P036 Desafio Anestésico na Atrésia do Esófago
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P036 Desafio Anestésico na Atrésia do Esófago
P036 rapidez, eficácia, segurança e por ser minimamente doloroso2, o que permite a administração de doses mínimas de sedativos e máxima colaboração dos doentes, nomeadamente, em idade pediátrica3. Referências 1. Textbook of Regional Anesthesia 2002; 21: 379-396. 2. Anesth Analg 1989; 69: 705-13. 3. Anesth Analg 2000; 91:16–26. Desafio Anestésico na Atrésia do Esófago - A propósito de um caso clínico C. Maio*, M. Canas**, C. Barreiros***, S. Saragoza****, I. Neves*****, F. Lima****** * I. C. A. HSM **I. C. A. CHL - ZCentral ***I. C. A. H. F. Fonseca ****A. H. HSM *****A. H. Gr. HSM ******Dir. S. A. HSM Resumo Introdução: A atrésia do esófago embora rara, quando ocorre, exige correcção cirúrgica urgente que pode ser ou não definitiva. Fístulas traqueo-esofágicas de dimensões e localizações variáveis são frequentes. A prematuridade e/ou malformações congénitas estão em elevado número presentes.A propósito de um caso clínico, os autores fizeram uma revisão das implicações anestésicas e dos desafios que esta patologia coloca. Caso Clínico: Recém-nascido (RN) do sexo masculino, 48h de vida, caucasiano, 2890g, com o diagnóstico de atrésia do esófago tipo IIIB. Gravidez vigiada, parto de termo eutócico, índice de Apgar 9/10. Incapacidade de progressão de sonda naso/orogástrica, com acumulação de secreções orofaríngeas em abundância. Radiograma simples toracoabdominal revelou enrolamento da sonda na região esofágica superior e presença de ar no estômago. A técnica anestésica realizada foi anestesia geral balanceada. Monitorização standard com temperatura periférica, bloqueio neuromuscular, débito urinário e laboratorial. Indução endovenosa com fentanil e tiopental sódico. Intubação orotraqueal com tubo 3,5 sem cuff, dificultada pela presença de secreções em abundância. Manutenção anestésica com ar/O 2 50%, sevoflurano, fentanil e atracúrio. Intraoperatoriamente houve necessidade de re-intubação por deslocação do tubo traqueal para a fístula traqueo-esofágica. No decurso das 3 horas de cirurgia o doente esteve em decúbito lateral esquerdo, com boa estabilidade hemodinâmica. Ficou ventilado na UCI Neonatais. O pósoperatório decorreu sem intercorrências, ao 4º dia extubação, ao 7º dia esofagografia sem alterações, ao 9º dia início de alimentação oral bem tolerada e ao 21º dia alta. 43 Discussão: A atrésia do esófago tem uma incidência de 1 para 3000/4000 nascimentos3. A classificação de Gross define 5 tipos diferentes de atrésia esofágica, dos quais o tipo IIIB é o mais comum, ocorrendo em 90% dos casos. 30 a 40% destes doentes são prematuros e cerca de 20% são portadores de cardiopatia. As Síndromes de VATER e VACTERL também podem estar presentes1. Hidrâmnios durante a gravidez é um factor de suspeição desta situação assim como partos de pré-termo. Estes RN apresentam salivação excessiva, cianose, tosse e engasgamento frequentes. O diagnóstico é feito pela impossibilidade de passagem da sonda gástrica e pela visualização no Radiograma da sonda enrolada na bolsa esofágica superior2.A infecção respiratória por aspiração de secreções e presença de fístula, são duas identidades que podem dificultar muito a ventilação destes doentes. A cobertura antibiótica, a aspiração de secreções e o correcto posicionamento da cabeça são aqui fundamentais. A ventilação por pressão positiva tem que ser criteriosa pelo perigo de distensão gástrica, através da fístula, com o inerente agravamento da ventilação. A tensão arterial invasiva é de equacionar quando há doença cardíaca, e/ou grande instabilidade ventilatória e/ou hemodinâmica. A ventilação mecânica no pós-operatório está indicada na grande maioria dos casos. Conclusões: O grande desafio que estes doentes representam, é sem dúvida a sua ventilação. Assim, podemos afirmar que o correcto posicionamento do tubo traqueal com a absoluta certeza da não ventilação da fístula, são marcos a ultrapassar para atingir uma correcta e eficaz ventilação. Referências: 1. Stoelting, R. Anesthesia and Co-Existing Disease, 4ªed, Churchill Livingstone. 2. Litman, R., Pediatric Anesthesia: The Requisites in Anesthesiology, Mosby Elsevier. 3. Motoyama, E., Smith’s Anesthesia for Infants and Children, 7ªed, Mosby Elsevier. Revista SPA ‘ vol. 16 ‘ nº 1 ‘ Fevereiro 2007