O GESTOR DE RECURSOS HUMANOS E A VISÃO
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O GESTOR DE RECURSOS HUMANOS E A VISÃO
O GESTOR DE RECURSOS HUMANOS E A VISÃO SISTÊMICA NA ORGANIZAÇÃO Maria Rosa dos Santos Almeida1 Maria Tereza N. Maruyama Pinheiro2 RESUMO O mundo tem sofrido mudanças significativas em todas as áreas e para acompanha-las, tornase necessário intensificar estudos na área de Recursos Humanos que visam formar profissionais com uma visão ampliada. A abordagem adotada terá a base em autores, como Chiavenato (1994, 2002, 2009, 2010), Cury (2000), Maximiano (2009), Meireles (2003) entre outros, que através de suas obras têm apresentado uma visão inovadora a respeito do comportamento do Gestor de Recursos Humanos nas organizações. As pessoas apresentam necessidade de ser valorizadas e envolvidas nos processos e quando se sentem parte do todo, são mais produtivas, levando a empresa ao sucesso. Nesse cenário surge a figura importante do Gestor de Recursos Humanos, que deve possuir uma visão sistêmica e exercer uma liderança alinhada aos processos que envolvem a área. Esse profissional possui o poder de decisão que afeta diretamente o resultado, uma vez que não basta fazer certas as coisas, mas, é necessário acima de tudo fazer as coisas certas, com objetivo de obter resultados satisfatórios dentro de uma gestão estratégica, para conseguir consequente diferenciação no mercado. Compreende-se então, que um indivíduo com visão sistêmica possui a capacidade de "ver" a empresa como um todo e consegue integrar pessoas aos processos com a finalidade de obter transformações e resultados. Palavras-chave: Visão Sistêmica. Liderança. Gestão estratégica. 1 INTRODUÇÃO Cada vez mais se torna importante o estudo do fator humano nas organizações, pois esse é seu maior patrimônio. Estudos têm sido desenvolvidos com a finalidade de se obter os melhores resultados corporativos. Sendo assim, esse trabalho abordará um conjunto de informações que trará luz a uma visão sistêmica que significa ver o todo da organização, sem deixar de compreender como funcionam as partes e como se interligam entre si. Essa habilidade possibilita ver como os fatores externos e internos se adequam ao contexto dentro da organização. 1 Graduanda do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos da Faculdade Shalom de Ensino Superior – FASES. 2 Professora e Especialista em Direito Público e Direito Processual Civil do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos da Faculdade Shalom de Ensino Superior - FASES . É importante favorecer a reflexão sobre a complexidade das ações nas empresas e o papel da liderança nesse contexto. Um indivíduo pode ter um bom desenvolvimento no que faz quando os resultados dependem apenas dele, porém os resultados podem não ser os mesmos quando depende de desenvolvê-los através de outras pessoas. Portanto, é esperado que o estudo sobre o assunto favoreça a compreensão e o direcionamento a respeito dos comportamentos das pessoas inseridas nesse contexto e assim possa ajudar o entendimento do desempenho coletivo. O sucesso das empresas é o reflexo de uma administração eficaz dos seus recursos humanos. A estrutura organizacional, tecnológica e financeira, ajudam as empresas a terem lucratividade e sustentabilidade, porém, o capital humano constitui aspectos físicos inteligentes e dinâmicos que fazem a diferença. É o que realmente constitui o elemento empreendedor das organizações e está ligado a um novo projeto de gestão de recursos humanos, transformando o modelo tradicional burocrático para outro que destacará a figura do gestor de Recursos Humanos (RH) que aos poucos deixa de ser coadjuvante nos processos da empresa para ser o elemento da transformação e articulação do crescimento da mesma. A proposta do presente trabalho é colocar em discursão a visão sistêmica que o profissional de Recursos Humanos precisa ter e o valor que as organizações modernas, dispensam a ele. O conhecimento, habilidades e atitudes do gestor, fazem a diferença e causam um forte impacto ao seu redor tornando a empresa mais competitiva e sustentável. Através de uma análise qualitativa, em que serão analisadas obras de Adair (2000), Chiavenato (1994, 2002, 2004a, 2004b, 2009, 2010), Coelho (2004), Cury (2000), Hunter (2004), entre outros, que revolucionaram a postura do profissional de Recursos Humanos e através de um método indutivo que abrangerá várias áreas com um conceito multidisciplinar, este artigo permitirá uma análise mais profunda sobre o perfil do gestor da área de Recursos Humanos (ARH) e Gestor de Pessoas (GP). Esse trabalho buscará responder qual a real importância dos indivíduos para o alcance dos resultados esperados dentro da organização e qual o papel que o gestor de Recursos Humanos ocupa nesse contexto, uma vez que os estudos referenciais, todos apontam para um maior envolvimento do profissional de Recursos Humanos no direcionamento estratégico das empresas. A finalidade em abordar este assunto é fortalecer um conceito de postura profissional, que deve ir além do meio acadêmico, contribuindo para o sucesso organizacional e também para a mudança de paradigmas das empresas. 2 PESSOAS E ORGANIZAÇÕES O momento do mercado exige que as empresas discutam cada vez mais sobre os modelos organizacionais, teorias administrativas, tendências de mercado, mudanças de hábitos gerenciais, formação de lideranças, entre outros. Neste contexto, torna-se imprescindível para o sucesso do administrador o desenvolvimento de uma visão holística e atitudes assertivas. O sucesso da organização está diretamente ligado ao comportamento adotado pelas pessoas que a compõe. Com isto, faz-se necessário uma constante busca de inovação, flexibilidade e agilidade. Para Chiavenato: Toda organização existe, não para si mesma, mas para alcançar objetivos e produzir resultados. É em função dos objetivos e resultados que a organização deve ser dimensionada, estruturada e orientada. Daí a ênfase colocada nos objetivos organizacionais e nos resultados pretendidos, como meio de avaliar o desempenho das organizações. Os objetivos são valores visados ou resultados desejados pela organização. (CHIAVENATO, 2004b, p.153). Ao abordar o assunto organizacional, Chiavenato (2004b) enfatiza o objetivo das empresas em produzir resultados, porém não deixa o fator humano desvinculado deste cenário. Ao avaliar a citação pontualmente, percebe-se que o autor está valorizando a produtividade, porém em outras citações da obra, é possível identificar sua abordagem enfática sobre a valorização do homem e o efeito da ação comportamental do indivíduo nas organizações. Com a abordagem comportamental, a preocupação com a estrutura organizacional se desloca para a preocupação com os processos organizacionais e também do comportamento das pessoas na organização para o comportamento organizacional como um todo. Predomina a ênfase nas pessoas – inaugurada com a Teoria das Relações Humanas, - mas dentro de um contexto organizacional que lhe serve de meio ambiente mais próximo. (CHIAVENATO, 2004b, p. 324). Com base nesses argumentos observa-se a real importância dos indivíduos para o alcance dos resultados esperados e nessa perspectiva faz-se necessário um investimento em quem pode contribuir diretamente para o sucesso da organização e a postura da empresa no mercado, que são as pessoas. Para Cury (2000, p. 116): “[...] a organização é um sistema planejado de esforço cooperativo no qual cada participante tem um papel definido a desempenhar, deveres e tarefas a executar”. O autor traz a visão que a organização não pode ter sucesso se todos os envolvidos não entenderem suas funções e cumpri-las corretamente. Portanto, a organização é um sistema que depende do esforço cooperativo e cada participante tem um papel fundamental que poderá determinar o futuro da empresa no mercado. Meireles (2003, p. 46) declara: “[...] a organização é um artefato que pode ser abordado como um conjunto articulado de pessoas, métodos e recursos materiais, projetado para um dado fim e balizado por um conjunto de imperativos determinantes. (crenças, valores, culturas etc.)”. Avaliando o registro acima, pode-se afirmar que no ambiente organizacional são necessários “elementos” que sejam responsáveis, pensantes e criativos, e estejam alinhados com missão, valores e cultura, para gerir a organização. Gil (2001, p. 17) afirma que a "Gestão de Pessoas é a função gerencial que visa à cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais". As organizações estão direcionando esforços e investimentos para a formação de profissionais que façam diferença e seja parte integrante do planejamento estratégico da empresa, como afirma o autor acima. Ter uma Gestão de Pessoas eficiente torna-se um diferencial competitivo para que a empresa consiga alcançar seus objetivos. 3 A IMPORTÂNCIA DA VISÃO SISTÊMICA NA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS Com o entendimento de que as organizações precisam das pessoas para cumprir suas metas, é importante avaliar uma habilidade exigida do gestor de RH no contexto organizacional, que é a visão sistêmica. Esse conceito se traduz pelo desenvolvimento de “ver o todo” com o intuito de alcançar determinado objetivo. Um indivíduo que desenvolve essa prática dentro da organização consegue tomar decisões a partir de uma avaliação clara das partes entendendo como ocorre a interação entre as pessoas e o direcionamento estratégico da empresa. Pessoas que possuem a percepção do que ocorre em todas as áreas da empresa conseguem interagir com processos internos e externos, portanto, possuem habilidades diferenciadas. Conforme Chiavenato: A visão sistêmica e multidisciplinar (holística) e o relativismo tomam conta da teoria administrativa. O velho modelo burocrático e funcional, centralizador e piramidal utilizado para formatar as estruturas organizacionais tornou-se rígido e vagaroso demais para acompanhar as mudanças e transformações do ambiente. (CHIAVENATO, 2010, p. 36). O autor fala sobre a visão sistêmica dentro das organizações e ressalta que esse processo veio para mudar aquilo que estava enrijecido e que não atendia mais o mundo globalizado, que a todo instante se renova. Avaliando Chiavenato (2010), é possível afirmar que visão sistêmica é a capacidade de enxergar a empresa amplamente em todos os seus sistemas e subsistemas entendendo como se desenvolve cada área, seja em confecção de produtos, atendimento de serviços ou entregas ao cliente final. Através do conhecimento é possível o gestor contribuir com o resultado colaborando com cada processo, apresentando sugestões e participando das soluções. Algumas empresas de pequeno e médio porte ainda não possuem um RH estratégico, apenas conferem ao setor a função de Departamento de Pessoal. Chamam seus colaboradores de recursos humanos, e a função tem foco somente em fazer a gestão burocrática da organização. Esta condução parcial faz com que as empresas tenham um departamento de RH voltado para o operacional, sem visão do macro e muitas vezes não conseguem dimensionar os custos decorrentes pela falta de estratégia. Neste sentido, é importante abordar este assunto de forma acadêmica a fim de responder questionamentos e esclarecer à nova geração de gestores de recursos humanos formados nos “campus”, qual o real papel desses profissionais na organização. A importância da visão sistêmica e estratégica pode ser o diferencial para que uma empresa conquiste seu espaço no mercado. O sucesso muito se deve a forma de condução, que precisa ser apropriada em todas as áreas da empresa. Segundo Chiavenato (1996), todos os colaboradores de uma organização devem ser considerados responsáveis por conduzir os negócios da empresa, utilizando informações disponíveis, aplicando suas habilidades e conhecimentos e tomando as atitudes adequadas para garantir e obter os resultados esperados. O referido autor evidencia que o papel do RH deve ir além do acompanhamento de despesas, encargos sociais, admissões, demissão etc, mas deve munir de informações e soluções os envolvidos nos resultados da empresa. Chiavenato (1999) ressalta também que todas as tendências de mudanças organizacionais ocorridas no mundo, se convergem na Área de Recursos Humanos que por sua vez tem passado por profundas mudanças. As principais transições foram: Figura 1: Mudanças na área de recursos humanos. Fonte: Elaborada pela autora. Adaptado da obra Chiavenato, (1999). Percebe-se que a ARH antes cuidava apenas dos processos administrativos, hoje além de cuidar dessas funções, também tem um papel importantíssimo exercendo suas atividades em cooperação com a direção da empresa, conforme representado na figura acima. Portanto, as mudanças ocorrem, são necessárias e é importante que o Gestor de Recursos Humanos tenha foco nos processos e pessoas sem deixar de ter foco no futuro estratégico e no cotidiano operacional. Chiavenato (2009) assegura sobre o caráter multidisciplinar da área de Recursos Humanos. Ele afirma que o RH deve possuir um caráter contingencial ou situacional, isto é, não pode ser engessado, mas dinâmico, flexível e adaptável, pois as organizações vivem constantes mudanças, portanto tudo depende do contexto de cada situação para a tomada de decisão. Defende que os assuntos abordados dentro do RH devem ser voltados para psicologia, promoção de mudanças organizacionais, cuidados com a nutrição e alimentação, medicina do trabalho, serviço social, plano de carreira, desenho de cargos e salários, motivação e satisfação no trabalho, absenteísmo ou ausências, encargos sociais, prevenção de incêndio, interpretação de leis trabalhistas, entre muitas outras funções pertinentes à condução estratégica de uma empresa. Ações como essas promovem o bem estar do colaborador e o faz mais produtivo. Vergara (2000) defende que valorizar o capital humano é essencial para que a empresa se mantenha em posição de competitividade no mercado, pois todo capital intelectual humano precisa ser conservado, desenvolvido, reconhecido e considerado como o principal ativo da organização. A mudança de uma gestão tradicional da ARH para uma condução mais estratégica deve ocorrer através de programas integrados ao plano diretor da empresa, para que se promova a longevidade do negócio e a permanência das pessoas na organização. A autora reforça o contexto estratégico, vinculado a uma visão ampliada, como um diferencial que leva a organização a se manter e crescer no mercado. Avaliando esse contexto é possível afirmar que hoje, torna-se necessário a formação de profissionais, voltados para uma nova dinâmica que consiga ter a habilidade de interligar pessoas e processos. A figura a seguir, representa a base do processo global que ocorre dentro da ARH e como deve ser a visão do gestor: Figura 2: Visão sistêmica da área de Recursos Humanos Fonte: Elaborada pela autora. Adaptado da obra Chiavenato, (2009). A ARH precisa ter uma visão 360º através do seu Gestor. Ele precisa entender como as áreas funcionam na empresa e deve estar totalmente alinhado com a direção da mesma. “A área de recursos humanos passou a ter função estratégica de atrair, reter e motivar as pessoas necessárias à realização dos negócios da empresa” (PEREIRA, 2008, p. 48). Não basta fazer o operacional da área, é preciso entendimento estratégico que visa o envolvimento dos colaboradores para atender as expectativas de sucesso da organização. Segundo o professor Dutra, a gestão de pessoas (GP) é responsável por “um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo”. (DUTRA, 2002, p. 17). Percebe-se claramente que uma empresa que possui talentos alinhados aos seus processos estratégicos, possui um diferencial no mercado, e pode atrair os melhores profissionais para trabalhar nela. As pessoas atraídas por uma empresa estrategicamente direcionada trabalham com mais responsabilidade, pois são valorizadas e se desenvolvem com mais facilidade. 4 CARACTERÍSTICAS DE UM GESTOR DE RECURSOS HUMANOS MODERNO O Gestor de Recursos Humanos deve ser dotado de competências que são imprescindíveis na condução do seu trabalho. Significa ter aptidão para fazer uma ou várias atividades com maestria e para que isso ocorra é indispensável que haja conhecimento, habilidades e atitudes. O conceito de uma pessoa competente é muito amplo, combinado por fatores intelectuais, emocionais e morais que caracterizam um indivíduo e podem ser temporais, pois são passíveis de ser modificados a partir da busca do conhecimento, da aquisição de habilidades para fazer tarefas e adoção de atitudes de mudança, que passam pela maturidade de cada indivíduo. Exatamente por isso, que os profissionais, mesmo aqueles avaliados experientes, devem buscar um crescimento contínuo. (FLEURY, 2002). O termo competência vem da palavra latina “competens” que denota “o que vai com” ou “o que é adaptado”. Avaliando esse conceito, é possível aplicá-lo com o significado de um estado ou processo, que é dinâmico e necessita de ação envolvida para chegar ao diagnóstico de um indivíduo competente. Portanto, não é possível chegar à conclusão de que alguém é competente apenas por um currículo ou entrevista, antes de suas competências serem provadas na prática. (LE BOTERF, 2003). É importante então, que o gestor escolhido para a função seja um profissional onde o seu talento e potencial seja utilizado pela empresa para realizar funções pertinentes ao cargo com eficiência, eficácia e responsabilidade. Rabaglio (2004), afirma que competência é composta pelo CHA, conhecimento, habilidade e atitude e que devem estar agregados às competências técnicas e comportamentais de cada indivíduo. Figura 3: As três dimensões da competência Fonte: Elaborada pela autora. Adaptado da obra Rabaglio (2004). Conforme figura acima o profissional de RH precisa saber o que fazer, como fazer e querer fazer. Avaliando tal conceito as empresas hoje estão à procura de indivíduos para ocuparem o cargo de Gestor de Recursos Humanos que apresentem competências indispensáveis como: adaptação a mudanças, capacidade de pensar, tomada de decisões ainda que sejam em situações de riscos, disposição para trabalhar contribuindo e aprendendo com os outros, ser bom negociador, saber diferenciar trabalho da vida pessoal, ter bom humor, ser flexível e se aculturar com a cultura organizacional da empresa. Diversos autores que definem liderança concordam que a mesma pode ser aprendida e deve ser conquistada. Não se nasce líder, portanto, a função requer força de vontade e determinação para o alcance da excelência. Tejon (2006) em seu livro “Liderança para fazer acontecer”, descreve que o líder precisa entender que sua atividade principal é sempre servir e cuidar de pessoas. Ele deve desenvolver virtudes em quatro pontos essenciais para que promova a liderança que são: aprender, atender, acreditar e animar. Ele afirma ainda que “O líder precisa aprender em qualquer situação, deve estar sempre disposto a atender com prazer a todos que necessitam dele, bem como precisa, antes de tudo, crer para depois ver e ser entusiasmado e entusiasta”. (TEJON, 2006, p. 35). Para reforço de suas palavras, o autor comenta sobre alguns líderes, entre eles Nelson Mandela3 que passou 27 anos na prisão, porém não desistiu de seus ideais e ganhou projeção mundial em um país repleto de conflitos raciais, mas mesmo preso 3 Nelson Mandela (1918-2013) foi presidente da África do Sul. Líder do movimento contra o Apartheid, guerreiro em luta pela liberdade recebeu “Prêmio Nobel da Paz”, pela sua luta contra o regime de segregação racial. desenvolveu uma liderança forte. Ele afirma que liderar exige além de ser bom no que se faz, deve conseguir também que os outros sejam bons em suas funções. Adair (2000) no livro “Como tornar-se um líder”, descreve as qualidades que um líder deve apresentar que são: Entusiasmo, Integridade, Firmeza, Imparcialidade, Zelo, Humildade, Confiança. Características como essas fazem com que o líder seja capaz de antecipar situações e conduza a sua equipe no direcionamento estratégico da empresa. Não há como deixar de avaliar também liderança do ponto de vista de James C. Hunter, autor do best-seller “O Monge e o Executivo”. Uma frase citada na obra é que: “Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum”. (HUNTER, 2004, p.15). Portanto ao avaliar esses autores, consegue-se traçar um perfil para um líder, que deve ser buscado constantemente através da determinação de ser melhor e mais influente na condução dos liderados sem deixar de ter uma visão Macro. Liderar vai além do desejo, pois passa pelo esforço constante aliado à mudança de paradigmas, que tornam a figura do líder determinante na condução de pessoas para se alcançar os objetivos da organização. É seu dever melhorar as condições gerais de trabalho para que todos possam ter condições adequadas para produzir mais e melhor. O gestor de Pessoas tem a responsabilidade de funcionar como um eliminador dos conflitos que surgem entre os interesses da organização e os dos colaboradores. Por esse motivo é possível afirmar que o Gestor de Recursos Humanos precisa ter todas as características descritas, sem deixar de ser estratégico. O profissional que possui visão sistêmica e estratégica tem todas as características descritas acima, consegue gerir conflitos, mudanças e ainda se antecipa a fatos que são importantes na vida da organização. Deve levar em consideração múltiplos focos, buscar várias soluções combinadas que ainda não haviam sido consideradas, avaliar consequências, aprender sempre, ainda que já tenha feito várias vezes a mesma atividade. 5 A GESTAO DE PESSOAS EM UM AMBIENTE DE MUDANÇAS As mudanças no contexto organizacional são contínuas e o gestor de RH deve estar atento para antecipá-las. Ele é o agente auxiliador nos processos de comunicação das políticas e diretrizes em todos os níveis da empresa, buscando conduzir os funcionários com motivação e determinação a realizar o plano estratégico da organização. O gestor deve assumir um papel de um construtor de relações de confiança e em muitos casos terá que agir a favor dos direitos dos colaboradores, sem deixar de adotar uma postura coerente com a estratégia da empresa. Saber se comunicar bem é uma arte. As mudanças influenciam as organizações e, portanto, é necessário que o estilo de administrar pessoas acompanhe esse contexto. O mundo corporativo ficou exigente, dinâmico e incerto e a todo instante são lançados serviços e produtos que superam os anteriores e as pessoas são influenciadas diretamente e passam a ter uma necessidade de apoio e suporte de seus lideres. Assim sendo, o suporte na hora da mudança, dado pela ARH é determinante para que se alcancem os objetivos. A figura a seguir representa as mudanças que ocorrem a todo instante no meio externo e influenciam diretamente a organização. Figura 4: Os desafios do terceiro milênio Fonte: Elaborada pela autora. Adaptado obra Chiavenato (2004a, p. 45). Com certeza o futuro reserva grandes mudanças que são velozes e intensas e interferem diretamente no ambiente da empresa provocando mudanças que afetam as pessoas conforme representado acima. A função do gestor de recursos humanos é mostrar uma nova visão, que contempla um sistema integrado dentro da empresa, onde uma área não sobrevive sem interligar-se a outras e o indivíduo precisa estar inserido fazendo parte das soluções não só de sua área, mas entender o todo e o porquê das mudanças. Para Chiavenato (1999), a mudança representa a principal característica dos tempos contemporâneos. Ele defende que a mudança envolve transformação e passa por três etapas: descongelamento que é a etapa que tira o colaborador da zona de conforto, depois ocorre a mudança proposta e a seguir ocorre o recongelamento que é a etapa final em que as novas ideias e práticas são consolidadas e incorporadas ao comportamento. O RH deve atuar como esclarecedor das dúvidas que envolvem as mudanças, e ter um planejamento que é conhecido como “Gestão de Mudança”, que prevê um gerenciamento de tais transformações. Dessa forma, percebe-se que ao planejar uma mudança é necessário adotar práticas de envolvimento que contemplem a equipe e que esses entendam as mudanças propostas, pois serão os responsáveis diretos pelo sucesso ou fracasso das transformações. Chiavenato (2010, p.41) afirma que: “as pessoas devem ser visualizadas como parceiras das organizações” e como tais, são fornecedoras de conhecimentos e habilidades. As organizações bem-sucedidas que entendem isso e tratam seus colaboradores como parceiros e conseguem o sucesso em momentos de transições. Entendendo esse conceito, é possível afirmar que o gestor de RH deve ter uma visão sistêmica e conduzir seu liderado as mudanças necessárias. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Um sistema tecnológico é um conjunto de elementos interligados, que forma uma unidade organizada e dentro da empresa não é diferente. As áreas precisam estar interconectadas para que a máquina administrativa funcione. Planejar, analisar, organizar, interligar, negociar, liderar, ajudar nas decisões e ainda implementar todo o processo de mudança na organização, são atributos esperados de um Gestor de Recursos Humanos. As empresas estão caminhando para um processo de aperfeiçoamento e é necessário que o líder de RH transforme sua visão míope para uma visão sistêmica, onde não há espaço para problemas e sim soluções. Ele não entende só de um processo, mas sabe desenhá-los, não se vê como a resposta de tudo, mas sabe buscar as soluções através de um aperfeiçoamento constante e muita disposição. Visão sistemática é a competência de ver ocorrências únicas, sem deixar de analisar o todo, e a partir dessa análise ter a habilidade de tomar a decisão assertiva que melhor atenda os interesses da organização e dos colaboradores. As organizações atendem necessidades de seus colaboradores e em contra partida conseguem alcançar seus objetivos através deles e nessa perspectiva, a figura do Gestor de Recursos Humanos, deve ser a ponte entre a organização e as pessoas. Ele precisa ser um visionário do negócio, juntamente com a área estratégica da empresa e deve administrar sua área com as pessoas e para as pessoas sem deixar de cuidar dos indicadores. É necessário entender os processos internos, como eles são influenciados pelo ambiente externo, e jamais deixar de desenvolver uma comunicação interna que esclareça aos colaboradores qual o papel de cada um em processos cotidianos ou de mudança, afim que todos compreendam suas funções e produzam o melhor resultado. Diante das exigências do mercado é possível afirmar que o Gestor de RH é um especialista que deve passar por constante renovação e faz-se necessário desenvolver uma visão sistêmica, exigindo que seus conhecimentos sejam mais amplos em relação aos outros colaboradores. Portanto o Gestor de RH precisa ser confiante em sua capacidade, transmitir segurança, defender ideias mesmo que em alguns momentos tenha que administrar conflitos, assumir riscos e posicionar-se diante de todos e ver o todo para que suas ações sejam assertivas. A observação de detalhes e a antecipação de problemas são habilidades que devem ser buscadas e cultivadas com intuito de desenvolver uma carreira sólida e promissora. ABSTRACT The world has undergone significant changes in all areas and to accompany them, it is necessary to intensify studies in Human Resources aimed at training professionals with a broader view. The approach will be based on authors such as Chiavenato (1994, 2002, 2009, 2010), Cury (2000), Maximiano (2009), Meireles (2003) among others, through his works have presented an innovative vision for Manager of the behavior of human resources in organizations. People have need to be valued and involved in the process and when they feel part of the whole, are more productive, leading the company to success. In this scenario there is the important figure of the Human Resources Manager, you must have a systemic vision and exercise leadership aligned with processes involving the area. This professional has the power to make decisions that directly affect the outcome, since just not do certain things, but it is necessary above all do the right things, in order to obtain satisfactory results within strategic management, to achieve consequent differentiation in the market. It is understandable then, that an individual with systemic vision has the ability to "see" the company as a whole and people can integrate the processes in order to obtain changes and results. Keywords: Systemic View. Leadership. Strategic management. REFERÊNCIAS ADAIR, John. Como tornar-se um líder. Tradução Elke Beatriz Riedel. São Paulo: Nobel, 2000. CHIAVENATO, IDALBERTO. Iniciação à Administração de Pessoal. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. _______. Gestão de Pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004a. _______. Gestão de Pessoas: O novo papel dos recursos humanos nas organizações. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Campus Ltda,1999 _______. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7. e.d. São Paulo: Elsevier Editora Ltda, 2004b. _______. Recursos Humanos, edição compacta. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. _______. Os novos paradigmas: como as mudanças estão mexendo com as empresas. São Paulo: Atlas, 1996. _______. Recursos Humanos: O capital humano das organizações. 9. ed. 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