down-revista - Revistas Científicas – Estacio-FIC

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down-revista - Revistas Científicas – Estacio-FIC
o
REVISTA DOS CURSOS DE SAÚDE
CORPVS/Rev. dos Cursos de saúde da Estácio|FIC
ESTÁCIO | FIC
Fortaleza
v.1
n.19
p. 08-62
jul./set. 2011
DIREÇÃO GERAL
Ana Flávia Alcântara Rocha Chaves
DIREÇÃO ACADÊMICA
Candice Costa Nobrega
EDITOR-CHEFE CORPVS
Dr. Vasco Pinheiro Diógenes Bastos - FIC
Dra. Raimunda Hermelinda Maia Macena - UFC
EDITORIA CIENTÍFICA
Esp. Antônio Carlos da Silva - FIC
[email protected]
Ms. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos FIC/ UECE
[email protected]
Dra. Rosiléa Alves de Sousa - FIC
[email protected]
CONSELHO EDITORIAL:
Andréa Cristina Silva Benevides - FIC
Angela Massayo Ginbo - FMJ
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Eldair Melo Mesquita Filho - FIC
Eniziê Paiva Weyne Rodrigues - FIC
Estélio Henrique Martin Dantas - FIC
Maria do Socorro Quintino Farias – FIC
Nilce Almino de Freitas-IJF
Evandro Martins - FIC
Paulo Marconi Linhares Mendonça - FIC
Sheilimar Regina Barragão de Sá Magalhães – FIC
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Antonio Carlos da Silva
Humberto Alves de Araújo
Gabriela Casimiro Linhares
Mariana André Cavalcante
REVISÃO DE TEXTOS
Ms. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos - UECE
Ms.Rosana Cátia Barbosa Terceiro - FIC
Ms. Raimunda Maria do Socorro Sanches de Brito - FIC
Esp. Antônio Orion Paiva
Ms. Mirna Gurgel Carlos da Silva – FIC
NORMALIZAÇÃO
Luiza Helena de Jesus Barbosa - CRB - 830
CORPVS/Revista dos Cursos de saúde da Estácio|FIC.
– v.1, n.1, (jan./mar.2007). – Fortaleza: Faculdade Integrada do
Ceará,2007.
v.: il, 30 cm
Trimestral
ISSN 1980-9166
v.1, n.19, jul./set.2011
1.Saúde,Periódicos
2.Educação Física
Hospitalar I. Título II. Faculdade Integrada do Ceará.
3.Fisioterapia
4.Gestão
CDD 612
v.1 - n. 19 - jul./set. 2011 - ISSN 1980-9166
o
REVISTA DOS CURSOS DE SAÚDE
ESTÁCIO | FIC
Editorial
É com grande orgulho que apresentamos a 19a. edição da Revista Corpvs. Entendendo que a disseminação de conhecimentos contribui no incremento da qualidade das
ações assistenciais em saúde, neste número são apresentados oito estudos sobre saúde do
adulto.
Dois trabalhos são relativos a saúde do trabalhador, o primeiro: Utilização do Estudo de Tempos para Determinação da Capacidade de um Posto de Trabalho de Operador
de Fabricação de Fluidos para Poços de Petróleo de Aragão e Fontenelle e o segundo:
Análise Ergonômica do Campo de Trabalho da Equipe de Limpeza da Faculdade Estácio do Ceará de Coelho et al.
A área de saúde da mulher está contemplada no artigo sobre Aleitamento Materno:
Percepções e Dificuldades da Mulher Durante o Puerperio Imediato de Pinheiro et al.
A saúde do homem está representada no estudo sobre a Prevalência de Lesões Mioarticulares em Membros Inferiores de Praticantes de Futebolde Campo de Oliveira et al
e no trabalho sobre a Atividade Física como Estratégia de Enfrentamento dos Efeitos
Adversos da Terapia Haart para Portadores do Hiv/Aids: Uma Cartografia da Produção
na Bireme de Martins et al.
Temas teóricos estão presentes nos estudos de Sombra et al O Efeito de Palestras
Educativas na Evolução da Dor e do Autocuidado na Coluna Vertebral , Queiroz et
sobre o Uso da Pompage na Liberação de Fáscias e no trabalho sobre Alterações Pulmonares em Pacientes Portadores de Doença Cérebro Vascular de Freitas, Souza e Souza.
Que todos tenham uma leitura proveitosa!
Sumário
ARTIGOS ORIGINAIS
Aleitamento Materno: Percepções e Dificuldades da Mulher Durante o Puerperio Imediato .
.
7
Antônia Alzeneide Pinheiro,Rosiléa Alves de Sousa,Laura de Oliveira Andrade,
Antonia do Carmo Soares Campos,Maria Jocineide Rodrigues
O Efeito de Palestras Educativas na Evolução da Dor e do Autocuidado na Coluna Vertebral .
. 15
Ticiane Braga Sombra, Giselle Notini Arcanjo, Ismênia de Carvalho Brasileiro,
Kalina Kelma Oliveira de Sousa
Alterações Pulmonares em Pacientes Portadores de Doença Cérebro Vascular .
.
.
.
.
. 21
Ivana Marinho Paiva Freitas, Greicy Coelho de Souza, Luiz Eduardo Lopes de Souza
Utilização do Estudo de Tempos para Determinação da Capacidade de um Posto de Trabalho de
Operador de Fabricação de Fluidos para Poços de Petróleo . . . . . . . . . . . . 26
Arbene de Oliveira Aragão, Maria Aridenise Macena Fontenelle
Análise Ergonômica do Campo de Trabalho da Equipe de Limpeza da Faculdade
Estácio do Ceará . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Helaine Cristina Coelho, Caio Átila Prata Bezerra de Sousa, Thiago Brasileiro de Vasconcelos,
Marineide Meireles Nogueira, Raimunda Hermelinda Maia Macena, Teresa Maria da Silva Câmara,
Vasco Pinheiro Diógenes Bastos
ARTIGOS DE REVISÃO
Uso da Pompage na Liberação de Fáscias .
.
.
.
.
.
.
.
.
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.
.
.
.
. 40
Geovana Ximenes Aragão Queiroz, Ana Cristina Miranda Henriques, Maria Arivelise Macena Maia
Prevalência de Lesões Mioarticulares em Membros Inferiores de Praticantes de Futebol
de Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Rodrigo Antonio da Cruz Oliveira, Geraldo Flamarion da Ponte Liberato Filho,
Teresa Maria da Silva Câmara, Raimunda Magalhães da Silva, Cleoneide Paulo Oliveira Pinheiro
A Atividade Física como Estratégia de Enfrentamento dos Efeitos Adversos da Terapia Haart para
Portadores do Hiv/Aids: Uma Cartografia da Produção na Bireme. . . . . . . . . . . 51
Samuel Portugal Prado Martins, Telma Alves Martins, Raimunda Hermelinda Maia Macena, Aldeisa Gadelha.
Artigos Originais
Artigos Originais
Aleitamento Materno: Percepções e Dificuldades da Mulher Durante o
Puerperio Imediato
Antônia Alzeneide PinheiroI
Rosiléa Alves de Sousa II
Laura de Oliveira Andrade III
Antonia do Carmo Soares Campos IV
Maria Jocineide RodriguesV
RESUMO
Estudo descritivo, com abordagem qualitativa, teve por objetivos conhecer e analisar as dificuldades, por parte das mulheres, na
amamentação no puerpério imediato; identificar os fatores que mais interferem no aleitamento materno no período do puerpério
imediato. Foi desenvolvido em uma Maternidade Pública em Fortaleza, Ceará, Brasil, com 12 puerperas. Os dados foram coletados
no período de novembro a janeiro de 2010, por meio de entrevista semiestruturada. Na análise dos dados foram identificados os seguintes temas primeiro contato com seu filho e a amamentação: expectativas da puérpera; dificuldades encontradas pelas puérperas
em iniciar a lactação; apoio para amamentar: as puérperas com a palavra; benefícios da amamentação para o binômio mãe-filho: percepção das puérperas e disposição da puérpera e do bebê. Conclui-se que compreender o significado do contato precoce mãe-filho
implica em respeitar o desejo, a cultura e o suporte social de cada mulher. As principais dificuldades mais citadas foram: o relato do
medo, muitas vezes trazidos culturalmente de geração a geração; a insegurança quanto à quantidade de leite o suficiente para saciar
a criança; a falta de orientação sobre o aleitamento materno, relacionados a posicionamento e pega correta; como também apoio em
casa, principalmente, por parte do companheiro.
Palavras- chaves: Aleitamento Materno. Desmame Precoce. Período pós-parto.
ABSTRACT
Descriptive study with qualitative approach, aimed to understand and analyze the difficulties for women, breastfeeding postpartum,
to identify the factors that interfere with breastfeeding in the postpartum period. It was developed in a public maternity in Fortaleza, Ceara, Brazil, with 12 mothers. Data were collected between November to January, 2010, through semi-structured interview. In
the data analysis identified the following issues first contact with his son and breastfeeding, postpartum expectations, difficulties
encountered by mothers to initiate breastfeeding, support for breastfeeding, the mothers with the word; benefits of breastfeeding
for both mother and child: perception of mothers and provision of postpartum and baby. We conclude that understanding the
significance of early mother-child contact involves the desire to respect the culture and social support for each woman. The main
difficulties most often cited were: the story of fear, often brought culturally from generation to generation, the uncertainty about
the amount of milk enough to feed the child, the lack of guidance on breastfeeding, related to positioning and latch properly , as
well as support at home, especially the partner.
Keywords: Breastfeeding. Early weaning. Postpartum period.
I. Enfermeira graduada pela Universidade de Fortaleza
II. Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente e Coordenadora do curso de Enfermagem do Centro Universitário Estácio do Ceará.
III. Enfermeira graduada pela Universidade de Fortaleza.
IV. Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Universidade de Fortaleza.
V. Enfermeira graduada pela Universidade de Fortaleza. Atua no Hospital Geral de Fortaleza
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
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Aleitamento Materno: Percepções e Dificuldades
INTRODUÇÃO
O leite humano é um líquido complexo e exclusivo
desta espécie, destinado a preencher as necessidades do
recém- nascido humano. É uma substância dinâmica, cuja
composição muda para preencher as diferentes necessidades nutricionais e imunológicas do bebê. O leite humano
contém fatores antimicrobianos (anticorpos) que protegem
contra um amplo espectro de infecções bacterianas, virais
e protozoárias1.
O aleitamento materno é sinônimo de sobrevivência
para o recém-nascido, sendo, portanto, um direito inato. É
uma das maneiras mais eficientes de atender aos aspectos
nutricionais, imunológicos e psicológicos da criança em
seu primeiro ano de vida 2.
Estima-se que o aleitamento natural esteja declinando,
não obstante cerca de 2/3 das mães em todo o mundo ainda
amamentam seus infantes, pelo menos, durante 3 meses.
A incidência da amamentação varia desde taxas tão baixas quanto 25% nos Estados Unidos, para quase 100% nas
áreas rurais dos países em desenvolvimento. As mulheres
do campo, nessas regiões, frequentemente aleitam por 18 a
24 meses, enquanto as lactantes nos países desenvolvidos o
fazem por apenas 2 ou 3 meses3.
Em países subdesenvolvidos, o aleitamento materno
é primordial para a sobrevivência de crianças cujas famílias são de baixa renda. Estas crianças se encontram
vulneráveis às infecções frequentes, desnutrição e falta de
saneamento básico3. Em razão disto, o aleitamento materno foi instituído e reafirmado ao longo dos tempos, como
estratégia simplificada na atenção primária para a redução
da morbidade e mortalidade infantil4.
A política de saúde no Brasil tem priorizado, dentre
outras, as ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, como estratégia fundamental para a
redução da mortalidade infantil no país e para a melhoria
da qualidade de saúde das crianças brasileiras5.
O real impacto social do aleitamento materno pode
ser quantificado através da diminuição de atendimento
médico, hospitalizações e do uso de medicamentos, como
também, menor absenteísmo dos pais ao trabalho, uma
vez que as crianças que recebem leite materno adoecem
menos6.
O profissional de saúde deve identificar durante o pré-natal os conhecimentos, a experiência prática, as crenças
e a vivência social e familiar da gestante a fim de promover educação em saúde para o aleitamento materno, assim
como, garantir vigilância e efetividade durante a assistência à nutriz no pós-parto7. O conhecimento das mães sobre
os benefícios de amamentação para ela e para a criança é
fator determinante na prevalência e duração dessa prática8.
Pinheiro et al
O apoio constante a mãe favorece a sua autoconfiança e
proporciona uma experiência de amamentação satisfatória
e bem sucedida1.
Os primeiros dias após o parto são cruciais para o aleitamento materno bem sucedido, pois é nesse período que
a lactação se estabelece, além de ser um período de intenso aprendizado para a mãe e adaptação do recém-nascido.
Daí a importância do acompanhamento intensivo no
pós-parto e após a alta hospitalar, através de visitas domiciliares, pois várias dúvidas e problemas podem surgir e
tornar a mulher vulnerável e insegura7.
Nesse período, o enfermeiro pode intervir, reforçando
as orientações, buscando solucionar os problemas, prevenindo e ajudando a superar as dificuldades da puérpera,
evitando, assim, o uso de complementos e de seus possíveis
efeitos deletérios.
Para que todas as expectativas maternas e as necessidades do recém-nascido quanto ao aleitamento sejam
atendidas, toda a equipe multiprofissional da instituição
deve atuar junto às puérperas e aos familiares, informando
as estratégias e vantagens de se iniciar e dar continuidade
ao processo de aleitamento7.
A presente pesquisa se justifica, devido à necessidade de conhecer as principais dificuldades vivenciadas
pelas mães, no que diz respeito a amamentar seu filho
no puerpério imediato, pois este é um período relevante
para que o aleitamento materno se estabeleça e continue
durante os seis meses necessários ao bebê. A partir daí
como profissionais de enfermagem, pode-se intervir nos
fatores que causam inseguranças, medos e angustias que
venham prejudicar ou interferir na prática do aleitamento
materno, prevenindo, assim, fatores que causam o desmame precoce.
Nesse contexto, formam-se objetivos desse estudo:
analisar as dificuldades, por parte das mulheres, na amamentação no puerpério imediato; identificar os fatores que
mais interferem no aleitamento materno no período do
puerpério imediato.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem
qualitativa, realizado em uma maternidade pública de
referência localizada na cidade de Fortaleza-Ceará e caracterizada como uma instituição pública federal e um
hospital-escola de grande porte.
Foram sujeitos do estudo doze nutrizes, que estavam
no puerpério imediato, período que vai desde o primeiro
até o décimo dia após o parto10. Foi critério de inclusão: ter
sido assistida na referida instituição, independente do tipo
de parto e de terem ou não amamentado anteriormente.
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Aleitamento Materno: Percepções e Dificuldades
Pinheiro et al
A coleta de dados foi realizada no período de novembro
de 2009 a janeiro de 2010, tendo como técnica a entrevista
semiestruturada abordando dados de identificação e questionamentos com base nos objetivos propostos.
Os dados foram analisados de acordo com a literatura
pertinente ao tema e apresentados em quadros e discussões textuais. As falas dos participantes foram apoiadas na
análise de conteúdo11.
Os aspectos éticos e legais foram contemplados, de
acordo com a Resolução 196/96 da Comissão Nacional de
Saúde12. Todas assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e foram identificadas por um codinome
composto da letra P (puérpera) acompanhada de número
subscrito (posicionado levemente abaixo do texto), garantindo, assim, o seu anonimato. O presente estudo foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Fortaleza-UNIFOR, de acordo com o protocolo 141/2007.
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para possibilitar melhor visualização, os dados foram
organizados em quadros e expostos a seguir:
Codinome
Idade
Estado civil
Escolaridade
Nº de
Filhos
Renda
Familiar
P1
21
Casada
2ºgrau
02
Mais de 1 salário
P2
30
Solteira
2ºgrau
01
Até 1 salário
P3
17
União estável
1ºgrau
01
Até 1 salário
P4
21
União estável
1ºgrau
01
Até 1 salário
P5
23
União estável
2ºgrau
02
Até 1 salário
P6
20
Casada
1ºgrau
01
Até 1 salário
P7
24
União estável
2ºgrau
02
Até 1 salário
P8
25
União estável
1ºgrau
02
Mais de 1 salário
P9
25
União estável
2ºgrau
03
Mais de 1 salário
P10
35
União estável
1ºgrau
03
Até 1 salário
P11
32
Casada
2ºgrau
02
Até 1 salário
P12
19
Casada
2ºgrau
03
Mais de 1 salário
Quadro 1 - Dados sócio demográficos das participantes da pesquisa, Maternidade
pública de Fortaleza, 2010.
Fonte: Dados da Pesquisa.
De acordo com o Quadro 1, as puérperas entrevistadas
encontravam-se na faixa etária entre 17 a 35 anos, sendo consideradas mulheres jovens e em idade apropriada
para a função reprodutiva. Quanto ao estado civil, uma
era solteira, quatro casadas e sete viviam em união estável.
Todas eram alfabetizadas, sendo, que apenas sete possuíam segundo grau completo e cinco ensino fundamental. A
respeito da renda familiar cerca de oito viviam com renda de até um salário mínimo e quatro com mais de um.
Quanto ao número de gestações nove eram primíparas e
três multíparas.
Em um estudo longitudinal com 522 mulheres em
1999, realizado nos Estados Unidos, pesquisadores13, ao
avaliarem fatores que contribuíram para o sucesso da amamentação no período pós-parto imediato, encontraram
melhores resultados para mães mais velhas, casadas, com
educação elevada, cujos companheiros tivessem participado da decisão de amamentar, assim como, ter planejado
previamente o tempo que pretendiam amamentar.
Quando perguntadas sobre ao acompanhamento
pré-natal todas afirmaram tê-lo realizado. Porém, nove receberam orientação sobre aleitamento materno e as demais
três não. Quanto ao preparo das mamas para a amamentação apenas seis informaram ter recebido este tipo de
orientação.
Os profissionais de saúde têm um papel importante
no incentivo e no apoio das mulheres para o aleitamento materno. Primíparas e adolescentes merecem atenção
especial, pela inexperiência e insegurança, e devem ter
um acompanhamento pré-natal rico em informações para
que sejam sanados seus medos, esclarecidas suas dúvidas,
crenças e mitos sobre o aleitamento materno, como forma
de prevenir quaisquer complicações que possam ocorrer
durante o processo de amamentação14.
Primeiro contato com seu filho e a amamentação:
expectativas da puérpera
A amamentação é um conjunto complexo de ações resultantes de um processo estimativo e avaliativo, vivenciado
pela mulher que amamenta, no decorrer de sua experiência
concreta de amamentar. Um processo cognitivo/emocional
que abrange os conhecimentos e habilidades maternas sobre
o ato de amamentar, mas que também envolve suas percepções acerca dos sentimentos provocados pela experiência da
amamentação confrontados com suas expectativas, perspectivas de vida, contexto profissional, convivências familiares,
ou seja, todo envolvimento da mulher com seu filho15.
Observa-se com o relato das mães que as expectativas
são, na sua maioria, negativas quanto ao ato de amamentar e que provavelmente estão relacionadas a experiências
anteriores mal sucedidas ou aos mitos e tabus surgidos
culturalmente.
“[...] Pensei que fosse doer muito” (P1)
“[...] Medo de não ter leite, ficava tensa, agora estou tranqüila”
(P2)
“[...] Ia doer, que eu ia chorar (P3)
“[...] Medo de não sair leite (P12)
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Aleitamento Materno: Percepções e Dificuldades
O aleitamento materno não é uma prática somente
biológica, mas social, cultural histórica e psicologicamente delineada14, por isso os mitos, as crenças e os tabus
influenciam de forma crucial a sua prática. A adaptação
à maternidade causa na mãe sentimentos de incapacidade
e confusão frente às novas exigências, levando-a a buscar
apoio para atingir novos níveis de conhecimento. É de
fundamental importância que a mulher sinta-se adequadamente assistida nas suas dúvidas e dificuldades, para
que as mesmas possam assumir com mais segurança o
papel de mãe e provedora do aleitamento de seu filho16.
“[...] Era como um sonho, não tinha entrado na minha cabeça
que eu tinha tido ele e ia botar no peito”; (P11)
A fala de P11 revela que a mulher, muitas vezes, não está
preparada para a realidade que até então não conhecia. É
a partir desse momento quando se estabelece o vínculo
mãe-filho. Com relação aos laços afetivos deste binômio,
a mulher que amamenta não está oferecendo somente leite
materno, está vivenciando um momento no qual poderá
fazer aflorar sensações prazerosas que irão influenciar sobremaneira na afetividade da mãe e do filho.
Nas primeiras semanas após o parto, a mulher torna-se mais sensível e emotiva do que era antes. Este quadro
aumenta sua capacidade de amar seu filho, mas também
faz com que fique mais facilmente nervosa.
Desse modo, o pós-parto mostra-se um período de
vulnerabilidade emocional e física para as novas mães que
podem estar psicologicamente sobrecarregadas com a responsabilidade17. Talvez daí se origine os relatos de várias
puérperas relacionados ao medo:
“[...] Medo de não ter leite, ficava tensa, agora estou tranqüila”;
(P2)
“[...] Medo de não sair leite”; (P12)
O medo é inerente ao ser mãe. O medo e a preocupação
que evidenciam estão fundados na observação da prática
cotidiana, mas também advêm de experiências anteriores
vivenciadas na família. Mantendo a mesma lógica que
estrutura os significados da amamentação e do corpo materno, as mulheres assumem a responsabilidade e a culpa
por não cuidar do filho de forma apropriada.
Para assegurar que todas as expectativas maternas e necessidades do recém-nascido quanto ao aleitamento sejam
atendidas, toda a equipe multiprofissional da instituição
deve atuar junto às puérperas e aos familiares, informando
as estratégias e vantagens de se iniciar e dar continuidade ao processo de aleitamento. Este tipo de tratamento
Pinheiro et al
revela-se como um atendimento de qualidade a essas mães,
contribuindo para tornar a amamentação um ato de prazer
e não uma obrigação16.
Dificuldades encontradas pelas puerperas ao
iniciar a lactação
Pesquisadores18 apontam que as dificuldades encontradas pela mãe, no início da amamentação, constituem
a principal causa para a ocorrência do desmame antes do
sexto mês de vida da criança.
Quando perguntadas se sentiam alguma dificuldade
em amamentar a maioria relatou que não e apenas P3, P5 e
P11 afirmaram que sim.
“[...] Porque meus peitos estão inchando muito. Porque ele não
mama direito” (P3)
“[...] Não tinha jeito, não sei ainda bem” (P5)
“[...] O leite não sai, meus seios são muito grandes ele fica
sufocado” (P11)
As falas das puérperas entrevistadas no estudo corroboram uma pesquisa epidemiológica realizada em Ribeirão
Preto, em 1999, na qual, em um total de 1.499 mulheres
entrevistadas, 646 (43%) referiram ter apresentado “problemas na amamentação”. Dentre os problemas identificados
incluíam-se: 472 (73%) com as mamas, 60 (10,2%) com as
mamas e o bebê, 58 (8,4%) com o bebê4.
O aparecimento de fissura nos mamilos foi uma das
dificuldades para amamentar, referidas com frequência
pelas mães em estudo realizado por outro pesquisador19. A
ocorrência desta complicação está associada, na maioria dos
casos, a técnicas incorretas de pega do mamilo durante a
sucção (a criança exerce preensão apenas sobre o mamilo, ao
invés do mamilo e aréola), à forma inadequada de retirada
da criança do peito e à falta de exposição das mamas ao sol.
“Porque meus peitos estão inchando muito. Porque ele não
mama direito” (P3)
No período puerperal, o processo de lactação se torna
concreto e a capacidade de amamentar da puérpera se torna
alvo de críticas desencorajadoras e diante de dificuldades
com o bebê é colocada a dúvida da quantidade e qualidade
do leite materno. A mãe pode entender esta atitude como
incapacidade de cuidar de seu filho e como consequência
disso poderá inibir a lactação, devido à sua ansiedade20.
“[...] Não tinha jeito, não sei ainda bem” (P5).
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
11
Aleitamento Materno: Percepções e Dificuldades
Tem-se que apontar que esse não ter jeito para ela significa algo que temos que acompanhar, pois, o mau jeito
é inerente à sua falta de experiência. As mulheres tomam
para si a culpa pelo seu “mau jeito” para amamentar, o que
lhes parece resultar em um “não querer da criança” e o
fato de ela “não conseguir pegar”. Não ter “jeito” significa
ser destituída de certas capacidades como conhecimento
e prática, reforçando a ideia do aleitamento como prática
aprendida e não instintiva.
“[...] O leite não sai, meus seios são muito grandes, ele fica sufocado” (P11).
A dificuldade de saída concreta do leite e a manifestação de insatisfação da criança (choro constante)
geram dúvidas sobre a capacidade das mulheres de
suprir adequadamente a necessidade da criança. A força da fragilidade da criança de ser “pequenininha” se
impõe, expressando nessas mulheres seus sentimentos
maternos, ao mesmo tempo em que percebem que sua
capacidade para ser nutriz, a princípio “inata”, foge de
seu controle.
A maior preocupação é o fato de o bebê não conseguiu
mamar. Nesse sentido, o objeto de seu desejo é corresponder às necessidades do filho, priorizando o seu bem-estar,
em detrimento do próprio.
O reconhecimento dos benefícios do leite materno para
a criança parece sustentar as decisões dessas mulheres ante
essas situações de incômodo e desconforto. As mulheres
tomam decisões sobre a amamentação, assumindo os riscos e benefícios, e nessa situação os benefícios do ato de
amamentar são superiores aos malefícios que porventura
aconteçam à sua saúde15.
Profissionais de saúde devem ser capacitados para estar
ao lado da mãe, orientando-a no início do aleitamento materno e ajudando-a na busca de soluções para suas dúvidas
quanto ao aleitamento materno20.
Apoio para amamentar: as purperas com a palavra
Quanto ao apoio para amamentar em sua casa apenas
uma relatou que não tem este apoio. As demais onze afirmaram que recebiam apoio e dentre as pessoas que as apoiavam
foram citadas: irmã, sogra, mãe, cunhada e esposo.
O aleitamento materno, apesar de biologicamente determinado, é influenciado por fatores sociopsicoculturais.
Entre esses fatores, encontram-se a opinião e o incentivo
das pessoas que cercam a mãe, incluindo as avós maternas
e/ou paternas da criança.
Algumas mães recebem incentivos para amamentar
exclusivamente, enquanto outras sofrem forte pressão
Pinheiro et al
para adotar práticas incorporadas por gerações anteriores,
quando o desmame precoce era frequente.
A mulher, durante o período da amamentação, apresenta-se vulnerável às opiniões e aos conselhos das pessoas
com as quais interage em seu meio. Marido, avós e familiares são personagens que avaliam a situação apresentada
no cotidiano compartilhado e observando a interação mãe
e filho, emitem o seu julgamento.
As opiniões e conselhos advindos de profissionais de
saúde ou de pessoas mais próximas, também constituem
elementos que têm forte significado na avaliação que a
mãe faz do estado nutricional da criança e da sua capacidade em atender às necessidades do filho.
No Canadá, pesquisadores21 identificaram que, as
mulheres que receberam apoio de suas mães e do pai da
criança, assim como, àquelas que previamente já haviam
decidido amamentar antes da gravidez, amamentaram
seus filhos por mais tempo.
Estudo realizado em Lesoto, sul da África, registrou
que as avós estimulam a amamentação exclusiva e consideram a suplementação com água, desnecessária e prejudicial
à saúde da criança 22.
A presença do companheiro é reconhecida como um
auxílio valioso no processo da amamentação, especialmente, quando há uma participação mais efetiva nos cuidados
diários com a companheira e o filho.
O fato de as mães terem uma união estável parece exercer uma influência positiva na duração do aleitamento
materno, tanto pelo apoio social e econômico, como pelo
emocional e o educacional.
A atitude positiva do pai provavelmente contribui na
motivação e na capacidade da mãe para amamentar. Autores 23,24 relatam em trabalhos que em um grupo de crianças
,cujos pais eram bastante favoráveis ao aleitamento, verificou-se que 75% eram aleitadas exclusivamente e 98% delas
pelo menos parcialmente. Comparando-as com crianças,
cujos pais eram indiferentes ou desfavoráveis, a taxa de
aleitamento materno exclusivo caiu para 7,7%.
É importante, portanto, enfatizar que o papel desempenhado pelos pais e avós é central neste processo, sendo
fundamental que os serviços de pré- natal e pós-parto
envolva-os e valorize-os, incentivando sua participação e
colaboração no apoio à mulher para o estabelecimento do
aleitamento materno.
Benefícios da amamentação para o binômio mãefilho: percepção das puerperas.
“[...] Para ele porque ele cria peso. Para mim não sei responder”
(P3).
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
12
Aleitamento Materno: Percepções e Dificuldades
”[...] É bom para a saúde dele, para o crescimento. Para mim é
bom por que me sinto bem” (P10).
“[...] Para ele dá mais nutrição. Para mim mais amor” (P1)
“[...] Para ele é um leite forte, ele vai crescer mais saudável, vai
ser fortezinho. Para mim não sei não” (P5).
...”Para ele é evitar doenças. Para mim me sinto bem amamentando” (P8).
...“Evita câncer de mama, volta rápido ao normal, cresce saudável, forte”; (P6)
Observa-se nas falas das puérperas que elas sabem sobre
os benefícios da amamentação para o bebê, porém, quando perguntadas sobre os benefícios para a mulher, elas não
sabem dizer ou acreditam que o benefício é só em relação
ao seu bem- estar afetivo e emocional e não relacionam ao
aspecto fisiológico de seu corpo. Em pesquisa realizada4,
foi identificada uma menor relevância atribuída pelas mulheres à amamentação como benefício à sua saúde, sendo a
amamentação considerada, essencialmente, como alimento, afeto e proteção necessária à saúde do bebê.
“[...] Para ele porque ele cria peso. [...] para mim não sei responder”; (P3).
”[...] É bom para a saúde dele, para o crescimento.[...] para mim
é bom por que me sinto bem”; (M10).
Estudos mostram que o leite materno é o único alimento que garante qualidade e quantidade adequada
de nutrientes para o bebê, apresentando concentrações
ideais de proteínas, açúcares, gorduras, sais minerais e
vitaminas25. Daí a mulher relacioná-lo ao ganho de peso
do recém nascido. As vantagens nutricionais, psicológicas e de proteção contra inúmeras doenças fazem do
leite materno a melhor opção para que a criança alcance
de forma plena todo o seu potencial de crescimento e
desenvolvimento.
O aleitamento materno sob livre demanda deve ser
encorajado a fim de diminuir a perda de peso inicial
do recém-nascido e promover o estímulo precoce da
apojadura – descida do leite. O processo de amamentação
garante a manutenção do vínculo entre mãe e filho que se
inicia na gestação, cresce e se fortifica, devendo, portanto,
ser incentivada a sua continuidade para garantir bem-estar,
segurança e saúde da criança 26.
“[...] Para ele dá mais nutrição. Para mim, mais amor” (P1)
Pinheiro et al
A prática da amamentação possui uma série de benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê, sendo essencial
para o desenvolvimento afetivo mãe/filho, proporcionando uma ligação emocional muito forte que servirá como
base para futuros relacionamentos de confiança com outras pessoas.
”[...] Para ele, é evitar doenças. Para mim, me sinto bem amamentando” (P8)
O aleitamento materno favorece ao desenvolvimento
do sistema imunológico do bebê, protegendo-o contra
infecções e alergias não apenas na infância, mas também
na idade adulta. Reduz a mortalidade infantil causada por
diarréias e pneumonias como também a incidência de câncer, bronquite asmática e eczemas.
O risco de óbito por diarréia para crianças desmamadas
era 14,2 vezes maior do que o de crianças em aleitamento
materno sem suplemento lácteo, enquanto que por doenças respiratórias era 3,6 vezes maior27. Conclui-se que a
promoção do aleitamento materno poderia reduzir substancialmente a mortalidade infantil 22.
Se as crianças forem amamentadas exclusivamente
ao seio, as duas principais causas de óbito nesse período
(pneumonia e diarréia) poderão ser significativamente
reduzidas. As frações de mortalidade evitável por amamentação superam os 60% para infecção respiratória e os
80% para diarréia em todos os municípios estudados28.
“[...] Evita câncer de mama, volta rápido ao normal, cresce saudável, forte” (P6 ).
O leite materno ajuda a reduzir o sangramento após
o parto, auxilia a mãe a voltar mais rapidamente ao
peso normal e, em livre demanda, ajuda a evitar nova
gestação. Até o presente, sabe-se que há uma relação
positiva entre amamentar e menores índices de doenças como o câncer de mama, certos cânceres ovarianos
e certas fraturas ósseas causadas pela osteoporose.
Estima-se que a incidência de cânceres de mama nos
países desenvolvidos seria reduzida a mais da metade
(de 6,3 para 2,7%) se as mulheres amamentassem por
mais tempo15.
Disposição da puérpera e a do bebê
“ [...] A minha, eu sempre quero dar o melhor de mim. Ela é
muito faminta e gulosa” (P1)
“[...] Eu fiquei tensa, nervosa. Acho que transmite isso para ele
também” (P5)
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
13
Aleitamento Materno: Percepções e Dificuldades
“[...] Eu sofri muito estava cansada, mas, mesmo consegui amamentar logo e ela pegou logo” (P9)
“[...] Eu dei o peito a ele e ele aceitou bem, dói mais eu
aceito” (P11 )
[...]“Eu estava disposta e ela também, só que ela estava estressada” (P12 )
[...]“Eu fiquei tensa, nervosa. Acho que transmite isso para ele
também” (P5)
O estresse constitui um estado fisiológico (dor, cansaço,
exaustão) ou emocional (ansiedade, frustração, ambivalência) que interfere sobre a capacidade de adaptação a
situações do dia a dia 29. Dois mecanismos podem explicar
a relação entre estresse e lactação: em condições de estresse, o organismo da mãe aumenta a liberação de adrenalina,
que provoca vasoconstricção generalizada. Quando a vasoconstricção é muito intensa, a prolactina e a ocitocina
(hormônios envolvidos na produção do leite) não chegam
às células lactóforas e mioepiteliais da mama, respectivamente, comprometendo a produção de leite 30.
“[...] Ele é preguiçoso. Tenho que mexer nele para ele mamar”
(P3)
Bebês que vivenciaram situações de estresse durante o
trabalho de parto podem se apresentar fracos ou muito sonolentos, dificultando a evocação dos reflexos de preensão
e sucção eficiente da mama. A falta de sucção não gera
estímulos neuroendócrinos responsáveis pela liberação dos
hormônios envolvidos na produção do leite e comprometem a lactação29.
Pinheiro et al
CONSIDERAÇÕS FINAIS
Compreender o significado do contato precoce entre
mãe e filho e respeitar o desejo, a cultura e o suporte
social de cada mulher contribuem de forma crucial no
processo de amamentação no período do pós-parto
imediato e favorece ao aleitamento materno exclusivo.
Os resultados deste estudo confirmam que a prática
da amamentação no período imediato após o parto é
de fundamental importância para a saúde do binômio
mãe-filho, assim como, para o crescimento e o desenvolvimento do neonato.
O vínculo entre mãe e filho acontece gradativamente à medida que as incertezas, angústias e indagações vão
se dissipando. Em vista disso, torna-se imprescindível
que sejam repassadas às mães orientações corretas sobre
a prática correta de amamentar, usando uma linguagem
simples e direta.
O estudo desvelou as principais dificuldades das
mães entrevistadas na prática da amamentação. Dentre
as mais citadas estão: o medo, muitas vezes transmitido culturalmente de geração a geração, a dificuldade de
posicionamento e pega correta, a insegurança quanto à
quantidade de leite suficiente para saciar a criança; como
também a falta de apoio em casa, principalmente, o suporte do companheiro.
Pode-se afirmar que o aleitamento materno envolve
condições relacionadas a diversos aspectos da saúde, tais
como: questões nutricionais do bebê, reações psicossociais
da relação mãe-criança, indicadores de desenvolvimento
infantil, saúde geral e saúde bucal da criança, assim como,
um amplo espectro de fatores culturais e familiares predisponentes do aleitamento prolongado e do desmame
precoce.
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Submissão: 12/08/2011
Aceite: 15/08/2011
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
15
O Efeito de Palestras Educativas na Evolução da Dor e do Autocuidado na
Coluna Vertebral
Ticiane Braga Sombra I
Giselle Notini Arcanjo II
Ismênia de Carvalho BrasileiroII
Kalina Kelma Oliveira de Sousa II
RESUMO
Introdução: A dor está entre os sintomas mais comuns apresentados nos distúrbios da coluna vertebral. Sabe-se que não adianta
apenas solucioná-la de forma momentânea e retornar às atividades diárias, sendo necessário cuidados e disciplinamentos quanto à
postura; conhecimento do corpo e da causa das dores na coluna a fim de controlar e melhorar a sintomatologia. Ações educativas
podem propiciar maior conhecimento sobre o corpo e seu processo de desgaste, permitindo reflexão de atitudes e mudança de
comportamento. Objetivo: Verificar a evolução da dor e do autocuidado na coluna vertebral de participantes de palestras educativas.
Método: A pesquisa foi feita em 20 indivíduos com dores crônicas na coluna vertebral, na faixa etária variando entre 20 e 45 anos,
que iniciariam a sua participação em uma Escola de Postura. Eles foram divididos em dois grupos: o grupo I, composto por 10
voluntários que participaram de palestras educativas e foram atendidos com técnicas de terapia manual e o grupo II contendo 10
pessoas atendidas somente com técnicas de terapia manual. A coleta de dados foi feita por meio de um questionário, aplicado antes e
após as intervenções. Os dados obtidos foram inseridos numa planilha do Microsoft Excel para análise de dados. Resultados: Todos
os voluntários do grupo I tiveram o grau de dor na coluna vertebral reduzidos após as intevenções, com uma melhora de 3,7 na média
de dor; como também o aumento do autocuidado. No grupo 2, todos os indivíduos também tiveram alívio de dor, porém com uma
redução na média de dor de apenas 1,9. O índice de autocuidado neste grupo permaneceu constante em 80% dos indivíduos, que
difere do grupo I, visto que todos deste grupo evoluíram nesta variável. Conclusão: Nesse estudo foi possível concluir que dores na
coluna vertebral são reduzidas a intensidades muito menores com o aumento da realização do autocuidado, promovidos pela intervenção educativa aliada a tratamento manipulativo.
Palavras-chave: Dor. Autocuidado. Coluna vertebral. Educação em saúde.
ABSTRACT
Introduction: Pain is among the most common symptoms reported in disorders of the spine. It is known that no good just solve it
for the moment and return to daily activities, requiring care and discipline in posture, body knowledge and the cause of back pain
in order to monitor and improve symptoms. Educational activities can provide greater knowledge about the body and the wear
process, allowing reflection of attitudes and behavior change. Objective: To investigate the evolution of pain and self-care in the
spine of participants of educational lectures. Method: The survey was conducted in 20 individuals with chronic pain in the spine,
aged between 20 and 45, were about to start their participation in a School Program. They were divided into two groups: group I
consisted of 10 volunteers who participated in lectures and were treated with manual therapy techniques and group II containing
10 persons met only with manual therapy techniques. Data collection was done through a questionnaire administered before and
after intervention. Data were entered in a Microsoft Excel spreadsheet for data analysis. Results: All subjects in Group I had the
degree of pain in the lower spine after intevenções, with an improvement of 3.7 in mean pain, as well as increased self-care. In group
II, all subjects also had relief of pain, but with a reduction in average pain of only 1.9. The rate of self-care in this group remained
constant at 80% of individuals, which differs from group I, since all of this group evolved in this variable. Conclusion: In this study
it was concluded that spinal pains are reduced to much lower intensities with increasing realization of self-care promoted by the
educational intervention combined with manipulative treatment.
Keywords: Pain, self-care, spine, health education.
I. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Estácio - Faculdade Integrada do Ceará (FIC), Fortaleza, Ceará, Brasil.
II. Fisioterapeuta, Profa. Ms. do curso de Fisioterapia da Estácio - Faculdade Integrada do Ceará (FIC), Fortaleza, Ceará, Brasil.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
16
O Efeito de Palestras Educativas na Evolução da Dor e do Autocuidado na Coluna Vertebral
INTRODUÇÃO
A dor está entre os sintomas mais comuns apresentados
nos distúrbios da coluna vertebral(1). Ela pode estar relacionada a problemas de ordem postural, em decorrência
das atividades diárias; fatores ambientais inadequados sejam familiares, profissionais ou de estudo; mudanças da
estrutura corporal, como o estado de gravidez e obesidade;
permanência por prolongado tempo em incorreta posição
sentado, em pé ou no ato de dirigir veículo automotor;
tipo de trabalho e nível de atividade física e em razão de
comportamentos sedentários2.
Variáveis genéticas, psicossociais, econômicas, acesso
às políticas sociais, educacionais e de saúde, precárias condições de vida e de saúde, também podem influenciar no
agravamento desse sintoma 3,4.
Aproximadamente 80% da população, em algum momento de sua vida, apresentaram queixas de dores na
coluna 5. Esse incômodo atualmente tem seu início cada
vez mais precoce6.
A incidência e a prevalência de algias na coluna são tão
frequentes que devem ser estudadas como uma desordem
epidêmica, social e que causam grandes prejuízos econômicos, pois são as mais frequentes nos serviços de saúde,
as principais causas de afastamento de trabalho e de benefícios requeridos à Previdência pela deficiência causada 5,7.
Muitos estudos referem que não adianta apenas solucionar a dor momentânea e retornar às atividades diárias,
sendo necessários cuidados e disciplinamentos quanto à
postura; conhecimento do corpo e da causa das dores na
coluna a fim de controlar e melhorar a sintomatologia8.
O estudo de Oliveira9 refere que as palestras educativas
podem propiciar maior conhecimento sobre o corpo e seu
processo de desgaste, permitindo as pessoas uma reflexão de atitudes e mudança de comportamento. Este pode
ser um bom princípio para despertar o interesse sobre o
próprio corpo e responsabilidade individual para o autocuidado, ou seja, posicionamento adequado nas atividades
de vida diária e no trabalho.
Dessa forma, como referência de tratamento da dor na
coluna, foi criada na Suécia, em 1969, pela fisioterapeuta
Mariane Zachrisson-Forssell, a Escola de Postura9. Este
método foi desenvolvido em diversos países com diversas
adaptações e, introduzida no Brasil a partir de 1980, quando Knoplich trouxe-o para o Hospital do Servidor Público
em São Paulo no Centro de Ensino da Fisioterapia11.
A Escola de Postura gera e proporciona a comunidade um atendimento especializado em prevenção e
tratamento precoce da coluna vertebral e, particularmente, auxilia no tratamento reabilitador da coluna e
nos casos de dor crônica9.
Sombra et al
Assim, a autoeducação para uma mudança de atitudes
posturais e o controle da dor são os objetivos propostos
da Back School ou Escola de Posturas, um método de
orientação postural composto por informações teóricas
educativas, prática de exercícios terapêuticos e treino de
relaxamento12.
Porém, a maioria das pessoas procuram a Escola de
Postura, Escola de Coluna ou Back School para tratarem
dores crônicas na coluna vertebral e não para buscarem
formas de prevenção13.
Observando estes conceitos, desenvolveu-se este estudo com a finalidade de verificar o efeito de palestras
educativas na evolução da dor e do autocuidado na coluna
vertebral dos participantes de uma Escola de Postura, que
acrescenta na sua abordagem de tratamento técnicas de
terapia manual.
Dessa forma, a integração das intervenções aplicadas
na Escola de Postura foi avaliada, esclarecendo se elas têm
sido adequadas ou se há necessidade de modificar as estratégias de intervenção, diminuindo os riscos da reincidiva
da dor ou sua continuidade e, consequentemente, beneficiando o participante quanto a melhora do atendimento.
Portanto, poderá fortalecer a ideia que a educação em
saúde ao ser aplicada juntamente com a terapêutica, seja
ela medicamentosa ou fisioterapêutica, poderá reduzir ou eliminar em um tempo menor as dores na coluna,
melhorando a qualidade de vida dos indivíduos e, consequentemente, beneficiando a comunidade, como também
promovendo a divulgação da atuação do projeto na saúde
coletiva.
MÉTODO
O presente trabalho trata-se de um estudo de natureza quantitativa de caráter longitudinal, observacional e
comparativo.
Respeitando as normas que regulamentam pesquisa em
seres humanos contidas na Resolução n.º196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o estudo foi aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da Estácio – Faculdade Integrada do
Ceará (Protocolo: 156/09).
A amostra foi composta por 20 indivíduos selecionados
aleatoriamente, com dores na coluna vertebral com duração no mínimo de seis meses, na faixa etária variando
entre 20 e 45 anos, que iniciariam a sua participação no
Projeto de Responsabilidade Social Escola de Postura e
Terapia Manual da Estácio – Faculdade Integrada do Ceará no período de fevereiro a maio de 2010.
Eles foram divididos em dois grupos: o grupo I, composto por 10 voluntários que participaram de palestras
educativas e foram atendidos com técnicas de terapia
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
17
O Efeito de Palestras Educativas na Evolução da Dor e do Autocuidado na Coluna Vertebral
manual e o grupo II contendo 10 pessoas atendidas somente com técnicas de terapia manual. Os sujeitos do
grupo II foram orientados a não participar das palestras
educativas durante a sua participação na pesquisa. Porém, após o término do estudo poderiam assistí-las caso
interessarem.
As pessoas que se recusaram a participar do estudo, não
assinando o termo de consentimento livre e esclarecido e
pós-esclarecimento, seriam automaticamente excluídas da
pesquisa. Também foram excluídos os indivíduos que sentiam dores na coluna vertebral de forma crônica em estado
agudizado e pessoas que já havia participado de qualquer
Escola de Postura.
Os indivíduos que entregarem o(os) questionário(os)
incompletos e tiverem grau de dor menor de 2 foram automaticamente suspensos do estudo, além daqueles que não
realizaram o mínimo de 5 atendimentos com técnicas de
terapia manual em um período de 8 semanas e os que não
participaram de pelo menos 2 dias de palestras educativas.
Já no grupo II foram suspensos os indivíduos que se ausentaram em pelo menos 5 atendimentos com técnicas de
terapia manual durante as 8 semanas.
A coleta de dados foi feita por meio de um questionário com 13 questões sobre intensidade de dor na coluna
vertebral, de acordo com Escala Analógica Visual da Dor
quantificada de 1 a 10; as posturas e medidas que deveriam
adotar ao caminhar, sentar, dormir, carregar peso, dirigir,
realizar atividades manuais, se vestir e se calçar, atender
telefone e utilizar o computador; a permanência em uma
mesma posição por muito tempo; a prática de atividade
física e realização do autocuidado na presença de dor na
coluna vertebral
Os objetivos foram explicados detalhadamente aos voluntários, os quais assinaram um termo de consentimento
livre e esclarecido e pós-esclarecimento. O preenchimento
de tais termos garante sigilo das informações obtidas das
participantes e preserva os aspectos éticos de pesquisa.
Após terem aceito participar da pesquisa, os pesquisadores aplicaram o questionário de forma individual, antes
da primeira palestra educativa (grupo I) e do primeiro
atendimento com técnicas de terapia manual (grupo II),
nas dependências dos laboratórios de saúde da Estácio/
FIC onde funciona o projeto.
Após 8 semanas, o mesmo questionário foi aplicado pelos pesquisadores aos voluntários do grupo I, ou seja, após
eles terem assistido pelo menos duas palestras educativas,
além de serem submetidos no mínimo de 5 atendimentos
com técnicas de terapia manual em um período de 8 semanas; e aos voluntários do grupo II que realizaram no
mínimo de 5 atendimentos com técnicas de terapia manual
em um período de 8 semanas.
Sombra et al
As técnicas manipulativas utilizadas no projeto foram
massoterapia, mobilização articular, pompage, inibição
muscular, alongamento e reeducação postural.
As intervenções educativas e manipulativas foram feitas por acadêmicos de Fisioterapia, cursando a partir do
6° semestre, sob a supervisão da professora responsável.
Eram eles que acompanhavam e recebiam os sujeitos encaminhados durante e após o estudo nesse projeto.
A análise e interpretação dos dados estatísticos e os tratamentos das informações foram baseados e apurados por
meio de planilha eletrônica, no Microsoft Excel, versão
2007.
Ressalta-se que a evolução de dor na coluna vertebral foi analisada pela resposta da primeira questão. Em
relação à avaliação do autocuidado utilizaram-se critérios em relação ao número de respostas afirmativas da
questão 2 à 12 e ao número de respostas assinaladas da
última, sendo classificado em nível ruim (0-3 acertos);
regular (4-6 acertos); bom (7-9 acertos) e ótimo (10-11
acertos).
Lembrando que o participante poderia desistir de sua
participação a qualquer momento, sem penalidades, prejuízos ou perda de qualquer benefício. Eles também não
sofreriam qualquer risco, uma vez que o questionário foi
feito de forma verbal não promovendo nenhuma lesão física ao participante do estudo.
Os participantes da pesquisa não tiveram despesas para
sua participação neste estudo nem receberam ônus por
parte do pesquisador.
Os benefícios poderiam vir de forma indireta para os
voluntários devido este estudo avaliar a importância da
reinteração de palestras educativas associadas à terapia
manual, esclarecendo se elas estão sendo adequadas ou se
há necessidade de modificá-las para a melhora do atendimento para esses indivíduos e a comunidade.
RESULTADOS
A tabela 1 mostra o grau de dor e o nível de autocuidado
dos voluntários do grupo I, ou seja, aqueles que participaram de palestras educativas e de técnicas manipulativas,
antes e após a participação na Escola de Postura.
Verificou-se que todos (n=10) tiveram o grau de dor na
coluna vertebral reduzidos após terem sido tratados com
técnicas de terapia manual e orientações educativas. A média inicial do grau de dor foi de 6,7, e, posteriormente, 3,0.
Em relação ao autocuidado antes das atuações da Escola de Postura, 50% (n=5) tinham um nível regular, 30%
(n=3) bom e 20% (n=2) ruim. Após as atuações, 60% (n=6)
evoluíram para ótimo nível, 40% (n=4) para bom e nenhum
participante se encontrava com nível ruim ou regular.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
18
O Efeito de Palestras Educativas na Evolução da Dor e do Autocuidado na Coluna Vertebral
Grupo I
Antes
Após
Grau de Dor
Autocuidado
Grau de Dor
Autocuidado
N1
5
Regular
2
Bom
N2
4
Regular
2
Ótimo
N3
5
Regular
2
Ótimo
N4
5
Bom
2
Ótimo
N5
9
Regular
5
Bom
N6
8
Regular
6
Ótimo
N7
8
Bom
6
Ótimo
N8
9
Ruim
7
Bom
N9
7
Ruim
2
Bom
N10
7
Bom
3
Ótimo
Média
6,7
3,0
Tabela1 - Comparação do grau de dor e do autocuidado antes e após atendimentos com
terapia manual e palestras educativas
Fonte: Dados da pesquisa (2010).
Na tabela 2 observa-se o grau de dor e o nível de autocuidado dos indivíduos do grupo II, que participaram
apenas de tratamento com técnicas de terapia manual, antes e após os atendimentos realizados na Escola de Postura.
Grupo II
Antes
Após
Grau de Dor
Autocuidado
Grau de Dor
Autocuidado
N1
5
Regular
3
Regular
N2
6
Ruim
4
Regular
N3
5
Bom
4
Bom
N4
4
Ruim
2
Regular
N5
9
Bom
5
Bom
N6
6
Regular
4
Regular
N7
6
Regular
5
Regular
N8
9
Bom
8
Bom
N9
7
Regular
5
Regular
N10
7
Bom
5
Bom
Média
6.4
4.5
Tabela 2 - Comparação do grau de dor e do autocuidado antes e após atendimentos com
terapia manual
Fonte: Dados da pesquisa (2010).
Também foi verificado uma redução de dor na coluna vertebral em todos (n=10) os participantes do grupo II,
mesmo atendidos somente com técnicas de terapia manipulativa. Sendo que, a média do grau de dor obtidas por
eles reduziu de 6,4 para 4,5.
Os índices de autocuidado antes dos atendimentos
manipulativos foram 40% (n=4) para um nível bom, 40%
(n=4) regular e 20% (n=2) ruim; e, após as intervenções,
60% (n=6) regular, 40% (n=4) bom e, em momento algum,
foi avaliado um nível ótimo ou ruim. Verificou-se que o
Sombra et al
nível permaneceu constante em 80% (n=8) nesse grupo, ou
seja, em relação ao autocuidado a maioria das pessoas desse grupo não evoluíram.
DISCUSSÃO
Alguns estudos apresentam a Escola de Postura como
opção eficaz na abordagem de dores na coluna, enquanto
outros não encontram dados satisfatórios que confirmem
esses achados.
No Brasil, há poucos estudos sobre a eficácia da Escola de Coluna em dores crônicas. Em 1995, um estudo
mostrou que 93% dos pacientes relatavam ausência de
dor lombar crônica, após oito meses de término de cinco sessões teórico-práticas, com duração de 50 minutos,
sugerindo os autores que intervenções educacionais poderiam ser eficazes como parte do tratamento para dor
lombar(14).
De acordo com os resultados do presente estudo, pode-se afirmar que todos os participantes de uma Escola de
Postura, seja ela com intervenções manipulativas ou somadas a ações educativas, em um período de 4 meses, tiveram
grau de dor na coluna vertebral reduzidos. Porém, aqueles
submetidos a técnicas manipulativas associadas a orientações educativas tiveram uma maior redução na média de
dor que aqueles tratados somente com técnicas de terapia
manual.
Uma outra pesquisa, sem grupo controle, mostrou a
vantagem de um modelo de Escola de Coluna, com 20
aulas teórico-práticas, com duração de uma hora, aos pacientes com lombalgia crônica inespecífica, por melhorar
a intensidade da dor (mensurada pela escala visual analógica), por diminuir o número de consultas médicas e a
utilização de medicamentos para dor(15).
A conscientização e a mudança de hábito que se adquire nas palestras educativas foi expressiva na maioria dos
participantes, visto que eles melhoraram o autocuidado
em relação a proteção de dores e posturas corretas no dia
a dia e, consequentemente, tiveram alívio de dores na coluna vertebral, como foi demonstrado nos resultados do
presente estudo. Assim, essas pessoas podem diminuir a
procura a assistência médica assim como a utilização desnessária de medicamentos.
O presente estudo mostrou que todos (n=10) que
participaram de palestras educativas associadas a técnicas manipulativas evoluíram em relação ao autocuidado.
Acredita-se que a evolução do autocuidado em 20% (n=2)
dos participantes apenas de tratamentos manipulativos
é explicada ao fato de serem recém-formados na área de
saúde, e portanto, já tiveram acesso a orientações quanto a
postura no decorrer do curso.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
19
O Efeito de Palestras Educativas na Evolução da Dor e do Autocuidado na Coluna Vertebral
Revisões sistemáticas têm sido realizadas com o objetivo de verificar a qualidade dos estudos e as evidências em
relação à utilização da Escola de Coluna no tratamento
das algias da coluna.
Em 2001, em uma revisão sistemática, autores concluíram que há evidência moderada de que a Escola de
Coluna tem melhor resultado sobre a dor e incapacidade a curto e médio prazos do que os outros tipos de
tratamento para pacientes com dor lombar crônica recorrente, como também, de que esses programas para
lombalgia no ambiente ocupacional são mais eficazes
que outros tratamentos, placebo ou lista de espera, melhorando os parâmetros dor, status funcional e retorno
ao trabalho, a curto e médio prazos. Concluíram ainda
que, em geral, é baixa a qualidade metodológica desses
estudos16.
Um estudo que comparava a atuação de uma Escola de
Postura, do tratamento medicamentoso e da fisioterapia
convencional nas algias vertebrais, constatou que a Escola
de Postura é o meio mais eficiente quanto ao tratamento
preventivo e reeducação postural17.
De acordo com Van Tuder18 é eficaz para tratamento
de dor lombar crônica uma abordagem ativa com exercícios de terapia e programas multidisciplinares. Enquanto,
outra pesquisa apresenta resultados consistentes que mostram que o repouso não é um tratamento eficaz para a
lombalgia aguda, mas pode retardar a recuperação; visto
que pacientes com lombalgia aguda tiveram pequenas
melhorias no alívio da dor e na capacidade de realizar
atividades cotidianas, quando receberam conselhos para
permanecer ativo em relação ao conselho de repouso na
cama19.
Sombra et al
Da mesma forma que no presente estudo, Moffet et
al 20 encontraram melhora em relação à dor (escala visual
analógica) e incapacidade funcional (Oswestry low back
pain) nos indivíduos com lombalgia crônica que participavam de um programa teórico-prático de Escola de Coluna
e faziam exercícios isoladamente e aqueles que só faziam
os exercícios. Porém, os pacientes que fizeram somente
exercícios retornaram a seus níveis originais de incapacidade, enquanto os pacientes frequentadores da Escola de
Coluna continuaram a melhorar. Nesse estudo, os autores sugeriram que os pacientes com lombalgia crônica se
beneficiariam com programas de educação postural, tal
como é oferecido com a Escola de Coluna.
CONCLUSÃO
Nesse estudo observou-se que todos os domínios
que relacionam o grau de dor e autocuidado na coluna
vertebral às palestras educativas foram abordados, percebendo-se uma redução de dor a intensidades menores com
o aumento da realização do autocuidado, promovidos pela
intervenção educativa aliada a tratamento manipulativo.
Neste sentido, reintegra a relevância da compreensão
das pessoas quanto aos aspectos preventivos e do autocuidado, visto que as ações educativas possibilitam mudanças
comportamentais e ajudam na mitigação da dor, proporcionando maior possibilidade para retorno às atividades
diárias e manutenção da saúde em pessoas com queixas de
dores crônicas na coluna.
Por último, é importante ressaltar a necessidade de
estudos metodologicamente adequados e que analisem
também os resultados de métodos a longo prazo.
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Submissão: 03/07/2011
Aceite: 18/08/2011
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
21
Alterações Pulmonares em Pacientes Portadores de Doença
Cérebro Vascular
Ivana Marinho Paiva Freitas I
Greicy Coelho de Souza II
Luiz Eduardo Lopes de Souza III
RESUMO
A Doença Cérebro-Vascular é considerada um problema de saúde pública e uma doença negligenciada por médicos e autoridades no
mundo inteiro. Destaca-se entre as três doenças que mais matam no mundo e seus comprometimentos neurológicos consequentes
são umas das principais causas de lesões permanentes adquiridas em adultos. A pesquisa foi desenvolvida em um hospital da rede
pública de Fortaleza. Os sete participantes incluídos tinham diagnóstico médico de DCV e foram avaliados através de uma ficha
de avaliação que continha critérios avaliativos da função pneumofuncional, perguntas sobre hábitos de vida e historia da doença,
fita métricaparaa realização da cirtometria e estetoscópio para a ausculta pulmonar . Foram encontradas alterações pulmonares
em todos participantes do estudo. Todos os pacientes apresentavam fatores de risco preditivos ao DCV, seis participantes (85,7%)
evidenciaram três ou mais deles. Dentre os sete pesquisados, quatro (57,1%) apresentavam sequelas neurológicas motoras como
hemiplegia e todos estes evoluíram com complicações pulmonares como atelectasia e pneumonia. Assim, as complicações pulmonares nestes pacientes tiveram relação com as sequelas motoras geradas pelo DCV e os fatores de riscos como hipertensão, histórico
familiar, sedentarismo, idade e tempo de internação.
Palavras-chave: Acidente Cerebrovascular. Assistência Hospitalar. Transtornos Neurológicos. Doenças Pulmonares.
ABSTRACT
The Stroke is considered a public health problem and a neglected disease by doctors and authorities worldwide. Notable among
the three diseases that kill most in the world and their consequent neurological problems are a major cause of permanent acquired
lesions in adults. The study was conducted in a public hospital in Fortaleza. The participants included seven had been diagnosed
with DCV and were evaluated by an evaluation form which contained criteria of evaluation function Pneumofuncional, questions
about lifestyle and history of the disease, a tape measure to the achievement of the circumference and stethoscope for auscultation.
Pulmonary changes were found in all study participants. All patients had risk factors predictive of stroke, six participants (85.7%)
showed three or more of them. Among the seven respondents, four (57.1%) had neurological sequelae such as hemiplegia and motor
all these developed pulmonary complications such as atelectasis and pneumonia. We conclude that pulmonary complications in
these patients had a relationship with the fallout generated by the motor and stroke risk factors such as hypertension, family history,
sedentary lifestyle, age and length of hospital stay.
Keyword: Hospital Care. Stroke. Neurological Disorders. Lung Disease.
INTRODUÇÃO
A Doença Cérebro-Vascular é considerada um problema
de saúde pública e uma doença negligenciada por médicos
e autoridades no mundo inteiro. Os recursos destinados
para a saúde pública pelos países em desenvolvimento são
sabidamente escassos e extremamente inferiores aos sugeridos pela Organização Mundial de Saúde1.
A DCV se destaca entre as três doenças que mais
matam no mundo, sendo precedidas somente pelas
doenças cardiovasculares e pelo câncer2. Baseado nas
estatísticas da organização mundial de saúde (OMS), os
números mostram que 1% dos 6,5 bilhões de habitantes
do planeta deve falecer até dezembro de 2009, o que
corresponde aproximadamente 59 milhões de pessoas.
O dado surpreende, porém, é que deste total de mortes
previstas, 10%, ou seja, quase 6 milhões terão esta doença como causa 3.
I. Fisioterapeuta. Docente do curso de Fisioterapia da Universidade de Fortaleza.
II. Discente do curso de Fisioterapia da Universidade de Fortaleza. Bolsista do Programa de Iniciação Científica - (PROBIC/FEQ/UNIFOR).
III. Discente do curso de Fisioterapia da Universidade de Fortaleza.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
22
Alterações Pulmonares em Pacientes Portadores de Donça Cérebro Vascular
Estatísticas recentes mostram que no Brasil, em particular, a sua incidência é fatal e segundo o Ministério da
Saúde constitue a primeira causa de óbito. São responsáveis por mais de 90.000 óbitos/ano no país, a maior taxa
da América latina, este quadro tende-se a agravar à medida que a população brasileira envelhece uma vez que o
risco da doença aumenta, conforme o avanço da idade 3.
Sabe-se que o controle dos casos de DCV poderia
ser maior, se fossem mais amplos os serviços de atenção
primaria e secundária, situação que foi comprovada nas regiões Sul e Sudeste onde ocorrem reduções significativas
do índice de mortalidade.
Portanto, as condições socioeconômicas são facilitadores de uma melhor resposta na redução da morbidade e
mortalidade por doenças circulatórias1.
A pressão arterial elevada é causa de 80% dos casos de
acidentes vasculares cerebrais isquêmicos e em 100% dos
hemorrágicos3.
A DCV é definida como um déficit neurológico (sinal
e/ou sintoma) causado por interrupção do fluxo sanguíneo
a uma determinada região encefálica, com duração dos
sintomas maior que 24 h e/ou presença de lesão cerebral
pelos exames de imagem4.
Pode ser dividida de acordo com sua fisiopatologia em
isquêmico ou hemorrágico, do qual estima-se que cerca de
85% sejam de origem isquêmica e 15% hemorrágicos2.
Os comprometimentos neurológicos consequentes são
umas das principais causas de lesões permanentes adquiridas em adultos, sendo responsáveis por até 80% das
incapacidades 5. Acarretando consequências como invalidez e altos custos sociais1.
O resultado após a DCV é influenciado por um número de fatores, sendo mais importante a natureza e
severidade do déficit neurológico resultante, A idade do
paciente, a fisiopatologia da doença e as desordens clinicas
coexistentes, também afetam o prognóstico.
Quanto mais cedo começa a recuperação, melhor o
prognóstico. Tipicamente, a melhora funcional é mais rápida durante os primeiros poucos meses depois do acidente
vascular do que mais tarde. A velocidade da recuperação
inicial esta relacionada à redução do edema cerebral, melhora do suprimento sanguíneo e remoção do tecido
necrótico. Entretanto, com a terapia os ganhos funcionais
podem perduram anos mais tarde. A plasticidade do sistema do sistema nervoso responde pelos ganhos tardios6.
Pacientes com desordens neuromusculares, geralmente,
apresentam alteração do padrão ventilatório, caracterizado por redução dos movimentos do tórax e abdome e da
contribuição desse compartimento para volume corrente7.
A DCV pode limitar de modo significativo o desempenho funcional, com consequências negativas nas relações
Freitas et al
pessoais, familiares, sociais e, sobretudo, na qualidadede
vida8.
Observou-se a necessidade de investigar a prevalência
de complicações pulmonares existentes nestes pacientes,
visando uma pronta assistência aos mesmos, a fim de evitar tais acometimentos.
O conhecimento prévio dos profissionais direciona
o tratamento de forma precisa aos cuidados da doença,
atuando de forma secundaria na prevenção do surgimento de patologias associadas, refletindo, assim, em uma
assistência qualificada dos pacientes, promovendo uma
recuperação mais precoce de sua saúde.
METODOLOGIA
O estudo se caracteriza por uma pesquisa do tipo
observacional, descritiva transversal, com abordagem
quantitativa, foi desenvolvida em um hospital da rede pública de Fortaleza, no período de setembro a outubro de
2009. Foram realizadas 7 visitas ao hospital em dias alternados, entretanto, somente 7 pacientes enquadraram-se
aos critérios de inclusão da pesquisa e puderam participar
da mesma.
Os participantes incluídos tinham diagnóstico médico de DCV e foram selecionados independentes do sexo,
eram conscientes, sem suporte ventilatório e hemodinamicamente estáveis. A faixa etária foi de 40 a 80 anos de
idade, sendo todos esclarecidos sobre a pesquisa e tendo de
assinar o termo de consentimento livre esclarecido aprovado previamente pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IJF
com o parecer de Nº 106.945/2009.
Os dados foram coletados através de uma ficha de
avaliação elaborada pelos pesquisadores, onde continham
critérios avaliativos da função pneumofuncional como cirtometria, ausculta pulmonar e inspeção, alem de perguntas
que abordavam o estilo de vida e a história da doença.
Para realização da Cirtometria foi utilizado uma fita métrica graduada em centímetros de material não distensível,
e considerados três pontos anatômicos de referência: prega
axilar (A), apêndice xifóide (X) e basal (B). As medidas foram mensuradas em inspiração e expiração forçada, no qual
a diferença entre os dois resultados nos forneceu o Coeficiente de Amplitude (CA). A fita métrica foi posicionada de
forma que não causasse dobras nem distorções de medidas9.
Para a ausculta pulmonar foi utilizado o estetoscópio
da marca Rappaport®
Premium, onde este, com o paciente sentado, foi acoplado nas regiões anterior, posterior e lateral do tórax de
forma comparativa e bilateral. Solicitando sempre que o
participante inspirasse pelo nariz e expirasse com a boca
aberta.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
23
Alterações Pulmonares em Pacientes Portadores de Donça Cérebro Vascular
No critério de inspeção foi observada a presença de simetria ou assimetria na expansibilidade torácica.
Para análise e interpretação dos dados, foram organizados e agrupados de acordo com os objetivos do estudo e
dispostos em gráficos e tabelas, elaborados nos programas
Microsoft Excel e Microsoft, versão 2000 (Microsoft Co,
USA).
RESULTADOS
O universo do estudo foi constituído por 7 pacientes internados nas enfermarias do hospital com diagnóstico de
DCV, dos quais, 4 (57,1%) de origem isquêmica e 3 (42,8%)
hemorrágicos. Com idades entre 42 e 77 anos (com média
de 60,4 anos), dentre estes 5 (71,4%) eram do sexo masculino e 2 do sexo feminino.
O tempo médio de internamento encontrado foi de 45,7 dias,
até o momento da realização da pesquisa. Os principais
fatores de risco encontrados foram: Hipertensão arterial
em 5 pacientes (71.4%), Tabagismo em 3 pacientes (42,8%),
uso de álcool em 4 (57,1%), sedentarismo em 4 (57,1%). Um
paciente relatou estar fazendo uso de anticoagulantes para
o tratamento de cardiopatia. Todos os pacientes relataram
histórico familiar com doenças do aparelho circulatório
como hipertensão, cardiopatias e o próprio DCV.
Todos os pesquisados apresentaram um ou mais fatores
de risco para o DCV.
Quando confrontamos os fatores de risco com a evolução clínica para complicação pulmonar, Verifica-se que a
maior influencia para o desenvolvimento desta, neste estudo, esta relacionada com as sequelas neurológicas geradas
comprometendo a função motora, quando comparados aos
fatores de risco encontrados.
De acordo com a amostra estudada, observou-se que o
desenvolvimento de complicações pulmonares se associaram com as sequelas ocasionada pelo
DCV nos indivíduos. Os 7 pacientes pesquisados
apresentaram alterações no aparelho respiratório, dentre
os quais, 6 (85,7%) apresentaram ausculta pulmonar alterada, 4 (57,1%) manifestaram complicações pulmonares,
sendo 2 (50%) com atelectasia e 2 (50%) com pneumonia
e todos apresentaram alterações no coeficiente de amplitude torácica. De todos os participantes da pesquisa,
2 (28,5%) não desenvolveram sequelas neurológicas que
comprometessem a função da motricidade e também não
apresentaram complicações pulmonares. Dos 7 estudados 5 pacientes (71,4%) apresentaram hemiplegia como
resultado do DCV, destes, 4 (80%) evoluíram com complicações pulmonares.
Com relação aos fatores de risco encontrados nos 7
participantes estudados, 5 (71,4%) pacientes apresentaram
Freitas et al
hipertensão arterial, destes, 3 (60%) apresentaram complicação pulmonar, dos 7 pacientes estudados 3 (42,8%)
eram tabagista, destes, 1 (33,3%) apresentou complicação
pulmonar.
Todos os pacientes apresentaram histórico familiar
de doenças do aparelho circulatório, dos quais 4 (57,1%)
apresentaram complicação pulmonar, que dos 7 pacientes
estudados 4 (57,15) faziam uso de álcool, destes, 1 ( 25%)
apresentou complicação pulmonar, de todos os 7 pacientes estudados, 4 (57,1%) relataram ser sedentários, dentre
estes, 3 (75%) apresentaram complicação pulmonar. Os
pacientes que apresentaram complicações pulmonares
tiveram uma média de idade de 65,25 anos e um tempo de internação de 41,5 dias, enquanto que os pacientes
que não apresentaram complicações pulmonares tiveram
uma média de idade de 54,0 anos e um tempo médio de
internação de 18,0 dias.
DISCUSSÃO
Nas últimas décadas com o crescente aumento nos
casos de DCV, uma grande quantidade de recursos vem
sendo investida em pesquisa, em todo mundo, na tentativa
de reduzir a morbidade e mortalidade dos pacientes10.
Esforços têm sido despendidos na tentativa de controlar
os fatores de risco não Modificáveis, bem como, modificáveis para DCV isquêmico e hemorrágico. A identificação
e controle de fatores de risco visam profilaxia primaria na
população11.
A hipertensão arterial é fator de risco preditivo para o
DCV. Sua ocorrência está estimada em torno de 70% de
todos os quadros vasculares cerebrais. O risco cresce continuamente com elevação da PA. No Brasil, a hipertensão
arterial é o fator de risco mais importante para doença
cerebrovascular, cuja estimativa de prevalência esta em
torno de 11% a 20% acima dos 20 anos e 35% acima dos
50 anos. Em torno de 85% dos pacientes com DCV são
hipertensos10.
Estudos epidemiológicos têm estabelecido que o fumo
fosse um fator de risco importante, sendo este por si só tendo um efeito casual direto nesta doença. O uso de cigarro
é associado a níveis elevados de fibrinogênio plasmático
e pode ativar a via intrínseca da coagulação, através do
dano da parede vascular. Produtos encontrados no cigarro,
como a nicotina, induzem estados protrombóticos, através
da ativação plaquetária12. Os fumantes pesados mostram
risco relativo de DCV 2 a 4 vezes maior que os não fumantes. A coexistência de fumo e hipertensão potencializa o
risco de doença cerebrovascular11.
Embora o histórico familiar de doenças por distúrbios
do aparelho circulatório seja geralmente percebida como
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
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Alterações Pulmonares em Pacientes Portadores de Donça Cérebro Vascular
um marcador importante para o risco de DCV, existe
grande variabilidade de achados e poucos estudos epidemiológicos que avaliaram essa hipótese11.
Devido ao número da amostra do estudo ser baixo, não
é possível estabelecer uma relação direta com a ingestão de
álcool com o risco de DVC. Em relação ao uso de álcool
existem controvérsias quanto aos seus efeitos no organismo e sua relação com a possibilidade de DCV. A hipótese
de que o sedentarismo esteja associado ao risco aumentado
de DCV foi sugestiva na pesquisa. Além das implicações
conhecidas que a obesidade e sedentarismo trazem as
funções normais do corpo, podem conferir um fator importante para o prognóstico do paciente.
Entre elas encontra-se a doença cardíaca, considerada o
segundo fator de risco mais importante para o AVC, com
frequência de 41,9% para o AVC isquêmico13. As doenças
cardíacas preexistentes constituem o segundo fator de risco
mais importante para as DCV10. As cardiopatias consideradas importantes na gênese do DCV são as congênitas,
valvulopatias, doenças coronarianas e as hipertensivas13.
Pacientes com disfunção neuromuscular, como no caso
de pacientes com sequela de DCV, apresentam disfunção
ventilatória tipo restritiva, com redução dos volumes pulmonares de forma desproporcional em relação à disfunção
dos músculos inspiratórios. O comprometimento pode
resultar de micro atelectasias, alterações das propriedades mecânicas dos pulmões, alterações no surfactante,
encurtamento e rigidez das fibras elásticas pulmonares
e redução do recolhimento elástico (para fora) da parede
torácica7.
Este mesmo autor afirma também que a fraqueza dos
músculos do tronco pode predispor a cifoescoliose e redução
da complacência dos pulmões e da parede torácica, comprometendo a função diafragmática. O comprometimento
da tosse, aspiração e a clearance mucociliar diminuído,
podem predispor a infecção e piorar a disfunção do parênquima pulmonar. Vários fatores estão associados com
o risco pneumonia aspirativa incluindo a posição supina,
alteração da dinâmica da deglutição e incoordenação da
respiração. A frequência de pneumonia aspirativa neste
grupo de pacientes é alta, variando de 30% a 50% dos pacientes disfágicos. Sendo estas complicações comuns após
um DCV14.
A diminuição da movimentação da parede torácica
e incursões diafragmáticas são previstas nos pacientes
Freitas et al
com hemiplegia 15. A disfunção do diafragma tem sido
associada com distúrbios da relação ventilação/perfusão nas bases dos pulmões. O desequilíbrio entre o
aumento da carga imposta aos músculos respiratórios
e a redução da capacidade de gerar pressão predispõe
a fadiga e falência respiratória7. Vale ressaltar que há
declínio da atividade física quando um paciente permanece por um longo período hospitalizado o que gera um
estresse ao corpo. O imobilismo, por si só, é uma causa
de morbidade no idoso, sendo que completo imobilismo
pode levar a perda de 5 a 6% de massa muscular e de
força por dia 16.
Pode-se propor que a restrição ao leito torna-se um fator
de risco para complicações já que é sabido que a hipoatividade contribui para deprimir a função cardiorrespiratória
e musculoesquelética.
Padrão respiratório Paradoxal associado com pneumonia e disfágia, pode-se sugerir que o aparecimento do
mesmo esteja ligado com a presença de co-morbidades que
dificultam o processo ventilatório. Pacientes com sequelas
neurológicas, geralmente, apresentam alteração do padrão
ventilatória caracterizado por redução dos movimentos do
tórax e abdome e da contribuição deste compartimento
para volume corrente. Em presença de paralisia dos músculos intercostais a contração do diafragma aumenta a
negatividade intrapleural e provoca movimentos paradoxais do tórax7.
CONCLUSÃO
Neste estudo, a Hipertensão Arterial, sedentarismo,
histórico familiar, idade e tempo prolongado de internação, pela Síndrome do Imobilismo, prevaleceram com
influencia sobre as complicações pulmonares encontradas
nos pacientes. Sobretudo, a hemiplegia vista em mais da
metade dos pacientes avaliados (71,4%), sugere ter papel
decisivo para o surgimento de tais complicações, nos pacientes estudados, já que a mecânica pulmonar desses
pacientes sofre prejuízo.
Acredita-se que os cuidados com as manifestações dos
fatores de risco para o DCV se delineiam como o melhor
meio de prevenção contra a doença e que a atenção especializada às suas manifestações neurológicas constituem
um importante fator para evolução da doença e um melhor
prognóstico.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
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Alterações Pulmonares em Pacientes Portadores de Donça Cérebro Vascular
Freitas et al
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Submissão: 25/07/2011
Aceite: 18/08/2011
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
26
Utilização do Estudo de Tempos para Determinação da Capacidade de um
Posto de Trabalho de Operador de Fabricação de Fluidos para Poços de
Petróleo
Arbene de Oliveira Aragão I
Maria Aridenise Macena Fontenelle II
RESUMO
O cenário atual das organizações exige o máximo de eficiência em seus processos produtivos ou de prestação de serviços. Para alcançar este fim, as empresas investem em diferentes tecnologias, automação e inovação. Entretanto, muitas operações ainda têm o
elemento humano fortemente enraizado, sendo extremamente necessário para a atividade fim. Neste caso, o caminho para alcançar
este ganho de produtividade e eficiência é o Estudo de Tempos e Movimentos, de forma a encontrar um método ótimo de realizar
as tarefas estritamente manuais. O presente trabalho tem por objetivo estudar um posto de trabalho numa atividade de apoio à exploração de poços de petróleo, que é a fabricação de fluidos salinos para uso em intervenções e completação de poços terrestres. No
desenvolvimento do trabalho foi feito um levantamento dos dados da empresa, das características do posto de trabalho. Foi realizada,
ainda, a análise da atividade, sua cronometragem e manipulação analítica para determinar a capacidade produtiva atual e o ganho
de produtividade possível de se obter com a implantação de algumas modificações ergonômicas propostas nas considerações finais.
Palavras-chave: Estudo de Tempos. Tempo padrão. Capacidade Produtiva. Indústria do Petróleo.
ABSTRACT
The current scenario of organizations require maximum efficiency in their production processes or services. To achieve this end,
companies are investing in different technologies, automation and innovation. However, many operations still have the human
element deeply rooted, it is extremely necessary for the activity end. In this case, the way to achieve this gain in productivity and
efficiency is the Study Times and movements in order to find a method to accomplish great tasks strictly manual. The present work
aims to study a job in a support activity to the exploitation of oil wells, which is the manufacture of saline fluids for use in interventions and completion of onshore wells. In developing this work was a survey of enterprise data, the characteristics of the job. We
performed also the analysis of the activity, its timing and analytical manipulation to determine the current production capacity and
productivity gains can be achieved through the implementation of ergonomic modifications proposed in the final considerations.
Keywords: Study Times. Standard time. Productive Capacity. Petroleum Industry.
INTRODUÇÃO
Nas organizações modernas têm-se observado uma
busca incessante pela eficiência, produtividade e melhoria contínua. Para obter estas metas busca-se o apoio da
tecnologia para novos produtos e equipamentos, a utilização de ferramentas de qualidade, redução de lead times
e setups, bem como, o uso da automação para otimização
de processos. Entretanto, alguns processos possuem um
alto grau de participação humana, para os quais os projetos tecnológicos ou de automação têm pouca ou nenhuma
influência. Para estes, a Engenharia de Produção oferece as ferramentas de Estudo de Tempos e Movimentos
que oferecem meios de determinar o tempo padrão das
operações, com o melhor método aplicável, de forma a
determinar sua capacidade produtiva e alguns meios possíveis para a sua otimização.
Com o objetivo de demonstrar os conceitos de Estudo
de Tempos, aplicados a uma operação industrial, foi realizado um estudo de caso numa instalação de fabricação de
fluidos (soluções salinas) para intervenções em poços de
petróleo, que atende às operações de sondas terrestres no
Estado do Rio Grande do Norte.
Como forma de aplicação prática do estudo, foram
feitas algumas considerações baseadas nas observações realizadas, que se propõem a aumentar a produtividade da
I. Acadêmica do Bacharelado em Ciência e tecnologia da UFERSA – [email protected]
II. Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade de Fortaleza (1991), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1994), Especialização
em Educação Continuada à Distância pela Universidade de Brasília UNB (2000), e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2004). Atualmente
é professora adjunto da Universidade Federal do Semi-Árido UFERSA – [email protected]
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
27
Estudo de Tempos para Determinação da Capacidade de um Posto de Trabalho
operação e ainda proporcionar um ganho ergonômico para
os colaboradores que realizam a atividade.
O ESTUDO DE TEMPOS
O estudo de tempos e movimentos, desenvolvidos
por Taylor e pelo casal Gilberth respectivamente, pode
ser utilizado para a determinação do número-padrão
de minutos que uma pessoa qualificada, devidamente
treinada, com experiência e trabalhando normalmente
deveria gastar para executar uma operação específica
1
. O estudo de tempos pode ser usado, ainda, para a
determinação da capacidade produtiva máxima de um
processo, considerando o tempo útil disponível para as
operações.
Slack et al 2 o conceituam Capacidade produtiva como
a máxima produção possível de ser obtida em condições
normais de trabalho e em determinado período de tempo.
Ou seja, através do número-padrão de minutos (tempo padrão), pode-se determinar a capacidade produtiva de uma
determinada área.
Para a determinação da capacidade, deve ser feita a
determinação do fator de ritmo dos funcionários que
executam a atividade estudada, já que cada trabalhador
possui uma velocidade de execução diferente, dependente
de vários fatores como idade, sexo, condicionamento físico,
experiência na função etc.
Para Barnes1, a determinação do fator de ritmo é a análise da velocidade do operador em relação a um padrão
considerado mundial. Os funcionários padrões são aqueles que apresentam uma velocidade normal de operação
próxima de 100%.
Martins e Laugeni 3 definem que a avaliação da
velocidade do operador ou ritmo é determinada de
maneira subjetiva por um cronometrista através de métodos padronizados. Como a forma é subjetiva, caso
não se observe diferença significativa entre os operadores, pode-se considerar todos os dados obtidos com
o mesmo peso, sem necessidade de definir um único
funcionário-padrão.
Costa et al 4 em seu trabalho indicaram a forma usada para determinar o número de cronometragens (n),
no qual deve-se efetuar um certo número de observações preliminares e aplicá-las à formula (1) abaixo,
de forma a dar validade para os tempos encontrados.
(1)
Aragão et al
Os autores definem que “z” é um coeficiente de distribuição normal dado em relação a uma determinada
probabilidade, “R” é a amplitude da amostra, “Er” é o erro
relativo, “d2” é um coeficiente dado em função do número de cronometragens preliminares e “X ” é a média da
amostra.
Outro método usado de determinar o número de amostras é o método estatístico, que também utiliza amostras
preliminares (n’)e aplica a fórmula seguinte (1A) para um
nível de confiança 95% e erro de 5%:
(1A)
 40

n=


2
n' ∑ x 2 − (∑ x ) 


∑x

2
Onde n é o tamanho da amostra que se deseja determinar; n’é o número de observações do estudo preliminar e x
é o valor das observações.
Martins e Laugeni 3 definem que a expressão deve ser
trabalhada com base em cronometragens preliminares que
variam entre cinco a sete vezes, utilizando uma função de
probabilidade (entre 90% e 95%) e um erro relativo (entre
5% e 10%), além de usar as outras variáveis relativas a estes
valores anteriores, resultando no “n” mínimo a ser utilizado para obter dados confiáveis.
Com a definição da quantidade de dados úteis e válidos,
deve-se calcular o tempo médio dos tempos cronometrados, para então calcular o tempo normal (2) e o tempo
padrão (3) que é baseado num fator de tolerância (4) dado
pela relação do tempo útil total com a porcentagem de
tempo que a empresa concede para necessidades pessoais e
descanso diário. Estes valores são dados segundo as equações abaixo:
(2) TEMPO NORMAL = MÉDIA TEMPOS
CRONOMETRADOS x VELOCIDADE
(3) TEMPO PADRÃO = TEMPO NORMAL x
FATOR DE TOLERÂNCIA
(4) FATOR DE TOLERÂNCIA = 1 / (1 – PORCENTAGEM TEMPO PESSOAL)
(5) CAPACIDADE PRODUTIVA = TEMPO
ÚTIL / TEMPO PADRÃO
Finalmente, para o cálculo da capacidade produtiva (5)
é realizada a divisão do tempo útil total pelo tempo padrão
calculado (3) indicando quanto seria a possibilidade máxima de uso dos recursos estudados.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
28
Estudo de Tempos para Determinação da Capacidade de um Posto de Trabalho
Aragão et al
ESTUDO DE CASO
Descrição da empresa
A empresa estudada não é uma produtora de bens tangíveis, mas sim uma prestadora de serviços, com o fornecimento
de mão de obra especializada; para realizar operações de
apoio à maior empresa produtora de petróleo no país, ambas
localizadas no Estado do Rio Grande do Norte.
A empresa foi fundada em 1998 e possui capital social
dividido em cotas de capital entre dois sócios. O número
de empregados na administração são 04 e na produção são
147 funcionários, divididos segundo o organograma abaixo:
Gráfico 1 - Faixas Etárias dos Funcionários
Fonte: Elaboração das Autoras
As equipes de trabalho são sempre formadas por um
funcionário antigo como líder e os mais jovens como aprendizes destes. Percebe-se a tentativa da gerência de manter
o equilíbrio entre conhecimento e vigor físico dos colaboradores, visto ser uma atividade de grande esforço corporal,
mas que também exige um grau elevado de atenção.
Descrição do Sistema Produtivo e Instalações
Figura 1 - Organograma - Estrutura Funcional da Empresa
Fonte: Elaboração das Autoras acompanhada do Técnico de Segurança da Empresa
A empresa não possui uma estrutura funcional bem estabelecida, sendo tipicamente uma sociedade em que os sócios
são responsáveis pela maioria das atividades administrativas
da empresa, obtendo auxílio profissional apenas nas áreas
mais específicas como gestão de RH, finanças e produção. O
cargo a ser estudado está grifado acima no Organograma, e
se refere à Unidade de Fabricação de Fluidos de Completação.
Descrição do Sistema de Trabalho
No posto de trabalho estudado o turno é de 12h de trabalho diárias, com regime de 7 dias de trabalho e 7 dias de
folga, implicando num total de 168 horas mensais. O regime de trabalho é fixo, ou seja, todos os empregados estão
regularizados com carteira assinada e todos os benefícios
legais concedidos. Os turnos de trabalho são de 12 horas
com pausa de cerca 30 minutos para almoço e 15 minutos
para lanches, em que os empregados se revezam nas funções. Ou seja, não há período formalizado para refeições,
pois os funcionários recebem um adicional financeiro que
substitui o tempo de alimentação e repouso.
As idades dos funcionários variam entre 20 e 49 anos,
ou seja, há empregados mais experientes e outros mais
novos. O gráfico 1 abaixo mostra a divisão etária dos
empregados.
As etapas envolvidas no processo de fabricação de fluidos de completação são a fabricação de salmouras saturadas
à base de Cloreto de Sódio, Cloreto de Potássio ou Cloreto
de Cálcio, sendo estes sais diluídos em água; em seguida
há a decantação e filtração das salmouras concentradas
para em seguida, armazená-las em tanques cilíndricos de
40 m³. A partir destas salmouras, são efetuadas as diluições com água até atingir a concentração desejada pelo
cliente; adicionados os aditivos químicos específicos para
cada poço a ser atendido e carregamento das carretas com
o volume de fluido solicitado pelo cliente.
O setor de completação, que pertence às instalações da
Contratante, possui as seguintes seções e equipamentos:
• Área de armazenamento de produtos químicos sólidos (embalados em sacos de 25 kg empilhados em
paletes com 72 sacos) possui Empilhadeira manual
ou “Transpalete”
• Área para produtos químicos líquidos (embalados
em bombonas de 20L e tambores de 200L) possui um sistema de elevação manual “Talha”; Baldes
dosadores graduados;
• Área de tanques de processos, nos quais são fabricados e decantados os fluidos, possuem 02 Funis
de mistura, 02 Bombas Centrífugas Elétricas,
Tanques nº 01 a 06.
•
Área de filtração dos fluidos possui 01 Filtro de Areia e 02 Filtros - Cartuchos de Resina
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Estudo de Tempos para Determinação da Capacidade de um Posto de Trabalho
Polifenólica para retirar impurezas das salmouras;
Área de tanques de armazenamento das salmouras
concentradas; Tanques nº 07 a 13.
• Área de carregamento das carretas - 01 Bomba
Centrífuga com Motor a Diesel.
O gráfico de fluxo para as operações descritas tem o
formato apresentado na Quadro1 abaixo:
•
Aragão et al
Abaixo segue a figura do mapofluxograma atual, que
foi elaborado utilizando o lay-out esquemático proposto
na Figura 2 e a ordem numérica de operações proposta na
quadro 1. Observa-se que algumas operações se repetem,
já que são vários paletes de produtos químicos utilizados
para fabricar uma única salmoura, mas ao final dessas repetições o fluxo normal das operações é estabelecido.
Figura 3 - Mapofluxograma do Processo Produtivo
Quadro 1 – Gráfico de Fluxo do Sistema Estudado
Descrição do Posto de Trabalho
Os processos percorrem uma distância relativamente
pequena, pois a área de armazenagem se encontra ao lado
da área de funis, numa distância mínima de 3 metros e
máxima de 14 m. O tempo de espera de transporte dos
paletes varia entre 15 e 30s. O tempo de espera de decantação da salmoura varia entre 2h e 5h. O corte do material
de cada palete apresenta tempos vaiando de 6 a 10 minutos,
em condições de operação normal.
O edifício que contém a estrutura de armazenagem e
tanques de processo é um galpão coberto com telhas e paredes laterais de amianto, possui sustentação por colunas
e treliças de estrutura metálica. Os tanques de armazenagem e filtros situam-se em área sem cobertura, mas os
mesmos são tampados hermeticamente, não estando sujeitos a intempéries.
Os edifícios do galpão de completação estão dispostos
segundo o desenho esquemático abaixo, indicando as vias
de acesso (em azul), os tanques de fabricação (retangulares), os tanques de armazenamento (círculos), filtros, funis
(triângulo invertido) e área de armazenagem de produtos
químicos líquidos e sólidos (círculos e quadrados).
Os postos de trabalho estudados envolvem dois operadores junto ao funil de mistura: um deles eleva o saco de
sal até a mesa de suporte do funil (carregador) e o outro
corta o saco de sal, despeja seu conteúdo dentro do funil
e descarta o vazio (cortador). Ambos revezam nestas funções e juntos transportam o palete até as proximidades do
funil, utilizando uma empilhadeira manual (transpalete).
Os dois operadores trabalham em pé, sendo que o carregador executa um movimento de baixar-levantar para pôr o saco
de sal em cima da mesa e o outro só faz movimentos com os
braços para cortar o saco de sal cheio e descartá-lo vazio. Os
dados cronometrados no estudo envolveram estes processos
combinados de carregamento do saco de sal, mais a operação
de corte do mesmo e em seguida o descarte do saco vazio.
Figura 2 - Desenho Esquemático da Área de Produção de Fluidos
METODOLOGIA
Para análise do sistema foram feitas visitas à unidade
de produção em vários dias e horários diferentes, realizando cronometragens e filmagens do processo de fabricação
de salmouras. Foram obtidas leituras de diferentes operadores, observando seus métodos de trabalho e o tempo
decorrido para executar as operações de corte dos sacos.
Após a obtenção das primeiras leituras, observou-se
que o tempo decorrido apenas para o corte de um saco era
mínimo, da ordem de segundos e centésimos de segundos. Por conta disso, foram cronometadas as atividades de
Carregamento + Corte do saco cheio + Descarte do saco
vazio. Ainda assim, as leituras foram muito baixas, impróprias para análise. Optou-se por cronometrar o tempo das
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30
Estudo de Tempos para Determinação da Capacidade de um Posto de Trabalho
atividades para 10 unidades (sacos de 25 kg), o que promoveu amostras mais representativas.
No corte do palete observou-se, ainda, que no início do
palete os sacos estão a uma altura maior que a da mesa de
suporte do funil, no meio do palete a altura igual à do funil e ao final que a altura dos sacos era inferior á do funil.
Realizaram-se cronometragens nas três condições ALTA,
MÉDIA e BAIXA respectivamente.
Na manipulação dos dados, aplicou-se a equação (1)
e determinou-se o número de dados necessários para
obter o tempo médio (2), o tempo padrão (3), o fator de
tolerância (4) e a capacidade produtiva (5) para os dados
obtidos da média e também nos obtidos nas duas alturas
em que se observaram resultados diferentes (ALTA e
BAIXA). Finalizando o trabalho, procedeu-se a análise
dos resultados que apontaram na direção de uma solução
relativamente fácil para aumento na produtividade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram tomadas 06 leituras iniciais, de duas turmas
diferentes, nos turnos diurno e noturno, para poder determinar o número de amostras necessárias para realizar
o estudo de tempos utilizando dois métodos, o primeiro
dado pela equação (1) e o segundo pelo método estatístico
da equação (1A), resultando no seguinte:
NOITE
DIA
TURMA 1
TURMA 2
TURMA 3
TURMA 4
MÉDIA (s)
55,67
56,00
61,83
61,67
DESVIO PADRÃO
4,92
6,56
6,20
6,60
AMPLITUDE
13
17
16
18
Z (90%)
1,96
1,96
1,96
1,96
D (N=6)
2,534
2,534
2,534
2,534
3,3
5,5
4,0
5,1
N (Nº CRONOM)
Z (95%)
1,96
1,96
1,96
1,96
D (N=6)
2,534
2,534
2,534
2,534
N (Nº CRONOM)
13,1
22,1
16,0
20,4
SOMA X
334
336
371
370
(SOMA X)²
111556
112896
137641
136900
SOMA X²
18738
19074
23171
23078
12,5
21,9
16,1
18,3
N (ESTATÍSTICO)
Tabela 1 - Número de Amostras Para o Estudo de Tempos
Observou-se que pelo método da equação (1) com intervalo de confiança de 90% e usando número de amostras
igual a 06, o resultado de leituras seria muito baixo, variando de 3,3 a 5,1 amostras, podendo ocasionar um erro
muito grande. Entretanto, para os intervalos de confiança
de 95% variaram entre 13,1 e 22,1 amostras, bem mais representativo. O que é confirmado pelo método estatístico
Aragão et al
da equação (1A) que forneceu resultados entre 12,5 e 21,9
amostras. Assim, para cálculo da Capacidade Produtiva
utilizou-se todos os dados cronometrados (24 Amostras)
com confiança de 95% e erro possível de 5%.
As leituras do tempo apresentaram os resultados
apresentados na tabela a seguir, que também indicam as
médias e desvios padrão entre as turmas e entre as alturas
dos paletes. Estes dados visam dar apoio à interpretação
das variações entre as turmas e entre as alturas.
ALTURA
DO
PALETE
NOITE
TURMA
1
DIA
TURMA
2
TURMA
3
TURMA
4
MÉDIA
(Alturas)
DESVIO
PADRÃO
ALTA
50
52
56
54
53,0
2,58
ALTA
51
49
55
56
52,8
3,30
MÉDIA
52
51
58
57
54,5
3,51
MÉDIA
58
54
62
63
59,3
4,11
BAIXA
60
64
69
68
65,3
4,11
BAIXA
68,0
4,24
63
66
71
72
MÉDIA
(Turmas)
55,7
56,0
61,8
61,7
DESVIO
PADRÃO
4,92
6,56
6,20
6,60
Tabela 2 - Tempos Cronometrados, Médias e Desvios Padrão
Fonte: Elaboração das Autoras
Com base nos resultados verificou-se que as primeiras unidades de sacos de produto cortadas apresentaram
menor tempo que os últimos cortados, provavelmente por
conta do esforço extra que os operadores têm que fazer
para erguer os sacos até a mesa do funil, visto que os últimos sacos ficam posicionados abaixo da mesa, obrigando
a um agachamento.
Entre as turmas não foram observados aumentos significativos para o sistema de trabalho, visto todos trabalharem de
forma quase que padronizada. Apenas entre os turnos, diurno e noturno, verificou-se uma sutil diferença: percebeu-se
que durante o dia os tempos foram maiores que durante a
noite. Tal fato, que foi justificado pelos próprios operadores,
deve-se ao desconforto gerado pelo calor, enfrentado pelos
mesmos por conta do fardamento e EPI’s. Embora o galpão
seja aberto e bastante arejado, no período noturno que é mais
frio por natureza, observou-se maior rendimento das turmas.
Entretanto, estas diferenças não foram significativas (ver desvios padrão), assim serão consideradas todas as turmas com
velocidade (ou ritmo) igual a 100%.
Verificou-se que as médias foram maiores nas alturas
mais baixas dos paletes. Inclusive, os desvios também são
mais significativos quando se observam as alturas: quando
os sacos estão nas posições mais altas todas as turmas têm
um rendimento satisfatório (desvios baixos), quando a altura diminui, envolvendo maior esforço no agachamento,
os desvios aumentam.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
31
Estudo de Tempos para Determinação da Capacidade de um Posto de Trabalho
Com o seguimento do estudo de tempos, foi feita a determinação do tempo padrão e da capacidade produtiva
com relação a todos os tempos cronometrados. Em seguida fizeram-se os mesmos cálculos para as alturas maiores
e para as alturas menores, de forma a obter uma comparação, culminando nos seguintes resultados:
Tempos
cronometrados
Média tempos
cronometrados
Alturas
alturas
Média
Maiores alturas
Média
Menores alturas
Fator de tolerância
Fator de tolerância
Fator de tolerância
P = 1h / 12h = 0,0833
P = 1h / 12h = 0,0833
P = 1h / 12h = 0,0833
Ft = 1/(1-p)
Ft = 1/(1-p)
Ft = 1/(1-p)
1,09
1,09
1,09
Média velocidades
Média velocidades
Média velocidades
58,8
1,00
Tempo normal
(segundos)
Tn = média * veloc.
58,8
Tempo padrão
(segundos)
Tp = tn * ft
64,10
52,9
1,00
Tempo normal
(segundos)
Tn = média * veloc.
52,9
Tempo padrão
(segundos)
Tp = tn * ft
57,66
66,6
1,00
Tempo normal
(segundos)
Tn = média * veloc.
66,6
Tempo padrão
(segundos)
Tp = tn * ft
72,59
Capacidade atual
(nº de sacos cortados)
Capacidade
(nº de sacos cortados)
Capacidade
(nº de sacos cortados)
6178
6868
5455
Produtividade atual
Produtividade
Produtividade
100,0%
111,2%
88,3%
Cap = tempo trb / tp
Cap = tempo trb / tp
Cap = tempo trb / tp
Tabela 3 - Estudo de Tempos da Atividade
Observa-se que caso a altura se mantivesse constante,
poderia haver uma redução no tempo padrão de operação
e um aumento na capacidade produtiva de cerca de 700
sacos de produtos cortados, o que resulta num ganho de
produtividade de 11%. Sem mencionar um ganho de qualidade ergonômica no trabalho incalculável, principalmente
considerando que o percentual de operadores com idade
maior de 40 anos já chega a 25%.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nas restrições encontradas, verificou-se que
a necessidade de elevação dos últimos sacos a ser cortados
aumenta o tempo de corte. Para melhorar a produtividade
do trabalho e reduzir o esforço físico, poderiam ser adotadas medidas para evitar esse movimento de agachamento
dos operadores.
Aragão et al
A alternativa proposta para sanar esta variação na
produtividade pela diferença de alturas dos sacos poderia ser a utilização de equipamentos elevadores de carga.
Estas empilhadeiras, mesmo as mais simples, poderiam
eliminar o esforço ergonômico dos operadores, prevenindo possíveis doenças ocupacionais. E haveria, ainda,
a possibilidade de otimizar a área de armazenagem por
permitir o empilhamento de maior quantidade de paletes,
aproveitando, também, o espaço verticalmente, não só
horizontalmente.
Há no mercado diversos modelos e fabricantes que podem ser adequados segundo o grau de investimento que
a empresa se propõe, bem como com os resultados que se
pretende obter.
Não haveria modificações no método, fluxo do processo, mapofluxograma ou no lay-out do trabalho, apenas
haveria o ganho de produtividade pela aquisição do equipamento de elevação de carga. Para a implantação do novo
método de trabalho seria necessário apenas o treinamento
dos funcionários no uso do equipamento e um tempo de
ajuste de possíveis falhas no processo e para adaptação de
todos ao novo método de trabalho.
Caso a empresa opte por uma reorganização do espaço
de armazenagem, deveria ser planejado o espaço, convertendo ocupação horizontal em ocupação vertical com
a criação de corredores para a passagem do equipamento
escolhido.
Como o equipamento possui um sistema de elevação, o
material poderia ser mantido em suas embalagens de origem (big-bags com 40 sacos de 25kg, totalizando 1000kg)
e não precisariam ser descarregados em paletes de 72 sacos
como é feito atualmente.
O próprio equipamento poderia substituir o caminhão
munck que descarrega os bags das carretas e também
substituiria o trabalho humano de retirar cada saco do bag
e empilhar no palete, eliminando uma etapa demorada e
dispendiosa para a empresa, e conseqüentemente, reduzindo os custos de equipamento (munck) e mão de obra
(operadores da empresa de transporte e descarga).
Para determinar claramente esses dados, um novo
estudo de viabilidade econômica poderia ser proposto.
Investimento esse que não será tão alto inicialmente e,
melhor, que irá proporcionar uma grande economia em
longo prazo.
O uso do equipamento pode ainda reduzir o risco de
acidentes, o absenteísmo, além de prevenir possíveis doenças ocupacionais dos colaboradores, o que se sabe trata-se
uma despesa bastante alta para as empresas, governo e sociedade em geral.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
32
Estudo de Tempos para Determinação da Capacidade de um Posto de Trabalho
Aragão et al
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produtiva de uma empresa de cosméticos através do estudo de tempos e movimentos. Anais do ENEGEP; 2008;
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: ABEPRO; 2008.
Submissão: 07/06/2011
Aceite: 05/08/2011
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
33
Análise Ergonômica do Campo de Trabalho da Equipe de Limpeza da
Faculdade Estácio do Ceará
Helaine Cristina CoelhoI
Caio Átila Prata Bezerra de Sousa I
Thiago Brasileiro de Vasconcelos I
Marineide Meireles Nogueira II
Raimunda Hermelinda Maia Macena III
Teresa Maria da Silva Câmara IV
Vasco Pinheiro Diógenes BastosV
RESUMO
Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho são lesões que atingem tendões, sinóvias, músculos, nervos, fáscias,
ligamentos, de forma isolada ou associada, com ou sem degeneração dos tecidos, atingindo, principalmente, membros superiores,
região escapular, pescoço e coluna vertebral. Analisar ergonomicamente o campo de trabalho da equipe de limpeza da Faculdade
Estácio do Ceará. Este é um estudo descritivo, transversal e observacional de caráter quantitativo. A amostra foi constituída de
dezesseis trabalhadores da equipe de limpeza de uma faculdade particular. Foi aplicado um questionário que avalia o local de
trabalho, sócio-demográfico, riscos e dores dessa equipe. Esta pesquisa foi realizada no período de fevereiro a maio de 2010. Os
resultados mostraram que 100% dos funcionários apresentaram DORT, pelo menos, em alguma parte do corpo, e que as mulheres
são as mais afetadas por esses distúrbios devido à dupla jornada de trabalho. Os trabalhadores adotam posturas inadequadas à mecânica corporal, fazendo-se necessário que se consiga efetuar um trabalho de prevenção, evitando o surgimento dessas patologias,
melhorando a qualidade de vida da equipe de limpeza.
Palavras chaves: Ergonomia. Trabalho de limpeza. LER/DORT.
ABSTRACT
The Osteo muscles disorders related to work are lesions affecting tendons, synovias, muscles, nerves, band, and ligaments, alone
the associated, with or without degeneration of tissues, primarily reaching upper limbs, scapular region, neck and column vertebral.
Analyze ergonomically the field of work of the team of clean Faculty Estácio of Ceará. This is a descriptive, observational and
transversal quantitative character. The sample was constituted of sixteen workers of the team of clean a faculty particular, was applied a questionnaire which assesses the workplace, socio-demographic, risks and pains this team, this research will be carried out
in the period from February to May 2010. The results showed that 100% of staff showed DORT, at least in some part of the body,
and that women are most affected by these troubles due double work time. Workers adopt postures inappropriate to mechanics
corporal, making it necessary that we can effect a work of prevention, avoiding the emergence of duck-logias and improving the
quality of life of the team of clean.
Keywords: Ergonomics. cleaning Work. LER/DORT.
INTRODUÇÃO
As mudanças ocorridas no mundo do trabalho
têm ocasionado alterações nas situações laborais com
repercussões na saúde dos trabalhadores. Os processos de terceirizações, diminuição da mão de obra e
as mudanças na forma de organização do trabalho,
trouxeram um aumento da demanda e novas exigências
aos trabalhadores1.
O trabalho de limpeza é classificado como dinâmico e
pesado, caracterizando-se, assim, por envolver uma grande demanda física. Logo, os profissionais de limpeza têm
um demanda laboral intensiva. Além dessa carga, utilizam para realizar suas tarefas muitos utensílios manuais.
I. Discentes do curso de Fisioterapia da Faculdade Estácio do Ceará;
II. Fisioterapeuta. Mestrado em Educação. Docente da Faculdade Estácio do Ceará.
III. Enfermeira. Doutora em Ciências Médicas. Docente da Universidade Federal do Ceará.
IV. Fisioterapeuta. Especialista em Cardio-Respiratória. Docente da Faculdade Estácio do Ceará
V. Fisioterapeuta. Doutor em Farmacologia. Docente da Faculdade Estácio do Ceará.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
34
AAnálise Ergonômica do Campo de Trabalho
Pode-se identificar, ainda, que o trabalho de limpeza
exige movimentos repetitivos e força, o que implica em
posturas desfavoráveis. Portanto, esses trabalhadores apresentam um alto risco para desenvolver problemas de saúde,
principalmente, os relacionados às doenças ocupacionais2.
O sociólogo Freire 3 afirma que o ser humano é um
ser biológico, ecológico e socialmente determinado, e seu
bem-estar, além de físico, psicossocial, está dependente e
relacionado às situações que o envolvem.
De acordo com Soethe4, contemporaneamente as acelerações tecnológicas, os processos de produção em massa,
as mudanças de políticas sociais têm incentivado a busca
da discussão deste tema. Ao longo dos anos elas vêm discutindo mais sobre a organização do trabalho.
Para Abrahão e Torres5, o trabalho constitui um elemento fundamental da existência humana, podendo
contribuir para o bem-estar ou para a manifestação de
sintomas que afetam a saúde. A organização do trabalho
é visualizada como fator mediador desse processo. Ela é
compreendida como a divisão do trabalho, incluindo a divisão das tarefas, a repartição, a definição das cadências, o
modo operatório prescrito e a divisão de homens, repartição de responsabilidades, hierarquia, comando e controle.
O trabalho pode ser entendido como uma atividade social, resultante da energia física e mental, direta ou indireta,
voltada para a produção de bem e serviços, contribuindo,
dessa forma, para a reprodução da vida de forma coletiva
ou mesmo individual6.
A definição do estresse no trabalho corresponde ao
desalinhamento entre as condições do trabalho e as individualidades dos trabalhadores. É visto por Baker e
Karasek7 como as respostas físicas e emocionais prejudiciais que ocorrem quando as exigências do trabalho não
estão em equilíbrio com as capacidades, recursos ou necessidades do trabalhador.
Segundo Rios e Pires8, a resposta desses questionamentos deve ser feita a partir de análises dos seguintes aspectos:
Ciclo (sequência de ações para a execução de uma atividade), Carga (mistura equilibradamente as exigências físicas
e cognitivas e alterna tarefas fáceis e difíceis), Duração
(tempo consumido pela atividade) e Autonomia (controle
que o trabalhador pode ter sobre seu trabalho).
As doenças ocupacionais têm sido preocupação de
muitas empresas, bem como, um grande desafio para os
trabalhadores, profissionais de saúde e de recursos humanos. Isso devido ao bem-estar físico e psicológico dos
trabalhadores, refletindo, assim, no seu desempenho profissional e pessoal. Entre essas doenças, pode-se citar os
Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
(DORT). A prevalência desses distúrbios vem crescendo
de maneira significativa nos últimos anos, representando,
Coelho et al
assim, o principal fator de agravo à saúde entre as doenças
ocupacionais, sendo considerada uma das causas de afastamento de trabalho no Brasil9.
Os DORT’s são lesões que atingem tendões, sinóvias,
músculos, nervos, fáscias, ligamentos, de forma isolada os
associada, com ou sem degeneração dos tecidos, atingindo, principalmente, membros superiores, região escapular,
pescoço e coluna vertebral10. Por esses motivos a promoção da saúde atua na informação e na ação comunitária,
dando-lhe suporte para tentar cuidar de sua própria saúde,
criando condições e estratégias de favorecer seu bem- estar,
manter-se saudável e apto para o trabalho. Na prevenção
dos DORT’s, o fisioterapeuta é responsável por implantar
medidas preventivas com condutas de orientação, recomendação de atividades que visam um bom ambiente de
trabalho, respeitando os fatores ergonômicos, antropométricos, os limites biomecânicos, os intervalos do trabalho e
a duração das jornadas de trabalho11.
A Lesão por Esforço Repetitivo (LER) representa uma
síndrome de dor nos membros superiores, com queixa de
grande incapacidade funcional, causada primariamente
pelo próprio uso das extremidades superiores em tarefas que envolvem movimentos repetitivos ou posturas
forçadas11.
Dessa forma, este trabalho tem por objetivo analisar
ergonomicamente o campo de trabalho da equipe de limpeza da Faculdade Estácio do Ceará, bem como, estudar
os fatores de risco relacionados ao trabalho dos profissionais de limpeza, a partir de uma análise ergonômica,
descrevendo as condições de trabalho, que podem estar
relacionadas com a prevalência dos DORT.
METODOLOGIA
Tratou-se de um estudo descritivo, transversal, observacional de natureza quantitativo, que analisou os fatores
de risco relacionados ao campo de trabalho da equipe de
limpeza da Faculdade Estácio do Ceará. Participaram
16 trabalhadores da equipe de limpeza da instituição, no
período de fevereiro a abril de 2010. Foram inclusos na
amostra os funcionários da equipe de limpeza e higiene
que referiram dor durante a época da coleta (pois assim
os mesmos estavam mais susceptíveis às morbidades em
questão) e que trabalharam na instituição em questão por
mais de três meses. Foram excluídos trabalhadores com
mais de 60 anos que trabalhavão a menos de três meses na
instituição, e os que não referiram dores, não assinaram o
termo de consentimento.
A coleta de dados foi realizada através de questionário individual com perguntas objetivas e subjetivas, que abordou
sete vertentes: informações sócio-econômicas, concepção
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, 1(19) jul/set. 2011.
35
AAnálise Ergonômica do Campo de Trabalho
Coelho et al
do campo de trabalho, a repetitividade, a segurança, a carga
física, a autonomia e a prevalência de áreas dolorosas pelo
diagrama de Corlett e Manenica. Este questionário foi aplicado no local de descanso dos funcionários da instituição às
10 horas no turno da manhã, às 16 horas e 30 minutos no
turno da tarde e 19 horas no turno da noite.
As questões objetivas dadas depois de coletadas foram
analisadas e apresentadas em gráficos e tabelas inseridos no
Microsoft Office Excel 2002 Versão 7, e as questões subjetivas
foram codificadas em categorias empíricas e analisadas de
acordo com a frequência das respostas dos entrevistados.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Estácio do Ceará sobre o protocolo 142/09.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A amostra do estudo foi de 16 trabalhadores do setor de
limpeza de uma instituição particular. As características
sócio-demográficas do grupo foram: 56,25% eram predominantemente do sexo feminino, com idade de 28 à 42
anos em média de 35,2 (DP ± 4,48), e 50% casadas. Com
relação, ao tempo de serviço dos mesmos, variou entre 3 e 7
meses, com média de 4,75 (DP ± 1,18). Todos os indivíduos
têm carga horária de 44 horas e 100% não possuem outro
emprego e todos da amostra possuem filhos (Tabela 1).
VARIÁVEIS
n
%
formada por funcionários com experiência no setor e que,
desta forma, representam bem a influência e/ou efeito do
trabalho sobre sua qualidade de vida12.
As doenças ocupacionais não são recentes. Atualmente
as empresas tercerizadas vêm assumindo novas caracteristicas relacionadas ao mercado de trabalho. Desta forma,
buscam grande produtividade a menor custo, o que faz
o trabalhador, muitas vezes, a ritmos de trabalho intenso,
jornadas prolongadas, ambiente ergonomicamente inadequado, entre outros fatores.
Já na segunda tabela suas características foram sobre seu
campo de trabalho: 100% da amostra consideram seu local
de trabalho agradável, embora aproximadamente 63% não
gostam das acomodações para guardar objetos pessoais.
100% da amostra acham que é pouco o número de funcionários, existe uma total disponibilidade de material para
as tarefas, assim como, equipamentos de proteção individual (EPI), embora somente 62,50% sempre usam, mesmo
tendo treinamentos e orientações sobre a importância desses equipamentos, em relação às ferramentas de trabalho
93,75% acham adaptáveis de acordo com os serviços. 81,50%
consideram seu trabalho pesado e 87,50% acham muito sobrecarregado. Com relação ao revezamento, 69% dizem
que não podem fazer revezamento das tarefas e 75% acham
normal o tempo para executar suas tarefas (Tabela 2).
VARIÁVEIS
n
%
Idade
28-35
8
50
36-42
8
50
Local de guardar objetos pessoais na instituição é bom
Sexo
Masculino
7
43,75
Feminino
9
56,25
Casado
8
50
Solteiro
8
50
Estado civil
Sim
6
37,50
Não
10
62,50
As vezes
6
37,50
Sempre
10
62,50
13
81,50
3
18,75
1
6,25
15
93,75
Frequência de uso EPI
Considera o trabalho
Pesado
Muito pesado
TEMPO DE TRABALHO NA INSTITUIÇÃO (MESES)
0-4
6
37,50
5-7
10
62,50
Tabela 1- Distribuição dos dados de acordo com o perfil demográfico da equipe de
linpeza; Fortaleza/CE, 2010.
A predominância de mulheres jovens com dores osteomusculares relacionadas ao trabalho o que se pode
constatar em outro estudo como de Rocha12, o que justifica o maior número de disfunções músculo esqueléticas
nas mulheres devido ao fato delas possuírem uma dupla
jornada de trabalho, pois ao chegarem a suas residências
realizam tarefas domésticas. A faixa etária e o tempo de
serviço de limpeza (62,50% dos funcionários trabalham a
mais de 5 meses na instituição) indicam que a amostra é
As ferramentas de trabalho
Pouco adaptável
Normal
O número de tarefas
Normal
2
12,50
14
87,50
Sim
5
31,25
Não
11
68,75
4
25
12
75
Muito
Realiza revezamento com companheiros de trabalho
Tempo para realizar as tarefas
Pouco
Normal
Tabela 2- Distribuição dos dados de acordo com o local de trabalho da equipe de
limpeza; Fortaleza/CE, 2010.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, 1(19) jul/set. 2011.
36
AAnálise Ergonômica do Campo de Trabalho
De acordo com a Tabela 2, todos da amostra consideram seu campo de trabalho agradável, em relação ao
número de funcionários falaram que é insuficiente o que
vai ao encontro com outros autores12-13, pois há poucos funcionários para muito serviço.
Em relação aos equipamentos de proteção individual e suas orientações há uma grande disponibilidade
desses equipamentos, mais nem todos os utilizam com
frequência, dados esses corroborados por Vieira et al.14 que
afirmam que muitos acidentes de trabalho, por exemplo, a
intoxicação, ocorre por falta de compreensão dos próprios
trabalhadores, mesmo tendo orientações com frequência
desses riscos e da importância desses equipamentos de
proteção.
Com relação a riscos e dores a uma equiparação entre limpeza dos banheiros e limpeza das salas sendo
50% mais pesadas que outras tarefas, 100% concordam
que há esforços repetitivos com as tarefas, tendo um
equilíbrio muito grande entre varrer, abaixar, caminhar
com 37,50% e empurrar carrinhos também com 37,50%.
Aproximadamente 75% identificaram que a intoxicação
por material de limpeza é o risco de maior gravidade
ocorrido em seu campo de trabalho, embora 100% tenham orientações sobre o assunto e produtos utilizados.
Com relação ao final do expediente, aproximadamente
69% consideram-se cansados, 82% relatam a existência
de poucas pausas para descanso. 100% da amostra gostariam de ter e fazer ginástica laboral em seu setor, por
achar importante para o desenvolvimento do seu trabalho, aproximadamente 82% concordam que além de
importante, a ginástica laboral pode ajudar na relação
das tarefas, diminuindo sua fadiga. Na amostra 100%
referiram dor na lombar e 87,50% nos pés; 88% da amostra nunca se ausentaram do trabalho por essas dores e
87% dessa amostra nunca procuraram um médico por
causa das dores (Tabela 3, ao lado).
De acordo com a Tabela 3, os trabalhadores responsáveis pela limpeza mostraram-se mais susceptíveis às
alterações posturais. Tal achado pode ser entendido através da observação da sua atividade laboral, uma vez que
este grupo realiza posições críticas de maneira mantida
e repetida mais do que os outros estudos15-18. Para a realização de suas atividades eles realizam movimentos de
flexão, rotação e inclinação de tronco; braços elevados
acima do nível dos ombros por tempo prolongado; pescoço excessivamente fletido ou estendido; flexão, extensão
e desvios ulnar de punho exagerados, bem como, o agachamento. Os trabalhadores com mais de trinta e cinco
anos apresentaram maior número de alterações na postura,
sendo esse achado sustentado por outras pesquisas19-21 que
Coelho et al
VARIÁVEIS
n
%
Limpeza dos banheiros
7
43,75
Limpeza das salas de aula
8
50
Limpeza do espaço das cantinas
1
6,25
A tarefa mais pesada
Trabalho exige muitos movimentos repetitivos
Sim
16
Não
0
100
Se sim, qual
Varrer, abaixar e caminhar
4
25
Varrer e empurrar carrinho
6
37,50
Varrer e se abaixar
6
37,50
Os riscos mais identificados no trabalho
Intoxicação
12
75
Quedas em geral
4
25
Considera esses riscos
Pouca gravidade
0
Normal
4
25
Muita gravidade
12
75
Durante o trabalho, a maior parte está em posição
Caminhando
13
81
Em pé
3
18,75
A postura mais incômoda
Em pé
9
56,25
Curvado
7
43,75
Tem que fazer esforço de empurrar, levantar e puxar
Pouca frequência
5
31,25
Muita frequência
11
68,75
Cansado
11
68,75
Muito cansado
5
31,25
Pouco
13
81,25
Normal
3
18,75
Sim
16
100
Não
0
Como se sente no final do expediente
Em relação as pausas durante a jornada de trabalho
Deveria ter ginástica laboral no seu setor
Se sim por quê
Importante
2
13
Muito importante
5
31,25
Ajuda no trabalho
9
53,25
Aumento de funcionários
8
50,00
Horário
5
31,25
não tenho nada a declarar
3
18,75
Sim
13
81,25
Não
3
18,75
Sim
14
87,50
Não
2
12,50
Recomendações de melhoria para o trabalho
Dor no ombro
Dor nas pernas
Já se ausentou do trabalho devido essas dores
Sim
2
13
Não
14
87,50
Consultou algum médico devido essas dores
Sim
Não
2
14
12,50
87,50
Tabela 3 - Distribuição dos dados de acordo com os riscos e dores da equipe de limpeza; Fortaleza/CE, 2010.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, 1(19) jul/set. 2011.
37
AAnálise Ergonômica do Campo de Trabalho
sugerem a associação entre o desenvolvimento de disfunção do sistema músculo esquelético com o aumentar da
idade. Este fato pode deve-se aos processos degenerativos,
de um modo geral, que quando presentes trazem como
consequência o desgaste das estruturas osteomioarticulares e orgânicas.
CONCLUSÃO
A pesquisa ora exposta insere-se no âmbito das relações
entre saúde e trabalho, tendo como uma de suas vertentes
o desgaste e os Disturbios Osteomusculares Relacionados
ao Trabalho de limpeza de uma faculdade particular.
Os trabalhadores responsáveis pela limpeza mostraram-se mais susceptíveis às alterações posturais. Tal
achado pode ser entendido através da observação da sua
Coelho et al
atividade laboral, uma vez que este grupo realiza posições críticas de maneira mantida e repetida.
Os principais resultados deste estudo sugerem que a
atividade profissional, quando supostamente executada
em posturas inadequadas, aliadas a movimentos repetitivos, durante um período de tempo prolongado, favoreceu
o surgimento de DORT’s.
No estudo, os trabalhadores de limpeza relataram uma
alta demanda de trabalho, e um pequeno número de funcionários. Tal situação não chega a ser a ideal, com efeito,
a demanda excessiva tem relação direta com a presença de
e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
Com isso, não se descarta a possibilidade de se desenvolverem trabalhos de conscientização e projetos sociais
que abranjam esses trabalhadores que por muitos são
esquecidos, é necessário o aumentando do número de funcionários e diminuição da carga de trabalho.
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CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, 1(19) jul/set. 2011.
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AAnálise Ergonômica do Campo de Trabalho
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Submissão: 08/05/2011
Aceite: 05/06/2011
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, 1(19) jul/set. 2011.
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Artigos de revisão
Artigos de revisão
Uso da Pompage na Liberação de Fáscias
Geovana Ximenes Aragão Queiroz I
Ana Cristina Miranda Henriques II
Maria Arivelise Macena Maia III
Resumo
Esta revisão narrativa consiste em estudo seccional, documental e observacional, com caráter descritivo, transversal e de natureza
qualitativa ocorreu no mês de março de 2011. As bases utilizadas neste estudo foram LILACS e MEDLINE. Os critérios para a
seleção das dissertações, teses e artigos foram: apresentar em seus resumos os termos pompage e fáscia muscular, utilizando como
estratégia de busca os limites humanos e língua portuguesa. Os achados revelam que a pompage destaca-se como recurso manual
importante na reversão de compressões articulares, na promoção de reeducação funcional devido a sua ação sobre a circulação, ação
sobre a musculatura, ação articular e ação calmante. Ao final do estudo, pode-se considerar que para o trabalho interdisciplinar obter êxito, é necessário que os profissionais das diversas áreas se inter-relacionem conhecendo a importância de uma para a outra, pois
cada um terá o seu papel a desempenhar. Cada profissional tem a sua parcela de participação, identidade e importância indiscutível
no atendimento, cujo sentimento único é o tratamento global.
Palavras chaves: Fisioterapia. Pompage. Dor.
SUMMARY
This narrative review is to study sectional, observational documentary, with a descriptive, cross-sectional and qualitative occurred
in March 2011. The bases used in this study were LILACS and MEDLINE. The criteria for selection of dissertations, theses and
articles were presented in their resumes terms pompage and fascia, using as search strategy human limits and Portuguese. The
findings reveal that pompage stands out as a resource manual important in reversing joint compressions, the promotion of functional rehabilitation due to its action on the circulation, acting on muscles, joint action and soothing action. At the end of the study,
we can consider that for interdisciplinary work to succeed, it is necessary that professionals from different areas are inter-related
the importance of knowing each other, because each one will have its role to play. Each professional has his share of participation,
identity and unquestionable importance in attendance, whose only feeling is the overall treatment.
Keywords: Physiotherapy. Pompage. Pain.
INTRODUÇÃO
A fáscia muscular é o elo entre as estruturas musculares superficiais e profundas, entre os músculos
contidos em suas aponeuroses, entre os músculos e o
esqueleto, entre os músculos e as vísceras e entre estas
e o esqueleto.
Com exceção das contraturas, que são estados passageiros que desaparecem com suas causas, a patologia da
musculatura e de sua fáscia é a fraqueza, que se denomina
fadiga, atrofia, paresia ou paralisia.
É do conhecimento geral que quando ocorre sobrecarga muscular, a fáscia é exposta a um esforço contínuo e
excessivo, tornando-se mais densa, mais curta e perdendo
elasticidade e plasticidade 1. Assim, surgem as alterações
fasciais que podem afetar os fusos musculares, dando
origem aos distúrbios neuromusculares, ocasionando dor
crónica, dor fascial ou dor miofascial2.
Pompage é um termo francês que consiste em executar manobras capazes de tensionar lenta, regular e
progressivamente um segmento corporal, colocando
sobtensão todo e qualquer tecido elástico envolvido.
Considerada como introdutória de um tratamento mais
completo é uma técnica de terapia manual, sobrevinda
da osteopatia 3, 4.
O tecido conjuntivo de revestimento é o elemento elástico
por excelência 5. A pompage atua diretamente no tecido conjuntivo (fáscia) restabelecendo seu tamanho ideal, instigando
a circulação de líquidos nelas contidos, acendendo as interlinhas articulares ao longo do segmento, facilitando a nutrição
da cartilagem articular com isto produz benefícios à circulação, musculatura e articulação, além, do efeito calmante1.
I. Fisioterapeuta, professora do Curso de Fisioterapia da Faculdade Integrada do Ceará.
II. Fisioterapeuta, especialista em fisioterpai dermato-funcional, professora do Curso de Fisioterapia da Faculdade Integrada do Ceará.
III. Enfermeira, especialista em educação em saúde pela UNIFOR.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
41
Uso da Pompage na Liberação de Fáscias
Assim, este estudo visa descrever a técnica de pompage,
bem como relatar a anátomo-fisiologia da fáscia muscular,
descrever a pompage e seus efeitos, relatar as indicações da
pompage e discorrer sobre a técnica da pompage.
METODOLOGIA
Este estudo seccional, documental e observacional,
com caráter descritivo, transversal e de natureza qualitativa ocorreu no mês de março de 2011.
Foram feitos levantamentos das informações sobre
o tema através de consulta as bases virtuais de saúde, a
BIREME. A escolha por tal base deve-se ao fato de ser
um centro especializado da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que objetiva contribuir para o
desenvolvimento da saúde, fortalecendo e ampliando o
f luxo de informação em ciências da saúde atendendo á
31 países.
A biblioteca supracitada alberga 17 bases de dados
no total, dentre elas (5) de Saúde em Geral (LILACS,
IBECS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane, SciELO;
10 em áreas especializadas (ADOLEC, BBO, BDENF,
CidSaúde, DESASTRES, HISA, HOMEOINDEX,
LEYES, MEDCARIB, REPIDISCA) e 2 Organismos
Internacionais WHOLIS e PAHO.
As bases utilizadas neste estudo foram LILACS – (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde) e MEDLINE – (Literatura Internacional em Ciências da Saúde). A WHOLIS é o Sistema de Informação
da Biblioteca da OMS, os quais abrangem publicações
vinculadas à BIREME em periódicos, documentos oficiais, alguns livros e teses acadêmicas.
Os critérios para a seleção das dissertações, teses e artigos foram: apresentar em seus resumos os termos pompage
e fáscia muscular, utilizando como estratégia de busca os
limites humanos e língua portuguesa.
1 CONCEITOS BÁSICOS: FÁSCIA MUSCULAR,
DEFINIÇÃO E EFEITOS FISIOLÓGICOS DA
POMPAGE.
Queiroz et al
1.1 Fáscia muscular
Denomina-se compartimento fáscia a um contíguo de
músculos envolvido por um tecido fibroso - o invólucro
fascial - distinto do epimísio que cobre cada músculo individual 5. Via de regra, cada compartimento é alimentado
por um nervo e vasos sanguíneos específicos (FIGURA 1).
Figura 1 - Fáscia tóraco-lombar.
Para os anatomistas a fáscia é uma massa de tecido
conjuntivo fibroelástica. Para os osteopatas é um tecido
conjuntivo do corpo que tem uma função de apoio, incluindo os ligamentos, tendões, membrana dural e os
revestimentos das cavidades do corpo1.
A fáscia de cada músculo o envolve e o separa em compartimentos diferentes, mas na verdade é o mesmo tecido,
que realiza um processo de divisão e união contínua 1.
Além de ser um tecido mecânico de união que permite a
mobilidade sobre os tecidos vizinhos e um motor para a
circulação lacunar (auxiliando o retorno venoso), a fáscia,
é um incomensurável receptor sensitivo (composto inúmeros tenso-receptores como órgão de Golgi e fibras Ib que
reagem à mínima tensão e permitem a propriocepção 5, 6, 7.
A Pompage é uma das mais simples técnicas de terapia
manual que produz efeitos imediatos. Desenvolvida por
Cathie (osteopata Norte-Americano) e Marcel Bienfait
(francês) consiste em três etapas: tensionamento, manutenção e retorno3, 4.
A seguir discorre-se sobre a anátomo-fisiologia da
fáscia muscular os detalhes em relação à técnica de
pompage.
Figura 2 – Fáscia plantar
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
42
Uso da Pompage na Liberação de Fáscias
Por assim o ser, a fáscia sofre modificações de acordo
com o sistema nervoso e emocional1,2. De modo semelhante, traumas físicos, infecções e situações clinicas são
capazes de modificar a estrutura fáscia, causando retração e o encurtamento7. E com isso surgem as algias, que
podem ser crónicas, dores faciais, dores miofasciais, fibromialgias e outras condições.
1.2 Pompage: definições e efeitos
A pompage pode ser associada a um gesto de “bombeamento”, um puxar-relaxar sucessivos. Consiste em
uma tração de um segmento corporal, esse gesto deve ser
realizado em três tempos: tensionamento do segmento;
manutenção do tensionamento e retorno a posição inicial
3, 4. (FIGURA 3).
Queiroz et al
gerando retração. Nos casos de retração leve, o alongamento por tensionamento pode tornar-se definitivo, se a
causa da retração desaparecer. Deste modo, a pompage
muscular age como antidoto 2.
No encurtamento muscular há um número insuficiente de sarcômeros em série. Com isto, a pompage
permite que a fibra muscular volte a encurtar-se. A importância desse encurtamento, isto é, a possibilidade de
cobrir uma maior ou menor amplitude de movimento
depende do número de sarcômeros instalados em série,
cada um deles tem uma pequena possibilidade invariável
de encurtamento3,4.
1.2.3 Ação articular
A rigidez tem multicausalidade, contudo todas comprometem a frouxidão indispensável aos micromovimentos.
As pompages articulares no sentido da descompressão têm
como objetivo principal a recuperação dessa frouxidão fisiológica, permitindo o perfeito funcionamento ligamentar.
Figura 3 – Técnica de pompage no cíngulo superior.
A pompage deve ser realizada com pequenas trações,
levemente com as mãos cruzadas no sentido das fibras
musculares. Além de permitir a mobilização em descompressão, as pompages podem ser realizadas em todos os
planos de movimento: flexão, extensão, abdução, adução,
rotação, de acordo com a rigidez a ser combatida02.
1.2.1 Ação sobre a circulação
Grande parte do tecido conjuntivo fibroso, a fáscia, é
periférica. São duas grandes “combinações” conjuntivas
que envolvem todo o corpo: a fáscia superficial, que forra a pele, a aponeurose superficial, que recobre e divide
a musculatura e dá ao corpo sua morfologia. É acima de
tudo sobre esse conjunto de tecidos que as pompages circulatórias agem, sobre seus movimentos de deslizamentos
que aceleram a circulação lacunar6, 7.
Figura 4 – Pompage no cíngulo superior.
1.2.4 Ação calmante
Não são utilizadas em dores muito intensas que têm
uma origem precisa, decorrentes, por exemplo, de uma
perturbação orgânica.
Ela é importante, essencialmente, para as dores de
tensão que surgem constantemente todos os dias que, se
raramente são agudas, rapidamente tornam-se lancinantes
e mesmo insuportáveis.
O conjunto do tecido conjuntivo fibroso – aponeuroses, septos intermusculares, tendões, cápsulas articulares,
ligamentos, tratos fibroso etc., independentemente de sua
função mecânica e é também um imenso receptor dessa
grande função sensitiva que é a propriocepção 6, 7.
1.2.2 Ação sobre a musculatura
2 INDICAÇÕES
Um tensionamento passivo do músculo provoca um
deslizamento dos miofilamentos de actina para fora
A pompage é preconizada em situações clinicas que
diminuem a mobilidade entre as fáscias musculares e
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
43
Uso da Pompage na Liberação de Fáscias
a circulação de água livre entre elas. Utilizada como
terapêutica nas contraturas, estases líquidas, encurtamentos, retrações e para alívio de dores musculares e
articulares2, 3, 4.
Embora seja incapaz de recuperar os desgastes articulares, é útil na regeneração articular. Sua eficácia repousa
no fato que ao tensionar as duas superfícies articulares,
descomprime a articulação, consentindo à entrada de líquido sinovial e assim, melhora a nutrição para o tecido
cartilaginoso.
Seu efeito relaxante reduz sinais como cansaço físico e
mental, ansiedade, stress e insônia posto que beneficie a
flexibilidade, o ganho de amplitude e aumenta a circulação local, ao mesmo tempo, que proporciona sensação de
bem-estar.
3 TÉCNICA
A pompage consiste em manobras realizadas de forma
precisa buscando o relaxamento da musculatura estática
através de tensionamento leve em três etapas: tensionamento, manutenção e retorno. A duração de cada etapa
deve variar entre 30 a 40 segundos na posição e devem ser
realizada sequência de, no mínimo, 10 repetições em cada
movimento3, 4.
O terapeuta deverá observar alguns aspectos como
elementares na execução desta técnica. São eles: manter
o contato com a pele, respeitar os limites fisiológicos do
tecido e realizar toda a manobra lenta e progressivamente, simultaneamente devera estimular um bom padrão da
respiração2.
Inicialmente, o paciente deverá ser colocado no decúbito adequado, de acordo com a área a ser trabalhada. A
seguir, o profissional deverá estar em posição bípede, com
as mãos estendidas e espalmadas no segmento a ser trabalhado, respeitando o sentido das fibras musculares.
De acordo com Bienfait 3, a pompage exige que para
iniciar o tensionamento, as mãos devem ficar invertidas,
formando um X, sem retirar o contato com a pele - tracionando ao mesmo tempo, cada mão para um lado. O
tensionamento deve respeitar a primeira resistência do
tecido, já que a pompage é uma técnica de movimentos
suaves e gradativos. Esta etapa visa o alongamento lento,
regular e progressivo da fáscia até o limite da elasticidade
fisiológica.
Para ele, na segunda etapa, chamada manutenção,
consiste em manter o segmento corporal do paciente na
posição final da tensão exercida anteriormente. Objetiva
reter a fáscia no limite do seu alongamento fisiológico. O
tempo de manutenção varia de acordo com o objetivo desejado no tratamento, devendo variar entre 15 a 20 segundos.
Queiroz et al
Por fim, na etapa de retorno, o segmento corporal
deve ser trazido de volta à posição inicial, a fim de
permitir que a fáscia deslize lentamente em direção ao
seu ponto de origem. O tempo de retorno se faz com
apenas 2/3 do tempo de tensionamento. Este movimento deverá ser cuidadoso a fim de gerar um ref lexo
contrátil muscular nem tirar o paciente do estado de
relaxamento 3,4.
A pompage poderá ser executada em qualquer articulação cartilaginosa ou sinovial. A titulo de exemplificação,
descreve-se a técnica de pompage em alguns segmentos
específicos.
3.1Pompage do músculo trapézio
O terapeuta prende a base do crânio com a mão do
lado do músculo a ser tratado. Com a outra mão, apoia
o ombro2, 3, 4.
•
•
•
Tensionamento é obtido afastando-se as duas mãos
lenta, regular e progressivamente até o limite permitido pelo músculo.
Manutenção da tensão pode ser breve.
Retorno deve ser lento e o mais longo possível.
3.2 Pompage do músculo psoas
Paciente em decúbito dorsal, membro superior oposto
ao músculo a ser tratado, acima da cabeça, no prolongamento do corpo. Membro inferior do músculo a ser tratado
fletido, em rotação externa e a planta do pé apoiada sobre
a panturrilha oposta.
O terapeuta passa o braço sob a coxa, apoiando-a contra seu quadril. O tensionamento é obtido com uma leve
inclinação do corpo do terapeuta para trás3,4.
•
•
•
Tensionamento lenta, regular e progressivamente.
Manutenção - é o tempo principal deste tipo
de pompage. O tensionamento deve ser mantido longamente, para que o aporte de líquido
sinovial ocorra durante um longo período e a
nutrição do tecido articular seja o mais eficiente
possível.
Retorno lento, o suficiente para que não haja sensação de desconforto.
3.3 Pompage do quadril
Paciente em decúbito lateral sobre o lado oposto do
quadril a ser tratado. Uma almofada firme é colocada entre as coxas3,4
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
44
Uso da Pompage na Liberação de Fáscias
Queiroz et al
•
Retorno lento, o suficiente para que não haja sensação de desconforto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Figura 5 – Pompage do quadril.
O terapeuta apoia uma das mãos sobre o ilíaco e a outra
sobre a região externa do joelho.
•
•
Tensionamento é obtido empurrando-se o joelho
para baixo.
Manutenção do segundo tempo, o da descompressão, é a fase mais importante e a que deve ser mais
longamente mantida.
Para o trabalho interdisciplinar obter êxito, é necessário
que os profissionais das diversas áreas se inter-relacionem conhecendo a importância de uma para a outra, pois cada um
terá o seu papel a desempenhar. Cada profissional tem a sua
parcela de participação, identidade e importância indiscutível
no atendimento, cujo sentimento único é o tratamento global.
A fisioterapia desenvolve um papel de grande importância na prevenção de agravos e no tratamento de distúrbios
cinético-funcionais, através de uma avaliação meticulosa
do paciente, englobando todos os elementos da história
clínica, exames físicos e complementares. Os diversos métodos de tratamento utilizados visam restabelecer a função
normal e do comportamento postural do paciente.
A pompage destaca-se como recurso manual importante na reversão de compressões articulares, na promoção de
reeducação funcional devido a sua ação sobre a circulação,
ação sobre a musculatura, ação articular e ação calmante.
REFERÊNCIAS
1. Almeida CCV, Barbosa CGD, Araújo AR, Braga NHM. Relação da fáscia tóraco lombar com o mecanismo ativo
de estabilização lombar. Rev. bras. ciênc. Mov. 2006; 14(3): 105-12, 2006.
2. Sanches ML, Luz R, Oliveira J, Biasotto-Gonzalez DA, Mesquita-Ferrari RA. Pompage no tratamento da
síndrome de fibromialgia: estudo piloto. Ter. man. 2008 Nov - Dez; 6(28): 347-52.
3. Bienfait M. Fáscias e pompages: estudo e tratamento do Esqueleto Fibroso. São Paulo: Summus; 1999.
4. Clay JH. Massoterapia Clínica: Integrando anatomia e tratamento. São Paulo: Manole; 2003.
5. Dangelo JG, Fattini CA. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2002.
6. Tortora GJ. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
7. Guyton AC, Hall JE. Tratado de fisiologia médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier; 2006.
Submissão: 13/08/2011
Aceite: 05/09/2011
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
45
Prevalência de Lesões Mioarticulares em Membros Inferiores de Praticantes
de Futebol de Campo
Rodrigo Antonio da Cruz Oliveira I
Geraldo Flamarion da Ponte Liberato FilhoII
Teresa Maria da Silva Câmara III
Raimunda Magalhães da Silva IV
Cleoneide Paulo Oliveira PinheiroV
RESUMO
Introdução: O futebol é um dos esportes mais praticados no mundo por pessoas em diferentes faixas etárias e etnias, este esporte
está ligado ao bem-estar, manutenção da forma física ou até uma forma lúdica de confraternização, mas com o aumento no número
de praticantes os índices de lesões traumáticas graves também aumentaram proporcionalmente. Objetivo investigar na literatura a
prevalência de lesões mioarticulares nos membros inferiores (MMII) nestes praticantes. Metodologia: Foi realizado um estudo de
tipo literário no período de Agosto de 2010 a Junho de 2011, cujos os dados foram obtidos a partir das bases de dados disponíveis
no meio digital, via internet publicados nos anos de 2000 a 2010 , com a utilização das palavras chaves: futebol, lesão desportiva e
lesões membros inferiores, direcionadas ao Bireme, Google Acadêmico, revistas virtuais na área da saúde, artigos, livros e monografias disponíveis na Biblioteca da Faculdade Estácio- FIC. Resultados e Discussões: Foi constatado que este esporte lesiona com
grande frequência seus praticantes tendo uma superioridade de traumas nos MMII por conta do esforço físico extremo gerado pela
utilização dos fundamentos deste esporte, destacando-se aqueles que ocorre de forma indireta (75%), o segmento mais acometido
foi a coxa obtendo o percentual de 50% do total e as distensões com cerca de 70% foram as lesões com maior prevalência entre os
jogadores. Conclusão: Conclui-se igualmente que a prevalência de lesões mioarticulares em membros inferiores de jogadores de futebol de campo é elevada como constatada na literatura e as referências enfocando a temática é vasta, no entanto, sugeriu-se que mais
pesquisas sejam desenvolvidas no sentido de possibilitar a prevenção e tratamento, beneficiando assim os praticantes deste esporte.
Palavras-chaves: Lesões esportivas; Futebol; Traumatismo em atletas.
ABSTRACT
Introduction: Football is one of the most popular sports in the world by people of different ages and ethnicities, this sport is on welfare, maintenance of physical form or even a playful way of celebration but with the increase in the number of practitioners rates of
serious traumatic injury also increased proporcionalmente. Objective in the literature investigating the prevalence of injuries mioarticulares lower limbs (LL) in these praticantes. Methods: We conducted a study of literary type in the period August 2010 to June
2011, whose data were obtained from the databases available in the digital environment via the Internet published in the years 2000
to 2010, using the keywords: football, sports injury and lower limb injuries, directed the Bireme, Google Scholar, virtual journals
in the area health, articles, monographs and books in the Library of the Faculty-FIC. Results and Discussion: It was found that this
sport injures its practitioners very often have a superiority of trauma in the lower limbs due to the extreme physical effort generated
by the use of basics of this sport, and highlighted those that occurs indirectly (75%), the segment most affected leg was getting the
percentage of 50% of the strains and about 70% lesions were more prevalent among the players. Conclusion: We conclude also that
the prevalence of lower limb injuries mioarticulares of soccer players in the field is high as evidenced in the literature and references
focusing on the theme is wide, however it was suggested that further research be undertaken to enable prevention and treatment,
thus benefiting the practitioners of this sport.
Keywords: Sports Injuries; football; Athletic Injuries; Trauma in Athletas
Acadêmico do curso de Fisioterapia na Faculdade Estácio Ceará/FIC
Acadêmico do curso de Fisioterapia na Faculdade Estácio Ceará/FIC
III
Fisioterapeuta, Docente do Curso de Fisioterapia da Faculdade Estácio do Ceará/FIC
IV
Enfermeira, Docente da Universidade de Fortaleza/UNIFOR
V
Fisioterapeuta, Docente do Curso de Fisioterapia da Faculdade Estácio do Ceará/FIC
I
II
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
46
Prevalêmcia de Lesões Mioarticulares em Membros Inferiores
INTRODUÇÃO
No Brasil o futebol é um dos esportes mais praticados
por pessoas em diferentes faixas etárias, sendo entendido
pela maioria desses desportistas como uma prática sem
qualquer restrição1..
A prática deste esporte está ligada ao bem-estar, manutenção da forma física ou até uma forma lúdica de
confraternização entre colegas e amigos que é o chamado
futebol recreativo2.
No mundo, é conhecido como o desporto coletivo mais
praticado em diferentes etnias, com base em estudos epidemiológicos, atenta para a ocorrência entre 10 a 35 lesões
traumáticas agudas por 1000 horas de jogo, com maior incidência nos tornozelos e joelhos3.
Com a população cada vez maior da atividade futebolística, o número de lesões traumáticas graves também aumentou,
uma vez que o futebol caracteriza-se pelo intenso contato
físico, movimentos curtos, rápidos não continuo, tais como
aceleração, desaceleração e mudanças abruptas de direção4.
No ambiente competitivo, os homens esforçam-se em
transfigurar a realidade, ao ponto de esquecer todos os
limites impostos pelo corpo, esse que é a máquina mais
perfeita do mundo, composta de emoções que suplantam a ética e chegam a uma visão apolínea, e, às vezes,
imperfeita 5.
As lesões esportivas podem acontecer por diversos fatores, mas, muitas vezes, podem ser evitadas pelo nível de
conhecimento dos profissionais envolvidos na preparação
física e na recuperação do aluno/atleta quando lesionados5.
Logo, por ser um esporte muito praticado tanto de forma competitiva como recreacional, parti-se do pressuposto
que esta prática esportiva tende a gerar traumas diretos
e indiretos deixando os praticantes predisposto a lesões
mioarticulares. Com base nesta indagação, resolveu-se
investigar na literatura a prevalência de lesões mioarticulares em membros inferiores de praticantes de futebol.
Oliveira et al
A compilação de informação de meios eletrônicos é
de grande avanço para os pesquisadores, possibilitando
o acesso à informação e proporcionando a atualização
frequentemente.
O propósito de uma pesquisa de revisão de literatura é reunir conhecimento sobre um tópico, ajudando nas fundações
e fundamentação de um estudo significativo em uma área
específica o que é uma tarefa crucial para os pesquisadores.
O seguinte estudo utilizou a forma de revisão de literatura seguindo o foco para obter informações e atualizações
sobre o tema atual além de enriquecer o conhecimento sobre publicações existentes sobre o tema.
Foi abordada a vertente de revisão teórica e por meio da
análise da literatura publicada foi estruturado o conceito,
estabelecendo o desenvolvimento da pesquisa com base no
tema escolhido.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A amostra final desta revisão foi constituída por 44 referenciais teóricos, que foram utilizados para formulação
dos resultados deste artigo, ou seja, 32 publicações que
apresentam a porcentagem de 73% do total de referenciais
contidos neste trabalho, selecionados pelos critérios de
inclusão previamente estabelecidos. O restante cerca de
aproximadamente 27 % compreenderam livros e monografias que foram utilizadas para discussão dos dados obtidos.
Destas 32 publicações, 20 artigos, cerca de 63%, foram
encontrados na base de dados virtuais Google Acadêmico e
12 artigos pertenciam a Bireme, apresentando um percentual de 37% ,conforme o gráfico 1.
METODOLOGIA
Foi realizado um estudo de tipo literário no período de
Agosto de 2010 a Junho de 2011, cujos dados foram obtidos
a partir das bases de dados disponíveis no meio digital, via
internet obedecendo aos critérios de inclusão deste trabalho, artigos, livros, monografias e periódicos publicados
no período de 2000 a 2010, nas línguas portuguesa e inglesa com a utilização das palavras chaves: futebol, lesão
desportiva e lesões membros inferiores, direcionadas ao
Bireme, Google Acadêmico, Revistas virtuais na área da
saúde, artigos, livros e monografias disponíveis na Biblioteca da Faculdade Estácio- FIC.
Gráfico 1 - Percentual da amostra final desta revisão literária com distribuição quanto
as base de dados virtuais
No Quadro abaixo representa as especificações de artigos encontrados nas bases de dados. Dessa forma, pode-se
perceber a incidência de artigos científicos publicados sobre a temática, objeto de estudo desta pesquisa.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
47
Prevalêmcia de Lesões Mioarticulares em Membros Inferiores
PROCEDÊNCIA
TÍTULO
AUTORES
REVISTA
BIREME
Incidência
de lesões nos
jogadores de
futebol masculino
sub- 21 durante
jogos regionais de
Sertãozinho- SP
de 2006.
Selistre LFA et.al
Revista
Brasileira de
Medicina do
Esporte.
SCIELLO
Lesões nos jogadores de futebol
profissional do
Marília Atlético
Clube: estudo de
coorte histórico
do campeonato
brasileiro de 2003
a 2005.
Evandro PP,
Bruno MC, Aline
AL.
Revista
Brasileira de
Medicina do
Esporte
GOOGLE
ACADÊMICO
Prevalência de
lesões ocorridas
com atletas de
piracicaba: 51º
jogos na cidade
de São Manuel.
Sanches J.
Oliveira et al
Gráfico 2 - Percentual de lesões quanto a característica do traumatismo
5º Simpósio
de ensino de
graduação.
Quadro 1- representa as especificações de alguns artigos encontrados nas bases de
dados.
O futebol “arte” (grifo próprio) de dribles desconcertantes e um nível de propriocepção excepcional deram
lugar ao enfoque no preparo físico do atleta e melhorias
nas táticas aplicadas ao time, gerando jogos mais retrancados, estudados e mais meticulosos. Como consequência
houve um aumento nas lesões por conta da exigência muscular e traumas indiretos e diretos onde quem não tem um
bom preparo físico acaba sendo susceptível a estas lesões
presentes nessa prática desportiva.
Dos estudos encontrados identifica-se uma semelhança
entre os resultados que demonstram que o futebol é um esporte que lesiona com grande frequência seus praticantes,
por conta que hoje este esporte é um dos mais populares e
tem adeptos a suas práticas pelo mundo.
Os outros argumentam que por apresentar uma forma de disputa atraente, cujos dribles e arranques levam a
multidão ao delírio, geram por um lado, um esforço físico extremo aos membros inferiores (MMII) por conta da
solicitação aos movimentos como corridas, sprints, saltos,
chutes e desarmes que dão a alma a este esporte6,7.
Os artigos demonstraram que a prática futebolística
exige um esforço intenso dos MMII, sendo que as lesões
mioarticulares estiveram presentes com maior frequência
na faixa etária de 18 a 39 anos de idade, tempo de prática de 5 a 25 anos, sendo que uma parte lesionada durante
a pré- temporada (treinos) e a outra durante os jogos e
torneio5,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,20,20.
Foi constatado que há uma prevalência de traumas diretos
25% (vinte e cinco por cento), sendo que os fatores extrínsecos são uma variante nos trauma indiretos tendo uma grande
prevalência de 75% (setenta e cinco por cento) no meio futebolístico (gráfico 2)5,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,20.
Ao debater sobre a casuística e fatores que predispõem o
lesionamento do praticante, as referências evidenciam quanto
a sua origem e classificação: fatores intrínsecos (avaliação da
condição física do atleta, idade, além dos aspectos psicológicos) que podem ser divididas em lesões sem roturas de fibras
musculares (câimbras, contratura muscular e o estiramento)
e as lesões com roturas de fibras musculares, podendo ser
parcial ou roturas totais. Já os fatores extrínsecos são o tipo
de superfície do solo, os erros de treinamento, as condições
ambientais e a não utilização de equipamentos adequados
podem favorecer e violações as regras dos jogos (faltas excessivas, jogadas violentas), surgindo, assim, o aparecimento de
lesões por sobrecarga e contusões13,21,22,23,24,25.
Ao analisar com base nos tipos de lesões (gráfico 3),
destacam-se as distensões com cerca de 70% (setenta por
cento) que acometiam os praticantes deste esporte, envolvendo uma lesão do complexo músculo tendinoso onde são
pré-dispostas por uma distonia muscular aguda, um aumento repentino, imprevisto e brutal da tensão no músculo
ou parte dele, durante o esforço, e superior à capacidade de
resistência. É classificada como uma lesão indireta porque
resulta das cargas excessivas e não de um traumatismo direto estão ligadas aos movimentos de rotação1,12,24,25,26.
Gráfico 3 - Porcentagem da analise quanto ao tipo de lesão ocorrida
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
48
Prevalêmcia de Lesões Mioarticulares em Membros Inferiores
Outra afecção de alta prevalência foi a contusão com
percentual de 20% (vinte por cento), sendo definida como
sendo a ação de um agente mecânico atuando de maneira
inesperada sobre os tecidos do segmento corporal de forma direta ou tangencial vencendo sua resistência1,11.
Tendinopatia é outro tipo de lesão que está presente nas
referências consultadas, mas não sendo identificada com
uma alta incidência como as lesões acima citadas. Consiste em uma inflamação do tendão com sinais clínicos
ou histopatológicos de processo inflamatório, que se dá
por esforço repetitivo com sobrecarga durante atividades
de corridas e saltos sendo um importante fator etiológico
para a tendinopatia patelar, comum em atletas de basquete,
vôlei, futebol, atletismo e tênis 1,5,10,11,18.
Indubitavelmente, pode-se determinar a partir destes
estudos que os choques são frequentes, ao mesmo tempo
em que o excesso de treino, jogos e movimentos bruscos
em curto intervalo de tempo exigem dos praticantes dessa
modalidade futebolística um melhor desempenho físico e
um exato controle mioarticular onde o despreparo físico
pode ser um fator determinante para uma lesão desportiva.
Considerando as lesões por segmento corporal, as
referências abordaram que o segmento mais acometido pelas lesões musculares é a região da coxa, obtendo
o percentual de 50% (cinquenta por cento) do total de
lesões 21,28,29,2,30,12,13,15,31, seu acometimento está diretamente
relacionada a inserções dos grupos musculares que coordenam a dinâmica da marcha (gráfico 4).
Gráfico 4 - Porcentagem de lesões classificadas quanto os segmentos corporais mais
acometidos
Por ser um esporte que exige uma aceleração (contrações
isotônicas concêntricas variando agonistas e antagonistas)
e desaceleração (contrações isotônicas excêntricas, variando entre agonista e antagonista) brusca em curtos espaços
de tempo. Exige aos músculos um alto rendimento e uma
plasticidade excepcional. Esta região se estende entre as
articulações do quadril e do joelho e consiste no fêmur
Oliveira et al
alinhado longitudinalmente, circundado por três compartimentos musculares (anterior, médio e posterior), que são
definidos por sua localização e ações musculares (7,11,12,32,33,34).
Outro tipo de enfermidades desportiva, citados com
cerca de 25% (vinte e cinco por cento) são as que acometem
complexo do joelho, onde são de caráter incapacitantes e
de prognóstico variável. Por ser uma articulação em dobradiça (charneira) que possui potencial de movimento
tanto em flexo-extensão quanto em rotação se torna uma
articulação extremamente segura em extensão mais em
flexão a maior fragilidade da mesma 36,39,37.
Os mecanismos de lesão nesta articulação estão ligados a rotações associados com desvios em varo ou valgo e
uma hiperextensão ou uma flexão incompleta, atuação de
forças no sentido ântero – posterior e posteroanterior ou
desaceleração brusca, mudanças de direção e os traumas
rotacionais que acabam gerando uma instabilidade na mecânica articular 2,6,28,38,11,37,40.
Também ocorre sobrecarga mecânica de outras estruturas internas do joelho que funcionam como estabilizadores
secundários, a exemplo do corno posterior do menisco
medial. Em geral, seu mecanismo de lesão consiste na
compressão e rotação da articulação tibiofemoral, enquanto o pé mantém-se fixo sobre uma superfície28,34,39.
Os estudos publicados na Revista Brasileira de Ortopedia e Traumatologia demonstram que o trauma no esporte
foi responsável por 48% das lesões isoladas do LCP e que
os acidentes de trânsito corresponderam a 28% do total. Na
série brasileira, o futebol foi o esporte mais frequente como
causa da lesão (30%). Nos trabalhos americanos, o esporte
mais frequentemente envolvido é o futebol americano41.
As entorses do tornozelo são citadas nas referências
como sendo as lesões mais comuns no universo da patologia
musculoesquelética. Na literatura consultada identifica-se
uma estimativa de 20% (vinte por cento) de todas as lesões,
na sua esmagadora maioria são entorses externas42..
Portanto, as lesões sem contato, em geral, são decorrentes de eventos como mudar bruscamente de direção,
pisar em buraco do campo ou rodar o corpo com o pé
fixo. Outras são produzidas por contato com atletas,
que podem ocorrer de diversas formas e pressupõem
maior potencial de dano articular, em comparação
àquelas sem contatos. Seus mecanismos acima relatados
tornam muito comum sua incidência, definindo-se em
episódios agudos produzidos por traumas rotacionais
que podem estar associados ou não com a participação
de forças angulares2,29,35.
Em complementação, as entorses do complexo do tornozelo aparecem como grande frequência relacionada ao
esporte e à dança. Visto que a cápsula articular e os ligamentos são mais fortes na face medial do tornozelo, as
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
49
Prevalêmcia de Lesões Mioarticulares em Membros Inferiores
entorses por inversão envolvendo o estiramento ou a ruptura dos ligamentos laterais são muito mais comuns que as
entorses por eversão dos ligamentos mediais37,40,42.
Por outro lado, as lesões no quadril são raras nas literaturas referênciadas encontradas, pois a articulação do quadril
é composta pelas superfícies articuladas da cabeça do fêmur e do acetábulo aonde o encaixe é aprimorado pelo lábio
(labrum) acetabular, um coxim fibrocartilagem afixado a
reborda óssea do acetábulo por conta de sua anatomia. Esta
articulação tem uma pequena incidência deste tipo de lesão
mais estão intimamente ligadas ao estresse mecânico sobre
a coxofemoral. Por ela ser um sistema de alavanca de primeiro grau, torna-se mais propensa a microtraumatismos,
atritos de estruturas, inflamações nas partes moles, gerando
patologias como a bursite trocantérica, luxações traumáticas
do quadril e fraturas de esforço do colo femoral. Estes tipos
de lesões estão ligadas a estresse crônico ou overouse da articulação e do complexo osteomuscular3,25,37,39,43.
Oliveira et al
CONCLUSÃO
Os dados do presente estudo permitiram concluir que
na prática do futebol os choques são frequentes e inevitáveis e que o excesso de treino, jogos e movimentos
bruscos em curto intervalo de tempo exigem dos membros inferiores do praticante desta modalidade um melhor
desempenho físico e um exato controle mio articular para
melhor prevenção dessas lesões.
Conclui-se igualmente que a prevalência de lesões mioarticulares em membros inferiores (MMII) de jogadores
de futebol de campo é elevada como constatada na literatura. As referências que enfocam a temática são vastas, no
entanto, por ser um esporte em ascensão, cuja população
de adeptos a está prática cresce a cada ano, sugeriu-se que
mais pesquisas sejam desenvolvidas no sentido de possibilitar a prevenção e tratamento, beneficiando, assim, os
praticantes deste esporte.
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50
Prevalêmcia de Lesões Mioarticulares em Membros Inferiores
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Submissão: 22/04/2011
Aceite: 09/06/2011
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
51
A Atividade Física como Estratégia de Enfrentamento dos Efeitos Adversos
da Terapia Haart para Portadores do Hiv/Aids: Uma Cartografia da
Produção na Bireme.
Samuel Portugal Prado Martins I
Telma Alves Martins II
Raimunda Hermelinda Maia Macena III
Aldeisa Gadelha IV
Resumo
A síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS) provoca inúmeras alterações anatômicas e metabólicas nos indivíduos. A lipodistrofia e a síndrome metabólica, efeitos adversos da terapia HAART, constituem-se fatores para baixa adesão ao tratamento,
colocando em risco a saúde e a qualidade de vida destes indivíduos. Este estudo identificou e descreveu a produção científica, sobre
a atividade física para portadores do HIV/AIDS disponível na BIREME, com foco na contribuição da educação física. Pesquisa
bibliográfica exploratória-descritiva, orientada na abordagem quantitativa documental e de base terciária contemplou como descritores: atividade física, exercício físico, esforço físico, condicionamento físico, educação física, HIV, AIDS, Infecção pelo HIV, Doente de AIDS
e Pessoas com HIV/AIDS. As variáveis analisadas foram: idioma; tipo de estudo, país e ano de publicação; área de conhecimento; tipo
e sujeitos do estudo. Foram abordados 16 estudos em língua portuguesa dentre os 227.572 estudos multilingue produzidos entre
1996 a 2010. Os resultados indicaram inúmeros benefícios da atividade ou exercício físico tanto nos aspectos biológicos (melhora
da capacidade cardiorrespiratória, força muscular, controle metabólico, aprimoramento da massa óssea, diminuição da gordura
corporal) quanto nos aspectos psicossociais (redução do stress e depressão, com conseqüente melhora da percepção do corpo, da
autoestima e sexualidade), o que impacta de forma positiva na qualidade de vida dos portadores do HIVAIDS. Evidencia-se a necessidade de estudos futuros que aprofundem questões ainda pouco esclarecidas, principalmente, sobre os benefícios sobre o sistema
imunológico, assim como, o aprofundamento da discussão nas universidades e faculdades, principalmente nos cursos de Educação
física.
Palavras chaves: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Atividade física. Lipodistrofia. Terapia antiretroviral de alta atividade.
ABSTRACT
The acquired immunodeficiency syndrome (AIDS) causes numerous anatomic and metabolic changes in individuals. Lipodystrophy and metabolic syndrome, adverse effects of HAART, constitute factors for poor adherence to treatment, endangering the
health and quality of life of these individuals. This study identified and described the scientific literature on physical activity for
HIV / AIDS available in BIREME, focusing on the contribution of physical education. Bibliographical research exploratory, descriptive quantitative approach focused on documentary and tertiary base included as descriptors: physical activity, physical exercise,
physical exertion, physical fitness, physical education, HIV, AIDS, HIV infection, AIDS and Sick Persons with HIV / AIDS.
The variables analyzed were: language, study type, country and year of publication; area of expertise;
​​
kind and study subjects. 16
studies were addressed in Portuguese among 227 572 multilingual studies produced between 1996-2010. The results indicated
numerous benefits of physical activity or exercise in both the biological aspects (improvement of cardiorespiratory fitness, muscle
strength, metabolic control, and improved bone mass, decreased body fat) and on psychosocial (stress reduction and depression,
with consequent improvement of body awareness, self-esteem and sexuality), which impacts positively on the quality of life of patients of HIVAIDS. Highlights the need for future studies to further investigate issues still unclear, mainly about the benefits on
the immune system, as well as further discussion in universities and colleges, especially in physical education courses.
Key words: Acquired Immune Deficiency Syndrome. Physical activity. Lipodystrophy. Highly active antiretroviral therapy.
I. Graduando em Educação Física da Faculdade Integrada do Ceará (FIC)
II. Enfermeira sanitarista. Mestre em Saúde Pública pelo Departamento de Saúde Comunitária. Universidade Federal do Ceará
III. Enfermeira, doutora em ciências médicas, Professora Adjunta do curso de Fisioterapia da FIC
IV. Educadora física, Professora do Curso de Educação Física da Faculdade Integrada do Ceará ( FIC)
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Estácio|FIC, Fortaleza, 1(19) jul/set. 2011.
52
A Atividade Física como Estratégia de Enfrentamento dos Efeitos Adversos da Terapia Haart para Portadores do Hiv/Aids
INTRODUÇÃO
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)
constitui- se atualmente um dos maiores problemas de
saúde pública, em particular, nos países em desenvolvimento. Estima-se que em todo o mundo 33,4 milhões
de pessoas vivendo com o HIV e AIDS1. Até meados
da década de 90, a maioria das pessoas que adoecia de
AIDS morria nos seis primeiros meses após o diagnóstico.
A partir de 1996, a medicação antiretroviral potente ou
HARRT, passou a garantir uma vida plena e substancialmente mais longa para as pessoas acometidas pela AIDS,
nos países onde o acesso universal é garantido, sendo esta
uma das mais fortes estratégias da política de saúde no
Brasil.
No Brasil, o Ministério da Saúde adotou desde 1997
em sua Política o acesso universal ao tratamento gratuito
as pessoas com HIV/AIDS, e disponibiliza 19 medicamentos antiretrovirais que são distribuídos gratuitamente
nos serviços ambulatoriais especializados (SAE) e/ou em
638 unidades dispensadoras de medicamentos (UDM) no
Brasil 2.
Se a AIDS não tem ainda uma cura cientificamente comprovada, tem tratamento eficaz que garante uma
boa qualidade de vida para as pessoas acometidas pela
doença. Os medicamentos ora disponíveis no SUS possibilitam redução da carga viral, e conseqüentemente uma
melhoria do sistema imunológico, redução no número de
infecções oportunistas e nos óbitos. Apesar do inquestionável efeito benéfico na melhoria da qualidade de vida
das pessoas vivendo com AIDS, o uso prolongado destes
medicamentos produzem alterações corpóreas significativas e indesejáveis nos pacientes nos pacientes em uso de
Antirretrovirais 3.
Hoje, em três décadas de epidemia, sabe-se que é possível controlar a AIDS, mais tendo que vencer grandes
desafios, alguns deles decorrentes do sucesso da terapia
antiretroviral, pois uma vez que as pessoas infectadas vivem mais aumentam as suas chances do aparecimento de
algumas condições associadas à maior risco de eventos
vasculares.
Os efeitos adversos da terapia HAART, como a lipodistrofia (caracterizada pelo aumento de gordura no abdome,
mamas e região cervical, e ao mesmo tempo a perda de
gordura nas pernas, braços, glúteos, face) e a síndrome metabólica correlata (caracterizada por elevação dos níveis de
triglicérides, colesterol total, colesterol - LDL e redução
de colesterol - HDL), produzem muitos danos à saúde dos
pacientes 4.
Mesmo reconhecendo a importância atividade física,
para a melhoria da qualidade de vida dos portadores do
Martins et al
HIV/AIDS, poucos são os estados brasileiros que têm incluído nas políticas públicas a discussão sobre o tema. No
entanto, já se observa que há reconhecimento internacional da importância da comunidade esportiva na luta contra
a AIDS. Por esta razão o Comitê Olímpico Internacional
(COI) e o Programa Conjunto das Nações Unidades sobre o HIV/AIDS (UNAIDS) decidiram unir forças na
resposta global à epidemia e lançaram um manual prático
para a comunidade esportiva, entendendo que o esporte
derruba barreiras, aumenta a autoestima e pode ensinar
princípios de vida e comportamentos saudáveis. Além
disso, um terço dos 39,4 milhões de pessoas vivendo com
HIV/AIDS aos de HIV /AIDS têm menos de 25 anos de
idade, e muitas estão envolvidas em esportes, como espectadores ou participantes 5, o que justifica a importância da
atividade física como estratégia na Política de AIDS no
Brasil.
A atividade física e o exercício físico podem proporcionar diminuição da gordura estresse, da tensão muscular,
da ansiedade, da insônia e da pressão arterial; incremento
da força, da massa muscular, da flexibilidade e da densidade óssea; melhora do perfil lipídico e da sensibilidade
corpórea e, das funções cognitivas e da socialização; aumento do volume sistólico, da ventilação pulmonar e da
autoestima. Estes efeitos trazem benefícios na prevenção
e tratamento das doenças como diabetes, hipertensão,
doenças respiratórias, artrose, dor crônica e desordens
mentais e psicológicas, entre muitos outros 6. Desta forma, é de extrema importância o desenvolvimento
de uma política para pessoas vivendo com HIV/AIDS,
que contemple um Plano voltado para Prevenção PositiHIVa, cuja prática da atividade física é um dos eixos
fundamentais.
Por outro lado, apesar do grande esforço do governo brasileiro de democratizar o acesso à internet,
disponibilizando para as pessoas das camadas sociais menos favorecidas nas escolas públicas, o acesso à internet
de forma ilimitada ainda é algo restrito às camadas sociais das classes médias e altas 7. Até uma década atrás
não era possível fazer uma previsão do impacto da interconectividade global que modificaria o gerenciamento das
bibliotecas, que enfrentam pela atualmente, em quase um
século o grande e difícil desafio de rever e redesenhar “seus
serviços”. Hoje a cada dia mais documentos estão sendo
publicado nos formatos eletrônicos, o que passa a exigir
redimensionamentos de espaço e mecanismo de busca e
disseminação desses materiais, em especial, através das
bibliotecas virtuais 8,39.
A biblioteca virtual é definida com a que não existe
fisicamente, se constituindo numa aplicação universal
de avançada tecnologia através de um software próprio
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, 1(19) jul/set. 2011.
53
A Atividade Física como Estratégia de Enfrentamento dos Efeitos Adversos da Terapia Haart para Portadores do Hiv/Aids
acoplado a computadores de alta velocidade, simulando o
ambiente de uma biblioteca em duas ou três dimensões.
Deste modo, é possível pesquisar em uma biblioteca virtual, circular entre salas, selecionar, abrir e ler. Mesmo
disponível este meio não ainda muito utilizado, por ser
dispendioso e grande consumidor de memória 8, 9.
Para que a biblioteca virtual funcione de forma efetiva é necessário que três elementos funcionem a contento,
a saber: a virtual funcione de forma efetiva: o usuário, a
informação em formato digital e as redes computadorizadas. A BVS é o produto da evolução de três décadas do
programa de cooperação técnica em informação científica
na America Latina e Caribe, sob a liderança da OPAS/
PMS – Organização Panamericana de Saúde/ Organização Mundial de Saúde, coordenado e implantado pela
BIREME – Biblioteca Virtual em Medicina 10.
Diante deste contexto, este estudo buscou identificar
e descrever a produção científica, sobre a atividade física para portadores do HIV/AIDS disponível na principal
base virtual de saúde, a BIREME, com foco na contribuição da educação física para a melhoria da qualidade de
vida destes indivíduos.
METODOLOGIA
Este estudo bibliográfico exploratório-descritivo,
orientado na abordagem quantitativa documental e de
base terciária descreve a produção científica publicada em
língua portuguesa, relacionada à prática da atividade física
para os portadores de HIV/AIDS. Foram selecionados
inicialmente artigos e teses entre as publicações científicas
nacionais e internacionais, no período entre 1996 a 2010,
contidas na principal biblioteca virtual em saúde, na seguinte base de dados: site do Centro Latino-Americano
e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde11. A
BIREME foi selecionada considerando sua importante
contribuição o desenvolvimento da saúde, através do fortalecimento do fluxo de informação em ciências da saúde,
com alcance em 31 países 11.
A BIREME coordena a Biblioteca Virtual em Saúde – BVS – desde criação em 1967. Nesta encontram-se
informações e publicações científicas de todos os países
do mundo 12. A partir de 1982 a BIREME passou a se
denominar Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, persistindo até os dias
atuais a sigla BIREME 13,40.
Esta biblioteca possui 17 bases de dados, das quais 5
são de Saúde em Geral (LILACS, IBECS, MEDLINE,
Biblioteca Cochrane, SciELO; 10 em áreas especializadas
(ADOLEC, BBO, BDENF, CidSaúde, DESASTRES,
HISA, HOMEOINDEX, LEYES, MEDCARIB,
Martins et al
REPIDISCA) e 2 Organismos Internacionais WHOLIS
e PAHO. As bases utilizadas neste estudo foram LILACS
– (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde) e MEDLINE – (Literatura Internacional em
Ciências da Saúde). A WHOLIS é o Sistema de Informação da Biblioteca da OMS, os quais abrangem publicações
vinculadas á BIREME em periódicos, documentos oficiais, alguns livros e teses acadêmicas.
A coleta dos dados foi realizada no período de julho a
setembro de 2010. Na pesquisa foi identificada a base de
dados disponível; o idioma; o tipo, país e ano de publicação; a área de conhecimento; os objetos, tipo e sujeitos do
estudo.
Foram identificados trabalhos escritos no idioma inglês,
espanhol e português, sendo que a maioria dos trabalhos
do MEDLINE é publicada no idioma inglês. Desta forma,
optou-se por trabalhar com artigos do LILACS, considerando que nestes estavam os artigos no idioma português,
e que alcançavam o objetivo do estudo. Foram realizadas
leituras flutuantes, para identificar textos sobre a prática
de atividade física portadores de HIV/AIDS.
Os critérios para a seleção dos artigos foram: apresentar em seus resumos os termos atividade física para
portadores do HIV/AIDS utilizando como estratégia de
busca os descritores: “Atividade física” (como sinônimo
de atividade locomotora e atividade motora) “Exercício
físico” (como sinônimo de exercício aeróbio e exercício
isométrico); “Esforço físico”; ”Condicionamento físico”
(como sinônimo de aptidão física e condicionamento físico
humano); “Educação física” (como sinônimo de educação
e treinamento físico);” HIV (como sinônimo de vírus da
AIDS, vírus da imunodeficiência humana, vírus linfotrópico para células T Humanas Tipo III e vírus associado
à linfoadenopatia); “AIDS” (como sinônimo de Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida, SIDA, Síndrome de Deficiência Imunológica Adquirida); “Infecção pelo HIV”;
“Doente de AIDS” e” Pessoas com HIV/AIDS” encontradas no idioma português.
Os dados foram analisados considerando as variáveis:
palavras-chave; base disponível; ano de publicação; tipo
de publicação; área de conhecimento; objeto, tipo e sujeitos do estudo. Os dados quantitativos obtidos foram
processados e analisados eletronicamente utilizando-se a
Microsoft Office Excel (versão 2003 for Windows), através de estatística descritiva apresentada sob a forma de
gráficos e tabelas.
Foi considerada a Resolução CSN n° 196/96, o regimento interno do Comitê de Ética em Pesquisa da FIC
no desenvolvimento do artigo e respeitadas às normas do
Código de Ética da Educação Física – Resolução CONFEF/056/2003 (Conselho Federal de Educação Física).
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, 1(19) jul/set. 2011.
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A Atividade Física como Estratégia de Enfrentamento dos Efeitos Adversos da Terapia Haart para Portadores do Hiv/Aids
Martins et al
RESULTADOS
Na pesquisa realizada foram encontradas 227.572 publicações científicas internacionais e nacionais sobre HIV e suas
variantes (portador de HIV, infecção pelo HIV e portador
do vírus HIV). Quando estes descritores foram relacionados
com os descritores referentes à atividade física, esforço físico, condicionamento físico, educação física e exercício físico,
este número somou 675 trabalhos. (QUADRO 1). O descritor
“HIV” quando relacionado com os demais descritores ligados
à atividade física apresentou o maior percentual (99%) do total dos trabalhos publicados. Setenta e seis trabalhos foram
publicados com texto no LILACS, em português.
Quadro 2 – Produção sobre Aids e atividade física. Fortaleza, Ce, 2010.
Após analise dos 141 trabalhos (relacionados ao HIV e
a AIDS) escritos em língua portuguesa, foram selecionados 16 destes que caracterizavam o objeto do estudo.
Os estudos selecionados
Os estudos sobre o tema iniciaram no ano de 1998 até o
ano de 2010, tendo o maior volume de produção no período
de 2003 á 2007 (56,3%). Com relação aos sujeitos estudados,
25% eram crianças e/ou adolescentes e 37,5% adultos. A área
de pesquisa de maior interesse no assunto foi à Educação física (75%), seguida da Fisiologia (18,8%). Quanto ao objeto
estudado, o mesmo percentual 31,3% foi encontrado para a
atividade física e treinamento físico. (TABELA 1).
Variáveis
Quadro 1 – Produção sobre pessoas com hiv e atividade física. Fortaleza, Ce, 2010.
Embora o Ministério da Saúde proponha que as diretrizes utilizadas para o tratamento da dislipidemia para
os portadores do HIV/AIDS sejam o mesmo empregado
para a população em geral, iniciando com medidas não
farmacológicas e somente com a persistência do quadro,
optando-se pelo manejo farmacológico. Dente as medidas
não farmacológicas estão incluídos mudanças nos hábitos de vida, incluindo dieta, prevenção do tabagismo, e
atividade física 2,14. Os achados teóricos não são compatíveis com este indicativo. Ao se analisar a produção sobre
AIDS e atividade física e descritores correlatos exercício,
(condicionamento físico, esforço físico, educação física)
apresentou 210.621 publicações.
O relacionamento do descritor AIDS com as variantes ligadas atividade física gerou 878 trabalhos. Com o
descritor AIDS e atividade física foram apresentados
o maior número (311) de trabalhos. Com os descritores
“exercício físico’ e “educação física “obteve-se (230 e 170)
publicações respectivamente. (QUADRO 2). De 878
trabalhos escritos nas diversas línguas, principalmente
a inglesa, 65 foram escritos por autores brasileiros, em
língua portuguesa.
Fa
F%
TIPO DE ESTUDO
Caso controle
0
0
Descritivo
10
62,5
Bibliográfico
6
37,5
Ensaio controle
0
0
ANO
1998-2002
3
18,7
2003-2007
9
56,3
2008-2010
4
25,0
Criança/Adolescente
4
25,0
Adulto
6
37,5
Revisão sistemática
6
37,5
Educação Física
12
75,0
Fisiologia
3
18,8
Psicologia
1
6,2
Atividade física
5
31,3
Treinamento físico
5
31,3
Variáveis fisiológicas
2
12,5
SUJEITO
ÁREA
OBJETO
Aspectos psicológicos
1
6,2
Avaliação física
3
18,7
Tabela 1 – Descrição dos estudos sobre Atividade física e AIDS registrados na base
LILACS (BIREME)) no período de 1998 à 2020. Fortaleza, Ce, 2010.
Fonte: Pesquisa direta
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, 1(19) jul/set. 2011.
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A Atividade Física como Estratégia de Enfrentamento dos Efeitos Adversos da Terapia Haart para Portadores do Hiv/Aids
Reconhecendo que os exercícios físicos, aliados a uma
alimentação saudável e balanceada, podem contribuir
na prevenção e remissão dos sintomas consequentes aos
efeitos adversos para portadores do HIV/AIDS. Serão
apresentadas a seguir as publicações no idioma português,
compatíveis com o objeto do estudo, que se encontram disponíveis na BIREME na base de dados LILACS.
Os profissionais de saúde têm procurado avaliar a qualidade de vida de seus pacientes, propondo a práticas de
Martins et al
atividades corporais e/ou exercício físico. Os exercícios
físicos atuam no aumento da capacidade respiratória, da
força e da resistência muscular, diminuição da gordura
localizada, bom funcionamento dos intestinos, aumento
da massa muscular, melhora da disposição, fortalecimento do sistema imunológico, auxílio para manter os níveis
adequados de colesterol e triglicerídeos e proporciona benefícios psicológicos, como a melhora da autoestima, da
ansiedade e do convívio social 3,37.
Título
Autores
A influência da atividade física para portadores do
vírus HIV
Fechio, Juliane Jellmayer; Corona, Emerson Fechio,
Cristiane Jellmayer; Brandão, Maria Regina Ferreira;
Alves, Luciola Assuncão
Atividade física e a infecção pelo HIV: uma análise
crítica
Lira, Vitor Agnew
Análise descritiva de aspectos relacionados à ‘atividade física habitual, saúde e qualidade de vida em Santos, Elisabete Cristina Morandi dos; Florindo,
adultos portadores do vírus da imunodeficiência Alex Antônio
humana
Ano
Periódico
1998
Rev.bras.ativ. fís. saúde
1999
2002
Rev. bras. med. esporte
Rev.bras.ativ.fís. saúde
Atividade física habitual e sua relação com a composição corporal em adultos portadores do HIV/AIDS Florindo, Alex Antonio
em uso de terapia antiretroviral de alta atividade
2003
Tese apresentada a USP para
obtenção do grau de doutor
Alterações metabólicas e de distribuição de gordura
corporal em crianças e adolescentes infectados pelo
HIV/AIDS em uso de drogas antiretrovirais de alta
potência
2005
Tese apresentada ao Instituto
Fernandes Figueira para obtenção do grau de mestre
2005.
Rev. bras. ciênc. mov
A concepção da atividade física dos pacientes soropositivos e doentes de AIDS do serviço de assistência
especializada do Centro Municipal de Atendimento Lazzarotto,Alexandre Ramos
em doenças sexualmente transmissíveis e AIDS de
Porto Alegre/
2006
Tese apresentada a Univers Rio
Grande do Sul para obtenção do
grau de mestre
Estilo de vida de pacientes infectados pelo vírus da
imunodeficiência humana (HIV) e sua associação
com a contagem de linfócitos T CD4+
Eidam, Cristiane de Lima; Lopes, Adair da Silva;
Guimarães, Mark Drew Crosland; Oliveira, Osvaldo
Vitorino
2006
Rev.bras. cineantropom.
sempenho hum
Avaliação das variáveis de força muscular, agilidade e
composição corporal em crianças vivendo com HIV/
AIDS/
Barros, Cláudia; Araújo, Timóteo; Andrade, Erinal2006
do; Cruciani, Fernanda; Matsudo, Victor
Rev. bras. ciênc. mov
Uma breve revisão sobre exercício físico e HIV/
AIDS
Casseb, Jorge Simão do Rosário; Duarte, Alberto José
da Silva; Greve, Júlia Maria D’Andrea.
2007
Rev. bras. ciênc. mov
Força Muscular em crianças órfãs por AIDS
Barros, Claúdia Renata dos Santos.
2007
Tese apresentada a USP para
obtenção do grau de mestre
Prescrição de exercícios físicos para portadores do
vírus HIV
Werner, Maria Luiza Falci
Eidam, Cristiane de Lima; Lopes, Adair da Silva;
Oliveira, Osvaldo Vitorino
Deresz, Luís Fernando; Lazzarotto, Alexandre RaO estresse oxidativo e o exercício físico em indivídu- mos; Manfroi, Waldomiro Carlos; Gaya, Adroaldo;
2007
os HIV positivo
Sprinz, Eduardo; Oliveira, Álvaro Reischak de;
Dall’Ago, Pedro
Rev.bras.med. esporte
Bem-estar psicológico, enfrentamento e lipodistro- Seidl, Eliane Maria Fleury; Machado, Ana Cláudia
fia em pessoas vivendo com HIV/AIDS
Almeida.
2008
Psicologia em estudo
Benefícios do treinamento aeróbio e/ou resistido em
indivíduos HIV+: uma revisão sistemática
2009
Rev.bras.med. esporte
HIV/AIDS e treinamento concorrente: a revisão sis- Lazzarotto, Alexandre Ramos; Deresz, Luís Fernan2010
temática/ HIV/Aids
do; Sprinz, Eduardo
Rev.bras.med. esporte
Nível de atividade física de crianças e adolescentes
órfãos da AIDS
Rev Bras epidemiol
Souza, Hugo Fábio.
Barros, Cláudia Renata; Zucchi Eliana Miura; Júnior
Ivan França
2010
de-
Quadro 3 – Distribuição dos estudos publicados na Bireme (LILACS) no período de 1998 á 2010.
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, 1(19) jul/set. 2011.
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A Atividade Física como Estratégia de Enfrentamento dos Efeitos Adversos da Terapia Haart para Portadores do Hiv/Aids
Os achados sobre criança, terapia antiretroviral e
atividade física
Os medicamentos da Terapia antiretroviral de alta
atividade (HAART) apresentam muitos efeitos adversos,
dentre estes as dislipidemias (aumento de triglicerídeos
do colesterol total, de colesterol - LDL plasmáticos- mau
colesterol e redução de colesterol- HDL- bom colesterol),
lipodistrofia ou síndrome lipodistrófica. A mudança no
perfil metabólico determina o desenvolvimento de resistência à insulina, e às vezes diabetes, podendo esta condição
levar a elevação da pressão arterial sistêmica. Este conjunto
de situação está associado ao quadro clínico caracterizado
com síndrome metabólica.
Os problemas relacionados ao uso da terapia antiretroviral iniciam logo na infância. Ao avaliar a força muscular
de crianças órfãs de AIDS pesquisadores observaram que
a força dos membros inferiores estava reduzida quando
comparada com outras crianças brasileiras. Além disso, as
que apresentam maior força muscular eram mais velhas,
de maior escolaridade, peso corporal, massa muscular e
menor índice de gordura corporal. Os autores alertam
para as consequências do déficit muscular em médio
e longo prazo, e sugeriram estímulo a atividades físicas
para prevenção de doenças crônicas degenerativas, e o desenvolvimento de aptidão física das crianças36. Inquérito
populacional realizado pela mesma autora em anos posteriores, com 235 crianças e adolescentes órfãs por AIDS,
para estimar o nível de atividade física, identificou uma
prevalência de 42% de sedentarismo, sendo os meninos
mais ativos que as meninas (p< 0,001) 15.
Wener16, ao estudar crianças e adolescentes em terapia HAART investigando as dosagens de colesterol total,
HDL (lipoproteína de alta densidade), lipoproteína de
baixa densidade (LDL), triglicerídeos (TG) e teste de
tolerância a glicose (TTOG), avaliando, também, a distribuição de gordura corporal e estado nutricional, bem
como, consumo alimentar, história familiar de risco cardiovascular e prática de exercício físico, encontrou que a
prática de exercício físico foi estatisticamente significante
quando associada ao nível de HDL, sendo este mais alto
para os mais sedentários.
Avaliando a força muscular, agilidade e composição
corporal, de crianças infectadas por transmissão vertical e em tratamento regular com antiretrovirais desde o
nascimento, os autores constataram que houve comprometimento da força muscular dos membros inferiores, da
circunferência de perna e forte alteração negativa na agilidade destas crianças, tomando como base os valores de
aptidão física de crianças soronegativas. Em virtude dos
achados, os autores acreditam que a educação física escolar
Martins et al
não parece ser suficiente para a melhora física, e que são
necessárias avaliações mais completas referentes à aptidão
física 17.
Os achados sobre adulto, terapia antiretroviral,
lipodistrofia e atividade física
A síndrome lipodistrófica é caracterizada pelo conjunto: dislipidemia, resistência insulínica, anormalidade na
distribuição de gordura corporal e hipertensão arterial sistêmica, e está associada com risco cardiovascular elevado.
As alterações corpóreas nos pacientes em uso de terapia
antiretroviral (TARV), causadas pelos inibidores de protease e inibidores da transcriptase reversa, caracterizam-se
principalmente por uma redistribuição dos depósitos de
gorduras associados à infecção pelo HIV, incluindo; acúmulo de gordura no abdome, subcutânea, nas mamas,
lipoatrofia, e perda de gordura nas pernas, braços, região
glútea, face, além de evidenciação das veias em membros
inferiores e superiores 3.
A lipodistrofia tem caráter progressivo e variada apresentação clínica e se constitui um importante fator de
baixa adesão ao tratamento para pessoas vivendo com
HIV e AIDS sendo também uma preocupação crescente
incluindo o risco aumentado de doenças cardiovasculares. Os sinais metabólicos da lipodistrofia foram descritos
aproximadamente dois anos após a introdução dos inibidores de protease (Ips) e foi inicialmente associada a sua
toxidade. Atualmente a lipodistrofia também esta relacionada a outros fatores como a ação de proteínas do próprio
HIV, hábitos de vida e características genéticas 18.
Considerando que as alterações corporais trazem
um novo estima em relação à AIDS, pois impactam na
autoimagem, além de favorecer a descoberta da condição
de soropositividade por terceiros, a lipodistrofia pode ser
muito prejudicial para a vida social dos indivíduos afetados.
Ao se avaliar portadores do HIV atendidos em um
centro de referência no para tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis, constatou-se que apenas 23%
relataram à prática de exercício físico nos últimos 12 meses
anteriores à entrevista, o que foi considerado pelo autor,
uma baixa prevalência de prática de exercícios físicos. O
indivíduos se perceberem como pessoas com boa saúde
geral, apesar de quase um quarto apresentarem doenças
oportunistas nos últimos 3 meses 19. Percebe-se por esta
afirmação, que os indivíduos entrevistados não percebem
as práticas de exercício físico como importante para o
fortalecimento da saúde, sendo esta falta de informação
muito danosa para a qualidade de vida dos mesmos.
Em relação aos adultos Fechio 20, concluíram que
a atividade física para portadores do HIV têm muitos
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, 1(19) jul/set. 2011.
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A Atividade Física como Estratégia de Enfrentamento dos Efeitos Adversos da Terapia Haart para Portadores do Hiv/Aids
efeitos benéficos, no sistema imunológico, no retardo da
progressão da doença, na força e massa muscular, no ganho corporal, na melhora dos sistemas cárdio- pulmonar
e músculo- esquelético, além da melhora na resistência e
vigor físico. Raso et al 21, discordam da afirmativa do autor
quanto às evidências de que um programa de exercícios,
independente da modalidade, possa induzir alteração em
parâmetros de contagem de TCD4+, TCD8+ e carga viral,
relacionados ao processo de infecção pelo HIV. No entanto, afirmam, que um programa de exercício incrementa
o VO2 máx, os níveis de hemoglobina, melhorando os
domínios relacionados à qualidade de vida de indivíduos
HIV+ ou com AIDS.
Considerando que há um desequilíbrio oxidativo precoce nos indivíduos com HIV, Deresz et al 22, pesquisaram
sobre o assunto, concluindo que o treinamento físico (TF)
é grande benefício, porque pode gerar adaptações que
minimizam os efeitos deletérios provocados pelo estresse
oxidativo (EO), melhorando os níveis de defesas antioxidantes enzimáticas e não enzimáticas. Segundo os autores,
quando ocorre a depleção dos antioxidantes, há diminuição da resposta imunológica e aumento da replicação viral
do HIV, o que colabora para a progressão da infecção.
Ressalta que o treinamento físico é uma estratégia auxiliar para os portadores com ou sem uso da TARV, visto
que melhoram os sistemas cardiorrespiratórios, muscular,
os aspectos antropométricos e psicológicos sem induzir a
imunossupressão.
Lazzaroto et al 23, afirmam que existem evidências que
o treinamento concorrente (associação dos componentes
aeróbicos e força em uma mesma sessão de treinamento)
pode melhorar os parâmetros musculares e cardiorrespiratórios, entretanto, reafirmam o que é pontuado por outros
atores: os resultados sobre a melhora do sistema imunológico e na redução da carga viral dos portadores de HIV
ainda não estão completamente esclarecidos.
Florindo 24, analisaram variáveis relacionadas à gordura
corporal, consumo energético (Kcal), estado imunológico
(T-CD4+), tempo de utilização da terapia HAART, tabagismo, além do exercício físico. Encontrou que a falta de
atividade física foi associada negativamente com a gordura
central nos homens e com a gordura total nas mulheres,
e propôs a prática de exercício físico para melhorar este
quadro.
Os achados sobre benefícios da atividade física
Eidam et al 25, buscaram na literatura respostas para
questionamentos referentes ao benefício do exercício físico
para portadores do HIV. A contribuição do exercício fisco
para portadores do HIV não se dá somente no aspecto
Martins et al
físico, melhorando a imagem corporal, mas traz resultados benéficos nos aspectos psicológico e social afetando a
saúde mental destes indivíduos.
Seidl 26 percebeu em seu estudo, que portadores de
lipodistrofia têm problemas na vivência da sexualidade,
apresentando níveis importantes de depressão e estresse,
e sofrem estigmatização social. Estes fatores ocasionam
redução da autoestima, evitação de contatos sociais, podendo levar prejuízo na adesão aos antiretrovirais. Os
indivíduos participantes do estudo sugerem a prática de
atividade física e realização de procedimentos estéticos
para reduzir os efeitos da lipodistrofia.
Pesquisando o estilo de vida de indivíduos infectados pelo HIV, Eidam et al 27, não encontraram uma
associação positiva entre hábitos alimentares, atividade
física habitual, comportamento preventivo e contagem
de linfócito TCD4++. Encontraram hábitos alimentares
e nível de atividade física habitual insatisfatória entre a
população pesquisada, concluindo que os profissionais de
saúde tem o dever de estimular atividades físicas, uma vez
que interferem sobremaneira na qualidade de vida destes
indivíduos.
Souza e Marques 28 defenderam a necessidade de uma
prescrição de atividade física adequada, que englobe componentes de força e exercícios aeróbios, e que respeite as
subjetividades das pessoas e a especificidade de cada treinamento, para que se alcance maiores benefícios à saúde
dos indivíduos com HIV.
DISCUSSÃO
Devido ao seu caráter pandêmico e gravidade a AIDS
representa hoje um dos maiores problemas de saúde no
país. Desde o primeiro caso de AIDS, em 1980, (até junho de 2009) já foram registrados ao Ministério da Saúde
462237 (85%) casos ocorridos no Brasil, sendo 356427 no
sexo masculino, e 188396 no sexo feminino, com diminuição da razão de sexo (M: F) de 15,1: 1 em 1986 para 1,5:1 em
2005, quando a partir desta data vem se mantendo estabilizada. O maior percentual de casos (78% em homens e
71% em mulheres) está registrado entre indivíduos na faixa
etária de 25 a 49 anos, sendo que em ambos os sexos as
mais altas taxas de incidência estão situados na faixa etária
de 30 a 49 anos.
Até os últimos anos da década de 80, a AIDS atingia
principalmente os usuários de drogas injetáveis, os homens
que fazem sexo com homens e gays, assim como, indivíduos que receberam transfusão e hemoderivados. A partir
deste período (início dos anos 90), o perfil da epidemia
vem apresentando mudanças, pois a transmissão heterossexual passou a ser a principal via de transmissão, com
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, 1(19) jul/set. 2011.
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A Atividade Física como Estratégia de Enfrentamento dos Efeitos Adversos da Terapia Haart para Portadores do Hiv/Aids
uma maior tendência de crescimento, acompanhada de
uma significativa participação das mulheres na dinâmica
da epidemia, tendência esta conhecida como feminização.
Também a pauperização é caracterizada pelo deslocamento dos casos dos extratos sociais de maior escolaridade
para os de menor escolaridade. O país acumulou aproximadamente 22 mil óbitos até junho de 2009 29, 30.
Os resultados mostram que é muito extensa a literatura
internacional e nacional sobre HIV e AIDS na BIREME,
fato comprovado pelo quase meio milhão de trabalhos
publicados. No entanto, este número caiu para apenas 16
trabalhos, quando se relacionam estes descritores a outros
relativos à atividade física, exercício, condicionamento,
para portadores do HIV ou doentes de AIDS. Apesar
da implantação da Política de Acesso Universal ao Tratamento Antiretroviral iniciar em 1996, sendo evidentes
os efeitos adversos dos Antirretrovirais, logo no início da
década seguinte, os trabalhos realizados na área, e publicados na BIREME, sobre o tema objeto da nossa revisão
(atividade física e HIV/AIDS) ainda são muito escassos.
Isto provavelmente se deve ao fato de que, a rede de
referencia de Serviços especializados para AIDS no Brasil,
ainda não está totalmente preparada para inserir em suas
ações a Prevenção PositHIVa. Este conceito é composto
três eixos, sendo um deles o aprimoramento da qualidade
da atenção nos serviços de saúde. Isto significa a promoção
de atividades relacionadas às necessidades de exercícios físicos, de mudanças de alimentação, de atenção psicológica
e/ou psiquiátrica, de promoção da autoestima, entre tantas
outras necessidades 31. Por outro lado, as Universidades e
Faculdades brasileiras, muito pouco têm inserido nas grades curriculares, a temática HIV e AIDS, o que pode ser
explicado pela inabilidade do corpo docente e discente em
lidar com este tema, que por desconhecimento, ainda é
tão carregado de estigma e preconceito na nossa sociedade.
Na maioria das vezes os profissionais da área de saúde
preferem iniciar qualquer tipo de abordagem pelo diagnóstico das necessidades dos indivíduos. Florindo at AL,
2006, utilizaram o questionário Baecke (questionário de
atividade física habitual) para avaliar portadores do HIV,
mostrando que esta ferramenta mostrou-se bastante válida
para este objetivo, encontrando um alto grau de sedentarismo entre estes indivíduos.
Deste modo, se faz imperioso o estabelecimento de
uma equipe multidisciplinar no atendimento a esta clientela. Também Rodrigues 32, defende que a complexidade
do tratamento do paciente HIV requer uma equipe multidisciplinar, nesta incluída o educador físico, o nutricionista,
o, pedagogo e o assistente social, para compor uma rede de
atenção, que trabalhe a adesão aos antiretrovirais de forma
harmônica. Palermo e Feijó 33, concluíram em sua revisão
Martins et al
que o exercício físico para pessoas com HIV, desde que
adequadamente prescrito, é seguro, possibilitando melhorar ou manter, ou até mesmo retardar o aparecimento da
AIDS, e que por esta razão quanto mais cedo se ingressar
em um programa de exercício, mais os benefícios podem
ser percebidos, e há maior possibilidade do indivíduo adquirir hábitos saudáveis.
Embora seja evidente que a prática da atividade física
regular proporcione uma melhora nos aspectos psicológicos como o stress, à ansiedade e os quadros de depressão,
com consequente fortalecimento da autoestima e da sexualidade, muito há que se pesquisar quanto a este efeito para
os portadores do HIV/AIDS. Para Lira 34, os estudos cujo
objeto relacionava atividade física e HIV/AIDS mostraram uma grande fragilidade quanto ao nível de evidência
científica e propostas de programas de exercício físico
para portadores do HIV, pois segundo o autor, a maioria dos estudos pouco avaliou as variáveis relacionadas ao
sistema imunológico, ou condicionamento respiratório,
assim como, não incluíram indivíduos em estados mais
avançados da infecção.
A literatura falando sobre os benefícios da atividade
física tem subsidiado o desenvolvimento de uma Política de Saúde para os portadores de HIV/AIDS, visto que
esta questão está indiscutivelmente inserida na prevenção
PositiHIVa 3. Em 2004, Leite e Gori 6 investigaram a percepção de indivíduos portadores do HIV sobre o exercício
físico, observando que embora estes não tenham a prática de se exercitar, percebem os benefícios para suas vidas,
manutenção da saúde e da integridade física.
Embora, encontrando controvérsias quanto os resultados para a saúde destes indivíduos, a maioria dos autores
é unânime em afirmar a atuação do exercício físico sobre
a melhoria da composição corporal, da aptidão física, diminuição dos níveis de estresse, ansiedade e depressão e
preservação do sistema imunológico.
Quanto à intensidade dos exercícios, não existe consenso com relação à carga máxima de esforço para indivíduos
com HIV, tendo em vista que estudos com protocolos de
treinamento de alta intensidade encontraram resultados
favoráveis e seguros, o que contradiz a ideia que coloca em
risco a saúde destes indivíduos. No entanto, destaca-se a
importância do conhecimento da condição clínica do indivíduo, a atestada pelo médico acompanhante, assim como,
a prescrição e monitoramento de um programa de exercício por um educador físico, a fim de que não venha a causar
dano à saúde do indivíduo, bem como, o limite de esforço
não seja superestimado e nem tampouco subestimado.
Uma prescrição adequada deve levar em consideração a idade, sexo, história pregressa de atividade física,
condicionamento físico, comprometimento orgânico e o
CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Estácio|FIC, 1(19) jul/set. 2011.
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A Atividade Física como Estratégia de Enfrentamento dos Efeitos Adversos da Terapia Haart para Portadores do Hiv/Aids
objetivo do indivíduo, assim como, englobar os componentes de força e aeróbico. A proposta na maioria dos
estudos é que as atividades aeróbicas (caminhada, corrida,
natação, ginástica aeróbica, hidroginástica, bicicleta, etc)
sejam diárias, iniciando com períodos de 20 minutos de
treinamento realizado três vezes por semana, podendo
chegar a 60 minutos. A intensidade deve evoluir à medida
que se eleva a capacidade aeróbica do indivíduo.
O treinamento de força que tem importante papel na
manutenção estética e funcional pode também ser diário,
com diferentes grupamentos musculares trabalhados a
cada dia para recuperação estrutural necessária, e dando-se prioridade para os maiores grupamentos muscular, não
havendo limitações quanto ao tempo de realização.
Destaque-se que a repetição de estudos em diferentes
bases, bem como, a predominância de determinados autores da produção nacional deve-se provavelmente ao fato de
que, a rede de referência de Serviços especializados para
AIDS no Brasil, ainda não está totalmente preparada para
inserir em suas ações a Prevenção PositHIVva.
O conceito de Prevenção PositHIVva é composto três
eixos, sendo um deles o aprimoramento da qualidade da
atenção nos serviços de saúde. Isto significa a promoção
de atividades relacionadas às necessidades de exercícios físicos, de mudanças de alimentação, de atenção psicológica
e/ou psiquiátrica, de promoção da autoestima, entre tantas
outras necessidades 35. Por outro lado, no Brasil, embora
exista um número considerável de Universidades e Faculdades já instaladas, onde se formam profissionais na área
de Educação Física, pouco tem sido inserido nos programas curriculares a temática HIV e AIDS, o que parece
demonstrar a inabilidade e/ou desconhecimento do corpo docente e discente no lidar com o tema da AIDS, que
mesmo após três décadas, ainda se configura como uma
doença carregada de estigma e preconceito.
Martins et al
CONCLUSÃO
A infecção pelo HIV implica em várias alterações físicas, psicológicas e sociais, nos indivíduos afetados. Muitas
evidências indicam que o uso da terapia HART, indicado
para melhorar a saúde e qualidade de vida, podem provocar alterações, como a dislipidemia, e lipodistrofia, que
colocam em risco a saúde e a vida das pessoas vivendo com
HIV/AIDS.
Embora haja controvérsias, de um modo geral, os estudos publicados na BIREME apontam os inúmeros
benefícios das atividades físicas para tratar estas alterações.
Embora não existam evidências suficientes para sugerir
um programa de exercícios físico, independente da modalidade possam induzir mudanças em parâmetros celulares
relacionados à infecção pelo HIV, como a contagem de
TCD4+, TCD4+ e carga viral, é inquestionável que a
adesão a um programa de exercícios de intensidade alta,
moderada ou leve, a ser prescrito conforme a condição
clínica de cada indivíduo é totalmente seguro para indivíduos imunocomprometidos por não afetar estes padrões.
A produção científica na BIREME, na base LILACS,
pelos pesquisadores brasileiros, sobre o tema proposto,
ainda é muito pequena, e sendo este tema de grande relevância para a saúde pública e para a qualidade de vida das
pessoas vivendo com HIV/AIDS, ficando demonstrada a
necessidade de um maior investimento em pesquisas nessa área. Assim, se faz necessário o desenvolvimento de
estudos futuros para maximizar o poder das evidências
e investigar os efeitos imunológicos da atividade física
para os portadores do HIV/AIDS. Do mesmo modo, é
imperativa a inclusão da temática AIDS na formação
dos educadores físicos, de forma a fortalecer a participação destes profissionais na assistência, no ensino e na
pesquisa.
Referências
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Disponível em: HTTP://,org/epidemic_ upadate/report-dec01/index.html.
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para o tratamento anti-retroviral em adultos infectados pelo HIV: Guia de tratamento. Brasília-DF: MS; 2008,
pg113..
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ao tratamento. Brasília- DF:MS; 2008, pg 75-76.
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para a comunidade esportiva. Lausanne, Suiça. UNAIDS. 2006. Versão em português.
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Submissão: 13/05/2011
Aceite: 08/06/2011
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