Portugal - Perfil País
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Portugal - Perfil País aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Índice 1. História 4 2. Cultura 5 3. Geografia e características socio-económicas 7 3.1 Geografia, clima 7 3.2 Indicadores sócio-económicos 7 4. Organização política e administrativa 9 4.1 Estrutura política 4.2 Organização administrativa 5. População 9 10 12 5.1 Repartição regional 12 5.2 Migrações 13 5.3 População activa 14 5.4 Níveis de escolaridade da população activa 15 6. Infra-estruturas 15 6.1 Rede viária 16 6.2 Rede ferroviária 16 6.3 Rede portuária 17 6.4 Rede aeroportuária 17 6.5 Infraestruturas tecnológicas 18 6.6 Políticas para o futuro 20 7. Recursos e estrutura produtiva 21 7.1 Agricultura, silvicultura e pesca 22 7.2 Indústria 25 7.3 Construção 34 7.4 Serviços 34 2 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 8. Situação económica 39 8.1 Política económica recente 39 8.2 Perspectivas de evolução 40 8.3 Economia das regiões 42 9. Enquadramento económico regional – Portugal e a União Europeia 50 10. Comércio 51 10.1 Evolução da balança comercial 52 10.2 Principais parceiros comerciais 53 10.3 Principais produtos transaccionados 55 10.4 O comércio internacional e as regiões 56 11. Investimento 11.1 Evolução do investimento directo estrangeiro em Portugal 57 57 11.1.1 Principais países investidores 58 11.1.2 Principais sectores 58 11.1.3 Projectos recentes de investimento em Portugal 58 11.2 Evolução do investimento directo português no estrangeiro 60 11.2.1 Principais países de destino 60 11.2.2 Principais sectores 61 11.2.3 Projectos recentes de internacionalização das empresas portuguesas 61 12. Turismo 64 13. Relações internacionais e regionais 66 14. Condições legais de acesso ao mercado 67 14.1 Regime de trocas intra-comunitárias 67 14.2 Regime geral de importação 68 14.3 Regime de investimento estrangeiro 69 ANEXOS Anexo 1 – Regimes aduaneiros 71 Anexo 2 – Documentos de importação 72 Anexo 3 – Endereços úteis de Internet 73 3 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) ©Rui Morais de Sousa 1. História A batalha de S. Mamede travada em 1128, entre os fidalgos portucalenses liderados por D. Afonso Henriques e os nobres galegos liderados pela sua mãe D. Teresa, é decisiva para o nascimento de Portugal. Uma vez vencida a batalha e concretizada a expulsão de D. Teresa do Condado Portucalense, D. Afonso Henriques declara o principado independente. Seguem-se várias lutas contra Leão e Castela e contra os muçulmanos, mas é com a Batalha de Ourique, em 1139, que é declarada a independência de Portugal e que D. Afonso Henriques, com o apoio dos chefes portugueses, é aclamado soberano - D. Afonso I de Portugal. Todavia, a independência de Portugal só viria a ser reconhecida pelo Rei de Castela em 1143 com a assinatura do Tratado de Zamora. Segue-se um amplo período de conquistas e de assinaturas de tratados entre Portugal e a coroa de Castela e, em 1297, no reinado de D. Dinis, estavam definidas as fronteiras actuais do País (as mais antigas da Europa). Padrão dos Descobrimentos atravessados, mas nunca ocupados) é impedido pelas ambições imperiais inglesas, criando o fermento para uma nova mudança de regime político. Assim, no início do século XX, é instaurada a I República em Portugal (1910). No século XIV começam a brilhar as primeiras luzes da Como resultado da crise financeira que varreu a Europa Idade de Ouro de Portugal. A sua língua separa-se do após a I Guerra Mundial e da instabilidade política interna, galaico-português, a Corte ganha brilho intelectual de em 1926, um golpe militar pôs fim ao regime parlamentar dimensão europeia e é fundada a Universidade. (I República). Em 1933, o regime então em vigor deu origem ao Estado Novo, que governou o País até 1974. O século XV marca o início dos Descobrimentos, durante os quais Portugal vive um período de grande expansão através Em 25 de Abril de 1974 o Movimento das Forças Armadas dos oceanos. É descoberto oficialmente o arquipélago da derrubou o regime político que vigorava em Portugal, Madeira (1419), o dos Açores (1425) e são conquistadas tendo sido instaurado o regime democrático. Com a algumas cidades no actual Reino de Marrocos. Das democracia veio o desenvolvimento económico e social, numerosas personagens relacionadas com esta época, o florescimento cultural e científico e, cada vez mais, a destacam-se: Diogo Cão, pela descoberta do litoral afirmação do País em matéria de inovação. africano, Bartolomeu Dias, que em 1488 dobrou o Cabo da Boa Esperança e abriu o caminho à descoberta da Índia por Fechado o ciclo do império (com a descolonização em Vasco da Gama (1498) e, por último, Pedro Álvares Cabral meados da década de 70 de Angola, Cabo Verde, Guiné que descobriu o Brasil em 1500. Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe), Portugal aderiu à Comunidade Económica Europeia em 1986 e posteriormente O sonho de um novo Brasil (desta vez em África, ligando à Zona Euro, mas sem deixar de procurar manter uma ligação Angola e Moçambique através de territórios regularmente estreita quer com os outros sete países que falam português 4 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) (o que levou à criação da CPLP - Comunidade dos Países de Em muitos se vê na pedra a nossa relação com o mar, que Língua Portuguesa), quer com as comunidades portuguesas se mantém em alguma da contemporânea arquitectura espalhadas por todo o mundo. portuguesa onde sobressaem nomes como Álvaro Siza Vieira ou Eduardo Souto de Moura, nomeadamente no Presentemente, Portugal é um país com estabilidade social e politica e que se afirma cada vez mais pela sua capacidade de diálogo e de entendimento da diferença e Parque das Nações, palco da última exposição mundial do Século XX, subordinada ao tema dos Oceanos. ©Rui Morais de Sousa pela sua cultura e modo de vida, resultado de séculos de estreita convivência com outros povos. 2. Cultura A cultura portuguesa é baseada num passado e em marcas deixadas pelos povos que ocuparam este território de que são exemplos emblemáticos: do período romano o Templo de Diana em Évora, e da arquitectura mourisca as típicas cidades do Sul de Portugal, como Olhão e Tavira. Também a arte portuguesa foi enriquecida pelas várias influências externas ao longo dos séculos. Os Pavilhão de Portugal - Parque das Nações descobrimentos portugueses contribuíram para que o país ficasse mais receptivo às influências orientais, assim como o A escultura encontrou grande expressão nos magníficos período quinhentista com a descoberta do Brasil e das suas túmulos dos séculos XII e XIII e nas esculturas barrocas do riquezas influenciou a utilização do estilo “barroco”. século XVIII, sendo de assinalar os infantários de Joaquim Machado de Castro. As tradições clássicas e românticas de Na arquitectura, as influências romanas e góticas deram ao país algumas das suas mais imponentes catedrais. No século XV nasceu mesmo um estilo nacional – estilo Manuelino – que veio juntar várias formas num conjunto Itália e de França, para além da influência que exerceram na obra deixada por Machado de Castro, também foram determinantes na expressão plástica de António Soares dos Reis, no século XIX. luxuoso e ornamentado. Vários exemplos de grandes obras arquitectónicas podem ser citados: o Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa; a Sé (catedral) de Lisboa, onde na fachada podem ainda ser A escola de pintores do século XV foi precursora de um estilo pátrio por parte de artistas flamengos, que deixaram uma valiosa herança na arte religiosa decorando vários palácios vistas ruínas da construção romana; o Palácio da Justiça e conventos em Portugal. O período romântico do século em Lisboa, um exemplo da austera arquitectura moderna; XIX, embora tardio, fez renascer a arte nacional. Seguiu-se o castelo e a igreja do Convento de Cristo em Tomar; a o período do realismo naturalista que veio abrir portas para abadia portuguesa de Santa Maria da Vitória na Batalha novas experiências realizadas já no século XX, sendo de (estilo gótico); a Torre dos Clérigos, em granito, no Porto e destacar a obra de Maria Helena Vieira da Silva na pintura a catedral romanesca de Braga. abstracta e de Carlos Botelho nas cenas de ruas de Lisboa. 5 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) A azulejaria é igualmente bastante rica. Muitos dos edifícios A música e a dança populares e o tradicional fado dos séculos XVI e XVII têm aplicação de azulejos. São continuam a ser as formas fundamentais de expressão escolhidos igualmente para decorar paredes de quarto musical do país. A mais famosa e internacional fadista e “hall” de entrada de diversos palácios e mansões senhoriais, que exibem painéis de azulejos, onde as cores predominantes são o azul e o branco. portuguesa foi Amália Rodrigues, mas hoje nomes como Carlos do Carmo ou Marisa mantêm viva esta canção tão associada a Portugal. ©António Sacchetti Exemplos excepcionalmente bons podem ser vistos no Pátio da Carranca, do Paço de Sintra, na igreja São Roque em Lisboa e na Quinta da Bacalhoa, na Vila Fresca de Azeitão, perto de Setúbal. Também o Metropolitano de Lisboa decorou algumas das suas estações com azulejos assinados por artistas portugueses contemporâneos. A literatura distingue-se pela riqueza e variedade da sua poesia lírica, pela escrita que enaltece a sua história e por uma subtileza nos dramas, biografias e ensaios. Os primeiros cancioneiros testemunham uma escola de poesia sobre o amor, estilo que ultrapassou fronteiras e influenciou os cancioneiros espanhóis. Já o estilo romanceiro bebeu Centro Cultural de Belém (Lisboa) influências dos nossos vizinhos, apesar de não ter partilhado a predilecção pelo heróico. Finalmente, falar de cultura portuguesa é falar do poder de disseminação da língua. O português, a quinta língua mais Os Lusíadas de Luís de Camões são a grande obra épica do falada no mundo e a terceira mais falada no Ocidente, é século XVI, o poema clássico de exaltação dos feitos dos falado por mais de 210 milhões de pessoas. portugueses além-mar. É o idioma oficial de Angola, Brasil, Cabo Verde, GuinéExistem ainda outros nomes de grande relevo na poesia com é o caso de Fernando Pessoa, Eugénio de Andrade, Florbela Espanca, Cesário Verde, António Ramos Rosa, Mário Cesariny e Antero do Quental, entre outros. Na prosa, Damião de Góis, o Padre António Vieira, Almeida Garrett, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Miguel Torga, Fernando Namora, José Cardoso Pires, António Lobo Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe. É também uma das línguas oficiais da Guiné Equatorial (com o castelhano e o francês), Timor-Leste (com o tétum) e Macau (com o cantonês). É ainda falada na antiga Índia portuguesa (Goa, Damão e Diu), Andorra, Luxemburgo e Namíbia, além de ter igualmente estatuto oficial na União Europeia, no Mercosul e na União Africana. Antunes e José Saramago (vencedor do prémio Nobel da Literatura em 1998). No teatro, destaca-se a figura maior de Gil Vicente, António José da Silva – o Judeu e Bernardo Santareno. 6 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 3. Geografia e Características Socio-Económicas 3.1 Geografia, clima se distingue das terras altas do interior. As maiores altitudes encontram-se num cordão de montanhas situado no centro do país: a Serra da Estrela, com 1.991 metros de altitude, constitui o elemento culminante. Nos arquipélagos, a montanha do Pico (2.351 metros) é o ponto mais alto dos Açores e o Pico Ruivo (1.862 metros) Portugal está geograficamente situado na costa Oeste é a maior elevação da Madeira. da Europa, na Península Ibérica. Faz fronteira a Norte e a Leste com a Espanha, a Ocidente e a Sul com o Oceano Atlântico. As suas fronteiras estão definidas desde o século XIII, incluindo para além do território continental, as No litoral do continente, geralmente pouco recortado, os principais acidentes correspondem a estuários (Tejo e Sado). Seguem-se pequenas baías (Peniche, Sines, Lagos) Regiões Autónomas dos Açores e Madeira, arquipélagos e estruturas de tipo lagunar (Vouga-Aveiro, Óbidos, situados no Oceano Atlântico. Faro). As saliências costeiras são em pequeno número e de baixas amplitudes, mas de grande beleza: cabos Com uma área total de 92.207 km , Portugal beneficia de Mondego, Carvoeiro, Roca, Espichel, Sines, S. Vicente e uma excelente localização geográfica, situando-se numa Santa Maria. 2 posição geo-estratégica entre a Europa, a América e a África. O clima é caracterizado por Invernos suaves e Verões amenos. Os meses mais chuvosos são os de Novembro e Dezembro enquanto o período de precipitação mais escassa decorre de Abril a Setembro. 3.2 Indicadores socio-económicos Na última década foram desencadeadas extensas reformas com resultados notáveis ao nível do desenvolvimento económico e de coesão social (protecção e inclusão social) de Portugal. O combate à pobreza extrema, as Pensões Mínimas, o Rendimento Social de Inserção e o Complemento Solidário para Idosos, são medidas paradigmáticas de protecção social. Quanto à intervenção a nível da inclusão social, destaca-se a cooperação no apoio às famílias no acesso a respostas sociais, o investimento em equipamentos, a rede de cuidados continuados para pessoas idosas e No território continental, o Tejo (o maior rio) divide dependentes e a intervenção territorial de combate à o norte, mais montanhoso, do sul, mais plano e com pobreza e à exclusão, tendo em conta a especificidade menor relevo. Também o litoral, geralmente mais plano, local e os público-alvo mais necessitados de intervenção. 7 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Indicadores socio-económicos Demografia População total (residente) Taxa de natalidade Esperança de vida à nascença 2005 2006 2007 2008 2009 Milhares 10.570 10.599 10.618 10.627 10.638 Permilagem 10,4 10,0 9,7 9,8 9,4 2003/2005 2004/2006 2005/2007 2006/2008 2007/2009 77,7 78,2 78,5 78,7 78,9 2004/2005 2005/2006 2006/2007 2007/2008 2008/2009 Anos Educação Educação pré-escolar Milhares 260 262 264 266 275 Ensino básico e secundário Milhares 1.530 1.493 1.512 1.537 1.782 Ensino superior Milhares 381 367 377 373 384 Despesas públicas em educação a % do PIB 4,8 4,7 4,4 4,4 5,1 2005 2006 2007 2008 2009 Milhões 9,7 10,3 10,0 11,6 12,9 Exposições em galerias de arte Nº 6.449 6.463 6.609 6.859 7.235 Publicações b Nº 2.052 2.054 1.994 1.896 1.910 106 EUR 913,8 802,9 802,8 863,8 997,7 2005 2006 2007 2008 2009 Cultura Visitantes de museus, jardins zoológicos, jardins botânicos e aquários Despesas municipais em actividades culturais Saúde Médicos Nº 36.138 36.924 37.904 38.932 40.095 Hospitais Nº 204 200 198 189 186 Camas de hospital Nº 37.330 36.563 36.178 35.762 35.593 Centros de saúde Nº 379 378 377 377 375 Farmácias e postos farmacêuticos móveis Nº 3.034 3.037 3.038 3.037 3.046 % do PIB 7,3 7,1 6,8 5,6 6,0 2005 2006 2007 2008 2009 Milhares 1.436 1.580 1.612 1.676 1.898 Serviço de acesso à Internet Tx. Penetração 13,6 14,9 15,2 15,8 17,9 Linhas telefónicas principais Tx. Penetração /100 Hab. 40,1 40,0 39,6 38,7 40,0 Assinantes do serviço telefónico móvel Nº Assinantes (milhares) 11.368 12.236 13.477 14.953 15.929 Assinantes/ 100 Hab. 108 115 127 140 150 Milhares 1.400 1.421 1.489 1.475 1.452 Assinantes/ % População 13,2 13,4 14,0 13,9 13,7 Receitas/ % PIB 5,6 5,4 5,2 5,1 5,1 Despesa pública corrente em saúde a Sociedade da Informação Clientes do serviço de acesso à Internet Taxa de penetração – serviço móvel terrestre Assinantes de televisão por cabo Taxa de penetração da rede por cabo Peso do sector das comunicações Fontes: INE - Instituto Nacional de Estatística; Autoridade Nacional de Comunicações Notas: (a) Conta Geral do Estado – Direcção Geral do Orçamento (b) De periodicidade diária, semanal, mensal e anual; 8 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 4. Organização Política e Administrativa 4.1 Estrutura política à Constituição, a aprovação dos estatutos políticoadministrativos das Regiões Autónomas, a aprovação do Orçamento de Estado, a apresentação de propostas ao Presidente da República sobre a realização de referendos, a apreciação do programa do Governo, a fiscalização e No que se refere à estrutura política, a República apreciação da actividade do Governo e da Administração. Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e A Assembleia da República pode ser dissolvida pelo Presidente organização política democrática, no respeito e na garantia da República, uma vez ouvidos os partidos nela representados dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e e o Conselho de Estado. interdependência de poderes. A actual Presidente da Assembleia da República é Assunção Os órgãos de soberania são o Presidente da República, a Esteves e a distribuição de mandatos é a seguinte: Partido Assembleia da República, o Governo e os Tribunais. Social-Democrata (PPD/PSD) – 108 deputados; Partido Socialista (PS) – 74 deputados; ; Partido Popular (CDS/PP) – 24 No sistema constitucional português, o Presidente da deputados; Partido Comunista Português e Partido Ecologista República é eleito por sufrágio directo e universal para um os Verdes (PCP/PEV) – 16 deputados e Bloco de Esquerda (BE) mandato de cinco anos, não podendo ser reeleito para um – 8 deputados. terceiro mandato consecutivo. O Presidente da República é o supremo representante da República Portuguesa, garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas e é, por inerência, o Comandante Supremo das Forças Armadas. Das competências deste órgão de soberania destacam-se, entre outras, a dissolução da Assembleia da República, a nomeação do Primeiro-Ministro e restantes membros do Governo, a promulgação ou veto de leis e decretos-leis, a nomeação dos embaixadores sob proposta do Governo e a O Governo é o órgão superior da Administração Pública, responsável pela condução da política geral do país. É constituído pelo Primeiro-Ministro, pelos Ministros e pelos Secretários de Estado. O Primeiro-Ministro, que preside ao Conselho de Ministros, é nomeado pelo Presidente da República. Os outros membros do Governo são nomeados pelo Presidente da República sob proposta do PrimeiroMinistro. O actual Primeiro-Ministro é o Dr. Pedro Passos Coelho. ratificação de tratados internacionais. O actual Presidente da República é Aníbal Cavaco Silva, reeleito em 23 de Janeiro de 2011. Ao Governo cabe, essencialmente, garantir o funcionamento da administração pública, promover a satisfação das necessidades colectivas e garantir a O poder legislativo é da competência da Assembleia da adequada execução das leis. Tem ainda competências República que é composta por 230 deputados, eleitos por legislativas que, em alguns casos é uma competência sufrágio universal directo, por um período de quatro anos. própria, e noutros é compartilhada com a Assembleia da As últimas eleições realizaram-se a 5 de Junho de 2011. República (competência relativa). A Assembleia da República tem competências ao nível Os Tribunais são os órgãos de soberania com competência político, legislativo e de fiscalização. São da competência para administrar a justiça, são independentes e apenas estão deste órgão, entre outras, a aprovação de alterações sujeitos à lei. 9 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) O sistema judicial português é constituído por várias Tribunal de Contas – Este tribunal não tem apenas categorias ou ordens de tribunais, independentes entre si, funções jurisdicionais (fiscalização da legalidade de com estrutura e regime próprios. despesas públicas e julgamento de contas públicas), dando igualmente parecer sobre a Conta Geral do Estado, visando Duas dessas categorias compreendem apenas um Tribunal habilitar a Assembleia da República a apreciá-la e julgá-la. (o Tribunal Constitucional e o Tribunal de Contas); as demais abrangem uma pluralidade de tribunais, Podem ainda existir Tribunais Marítimos, Tribunais Arbitrais estruturados hierarquicamente, com um tribunal superior e Julgados de Paz. Neste último caso, a sua competência no topo da hierarquia. refere-se, em exclusivo, à apreciação e julgamento de acções declarativas cujo valor não exceda a alçada do Tribunal de 1ª Instância. 4.2 Organização administrativa Com a adesão à Comunidade Europeia e no sentido de organizar o território de Portugal, são definidas Unidades Territoriais Administrativas para fins estatísticos, as NUT, equiparadas a unidades territoriais com objectivos idênticos nos outros países da UE. Portugal é NUT I, dividido em 7 NUT II equivalentes a “regiões”- Região Norte; Região Centro; Tribunal Constitucional – Ocupa um lugar especial e Região de Lisboa; Região do Alentejo; Região do Algarve, autónomo na ordenação constitucional dos tribunais. Região Autónoma da Madeira e Região Autónoma dos Açores, Distingue-o a especificidade do seu modo de formação e das divididas por sua vez em 30 NUT III, equivalentes a “sub- suas funções. É o tribunal de recurso das decisões de todos regiões” (28 no Continente e as duas Regiões Autónomas). os restantes tribunais em matéria de constitucionalidade. É composto por treze juízes, sendo dez designados pela O Alentejo e o Centro repartem, entre si, as maiores Assembleia da República e três cooptados por estes. Os áreas territoriais do país, com 34% e 31% do total, juízes, que elegem o Presidente do Tribunal Constitucional, respectivamente, enquanto que à Região Autónoma da têm um mandato de nove anos que não é renovável. Madeira cabe a área mais reduzida. Tribunais Judiciais – São a primeira das categorias de Regiões (NUT II) ordenadas por áreas Áreas (km2) % total Região do Alentejo 31.603 34,3 Região Centro 28.200 30,6 Região Norte 21.284 23,1 Região do Algarve 4.996 5,4 Tribunais Administrativos e Fiscais – A estes Tribunais Região de Lisboa 3.001 3,2 compete o julgamento de acções e recursos destinados a dirimir Região Autónoma dos Açores 2.322 2,5 Região Autónoma da Madeira 801 0,9 92.207 100,0 Tribunais comuns e formam uma estrutura hierárquica própria, com Tribunais judiciais de 1ª e 2ª Instância, tendo como órgão superior o Supremo Tribunal de Justiça. os litígios emergentes das relações administrativas e fiscais. Estes tribunais formam uma estrutura hierárquica própria tendo como tribunal superior o Supremo Tribunal Administrativo. Regiõesa Total Fonte: INE – Anuário Estatístico de Portugal 2010 Nota: (a) Inclui 362 km2 de águas interiores 10 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Sub-Regiões NUT III O novo regime jurídico do associativismo municipal1 Regiões do Continente determinou a constituição de associações de municípios que Norte Minho-Lima podem ser de dois tipos: de fins múltiplos e de fins específicos. Cavado Ave Grande Porto Tâmega As associações de municípios de fins múltiplos, denominadas comunidades intermunicipais (CIM), são Entre Douro e Vouga constituídas por municípios que correspondam a uma ou Douro mais NUTS III e adoptam o nome destas. Alto Trás-os-Montes Centro Baixo Vouga Baixo Mondego Pinhal Litoral As associações de municípios de fins específicos foram criadas para a realização em comum de fins específicos dos Pinhal Interior Norte municípios que as integram, na defesa de direitos colectivos Dão-Lafões de natureza sectorial, regional ou local. Pinhal Interior Sul Serra da Estrela Beira Interior Norte Foram ainda criadas duas áreas metropolitanas (AM): Lisboa Beira Interior Sul - que integra os municípios da Grande Lisboa e Península de Cova da Beira Oeste Médio Tejo Lisboa Grande Lisboa Península de Setúbal Alentejo Alentejo Litoral e de Entre-Douro e Vouga, regulados por diploma próprio. Principais cidades De sublinhar a importância das cidades no contexto Alto Alentejo territorial e mesmo político. Existem actualmente (2010) Alentejo Central 156 cidades em Portugal (144 no Continente e 12 nas Baixo Alentejo Lezíria do Tejo Algarve Setúbal, e Porto - que integra os municípios do Grande Porto Algarve Regiões Autónomas), das quais 19 são “Capitais de Distrito”. Entre as mais antigas cidades portuguesas contam-se Lisboa, Porto, Viseu, Braga, Coimbra, Évora, Guarda, Lamego, Silves, Faro, Lagos e Tavira com origens Regiões Autónomas R. A. Açores R. A. Açores R. A. Madeira R. A. Madeira pré-portucalenses e detentoras de uma história urbana romana ou árabe, ou ambas, como no caso das cidades do Sul e mesmo de Lisboa. Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística Nota: Esta divisão de regiões e respectivas subdivisões corresponde às NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais) A par das NUTS para fins estatísticos, Portugal encontra- A cidade de Lisboa (cerca de 480 mil habitantes – 2 milhões na Grande Lisboa) é a capital de Portugal desde o século se dividido em 18 Distritos no Continente que são os XII, a maior cidade do país, principal pólo económico, seguintes: Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, detendo um dos maiores portos marítimos e o maior Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Lisboa, Portalegre, aeroporto. A cidade do Porto (cerca de 211 mil habitantes Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real e – 1,3 milhões no Grande Porto) é a segunda maior cidade. Viseu. Os Distritos e as Regiões Autónomas subdividem-se em 308 Concelhos/Municípios e 4.260 Freguesias. 1 Lei nº 45/2008 de 27 de Agosto 11 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 5. População As “Projecções de população residente em Portugal, 20082060” (a 31 de Dezembro), publicadas pelo INE, no seu Portugal mantém a tendência de envelhecimento cenário central2 apontam para um crescimento continuado demográfico devido ao declínio da fecundidade e ao da população residente em Portugal até 2035, ano em que aumento da longevidade da sua população. O rácio entre atinge 10.897,6 milhares de indivíduos. a população com mais de 65 anos e a população até 14 A partir desse ano, inverte-se a tendência, chegando-se a anos (índice de envelhecimento) atingiu um ponto elevado 2060 com valores abaixo do ano de partida. Em 2060, a em 2010: 118,2, quando em 2000 era de 102,2 e em população total chegará, apenas, aos 10.364,2 milhares de 1990 se situara em 68,1. Por outro lado, a componente da indivíduos. população com idade inferior a 24 anos perdeu peso em 5.1 Repartição regional termos relativos, situando-se nos 26,1%, no mesmo ano. Para estas tendências têm contribuído as mudanças de A Região Norte (que inclui a cidade do Porto) e a Região comportamentos sociais no país, tais como, a redução do de Lisboa concentram mais de três quintos da população número de casamentos, o crescimento dos divórcios e da portuguesa. O despovoamento das áreas rurais do interior idade média do casamento. tem continuado a afectar parte da Região Norte (excluindo o Porto), o Centro e sobretudo o Alentejo. O ano de 2010 registou um decréscimo marginal da população média residente em Portugal nesse ano (-0,02%), 2 As projecções do INE foram determinadas tendo por base 4 cenários: o Cenário o que veio contrariar a tendência de crescimento verificada 2008 e conjuga um conjunto de hipóteses consideradas como mais prováveis face aos no período 2005-2009. sem Migrações, este último com o objectivo de comparação com os restantes cenários. Central, que tem como base a população residente em Portugal em 01 de Janeiro de recentes desenvolvimentos demográficos, o Cenário Baixo, o Cenário Elevado e o Cenário População Residente em Portugal - Evolução 2005-2010 Unidade 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Milhares 10.563,1 10.585,9 10.604,4 10.622,7 10.638,4 10.635,8 0-14 anos Milhares 1.650,8 1.640,4 1.634,9 1.624,6 1.615,0 1.614,4 15-64 anos Milhares 7.114,5 7.115,8 7.135,0 7.145,1 7.142,6 7.113,7 + 65 anos Milhares 1.797,8 1.829,7 1.834,6 1.853,0 1.880,7 1.907,7 Relação de masculinidade (%) 93,9 93,8 93,8 93,8 93,8 93,8 Total de nados vivos em 31.12 Nº 109.399 105.351 102.492 104.594 99.491 n.d. Total de óbitos em 31.12 Nº 107.462 101.948 103.512 104.280 104.434 n.d. Saldo natural em 31.12 Nº 1.937 3.403 −1.020 314 -4.943 n.d. Saldo migratório em 31.12 Nº 38.400 26.100 19.500 9.361 15.408 n.d. Variação populacional media Milhares 54,6 22,8 18,5 18,3 15,7 -2,6 Crescimento natural em 31.12 (%) 0,02 0,03 −0,01 0,00 -0,10 n.d. Crescimento migratório em 31.12 (%) 0,36 0,25 0,18 0,09 0,10 n.d. Crescimento médio efectivo (%) 0,52 0,22 0,17 0,17 0,15 -0,02 População media residente Fonte: Instituto Nacional de Estatística – Indicadores Sociais, 2009 e Inquérito ao Emprego 2010 12 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 5.2 Migrações A distribuição da população pelo território do continente evidencia uma oposição entre o Litoral e o Interior. A sua evolução nos últimos anos tem vindo a originar uma maior O contributo das migrações na dinâmica do crescimento concentração da população no Litoral e redução do número da população depende do sentido, das características de residentes nas regiões do interior do país. que revelam e da sua duração. Desde 1993 que o saldo migratório é a principal componente do acréscimo À semelhança do que se verificou para o conjunto do país, populacional em Portugal. em 2010 registou-se um decréscimo populacional médio da população residente na maioria das regiões, excepto no Algarve (1,39%), Açores (0,29%) e Lisboa (0,25%). colónias portuguesas em África, da Europa Central O Alentejo (-0,57%), o Norte (-0,23%) e o Centro (-0,15%) mantiveram uma trajectória descendente, enquanto a Madeira sofreu apenas um ligeiro decréscimo (-0,04%). e Oriental, e mais recentemente do Brasil, existindo igualmente pequenos núcleos de imigrantes provenientes da Índia, China e Paquistão, assim como de outros países da América Latina e do Norte de África. Repartição regional – Média Anual 2010 Regiões (a) População Milhares % do total Densidade (hab./km2) Região Norte 3.738,8 35,2 176,0 Região de Lisboa 2.835,0 26,7 943,3 Região Centro 2.379,5 22,4 84,4 Região do Alentejo 751,0 7,0 23,8 Região do Algarve 437,9 4,1 86,9 R. A. da Madeira 247,6 2,3 308,8 R. A.dos Açores 245,9 2,3 105,7 10.635,8 100,0 115,4 Total O nosso país registou influxos de imigração das antigas Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Inquérito ao Emprego 2010 Notas: (a) Regiões NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins estatísticos) A imigração económica é um fenómeno recente em Portugal e representa uma alteração radical face ao registado nos anos 60 e 70, quando muitos portugueses emigravam na procura de níveis de vida mais elevados. Até aos anos 90, a maioria dos imigrantes em Portugal era proveniente dos países lusófonos, principalmente Cabo Verde e Angola. A partir de 1999 Portugal passou a acolher uma imigração diferente e em massa proveniente dos países do Leste Europeu, dividida em dois grupos: os eslavos – ucranianos, russos e búlgaros; e os latinos de leste - romenos e moldavos. Analisando agora a densidade demográfica da população Em 2003 este tipo de imigração abrandou, tendo sido portuguesa pelas várias regiões do país, é notória a liderança substituída por brasileiros e, em menor escala, por de Lisboa. Na segunda posição surge a Madeira com cerca de asiáticos de várias origens (nomeadamente indianos, 1/3 da densidade populacional da primeira. paquistaneses e chineses). A maior distância aparece a Região Norte que, apesar de Em 2009 residiam em Portugal, com estatuto legal de ter, em termos relativos, a maior proporção de população residente, 457.3063 cidadãos de nacionalidade estrangeira, residente, apresenta uma densidade populacional cerca de o que traduz um acréscimo de 3,2%, face ao ano anterior. cinco vezes e meia inferior à de Lisboa. Destes, 39% eram provenientes da Europa, 25% da África Lusófona, 25,6% de origem brasileira e finalmente, 3,3% Seguem-se os Açores, Centro, Algarve (estas duas últimas da China. com valores quase idênticos) e, finalmente, o Alentejo, com o menor rácio habitantes/km2. 3 Valores disponíveis em Julho 2010 13 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) A população estrangeira é mais jovem do que a população Por faixa etária, observou-se uma redução da população nacional e concentra-se na faixa da população em idade activa entre os 15-34 anos (-3,2%) e de mais de 65 anos activa. Predominam os homens na repartição por sexos, (-1%), enquanto a faixa situada entre os 35 e os 64 anos fruto provável da sua maior representatividade no processo aumentou quase 2%. migratório embora o reagrupamento familiar posterior tenda a um maior equilíbrio. Por NUTS II registou-se um aumento da população activa no Norte e no Alentejo. No Algarve e na Madeira Na emigração portuguesa destaca-se o primeiro grande permaneceu praticamente inalterada e diminuiu no Centro, surto para o Brasil que se localiza no início do século passado Lisboa e Açores, face ao ano anterior. até finais dos anos 20, segue-se a que ocorre durante a guerra colonial com destino à Europa nos anos 60, ambas com períodos longos de permanência. A partir dos finais dos anos 80 prevalecem os fluxos de emigração de carácter temporário que se mantêm até hoje. Cerca de 4,5 milhões de portugueses vivem fora do país, o que é equivalente a quase metade da população doméstica residente, existindo enormes comunidades de expatriados no Brasil, em França, na Alemanha, na Suíça, no Luxemburgo, no Canadá e na África do Sul, entre outros países. 5.3 População activa Embora a imigração esteja a ajudar a impulsionar a população em idade activa, o seu ritmo de crescimento O nº de activos com nível de escolaridade correspondente ao ensino secundário e pós-secundário e ao ensino superior aumentou, sendo que, em 2010, 16% da população activa tinha formação superior. A população empregada totalizou 4.978,2 mil indivíduos em 2010, ou seja, menos 1,5% do que no ano anterior. A taxa de emprego (15 e mais anos) situou-se nos 55,2%, tendo sido inferior à registada em 2009, devido ao facto de a população empregada ter diminuído e da população em idade activa se ter mantido praticamente inalterada. Por NUT II, apenas a região da Madeira registou um aumento da população empregada (0,9%). não tem conseguido compensar o gradual envelhecimento da população e o aumento da esperança de vida (74 anos para o homem e 80,6 anos para as mulheres segundo a OCDE), factor que tem vindo a afectar, não só Portugal, mas igualmente a grande maioria dos países da Europa Ocidental. Em termos de curto/médio prazo a distribuição da população empregada por sectores de actividade está relativamente estabilizada. Tem havido um movimento, desde há cerca de 25 a 30 anos, no sentido de uma maior contribuição da população empregada nos serviços (61,4% De acordo com o INE4 , a população activa e a taxa de do total em 2010), movimento que acompanha a evolução actividade (população com 15 e mais anos) referentes a 2010 registada nos outros parceiros europeus. não sofreram grandes alterações face a 2009. A população Evolução da população empregada por sector de actividade activa totalizou 5.580,7 mil indivíduos, o que significou um decréscimo de 0,04% em relação ao ano anterior e a taxa de 1986 actividade manteve-se nos 61,9%. Esta estabilidade relativa na oferta de mão-de-obra resultou do facto de a diminuição da população empregada (75,9 mil indivíduos) ter sido compensada por um crescimento semelhante dos desempregados (74,0 mil indivíduos). 4 INE – Estatísticas do Emprego-2010 2008 2009 2010 (%) Agricultura, silvicultura e pescas 21.9 11,2 11,2 10,9 Indústria, construção, energia e água 33.7 29,3 28,2 27,7 Serviços 44.3 59,5 60,6 61,4 Fonte: INE – Estatísticas do Emprego, 2010 14 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 5.4 Níveis de escolaridade da população activa de jovens e adultos, incluindo a requalificação de activos, verifica-se que em Janeiro de 2010 estavam registados 376 cursos, com predominância para as instituições de Ensino No quadro das exigências da nova economia global, a Superior Público Politécnico (62% do total), sendo que mais qualificação das pessoas é um factor preponderante para de 37% se englobam na área das tecnologias, com um a competitividade, para o crescimento económico, para o total de alunos inscritos que, no ano lectivo 2008/2009, emprego e para a melhoria dos salários. ultrapassou os 5.500. Conforme já referido, Portugal apresenta ainda alguns De 2005 a Março de 2010, o número de CET oferecidos indicadores menos positivos ao nível da formação e em instituições do ensino superior registados em áreas de qualificação da sua população activa, que têm sido alvo de políticas públicas de qualificação de recursos humanos. O lançamento do Programa Novas Oportunidades em 2005, composto por dois eixos fundamentais: qualificar um milhão de activos (eixo adultos) até 2010 e alargar a oferta de cursos profissionalizantes (eixo jovens) de nível secundário de modo a que representassem, na mesma meta temporal, metade do total de vagas ao nível do ensino secundário, surgiu como resposta à necessidade TIC quase quadruplicou, o número de localidades onde são oferecidos quase triplicou, o número de instituições do ensino superior envolvidas mais do que duplicou e o número de temas dos cursos também aumentou significativamente. Para o aumento significativo da taxa de adesão contribuiu, de forma determinante, o alargamento da rede de Centros Novas Oportunidades. de Portugal convergir ao nível das qualificações com a Europa e reforçar a competitividade no médio-longo Existem actualmente 448 Centros Novas Oportunidades prazos, investindo na melhoria contínua das condições de em Portugal continental e 6 na Região Autónoma da escolarização dos seus jovens e adultos. Madeira, promovidos por entidades públicas e privadas, nomeadamente escolas da rede pública do Ministério da No eixo jovens, entre 2005/2006 e 2009/2010 o nº de Educação. alunos inscritos em cursos de Dupla Certificação mais do que duplicou: de 62.266 para 139.334. Este crescimento foi devido, em grande medida, ao aumento na procura de Cursos Profissionais pelos jovens. Estima-se que em 2010/2011 o nº de alunos inscritos nestes cursos seja superior a 124.000. A adesão da população adulta (população activa empregada e desempregada) a esta iniciativa tem sido igualmente muito elevada. Desde 2006 e até 30 de Setembro de 2010 inscreveram-se mais de um milhão de candidatos, dos quais 328.263 obtiveram uma certificação escolar. No que diz respeito aos Cursos de Especialização Tecnológica (CET) que têm como objectivo a qualificação 6. Infra-Estruturas Ao longo dos últimos anos e com o apoio dos Fundos Comunitários, Portugal realizou um notável esforço de investimento nas infra-estruturas de transporte, o que deu origem a modernas redes: viárias, ferroviárias, aeroportuárias e marítimas. Embora o meio de transporte dominante nas trocas comerciais de Portugal com o exterior continue a ser o marítimo, o transporte rodoviário tem vindo a assumir uma relevância crescente, principalmente nas ligações com os mercados europeus. 15 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 6.1 Rede viária Em termos regionais, o Centro foi a origem de 33,2% do total das mercadorias carregadas. Os dados ainda Portugal detém actualmente uma das redes mais desenvolvidas provisórios referentes ao terceiro trimestre de 2010 da Europa, composta de Auto-estradas (AE), Itinerários apontam para uma variação homóloga positiva de 13,3%, Principais (IP), Itinerários Complementares (IC), Estradas Nacionais (EN) e Estradas Regionais. Em 2009, a rede rodoviária invertendo a tendência negativa apresentada no transporte rodoviário de mercadorias, desde o início do ano de 2008. nacional atingiu, no Continente, 13.112 km, repartidos pela rede fundamental (2.199 km de IP), pela rede complementar (6.482 km de IC e EN) e pelas estradas regionais (4.431 km). Com a tipologia de Auto-Estradas, contabilizaram-se 2.705 ©José Manuel km, ou seja, mais de 1/5 do total da rede viária. 6.2 Rede ferroviária O grande desafio que actualmente se coloca nesta área é o do reforço da integração da rede ferroviária nacional no espaço ibérico e europeu, com vista a assegurar a interoperacionalidade com as redes europeias e transeuropeias de transporte. A rede ferroviária existente conta com cerca de 3.600 km, dos quais 2.842 km com tráfego ferroviário (cerca de metade é electrificada), serve uma população da ordem dos 8,5 milhões de habitantes e assegura a ligação Norte-Sul ao longo da faixa litoral do continente português e as ligações transversais. A densidade da rede ferroviária tende a ser mais Ponte Vasco da Gama - Rio Tejo Nos anos 90 houve um significativo desenvolvimento das infra-estruturas rodoviárias em Portugal e um dos factores que contribuiu para esse desenvolvimento foi a realização, em 1998, da Exposição Mundial em Lisboa. Este importante projecto serviu de catalizador da construção de grandes obras públicas, salientando-se a segunda ponte sobre o Tejo – Ponte Vasco da Gama - e a linha ferroviária na Ponte significativa nas regiões de maior concentração populacional. Em 2009 foram transportadas quase 9 milhões de toneladas de mercadorias através da rede ferroviária, igualmente com predominância para o tráfego nacional (91,7%). Em termos regionais, o Alentejo (Porto de Sines) representou 41,3% do total de mercadorias transportadas por este meio. ©José Manuel 25 de Abril, estabelecendo pela primeira vez, uma ligação ferroviária contínua entre o Norte e o Sul do país. Estas infra-estruturas contribuíram de forma significativa para melhorar a circulação Norte-Sul e criaram novas acessibilidades em várias zonas da capital, principalmente na parte oriental da cidade de Lisboa. Em 2009 foram transportadas mais de 259 milhões de toneladas de mercadorias através da rede rodoviária, com predominância para o tráfego nacional (91,6%). Gare do Oriente - Parque das Nações 16 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Os dados ainda provisórios referentes ao ano de 2010 condições naturais ímpares na costa portuguesa para apontam para uma variação homóloga positiva no acolher todos os tipos de navios. Dotado de modernos transporte de mercadorias por ferrovia, de 12,3%. terminais, apresenta características únicas, sendo, por um lado, a principal porta de abastecimento energético do país 6.3 Rede portuária (petróleo e derivados, carvão e gás natural) e, por outro, um importante porto de carga de contentores com elevado A localização geográfica de Portugal, com uma extensa costa atlântica, oferece excelentes condições para potenciar e desenvolver as ligações marítimas. No continente existem nove portos: Viana do Castelo e Leixões, na região Norte; Aveiro e Figueira da Foz, no Centro; Lisboa e Setúbal, na região da Grande Lisboa; Sines, no Alentejo; Faro e Portimão, no Algarve. A Região Autónoma dos Açores conta com cinco portos e a região Autónoma da Madeira com três. Os 5 principais portos nacionais situados no Continente (Leixões, Aveiro, Lisboa, Setúbal e Sines) movimentaram cerca de 65 milhões de toneladas de mercadorias em 2010 (96,7% do total e um crescimento de 6,4% face ao ano anterior). A melhoria das infraestruturas e os ganhos de eficiência ocorridos nos últimos anos tornaram o sistema portuário nacional mais competitivo, situação que permite estimar um aumento na movimentação de carga nos anos mais próximos. O Porto de Sines, de águas profundas, é líder nacional na quantidade de mercadorias movimentadas (25,5 milhões de toneladas em 2010, ou seja 39% do total) e apresenta potencial de crescimento. Este Porto, com uma zona industrial e logística de retaguarda, com mais de 2.000 hectares é já uma plataforma logística de âmbito internacional multifacetada (sectores marítimoportuário, industrial e logístico), que irá contar ainda com a plena integração da plataforma urbana nacional do Poceirão e da plataforma transfronteiriça de Elvas/Caia. 6.4 Rede aeroportuária Portugal conta com uma rede aeroportuária composta por 15 aeroportos, 24 aeródromos, perfazendo 31 pistas, das quais 9 localizadas no Continente, 18 nos Açores e 4 na Madeira. No continente existem três aeroportos internacionais em operação, todos situados na orla litoral e um aeroporto em Beja (interior do Alentejo) cuja operação comercial regular irá iniciar-se no 2º semestre de 2011. Está ainda prevista a construção de um novo aeroporto internacional para Lisboa, na margem sul da cidade, na zona de Alcochete. © Câmara Municipal de Sines A condição de insularidade das regiões autónomas explica a presença de um maior número de aeroportos, como se pode observar no quadro seguinte: Principais aeroportos portugueses Aeroportos Número Localizações Continente 4 Lisboa, Porto, Faro e Beja R. A. Açores 9 Ponta Delgada, Santa Maria, Horta, Flores, Corvo, Graciosa, Pico, São Jorge, Terceira R. A. Madeira 2 Funchal e Porto Santo A maioria das companhias aéreas internacionais serve os principais aeroportos do País, sendo a TAP Portugal a Porto de Sines - Costa Alentejana companhia aérea portuguesa de bandeira. 17 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Em 2010, o número de passageiros processados nos A Portugal Telecom (PT), continua a ser o principal aeroportos nacionais aumentou 8% face ao período fornecedor de serviços de telecomunicações, sobretudo homólogo, situando-se nos 26 milhões. No mesmo ano, o nas linhas fixas. O mercado de comunicações móveis é tráfego de carga aérea também registou um crescimento servido por três operadores: TMN - Telecomunicações considerável (+11,3%, +14 mil toneladas) baseado na Móveis Nacionais (Portugal Telecom), Vodafone Portugal excelente performance dos Aeroportos de Lisboa e Porto. (Vodafone - Reino Unido) e Optimus (Sonae e France Também os Açores contribuíram com cerca de mil toneladas Télécom’s Orange – 20% do capital), que desde 2004 já para esta evolução positiva. Analisando o tráfego de carga disponibilizam serviços de 3ª geração (3G). Em 2007 surgiu desembarcada (importação) e embarcada (exportação), conclui- um novo serviço móvel designado phone-ix lançado pelos se que a carga exportada teve uma evolução bem mais positiva CTT que usa, por acordo, a rede física da TMN. e foi a maior responsável pelo bom desempenho geral do transporte de carga aérea. Com o advento das redes móveis de 3ª geração, o acesso à Internet em banda larga e a distribuição de TV passaram a O Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, foi ser disponibilizados aos clientes das redes móveis. Portugal distinguido pelo ACI-Airports Council International como é o 4º país na Europa em termos do acesso em banda larga o 2º melhor aeroporto europeu em 2010 e o 5º melhor a com mais de 10 Mbps e tem 3ª maior taxa de penetração nível mundial na categoria de aeroportos com tráfego de 2 de banda larga móvel da Europa. a 5 milhões de passageiros. Actualmente, em Portugal as redes de satélite são sobretudo utilizadas para prestar serviços de distribuição de TV. Também o Aeroporto João Paulo II, em Ponta Delgada (Açores), foi distinguido pelo ACI com o prémio de aeroporto europeu De acordo com a ANACOM5 , desde 2000 e até 2009, o nº que registou a maior subida nos indicadores da Qualidade dos de meios físicos utilizados pelos consumidores para aceder Serviços entre 2008 e 2009. aos serviços de comunicações electrónicas tem crescido, 6.5 Infra-estruturas tecnológicas em média, cerca de 6,2% ao ano, tendo atingido 21,7 milhões de acessos em 2009. Esta evolução foi, sobretudo, determinada pelas redes móveis (crescimento de 10,5%/ As infra-estruturas ligadas ao sector das telecomunicações foram, nos últimos anos, substancialmente melhoradas e modernizadas permitindo a Portugal situar-se numa confortável posição entre os seus parceiros europeus. Nesta área existem três tipos de serviços: serviço de voz (telefone fixo e móvel); serviço de dados (acesso à Internet) e serviço de vídeo (sinal de TV) e três tipos de redes: rede fixa tradicional, rede móvel e redes de distribuição de TV por satélite, cabo e outros meios radioeléctricos. A liberalização das redes fixa e móvel e a entrada no mercado português de novos operadores de telecomunicações, aumentou a concorrência, melhorou a qualidade e reduziu as tarifas cobradas. ano). Ao contrário, a rede fixa tradicional tem visto o seu peso diminuir – entre 2000 e 2009 diminuiu, em média, cerca de 3,5%/ano e em 2009, a queda foi de 4%. Na rede de fibra óptica, no final de 2009 existiam em Portugal 1,1 milhões de acessos instalados e cerca de 35 mil clientes e as redes de TV por cabo eram utilizadas, no mesmo período, por 56 mil clientes. A maioria dos utilizadores que adquirem pacotes de serviços em Portugal é cliente de operadores de distribuição de TV por cabo. Aliás, as modalidades de double e triple-play que combinam TV e Internet apresentam uma intensidade de utilização superior à média europeia. 5 Autoridade Nacional de Comunicações 18 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Em 2009 o nº de adesões às ofertas em pacote aumentou cerca de 25%, atingindo os 899 mil assinantes. Esta evolução foi, sobretudo, impulsionada pelas ofertas triple-play que cresceram 41%, representado actualmente 52% do total deste tipo de ofertas. Entre a população residencial os serviços de comunicação mais utilizados são a combinação telefone móvel, telefone fixo, banda larga fixa e TV por subscrição (M+F+BLF+TV). Entre as PME, a conjugação mais usada é a (M+F+BLF). À medida que a empresa vai subindo em dimensão, o nº de serviços disponível tende a aumentar: ou é igual ou é superior a 4 (M+F+BLF+BLM), predominando os serviços telefónicos e regiões de Lisboa, Centro e Norte, o tipo de consumo Internet pelos acessos fixo e móvel. registado nestas regiões tende a ter um impacto significativo Penetração dos serviços e combinações de serviços (%) em termos globais. M+F+BLF+TV 19,8 M 18,8 M+F 9,0 M+F+TV 8,0 nova tecnologia de teledifusão terrestre em sinal digital que irá M+TV 7,2 substituir a actual teledifusão analógica terrestre. Entre Janeiro F 6,5 e Abril de 2012 a mudança é obrigatória para todos aqueles M+BLF+TV 5,8 que não possuam televisão paga. M+BLM 3,2 M+F+BLF 3,0 M+BLM+TV 2,6 F+TV 2,3 aproximação das populações às novas tecnologias (incluindo Outras 9,8 Internet) e um esforço na disponibilização por parte do sector Nenhum 4,0 público dos mais diversos tipos de serviços por via electrónica, Fonte: ICP-ANACOM, Inquérito ao Consumo das Comunicações Electrónicas, Dezembro 2009 Base: Indivíduos com 15 ou mais anos A partir de 2012 e por determinação da Comissão Europeia será introduzida em todos os países membros da UE uma Tem vindo a ser desenvolvida uma importante campanha de procurando assim contribuir para facilitar a actividade dos cidadãos e das empresas. Portugal ocupa hoje o 1º lugar no A nível regional, o consumo de serviços de comunicações electrónicas é distinto consoante a região em que o indivíduo se insere. No Alentejo, destaca-se uma maior utilização exclusiva do serviço telefónico móvel. No Algarve, são usados serviços menos padronizados, ou seja, outras conjugações de serviços. Em Lisboa sobressai o conjunto integrado dos 4 serviços (M+F+BLF+TV). Nas regiões Centro e Norte, é ranking europeu dos Serviços Públicos Online (segundo o Relatório eGov Benchmark 2010), o que revela o sucesso da iniciativa Ligar Portugal6 . Por outro lado, o Governo em parceria com várias entidades lançou o programa e-escola dirigida a alunos, professores e adultos em processos de requalificação, promovendo a difusão de Banda Larga móvel em Portugal e complementando a acentuada a utilização exclusiva do serviço telefónico móvel, embora no Centro se destaque a conjugação (M+F+BLF+TV). 6 Ligar Portugal visa a ampla mobilização das pessoas e das organizações para o uso Por outro lado, como a maioria da população reside nas Portugal da sociedade de informação e da economia baseada no conhecimento. generalizado das tecnologias de informação e comunicação e para o desenvolvimento em 19 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Nacional (PRN) e, no âmbito do combate à sinistralidade, a aprovação do Plano de Segurança Rodoviária 2011. Com a conclusão de diversas vias na rede nacional, a adjudicação de concessões e lançamento de estudos de viabilidade, para vários lanços na rede rodoviária nacional, na sua maioria com perfil de auto-estrada, será atingida uma taxa de execução do PRN de 73%. No Sector do transporte aéreo serão prosseguidas políticas de modernização (melhoria das condições de operação e de segurança) para uma maior optimização das infra-estruturas existentes (aumento da capacidade e das receitas). Quanto a novas infra-estruturas, será iniciada a exploração do aeroporto de Beja, para voos comerciais. No âmbito da navegação aérea, prosseguirá a preparação Fibra óptica aposta na Banda Larga Fixa e a iniciativa e-escolinha, que tem como objectivo fomentar a utilização de computadores (Magalhães) e ligações à internet em banda larga aos alunos matriculados no 1º ciclo. 6.6 Políticas para o futuro do sistema de navegação aérea para fazer face à implementação do Céu Único Europeu. No Sistema Marítimo-Portuário, prosseguirá a adaptação das infra-estruturas ao aumento da procura tirando partido do posicionamento geoestratégico de Portugal no espaço atlântico, a conclusão do processo de concessões dos terminais portuários e a promoção da sua articulação com as plataformas logísticas e redes rodoviárias e ferroviárias, Segundo o Orçamento de Estado para 2010, as linhas de de forma a alargar o hinterland portuário. acção política do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações procuram assegurar condições de No âmbito da Rede Ferroviária convencional, será mobilidade e comunicação como elementos essenciais continuado o programa de modernização e melhoramento para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, a das condições de segurança e operação de toda a rede, competitividade das regiões e a coesão territorial e social. bem como a ligação a sistemas de transportes urbanos e será prosseguido o programa de redução da sinistralidade A actuação irá desenvolver-se em torno de quatro eixos em passagens de nível. prioritários: melhoria e reforço de infra-estruturas e equipamentos de transporte; promoção da competitividade No sector das Comunicações será garantido o e da concorrência do sector das comunicações; promoção funcionamento do sector num quadro de competitividade e do sector da construção e imobiliário e desenvolvimento de concorrência, garantindo o acesso da maioria da população uma política de transportes visando a sua integração nas à sociedade de informação, com a generalização a todo o cadeias internacionais de transportes. território da banda larga numa lógica de serviço universal, impulsionando a construção de redes de nova geração No que se refere ao Sector rodoviário, as grandes (RNG) e concluindo o processo de operacionalização da metas passam pela prossecução do Plano Rodoviário televisão digital terrestre (TDT). 20 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 7. Recursos e Estrutura Produtiva sector representa 61,4% do emprego e 74,1% do valor acrescentado bruto (VAB), enquanto o sector agrícola Portugal, a exemplo dos seus parceiros europeus, ó absorve 10,9% do emprego e contribui apenas com desenvolveu nas últimas décadas uma economia cada 2,3% para o VAB. A indústria, construção, energia e água vez mais baseada nos serviços. Actualmente, este representam 27,7% do emprego e 23,6% do VAB. Sectores de Actividade - Distribuição do Valor Acrescentado Bruto 2008 2009 Sectores de Actividade - Distribuição do Emprego 2010 2008 2009 Agricultura, silvicultura e pesca Agricultura, silvicultura e pesca Indústria, construção, energia Indústria, construção, energia e água Serviços Serviços Fonte: INE – Contas Nacionais Trimestrais (preços correntes) 2010 Fonte: INE – Contas Nacionais Trimestrais (preços correntes) Valor Acrescentado Bruto Regional por Sector de Actividade – Ano 2009 Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca Indústria; Energia; Água; Saneamento e gestão de resíduos; Construção Serviços Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística 21 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) No que diz respeito à distribuição do VAB por regiões, Tem sido objecto de alguns ajustes estruturais, o ano de 2009 (último disponível) revela o predomínio nomeadamente o aumento da área e do nº de explorações dos serviços na actividade produtiva das sete regiões e o incremento da mecanização que contribuíram para o portuguesas. O contributo destas actividades foi aumento da produtividade, apesar de continuarem a subsistir particularmente expressivo na Madeira, em Lisboa e no disparidades a nível sectorial e regional. Por outro lado, os Algarve. O sector primário continua a perder terreno, serviços agrícolas e actividades secundárias aumentaram a sua mantendo apenas algum peso no Alentejo e nos Açores. importância relativa, traduzindo uma maior profissionalização e multifuncionalidade da agricultura nacional. No que se refere ao peso dos sectores de actividade económica no PIB nacional, as estimativas do EIU – Economist Intelligence Unit para 2010 atribuem aos serviços um contributo de 74,1%, o que significa um crescimento de 18,8% face a 2000. A indústria, incluindo o sector energético, tem vindo a diminuir o seu contributo para o PIB (mais de ¼ nos últimos 10 anos). A agricultura, no mesmo período, viu o seu peso diminuir para menos de metade. A área agrícola total corresponde a 50% do território nacional e a pequena dimensão continua a predominar, com cerca de ¾ das explorações agrícolas a apresentarem áreas inferiores a 5 hectares. As culturas agrícolas permanentes, vinha e olival, estão mais concentradas no interior de Norte a Sul do país, enquanto que as espécies florestais se encontram na faixa que vai do Centro para Estrutura Produtiva - Peso no PIB o Litoral de Portugal continental. Nos Açores, cerca de 95% da superfície agrícola utilizada (SAU) é ocupada por pastagens, prados e forragens e na Madeira, 77% da SAU é ocupada por culturas permanentes. Entre 2000 e 2009 o sector agrícola registou uma taxa média de crescimento anual, em volume, de 0,7% e de 0,1% em valor. A produção vegetal é a componente mais importante (55% contra 41% da produção animal). Agricultura, silvicultura e pesca 2000 Indústria (inclui construção e energia) 2008 Serviços 2009 Em 2009, a produção vegetal cresceu 1,3% e a animal 2010a Fontes: EIU – Economist Intelligence Unit – Viewswire Notas: Cálculo do PIB a custos de factor; a) Estimativas 1,5%, em volume. No conjunto de produtos que compõem o primeiro grupo, importa destacar pela positiva a evolução da produção de hortícolas frescos, em particular o tomate, o mais competitivo em termos 7.1 Agricultura, silvicultura e pesca agro-industriais; os frutos frescos (em 2009 a produção aumentou 15,9% em volume) e, em especial a maçã (+ Agricultura de 30% da produção) que cresceu 17,3% em volume e Apesar da redução da importância da agricultura na Pêra Rocha que aumentou 27,7% em volume; a azeitona economia do país ao longo das últimas décadas (em com um crescimento excepcional em volume (+32% 1980 o VAB agrícola representava, em termos nominais, face a 2008) devido a excelentes condições climatéricas 11% enquanto que em 2010 representou apenas 2,3%, e à entrada em produção de novos olivais. O azeite incluindo silvicultura e pescas), este sector é ainda um produzido por produtores individuais aumentou também importante empregador em Portugal (10,9% do total). significativamente, em volume (99%). Por fim a vinha/ 22 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) vinho, com uma valorização crescente nas últimas décadas, de produtos orgânicos concentra-se na América do Norte em grande parte justificada pelo aumento da produção de e Europa (97% do total), enquanto que os principais vinhos de qualidade em detrimento dos vinhos correntes produtores e exportadores mundiais se encontram na Ásia, de mesa. Os vinhos licorosos continuam a deter a maior América Latina e Oceânia. Os países com maior consumo per fatia da produção de vinhos de qualidade (40%) e o capita são a Dinamarca, Suíça e Áustria. maior crescimento foi registado nos vinhos do Alentejo (representam cerca de 10% do total). Em Portugal, desde o início dos anos 90 que se tem assistido a um crescimento exponencial da agricultura biológica, O pior comportamento coube aos cereais, (quebra em tanto em área de produção como em nº de produtores que valor de 36% em 2009) em especial arroz e trigo, devido convertem as suas explorações a este modo de produção. aos maus resultados da campanha cerealífera 2008/2009 Entre 2000 e 2009 a área de cultivo de produtos biológicos afectada por condições climatéricas adversas. vegetais aumentou de 50.000 ha para 157.179 ha e o nº de produtores de 763 para 1651. Conforme já se referiu, a produção animal (animais e produtos animais) cresceu 1,5% em volume em 2009. Dentro das espécies animais destacam-se os bovinos e suínos pela sua importância relativa em termos de valor, seguindo-se a produção de aves de capoeira. Nos produtos animais o leite foi o mais importante e o que mais Em 2009 foram recenseadas 1.300 unidades produtivas certificadas em modo de produção biológica, 37% das quais dirigidas à pecuária e que representam 3% da SAU nacional. Destas, 1% destinam-se à produção hortícola e vinha, 2% a pomares e 3% a olival, com a Beira Interior a assumir a maior expressão em termos de distribuição regional. aumentou em termos de produtividade do efectivo leiteiro devido ao seu melhoramento genético. Estão em curso uma série de medidas integradas dentro da denominada Política Agrícola Nacional, tendentes a dotar o país de um sector agrícola desenvolvido, competitivo e com produtos de qualidade, tendo em consideração o peso da vertente social deste sector. Em 2009 foi aprovado um projecto de agricultura biológica que prevê a conversão e instalação de 5 mil hectares de olival em 24 concelhos da Beira Interior, até 2013. Esta região é actualmente a terceira maior produtora de azeite, com uma área de olival de 52,6 mil hectares e 27,7 mil explorações. Agricultura biológica A produção animal também tem apresentado um No mundo, de acordo com a IFOAM7, 37,2 milhões de crescimento considerável, tanto em área como em n.º de hectares (ha) são utilizados na produção biológica por produtores. Em termos de espécies, os ovinos, bovinos e aves pelo menos 1,8 milhões de produtores em 160 países, dominam a produção animal biológica (superior a 90%). representando perto de 0,9% do total de terras agrícolas. Ovinos e bovinos predominam no Alentejo e Beira Interior e As regiões com as maiores áreas de produção biológica as aves de capoeira na Beira Litoral, Ribatejo e Oeste. são a Oceânia (12,2 milhões ha), Europa (9,3 milhões ha) e a América Latina (8,6 milhões ha). Apenas 7 países em Apesar de se tratar de um fenómeno relativamente recente, todo o mundo concentram mais de 10% do total das áreas são já vários os produtos biológicos nacionais premiados de produção biológica. Em termos mundiais, o consumo a nível nacional e internacional, sendo de destacar o 1º prémio atribuído ao “Azeite Risca Grande” da Herdade 7 IFOAM – International Federation of Organic Agriculture Movements – “ The World of Organic Agriculture, Statistics and Emerging Trends 2011” com dados relativos ao ano de 2009 com o mesmo nome em Serpa (Alentejo), no âmbito do “Concurso Mundial de Azeites Biológicos” que se realizou 23 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) na Feira BIOFACH 2009 na Alemanha; e o Selo de Sabor do Ano de 2010 na categoria de carne biológica, aos hambúrgueres e almôndegas da empresa Pasto Real. No espaço comunitário, a partir de 1 de Julho de 2010 passou a ser obrigatória a colocação do logótipo “Eurofolha”, em todos os produtos biológicos préembalados produzidos em qualquer dos Estados-Membros, que respeitem as normas aplicáveis. Nos produtos importados, o seu uso é facultativo. Silvicultura A importância da floresta e do sector florestal em Portugal é inquestionável. Pela extensão territorial ocupada; pela relevância das funções económicas, ambientais, sociais e culturais a ela associadas; pela natureza da indústria transformadora que, baseada num recurso natural e renovável assegura a existência de produtos recicláveis e reutilizáveis gerando emprego e riqueza, e ainda, pelo elevado número de agentes envolvidos na produção, transformação e comercialização de produtos florestais. A floresta ocupa cerca de 38,4% do território de Portugal continental (3,4 milhões de hectares), apresentando diferentes taxas de arborização nas várias regiões do País. O eucalipto é, também, uma componente importante da paisagem portuguesa. Para além das excepcionais características para a produção de pasta de papel de qualidade, o seu ritmo de crescimento torna-o uma espécie muito interessante do ponto de vista económico. Este facto, aliado ao desenvolvimento de um sector industrial dinâmico, determinou um aumento rápido da sua área nas últimas três décadas, responsabilidade das indústrias de celulose e de produtores privados. Nos Açores, mais de 64% da floresta é ocupada por incenso e vegetação natural, representando a criptoméria mais de 60% da floresta de produção. Na Madeira, 32% do espaço florestal é ocupado por Quanto à composição da floresta por espécies, verifica-se que o pinheiro bravo (Pinus pinaster), o sobreiro (Quercus suber) e o eucalipto (Eucalyptus spp.) são as três espécies mais representativas e, também, de maior interesse económico. No seu conjunto, ocupam quase 62% da área de floresta. espécies da laurissilva e a restante área é ocupada por espécies exóticas (eucalipto, pinheiro e outras). Pesca A preservação dos recursos existentes e a viabilidade económica da actividade pesqueira são actualmente as O pinheiro bravo é a espécie florestal que ocupa maior principais prioridades deste sector. área (sobretudo na região Centro e Norte Litoral do País) sendo o principal sustentáculo da indústria de serração e Existem em Portugal 45 portos de registo (capitanias e aglomerados. delegações marítimas), dos quais 32 estão situados no O sobreiro ocupa uma área que corresponde a cerca de Continente, 11 na Região Autónoma dos Açores e 2 na 25% da sua distribuição natural pelo mundo. O grande Região Autónoma da Madeira. peso económico desta espécie reflecte-se no facto de Portugal ser o maior transformador mundial de cortiça, Em 2009 encontravam-se inscritos nas capitanias 17.339 com especial destaque para a rolha. pescadores, o que significa um aumento de 3%, face ao 24 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) ano anterior, com predomínio da Região Norte (quase 1/3 7.2 Indústria do total), seguida do Centro, Algarve e Açores. A frota de pesca nacional, tanto em n.º de embarcações (8.562) como Indústria Extractiva na sua arqueação bruta e potência tem-se mantido estável. A evolução da Indústria Extractiva (minas, pedreiras e O número de licenças de pesca emitidas foi, em média, de águas) evidencia a alteração provocada no subsector cerca de 4 licenças por embarcação, num total de 21.386. de minas, pelo arranque dos projectos de produção de concentrados de cobre e de estanho na mina Neves- O ano de 2009 foi mau para o sector pesqueiro nacional. O Corvo. Dado ser o projecto mineiro mais importante rigor do Inverno, a imposição de quotas de pesca pela UE existente actualmente no País e de se localizar na Região e a desaceleração da produtividade das embarcações, são do Alentejo, faz com que esta região detenha posição razões que poderão justificar este recuo. dominante relativamente às restantes, neste subsector. As minas Neves-Corvo representam igualmente o maior factor Foram capturadas 144.792 toneladas de pescado, descarregado como fresco ou refrigerado em lota, o que representa, face ao ano anterior, um decréscimo de 15% no volume de capturas e de 14% no correspondente valor. Por tipo de pescado, os “peixes marinhos” (sardinha e cavala) contribuíram de forma decisiva para esta queda de emprego na região de Castro-Verde-Almodôvar (mais de 800 trabalhadores) e contribuem de forma significativa para o elevado valor do PIB regional. Estão ainda situadas nesta região, as minas de Aljustrel, que foram reactivadas, estando prevista a produção anual de 80 mil tons. de zinco, 17 mil tons. de chumbo e 1,25 milhões de onças de prata. assim como os “Moluscos”, sobretudo o polvo. Em termos de importância relativa, segue-se a Região O Centro e o Algarve mantiveram-se como as principais regiões de descarga contribuindo, respectivamente com 25,6% e 24,1% do valor total descarregado em portos Centro onde se localiza o segundo centro de produção mineiro mais importante do país - a mina da Panasqueira, produtora de minérios de volfrâmio. nacionais. Seguiram-se as regiões de Lisboa, com 16,2%, o Norte (12,4%), os Açores (12,1%), a Madeira (5,5%) e o Das minas que se encontram em funcionamento são Alentejo (4,1%). extraídos, entre outros, ferro-manganesio, estanho, titânio, volfrâmio, cobre, urânio, quartzo, talco e caulino. Embora o País disponha de condições naturais favoráveis ao desenvolvimento da aquicultura, a sua produção não tem aumentado de acordo com as expectativas, apresentando ainda um peso reduzido no total do sector. Os pontos fortes deste sector são o potencial geológico do território português, a qualidade das matérias-primas, nomeadamente as destinadas à indústria cerâmica, a existência de empresas dinâmicas, as adequadas infraestruturas tecnológicas e uma boa base industrial para A produção em água salgada e salobra mantém a desenvolver uma adequada internacionalização. tendência de crescimento e as principais espécies são: dourada, robalo, e amêijoa na aquicultura marinha e truta Relativamente ao subsector de pedreiras, onde se incluem em águas doces. as rochas ornamentais e as rochas industriais, tem-se registado um significativo ritmo de crescimento devido, A conjuntura económica desfavorável, a reduzida aposta no primeiro caso, ao aumento de competitividade das na diversificação e na certificação do produto e processo empresas, como consequência da valorização interna produtivo, poderão estar na origem do fraco progresso que dos produtos comercializados, melhoria dos padrões de este sector ainda regista em Portugal. qualidade e maior agressividade nos mercados externos. 25 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Constata-se que a Região do Alentejo é o maior centro incorporação tecnológica, podendo ser apontados produtor de rochas ornamentais, onde se localiza a zona de como exemplos disso os casos do sector automóvel e mármore e granito ornamental mais importante do País. componentes, moldes, maquinaria eléctrica e electrónica, papel e matérias plásticas. Em contrapartida, perderam peso As rochas industriais têm tido forte incremento nos relativo ao nível da produção e do emprego, os sectores da últimos anos, reflectindo os acréscimos de consumo destas metalomecânica pesada, maquinaria não eléctrica, material matérias-primas no sector de construção civil e obras de transporte e produtos químicos não industriais (sectores públicas, com as Regiões Norte e Lisboa a destacarem-se em que Portugal é fortemente importador). em termos de valor de produção. Do ponto de vista geográfico, as fortes assimetrias na No que respeita ao subsector de águas minerais e de distribuição das actividades industriais fazem com que nascente, Portugal dispõe de um apreciável potencial se destaquem três regiões, Lisboa, Centro e Norte, que hidromineral, evidenciado pelo elevado número de ocorrências e pela grande diversidade hidroquímica, representam cerca de 90% do emprego e do VAB da indústria transformadora. decorrente de uma complexa e diversificada geologia do País. Constata-se que as Regiões Norte e Centro detêm cerca de 74% dos recursos hidrominerais e águas de nascente em consequência das suas condições geológico-estruturais. Indústria Transformadora A indústria transformadora é largamente dominante no universo das empresas do sector industrial, concentrando 97,8% das empresas, 63% do emprego e 78,6% do VAB industrial. Desde a adesão de Portugal à UE, que a indústria transformadora nacional experimentou uma expansão considerável tanto ao nível da produção como do valor acrescentado, principalmente a partir de 1991. Todavia, muito embora seja notório uma redução do contributo do sector industrial na economia, este não foi incompatível com alterações, embora lentas, na especialização produtiva, com o reforço de determinados segmentos de maior valor acrescentado e de maior incorporação tecnológica. Muito embora os sectores tradicionais (têxtil, vestuário, calçado, cerâmica, rochas ornamentais, alimentação e bebidas) continuem a deter um peso significativo no conjunto das actividades transformadoras em Portugal, nomeadamente no que se refere ao emprego e às exportações, a base industrial tem vindo a alargar-se para áreas com maior No Algarve, Centro e Lisboa predominam as indústrias da capital intensivo, enquanto no Norte a indústria de mão-deobra intensiva mantém um peso significativo na estrutura produtiva da região devido, em grande medida, à importância das actividades ligadas ao sector têxtil e calçado. O Alentejo regista um predomínio das indústrias transformadoras baseadas na utilização de recursos naturais (indústrias alimentares e bebidas). Da mesma forma, o sector alimentar e bebidas marca também a diferença na Madeira e Açores. Indústria têxtil e vestuário A indústria têxtil e do vestuário (ITV) é uma das indústrias com maior representatividade na estrutura industrial portuguesa e desde sempre assumiu um papel de relevo na economia nacional. Apesar da transformação por que tem vindo a passar este sector (deslocalização e encerramento de unidades fabris) não deixa de ser um dos mais importantes do conjunto da indústria transformadora portuguesa, sendo responsável por cerca de 10% das exportações nacionais (em meados dos anos 90 esse valor ascendia aos 30%), 22% do emprego, 8% do volume de negócios, e 10,7% do VAB da indústria transformadora8. Trata-se de um sector maduro, fragmentado e sujeito a desajustamentos periódicos entre a oferta e a procura, cujo 8 Fonte: INE – Sistema de Contas Integradas das Empresas – Dados relativos ao ano de 2008 26 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) desempenho se encontra fortemente condicionado pelas franchising, com especial destaque para a Petit Patapon (33 flutuações da actividade económica mundial. lojas), Origem (15) e Metro Kids (14) em cerca de 35 países, a que se juntam as empresas de acessórios de moda como a O sector é composto por duas indústrias que se organizam Parfois (81 lojas) e a Lune Bleu (68). em fileira: a montante – a indústria têxtil que engloba a produção da fibra, a fiação, a tecelagem, as malhas e os Para além destas existem outras igualmente implantadas acabamentos (tinturaria, estamparia e ultimação); a jusante nos mercados internacionais: Lanidor, Dielmar, Diniz & - a indústria de vestuário, que compreende a confecção de Cruz, Ímpetus, Petit Patapon, Papo d’Anjo, Zippy, Onara, artigos de vestuário e os acessórios. Convém salientar que Do Homem, Vicri, como empresas apostadas na inovação nem toda a produção do sector têxtil se destina à indústria do têxtil como é o caso da Domingos Almeida, produtores vestuário, havendo uma parte que segue directamente para a de lençóis que regulam automaticamente a temperatura distribuição (têxteis-lar) e outra que é utilizada por indústrias em contacto com o corpo e a Coltec especializada diversas (têxteis técnicos e artigos de revestimento). na laminagem especial de membranas capazes de conferir características únicas aos tecidos, tornando-os Nos últimos anos este sector tem vindo a registar impermeáveis, respiráveis e isotérmicos. Temos também, comportamentos dinâmicos e competitivos, com tecidos inteligentes, anti-fogo, anti-bacterianos ou com investimentos elevados em modernização tecnológica e propriedades terapêuticas e hidratantes, tecidos com com uma mudança da estratégia de actuação das empresas misturas de algodão orgânico, bambu ou poliester reciclado que operam no sector, prosseguindo e desenvolvendo de e tecidos 100% lã para fato lavável no chuveiro (Shower uma cultura de qualidade e inovação, de resposta rápida, Clean Suit) da Paulo de Oliveira, inovação conseguida pequenas séries e domínio dos canais de distribuição. através de acabamentos especiais que incorporam propriedades anti-ruga, anti-encolhimento, vinco Do ponto de vista territorial encontra-se dispersa por todo permanente, repelência à sujidade e secagem rápida. o território nacional, embora existam dois importantes focos que se situam no Norte de Portugal (empresas do Também é português o vestuário exterior e interior usado sector algodoeiro) e na Beira Interior (lanifícios). Sector pelos astronautas das Agências: Espacial Europeia (ESA) formado por cerca de 4.000 empresas (têxteis excluindo e Espacial Internacional, e o fato de banho o LZR Racer vestuário) e por cerca de 11.000 empresas de vestuário, fabricado pela Petratex, que foi usado por Michael Phelps que em conjunto representam cerca de 19% do total das nos Jogos Olímpicos de Pequim (94% das provas de unidades produtivas da Indústria Transformadora nacional e natação dos Jogos foram ganhas por atletas que usaram 1,4% das empresas a operar em Portugal. este fato de banho). Apresenta actualmente um perfil muito mais capital Indústria do calçado intensivo e oferece produtos de marca e design, com A indústria portuguesa de calçado atravessa actualmente expansão crescente em novos e exigentes mercados, como uma fase de consolidação e preparação para novos é o caso de Espanha, dos EUA e até dos Emiratos Árabes desafios. Depois do processo de ajustamento às novas Unidos e Arábia Saudita. realidades competitivas e que envolveu a deslocalização de algumas grandes unidades de produção de capital Segundo o Instituto de Informação em Franchising, a área estrangeiro, a indústria do calçado encontra-se agora num do pronto-a-vestir representa já quase 20% do total das patamar mais estável. Nos últimos anos redimensionou- marcas portuguesas a operar no estrangeiro em sistema de se, reformulou o seu modelo de negócios, migrando a 27 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) produção para segmentos de maior valor acrescentado uma posição de destaque à escala europeia e mundial, e manteve uma aposta forte nos mercados externos, ocupando o 5º lugar a nível europeu e o 8º em termos conseguindo afirmar-se internacionalmente como mundiais (quota de 3,2%). um produtor de calçado de excelência, com marcas Marcas portuguesas como a Fly London, Camport, Eject reconhecidas, assente numa atitude comercial pro-activa. (marca da A.J.Sampaio que é a primeira empresa de calçado certificada em gestão de inovação), Mackjames, Constituída por PME’s vive fundamentalmente da Prophecy, Softwaves (GoAir, Go Green), Luís Onofre, Paulo procura externa (cerca de 90% da produção é dirigida à Brandão, Miguel Vieira ou Carlos Santos, estas últimas exportação) e mesmo enfrentando poderosos concorrentes direccionadas para um segmento de luxo, continuam a que beneficiam de custos de produção muito favoráveis, crescer e a afirmar-se nos mercados internacionais. consegue manter um saldo comercial favorável e contribuir positivamente para a balança comercial do país. Apenas a título de exemplo refira-se que a Mclaren escolheu Portugal para desenvolver e produzir uma No conjunto da indústria transformadora este sector representa cerca de 3,2% das empresas, 5,4% do pessoal ao serviço, 2,2% da produção e do volume de negócios, e colecção tecnicamente inovadora. O projecto “Mclaren Shoes Team” consiste na produção de uma linha de calçado desportivo, que se destina a mais de 20 países. 2,9% do VAB. Por outro lado, concentra 84% das empresas, 91,6% do emprego, 89,8% do VAB e 87,8% do volume de Indústria vitivinícola negócios da indústria do couro e dos produtos de couro. Portugal possui a mais antiga Região Demarcada do mundo - a região do Douro - e métodos seculares de produção O sector do calçado exportou, em 2010, 1.341 milhões de de vinhos, apesar da tecnologia moderna predominar nas euros o que representou 3,7% do total das exportações adegas portuguesas. De forma a adaptar a produção à nacionais e um crescimento de 4,8% face ao ano anterior. procura de mercado tem sido desencadeada, ao longo Por outro lado, o calçado português tem vindo a reforçar dos últimos anos, uma campanha de reconversão e a aposta em novos mercados, exportando já para mais de reestruturação da vinha, com recurso a apoios comunitários. 132 países, o que permite afirmar que há “Portuguese Shoes” em todos os continentes. Actualmente são 11 as regiões vitivinícolas existentes em Portugal com uma cultura típica, visível em cada vinho Outro aspecto a salientar prende-se com o facto de, em produzido. 2009, o calçado de senhora ter ultrapassado pela 1ª A entrada de Portugal na União Europeia obrigou a certas vez as exportações de calçado masculino e o calçado de alterações na designação dos vinhos produzidos. Existem segurança ter crescido em quantidade e valor, factores actualmente várias designações e conceitos atribuídos aos que vêm confirmar a evolução na cadeia de valor, com a vinhos produzidos, que podem ser consultados no seguinte aposta em segmentos de mercado mais exigentes e mais endereço: http://www.ivv.min-agricultura.pt/np4/30. valorizados, na inovação e em marcas próprias, enquanto factores fundamentais para diferenciar a oferta portuguesa. Na campanha 2009/2010 a estrutura regional de produção vinícola em volume apresentava características O calçado em couro, com quase 900 empresas bastante diferenciadas. Enquanto as regiões Tejo e Lisboa exportadoras representou 84% das exportações produziram cerca de 60% do total do Vinho de Mesa (sem portuguesas de calçado, em 2010 e cresceu 4,9% face DOP/IGP), Lisboa associada à Península de Setúbal e ao ao ano anterior. Neste segmento, Portugal mantém Alentejo responderam por 74% do Vinho Regional (IGP) 28 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) produzido em Portugal na mesma campanha. Já no que diz Quinta da Aguieira, dos Buçaco, do Periquita, do Pêra Manca respeito ao vinho DOP a situação foi a seguinte: as regiões e outros, mas nos últimos anos a qualidade foi alargada a Minho, Douro (a região mais representativa devido ao um leque muito mais variado de vinhos produzidos com Vinho do Porto, com 39% do total do vinho DOP), Beiras e castas nacionais e internacionais. Para isso, foi fundamental Alentejo foram responsáveis por mais de 90% da produção a aplicação de novos processos de vinificação, novas total desta categoria. Na Madeira o vinho DOP representou tecnologias, a existência de técnicos mais bem preparados, a 88% do total produzido e nos Açores o predomínio vai criação de muitas novas marcas, que vieram subir a fasquia para o vinho de mesa com quase 60% do total produzido. da qualidade dos vinhos portugueses, colocando-os num plano de destaque a nível internacional. Na sua globalidade a indústria do vinho representa 0,8% das empresas, 1% do emprego, 1,5% da produção e Prova disso são os inúmeros prémios com que têm sido do volume de negócios e 1,6% do VAB da indústria distinguidos os vinhos portugueses, atribuídos pelas mais transformadora. Predominam os vinhos comuns e licorosos prestigiadas publicações e revistas ligadas ao sector a nível que, juntos, representam 97,3% das empresas, 96,7% do mundial, sempre que se realizam provas no estrangeiro. emprego e do VAB e 97,8% da produção e do volume de Recentemente, no concurso “Berliner Wein Trophy 2011” negócios do sector. foram premiados 59 vinhos portugueses, dos quais 2 com medalha de grande ouro, 43 com medalha de ouro e 15 Entre 2006 e 2010 as exportações de vinhos cresceram a com prata. No concurso “TOP Wines MundusVini Biofach uma média anual de 2,3% impulsionadas pelo aumento das 2011” foram atribuídas 4 medalhas de ouro e 4 de prata a vendas de vinhos tranquilos (7,5% ao ano) e espumantes vinhos portugueses. (24,9% em termos médios anuais), já que as vendas de Vinho do Porto baixaram 2,7%, em média, ao ano. Indústrias da madeira e da cortiça Os subsectores da madeira, mobiliário e cortiça Em Portugal sempre se produziram bons vinhos, como são caracterizam-se, salvo raras excepções, por um forte os casos dos Barca Velha, Porta de Cavaleiros e Caves São predomínio das PMES. João, do Tinto Velho de Rosado Fernandes, dos Aliança, dos Montes Claros, do Quinta das Cerejeiras, do Collares, do O sector florestal representa cerca de 5,3% do VAB nacional, 12% do PIB e 12% do emprego da indústria transformadora e cerca de 10% das exportações portuguesas. A indústria da madeira é constituída essencialmente por três áreas: as serrações de madeira, os painéis de madeira e a carpintaria. Segundo dados da Associação do sector das madeiras e mobiliário, este sub-sector é formado por cerca de 2000 empresas, 20.500 trabalhadores e tem um volume de vendas anual que ultrapassa os 900 milhões de Euros. Em termos de distribuição regional, o Norte e Centro concentram as serrações de madeira e as empresas produtoras de painéis de madeira (90% do total), enquanto 29 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) que as empresas de carpintaria estão espalhadas por todo o total exportado. O Alentejo concentra 72% do total da território do continente. produção portuguesa de cortiça. Os aglomerados e contraplacados, liderados por grupos económicos portugueses e estrangeiros bem dimensionados A indústria de transformação está distribuída por 12 distritos, e equipados a nível europeu, apresentam uma oferta de com Aveiro e Setúbal a serem os mais representativos em qualidade a preço competitivo, com especial destaque para termos de emprego (58% e 28%, respectivamente). os aglomerados de fibras, onde Portugal detém mais de 30% da capacidade instalada na Península Ibérica. A indústria do mobiliário de madeira formada por mais de 6.000 empresas (inclui empresários em nome individual), Em Portugal concentra-se cerca de 32% da floresta de 40.000 trabalhadores e com um volume de negócios sobro a nível mundial. Seguem-se Espanha (22%), o anual que se aproxima dos 1,7 mil milhões de euros Magrebe (37%) e França e Itália com os restantes 8%. Com produz fundamentalmente através de unidades familiares, uma área florestada de sobreiro de 730 mil hectares (23% orientadas para o mercado nacional, embora já existam da floresta nacional), Portugal tem vindo a enveredar por algumas de maior dimensão orientadas para a exportação. uma política de reflorestação, cujo ritmo, é actualmente de A região Norte é aquela que concentra o maior nº de 10 mil hectares/ano. empresas deste sub-sector (65% do total). O mobiliário de “reprodução” ou de estilo goza de boa reputação nos Na cortiça, Portugal assume a liderança mundial na produção mercados internacionais, embora o seu peso no total das e transformação da cortiça, sendo responsável por cerca de exportações seja ainda pouco significativo. 53% da produção mundial, que se destina na sua quase totalidade (90% do total produzido) ao mercado externo. Indústria do papel e pasta de papel Este sector assume particular importância para a economia Integrada por um número reduzido de empresas, nacional, representando 1,47% do VAB e 1,4% do emprego caracteriza-se pelo seu elevado nível tecnológico, alta da indústria transformadora, 2,2% do total das exportações produtividade e qualidade reconhecida internacionalmente. nacionais e cerca de 30% do total das exportações de As excepcionais condições de plantação do eucalipto produtos florestais. Só a rolha representa mais de 70% do traduzem-se numa importante posição de Portugal enquanto produtor de pasta de eucalipto na UE. Por outro lado, existe uma fileira industrial bem implantada no subsector do papel, aglomerados e mobiliário em Portugal, com novas oportunidades a serem geradas entre as necessidades industriais e os compromissos ambientais como é o caso da biomassa florestal. O sector do papel e pasta de papel desempenha um papel muito importante na economia nacional representando 3,6% do VAB e 1,5% do emprego na indústria transformadora e cerca de 4% do total das exportações portuguesas. Importa destacar o papel desempenhado pela Portucel Soporcel não só no sector da pasta e do papel onde se encontra entre os grandes produtores de papéis finos 30 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) não revestidos da Europa (UWF-Uncoated Woodfree uma das justificações para o crescimento da exportação Paper) e é o maior produtor europeu e um dos maiores nacional de medicamentos. Alemanha, Reino Unido a nível mundial de pasta branca de eucalipto (BEKP- e Angola são os mercados que mais têm absorvido os Bleached Eucalyptus Kraft Pulp), mas igualmente no sector fármacos portugueses. As áreas referentes aos sistemas energético, onde assume o estatuto de maior produtor cardiovascular e nervoso são as que mais contribuem para português de energia a partir de biomassa (mais de metade as exportações. Os “genéricos” representam já entre 20 a da energia eléctrica proveniente da biomassa florestal em 30% do total exportado, quando há cinco/seis anos tinham Portugal). um peso de apenas 10%. O papel “Navigator” produzido por este grupo é uma das A sua actividade está grandemente concentrada na Região marcas mais vendidas em todo o Mundo no segmento de Lisboa e mais de metade dedica-se à produção de premium de papéis de escritório e o “Navigator Kids” e especialidades farmacêuticas, condicionadas pela regulação “Navigator Eco-Logical” têm sido premiados em vários dos preços dos medicamentos. O resto da actividade anos consecutivos. encontra-se repartido entre produtos farmacêuticos nãoespecíficos e fabricação de produtos biológicos. Indústria química Esta indústria bastante diversificada e especializada agrega Empresas portuguesas como a Bial (responsável um conjunto de produtos bastante heterogéneo, muitos pelo lançamento do primeiro fármaco investigado e deles não directamente visíveis, mas utilizados no fabrico desenvolvido em Portugal, designado Zebinix9) ou a Atral- de muitos dos bens que são consumidos todos os dias, Cipan, são sinónimo de desenvolvimento de novas soluções sendo de destacar os polietilenos, os fertilizantes, as resinas farmacêuticas. A Biotecnol, Alfama (prémio de melhor start sintéticas, as matérias plásticas e as fibras artificiais. Estes materiais constituem o ponto de partida de uma série de reacções químicas, sínteses e transformações que dão origem a novos produtos a utilizar por muitas das principais indústrias de diferentes sectores de actividade. up europeia de 2005), Crioestaminal, Medinfar/Cytothera, Biocant, ou IBET estão empenhadas em encontrar soluções para vencer doenças incuráveis ou preservar células estaminais para medicina regenerativa. A Bioalvo, empresa que actua na área do desenvolvimento de novos medicamentos com aplicação às neurociências é detentora Indústria farmacêutica e biotecnologia A indústria farmacêutica é um dos sectores que gera importante emprego qualificado, contribui significativamente para a investigação e conhecimento de uma patente internacional sobre plataforma tecnológica para descoberta de fármacos para doenças neurológicas como a de Alzheimer’s ou de Parkinson’s (Global Platform Screening for Drug Discovery, GPS D2). científico e tem tido, nos últimos anos, um peso significativo na evolução da economia de Portugal (2% do VAB e 0,6% do emprego na indústria transformadora e um peso nas exportações nacionais de 1,4%). São já muitos os investigadores portugueses com bolsas de investigação científica atribuídas por Organizações de renome internacional, nas mais diversas áreas, podendo citar-se como exemplo mais recente a atribuída pelo Em 2010, as exportações de medicamentos renderam mais de 500 milhões de euros e entre 2006 e 2010 European Research Council (ERC), em 2010, a um cientista da Fundação Champalimaud (Programa de Neurociência), o crescimento médio anual das exportações foi de 9,2%. A aposta em projectos de internacionalização por parte das empresas e das associações do sector é 9 Zebinix® um novo bloqueador dos canais do cálcio, capaz de diminuir a frequência das crises epilépticas parciais, quando usado em combinação com outros medicamentos antiepilépticos 31 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) no valor de 2,3 milhões de euros e com a duração de 5 anos o desenvolvimento de circuitos integrados transparentes e destinada a apoiar o estudo das funções biológicas da à utilização do papel como suporte de transístores e de serotonina, o neurotransmissor que permite a comunicação memória em vez do tradicional silício, destinados a aplicações entre os neurónios - no controlo de comportamentos vitais, diversas: ecrãs, etiquetas de pacotes inteligentes, chips de como comer ou respirar, e nas perturbações psiquiátricas identificação ou aplicações médicas na área dos bio-sensores. associadas, como ansiedade ou depressão. Trata-se de “electrónica verde”, já que os transístores podem ser reciclados, voltando ao ciclo da celulose. Também a empresa de biofarmacêutica belga Ablynx, especialista na área das nanotecnologias aplicadas à farmacêutica instalou em Portugal um centro de investigação para, em parceria com o IBMC10, o desenvolvimento de uma tecnologia já patenteada e única no mundo, que permite criar nanobodies (um novo tipo de proteínas à escala nano), destinadas a combater doenças como o cancro, inflamações, tromboses ou Alzheimer, com Descoberta de um novo material condutor, designado geliónico que resulta da combinação de liquido iónico com biopolímero que é a gelatina, que permitirá desenvolver pilhas e células de combustível mais baratas e amigas do ambiente. Indústria automóvel A indústria automóvel é tributária de praticamente todos os sectores da indústria transformadora, desde a cerca de 25 investigadores multinacionais, entre os quais metalomecânica à borracha, da electrónica ao têxtil, do portugueses, criando mais uma fonte de exportação de vidro aos plásticos. serviços de base tecnológica. Em Portugal, o desenvolvimento do sector automóvel nas Ao nível do ensino, o Instituto Gulbenkian da Ciência (IGC), décadas recentes, tem sido fortemente condicionado pela foi classificado como uma das 10 melhores instituições evolução da política industrial e pelo papel do investimento (8º lugar no ranking) para pós-doutorados trabalharem, estrangeiro, nomeadamente no que respeita à instalação pela revista Scientist. O ranking “Best Places to Work de unidades de montagem local, verdadeiras âncoras do for Postdocs survey” é determinado pelos próprios pós- desenvolvimento da indústria dos componentes. doutorados que trabalham em grupos de investigação de institutos pelo Mundo. Esta indústria contribui com 1,4% para o VAB nacional e tem uma representatividade de cerca de 15% nas Indústria eléctrica e electrónica exportações. É um sector com investimentos em I&D muito Concentra-se especialmente nas regiões de Lisboa, acima da média na indústria e dá emprego em Portugal a Setúbal, Braga e Porto, estando localizadas no Norte as empresas de maior dimensão. Produz sobretudo máquinas mais de 43.000 trabalhadores (cerca de 4,7% do emprego da indústria transformadora). e equipamentos e aparelhagem industrial, cablagens, fios e cabos, equipamento de telecomunicações, informática e electrónica profissional e componentes electrónicos. É um subsector que tem vindo a desempenhar um papel importante no desenvolvimento do sector automóvel. A região de Palmela é um dos pólos mais importantes da indústria automóvel portuguesa, dada a localização da Auto-Europa e de um leque alargado de fornecedores de componentes. Outros pólos desta indústria situam-se em Cacia onde se encontra instalada a Renault e a nova fábrica No campo da micro-electrónica, foram registados de baterias para carros eléctricos que resultou da parceria significativos avanços científicos em Portugal. Podemos citar Renault/Nissan, que estará em funcionamento em 2012 e 10 IBMC – Instituto de Biologia Molecular e Celular instalado no Parque de C&T da Universidade do Porto irá criar 200 empregos directos, em Ovar onde se encontra o Grupo Salvador Caetano, ambas no distrito de Aveiro, e 32 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) ainda, em Mangualde (distrito de Viseu) onde se encontra a PSA Peugeot Citroen. Portugal apresenta diversos pontos fortes neste sector: existência de focos de cooperação entre empresas, universidades e centros de I&D; soluções logísticas interessantes para mercados fora da UE, com destaque para o norte-americano; boa capacidade de adaptação da mão-de-obra; existência de empresas certificadas; existência de focos de cooperação / agrupamentos de empresas; e empresas inseridas em redes de fornecimento internacionais. A indústria conta hoje com um sector de componentes, que assenta num conjunto de empresas com competitividade de nível internacional, apostadas no desenvolvimento de novos factores de competitividade, nomeadamente nas áreas de engenharia e investigação e desenvolvimento tecnológico. Cada vez mais, grandes multinacionais (indústria Segundo a Associação do sector – AFIA, o volume de automóvel, embalagem, electrónica/telecomunicações, negócios das 180 empresas que integram este subsector electrodomésticos, etc.) seleccionam empresas nacionais para contribui com cerca de 3% para o PIB, 8,6% para as o fabrico dos seus moldes, destinados a alguns dos melhores exportações nacionais de bens e serviços, e gera um produtos de grandes marcas internacionais. São exemplos volume de negócios da ordem dos 5 mil milhões de euros. disso a Samsonite, a Nokia, a Mercedes e a Porsche, que contam com o talento e engenharia das empresas de moldes A distribuição regional das empresas de componentes não portuguesas. A indústria automóvel é uma das principais é homogénea, concentrando-se na zona litoral entre a indústrias servidas pelo sector de moldes (72%), seguida Península de Setúbal e Viana do Castelo. As zonas de Porto/ pelos electrodomésticos (6%) e embalagem (5%). Braga, Aveiro e Lisboa/Setúbal constituem três grandes pólos desta indústria a nível nacional, a que acresce a zona A produção de moldes representa cerca de 0,9% das de Leiria, onde as actividades de produção de moldes e empresas, 1,1% do emprego, 0,7% da produção e do volume injecção de plásticos assumem grande expressão. de negócios e 1,3% do VAB da indústria transformadora. Os moldes para plásticos constituem a quase totalidade da Indústria de moldes produção e exportação do sector (em 2010 representaram A indústria portuguesa de moldes tem vindo a crescer e a cerca de 80% do total exportado pelo sector). ganhar projecção a nível mundial, impulsionada pela procura externa e pela perícia e experiência dos fabricantes de moldes De acordo com a CEFAMOL11, o sector dos moldes possui portugueses, ao nível da qualidade, prazos de entrega, preços cerca de 515 empresas, com dimensão de PME, dedicadas competitivos, capacidade tecnológica e assistência técnica, ao fabrico de moldes e ferramentas especiais, e emprega sendo actualmente um dos maiores fornecedores mundiais cerca de 8.000 trabalhadores, com uma distribuição de moldes de precisão essencialmente para a indústria de plásticos (8º fornecedor mundial). 11 Associação Nacional da Indústria de Moldes 33 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) geográfica bipolar, designadamente nas regiões da Marinha com uma quebra de 22% na produção, no mesmo ano. Grande e Oliveira de Azeméis. Os Edifícios Não Residenciais também registaram uma diminuição de 10%, devido à contracção da procura Pólos de competitividade e tecnologia e outros clusters O importante papel desempenhado pelo sector industrial na actividade económica portuguesa (a nível europeu estima-se que represente cerca de 75% do PNB e 70% do emprego) e o seu valioso contributo para a melhoria da competitividade da economia, levou à constatação da necessidade de definir uma estratégia de organização em rede, com uma visão orientada para a afirmação internacional de um sector industrial português, moderno e inovador, com uma forte componente de I&D. Esta rede de actores, agregada em Pólos de Competitividade e Tecnologia12 e em Outros Clusters tem por objectivo alavancar de forma sustentável a competitividade nacional e empresarial, dinamizando e potenciando projectos colectivos, comuns e em cooperação entre os diversos intervenientes (empresas, universidades, unidades de I&D, associações empresariais, etc.). 7.3 Construção Condicionado pela situação económica mundial, o sector privada, que não foi compensada pela componente pública. As obras públicas também sofreram um travão, devido às medidas de redução da despesa do Estado. Na tentativa de contornar a crise no mercado interno e fazer esbater os seus efeitos, as construtoras portuguesas procuraram consolidar e reforçar a sua actividade internacional, tendo sido atingido, em 2009, um volume de negócios superior a 3 mil milhões de euros, o que correspondeu a cerca de 18% da produção anual do sector. A actividade internacional das empresas de construção portuguesas cresceu a uma taxa média anual de 28% nos últimos 10 anos, podendo afirmar-se que mais de 30% do volume de negócios das maiores empresas tem origem na actividade desenvolvida fora de Portugal, materializandose num número significativo de concursos ganhos em consórcio com parceiros locais ou mesmo a título individual através da criação de empresas locais. As três maiores empresas do sector em Portugal, Mota Engil, Teixeira Duarte e Soares da Costa, integram a lista das 100 maiores construtoras europeias. da construção a nível mundial continua a enfrentar os seus Face às perspectivas de evolução da economia portuguesa, efeitos. No conjunto dos 19 países europeus membros do não se projectam grandes melhorias na actividade deste Euroconstruct, a quebra na produção do sector rondou os sector nos anos mais próximos. Por outro lado, existe a 8,4% em 2009. percepção, por parte dos principais players do sector, da Caracterizado por ser uma actividade cíclica, nómada e necessidade de concentração e de uma aposta cada vez maior dependente da evolução da conjuntura económica e do na diversificação das áreas de actividade, nomeadamente nos investimento, o sector da construção em Portugal tem sido sectores da energia, do ambiente e turismo. também muito penalizado, nos últimos anos. Em 2009 a quebra na produção cifrou-se nos 9%. 7.4 Serviços O segmento mais afectado foi o dos Edifícios Residenciais O sector dos serviços, conforme já referido anteriormente, tem 12 São 11 os Pólos de Competitividade já reconhecidos: Engineering & Tooling; Indústrias da Mobilidade; Indústrias de Refinação, Petroquímica e Química Industrial; Tecnologias de Produção – PRODUTECH; Energia; Indústrias de Base Florestal; AgroIndustrial; Turismo; TICE; Moda; Saúde e 8 os Clusters: Mobiliário; Habitat Sustentável; Pedra Natural; Agro-Industrial do Centro; Agro-Industrial do Ribatejo; Vinhos da Região Demarcada do Douro; Economia do Mar; Indústrias Criativas na Região do Norte. Para mais informações consultar (http://www.pofc.qren.pt/) vindo a ganhar um peso crescente na economia portuguesa nas últimas décadas, sendo responsável actualmente por cerca de 2/3 da actividade económica e 61% do emprego em Portugal, comparados com os 69% da UE27. Para além 34 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) da sua enorme representatividade em termos económicos, medidas importantes concluídas em anos anteriores também é uma das áreas em que se registaram os maiores e continua a dar especial atenção à simplificação de avanços tecnológicos, sendo de destacar os exemplos das procedimentos no sector da saúde, bem como à redução telecomunicações – redes fixa e móvel, acesso à Internet, de custos de contexto para as PME. banda larga, etc., do sector da energia, dos serviços financeiros e do sector das tecnologias de informação. Medidas destinadas a reduzir a burocracia para os cidadãos e para as empresas continuam a ser implementadas, Serviços públicos destacando-se por exemplo, a criação de uma ‘Via Verde’ A nível dos serviços públicos, a melhoria na qualidade, para os projectos das pequenas e médias empresas desempenho, acessibilidade e disponibilidade dos serviços cujo financiamento tenha sido aprovado pelo QREN e a públicos on-line é dos exemplos a apontar, na medida que simplificação dos reembolsos de IVA para as empresas veio facilitar a vida dos cidadãos; favorecer a actividade das exportadoras, que passa a ser validado de forma automática. empresas; melhorar a disponibilidade e a qualidade dos serviços prestados, aumentar a transparência da administração As outras medidas aproveitam a Internet para simplificar e o desenvolvimento da indústria e dos serviços nacionais. a relação entre o Estado e as empresas, como é o caso do Portal de Empresa 2.0, como ponto único de contacto “on Este bom desempenho colocou Portugal na liderança do line” entre as empresas e a Administração Pública. Ranking Europeu de Serviços Públicos Online ao nível da “Disponibilização Completa Online”, a par da Áustria, Energia Malta, Itália e Suécia e da “Sofisticação da Disponibilização A promoção das energias renováveis e da eficiência Online” a par de Malta, Irlanda e Áustria13. energética visa reduzir as emissões de carbono e diminuir a dependência energética de Portugal face ao exterior, A eficácia da Administração Pública nesta área deve-se ao contribuindo para a redução do peso excessivo dos impacto positivo que o Plano Tecnológico e alguns dos seus combustíveis fósseis e evitando a exposição progressiva pilares, como o Simplex e o Ligar Portugal, têm na melhoria à volatilidade dos preços do petróleo e gás natural dos serviços prestados aos cidadãos e às empresas. nos mercados internacionais. Todos estes factores, a que se juntam algumas Os avanços registados, nomeadamente a criação de um condicionantes ambientais, não só conduziram a uma ambiente favorável aos negócios (ex: Empresa na Hora, intervenção profunda neste sector como contribuíram para reconhecida como boa prática pela Comissão Europeia e aumentar por esta via a competitividade do país. “top reformer” pelo Banco Mundial, Marca na Hora, Casa Pronta), foram não só determinantes para atrair as melhores Portugal está na linha da frente tendo o quinto objectivo empresas tecnológicas mundiais a investirem em Portugal, mais ambicioso da União Europeia (UE) no que toca à como a Microsoft, a Cisco e a Nokia-Siemens, como também contribuíram para colocar Portugal entre os países que mais energia total consumida em 2020 e, no que respeita à electricidade, a sua posição sobe para terceiro. apostaram no desenvolvimento do E-Government. O aumento da capacidade de produção energética O Programa Simplex tem vindo a prosseguir o esforço de endógena com recurso ao fomento das energias renováveis agregação, consolidação e desenvolvimento de algumas e a melhoria da eficiência energética e redução das 13 Estudo E-Gov-Benchmark 2010 elaborado pela CAPGEMINI para a Comissão Europeia em Dezembro 2010 emissões de CO2 têm resultados já visíveis, de que se destacam a maior central fotovoltaica do mundo em meio 35 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) e capazes de explorar a relação com a rede eléctrica nacional, desenvolvendo uma rede de carregamento que permita o abastecimento de veículos eléctricos. A massificação do veículo eléctrico poderá ser uma realidade a partir de 2011, com a entrada no mercado dos primeiros modelos da NISSAN. Portugal foi pioneiro no lançamento da Rede Nacional de Mobilidade Eléctrica, um modelo de mobilidade integrado, baseado nas energias renováveis. A necessidade de novos modelos de geração de energia e de maior fiabilidade e qualidade do fornecimento energético levou à criação do InovGrid, um projecto inovador que dota a rede eléctrica de informação e equipamentos inteligentes capazes de automatizar a gestão da energia, melhorando assim a qualidade do serviço - diminuem os custos, e a eficiência energética e a sustentabilidade ambiental crescem. Évora é a cidade piloto deste projecto (30.000 contadores Energy Box instalados) e a meta a atingir é a de instalar estes contadores inteligentes, em metade das habitações urbano em Lisboa (Mercado Abastecedor) com 6MW de potência instalada e o 2º maior parque eólico14 da Europa. O peso das energias renováveis na produção de electricidade em Portugal tem vindo a aumentar. Até fim de Agosto de 2010, 56,7% do total de energia consumida foi de origem renovável. A Estratégia Nacional para a Energia que define as apostas energéticas até 2020, tem como metas a redução da dependência energética de Portugal face ao exterior para 74% (o equivalente a 31% do consumo final de energia) permitindo assim cumprir os acordos estabelecidos no contexto das políticas europeias de combate às alterações portuguesas, até 2020. Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) De acordo com o estudo da IDC15 - “As 10 Principais Tendências do Mercado Ibérico de Tecnologias de Informação e Comunicações em 2011”, em 2010 o valor do mercado português de TIC ascendeu aos 3.220,7 milhões de euros. Trata-se de uma quebra de 2,7% em relação a 2009, ano em que o mercado já tinha retraído 10,7%. Uma das previsões do estudo é que a tendência do mercado permanecerá negativa em Portugal, havendo uma quebra de 0,6% no seu valor global, durante 2011. Apenas em 2012 será expectável uma recuperação do mercado, com um crescimento de 3,4%. climáticas, de forma a que 60% da electricidade produzida O mercado TIC em Portugal está marcado pela tenha origem em fontes renováveis. volatilidade financeira e pela difícil conjuntura económica, que desincentivam o investimento das Uma das ideias força desta Estratégia é a adopção de novos empresas e retraem o consumo. modelos para a mobilidade, ambientalmente sustentáveis Esta área e as suas empresas têm vindo a desempenhar um papel fundamental na modernização de Portugal e 14 Parque eólico do Alto Minho com 120 turbinas distribuídas por 5 sub-parques com 240MW de capacidade instalada, produção de 600 GWh/ano, suficiente para 15 abastecer 160 mil lares e evitar a emissão de 500 mil tn de CO2/ano. Tecnologias de Informação, Telecomunicações e Electrónica de Consumo Empresa líder mundial na área de “market intelligence” para os mercados das 36 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) de muitas outras empresas dos mais diversos sectores da economia, tendo algumas delas alcançado protagonismo tanto a nível nacional como além fronteiras. Temos o exemplo recente da Critical Health Software, que com o produto RetmarkerAMD, foi galardoada em Londres com o prémio Europeu de Excelência em Tecnologias de informação (European IT Excellence Award), ao qual haviam concorrido as principais organizações do sector, oriundas de 26 países Europeus. Podemos citar ainda os seguintes exemplos: a Critical Software, uma referência global no desenvolvimento de software para sistemas de informação críticos; a SISCOG, que continua a ganhar os clientes mais exigentes do mundo; a Number Five que detém uma importante fatia do mercado mundial de auto-identificação; a Altitude Software que é líder da tecnologia para Call Centers e CRM; a YDreams que desenvolve produtos e serviços que utilizam tecnologia pioneira em áreas como computação dos meios mais fiáveis de monitorizar a integridade de ubíqua, media interactivos, realidade aumentada e sensores estruturas tão complexas como pontes, barragens, túneis, biométricos; a Novabase que é líder em soluções de caminhos de ferro, tanques de combustível em aeronaves, negócio baseadas em tecnologias de informação; a Active cabos de alta tensão, poços de petróleo ou geradores Space Technologies que oferece soluções integradas de de elevada potência; a Bio-Devices que produz a t-shirt tecnologia provada e tecnologia de ponta para os sectores “Vital Jacket” que monitoriza batimentos cardíacos, aeroespacial, automóvel, defesa e energia e que trabalha, tecnologia desenvolvida pela Universidade de Aveiro; a entre outros, para a Agência Espacial Europeia e Galileo Inosat que produz o localizador GPS “My Locator” que Avionica; a HPS Portugal que está a desenvolver tecnologia ao ser equipado nas malas de viagem, pode prevenir o (material para a protecção térmica) para os veículos a serem desaparecimento de bagagens nos aeroportos. utilizados na próxima missão da Agência Espacial Europeia ao planeta vermelho, em 2020; a WeDo Technologies Geograficamente, a área metropolitana de Lisboa continua que é líder mundial em Revenue e Business Assurance, a apresentar a maior concentração de serviços com aproveita a edição deste ano do Mobile World Congress cerca de 1/3 dos estabelecimentos. No caso dos serviços 2010 (MWC) para lançar a mais recente versão do RAID prestados às empresas, a percentagem aumenta para mais – a sua plataforma de Business Assurance; a Alert Life de metade, cabendo à área metropolitana do Porto apenas Sciences Computing, que é líder na criação de ambientes 18% do total. clínicos sem papel, com o software ALERT ; a Edigma ® que criou a tecnologia “Displax Multi-touch Technology”, Comércio que transforma qualquer superfície num ecrã multi- Os indicadores macroeconómicos referentes à estrutura e toque; a Fibersensing líder global no desenvolvimento, evolução da actividade económica ilustram a importância produção e comercialização de sistemas avançados de do sector terciário, e do comércio em particular, no monitorização baseados em sensores de Bragg, um contexto da economia nacional, respondendo este sector 37 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) por 20,3% do VAB nacional, 37,7% do volume de Os centros comerciais viram a sua superfície bruta aumentar negócios, 24,3% do emprego e 12,9% do total da FBCF. e encontram-se implantados não só nos principais centros Quanto ao tecido empresarial, este é constituído por quase urbanos, mas também em cidades de tipo médio. 300 mil empresas, que se concentram nas regiões de Lisboa, Norte e Centro. Serviços financeiros Num passado recente, o sistema bancário, o sector dos Comparando as três actividades que este sector agrega, seguros e o mercado de capitais em geral foram objecto de verifica-se que o comércio a retalho abrange 62% do total alterações significativas. das empresas, mas apenas 34% do volume de negócios, O sector bancário português é actualmente moderno e enquanto o comércio por grosso engloba apenas 26% das abrange a banca comercial, os bancos de investimento, empresas, mas assegura 51% do volume de negócios. O fundos de investimento e empresas seguradoras. Está ao comércio automóvel representa 12% das empresas e 15% nível dos restantes países europeus tanto em termos de da facturação. rentabilidade, como de solvência e estrutura de custos. Importa ainda destacar a relevância da venda de A crise financeira global iniciada no mercado hipotecário combustíveis e produtos alimentares (27% e 25% do dos EUA em meados de 2007 e que começou no sistema volume de negócios), no comércio por grosso, e do bancário com o rebentamento de uma bolha imobiliária comércio em estabelecimentos especializados, onde especulativa, com perdas em cascata no sector financeiro se incluem super e hipermercados (35% do volume de alastrou-se a uma velocidade extraordinária a todo o mundo negócios), no comércio a retalho. financeiro internacional. Esta rápida “contaminação” deveuse, em grande medida, ao facto de se tratar de um sector que O sector do comércio tem vindo a aprofundar o opera globalmente e está fortemente interligado por redes conhecimento do cliente, a valorizar o serviço, melhorando de empréstimos e seguros dos riscos dos empréstimos, que factores como a proximidade, comodidade, qualidade e levaram a desequilíbrios e instabilidades que, em situações logística, tem-se assistido ao crescimento do comércio extremas, provocaram a falência de importantes instituições de marcas, de produtos que garantam a saúde e financeiras e a necessidade de intervenção do Estado para segurança dos clientes e a desenvolver o hard discount, “estancar” o seu alastramento. os supermercados de média dimensão e das grandes superfícies especializadas. Portugal também não conseguiu ficar imune a esta crise apesar de beneficiar de um sistema financeiro moderno Nos últimos anos Portugal assistiu a um aumento das e robusto, tendo havido a necessidade de intervenção grandes superfícies e centros comerciais (a Sonae Sierra pública na estabilização do sistema de forma a evitar riscos é um líder europeu na criação e gestão destes gigantes acrescidos de insolvência e a minorar os efeitos de um forte do consumo, com 49 centros comerciais na Europa, travão no acesso ao crédito. incluindo Portugal, América do Sul e África, tendo sido recentemente distinguida nos “Sustainable Energy Os cinco principais bancos são a Caixa Geral de Depósitos Europe Awards” na categoria “Market Transformation” (público) e os privados: Millennium BCP, BES - Banco que reconhece a inovação da empresa na área da Espírito Santo, BPI - Banco Português de Investimento e sustentabilidade energética, através da implementação do Banco Santander-Totta. conceito “centro verde” no desenvolvimento e gestão dos seus centros comerciais). 38 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 8. Situação Económica o crescimento real do PIB em 0,5 p.p. (0,7 p.p. no ano anterior). Também a procura interna aumentou, com 8.1 Política económica recente Em 2008 e 2009, o desempenho da economia portuguesa foi fortemente condicionado por um enquadramento externo particularmente desfavorável. A crise financeira nos EUA que teve início na segunda metade de 2007 e que rapidamente se alastrou aos restantes países do mundo, provocou restrições ao financiamento, um aumento do clima de incerteza e um abrandamento das economias a nível global. Este contexto desfavorável determinou uma inversão na tendência de retoma da economia portuguesa, assistindose à desaceleração do crescimento do PIB em termos reais (variação nula em volume em 2008 e uma contracção de -2,6% em 2009), reflectindo um abrandamento da procura externa líquida, que resultou da diminuição das exportações de bens e serviços, uma desaceleração da procura interna e uma quebra do investimento. um contributo de 0,9 p.p. para o PIB, influenciada pelo crescimento das despesas de consumo final das famílias. O comportamento positivo destes dois indicadores, mais do que compensaram a quebra registada no investimento (-5,6% em 2010). Para a evolução do consumo privado verificada em 2010 (crescimento de 2,0% do PIB), contribuiu o crescimento real de 10,4% das aquisições de bens duradouros. O aumento da taxa normal do IVA (Julho de 2010), e o anúncio do fim dos incentivos fiscais ao abate de veículos em fim de vida terão conduzido ao aumento da aquisição deste tipo de bens. O consumo público registou um crescimento de 3,2%, associado à importação de material militar e, portanto, sem impacto no PIB. Do lado da oferta, apesar da recuperação da indústria transformadora no 2.º trimestre de 2009, a tendência inverteu-se no ano seguinte, com o índice de produção Em 2010, já com a recuperação da economia mundial em marcha, especialmente nos mercados emergentes (crescimento médio de 7,3% do PIB), países asiáticos (China industrial a registar uma quebra homóloga de 0,1%. O sector da construção, tal como já referido em capítulo próprio, continuou em forte desaceleração, enquanto, ao com 10,3%, Índia com 10,4%), e principais economias mundiais (3% do PIB em média, com EUA a crescer 2,8% e Japão 3,9%), mas também no conjunto dos países da UE27, devido sobretudo à melhoria do desempenho da Alemanha, Reino Unido, Países Baixos e Suécia, persistindo embora alguma disparidade nas condições económicas do grupo de países do Euro, a actividade económica em Portugal voltou a crescer, com o PIB a registar uma variação homóloga real de 1,4%. Este bom desempenho da economia, com um crescimento superior ao inicialmente previsto, ficou a dever-se, em grande medida, à significativa subida das exportações (crescimento em volume de 12,7%, quando em 2009 a quebra se tinha cifrado nos15,3%), que se traduziu num contributo positivo da procura externa líquida para 39 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) contrário, o sector dos serviços registou uma importante da dívida soberana elevando o risco de crédito e recuperação, com o índice do volume de negócios a crescer condicionando o acesso a financiamento no mercado 2,5%, depois de uma quebra de quase 12% no ano anterior. interbancário, o sistema financeiro conseguiu resistir e Ao nível do mercado de trabalho, o crescimento económico apresentar bons resultados nos testes de resistência “stress verificado não se traduziu numa criação líquida de tests” a que foram submetidos os 4 maiores bancos emprego, verificando-se uma quebra de 1,5%. A taxa portugueses, juntamente com 87 instituições financeiras de desemprego fixou-se nos 10,8%, com o ritmo do europeias, realizados em 2010. crescimento do desemprego a abrandar. 8.2 Perspectivas de evolução O ano de 2010 foi ainda marcado por um aumento da inflação (1,4%), invertendo-se a evolução ocorrida em 2009, ano em que se registou uma diminuição de 0,8%. Este aumento reflectiu sobretudo a evolução do preço do petróleo e outras matérias-primas nos mercados internacionais. Apesar de as perspectivas de evolução da actividade económica para 2011 e 2012, segundo o FMI16, serem bastante positivas, tanto a nível mundial (4,4% do PIB e 4,5%, respectivamente), como na UE27 (1,8% e 2,1%, Em matéria de finanças públicas, foi mantida uma trajectória de ajustamento orçamental e de consolidação das contas públicas, tendo em vista um crescimento económico sustentado e a correcção dos desequilíbrios respectivamente), mantendo-se o crescimento da procura externa, a economia portuguesa não deverá acompanhar, nos próximos anos, este ciclo de recuperação da actividade económica, principalmente no contexto europeu, beneficiando apenas ao nível da procura externa, uma vez macroeconómicos. Foram adoptadas várias medidas de carácter transversal, não apenas do lado da redução da despesa, mas também do lado da receita, com o défice público a situar-se nos 9,1% do PIB em 2010 (redução de 1 p.p. face a 2009). Num contexto de elevada incerteza nos mercados financeiros, dos efeitos negativos da subida do risco que é neste espaço que se encontram os seus principais parceiros comerciais. As projecções do Banco de Portugal no seu Boletim da lPrimavera publicado em Março 2011 apontam para uma contracção, em termos reais, de 1,4% na actividade 16 IMF - World Economic Outlook, April 2011 Principais indicadores económicos (%) 2007 2008 2009 2010 2011a 2012a Produto interno bruto b 2,4 0,0 -2,5 1,4 -1,5 -0,5 Consumo privado b 2,5 1,8 -1,0 2,0 -1,9 -1,0 Consumo público b 2,0 -0,5 -14,0 3,2 -6,6 -1,0 Formação bruta de capital fixo b 2,6 -1,8 -11,6 -4,8 -5,6 -1,3 Exportações de bens e serviços b 9,9 2,8 -15,3 12,7 4,9 2,0 Importações de bens e serviços 6,7 7,8 -18,1 9,2 5,2 3,0 Balança corrente (% do PIB) -10,1 -12,6 -10,9 -9,9 -8,7 -8,5 Saldo do sector público (% do PIB) -2,8 -2,9 -9,3 -7,3 -7,4 -6,5 Dívida pública (% do PIB) 68,3 71,6 82,9 92,4 97,3 93,4 Taxa de desemprego 7,2 7,6 9,5 11,0 11,9 12,4 Taxa de inflação c 2,4 2,7 -0,9 1,4 2,4 1,4 b Fontes: Anos 2007-2010 - INE - Instituto Nacional de Estatística , Banco de Portugal; Anos 2011 e 2012 – Banco de Portugal; FMI- Fundo Monetário Internacional e EIU – Economist Intelligence Unit Notas: (a) Previsões (b) Variação real (c) Índice harmonizado de preços no consumido 40 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) económica portuguesa em 2011 a que se seguirá uma Perspectivando-se uma melhoria da procura externa, as recuperação de 0,3% em 2012. O FMI, no seu boletim de 11 exportações de bens e serviços são assim a componente de Abril de 2011, apresenta previsões menos positivas para do PIB que se destaca pela positiva, tanto em 2011 como o crescimento económico em Portugal em 2011 e 2012 em 2012, apesar de esse crescimento ser feito a um ritmo (-1,5% e -0,5%, respectivamente). mais lento do que em 2010 (4,9 e 2,0%, respectivamente). Taxa de Crescimento do PIB É expectável uma redução do défice da balança de bens e serviços, que deverá beneficiar do aumento da procura externa e da queda da procura interna. Todavia, a volatilidade dos preços dos combustíveis e o aumento do preço de outras matérias-primas terão seguramente impacto na factura das compras portuguesas ao exterior. O fraco desempenho da actividade económica terá efeitos no mercado de trabalho, implicando redução do emprego, 2008 2009 2010 2011a 2012a comum ao sector público e privado, prevendo-se que a taxa de desemprego se mantenha em redor dos 12% Portugal Zona Euro UE27 em 2011 e 2012, ou seja, numa trajectória contrária à evolução prevista para a média da Zona Euro e UE27, no Fonte: Fundo Monetário Internacional, World Economic Outlook, April 2011 Nota: (a) Previsões A necessidade de contenção orçamental, imprescindível ao mesmo período. Taxa de Desemprego1 reequilíbrio das contas públicas, assim como a aplicação de condições restritivas de acesso ao financiamento terão um forte impacto na redução da procura interna, prevendo-se uma redução do consumo privado e do investimento. O consumo privado deverá contrair-se 1,9% em 2011 e 1% em 2012, fortemente condicionado pela redução do rendimento disponível das famílias, mantendo-se a situação instável do mercado de trabalho, a que poderá juntar-se uma evolução moderada dos salários no sector privado. O investimento será a componente que apresenta um comportamento mais negativo estimando-se uma 2008 Portugal 2009 2010 2011a Zona Euro 2012a UE27 Fontes: Eurostat, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional, World Economic Outlook, April 2011 Notas: (a) Previsões; (1) População Desempregada/População Activa contracção de 5,6% em 2011 e de 1,3% em 2012, quebra influenciada pela evolução da procura interna a O aumento da inflação estimado para 2011 reflecte tanto que acrescem as dificuldades de acesso ao crédito por a subida dos preços dos combustíveis como dos bens e parte das empresas, devido à aplicação de condições de serviços não energéticos. Neste último caso, a subida está financiamento mais restritivas por parte da banca. relacionada com o aumento da tributação indirecta 41 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) (IVA) ocorrida em Julho de 2010 e Janeiro de 2011 e pedido de concessão de ajuda financeira ao FEEF - Fundo com a actualização de preços de bens e serviços sujeitos Europeu de Estabilização Financeira. a regulação. No que diz respeito às matérias-primas energéticas, a subida do índice harmonizado dos preços ao Das negociações entre o Governo português e a Comissão consumidor (IHPC) está directamente ligada ao aumento Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário do preço do barril de petróleo nos mercados internacionais, Internacional resultará a aprovação e implementação de um devido, em grande medida, à instabilidade política e programa plurianual de medidas económicas e financeiras, económica em alguns dos países produtores de petróleo. que vão permitir corrigir os desequilíbrios macroeconómicos e encetar uma trajectória de crescimento sustentado. As estimativas apontam para um preço médio a rondar os 110 USD/barril em 2011 e 2012. Para 2012, as projecções 8.3 Economia das regiões apontam para uma taxa de crescimento do IHPC de 1,4%, o que traduz uma desaceleração tanto da componente energética como da não energética. Em 200917 (último ano disponível), a evolução regional do PIB, em termos reais, acompanhou a queda registada a nível nacional (-2,4%), excepto nos Açores, onde a taxa de Taxa de Inflação crescimento foi positiva (0,1%). Nas restantes regiões, só o Norte e Centro, conseguiram registar quedas inferiores à média nacional (-1,3% e -1,6%, respectivamente). No PIB per capita a preços correntes, a média nacional (15,8 milhares de euros, índice 100) é superada apenas em Lisboa, Madeira e Algarve, com índices de 138, 131 e 108, respectivamente. 2008 Portugal 2009 2010 2011a Zona Euro 2012a UE27 Fonte: Fundo Monetário Internacional, World Economic Outlook, April 2011 Notas: (a) Previsões Taxa de inflação – Índice harmonizado de preços no consumidor Em matéria de finanças públicas a grande prioridade vai para o reforço e forte aceleração do processo de consolidação orçamental, no sentido de cumprir as metas de correcção do défice para -4,6% do PIB em 2011, -3% em 2012 e -2% em 2013 e redução do peso da dívida pública no PIB, com particular incidência no corte da despesa, a par da defesa e estímulo ao emprego e medidas de apoio às PME e sector exportador. As perspectivas de evolução da situação económica em Portugal poderão, todavia, sofrer alterações, decorrentes do Ao nível das NUT III, verificam-se enormes assimetrias, com máxima expressão quando se compara a Grande Lisboa (163) com a Serra da Estrela (53) ou o Tâmega (55), índices máximo e mínimos face à média nacional. Na produtividade aparente no trabalho (VAB/Emprego), apenas as regiões Norte (25,3 milhares de euros) e Centro (24,3 milhares de euros) não superaram a média nacional (29,6 milhares de euros). No que se refere à repartição geográfica do VAB e do Emprego, sobressai a região de Lisboa, pelo maior peso em termos do VAB (36,6% do total nacional), e a região Norte, pela relevância no Emprego (33,3% do total). 17 Dados provisórios 42 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Norte 1,3%. A taxa de actividade é superior à média nacional, É uma das mais antigas regiões de Portugal, mas é aquela mas embora assuma a liderança no emprego, apresenta que concentra a população mais jovem do Continente a 2ª mais alta taxa de desemprego a nível nacional (36,4% do total). É nesta região que se situa a 2ª maior (12,6%), factor menos positivo mas compreensível face às cidade portuguesa – Porto – que, por sua vez, contribui características da indústria desta região e às alterações que para a boa posição que esta região ocupa no PIB nacional tem sofrido o seu tecido empresarial. Mantém, no entanto, (2ª posição com 28,4% do total). Com uma taxa de uma importante vocação exportadora, sendo responsável crescimento do PIB entre os 3% e 6% nos últimos 5 anos, por 35% do total das exportações portuguesas, sobretudo em 2009, registou pela primeira vez, uma contracção de de bens de consumo e produtos industriais. Área 21.284 km2 (23,1% do Continente) População média residente (2010) 3.738,8 milhares habitantes Capital Porto Sub-regiões Alto Trás-os Montes, Ave, Cavado, Douro, Entre Douro e Vouga, Grande Porto, Minho-Lima e Tâmega Concelhos 86 (27% do total nacional) Características geomorfológicas Planície no litoral; colinas e serras no interior. Rios principais Minho and Douro. Flora Pinhais, incluindo o pinheiro marítimo no litoral; Eucalipto, que tem vindo a substituir o carvalho. ©Antonio Sacchetti Dados Gerais Rio Douro (cidade do Porto) Sector agrícola (actividades agrícolas predominantes) Trigo, milho, legumes e vinha (1ª região demarcada do mundo - Douro), com particular destaque para o vinho do Porto. Criação de gado e actividade piscatória. Sector industrial (principais indústrias) Equipamento eléctrico e electrónico, componentes auto, construção naval, têxteis, calçado, mobiliário, cutelaria e ferragens, madeira, cortiça, lacticínios; indústria extractiva. Nº Empresas exportadoras (2009) 6.541 (36,9% do total) Infraestruturas Porto de Leixões; Aeroporto Internacional do Porto; boas ligações viárias (auto-estradas, IP e IC); rede metropolitano na cidade do Porto Principais Indicadores Económicos Unidade 2005 2006 2007 2008 2009 Produto interno bruto (PIB) (a) Milhões € 42.746 44.406 47.200 48.410 47.762 PIB per capita (a) Milhares € 11,5 11,9 12,6 12,9 12,8 Emprego Milhares indivíduos 1.798 1.805 1.801 1.812 1.754 Produtividade (VAB/Emprego) Milhares € 20,6 21,2 22,6 23,2 24,1 Exportações de bens Milhões € 12.998 14.450 15.348 14.862 11.897 Importações de bens Milhões € 11.953 13.300 13.910 14.205 10.433 Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Anuários Estatísticos Regionais Notas: (a) Preços correntes 43 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Centro uma taxa de emprego de 61% da sua população activa, A Região Centro, embora se coloque em 3º lugar na com 15 e mais anos, que se distribui maioritariamente contribuição para o PIB nacional (18,7%), registou uma pelos sectores secundário e dos serviços. No período taxa de crescimento nominal do PIB negativa (-1,3%), 2005-2009 a produtividade aparente do trabalho acompanhando a quebra a nível nacional. O PIB per capita desta região tem vindo a aumentar e no último ano o (13.191€) corresponde a 83,5% da média nacional. crescimento rondou os 3%. Embora seja a 3ª região do país com maior nº de Importa ainda destacar que a região Centro apresenta população com idade superior a 65 anos é a que uma balança comercial superavitária e foi responsável por apresenta a taxa de actividade (15 e mais anos) mais alta cerca de 20% das exportações nacionais, com grande (65,6%) e superior à média nacional (61,9%) e a que tem predomínio dos produtos industriais. Área 28.200 km2 (30,6% do Continente) População média residente (2010) 2.379,5 milhares habitantes Principais cidades Coimbra e Aveiro Sub-regiões Baixo Mondego, Baixo Vouga, Beira Interior Norte, Beira Interior Sul, Cova da Beira, Dão-Lafões; Médio Tejo, Oeste, Pinhal Interior Norte, Pinhal Interior Sul, Pinhal Litoral, Serra da Estrela 100 (25,2% do total) Concelhos Características geomorfológicas Relevo aplanado junto ao litoral; Relevo rochoso no interior (xisto, granito, volfrâmio). Flora É uma das regiões mais ricas em floresta, destacando-se a oliveira. ©Antonio Sacchetti Dados Gerais FOTOGRAFIA DA REGIÃO Vista parcial da Aldeia do Piódão Paisagem predominante Paisagem diversificada e com contrastes entre as praias no litoral e as serras; uma das regiões mais ricas em beleza arquitectónica Sector industrial (principais indústrias) Indústria química, componentes auto, moldes, celulose e papel, têxteis (lanifícios), cerâmicas, agro-alimentares (lacticínios, azeite, carnes), vitivinicultura, indústrias extractivas (ouro, chumbo, volfrâmio e estanho). Nº de empresas exportadoras (2009) 3.899 (22% do total) Principais Indicadores Económicos Unidade 2005 2006 2007 2008 2009 Produto interno bruto (PIB) (a) Milhões € 29.121 30.255 31.664 31.947 31.422 PIB per capita (a) Milhares € 12,2 12,7 13,3 13,4 13,2 Emprego Milhares indivíduos 1.274 1.287 1.295 1.293 1.255 Produtividade (VAB/Emprego) Milhares € 19,8 20,2 21,1 21,5 22,1 Exportações de bens Milhões € 6.469 7.249 8.027 7.896 6.486 Importações de bens Milhões € 5.875 6.427 7.324 7.515 5.377 Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Anuários Estatísticos Regionais Notas: (a) Preços correntes 44 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Lisboa (índice 110) e é responsável por 25% do emprego e 37% A Região de Lisboa, devido sobretudo à importância e do VAB nacional. É igualmente uma região com uma forte peso económico da sub-região Grande Lisboa no cômputo componente exportadora, tendo sido responsável por 30% do nacional, assume a liderança em quase todos os indicadores total das exportações portuguesas, com particular destaque económicos regionais. para os produtos industriais e material de transporte. Encontra-se em 1º lugar na repartição do PIB nacional (contributo de 37%) e na produtividade aparente do Apesar de ser a 2ª região em nº de empresas exportadoras trabalho (42,3 milhares de euros face a 24,1 de média (só ultrapassada pelo Norte), é aquela que concentra a nacional). Também no que se refere ao rendimento per mão-de-obra mais qualificada, assim como o maior número capita Lisboa, a par da Madeira, supera a média da UE27 de empresas de alta tecnologia. ©José Manuel Dados Gerais Área 3.001 km2 (3,2% do Continente) População média residente (2010) 2.835,0 milhares habitantes Capital Lisboa Sub-regiões Grande Lisboa e Península de Setúbal Concelhos 18 (5,8% do total nacional) Paisagem Existência de praias e muitas zonas verdes. Rios principais Tejo e Sado Sector agrícola (actividades agrícolas predominantes) Possui terrenos muito férteis nas áreas circundantes aos rios. Principais culturas: cereais, fruta, vinha e produtos hortícolas. Sector industrial (principais indústrias) Esta região congrega muitas empresas de dimensão média e grande na indústria transformadora. Por exemplo: petroquímica, estaleiros navais, siderurgia, automóvel, têxteis, extracção de sal, exploração de pedreiras, actividades ligadas à pesca e vinho. Nº de empresas exportadoras (2009) 5.951 (33,6% do total) Serviços Nesta região concentra-se grande parte das actividades de serviços, sendo o sector do turismo uma actividade importante. Praça do Comércio e Terreiro do Paço - Arco da Rua Augusta Principais Indicadores Económicos Unidade 2005 2006 2007 2008 2009 Produto interno bruto (PIB) (a) Milhões € 57.020 59.186 62.384 63.594 61.486 PIB per capita (a) Milhares € 20,6 21,2 22,3 22,6 21,8 Emprego Milhares indivíduos 1.290 1.295 1.306 1.328 1.286 Produtividade (VAB/Emprego) Milhares € 38,2 39,3 41,3 41,6 42,3 Exportações de bens Milhões € 8.652 10.294 11.118 11.919 9.437 Importações de bens Milhões € 29.748 31.958 33.624 37.249 29.321 Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Anuários Estatísticos Regionais Notas: (a) Preços correntes 45 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Alentejo bastante próximos da média nacional no primeiro, e acima A Região do Alentejo é caracterizada pela existência de da média no segundo. núcleos distanciados, mas pouco populosos, apesar de Refira-se que o projecto multidisciplinar de Alqueva veio haver um grande número de emigrações e migrações. dar outra dinâmica ao interior do Alentejo. Diversas infra- O perfil económico da região tem vindo a alterar-se nos estruturas do Sistema Global do Alqueva encontram- últimos anos, muito por força de dois grandes projectos se já construídas e muitas outras em fase avançada com enormes implicações na estrutura económica de projecto. Hoje, está a tornar-se num dos destinos do Alentejo: no interior o Alqueva e no litoral a zona turísticos de excelência. A plataforma logística de Sines e industrial e o porto de Sines. Esta alteração tem vindo o seu Porto (líder nacional na quantidade de mercadorias a contribuir para que esta região, tanto em termos de movimentadas) assumem uma importância fundamental na PIB per capita como de produtividade, registe valores já dinâmica económica e empresarial da região. Área 31.603 km² (34,3% do Continente) População média residente (2010) 751,0 milhares habitantes Principais cidades Évora e Beja Sub-regiões Alentejo Central, Alentejo Litoral, Alto Alentejo, Baixo Alentejo e Lezíria do Tejo Concelhos 58 (18,8% do total nacional) Características geomorfológicas Existência de planícies, à excepção do norte e leste que é constituído por zonas montanhosas de pouca altitude (Serras de São Mamede e do Marão). Clima Quente e seco (diferente do resto do território português), devido à fraca precipitação. ©EDIA,S.A. Dados Gerais Barragem do Alqueva Flora Sobretudo oliveiras, sobreiros, azinheiras e pinheiros. Subsolo Cobre, enxofre, mármore e pirite. Sector agrícola (actividades agrícolas predominantes) Trigo, cevada, aveia e girassol; Criação de suínos, ovinos e espécies equinas. Sector industrial (principais actividades industriais) Indústria petroquímica, componentes auto e componentes electrónicos, indústria de mármores, vitivinicultura, agro-alimentares (carnes e azeites). Nº de empresas exportadoras (2009) 819 (4,6% do total) Grandes projectos a nível regional Barragem do Alqueva - maior barragem de Portugal e da Europa, situada no rio Guadiana, no Alentejo interior, perto da fronteira espanhola. Porto de Sines – plataforma de conectividade portuária e industrial, de serviços de logística internacional e de energia; Aeroporto de Beja. Principais Indicadores Económicos Unidade 2005 2006 2007 2008 2009 Produto interno bruto (PIB) (a) Milhões € 10.326 10.911 11.294 11.388 11.092 PIB per capita (a) Milhares € 13,5 14,3 14,8 15,0 14,7 Emprego Milhares indivíduos 344 346 343 333 329 Produtividade (VAB/Emprego) Milhares € 25,9 27,1 28,4 29,7 29,8 Exportações de bens Milhões € 2.450 2.630 2.421 2.266 1.680 Importações de bens Milhões € 2.606 2.362 2.237 2.146 1.668 Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Anuários Estatísticos Regionais Notas: (a) Preços correntes 46 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Algarve Em 2010 o Algarve registou 13,2 milhões de dormidas O Algarve é a região mais meridional de Portugal totais (+2,6% do que em 2009) e foi a região que em todo Continental e conhecido como um dos principais destinos o país gerou maiores proveitos totais - receitas no valor de turísticos de Portugal, com uma oferta diversificada e de 546 milhões de euros –.Em 2010 chegaram ao Aeroporto qualidade. de Faro, 5,3 milhões de passageiros (+5,7% do que em Neste contexto, o sector dos serviços (representa 83,5% do 2009). O relevo deste sub-sector também contribui para VAB e absorve 72,6 % do total da população empregada) que esta região, tanto em termos de PIB per capita (índice domina a economia da região, com o turismo, a assumir-se 108,1) como de produtividade aparente do trabalho (32,6 como a componente estratégica da economia do Algarve. milhares €), registe valores acima da média nacional. Área 4.996 km² (5,4% do Continente) População média residente (2010) 437,9 milhares habitantes Capital Faro Municípios (16) Albufeira, Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Monchique, Olhão, Portimão, S. Brás de Alportel, Silves, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo António. Características geomorfológicas Planície no litoral; relevo mais para o interior. O ponto mais alto situa-se na Serra de Monchique. Rios principais Guadiana, que faz fronteira com Espanha. ©José Manuel Dados Gerais Praia de Lagos Flora Tipicamente caracterizada pelas amendoeiras, as figueiras da Índia, a flor de cardo, as flores de rosmaninho, as azinheiras, os sobreiros, as oliveiras e as alfarrobeiras. Sector agrícola (actividades predominantes) Milho e trigo. Os produtos agrícolas tradicionais, dignos de nota, são os frutos secos (figos, amêndoas e alfarrobas), aguardente de medronho e cortiça. Na pecuária predomina o gado asinino. Sector industrial (principais actividades) Aquacultura, floresta (cortiça e alfarroba), mármores e brechas, cerâmica decorativa, artigos em cobre e madeira, agro-alimentares (produtos biológicos), indústria pesqueira (conservas). Nº de empresas exportadoras (2009) 244 (1,4% do total) Serviços Turismo. A região dispõe de belíssimas praias e paisagens naturais. Principais Indicadores Económicos Unidade 2005 2006 2007 2008 2009 Produto interno bruto (PIB) (a) Milhões € 6.741 7.094 7.534 7.633 7.380 PIB per capita (a) Milhares € 16,3 16,9 17,8 17,8 17,1 Emprego Milhares indivíduos 194 202 202 203 200 Produtividade (VAB/Emprego) Milhares € 30,0 30,2 32,1 32,6 32,6 Exportações de bens Milhões € 108 136 135 135 88 Importações de bens Milhões € 246 306 336 322 214 Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Anuários Estatísticos Regionais Notas: (a) Preços correntes 47 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Açores Numa óptica de diversificação do sector agrícola são hoje Região Autónoma dos Açores é considerada a fronteira a 2ª maior região europeia na produção de próteas para ocidental da União Europeia. Com o PIB a atingir os 3,7 mil exportação, planta ornamental cultivada em sete ilhas do milhões de euros (+50% face a 2000, em termos nominais) arquipélago. e um PIB per capita próximo da média nacional, os Açores Está repleto de belezas naturais que o tornam muito detêm a maior percentagem de jovens entre 15-24 anos vocacionado para a actividade turística (mais de um (14,4%) e a mais baixa de idosos (12,5%) a nível nacional. milhão de dormidas em 2010, sendo 51% estrangeiros), Apesar da reduzida dimensão da sua economia (2,2% do considerada estratégica para o desenvolvimento da região. VAB nacional), apresentam um índice de produtividade (29,2 O sector dos serviços representa 72% do VAB e 65% do milhares euros) superior à média do país (24,1). emprego da região. ©Associação de Turismo dos Açores Dados Gerais Área 2.322 km2 População média residente (2010) 245,9 milhares habitantes Capital Ponta Delgada Outras cidades importantes Horta e Angra do Heroísmo Composição do arquipélago Nove ilhas e alguns ilhéus inabitados (as Formigas). Ilhas do Grupo Oriental: Sta. Maria e S. Miguel. Grupo Central: Terceira, Graciosa, S. Jorge, Pico e Faial. Grupo Ocidental: Flores e Corvo. Ilha do Pico Características geomorfológicas Origem vulcânica, excepto Sta. Maria. Ainda se mantém o vulcanismo activo na ilha de S. Miguel. Flora Composta por cerca de 56 espécies indígenas, a vegetação endémica dos Açores é uma das mais interessantes da Europa. Destaca-se o cedro-do-mato, o azevinho, o folhado, as típicas queiró e urze, etc. Fauna Aves migratórias, cão de fila de S. Miguel e espécies piscícolas com interesse para a pesca desportiva. Sector agrícola e pesqueiro (principais actividades) Milho, batata-doce, trigo e inhame. Criação de gado. Actividade piscatória (com destaque para a pesca de tunídeos) e a tradicional pesca à baleia. Sector industrial (principais actividades) Para além das indústrias ligadas aos sectores agrícola (destacando-se os lacticínios e derivados) e pesca, existem algumas outras pequenas indústrias transformadoras. Nº de empresas exportadoras (2009) 79 Serviços Turismo Principais Indicadores Económicos Unidade 2005 2006 2007 2008 2009 Produto interno bruto (PIB) (a) Milhões € 3.234 3.388 3.547 3.703 3.706 PIB per capita (a) Milhares € 13,4 14,0 14,6 15,2 15,1 Emprego Milhares indivíduos 105 108 107 111 112 Produtividade (VAB/Emprego) Milhares € 26,5 27,1 28,5 28,9 29,2 Exportações de bens Milhões € 43 35 44 63 84 Importações de bens Milhões € 96 90 108 104 125 Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Anuários Estatísticos Regionais Notas: (a) Preços correntes 48 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Madeira de panificação e pastelaria, lacticínios, cerveja, tabaco e A economia da Região Autónoma da Madeira assenta vinho. Nos últimos anos assistiu-se a um desenvolvimento fundamentalmente no sector terciário, constituindo o acelerado ao nível das infra-estruturas, designadamente na turismo a maior fonte de receitas. No sector agrícola importa área das acessibilidades, da rede escolar e saúde, que se destacar a produção de banana para consumo regional e traduz em melhores condições para agentes económicos e nacional, as flores e o conhecido Vinho da Madeira. população em geral. No sector industrial, que contribui com cerca de 10% para Saliente-se ainda que o dinamismo que a economia regional o PIB regional, coexistem actividades de carácter artesanal revela (PIB per capita superior à média nacional - índice 131,4) viradas para a exportação como os bordados, tapeçarias tem permitido a absorção de grande parte da população e artigos de vime, com outras, sobretudo orientadas activa, factor que contribuiu para uma taxa de desemprego de para o mercado regional como as moagens, produtos 7,4%, a 2ª mais baixa a seguir aos Açores. ©Paulo Magalhães Dados Gerais Área 801 km2 População média residente (2010) 247,6 milhares habitantes Capital Funchal Situação geográfica Arquipélago no oceano Atlântico a 978 km a sudoeste de Lisboa e a cerca de 700 km da costa africana. Composição do arquipélago Ilha da Madeira, ilha de Porto Santo, ilhas Desertas e ilhas Selvagens. Estas duas últimas não são habitadas, constituindo reservas naturais. Características geomorfológicas Origem vulcânica. Vista da cidade do Funchal Flora A floresta indígena da Madeira, a Laurissilva, é um património valioso, por ser uma das mais raras florestas do planeta. Existem ainda outras plantas e árvores e, de igual modo, as flores (orquídeas). Sector agrícola (actividades predominantes) Nas terras de baixa altitude, junto ao mar: banana, anona, manga, cana-de-açúcar e maracujá. No nível intermédio: batata, feijão, trigo, milho e árvores de fruta mediterrânicas (figueira, nespereira). Nas altitudes mais elevadas: pastos, pinhais, e bosques. Na pecuária, salienta-se o gado ovino e caprino e menor presença do bovino. Na pesca recorre-se a métodos artesanais: atum e peixe-espada. Sector industrial (principais indústrias) Actividades de carácter artesanal: bordados, tapeçaria e artigos de vime. Pequenas indústrias orientadas para consumo local: massas alimentícias, lacticínios, produção de cana-de-açúcar. Nº de empresas exportadoras (2009) 192 Serviços Turismo Principais Indicadores Económicos Unidade 2005 2006 2007 2008 2009 Produto interno bruto (PIB) (a) Milhões € 4.433 4.942 5.044 5.287 5.134 PIB per capita (a) Milhares € 18,1 20,1 20,5 21,4 20,8 Emprego Milhares indivíduos 117 117 117 119 119 Produtividade (VAB/Emprego) Milhares € 32,7 36,2 37,4 38,7 38,2 Exportações de bens Milhões € 32 38 44 68 60 Importações de bens Milhões € 159 156 126 140 150 Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Anuários Estatísticos Regionais Notas: (a) Preços correntes 49 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 9. Enquadramento Económico Regional – Portugal e a União Europeia A política externa de Portugal continuará ainda a pautarse pela manutenção de um relacionamento estreito com os países do Atlântico Norte, principalmente com os EUA, em grande medida fruto da sua presença na NATO, assim como pelo estreitamento do relacionamento económico O percurso que Portugal foi fazendo, primeiro na EFTA, entre com os principais mercados emergentes como a Rússia, 1960 e 1985, e depois na Comunidade Europeia, a partir China e Índia. de 1986, foi influenciando naturalmente a sua performance económica. Enquanto que o “efeito” EFTA se evidenciou num maior crescimento do comércio de Portugal com os No seio da União Europeia, Portugal pode caracterizar- demais países membros, o “efeito” CEE introduziu factos se como uma economia de média dimensão, e que nos novos, com consequências particularmente significativas a últimos anos desenvolveu todos os esforços no sentido da nível económico, como a entrada no “mercado único”, a convergência económica com os países da União. liberalização do comércio, a união aduaneira e monetária e ainda e a abertura com Espanha, que se tornou, em poucos Todavia, a crise internacional que se desencadeou em anos, o nosso principal parceiro comercial. 2007, com impacto a nível mundial, veio alterar as metas definidas e adiar a possibilidade de uma maior aproximação de Portugal aos países do espaço em que se insere. Portugal tem ainda fortes laços culturais com os países que integram a Comunidade de Língua Portuguesa - CPLP e tem tentado ao longo dos anos transformar esses laços Para podermos ter uma visão global da evolução desse numa maior cooperação política e económica com os posicionamento nos dois últimos anos, no contexto da UE vários países que a constituem, sendo de destacar pela e Zona Euro, apresentamos um gráfico com um conjunto importância e peso da actual presença portuguesa, os de variáveis em termos económicos, publicadas pelo mercados do Brasil, Angola e Moçambique. Economist Intelligence Unit. Evolução de alguns Indicadores Económicos no Espaço Europeu 2010 2011 PIB (Var.) Portugal 2010 2011 Desemprego (%) Zona Euro 2010 2011 2010 2011 2010 2011 Inflação (%) Export. Bens e Serv.(Var.) Import. Bens e Serv. (Var.) UE15 UE (Novos 12) UE27 2010 2011 Saldo Balança Corrente (%PIB) Fonte: EIU Viewswire – Europe 5 Year Forecast Table (22 Março 2011); Portugal 5 Year Forecast Table (21 Março 2011) Notas: Ano 2010 – Estimativas; Ano 2011 - Previsões; Exportações e Importações de Bens e Serviços incluem trocas intra-regionais; Zona Euro (13) inclui: Alemanha, Áustria, Bélgica, Eslovénia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal; EU12 inclui Bulgária, Chipre, Estónia, Eslováquia, Eslovénia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, R. Checa e Roménia (os dados de Malta não estão incluídos) 50 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 10. Comércio PIB per capita Após um período de forte crescimento do comércio mundial nos últimos anos, a crise económica e financeira internacional veio inverter esta tendência em 2009, assistindo-se, segundo a Organização Mundial do Comércio - OMC18 , a uma quebra de 12% nas exportações e 12,8% nas importações, em volume, a maior dos últimos 50 anos. Em 2010, ainda segundo a mesma fonte, assistiu-se à mais forte e rápida recuperação do comércio mundial, em Portugal Zona Euro (13) UE15 2010 UE(N12) UE27 2011 termos anuais desde 1950, com as estimativas a apontar para um crescimento recorde de 14,5% nas exportações e 13,5%, nas importações, em volume. Segundo os Fonte: EIU Viewswire – 5 Year Forecast Table (Março 2011) Notas: PIB per capita a preços correntes; Câmbio USD/€ - Ano 2010: 1,33; Ano 2011:1,27 analistas, este crescimento poderia ter sido superior, caso não tivesse havido necessidade, de aplicação de medidas de consolidação orçamental de combate ao défice excessivo Portugal apresenta um PIB per capita que é quase o dobro que provocaram uma desaceleração do crescimento da média dos 12 Estados do Alargamento, mas que é pouco económico, nomeadamente na Europa, da subida dos mais de metade da média da Zona Euro e mesmo da UE27. preços do petróleo, que levou ao aumento do custo da energia e finalmente, o desemprego que se manteve em Quanto aos restantes indicadores, os comportamentos níveis altos impedindo o crescimento da procura interna são distintos: a taxa de crescimento do PIB da economia nos países desenvolvidos. portuguesa, apesar de positiva em 2010 é a mais baixa deste conjunto; a taxa de desemprego situa-se acima da Os países asiáticos foram os que mais contribuíram para média da Zona Euro e UE27, em 2010 e ultrapassa os o bom desempenho do comércio mundial em 2010, com países do alargamento em 2011; depois de apresentar um crescimento de 23,1% nas exportações, liderados pela a mais baixa taxa de inflação deste conjunto em 2010, China e Japão (28% no total), enquanto os EUA e a UE27 passa para o patamar oposto no ano seguinte, sendo só viram as suas exportações aumentar mais lentamente ultrapassado pelos Novos 12. (15,4% e 11,4%, respectivamente). As importações aumentaram 22,1% na China, 14,8% nos EUA, 10% no No que diz respeito à evolução do crescimento do comércio Japão e 9,2% na UE27. de bens e serviços, mesmo considerando que nele estão incluídas as trocas intra-comunitárias, é notória uma O comércio mundial continuará a recuperar nos próximos recuperação a nível europeu no ano de 2010, incluindo anos, embora os acontecimentos recentes, como o caso do Portugal, embora se estime uma desaceleração da procura terramoto no Japão e a instabilidade social nos países do externa em 2011. Médio Oriente, possam vir a colocar alguma incerteza nas Por último, o saldo da balança corrente no PIB, onde previsões de crescimento de 6,5% nas exportações em 2011. Portugal apresenta o desequilíbrio mais acentuado, do conjunto dos países em análise. 18 World Trade Statistics 51 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) O comércio internacional português também beneficiou do Nas importações de bens e serviços, a taxa média de bom comportamento das economias dos nossos principais crescimento anual em valor, no período 2006-2010, foi parceiros comerciais em 2010, com as exportações a inferior (1,4%), e o ano de 2006 foi igualmente o que contribuir com 2,5% para um crescimento global do PIB de registou a melhor performance no quinquénio (+10,7%). 1,4%, após 2 anos de influência negativa. Em 2010 as importações aumentaram, em termos homólogos, 5,3% em volume (9,2% em valor) e 10.1 Evolução da balança comercial A balança comercial portuguesa de bens e serviços19 é tradicionalmente deficitária. No quinquénio em análise, as exportações de bens e serviços, em termos nominais, registaram uma taxa média de crescimento anual de 2,5%, sendo que, em termos anuais, a maior variação positiva contribuíram com 2,1% para o crescimento global da economia. As importações de bens também foram a componente que mais contribuiu para o seu crescimento (5,6% em volume e 10,1% em valor). As importações de serviços aumentaram, em termos homólogos, 3,6% em volume e 5,2% em valor. Da conjugação das duas componentes resultou uma contribuição positiva da procura externa líquida para o aconteceu no ano de 2006 (+16,4%). crescimento do PIB de 0,5% em 2010. Em 2010, as exportações aumentaram em termos homólogos, 8,7% em volume (12,7% em valor), com a componente de bens (73% das exportações totais) a ser aquela que mais contribuiu para esse crescimento (9,6% Com as estimativas da OMC a apontarem para a continuação do crescimento da procura a nível mundial e a recuperação das economias dos nossos principais parceiros comerciais, as exportações continuarão a ser nos próximos em volume, 15,2% em valor). anos o grande impulsionador do crescimento da economia As exportações de serviços, por seu lado, observaram uma portuguesa. Apesar de ser esperado um abrandamento no seu ritmo de crescimento, o Banco de Portugal estima um taxa de variação real de 6,3% (7,7% em valor). contributo líquido das exportações para o PIB em 2011 e 19 2012 de 2,5% e 1,4%, respectivamente. Contas Nacionais - Balança de Pagamentos Balança Comercial Portuguesa (bens) 2006 2007 2008 2009 2010 TMVA Exportações 35.837 38.525 39.201 32.021 36.895 1,54 Importações 54.243 57.731 62.186 49.815 54.826 1,08 Saldo -18.406 -19.206 -22.985 -17.794 -17.931 66,1% 66,7% 63,0% 64,3% 67,3% Coef. de cobertura (%) Unidade: Fonte: Nota: Milhões de euros (preços correntes) Banco de Portugal (Balança de Pagamentos) TMVA – Taxa média de variação anual Balança Comercial Portuguesa (serviços) 2006 2007 2008 2009 2010 TMVA Exportações 14.658 16.961 17.865 16.318 17.575 5,02 Importações 9.640 10.428 11.263 10.333 10.866 3,27 Saldo 5.018 6.533 6.602 5.985 6.709 152,1% 162,6% 158,6% 157,9% 161,7% Coef. de cobertura (%) Unidade: Fonte: Nota: Milhões de euros (preços correntes) Banco de Portugal (Balança de Pagamentos) TMVA – Taxa média de variação anual 52 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 10.2 Principais parceiros comerciais fornecedor. Nas importações de Portugal o peso dos PALOP é ainda pouco significativo (1,1% do total), embora tenha Os países da UE continuam a ter um peso bastante quase triplicado face a 2009, devido ao contributo das significativo enquanto parceiros comerciais de Portugal. compras a Angola (subida de 273% em 2010). Em 2010, este agrupamento representou 74% das exportações e 76% das importações portuguesas. A quota dos países NAFTA traduziu-se em 5,2% das Consequentemente, os principais clientes e fornecedores exportações (crescimento de 42% face a 2009) e 2,2% das de Portugal são parceiros da UE, destacando-se, no mesmo importações em 2010. Apesar de terem mantido o 8º lugar ano, enquanto clientes, a Espanha (26,6%), a Alemanha no ranking de clientes de Portugal, as vendas para os EUA (13,0%), a França (11,8%) e o Reino Unido (5,5%), e registaram um aumento de 32% em 2010. enquanto fornecedores a Espanha (31,1%), a Alemanha (13,9%), a França (7,2%) e a Itália (5,7%). Os países do MAGREBE20 também têm aumentado a sua Verifica-se, contudo, uma diminuição gradual do peso participação no comércio português, principalmente mercê da UE nas exportações (em 2006 representava 78% das da influência de dois países: Marrocos no que respeita às exportações), que já se reflecte na lista dos principais exportações (15º cliente) e Argélia nos dois fluxos (22º mercados clientes de Portugal, com Angola na 5ª posição, cliente e 28º fornecedor devido, neste caso, ao peso das os EUA em 8º e o Brasil em 10º, em 2010. compras de gás natural. Nos últimos 5 anos, as vendas portuguesas para o MAGREBE registaram uma taxa média A África Lusófona mantém-se um importante parceiro de crescimento anual de 25%. para Portugal, sendo notório o aumento do interesse das empresas portuguesas por aqueles mercados. Os PALOP As exportações para a América Latina, em particular representaram 6,6% do total exportado por Portugal para os países parceiros e associados do MERCOSUL, em 2010, o que corresponde a níveis significativos nas também têm vindo a subir gradualmente de interesse importações desses países, com especial destaque para Angola (5º cliente), onde Portugal assume a liderança como 20 Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia e Mauritânia Distribuição Geográfica do Comércio Internacional Português - Ano 2010 Exportações 1,7% Importações 10,6% 16,3% 1,9% 1,1% 2,2% 2,2% 2,6% 5,2% 6,6% 75,6% 74,0% UE 27 NAFTA Mercosul (b) UE 27 NAFTA PALOP PALOP MAGREBE (a) Outros Mercosul (a) MAGREBE (b) Outros Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística (1º apuramento) Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística (1º apuramento) Nota: (a) Inclui: Argélia, Líbia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia (b) Inclui membros associados Nota: (a) Inclui membros associados; (b) Inclui: Argélia, Líbia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia 53 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) para Portugal correspondendo já a 1,9% das exportações enquanto fornecedor) e evolução no sentido de uma maior globais portuguesas e 2,6% das importações, com o diversificação de mercados, principalmente no que diz Brasil a assumir-se como principal parceiro, embora mais respeito às vendas ao exterior, surgindo no ranking dos 10 representativo enquanto país de origem das compras principais clientes de Portugal países como Angola e Brasil, portuguesas por força do peso dos produtos petrolíferos. que não apareciam nesta lista em 1986, para além dos EUA Analisando a evolução por países e fazendo uma que se têm mantido naquele grupo. comparação com a situação à época da adesão de Portugal As maiores variações positivas em valor verificaram-se nas à UE, destacam-se dois aspectos: aumento do peso de vendas para Espanha, Alemanha, França e EUA, que em Espanha enquanto parceiro comercial de Portugal (de 6,6% conjunto representaram 50% da subida global verificada para 26,6% enquanto cliente e de 10,9% para 31,1%, nas exportações em 2010. Principais Parceiros Comerciais de Portugal – 1986-2010 Clientes - 1986 Clientes - 2010 26,6% 34,1% 3,8% 13,0% 5,2% 5,5% França 11,8% Países Baixos Espanha Angola Alemanha Espanha Alemanha Países Baixos R. Unido Outros França Outros EUA R. Unido Fornecedores - 2010 Fornecedores - 1986 31,1% 33,1% 3,8% 5,2% 13,9% 5,7% 7,2% Alemanha R. Unido Espanha Países Baixos Espanha EUA Alemanha R. Unido França Outros França Outros Itália Itália Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística (1º apuramento) 54 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 10.3 Principais produtos transaccionados Repartição por Grupos de Produtos do Comércio Internacional Português – 2010 Quanto à composição por grupos de produtos, nas exportações nota-se que o seu crescimento é presentemente impulsionado mais por novos sectores do que pelos tradicionais, reflectindo os efeitos estruturais do investimento estrangeiro e o dinamismo de sectores com maior Peles e couros Instrumentos de óptica e precisão Madeira e cortiça incorporação tecnológica e de maior valor acrescentado. Calçado Os principais grupos de produtos exportados, em 2010 Matérias têxteis foram as Máquinas e Aparelhos, os Veículos e outro Material de Transporte, Metais Comuns, Plásticos e Borracha, Combustíveis Minerais e Vestuário, que no Químicos Alimentares conjunto representaram cerca de 55% do total das vendas portuguesas ao exterior. A generalidade dos produtos registou um crescimento em 2010, mas o maior contributo para a Agrícolas Minerais e minérios evolução positiva das exportações foi determinado pelos Combustíveis, Veículos, Pasta e Papel e Plásticos e Borracha. As máquinas e aparelhos mecânicos e eléctricos (14,9% do total) constituem o grupo mais significativo nas vendas ao exterior, em que empresas modernas e produtos certificados Outros produtos Pastas celulósicas e papel Vestuário Combustíveis minerais e de tecnologias avançadas têm crescente preponderância, destacando-se, entre outros, os moldes para a indústria de plásticos e as máquinas e aparelhos eléctricos, bem Plásticos e borracha Metais comuns como fios e cabos eléctricos, transformadores e os circuitos integrados e microconjuntos electrónicos. Em conjunto, os têxteis, o vestuário e o calçado (13,7% do total) são as exportações portuguesas mais relevantes Veículos e outro material de transporte Máquinas e aparelhos Exportações Importações do conjunto dos produtos designados “tradicionais”, embora apresentem uma clara tendência de aumento do valor acrescentado, fruto do investimento prosseguido em Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística (1º apuramento) tecnologia e qualidade e “design”. O grupo da madeira, cortiça, pasta de papel e papel foi Seguem-se os veículos e outro material de transporte responsável por 9,2% das exportações totais, com ligeiro com 12,4% do total (11,7% no ano anterior), reflectindo aumento em termos de peso, mas significativo em valor a tendência de retoma na indústria automóvel, que se no caso da pasta e papel (+41%), face a 2009. Portugal repercutiu nos subsectores subsidiários (componentes e mantém a liderança no mercado da cortiça, com uma quota acessórios para veículos). superior a 60% das exportações mundiais daquele produto. 55 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Nas importações lideram igualmente as Máquinas e e registaram quebras nas exportações (-15,5% e -10%, Aparelhos (16,3%), seguindo-se os Combustíveis Minerais respectivamente). (14,7%), Veículos e Material de Transporte (14,1%), No que se refere aos principais parceiros comerciais22 , a UE Produtos Químicos (10,0%) e Produtos Agrícolas (9,5%), domina em todas as regiões do Continente tanto enquanto que no conjunto foram responsáveis por 65% do total das destino das exportações, como enquanto região de origem compras de Portugal ao exterior. das importações portuguesas. Mantém-se a dependência dos produtos energéticos. Em Nas exportações do Algarve, Norte e Alentejo o peso dos 2010, o aumento em valor foi de 29%, acompanhando a países da UE foi superior a 80% do total. subida do preço do petróleo e gás natural, nos mercados internacionais. Nas restantes regiões, embora o seu peso tenha sido menor, foi sempre superior a metade do total exportado, excepto no No que refere à balança de produtos industriais transformados caso da Madeira, onde absorveu apenas 45% do total. por grau de intensidade tecnológica, refira-se que a alta e a média alta tecnologia representaram, em 2010, 38,4% das Nas importações o predomínio da UE é superior. Apenas exportações portuguesas deste tipo de produtos. Lisboa e Açores a apresentaram maior diversificação nos mercados de origem das suas compras ao exterior. 10.4 O comércio internacional21 e as regiões Em 2010 (dados preliminares), o Centro, Norte e Alentejo foram as únicas regiões a apresentar balanças comerciais superavitárias (taxa de cobertura de 125,1%, 122,4%, e 108,6% respectivamente). Das três regiões que mais contribuíram para o comércio internacional (Norte, Lisboa e Centro), Lisboa registou o maior saldo negativo, com o valor das exportações a atingir cerca de 1/3 das importações, justificado pela variedade do comércio, pela importância do Porto de Lisboa enquanto receptor de mercadorias importadas e pela grande concentração de novas tecnologias, características que contribuem para o maior peso das importações. Todavia, das três regiões assinaladas foi a que, em 2010, apresentou, em termos homólogos, o maior crescimento das vendas ao exterior (15,9%). A Madeira e os Açores, continuam a manter uma forte dependência do exterior 21 Valores declarados De entre os países da UE, Espanha lidera enquanto cliente e fornecedor em todas as regiões do Continente, mas com maior representatividade no Algarve. Fora da UE, Angola assume a 1ª posição enquanto cliente em todas as regiões, excepto nos Açores. Nos fornecedores fora da UE temos a China em 1º lugar nas regiões do Norte, Centro, Alentejo e Algarve, a Nigéria em Lisboa, o Brasil na Madeira e a Rússia nos Açores. No que se refere aos produtos exportados, a maquinaria e material de transporte lidera nas regiões de Lisboa e do Centro, seguindo-se a indústria alimentar em Lisboa e pasta e papel no Centro. As matérias têxteis, calçado e maquinaria estão em lugares cimeiros no Norte, minerais e minérios, produtos alimentares e cortiça no Alentejo, produtos agrícolas e indústria alimentar no Algarve, pecuária e indústria alimentar nos Açores e Madeira. 22 Dados referentes ao ano de 2009 56 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 11. Investimento Em 2010, o investimento directo estrangeiro (IDE) registou um crescimento de quase 10%, em termos brutos, depois Depois de dois anos em queda, mais acentuada no ano de se ter observado uma queda de 9,3% no ano anterior, de 2009 e no caso dos fluxos de investimento dirigidos ao acompanhando assim a tendência de recuperação a nível exterior (saídas) com uma redução de 43% - nas entradas mundial nos fluxos de IDE (crescimento estimado de cerca de IDE os montantes investidos apresentaram uma redução de 8%). O investimento directo português no estrangeiro de 37% em 2009 - a UNCTAD estima uma recuperação dos (IDPE) voltou a contrair-se (-25,7%), embora menos do que fluxos mundiais já em 2010. em 2009 (-31,7%). Nesse ano, as entradas de IDE deverão ter atingido os 1.200 mil milhões de USD, prevendo-se para os dois anos seguintes, valores a rondar os 1.300 - 1.500 mil milhões em 2011 e 1.600 - 2.000 mil milhões em 2012, embora se mantenha algum risco de incerteza dada a ainda frágil recuperação da economia mundial. Os líderes da recuperação dos fluxos do investimento mundial são as economias em transição (Europa de Leste 11.1 Evolução do investimento directo estrangeiro em Portugal O investimento directo estrangeiro (IDE) em Portugal no quinquénio em análise situou-se entre os 32 e os 35 mil milhões de euros em termos brutos, com 2006 a absorver a maior fatia no período. e CIS) e em desenvolvimento, que atraíram metade do IDE global e investiram cerca de ¼ do total das saídas de IDE. Em termos líquidos, 2006 foi igualmente o ano em que se atingiu o valor mais alto do quinquénio (mais de 8,5 mil Em Portugal, em valores acumulados, Espanha e milhões de euros), que os anos seguintes não confirmaram. Alemanha lideram, com o primeiro a concentrar os seus investimentos na área financeira e o segundo no No que respeita ao stock de IDE, em 2010 atingia os 82,5 sector industrial, nomeadamente o sector automóvel mil milhões de euros e um crescimento de 3,6% face ao e componentes e máquinas e equipamentos mas, nos ano anterior. últimos anos, tem existido um esforço de diversificação dos mercados de origem, como é o caso de Angola (Sonangol), do Brasil (Embraer) e mesmo dos EUA Evolução do Investimento Directo Estrangeiro em Portugal (Cisco e Microsoft), países onde já existem importantes investimentos de empresas portuguesas. Também ao nível dos sectores de aposta se têm observado alterações nos fluxos do investimento internacional. Indústrias como a eléctrica e electrónica, máquinas e equipamentos, química e componentes para o sector automóvel têm vindo a demonstrar menor capacidade de captação de investimento estrangeiro, ao contrário de áreas como a energia, os serviços em geral e, nomeadamente, as TIC e I&D. Com estas novas opções surgem igualmente mudanças na estrutura e impacto dos mesmos: são projectos de menor dimensão e geradores de poucos postos de trabalho. 2006 2007 Investimento bruto 2008 2009 2010 Investimento líquido Fonte: Banco de Portugal, Fevereiro de 2011 Unidade: Milhões de Euros 57 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 11.1.1 Principais países investidores Investimento Directo Estrangeiro em Portugal por Sectores - 2010ª A UE mantém-se como principal origem de capital estrangeiro, com 86,6% do total do IDE bruto em 2010. 1,0% 0,6% 1,2% 6,6% 3,1% Nos últimos anos, os cinco principais investidores foram, a 39,3% 5,6% Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, e Países Baixos, alternando posições entre si. 18,2% Em 2010 representaram, em conjunto, 72,7% do total de IDE bruto. Fora da UE surgem o Brasil (5,5%) e a Suíça 24,4% (5,2%), na 7ª e 8ª posições do ranking, respectivamente. Investimento Directo Estrangeiro em Portugal por Países de Origem - 2010ª 1,8% Comércio por grosso e a retalho Actividades de consultoria, ciêntificas e técnicas Indústria transformadora Actividades imobiliárias Actividades financeiras e de Seguros Construção Actividades de informação e comunicação 5,4% 2,4% Fonte: Banco de Portugal (Fevereiro 2011); 5,2% Electricidade, gás, água Outros Notas: (a) Investimento bruto 18,3% 11.1.3 Projectos recentes de investimento em Portugal 5,5% 7,0% Nos últimos anos, os sectores mais procurados pelos 10,3% 16,7% componentes, o energético, a biotecnologia, o sector 13,8% 13,6% investidores estrangeiros, têm sido: o automóvel e eléctrico e a electrónica, o químico, as tecnologias de Alemanha Países Baixos Bélgica informação e comunicação (TIC) e o turismo. França Luxemburgo Irlanda Ao nível dos projectos de investimento mais recentes e de Reino Unido Brasil Outros Espanha Suíça maior impacto na economia portuguesa, importa destacar, os seguintes: Fonte: Banco de Portugal (Fevereiro 2011); Notas: (a) Investimento bruto A fábrica de Palmela da Auto-Europa, mantém-se na liderança do sector automóvel nacional. A entrada no 11.1.2 Principais sectores mercado chinês do modelo Sharan e o aumento das encomendas por parte da Volkswagen fizeram com que Na distribuição por sectores, o Comércio e a Indústria tivesse que aumentar a sua produção de veículos em 2011, Transformadora são as principais actividades económicas de 120.000 para 130.000 unidades e contratar mais 300 alvo do investimento directo estrangeiro tendo contribuído trabalhadores temporários. Em 2010 saíram da linha de com 63,7% para o crescimento global do IDE bruto. produção da fábrica de Palmela 101.284 veículos Sharan, Alhambra, Eos e Scirocco. Com menor representatividade surgem as Actividades financeiras e de seguros e de informação e comunicação, Outro projecto de significativo impacto na economia com 18,2% e 5,6%, respectivamente. nacional e de forte componente tecnológica é o da 58 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Embraer, o terceiro maior construtor mundial de aviões e A Greencyber investe mais de 92 milhões de euros na maior líder mundial na fabricação de jactos comerciais até 120 fábrica de biodiesel em Portugal, localizada em Sines. Esta lugares, com um investimento de cerca de 148 milhões de unidade, que deverá começar a produzir em 2012, terá euros na construção de duas fábricas (fabrico de estruturas uma capacidade de produção de 250 mil ton./ano e irá metálicas e de materiais compósitos) em Portugal, num criar 52 postos de trabalho directos. período de 6 anos, que irão gerar cerca de 450 empregos directos, na cidade de Évora (Alentejo). Foi já iniciada a construção da unidade de materiais compósitos, com conclusão prevista para finais de 2011, e início da produção em 2013. A Renault aumentou a produção de componentes mecânicos na fábrica de C.A.C.I.A. em Aveiro (um investimento a rondar os 28,8 milhões de euros), situação que levou à criação de mais 100 postos de trabalho. Em 2010 o volume de negócios gerado deverá ter atingido os 230 milhões de euros, o que significou um aumento de cerca de 19% face ao ano anterior. Ainda no âmbito da aliança Renault-Nissan, a Nissan investe 156 milhões de euros na construção da fábrica que irá produzir 50 mil baterias avançadas de iões de lítio/ano no complexo de C.A.C.I.A., suficiente para satisfazer 25% das necessidades do mercado europeu de veículos eléctricos, com início de produção agendado para 2012, estando prevista a criação de 200 postos de trabalho directos. Também a unidade portuguesa da COFICAB, multinacional especializada em fios e cabos para o ramo automóvel, sedeada na Guarda, vai desenvolver uma nova tecnologia para cabos destinados a carros eléctricos, num investimento global de 6 milhões de euros. Portugal é já o maior centro de operações da norte-americana CISCO na Europa. Com um investimento global de mais de 50 milhões de euros, a multinacional Cisco Systems já instalou em Portugal cinco centros de operações: Hércules, Liberty, Inside Sale Super Center, o Centro de Recrutamento e mais recentemente, um novo centro de operações de suporte de vendas, no seu complexo em Oeiras. A Nokia Siemens tem cinco centros de Pesquisa & Desenvolvimento em Portugal, com 1.500 engenheiros altamente qualificados, estando prevista a contratação de mais de 100 engenheiros pela Nokia Systems Networks, para responder ao aumento da procura dos serviços prestados pela empresa que inaugurou no início de 2010 o Global Network Solutions (GNSC) Center em Lisboa. O Grupo IKEA vai continuar a apostar fortemente no mercado português, com um projecto multifases, que se estende até 2015, estando previsto um investimento global de mais de 660 milhões de euros. O projecto IKEA em Portugal inclui a instalação de unidades industriais para produção de madeira e derivados, cuja produção será destinada a exportação para a Europa e EUA, a construção de novas lojas IKEA, para além das já existentes em Alfragide, Matosinhos e Loures, e a abertura de centros comerciais Inter IKEA Centre Group. A Iberdrola, uma das 4 maiores empresas mundiais a operar O grupo francês Leroy Merlin, especializado em bricolage, no sector energético, vai construir em Portugal o Complexo construção, decoração e jardim prevê investir 150 milhões Hidroeléctrico do Alto Tâmega, o maior projecto hídrico de euros em Portugal, até 2013, na abertura de lojas de dos últimos 25 anos na Península Ibérica, que consiste na grande dimensão, a um ritmo de uma por cada ano. A exploração, durante 65 anos, das barragens de Gouvães, estratégia da empresa em Portugal já reflecte a criação de Padroselos, Alto Tâmega e Daivões e vai contribuir para cerca de 1.300 novos postos de trabalho. o desenvolvimento hidroeléctrico da Bacia do Douro prevendo-se a criação de 3.500 postos de trabalho directos Na área do turismo destaque para o recente investimento e 10.000 indirectos. de 82 milhões de euros no complexo turístico Martinhal 59 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Resort na Costa Vicentina (Algarve), dos empresários Chitra e Roman Stern (suíço), criadores das marcas Luxury Family Evolução do Investimento Directo Português no Estrangeiro Hotels e Alias Hotels. Finalmente, refiram-se alguns exemplos de empresas que encontraram em Portugal um lugar muito atractivo para investir em centros de serviços partilhados. Esses exemplos são a Microsoft, a Siemens, a IBM, a Fujitsu, o Santander e a Solvay. Esta escolha foi devida a vários factores, entre os quais se salientam os seguintes: fortes qualificações no conhecimento de línguas em todas as cidades-chave em Portugal; fortes qualificações da força de trabalho em finanças e tecnologias de informação; razoáveis custos laborais; instalações cosmopolitas em tempos livre e cultura; clima agradável (Primavera quase todo o ano). 11.2 Evolução do investimento directo português no estrangeiro O investimento directo português no exterior (IDPE), em termos brutos, aumentou substancialmente na década de 90, reflectindo o clima económico global, resultando esse processo num envolvimento crescente das empresas portuguesas nos mercados internacionais. Até 2000, os acréscimos de IDPE foram significativos, transformando-se Portugal num exportador líquido de capital, uma inversão do seu papel tradicional. No quinquénio em análise, o ano de 2007 foi o que 2006 2007 Investimento bruto 2008 2009 2010 Investimento líquido Fonte: Banco de Portugal, Fevereiro de 2011 Unidade: Milhões de Euros 11.2.1 Principais países de destino Fazendo uma análise da evolução verificada no último quinquénio, é notória a diversificação de mercados de destino do IDPE nacional. Assim, se em 2004 se registava um claro domínio de três países comunitários, Dinamarca, Holanda e Espanha, nos anos seguintes outros fora deste espaço viram a sua representatividade aumentar, como é o caso do Brasil, alguns países da Europa de Leste (Roménia, Polónia e Hungria) e também os EUA. Mais recentemente surgem Angola e Moçambique. Deste conjunto importa destacar o caso de Angola que de apenas 1% de quota em 2004 passou para 4% em 2010, o que em valor correspondeu a um aumento de 103 milhões para 227 milhões de euros. registou maior saída de capital para o exterior, em termos brutos, com valores a rondar os 11 mil milhões de euros. Em termos líquidos, o IDPE tem seguido uma trajectória variável, com 2006 a apresentar o valor mais volumoso (quase 6 mil milhões de euros) e 2010 a ser o único ano do quinquénio em que o valor foi negativo. De referir, ainda, que o “stock” de IDPE ascendia a 48,1 mil milhões de euros no final de 2010, o que representou um crescimento de 1,2% face ao acumulado no final de 2009. 60 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Investimento Directo de Portugal no Estrangeiro por Países de Destino - 2010ª 19,7% 11.2.3 Projectos recentes de internacionalização das empresas portuguesas Nas últimas duas décadas assistiu-se à internacionalização 22,0% de um número significativo de empresas portuguesas, 1,5% 1,8% 2,3% 3,2% com experiências bem sucedidas em grandes projectos internacionais. Este importante passo na consolidação de uma presença física em mercados externos, catapultou 3,8% 3,9% Portugal para uma posição assinalável entre os países 16,1% 11,3% exportadores de capitais. 14,4% Este processo de internacionalização pode caracterizar-se Luxemburgo Angola Roménia como um processo sustentado (particularmente desde a Espanha Polónia França Países Baixos EUA Outros adesão de Portugal à UE), marcado pela proliferação de Brasil RU actores (grandes empresas e PME) e pela diversificação progressiva de mercados, estando as empresas portuguesas Fonte: Banco de Portugal (Fevereiro 2011); Nota: (a) Investimento bruto presentes em quase todo o mundo. Depois de uma primeira fase de domínio das grandes empresas, as PME adquiriram 11.2.2 Principais sectores um papel de protagonismo, ajustando-se assim mais ao perfil Por sector de actividade, as Actividades financeiras e de seguros (representam mais de metade das saídas de capital português para o estrangeiro), seguidas das Actividades de consultoria e do Comércio têm sido as áreas preferenciais de aposta dos empresários portugueses no exterior. empresarial de Portugal, e os destinos foram igualmente alargados originando uma maior diversificação geográfica dos investimentos, com a escolha de “novos” mercados, mais distantes e de maior complexidade na abordagem. No conjunto das grandes empresas portuguesas importa destacar as seguintes: Grupo EDP; Grupo Cimpor; Galp Investimento Directo de Portugal no Estrangeiro por Sectores - 2010ª 0,7% 0,8% Energia; Grupo Sonae; Grupo Amorim; Banca em geral; PT; as principais empresas de construção civil e obras públicas (Mota Engil, Teixeira Duarte, Soares da Costa, etc.); Grupo 0,5% 5,8% Efacec; Grupo Pestana; Grupo Visabeira; Grupo Sogrape; 5,7% Portucel/Soporcel; Iberomoldes; Simoldes; Martifer. 6,6% São vários os sectores escolhidos pela empresas portuguesas 8,6% que decidiram apostar numa estratégia de internacionalização, 59,3% 12,0% Actividades financeiras e seguros Actividades de consultoria, ciêntificas e técnicas Comércio por grosso e a retalho Construção Fonte: Banco de Portugal (Fevereiro 2011); mas há uns que pela sua dimensão, reconhecimento, knowhow e impacto do investimento nos mercados de destino, vale a pena salientar. São eles, o sector imobiliário, a construção Indústria transformadora Electricidade, gás, água Actividades de informação e comunicação civil e obras públicas, as telecomunicações, os cimentos, o sector energético e o turismo. Actividades imobiliárias Outros Nota: (a) Investimento bruto No sector das telecomunicações a PT - Portugal Telecom assume-se como a entidade portuguesa com maior 61 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) projecção nacional e internacional e dispõe de um portfolio (China) assim como os relativos ao aumento de capacidade de negócios diversificado em que a qualidade e inovação no Brasil (Cezarina, Cajati e João Pessoa). constituem aspectos determinantes, estando ao nível das mais avançadas empresas internacionais do sector. Mas é no sector energético e principalmente na área das A actividade da empresa abarca todos os segmentos energias renováveis que tem havido maior dinâmica de do sector das telecomunicações: negócio fixo, móvel, internacionalização das empresas portuguesas ligadas a multimédia, dados e soluções empresariais. A sua presença esta área nos últimos anos, com o objectivo não só de internacional estende-se a países como Cabo Verde, tomar posições no mercado energético internacional, mas Moçambique, Timor, Angola, Quénia, China, Brasil, S. Tomé fundamentalmente para aumentar a capacidade instalada de e Príncipe e Namíbia. produção de energia com recurso a fontes limpas. Podemos destacar os casos da EDP Renováveis e Martifer Solar. Na área da construção civil e obras públicas são muitos os casos de sucesso de empresas portuguesas deste sector, que sozinhas, ou integradas em consórcios têm vindo a ganhar importantes projectos nesta área, onde a diversificação de mercados é também um dado adquirido. Não sendo possível referir todos, dado o número considerável de concursos internacionais ganhos por empresas portuguesas nos últimos anos, envolvendo valores significativos, evita-se o risco de uma selecção que deixe de fora casos emblemáticos, quer pelas características que os projectos revestem, quer pelos mercados de actuação. Importa, no entanto, voltar a destacar dois factos relevantes: o volume de negócios internacional atingiu, só em 2009, um valor superior a 3 mil milhões de euros, e as três maiores empresas do sector, Mota & Engil, Teixeira Duarte e Soares da Costa, integram a lista das 100 maiores A EDP Renováveis é líder mundial no sector das energias renováveis e o 4º maior produtor de energia eólica do mundo. Com Sede em Portugal e escritórios em Espanha (Madrid), opera ainda em mais 9 países: França, Bélgica, Polónia, Roménia, Reino Unido, Itália, EUA, Canadá e Brasil. Em 2010, tinham já uma potência eólica instalada de 6,7 GW, que produziu 14,4 TWh de electricidade 100% limpa e suficiente para abastecer 1,8 milhões de lares num ano. A Martifer Solar está já em 10 países: na Europa (Bélgica, Espanha, França, Grécia, R.Unido, Itália (onde se coloca entre as maiores empresas de instalação solar fotovoltaica no país transalpino); na Europa de Leste (R. Checa e Eslováquia) e ainda, nos EUA a desenvolver parques eólicos no Sul do Texas (a meta é atingir os 800 megawatts em 2012), e em Cabo Verde nas ilhas do Sal e Santiago com as construtoras europeias. duas maiores centrais fotovoltaicas do continente africano. Na área dos cimentos, a CIMPOR está presente em vários A Galp Energia que, graças às incessantes descobertas mercados internacionais: África do Sul, Brasil, Cabo Verde, de petróleo no litoral brasileiro pelo consórcio em que China, Egipto, Espanha, Índia, Marrocos, Moçambique, está integrada formado pela Petrobrás e pela BG Group Peru, Tunísia, Turquia, com fábricas de cimento, moagens irá ter ganhos mais significativos a médio prazo. O de cimento, centrais de betão, explorações de agregados consórcio explora as águas profundas da Bacia de Santos e e unidades fabris de argamassas secas. Em termos recentemente anunciou a descoberta de uma quantidade anuais, o Brasil, Turquia, China, Tunísia e Moçambique, relevante de petróleo no bloco BM-S-11. No poço Iara em consequência dos aumentos de vendas e preços, detido em 10% pela Galp foi identificado um potencial contribuíram positivamente para o crescimento do entre três e quatro mil milhões de barris de petróleo e gás Volume de Negócios da Cimpor, em 2010. De entre os natural, acima do esperado. investimentos realizados destacam-se, pelo seu valor, os novos moinhos de cimento em Cezarina (Brasil) e Matola Em 2010 a Efacec obtém novo contrato de 5,3 milhões de (Moçambique), a conclusão da fábrica de Zaozhuang euros na área das Energias Renováveis, na Europa Central 62 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) (R. Checa), que inclui o fornecimento de equipamento Para além dos exemplos referidos, também é possível (inversores, transformadores e aparelhagem de média destacar projectos de internacionalização bem sucedidos tensão) à empresa checa NC Services, para uma central por parte de PME portuguesas, como a Kyaia (Fly London), fotovoltaica de 1,85 MW, e na Grécia ganha um contrato Silva & Fontela (Pablo Fuster); Armando Silva (Gino Bianchi de fornecimento de equipamento para três subestações de e Yucca) e Calzeus (Swear) (calçado); Cin e Euronavy Alta Tensão de 150 kV, para a empresa grega Public Power (tintas); Sumol-Compal (alimentar); Impetus (Throttleman), Corporation SA (PPC), no valor de 11,2 milhões de euros. Lanidor Dielmar, Diniz & Cruz (vestuário); Coelima e Lameirinho (têxteis lar); Renova (papel para uso doméstico); O Grupo Portucel/Soporcel vai investir 2,3 mil milhões de Parfois e Lune Bleu (acessórios de moda); Dot One euros em Moçambique, até 2025, na construção de uma (marketing e publicidade). fábrica de pasta de papel, no seguimento do direito de uso e aproveitamento de terra destinada a silvicultura na Em sectores não tradicionais ou de tecnologia de ponta província da Zambézia, que lhe foi atribuído pelo governo destacam-se algumas empresas portuguesas com forte moçambicano, e que tornará Moçambique num dos crescimento internacional, tais como WeDo Technologies maiores fornecedores africanos de pasta de papel. (escritórios no Brasil, Austrália, Chile, Egipto, França, Irlanda, Malásia, México, Panamá, Polónia, Espanha, Singapura e Na área das infra-estruturas turísticas são igualmente muitos Reino Unido), Primavera Software (escritórios em Espanha, os exemplos a referir, com empresas portuguesas a realizar Brasil, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, investimentos em vários países. Só no Brasil, o pipeline Cabo Verde e Guiné-Bissau), Mobicomp (subsidiária da de investimentos turísticos portugueses está em franca multinacional Microsoft), Critical Software (escritórios nos expansão: para além do Grupo Pestana e Vila Galé, empresas EUA, R.Unido, Roménia, Moçambique e Brasil), Altitude portuguesas como o Grupo Espírito Santo, Dorisol, Oásis Software (escritórios em mais de 15 países) e a Alert Life Atlântico, João Vaz Guedes, Reta Atlântico, Grupo Enotel, Sciences Computing que se dedica ao desenvolvimento, entre outros, têm projectos de investimento em curso. distribuição e implementação do software de saúde ALERT®, concebido para criar ambientes clínicos sem papel, que já se O Grupo Pestana, um dos maiores players do turismo encontra disponível em unidades hospitalares espalhadas por português e uma das TOP 100 cadeias hoteleiras do mundo vários países do mundo. tem presença consolidada em 9 países: Brasil, Argentina, São Tomé e Príncipe, Moçambique, África do Sul, Cabo Verde, Venezuela, Reino Unido e Alemanha. Para 20122013 estão programados novos investimentos nos EUA (Miami), Uruguai (Montevideu) e Marrocos (Casablanca). Para além dos hotéis o Grupo Pestana gere ainda a rede das Pousadas de Portugal com projectos de desenvolvimento e de novas unidades no estrangeiro a somar à que se encontra situada no Convento do Carmo na Bahia (Brasil). O Grupo Vila Galé, igualmente um dos principais grupos hoteleiros nacionais e que integra o ranking das 250 empresas hoteleiras mundiais, soma às 17 unidades em território nacional, 6 unidades no Brasil, com um total de 11.918 camas. 63 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) 12. Turismo Depois de dois anos em que o sector do turismo enfrentou uma série de obstáculos (crise económica e financeira mundial, volatilidade do preço do petróleo, perturbações climáticas, pandemia - Gripe H1N1), que provocaram uma contracção nos fluxos turísticos mundiais (-4% em 2009), podendo mesmo ser considerado um dos períodos mais difíceis da sua história recente, em 2010 o sector voltou a recuperar, mais depressa do que era esperado. Segundo a Organização Mundial do Turismo, as chegadas de turistas aumentaram 6,7%, com os mercados emergentes a serem os “motores” dessa recuperação (+8%). Para este crescimento também contribuíram alguns mega-eventos realizados ao longo do ano de 2010, nomeadamente os Jogos Olímpicos de Inverno no No estudo “Tourism 2020 Vision”, publicado pela mesma Canadá, a Exposição Mundial em Xangai, o Campeonato entidade, prevê-se que o crescimento médio anual nos do Mundo de Futebol na África do Sul e os Jogos da primeiros vinte anos deste novo milénio será de 4,1% e que Commonwealth na Índia, capazes de atrair visitantes o número de entradas de turistas em 2020 deverá atingir os e contribuir para a promoção dos países anfitriões, 1,6 mil milhões, sendo que 1,2 mil milhões corresponderão enquanto destinos turísticos. a deslocações intra-regionais e 378 milhões a viajantes de longo-curso. A Europa (717 milhões de turistas), Ásia e No que se refere às receitas turísticas, as estimativas Pacífico (397 milhões) e as Américas (282 milhões) serão as apontam igualmente para um crescimento, embora inferior três maiores regiões receptoras de turistas. ao das chegadas de turistas, tendência que é típica em fases de recuperação, em que aumenta a concorrência entre operadores, esmagam-se os preços para captar mais De acordo com o WTTC o sector do turismo terá contribuído, em 2010, com 8,7 mil milhões de euros para a economia portuguesa, ou seja, aproximadamente 5% do PIB clientes e em que estes escolhem destinos mais próximos nacional, em termos directos. No mesmo ano, criou 328 mil do país de residência e períodos de férias mais curtos. postos de trabalho, o que correspondeu a 6,6% do total do Segundo o World Travel and Tourism Council – WTTC, emprego directo. Para 2011, as previsões apontam para que em 2011 a actividade turística (directa e indirecta) deverá o sector turístico represente 5,3% do PIB, 7% do emprego, representar 9,1% do PIB, 8,8% do emprego, 5,8% das 18,6% das receitas e 10,5% do investimento total. exportações e 4,5% do investimento mundial. Para além do contributo positivo para a balança de pagamentos, este sector é um dos mais importantes da As projecções apontam para a manutenção da tendência economia portuguesa, não só em termos de contributo de crescimento do sector do turismo a nível mundial em líquido para o PIB nacional tanto directo como indirecto, 2011, embora a um ritmo mais lento, ou seja, entre 4% mas sobretudo no que diz respeito à sua importância e 5%. Na região da Europa o aumento deverá situar-se estratégica traduzida nas receitas que proporciona, na mão- entre os 2% e 4%, com os principais destinos turísticos, de-obra que ocupa e no efeito multiplicador que induz em como a França e Espanha, a poderem apresentar maior várias áreas, contribuindo positivamente para o reforço da margem de crescimento. imagem de Portugal no exterior. 64 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) O nosso país apresenta vantagens comparativas a vários níveis: clima, segurança, proximidade à costa, qualidade Dormidasa b das praias, campos de golfe de reconhecida qualidade internacional, oferta diversificada (paisagística, casinos, marinas, cultura, tradição, gastronomia) e boas ligações aéreas, regulares, charter e low-cost internacionais. São inúmeros os locais a visitar em Portugal, sem esquecer que na lista do Património Mundial da UNESCO se encontram os centros históricos do Porto, Angra do Heroísmo, Guimarães, Évora e Sintra, bem como monumentos em Lisboa, Alcobaça, Batalha e Tomar, as gravuras paleolíticas de Foz Côa, a floresta laurissilva na Ilha da Madeira e as paisagens vitivinícolas do Rio Douro e da Ilha do Pico no arquipélago dos Açores. Depois do 2º lugar obtido pelos Açores, numa selecção de 111 ilhas ou arquipélagos, numa iniciativa da National 2006 2007 2008 2009 2010P Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística Unidade: milhares Notas: (a) Permanência de um indivíduo num estabelecimento que fornece alojamento por um período compreendido entre as 12 horas de um dia e as 12 horas do dia seguinte. (b) Inclui Dormidas nas Estalagens + Hotéis Apartamentos + Hotéis + Motéis + Pensões + Pousadas (P) dados provisários Receitas Geografic Traveler, da Ilha do Pico ter sido classificada a 4ª melhor ilha do mundo para viver ou ter uma moradia turística, pela revista Islands, da Madeira aparecer em 6º lugar no conjunto das 10 melhores ilhas europeias pela revista Condé Nast Traveller, também a hotelaria portuguesa tem sido premiada internacionalmente: o Reid’s Palace da Madeira consta do “25 Top Europe Resorts”; o Hotel Britania, unidade de charme dos Hotéis Heritage Lisboa é um dos “Top 10 Best Service e Luxury – Mundo” e, mais recentemente o Choupana Hills Resort & SPA, situado na Madeira foi distinguido com o The Readers’ Spa Awards 2011 da Condé Nast Traveller (9º lugar entre os melhores 2006 2007 2008 2009 2010 Fontes: Banco de Portugal Unidade: milhões de euros Nota: (P) - Dados provisórios hotéis de spa na Europa). os EUA a constituírem as únicas excepções no conjunto dos De acordo com os dados do INE, em 2010 a hotelaria registou 10 maiores mercados emissores de turistas para o nosso país. 23,7 milhões de dormidas de turistas em Portugal, o que Em 2010, a repartição de dormidas de estrangeiros na correspondeu a uma variação homóloga positiva de 2,1%. No hotelaria global colocou o Reino Unido no primeiro lugar grupo dos principais mercados emissores, Reino Unido (-2,2%) com 23,4% do total, seguindo-se a Espanha (13,9%), e Alemanha (-1,8%) registaram quebras face a 2009, Espanha Alemanha (13,8%); Países Baixos (7,8%) e França (6,9%). e Holanda cresceram 3% e 2,8%, respectivamente. Por regiões, constata-se que o Algarve, Lisboa e Madeira As receitas turísticas acompanharam o crescimento das concentraram 82,7% das dormidas de estrangeiros nos dormidas tendo atingido os 7,6 mil milhões de euros em estabelecimentos hoteleiros. O Algarve registou 9,4 milhões 2010, ou seja, mais 10% do que no ano anterior. de dormidas (+1,8% do que no mesmo período de 2009), A maior parte dos turistas que visitam Portugal são oriundos Lisboa 6 milhões (+169 mil dormidas de estrangeiros) e a da Europa, principalmente da União Europeia, com o Brasil e Madeira 4,1 milhões de dormidas (-10,4%). 65 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Dormidas de Estrangeiros por Países de Origem (%) Reino Unido Espanha Alemanha 2008 Países Baixos França 2009 Itália Brasil Irlanda EUA Bélgica 2010P Fontes: INE – Instituto Nacional de Estatística Nota: (P) - Dados provisórios 13. Relações Internacionais e Regionais Portugal integra hoje um número significativo de organizações financeiras internacionais, entre as quais assumem particular significado os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMD), pelos objectivos que os norteiam, pela dimensão das suas intervenções e consequente impacto nos países beneficiários, mas também pelo “poder” que alguns deles têm vindo a assumir no contexto internacional. (BAfD) e do Banco Asiático de Desenvolvimento (BAsD). Data de 1960 a adesão de Portugal às organizações de “Bretton Woods” – Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), seguida de sucessivas adesões a outras organizações de carácter universal e regional24, as últimas das quais se verificaram em 2002, com o Banco e o Fundo Asiático de Desenvolvimento (BAsD e FAsD) e a Coorporação Interamericana de Investimentos (CII), do Grupo BID. No caso particular do Banco Europeu de Investimento (BEI), a adesão de Portugal a este banco decorre, Estas organizações deram origem ao aparecimento de outras entidades com vocações diferenciadas e com diferentes graus de autonomia. O primeiro grupo que se constituiu automaticamente, da entrada de Portugal para a então Comunidade Económica Europeia (CEE), constituindo os estatutos do BEI um anexo ao Tratado de Roma. foi o do Banco Mundial (BM), que integra actualmente 5 organizações23, sendo que uma é não financeira, e que serviu Portugal é ainda membro da Organização de Cooperação e de modelo aos restantes grupos que entretanto se foram Desenvolvimento Económico (OCDE), da Organização das constituindo, como é o caso do Banco Interamericano de Nações Unidas (ONU) e suas agências especializadas, da Desenvolvimento (BID), do Banco Africano de Desenvolvimento 24 Corporação Financeira Internacional (IFC- Grupo BM); Agência Multilateral de Garantia do Investimento (MIGA – grupo BM); Associação Internacional para o Desenvolvimento (AID – grupo BM), Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID); 23 Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD); Associação Fundo de Operações Especiais (FOE – grupo BID); Fundo Multilateral de Investimentos Internacional de Desenvolvimento (IDA); Corporação Financeira Internacional (IFC); (MIF – grupo BID); Banco Africano de Desenvolvimento (BAfD); Fundo Africano de Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA); Centro Internacional para Desenvolvimento (FAfD – grupo BAfD), Banco Europeu de Construção e Desenvolvimento Arbitragem de Disputas sobre Investimento (ICSID). (BERD). 66 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Organização Mundial do Comércio (OMC) desde 1995 e da organização Mundial do Turismo (WTO) desde 1976. Em diversas organizações financeiras multilaterais de que é membro, Portugal intervém na dupla qualidade de Estado Membro (EM) doador e beneficiário. É no caso do Banco Mundial que Portugal obtém o maior retorno do investimento, mas é no BID – Banco Inter-Americano de Desenvolvimento que se verifica o maior rácio entre a doação e o retorno, em grande medida devido à sua reduzida participação financeira. A nível regional, Portugal é membro da União Europeia desde 1 de Janeiro de 1986 e faz parte do Conselho da Europa, da União da Europa Ocidental (UEO) e da Agência Espacial Europeia (AEE). Actualmente a UE é composta por 27 membros, sendo que apenas 1725, entre os quais Portugal, adoptaram a moeda única europeia (Zona Euro) e integram a União Económica e Monetária. 14. Condições Legais de Acesso ao Mercado goods/free_movement_goods_general_framework/index_ pt.htm), encontram-se isentas de controlo alfandegário, sem prejuízo, porém, de uma fiscalização no que respeita à qualidade e características técnicas. O relacionamento comercial de Portugal, assim como dos restantes Estados Membros da UE, é efectuado a dois níveis: Deste modo, os operadores económicos comunitários o realizado no espaço comunitário, designado por trocas podem comprar e vender livremente, em qualquer ponto intracomunitárias; e o estabelecido com países terceiros, do espaço comunitário, sem haver lugar ao cumprimento regido através da Política Comercial Comum da UE. de quaisquer formalidades no momento de passagem da mercadoria numa fronteira interna. A ausência dos 14.1 Regime de trocas intracomunitárias controlos alfandegários não implica, porém, a eliminação de regras relativas ao transporte, segurança, qualidade e especificações técnicas dos produtos. Tais regras existem e, As mercadorias com origem na UE ou colocadas em na sua generalidade, são impostas pela própria legislação livre prática no território comunitário (http://europa.eu/ comunitária já harmonizada, com vista à defesa da saúde e legislation_summaries/internal_market/single_market_for_ segurança dos consumidores. 25 A circulação de mercadorias no interior da União deve 26 Zona Euro17 - Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre (2008), Eslováquia (2009), Eslovénia (2007), Espanha, Estónia (2011), Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta (2008), Países Baixos e Portugal 26 Mercadorias em “livre prática” são aquelas que já cumpriram as formalidades de importação (incluindo o pagamento de direitos aduaneiros e de outras taxas, quando devidas) num dos Estados-membros, passando a poder circular livremente por todo o espaço comunitário sem haver necessidade de cumprimento de formalidades adicionais. ser acompanhada de todos os documentos usualmente exigidos pelas autoridades nacionais, designadamente: documentos de transporte, factura comercial, certificados de conformidade, de qualidade, sanitários e fitossanitários. 67 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) A fiscalização poderá ser efectuada a qualquer momento e aos direitos que incidem na importação de mercadorias seja em qualquer local, desde o lugar de expedição dos bens até qual for a respectiva origem, bem como sobre os regimes ao de consumo final. aduaneiros existentes. Além dos direitos aduaneiros, os produtos importados Refira-se ainda que há um conjunto de transacções estão sujeitos ao pagamento do Imposto sobre o Valor intracomunitárias27 (valores limiares definidos pelo INE) Acrescentado (IVA) (http://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/ relativamente às quais as empresas são obrigadas a declarar apoio_contribuinte/guia_fiscal/iva/), cuja taxa normal em os respectivos montantes (Declaração Intrastat). Portugal é de 23%, sendo que alguns produtos beneficiam de uma taxa de 13% ou de uma taxa reduzida de 6%. 14.2 Regime geral de importação Nas Regiões Autónomas a Madeira e Açores as taxas A União Aduaneira implica, para além da existência de um sofrem uma ligeira redução: taxa normal 16%, taxa território aduaneiro único, a adopção da mesma legislação intermédia 9% e taxa reduzida 4%. neste domínio – Código Aduaneiro Comunitário (http:// europa.eu/legislation_summaries/other/l11010_pt.htm) – Refira-se, por último, a existência de uma Zona Franca da bem como a aplicação de iguais imposições alfandegárias Madeira, legalmente entendida como o enclave territorial aos produtos provenientes de países terceiros – Pauta em que as mercadorias aí existentes são, em regra, Exterior Comum (PEC)28. Contudo, a Comunidade concede consideradas exteriores ao território aduaneiro para efeitos vantagens aduaneiras às mercadorias originárias de de aplicação de direitos aduaneiros, restrições quantitativas determinados países em desenvolvimento (beneficiários ou medidas de efeito equivalente. do Sistema de Preferências Generalizadas –SPG), ou de Desde que devidamente autorizadas, poderão ser exercidas países com os quais a UE celebrou acordos preferenciais), na zona franca todas as actividades de natureza industrial, que se traduzem na aplicação de direitos aduaneiros mais comercial ou financeira, embora as primeiras duas favoráveis (ou mesmo isenção) do que os estabelecidos no confinadas a uma área delimitada (na medida em que âmbito da OMC, com excepção de produtos mais sensíveis implicam a movimentação física de mercadorias), situação em termos dos interesses comunitários. que não sucede com os serviços “off shore”, que podem instalar-se em qualquer ponto do território do arquipélago, Se o importador pretender beneficiar destes regimes terá que incluindo a cidade do Funchal. comprovar obrigatoriamente a origem das mercadorias. No caso das importações provenientes de países beneficiários do As empresas a operar na Zona Franca da Madeira têm regime SPG, através do “Certificado de Origem FORM A”, acesso a um conjunto significativo de benefícios de nas importações dos restantes países através do “Certificado natureza aduaneira, fiscal, financeira e económica. de Circulação de Mercadorias EUR 1”. Os referidos certificados poderão ser obtidos junto da Direcção-Geral das Alfândegas e Impostos Especiais de Consumo (http:// www.dgaiec.min-financas.pt/pt), entidade competente para prestar informações relativas à classificação dos produtos, Informação mais detalhada sobre as diferentes modalidades de regimes aduaneiros vigentes no espaço comunitário, assim como os documentos de importação necessários, encontram-se no Anexo 1. 27 Disponível em http://www.ine.pt As mercadorias comunitárias ou originárias de países 28 A PEC baseia-se no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de terceiros introduzidas em qualquer um dos Estados- Mercadorias, sendo os direitos de importação na sua maioria “ad valorem”, calculados sobre o valor CIF das mercadorias. membros, deverão cumprir as exigências técnicas 68 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) estabelecidas na legislação comunitária e ser acompanhadas de toda a documentação exigida para a sua comercialização, nomeadamente certificados de conformidade, de qualidade, sanitários, veterinários e fitossanitários. Com vista à protecção da saúde e segurança dos consumidores, a Comunidade tem procurado harmonizar(http://europa.eu/legislation_summaries/ consumers/product_labelling_and_packaging/index_pt.htm) as regras da rotulagem, apresentação e publicidade de vários produtos, nomeadamente alimentares, brinquedos, etc., por forma a minimizar os entraves à livre circulação de mercadorias no território comunitário. Em Portugal a ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (http://www.asae.pt/) é a autoridade administrativa nacional especializada no âmbito da própria legislação, nomeadamente em matéria fiscal e em segurança alimentar e da fiscalização económica. Deste matéria de supervisão das instituições financeiras. modo, é responsável pela avaliação e comunicação dos riscos na cadeia alimentar, bem como pela disciplina do Os países comunitários podem, ainda, prever processos exercício das actividades económicas nos sectores alimentar de declaração dos movimentos de capitais para efeitos e não alimentar, mediante a fiscalização e prevenção do de informação administrativa ou estatística e tomar cumprimento da legislação reguladora das mesmas. outras medidas, justificadas por razões de ordem pública ou segurança pública. Todavia, todas estas medidas e estes procedimentos não devem constituir um meio de 14.3 Regime de investimento estrangeiro discriminação arbitrária, nem uma restrição simulada à livre circulação de capitais e de pagamentos. O Tratado da União Europeia consagra a livre circulação de Ao investidor estrangeiro é conferido o mesmo tratamento capitais, da qual resulta um quadro geral do investimento que aos investidores nacionais, não existindo, de modo estrangeiro no espaço comunitário, nos termos dos limites geral, restrições no sector privado, podendo as empresas decorrentes do princípio da subsidiariedade, isto é, sem prejuízo ser detidas na sua totalidade por capital externo. de instrumentos legislativos de alguns Estados-Membros. No que se refere à estrutura comercial de implantação, a No âmbito da livre circulação de capitais, estão proibidas sua escolha depende do objectivo do investidor e, bem todas as restrições aos movimentos de capitais – investimento assim, do grau de autonomia que o mesmo pretende em – e, bem assim, todas as restrições aos pagamentos – relação à sociedade-mãe. pagamento de uma mercadoria ou de um serviço. Informação mais detalhada sobre esta matéria, Os Estados-Membros podem, no entanto, tomar medidas nomeadamente no que diz respeito às várias formas justificadas com o objectivo de impedir infracções à sua jurídicas de empresas, poderá ser consultada nos Centros 69 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) de Formalidade de Empresas (CFE) (http://www.cfe.iapmei. análise, negociação, contratualização e acompanhamento pt), serviços de atendimento e de prestação de informações dos grandes projectos de investimento (interlocutor único), aos utentes que têm por finalidade facilitar os processos de cabendo ao IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e constituição, alteração ou extinção de empresas e actos afins. Médias Empresas e à Inovação (http://www.iapmei.pt/) a responsabilidade de assegurar o acompanhamento dos Em Portugal, no sentido de adequar o quadro normativo projectos de investimento de valor inferior a 25 milhões de português às mais recentes orientações da União Europeia euros, excepto os relativos ao sector do Turismo. e da OCDE, foi instituído um Regime Contratual Único 29 que se rege pelo Decreto-Lei nº 203/2003 de 10 de No que se refere à regulamentação referente aos incentivos Setembro (consulta gratuita através do endereço (http:// atribuídos pelo Estado Português ao abrigo do novo www.dre.pt/). Este diploma veio revogar o regime de Quadro de Referência Estratégico Nacional – QREN – 2007- registo a posteriori das operações de investimento em 2013, que enquadra a concretização em Portugal de Portugal, pondo-se termo ao tratamento diferenciado do políticas de desenvolvimento económico, social e territorial investimento estrangeiro face ao nacional. através dos fundos estruturais e de coesão associados à política de coesão da União Europeia, sugere-se a consulta Um promotor estrangeiro poderá também ver os seus ao endereço http://www.qren.pt/. projectos de investimento reconhecidos como projectos PIN (Projectos de Potencial Interesse Nacional) ou PIN+ (Projectos de Potencial Interesse Nacional classificados como de importância estratégica), desde que as operações em causa sejam efectuadas por intermédio de filial constituída em Portugal e cumpram os requisitos previstos na respectiva legislação: - PIN – Decreto-Lei nº 174/2008 de 26 de Agosto e Despacho nº 30850/2008 de 28 de Novembro. - PIN+ - Decreto-Lei nº 285/2007, de 17 de Agosto. Os interessados poderão obter mais informação acedendo ao seguinte link constantes do site da aicep Portugal Global: http://www.portugalglobal.pt/PT/InvestirPortugal/ InstrumentosRelevantes/pin/Paginas/PINPIN.aspx A aicep Portugal Global (http://www.portugalglobal.pt/ ) assume o papel de entidade competente para a recepção, 29 Regime Contratual Único - aplicável aos grandes projectos de investimento, quer de origem nacional, quer estrangeira, que apresentem um valor superior a 25 milhões de Euros, a realizar de uma só vez ou faseadamente até 3 anos, ou que, embora não atinjam esse valor, sejam da iniciativa de uma empresa cuja facturação anual consolidada seja superior a 75 milhões de Euros, ou por uma entidade de natureza não empresarial cujo orçamento anual seja superior a 40 milhões de Euros, independentemente do sector de actividade ou da nacionalidade do investidor. 70 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) ANEXOS as submeter a operações de aperfeiçoamento num país terceiro, e de introduzir em livre prática os produtos Anexo 1 - Regimes Aduaneiros resultantes destas operações beneficiando de isenção total ou parcial dos direitos de importação. O Código Aduaneiro Comunitário veio harmonizar e Transformação sob Controlo Aduaneiro – implica simplificar as formalidades administrativas na circulação a utilização no território aduaneiro de mercadorias de bens entre os Estados-membros com países terceiros, provenientes de países terceiros, para aí serem submetidas possibilitando a adopção de diferentes modalidades de a operações que lhes modifiquem a natureza ou o estado, regimes aduaneiros: sem que fiquem sujeitas a direitos de importação ou a medidas de política comercial, e à respectiva introdução Livre Prática – introdução de um produto originário de um em livre prática dos produtos resultantes destas operações, país terceiro no espaço da União conferindo-lhe o estatuto após o pagamento dos respectivos encargos. Estes aduaneiro de mercadoria comunitária, depois de cumpridas produtos denominam-se produtos transformados. as formalidades de importação (incluindo o pagamento de direitos aduaneiros e outras taxas, quando devidas) Importação Temporária – admissão temporária de podendo, deste modo, circular livremente no espaço da UE. produtos não comunitários, destinados a posterior reexportação, com suspensão do pagamento de direitos Entreposto Aduaneiro – permite a armazenagem, entre aduaneiros e de outros encargos, por um determinado outras, de mercadorias não comunitárias, sem que estas período de tempo, sem que tenham sofrido qualquer fiquem sujeitas a direitos de importação ou a medidas de alteração para além da depreciação normal resultante da política comercial. utilização que lhes tenha sido dada. Portugal é signatário da Convenção relativa ao Livrete ATA, ao abrigo do qual Aperfeiçoamento Activo – pressupõe a transformação de são admitidos temporariamente amostras comerciais, mercadorias não comunitárias e de produtos introduzidos material/equipamento profissional destinado a feiras e em livre prática, permitindo a adopção de dois sistemas: exposições comerciais, espectáculos, exibições ou similares (http://www.acl.org.pt/CmsPage.aspx?PageIndex=52). Sistema Suspensivo – utilização de mercadorias não comunitárias destinadas a posterior reexportação sob a forma de produtos compensadores (produto final que resultou das operações de aperfeiçoamento efectuadas), sem que sejam aplicadas imposições aduaneiras. Sistema de “Drawback” – transformação de bens introduzidos em livre prática, com reembolso ou dispensa do pagamento dos direitos de importação ou outras taxas, caso sejam exportados sob a forma de produtos compensadores. Aperfeiçoamento Passivo – permite exportar temporariamente mercadorias comunitárias, a fim de 71 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Anexo 2 - Documentos de Importação proposta negocial ou, ainda, para efeitos de importação temporária. Quando exigida é normalmente apresentada Os documentos desempenham um papel fundamental em em duplicado. qualquer transacção comercial, mas são substancialmente diferentes consoante estejamos face a uma importação/ Conhecimento de Embarque – os elementos constantes exportação de mercadorias (comércio extracomunitário), neste documento devem estar de acordo com os que se ou face a uma aquisição/venda (comércio entre Estados- encontram inscritos na Factura Comercial. membros da União Europeia). Lista de Embalagens – não sendo obrigatória, facilita No caso das trocas extracomunitárias de bens, o desembaraço aduaneiro das mercadorias, quando destacam-se pela sua importância, as licenças (no caso de provenientes de países terceiros. produtos objecto de restrições), as declarações (para as mercadorias submetidas ao regime de vigilância estatística Certificado de Origem – documento que atesta a prévia) e os certificados (sempre que a legislação o exija, proveniência da mercadoria. A sua apresentação é obrigatória como acontece com grande parte dos produtos agrícolas), no caso de importação de mercadorias sujeitas a preferências o documento administrativo único, a factura comercial e o pautais, originárias de países com os quais a UE celebrou certificado de origem. acordos preferenciais (EUR 1) ou de países beneficiários do Sistema de Preferências Generalizadas (FORM A). O Relativamente à documentação que deverá acompanhar as importador também pode solicitar este certificado por aquisições ou vendas intracomunitárias de bens, referem- razões que não têm que ver com a aplicação de preferências se a factura comercial, certificados de diversa natureza (em aduaneiras, caso em que é exigida certificação por uma conformidade com o tipo de bens) e a Declaração Intrastat. Câmara de Comércio do país de origem dos bens. As operações de importação (à semelhança das operações Documento Administrativo Único – formulário utilizado de exportação) terão que ser realizadas com o apoio em todo o território comunitário no cumprimento das de um Despachante Oficial, que tem conhecimento da formalidades aduaneiras de importação e exportação. documentação envolvida. Outros Documentos – na medida em que a Alguns exemplos: regulamentação nacional ou comunitária o determinar, por razões de protecção da saúde e segurança públicas Factura Comercial – documento base de qualquer e de defesa dos consumidores e do meio ambiente, a transacção comercial, cuja emissão é, em regra, obrigatória, importação na Comunidade de um número cada vez mais entregue pelo vendedor ao comprador, datado e numerado, vasto de mercadorias está sujeita, no desalfandegamento, e emitida na língua do comprador. Deve ainda mencionar os à apresentação de certificados de ordem diversa, consoante seguintes elementos: nome, morada e n.º contribuinte do os produtos em causa (ex: certificados sanitários, exportador/expedidor e do importador/adquirente; descrição fitossanitários, de qualidade, conformidade, etc.). detalhada da mercadoria; código pautal; quantidade; preço unitário; valor global; taxa de IVA aplicável. Factura-Pró-Forma – pode ser solicitada pelo importador para mercadorias sujeitas a licenciamento ou como 72 aicep Portugal Global Portugal - Perfil (Junho 2011) Anexo 3 - Endereços de Internet úteis INE – Instituto Nacional de Estatística – www.ine.pt GEE – Gabinete de Estratégia e Estudos – http://www.gee.min-economia.pt/ GPEARI – Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais - http://www.gpeari.min-financas.pt/ Diário da República – www.dre.pt Portal do Governo Português – www.portugal.gov.pt Ministério da Economia e da Inovação – www.min-economia.pt Ministério das Finanças e da Administração Pública – www.min-financas.pt CFE-IAPMEI – Centro de Formalidade de Empresas – www.cfe.iapmei.pt Direcção Geral das Alfândegas – www.dgaiec.min-financas.pt Câmara Portuguesa dos Despachantes Oficiais – www.cdo.pt Associação dos Transitários de Portugal – http://www.apat.pt/ ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica - www.asae.pt IPQ - Instituto Português da Qualidade – www.ipq.pt CERTIF – Associação para a Certificação de Produtos – www.certif.pt Portal do Cidadão – www.portaldocidadao.pt Associação Nacional de Municípios – www.anmp.pt AEP – Associação Empresarial de Portugal – www.aeportugal.pt AIP – Associação Industrial Portuguesa – www.aip.pt APB – Associação Portuguesa de Bancos – www.apb.pt APDC – Associação Portuguesa para o desenvolvimento das Comunicações – www.apdc.pt ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações – www.anacom.pt Turismo de Portugal, IP – www.turismodeportugal.pt Portal Oficial do Turismo – www.visitportugal.com 73