ausência no trabalho por motivos de
doença.
Viajar com frequência por razões laborais.
Implicação ou influência negativa da família no seu
trabalho.
Perda de autoridade.
Falta de reconhecimento do seu trabalho.
Não ter conseguido atingir os objectivos propostos.
Fracasso profissional.
Êxito profissional alcançado.
Seu futuro profissional.
Ter que pagar impostos ou rendas.
Etapa de preparação de férias.
Etapa de regresso de férias e reinício do trabalho.
Proximidade da reforma.
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FOLHA DE RESPOSTAS
Compreende que o número da fila na tabela abaixo onde anota a sua resposta coincide com o
do enunciado da página anterior.
Exemplo:
SIM NÃO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
12
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
“Castigo não merecido”
Intensidade
Tempo
SIM NÃO
SIM NÃO
SIM NÃO
0
1
2
3
A
P
0
1
2
3
A
P
0
1
2
3
A
P
SIM
NÃO
0
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2
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A
P
SIM
NÃO
0
1
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0
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A
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SIM
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SIM
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SIM
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SIM
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0
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SIM
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SIM
NÃO
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SIM
NÃO
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A
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SIM
NÃO
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SIM
NÃO
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SIM
NÃO
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SIM
NÃO
0
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A
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NÃO
0
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A
P
SIM
NÃO
0
1
2
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A
P
SIM
NÃO
0
1
2
3
A
P
Nº de SIM
Em A =
Total =
Em P =
SIM NÃO
SIM NÃO
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
0 1 2 3
Intensidade
A P
Tempo
SIM NÃO
SIM NÃO
0
1
2
3
A
P
0
1
2
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A
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SIM NÃO
SIM NÃO
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SIM
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0
1
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SIM
NÃO
0
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SIM
NÃO
0
1
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3
A
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SIM
NÃO
0
1
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A
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SIM
NÃO
0
1
2
3
A
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SIM
NÃO
0
1
2
3
A
P
SIM
NÃO
0
1
2
3
A
P
SIM
NÃO
0
1
2
3
A
P
SIM
NÃO
0
1
2
3
A
P
SIM
NÃO
0
1
2
3
A
P
SIM
NÃO
0
1
2
3
A
P
SIM
NÃO
0
1
2
3
A
P
SIM
NÃO
0
1
2
3
A
P
SIM
NÃO
0
1
2
3
A
P
SIM
NÃO
0
1
2
3
A
P
Pontuações em Intensidade
A=
Total =
Centil =
P=
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