De que forma os investigadores de tecnologia e comunicação

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De que forma os investigadores de tecnologia e comunicação
De que forma os investigadores de tecnologia e comunicação estudam a internet?
Por Joseph B Walther, Geri Gay, e Jeffrey T. Hancock1
Tratando-se de uma análise parcial sobre comunicação e tecnologia, este trabalho retoma o
artigo de Newhagen and Rafaeli´s (1996) no Journal of Communication onde se questiona a
razão pela qual os investigadores da comunicação devem estudar a Internet. As direcções da
pesquisa, as conclusões e as teorias são analisadas com base em cinco importantes qualidades
da Internet identificadas por Newhagen and Rafaeli: multimédia, hypertexto, comutação de
pacotes, sincronismo e interactividade. O artigo termina com uma avaliação do
desenvolvimento teórico da comunicação e da pesquisa tecnológica, desafios que enfrenta o
crescimento teórico, e com uma resposta à questão sobre o que esta pesquisa nos poderia
ensinar.
Em 1996, uma edição especial conjunta desta revista e o do Journal of ComputerMediated Communication começava por colocar a questão de por que é que os investigadores da
comunicação deveriam estudar a Internet (Newhagen & Rafael, 1996). Sem fornecer uma
resposta explícita para a pergunta, os autores centraram-se em cinco "qualidades definidoras” da
Internet que, sugeriam eles, poderiam ser as mais importantes para estudar. Estas qualidades
incluíam a multimédia, a hypertextualidade, a comutação de pacotes, o sincronismo e a
interactividade.
Muito mudou em menos de uma década no que diz respeito à Internet. Algumas destas
cinco qualidades tornaram-se objecto de pesquisa, outras não. A World Wide Web,
relativamente nova em 1996, tinha, efectivamente, potencial para novas formas de multimédia, e
com o aparecimento de uma maior largura de banda, redes sem fio, e-mail melhorado,
telemóveis com capacidade para tirar fotografias, computadores que cabem na palma da mão
que exibem filmes e, também, a Web, a multimediatização explodiu. No entanto, apesar das
câmaras de vídeo para computadores pessoais poderem ser adquiridas, muitas vezes, por menos
de $10 US, a maioria das pessoas depende do correio electrónico e da conversação baseada no
texto para as suas conversas na Internet. A ausência de vários códigos de comunicação, como,
por exemplo, da presença física, nas mensagens de texto electrónicas, e os efeitos dessa
ausência numa variedade de resultados persistem como os principais problemas que
acompanham o crescimento da utilização e da investigação da Internet. A interactividade, em
sentido lato, está viva e bem de saúde na Internet e é uma dinâmica que exige a atenção teórica e
prática dos investigadores da comunicação. No entanto, enquanto conceito, a interactividade
tem sido pouco teorizada e, como variável, pouco operacionalizada. Estas questões remetem
para os campos da comunicação interpessoal e não verbal, para ideias como a proximidade
imediata e as deixas, comunicação em grupo para temas como a apropriação, e as tradições dos
mass media como os efeitos do canal e utilizações e gratificações. Acrescentemos à mistura a
comunicação visual e, de disciplinas relacionadas, a usabilidade e o design de interfaces, e o
estudo da comunicação na Internet é, simultaneamente, familiar e estranho. Tudo é novidade e
nada é novo.
A altura para um artigo que passasse em revista a área da comunicação e da tecnologia
podia servir para focar vários assuntos, a Internet e outras coisas. No entanto, a Internet tem tido
um grande impacto em quase todas as tecnologias da comunicação que possamos imaginar, e o
reapreciar das questões e respostas apresentadas por Newhagen e Rafaeli fornece um ponto de
partida útil para rever alguma da investigação recente na área da comunicação e da tecnologia.
De facto, em grande parte devido à Internet, pode dizer-se que o campo da tecnologia da
comunicação é tão grande e amplo como o da comunicação uma vez que a tecnologia da
1
Joseph B. O Wallher (PhD, lJniversity de Arizona) é professor de comunicação, Geri Gay (PhD, da Universidade de Cornell) é
professor, e Jeffrey T. O Hancock (PhD, da Universidade de Dalhousie) é professor assistente, todos na Universidade de Cornell. A
correspondência pode ser dirigida para o primeiro autor em 303 Kennedy Hal1, Departamento de Comunicação, Ithtaca, NY 14853
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comunicação tocou realmente em fenómenos de cada uma das subsecções ou divisões das
associações profissionais da. Dito isto, qualquer tentativa de um artigo que trace uma visão
global deste campo não lhe poderá fazer justiça, embora algumas monografias recentes mais
aprofundadas tenham sido excelentes (p. ex., Lievrouw et al., 2001; Lievrouw & Livingstone,
2002). Este artigo retomará as ideias apresentadas por Rafaeli e Newhagen para verificar que
desenvolvimentos ocorreram, principalmente na investigação mas também com a Internet, para
fazer o balanço dos nossos níveis de compreensão, o cumprimento das promessas dessas teses, e
como é que as novas ideias e tendências de investigação estão a moldar as futuras investigações
na área.
Multimédia
A multimédia tem vários significados. Num primeiro nível, a Web foi originalmente
notável pela sua capacidade de mostrar gráficos juntamente com texto, reproduzir som e vídeo
incorporados num documento ou ligados através de ligações na Internet. Num segundo nível, a
multimédia e a Internet estão relacionadas com a convergência dos media – isto é, a capacidade
das redes de computadores e de dispositivos transmitirem e exibirem sinais de televisão, filmes,
música e outros formatos de som e, devido à digitalização destes sinais, facilitar o seu
armazenamento e modificação. Num um terceiro nível, a multimédia refere-se aos esforços e
resistência, para integrar nos sistemas de comunicação de longa distância ou baseados em texto
uma maior capacidade para transmitir os elementos físicos da linguagem humana, isto é, a voz e
as mensagens corporais para além do texto. Estas três dimensões têm sido alvo, cada uma delas,
de considerável investigação.
O documento moderno é, frequentemente, um documento multimédia. Numerosos
estudos, muitas vezes relacionados com processos educativos, têm defendido as vantagens da
informação visual nos media instrucionais. Os efeitos das imagens são geralmente superiores ao
texto sem imagens nas mensagens instrucionais que envolvam elementos que possuem aspectos
visuais (Quealy & Langan-Fox, 1998). Para além disso, para certos tipos de aquisição de saber,
tanto materiais áudio com imagens como áudio-video (movimento) aumentam mais a
recuperação de informação do que o uso de texto com imagens. A Multimédia pode ajudar os
utilizadores a aprender tarefas físicas mais eficientemente, dependendo de os media mostrarem
a visão da perspectiva do actor ou do observador (Krull, 2001). A difusão de tutoriais
multimédia e outras técnicas de instrução baseadas no computador através da Web é,
actualmente, um lugar comum no ensino a distância, em complementos de cursos e uma
tendência geral no apoio técnico.
Uma outra questão na multimédia pode ser organizada sob o conceito, presença ou
presença social. De facto, "presença social" foi o primeiro termo usado por Short, Williams, e
Christie (1976) na sua teoria da teleconferência com o mesmo nome. A aplicação desta teoria à
CMC originou uma tensão contínua e não resolvida entre teóricos que sustentam a necessidade
da totalidade da largura de banda (isto é, todas as deixas não-verbais) para que ocorra uma
comunicação eficiente e teóricos que têm em consideração os compromissos possíveis ou
benefícios extras que uma comunicação “mais magra” proporciona. Embora debates mais
completos sobre as deixas, largura de banda e seus efeitos na comunicação estejam disponíveis
noutros lugares (por exemplo, Walther e Parks, 2002), alguns dos aspectos importantes deste
debate devem ser analisados.
Fazendo eco da caracterização que Culnan e Markus (1987) fizeram de algumas
posições como abordagens “sem-deixas” aos efeitos das reduções das deixas no processo de
comunicação, posições recentes têm defendido de uma forma bastante semelhante que há
algumas funções da comunicação que, em princípio, não podem ser conseguidas sem a copresença física e os sinais de comunicação que acompanham a proximidade. Por exemplo, Nardi
e Whittaker (2002) defenderam que a interacção FaF é um requisito para que os parceiros da
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comunicação (no seu contexto, colegas de trabalho) se possam relacionar e trabalhar de uma
forma eficiente. Alguns dos processos fundamentais que são impedidos pela CMC, defenderam
eles, incluem a capacidade de monitorizar mutuamente a atenção e disponibilidade e a
possibilidade de formar um laço interpessoal. As posições mais aceites que estas opiniões
reflectem incluem a teoria da presença social (Short, Wiliams, & Christie, 1976), uma teoria de
telecomunicações importada para CMC por Hiltz, Johnson, e Agle (1978) e Rice e Case (1983),
entre outros; a hipótese da “falta de deixas do contexto social” de Sproull, Kiesler, e colegas
(see for review Sproull & Kiesler, 1993); e a teoria da riqueza de informação/riqueza meios dos
media por Daft, Lengel, Trevino, e colegas (Daft & Lengel, 1986; Daft, Lengel & Trevino,
1987). Cada uma destas teorias apresentava como conceito principal uma ideia relacionada com
um sistema de deixas ou largura de banda - o número de sistemas de deixas incluindo a
linguagem e as deixas não verbais – como uma propriedade causal. À medida que a largura de
banda se torna menor, é defendido que aspectos da comunicação começam a divergir. Estas
alterações podem incluir menor consciência dos outros, menos comportamentos normativos e o
correspondente declínio do civismo, da coordenação, da empatia e da simpatia. Em caso de
riqueza dos media, dizia-se que o grau da largura de banda era um bom contraponto para os
equívocos ou incertezas nas mensagens de forma que a eficiência e a eficácia eram possíveis em
diferentes níveis. Esta era uma teoria mais empenhada em prescrever usos ideais e selecção
óptima dos media do que em incidir sobre a dinâmica do grupo ou o comportamento
interpessoal.
Um pouco mais moderadas as posições contemporâneas estão também a surgir. Uma
destas posições defende que existem determinadas funções e benefícios da interacção FaF que
ainda não são substituíveis por sistemas mediados - que as deixas e processos, muitos dos quais
ocorrem inconscientemente na comunicação FaF, ainda não estão ainda suficientemente
compreendidos para serem substituídos por sinais mecânicos ou rotinas que lhes permitam
funcionar sem proximidade (Olson & Olson, 2002). A diferença nestas duas posições é
importante. A primeira é um argumento absoluto. Esta posição teórica sustenta que as funções
comunicativas estão indissoluvelmente ligadas a certos sinais de comunicação e que, quando
esses sinais estão ausentes, as funções não são claras. A segunda visão é mais relativa,
oferecendo a possibilidade de que as funções poderem, potencialmente, ser coreografadas como
o intercâmbio de certos sinais, e que os sinais podem ser reconhecidos e, potencialmente,
comparados. Para além disso, a primeira posição sugere que o estudo de tecnologia de
colaboração remota concentra-se em quando se deve ou não utilizá-la e que a pesquisa pode
mostrar a evolução das consequências das boas e das más escolhas. A segunda posição implica
um maior estudo de comunicação FaF como um processo complexo mas que pode ser
conhecido, cujos resultados se tornam pistas para desenvolvimentos adicionais na interacção
Homem-Máquina (HCI), o campo de estudo dedicado ao desenvolvimento de interfaces e
sinais, não apenas entre actores e dispositivos, mas também entre actores através de
dispositivos. Por exemplo, como podemos indicar que a disponibilidade já é claramente visível
no sistema peer-to-peer do Instant Messenger, o qual mostra aos “amigos” de um utilizador
quando este está ligado ao seu computador (embora não de forma fiável), ou através de “away
messages” que indicam inacessibilidade (ou desatenção). Os problemas e soluções de interacção
Homem-Robot, pela qual poderemos vir a comunicar com dispositivos semi-autónomos, e eles
connosco, exigirão maior compreensão das interacções naturais e de como sintetizá-las (por
exemplo, Cappella & Pelachaud, 2002).
Poucos teóricos definiram os sinais transmitidos através da CMC de uma forma
funcional. Numa das excepções, Tanis (2003; Tanis & Postmes, 2003) sugeriu que os media
variam na sua capacidade de transmitir sinais para identidade e sinais para significado. Este
esquema bi-variável oferece uma útil distinção a partir da qual podemos começar a perguntar de
quais os sinais que as pessoas necessitam e o que os sistemas de sinais oferecem para que as
pessoas interajam efectivamente utilizando os media online. Embora este seja um começo útil, a
elaboração deste esquema por parte de Tanis equiparou informação fotográfica acerca dos
participantes com sinais para identidade e informação textual com sinais para significado. Esta
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dicotomia, infelizmente, é algo ilusória. Por exemplo, encontramos contrastes interessantes na
pesquisa entre o que as pessoas dizem precisar para detectar a identidade – na realidade,
frequentemente visual – e os sinais de que elas realmente utilizam para indicar ou inferir a
identidade entre parceiros online, os quais são, em muitos casos, textuais (por exemplo,
Flanagin, Tiyaamornwong, O’Connor, & Seibol, 2002; Herring & Martinson, 2004; Thomson,
Murachver, & Green, 2001). Pelo contrario, muito do trabalho clássico sobre CMC privilegia
não a linguagem, mas os sinais visuais como a melhor forma para eliminar a ambiguidade de
mensagens complexas (por exemplo, a teoria da riqueza dos media de Daft & Lengel, 1986;
Daft et al., 1987). No entanto, a consideração dos aspectos funcionais específicos dos sinais de
comunicação e a sua alteração através dos media, é um passo importante a merecer mais estudo.
A inclusão de outros sinais funcionais poderá ajudar a direccionar a nossa investigação. A
especificação de funções detectoras de atenção e sinais sugeridos por Nardi e Whittaker (2002)
são pontos que o desenvolvimento da CMC/HCI deveria explorar. Funções relacionais e sinais
na CMC (por exemplo, Walther, Loh, & Granka, 2005) também oferecem mais opções que
levam a uma pesquisa potencialmente funcional e bem definida que, em última análise, promete
ser mais útil do que uma bifurcação indiferenciada de sinais como sendo só textuais ou físicos,
ou ligando sistemas de sinais específicos a uma ou outra função.
Contudo, outra pesquisa aponta para vantagens nítidas na comunicação devido à
ausência de sinais multimédia na conversação. Embora a teorização inicial da CMC tenha tido a
esperança de que a substituição da linguagem multimodal e sinais físicos nas conversas de
grupo com mediação, a CMC baseada em texto pudesse reduzir distracções e conflitos, a
pesquisa subsequente sobre CMC de grupo revelou efeitos praticamente opostos e antagónicos
(vide para revisão, Walther, 1996a).
Duas linhas de pesquisa mostraram que a ausência de sinais pode, em alguns casos,
forjar identificações de grupo mais fortes do que a discussão FaF e, em outros casos, libertar os
utilizadores dos normais e, por vezes, eliminadores efeitos da interacção FaF devido aos sinais
físicos que a FaF transmite. O modelo de identificação social da desindividualização (modelo
SIDE; Spears & Lea, 1992, 1994) enfatiza o papel dos sinais para a identidade social sob as
condições de anonimato visual, comuns a todos os tipos de comunicação através da Internet. O
SIDE, em particular, vai beber às teorias de identidade social e auto-categorização (por
exemplo, Turner, Hogg, Oakes, Reicher, & Wetherell, 1987) para conceptualizar os indivíduos
como tendo múltiplas camadas de personalidade que podem ser acedidas dependendo da
identidade social que estiver proeminente. Quando as identidades pessoais proeminentes, a autocategorização corresponde à identidade única, individual da pessoa e leva a comportamentos
que expressam as crenças, normas e padrões associados à nossa identidade pessoal. Quando as
identidades sociais se salientam, a auto-categorização corresponde a grupos de valores dos quais
o indivíduo é um membro e leva a comportamentos que expressam as normas do grupo com o
qual o indivíduo se identifica.
Este processo de identificação é assumido pelo SIDE como sendo afectado de modo
assinalável pelo anonimato visual que a CMC concede. A comunicação através da Internet que
não possui sinais multimédia e que deixa os seus participantes visualmente anónimos tende a
criar sinais bastante mais salientes para a identidade devido à ausência de outros sinais de
identidade. Como tal, as pessoas com identidades sociais proeminentes, na ausência de sinais
multimédia, podem forjar laços mais fortes com grupos do que quando tais sinais (por exemplo,
uma fotografia) estão disponíveis (Spears & Lea, 1992). De facto, um número de estudos
mostrou que sob condições de anonimato visual, as pessoas tendem a agir de acordo com as
normas estabelecidas pelo grupo (Lea & Spears, 1991; Postmes, Spears, & Lea, 1998; Postmes,
Spears, Sakhel, & de Groot, 1998; Spears & Lea, 1992). Alem disso, uma identidade social
proeminente ampliada por condições online invisíveis estimula uma maior difamação de
membros de fora do grupo igualmente invisíveis. Quando fotografias ou videoconferência são
adicionados à CMC estes efeitos diminuem. Isto é, quando os sinais individualizadores da
aparência física pessoal lembram os utilizadores que há indivíduos e não apenas membros do
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grupo online, estes indivíduos são avaliados de forma independente e com menos parcialidade
(Lea & Spears, 1995; Lea, Spears, & de Groot, 2001).
A perspectiva hiperpessoal na CMC (Walther, 1996a) examinou igualmente o potencial
que os comunicadores em linha têm para exceder, nos estados relacionais e na resposta
colectiva, o que ocorre em contextos FaF paralelos. O modelo hiperpessoal descreve quatro
factores – emissores, receptores, o canal e o retorno (feedback) - que podem interagir com as
oportunidades ou características da comunicação em linha e que se supõe estarem na base dos
processos relacionais exagerados frequentemente observados online, tais como níveis acrescidos
de afinidade e de intimidade. No contexto da multimédia, a redução de indicadores visuais
desempenha um papel importante em cada um destes quatro factores. Em primeiro lugar,
quando não há qualquer informação visual disponível, os emissores podem gerir as impressõe
através da auto-apresentação selectiva, destacando características pessoais positivas (por
exemplo, domínio de um grande vocabulário), e ao mesmo tempo evitando aquelas menos
desejáveis (por exemplo, uma grande cintura). Do mesmo modo, os canais de comunicação
meramente textuais permitem aos emissores um maior controlo sobre a construção da
mensagem, ao garantirem mais tempo para elaboração e capacidade de edição das mensagens.
Na comunicação não-multimédia, os receptores ficam também mais propensos para se deixarem
aliciar pelos atributos idealizados dos seus parceiros online, especialmente quando os emissores
se apresentam de forma selectiva, e a semelhança ou complementaridade descrita na teoria de
SIDE estimula a sobreavaliação do atributo atracção. Por último, a ausência de multimediação
pode promover uma resposta circular entre emissores e receptores. Em particular, as percepções
idealizadas do receptor acerca do emissor podem, por sua vez, levar o emissor a comportar-se
de modo consistente com esta visão idealizada, um processo classificado como confirmação
comportamental (Snyder, Tanke & Berscheid, 1977), que conduz então a mais visões
idealizadas do emissor, e assim por diante. Conjuntamente considerados, estes factores sugerem
que, quando os sinais multimédia não estão disponíveis, os processos relacionais entre os
participantes deverão ser realçados ou exagerados.
Em defesa destes prognósticos, Hancock e Dunham (2001a) descobriram que as
primeiras impressões entre díades online desconhecidas entre si a executar uma tarefa
colaborativa eram mais extremas, embora menos detalhadas em termos do número de atributos
que os participantes escolheram para classificar as suas impressões sobre os parceiros, por
oposição a quando estava presente informação visual em díades FaF. Num estudo sobre o
desenvolvimento de relações com e sem informação visual acerca dos participantes, Walther,
Slovacek, e Tidwell (2001) descobriram que fornecer imagens a grupos de trabalho
transatlânticos de longa duração reduziu os seus níveis de afeição e de atracção social, em
relação a grupos de longa duração que trabalharam virtualmente juntos durante um semestre,
mas que nunca conheceram a aparência uns dos outros. Adicionalmente, os utilizadores que
permaneceram invisíveis receberam classificações mais elevadas em termos de atracção física
quanto maior era o tempo de conhecimento dos seus parceiros e quanto mais desenvolviam
esforços de auto-apresentação, apesar de não trocarem informações directas sobre as suas
aparências físicas. Esta descoberta contra-intuitiva é consistente com o modelo hiperpessoal.
A pesquisa que explora o apoio social online – os locais de encontro proporcionados
pela Internet nos quais os utilizadores oferecem apoio para problemas psicológicos, médicos, de
relações sociais e outros - permite uma maior percepção da teoria de SIDE e das dinâmicas
hiperpessoais que podem ser facilmente identificadas. Estes locais de encontro online alojam
desde uma mão cheia até centenas de indivíduos em grupos específicos acessíveis através da
Internet, onde as mensagens são, tipicamente, trocadas de forma assíncrona, usando mensagens
de texto. O comportamento de muitos destes grupos é fantástico na intimidade e na
inconfidência. Pode-se ver um efeito de “sinal na porta” (Wallace, 1999), que nos diz que os
utilizadores que entrem nestes espaços de conversação assíncrona (por exemplo,
alt.support.cancer na Usenet News) pouco mais sabendo acerca uns dos outros do que a sua
preocupação comum, enquanto paciente, familiar ou sobrevivente da causa comum da
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discussão. As dinâmicas do SIDE parecem muito claras aqui, uma vez o contexto social está
imediatamente bem definido e as regras destes grupos se tornam claras, quer através da imersão,
da leitura das perguntas frequentes (FAQs), ou da observação (ou da experimentação) da
censura às violações das regras (McLaughlin, Osborn & Smith, 1995). As dinâmicas
hiperpessoais podem ser detectadas na relativamente maior intimidade e confiança que parece
existir em alguns destes grupos em relação aos recursos humanos FaF que uma pessoa pode
exibir offline (Turner, Grube & Myers, 2001). Além disso, a investigação feita por Walther e
Boyd (2002), descobriu que as características hiperpessoais da gestão da interacção está entre as
atracções destes fóruns invisíveis, a par do anonimato, acesso, perícia e gestão do estigma.
Apesar da ausência de sinais de multimédia na Internet poder realçar algumas
propriedades comunicacionais e relacionais, há, não obstante, uma forte tendência para usar a
Internet para voz e imagem através da videoconferência. A eficácia da videoconferência, pelo
menos em contextos orientados para a tarefa, deparou, durante algum tempo, com resultados
muito heterogéneos (por exemplo, Chapanis, Ochsman, Parrish, & Weeks, 1972). Quando a
videoconferência é focalizada nos participantes e nos seus rostos em vez dos materiais ou
objectos da tarefa, ela parece não oferecer qualquer vantagem. No entanto, para as conversas
que envolvem a colaboração em tarefas físicas, os vídeos sobre objectos em vez de sobre
pessoas têm um impacto muito mais demonstrável.
Clark e os seus colegas (Clark, 1996; Clark & Brennan, 1991; Clark & Wilkes-Gibbes,
1986) desenvolveram um modelo teórico no qual a comunicação bem sucedida depende do
consenso, que se refere a crenças, pressuposições e saber que são mutuamente partilhados por
um falante e por um ouvinte. O consenso é conquistado quando os participantes coordenam as
suas actividades de forma a alcançarem o mútuo pressuposto de que cada enunciado foi
suficientemente compreendido por todos para os fins actuais (Clark & Clark; Wilkes-Gibbes,
1986). A informação visual pode facilitar a compreensão, ao fornecer indicações sobre o estado
actual da actividade e conhecimento de cada participante. Em especial, a informação
visualmente partilhada fornece indicadores atempados e precisos sobre se o ouvinte
compreendeu ou não o emissor. O “instrutor” pode dizer, a partir da visualização da forma
como os instruendos manipulam os objectos, se a sua última instrução foi compreendida ou não.
Se a informação visual não tivesse sido partilhada, o instrutor teria que confiar no retorno
(feedback) falado (ou escrito) do instruendo sobre as suas acções, o que é mais difícil e menos
atempado. As imagens partilhadas sobre um objecto permitem igualmente ao emissor e ao
ouvinte confiar mais nas abreviações linguísticas tais como os pronomes deícticos (o) e a deíxis
espacial (ali), para as declarações referenciais.
Desta perspectiva, a imagem de vídeo focalizada na face de cada comunicador não
fornece informação útil para uma comunicação compreensiva, se comparada com a que fornece
informação visual sobre o espaço de trabalho. A investigação recente, realizada por Kraut,
Fussell, e pelos seus colegas (Fussell, Kraut, & Siegel, 2000; Gergle, Kraut, & Fussell, 2004;
Kraut, Fussell, & Siegel, 2003), examinou a informação visual partilhada, centrando-se no
espaço de trabalho e nos objectos, em vez da face. Os resultados destes estudos sugerem que a
informação visual sobre objectos melhora o processo de compreensão. Em particular, os
participantes executam melhor a colocação de peças de puzzles, a reparação de bicicletas e
outras tarefas visualmente orientadas, mais rapidamente e com maior precisão quando há
informação visual partilhada disponível sobre o espaço de trabalho do que quando não há
(Gergle et al., 2004).
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Hipertextualidade
Com algumas excepções, a hipertextualidade não se tornou um foco de pesquisa em
comunicação humana e tecnologia tão grande como outros assuntos. Na composição e retórica,
o assunto tem sido mais elogiado. Por exemplo, Bolter (1991) previu que a interligação da
informação através do hipertexto teria um efeito dramático sobre as estruturas cognitivas das
pessoas e o processamento interpretativo da informação. Aspectos específicos das estruturas
cognitivas, atenção e aprendizagem sugerem expectativas mais sistemáticas e razoáveis para
este potencial (ver, para revisão, Eveland & Dunwoody, 2001). Estudos de comunicação técnica
têm-se centrado na nova capacidade de conduzir os utilizadores à ajuda contexto-sensível, e os
manuais de utilizador estão a aparecer normalmente em CD-ROMs ou através da Web na forma
de hipertexto.
A interligação da informação tem tido um impacto dramático nas actividades
frequentemente menos consideradas como comunicação, não obstante envolverem
processamento de informação, tal como o comércio electrónico, de formas previstas por
Malone, Yates e Benjamin (1987). Malone e outros previram que o efeito das tecnologias da
informação em rede nas organizações e da comunicação inter-organizacional conduziria a
diversos resultados. Em primeiro lugar, as grandes organizações com várias divisões poderiam
enfrentar a desintegração vertical uma vez que o custo de coordenação com a exteriorização
(subcontratação externa) seria reduzido à medida que os sistemas de informação se tornassem
omnipresentes. Em segundo lugar, isto dever-se-ia, em parte, à maior capacidade de intervir em
"pontos de contratação" através da procura de capacidades de produção e preços entre uma
variedade de potenciais fornecedores e contratando apenas a quantidade limitada de mercadorias
que uma empresa possa necessitar a curto prazo, de uma forma oportuna e temporariamente.
Isto é mais produtivo do que as alternativas de contratos a longo prazo ou do que a integração de
funções de aprovisionamento na própria organização. Isto também conduziria, em terceiro lugar,
ao aparecimento de "intermediários electrónicos", que ficariam com uma parte das transacções
através do fornecimento de informações electrónicas aos potenciais compradores e vendedores,
numa interface comum. Quer estas dinâmicas previstas tenham transformado ou não
organizações, é notável ver como a Internet levou este efeito até ao consumidor. Ferramentas de
intermediação ao nível do consumidor tornaram-se comuns, desde serviços que facilitam as
vendas das passagens aéreas entre múltiplas linhas aéreas, àqueles que apresentam preços
comparativos dos mesmos livros, vídeos ou material electrónico utilizando sistemas de
intermediação e recomendação, que listam os preços e ligações a vendedores com hiperligações
para exibições.
Dentro de contextos mais familiares, algum trabalho tem sido feito aos níveis da
hipertextualidade e do agrupamento (chunking) e scrolling da informação num contexto de
informação politica. Sundar, Kalyanaraman e Brown (2003) usaram a ideia da interactividade
para analisar a paginação da Web e os seus efeitos nas percepções de candidatos políticos.
Diferentes versões de sítios (sites) da Web convidaram alternadamente utilizadores a navegar ao
longo de um sítio para encontrar toda a informação publicada, ou usaram um grau moderado de
ligações e agrupamento de informação (chunking) – isto é, uma página inicial incluía ligações a
subsecções de tópicos onde informação adicional era mostrada – a fim de encontrar informações
adicionais. Finalmente, alguns sítios requeriam um elevado nível de ligações e agrupamento de
informação, através das quais os utilizadores escolhiam as ligações da página inicial e as
ligações de segundo nível, dentro das subsecções, para verem a informação publicada três níveis
abaixo. Efeitos curvilíneos do grau de agrupamento de informação (chunking) foram produzidos
nas percepções do próprio candidato - o seu carácter, competência, e simpatia – de tal forma que
os maiores resultados foram obtidos com um nível moderado de ligações. Embora a ligação à
interactividade, como discutiremos mais adiante, possa ser ténue a partir de algumas
perspectivas, é importante assinalar que diferenças só na interface do hipertexto, não o conteúdo
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do sítio Web, conduziu a diferenças nas percepções que ultrapassou a opinião do sítio Web e
projectou para a opinião do próprio candidato.
Interactividade
A ideia de interactividade não é novidade para a nova tecnologia. Noções mais simples
das coisas que são interactivas verso não interactivas vêm já dos debates sobre a eficácia da
televisão em relação à aprendizagem na sala de aula. A interactividade nos novos media tem
sido referida, não de forma muito radical, como o grau em que fonte e o receptor constituem
papéis intermutáveis, exibindo influência recíproca (Pavlick, 1996; Stromer - Galley & Foot,
2002). O termo também é usado em sentido lato, e de uma forma algo inconsistente, quando se
comparam os novos meios de comunicação com os antigos, como o e-mail com o presencial
(como se a interactividade consistisse numa ininterruptibilidade mútua).
É interessante considerar que a qualidade interactiva das comunicações via Internet
implicitamente implica comparações entre diferentes tipos de estudiosos da comunicação com
diferentes tipos de formação, embora eles possam não ter consciência dessas tendências. Por
exemplo, a interactividade, ou a interacção rápida entre um emissor e um receptor, é uma
dinâmica muito recente na perspectiva de uma comunicação de massas sobre a transmissão de
informação. Ela difere radicalmente de outros meios de comunicação electrónicos na capacidade
de influenciar rapidamente a apresentação do conteúdo e do retorno (feedback) às fontes. Para
um receptor seleccionar as partes, ou a ordem de apresentação do conteúdo dentro do pacote de
uma mensagem clicando em hiperligações, como no estudo de Sundar et al. [temos de decidir se
traduzimos et al.] (2003), referido anteriormente, é substancialmente diferente da televisão, do
cinema, ou da rádio nos quais o conteúdo é invariavelmente apresentado de uma forma linear e
ordenado exclusivamente pelo emissor. Assim, a comunicação via Internet é mais interactiva do
que as formas tradicionais para os observadores dos meios de comunicação de massa.
Por outro lado, entre os investigadores da comunicação interpessoal da comunicação
presencial, a interactividade é um estado nativo. “Interacções” e “duplas-interacções” também
têm uma história nas díades, pequeno-grupo, e na investigação da comunicação organizacional
(por exemplo, Rogers & Farace, 1975; Weick, 1979), onde a interactividade implica a relação
funcional de uma elocução para outra. A mediação, um estado estranho nesta perspectiva, traz
consigo atrasos. Assim, enviar e receber mensagens por correio electrónico, por exemplo,
constituem processos substancialmente diferentes daqueles que são o ponto de partida destes
investigadores, já para não falar da natureza relativamente estática e de tipo difusão das páginas
Web. Mesmo as conversas do Instant Messenger que se desenvolvem em tempo real não
atingem a interrupção mútua e a troca de canal (backchanneling) entre emissores/receptores do
modo não mediado. Neste sentido a Internet oferece menos interactividade que o padrão
tradicional para os observadores da comunicação presencial. Assim, entre os investigadores de
comunicação de massas e os investigadores da comunicação presencial, claramente unidos pelo
interesse na Internet, as pessoas podem acabar por entrar em conflito sobre a interactividade da
Internet, usando o mesmo termo mas referindo-se a qualidades diferentes baseadas em
preconceitos implícitos com os quais compreendem a comunicação tradicional.
Uma das mais estimulantes definições conceptuais da interactividade que promete unir
os diferentes pontos de partida, apareceu numa obra que tenta fazer a ponte entre as perpectivas
de uma comunicação massificada e interpessoal (Hawkins, Wiemann, & Pingree, 1988):
trabalho de Rafaeli (1998) sobre o assunto. A conceptualização de Rafaeli não foi radical na sua
atenção para com as inter-relações entre os fluxos de mensagens. Pelo contrário, ele foi único na
atenção dada nas trocas cumulativas que davam significado apesar das diferenças nos media que
transportavam essas mensagens. No esquema de Rafaeli, um acto é uma elocução ou mensagem
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emitida pelo actor A. A resposta de A à mensagem do actor B é necessária mas insuficiente para
termos interactividade; é reactivo mas não interactivo. Uma terceira, ou mensagem subsequente
tem de ser dada de modo a que esta faça alusão (explícita ou implicitamente) a mensagens
anteriores, sendo apenas interpretável e significativa por causa dessa referência. Assim, a troca
de mensagens no exemplo em baixo não conseguiria a interactividade pois não apresenta três
mensagens.
A: Como estás?
B: Bem
Também não se faz esta troca no exemplo que se segue porque a terceira mensagem relacionase com a segunda mas não necessariamente com a primeira:
A: Como estás?
B: Bem e tu?
C: Bem.
Contudo a troca seguinte ajusta-se ao critério das três ou mais mensagens e a natureza do
referencial da terceira distancia-a da antecedente.
A: Como estás?
B: Não muito mal. E tu?
C: Bem.
Apesar de ser algo trivial, este exemplo desmentir a irredutível complexidade das
interacções e intercâmbios alargados estabelece as bases para a conceptualização das
comunicações em série interligadas e cumulativas, em oposição aos pares acção-reacção.
O aspecto mais promissor da estrutura conceptual de Rafaeli, é ser totalmente
independente do medium. Isto é, não só é possível dentro desta conceptualização existir
comunicação face-to-face não interactiva (como se verifica no segundo diálogo acima
exemplificado). Também é possível atingirmos a interactividade sem sincronia ou copresença;
pode-se imaginar que o e-mail é capaz de transmitir o terceiro diálogo. Esta construção,
ofereceu, então, a possibilidade de examinar a forma como os média são utilizados e a
capacidade de novas formas tecnológicas permitirem características naturais e tradicionais da
comunicação, centrando-se na interacção e troca de mensagens, em lugar das características
mais superficiais dos próprios media, desde que possam ou não afectar a tendência para se
verificar a interactividade.
A vantagem desta definição e a sua independência relativamente aos media tem tido
ecos. Com efeito. num bom contra-argumento para a então amplamente aceite e raramente
contestada teoria da riqueza dos media (Daft & Lengel,1985), Lee (1994) argumentou
vigorosamente no MIS Quarterly que não são necessários enormes recursos em meios de
comunicação para em princípio serem conseguidos níveis com elevada riqueza expressiva.
Embora Lee tenha esboçado uma abordagem hermenêutica pouco fundamentada na defesa do
seu ponto de vista, os seus argumentos e exemplos foram muito semelhantes ao quadro
conceptual estabelecido por Rafaeli: uma acumulação de mensagens, independentemente do seu
desfasamento temporal, se se referirem umas às outras, pode transmitir ideias complexas e
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gradações interpessoais. A questão para Lee, tal como para Rafaeli, foi ver para lá de uma
mensagem descontextualizada e observar o seu valor significativo, revelado quando inserida
numa sequência.
Tendo em conta as potencialidades desta perspectiva, pode ser estranho que
relativamente pouca investigação tenha sido feita utilizando este conceito nos anos que se
seguiram à sua apresentação. Contudo, a falta de atenção dada a esta concepção pode ter algo a
ver com a sua falta de conexão a antecedentes teóricos ou resultados. Embora Rafaeli (1988, ver
Rafaeli & Sudweeks,1998, p.176) tenha postulado que a interactividade pode estar associada “a
níveis de aceitação e satisfação... qualidade de desempenho, motivação, sentido de humor,
cognição, aprendizagem, abertura de espírito, franqueza e sociabilidade”, não ofereceu uma
explicação teórica para esta ligação, nem indicou qual a direcção a seguir para a relação da
interactividade com outros modelos conceptuais. Visto que a insuficiente especificação teórica
muitas vezes, para o melhor e para o pior, não frusta a investigação, quase nenhuma
investigação foi feita, com a excepção de alguns trabalhos.
Um estudo realizado de Rafaeli e Sudweeks (1998) analisou postagens de 32 grupos
online (da Bitnet Compuserve e da Usenet News) e foram analisados as “linhas de discussão”
(threads) (série de entradas relacionados por tópicos com mensagens de resposta enviadas como
resposta à original ou a outras subsequentes). Eles descobriram que os níveis de interactividade
variaram de 0% a 40%. A maioria das mensagens (52,5%) referia-se a uma imediatamente
anterior mas não a várias anteriores. O subconjunto de mensagens interactivas, continha
relativamente em maior frequência, formulação de opiniões ou concordância com as anteriores.
O estudo não ofereceu nenhuma conclusão quanto à relação dos níveis de interactividade com
outras características da comunicação (e tal não foi possível dada a natureza observacional e não
invasiva do estudo). Com efeito os investigadores indicaram que "estamos ainda longe de uma
teoria da interactividade... Os resultados aqui apresentados não corroboram a definição de
interactividade proposta ou o seu papel dentro de um grupo de CMC, nomeadamente, que a
interactividade conduz a um comprometimento (p.187).
O conceito da interactividade foi incluído num modelo recente de nível superior da
comunicação humana, que inclui mas não se limita à CMC, num quadro que pode ser usado
para classificar e potencialmente analisar qualquer episódio de comunicação. Burgoon et al.
(2000), incluiu neste modelo a) interactividade, ou contingência, que inclui o grau em que o
significado das mensagens do participante depende das anteriores do coparticipante; b)
participação, implicando uma atitude activa, em vez de um comportamento passivo ou na
sombra; c) mediação, versus interacção face-a-face; d) sincronismo, ou tempo real, em lugar de
uma troca de mensagens desfasada no tempo; e) proximidade no espaço e distribuição
geográfica; f) riqueza de pistas e disponibilidade do sistema; (g) identificação, com
participantes anónimos, com pseudónimos, ou identificados, (h) paralelismo, quer o formato
permita mensagens simultâneas ou em série, e (i) antropomorfismo, ou o grau em que a
interface de comunicação se assemelha à aparência humana. Como estes elementos variam, os
teóricos esperam diferenças na participação individual (em níveis cognitivos, sensoriais, e
viscerais), na reciprocidade (interdependência e compreensão compartilhada) e na
individualização entre os participantes. O extraordinário valor desta abordagem é evitar um
agrupamento monotónico de todas as qualidades como aumentando ou diminuindo como um
conjunto ao comparar e testar media. Esta suposta falha foi identificada no conjunto de
características dos media descritas pela teoria da riqueza dos media (ver Walther & Parks,
2002). Para a investigação identificar quais as propriedades causais que distinguem um medium
de outro, ou aplicações alternativas de media em todas as situações, estes elementos devem ser
capazes, em princípio, de variar independentemente. Embora algumas destas características
sejam difíceis de separar empiricamente, o valor conceptual de características ortogonais
ajudará os investigadores do assunto bem como os desenvolvedores a centrarem-se nos
elementos críticos que efectivamente sustentam a comunicação entre diferentes plataformas da
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Internet e das comunicações tradicionais, como a investigação já começou a fazer (por exemplo,
Burgoon et al., 2002).
A dinâmica da interactividade, pelo menos implicitamente, também contribui para
contrastar algumas das teorias dominantes que dizem respeito à comunicação na Internet e mais
genericamente à CMC. Por exemplo, as consequências de uma comunicação interactiva
mostram fortes contrastes entre os princípios da teoria da riqueza dos media (Daft & Lengel,
1986) e os da teoria da influência social (Fulk, Schmitz, & Steinfield, 1990) no que diz respeito
àprevisão da utilidade e selecção de vários meios de comunicação. A riqueza dos media,
discutida anteriormente, sustenta que os media têm características fixas, e as diferenças entre as
pessoas e seus usos da tecnologia tem a ver com sua inteligência individual em reconhecer e
utilizar aquelas características nas várias tarefas. Em contraste, Fulk e os seus colegas (Fulk,
Schmitz, & Ryu, 1995) utilizaram uma visão social construtivista da percepção e escolha dos
media argumentando que as características e a utilidade dos media, e em última análise a
utilização daqueles media pelos indivíduos, são determinadas não isoladamente e
reconhecimento mas pela interacção social com os outros. A nossa percepção da riqueza dos
media, é portanto, em grande parte produto de notórias e dissimuladas avaliações dos media
defendidas pelos que pertencem à nossa rede social fechada e são transmitidas através da
interacção dentro e sobre aqueles media. Para seu crédito, Fulk et al. (1995) forneceram
evidências muito convincentes e exigentes para a formação social das avaliações dos media.
Eles argumentaram que, para que o efeito da influência social seja verdadeiro e não mágico (isto
é, para reflectir a reacção de um individuo aos parceiros influentes da rede), a nossa percepção
dos media deve reflectir a nossa percepção das percepções dos outros. Os investigadores
mediram as percepções dos media entre diversas redes sociais. Encontraram, de facto,
correlações mais fortes entre avaliações de várias tecnologias de um indivíduo e as suas
percepções das avaliações dos seus colegas mais próximos do que entre as percepções
individuais e as percepções actuais relatadas por aqueles colegas. É raro ver evidências tão
fortes do efeito da interactividade na formação da percepção quando as avaliações individuais,
por si só, foram aceites tão fortemente noutros locais.
O potencial de comunicação interactiva também ajuda a contrastar os modelos
hiperpessoal (Walther, 1996a) e SIDE (Spears & Lea, 1992), de algumas maneiras. Embora
ambas as teorias conduzam à previsão da atracção social entre condições comparáveis do uso da
CMC, o modelo hiperpessoal assenta os seus pressupostos, tal como a teoria do processamento
da informação social (Walther, 1992), no desenvolvimento da atracção através dos processos de
troca de mensagens. Para além do receptor/componente de idealização do modelo, trata-se de
um modelo de certo modo racional, de efeitos preconceituosos. Isto é, à medida que um
utilizador empreende uma auto-apresentação selectiva, mesmo que o receptor processe esta
informação de forma racional e verídica, a impressão selectiva (muitas vezes positivamente
distorcida) que o emissor tinha pretendido dar de si tenderá a persistir. O SIDE é, por outro
lado, um modelo com pendor cognitivo no qual a interactividade não é central nem mesmo
necessária ao processo de preconceituação teórica. Isto é, uma vez tornadas salientes as
identidades sociais e assegurado o anonimato visual, as mensagens subsequentes têm pouca
sustentação teórica nas avaliações finais que seriam de esperar que os utilizadores viessem a
gerar. Em seu favor, diversos estudos do modelo SIDE detectaram a convergência, ao longo do
tempo, para normas grupais ou para as avaliações de mensagens normativas, sugerindo que o
modelo SIDE é uma teoria suficientemente forte para prever efeitos apesar das inconsistências
dentro das conversações espontâneas. Ao mesmo tempo, alguns estudos do SIDE utilizaram
ambientes em que conversas anteriores foram apresentadas e nas quais os comportamentos dos
sujeitos em estudo não podiam causar impacto no comportamento dos “alvos” (por exemplo,
Douglas & McCarty, 2001). Outros envolveram mensagens pré-estabelecidas apresentadas aos
sujeitos em estudo, obviando a possibilidade de uma verdadeira interactividade (no sentido da
influência mútua) independentemente do que escrevessem esses mesmos sujeitos (Tanis, 2003).
Que as previsões do modelo SIDE tenham sido verificadas testemunha a sua força enquanto
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teoria psicológica, mas uma teoria em que a interacção não tem, necessariamente, que ser um
mecanismo conducente aos resultados hipotetizados.
Uma outra teoria que pressupõe e assenta na interactividade é a teoria da estruturação
adaptativa (AST; Poole & DeSanctis, 1990): “Os processos de comunicação ocupam uma
posição central em qualquer teoria de estruturação porque a interacção é o locus dos processos
estruturantes” (Poole & DeSanctis, 1992, p. 6). A AST é uma teoria muito complexa, com
numerosos termos definidos e relacionamentos recursivos especificados. A AST sugere que as
tecnologias de grupo têm um efeito de reforço nas dinâmicas de grupo em vez de um efeito
determinístico. Esta teoria tem tido um grande impacto no estudo das tecnologias de
comunicação de grupo, especialmente entre os construtivistas e, em muitos casos, entre os
investigadores interpretativos. Para outros tipos dos investigadores pode ser difícil extrair
prognósticos específicos e testáveis da teoria, embora os esforços para o fazer tenham
demonstrado ser corajosos e interessantes.
Um pressuposto primário na AST é que a introdução e o uso de qualquer tecnologia de
comunicação é socialmente co-construída e mediada pela comunicação humana e pela
interacção que desenvolve, e reforça, nas estruturas disponíveis em grandes grupos sociológicos
(Poole & DeSanctis, 1990). A AST enfatiza que a adaptação ocorre à medida que a
comunicação do grupo vai desenvolvendo uma complexa interacção entre as propriedades da
tecnologia de informação, normas de interacção, estruturas sociais e interacções humanas
(DeSanctis & Poole, 1994).
No essencial, a teoria defende que os grupos conceptualizam a tecnologia por via do seu
uso em modos potencialmente diferentes. As pessoas adaptam intencionalmente as regras e os
recursos para atingirem os seus fins. Estas apropriações podem ser “fiéis” à concepção ou
intenção da tecnologia (i.e., usada de acordo com a intenção do criador, como é o caso da
utilização do voto anónimo para obter um grau provisório da concordância) ou podem ser
“irónicas” em relação aos propósitos dos criadores (por exemplo, fazendo-se passar por outro
participante quando o anonimato permitiria o uso de nomes falsos). A forma como os grupos
utilizam a tecnologia pressupõe que venha a produzir impacto na qualidade dos resultados das
suas tomadas de decisão, contudo, os factores que podem conduzir ao à afinação de um grupo e
às apropriações da tecnologia no seu trabalho são o assunto de investigações ainda a decorrer.
Uma expectativa central da AST é que grupos diferentes usarão a tecnologia e
comunicarão de maneiras diferentes. Mais ainda, as diferentes formas como uma tecnologia é
usada podem mediar o seu impacto nos resultados do grupo. DeSanctis e Poole (1994)
sugeriram que o impacto da tecnologia nos grupos pode ser avaliado através da análise de como
os grupos se tendem a estruturar à volta de rotinas sociais intimamente ligadas às tarefas que
eles empreendem assim como ao seu ambiente ou contexto. “A estruturação ao nível micro
caracteriza-se por duas dinâmicas de interacção distintas… a contínua produção e reprodução de
estruturas, à medida que vão sendo utilizadas em actividades… [e] os pontos de encontro em
que ocorrem as maiores alterações na estrutura”, de acordo com Poole & DeSanctis (1992, p.
15). Semelhantes alterações, que em princípios se podem observar, podem ocorrer como
resposta a diferenças nas características da tecnologia, utilização da tecnologia e os vários
esquemas dos utilizadores acerca dos processos de grupo. Uma investigação empírica da AST
usou um sistema computorizado de apoio à decisão de grupo local (em vez de baseado na
Internet) com níveis diferenciados de regras processuais e de restrições impostas pelo menu de
ferramentas do sistema (Poole & DeSanctis). Os investigadores codificaram os comportamentos
conversacionais dos participantes em categorias consistentes com as definições dos diferentes
tipos de apropriação da tecnologia: a um nível, a forma como avança a estruturação
(questionando ou sugerindo procedimentos para a discussão de grupo) a outro nível, e a um
nível micro, enquanto tropos e esquemas retóricos de cada participante. Os dados foram
transformados em sequências temporais. As análises destas sequências demonstraram que uma
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grande parte da discussão (79% dos actos de discurso) era sobre a tecnologia e como a usar no
que diz respeito aos processos do grupo, com relações internas que se referiam a estruturas de
sistemas de computador ou externamente sugeriam regras de procedimentos. Entre as muitas
outras descobertas, os resultados demonstraram que quando o grau de restrição era mais baixo,
os grupos empenhavam maior esforço conversacional para resolver a ambiguidade acerca de
como utilizar o sistema de computador.
Esta descoberta por e de si própria alerta-nos para a reciprocidade relacional entre as
estruturas e as regras impostas por qualquer dada ferramenta de comunicação, as regras sociais
impostas por administradores e a necessidade dos utilizadores para se adaptarem através dos seu
próprio esforço inovativo quando há incerteza acerca de como coordenar e explorar uma
tecnologia social. Não admira, pois, que as discussões ad hoc em grupos da Internet estejam
cheias de FAQs sobre condutas aceitáveis e que os primeiros estádios de trabalho cooperativo
suportados por computador mostrem proporções mais elevadas de perguntas e respostas sobre
tecnologia do que acontece em fases mais avançadas (Hollingshead, McGrath & O'Connor,
1993). Noutra local, num complexo mas no entanto envolvente estudo, Contractor e Seibold
(1993) mostraram que a AST é submissa à derivação de hipóteses específicas e forneceu
evidência através da simulação assistida por computador que sustenta alguns dos seus
princípios.
A AST recebeu muita atenção mas uma razoavelmente limitada crítica. No entanto, a
múltipla natureza contingente da AST pode ser tão emergente na sua natureza que certos
resultados desafiam a previsibilidade ou que as previsões não estão abertas à falsificação. As
afirmações proposicionais, tais como “grupos diferentes são diferentes”, fornecem alertas úteis
sobre os tipos de variação que se podem esperar, mas desafiam o investigador a imaginar uma
hipótese nula. Ao mesmo tempo, o construtivismo limitado da tecnologia através da interacção
de grupo e da apropriação da tecnologia, o coração desta teoria, coloca-a como uma das poucas
teorias em que tanto a interacção social como a tecnologia desempenham papéis centrais. A
teoria encerra a promessa de mais aplicações para as características de várias ferramentas e
ambientes da Internet, para as normas de utilização no seio de comunidades de utilizadores e a
sua interacção dinâmica (veja-se, por exemplo, McLaughlin et al., 1995; Postmes, Spears &
Lea, 2000; Sassenberg, 2002).
Finalmente, a interactividade (ou o seu representante, a personalização do da entrega do
conteúdo) está-se a fundir com a multimédia de formas muito originais e positivas à medida que
som, vídeo e texto vão sendo armazenados em e recuperados de bases de dados baseadas nas
respostas ad hoc de utilizadores da rede. Recentes campanhas de comunicação da saúde
utilizaram estas técnicas de forma muito promissora (ver Rimal & Flora, 1997). Por exemplo,
Buller et al. (2004) estudaram e criaram serviços de informação sobre saúde interactivos online
que adaptavam a entrega de determinada informação para utilizadores cujos inputs indicavam
diferenças nas suas características demográficas, atitudinais ou experienciais. Num sistema de
prevenção e interrupção do tabagismo para adolescentes, as características do utilizador
provocavam a aparição e animação de diferentes personagens, cuja aparência física reproduzia a
idade do utilizador, de forma a conduzi-lo, através de diálogos especificamente adequados,
módulos de informação e rotinas de tomada de decisão. Foram alcançados resultados positivos
com este método através do aumento da aprendizagem e da influência social.
Comutação de pacotes
De todas as qualidades da Internet enumeradas por Newhagen e Rafaeli (1996), a da
estrutura da comutação de pacotes da Internet foi a que, provavelmente, recebeu menos atenção
da pesquisa convencional da comunicação humana. A comutação de pacotes é o mecanismo
através do qual os bits digitais, enviados codificados com metainformação sobre o ficheiro a que
pertencem, o seu destino, e onde se encaixam na sua configuração final, são encaminhados
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através da Internet numa variedade potencial de trajectos, de forma transparente para o
utilizador. É muitas vezes referido que uma das motivações para a construção de uma rede de
comutação de pacotes tinha em vista fins militares de emergência. No caso de um ataque
nuclear destruir um dos nós da rede, os pacotes seriam reencaminhados através de outros nós,
preservando-se, assim, as linhas de comunicação (Rheingold, 1993). É irónico, nesse contexto,
que no dia em que os E.U.A foram realmente atacados – 11 de Setembro de 2001 – a Internet
tivesse ficado entupida e não conseguisse responder, sem qualquer utilidade para muitos de nós
(Pew Internet & American Life Project, 2001). Foram tantos os utilizadores que tentaram obter
informação sobre os ataques terroristas e visualizar através dos meios multimédia imagens do
World Trade Center que o sistema da Internet, construído para suportar um ataque acabou por se
tornar vítima do seu próprio sucesso.
O princípio da comutação de pacotes da Internet são um mau pressagio, para fins de
políticas, uma vez que a comutação de pacotes significa que não há uma conduta central para a
controlar ou desligar. Políticas destinadas a impedir determinados comportamentos através da
Internet, tais como a regulação da pornografia, esbarram com o desafio que é os bits viajarem de
uma forma transparente de áreas geopolíticas com um sistema local de regulação para outras
áreas com leis e padrões diferentes, sem passarem por postos de controlo fronteiriços e sem
nenhum mecanismo físico que impeça os bits de alcançarem o seu destino (Lane, 2000). Passase o mesmo com bits provenientes do estrangeiro.
A comutação de pacotes também contribui para o crescimento das redes informacionais
peer-to-peer (P2P) e a partilha de ficheiros multimédia. As questões legais, corporativas e
culturais associadas a estes desenvolvimentos estão a ocupar grande parte da investigação das
políticas de comunicação. Os sistemas P2P facilitam a partilha de ficheiros, fazendo crescer a
partilha de materiais protegidos pelos direitos de autor assim como materiais pessoais. As
controvérsias sobre a facilitação de trocas musicais, via P2P, pelo Napster, são o resultado da
composição estrutural da Internet: uma vez retirados os bits dos suportes de armazenamento de
memória, eles são imediatamente transmitidos como pacotes. O conceito de propriedade de um
filme ou de uma canção, por exemplo, constitui um acalorado tema de debate político e
corporativo sobre direitos de autor, em que as potenciais respostas apontam para questões como
quais as intenções do utilizador relativamente ao material (copiar para uso pessoal ou partilhar,
revender ou alterar) e por quanto tempo. De acordo com a análise de Gillespi (2004) das actuais
questões políticas nos E.U.A, os principais momentos decisivos no controlo da indústria da
cultura sobre seus produtos foram atingidos com a publicação da Lei dos Direitos de Autor do
Milénio Digital (Digital Millennium Copyright Act ou DMCA), em 1998, e com o processo
judicial da indústria discográfica contra o sistema de troca de músicas P2P Napster, que foi
resolvido em 2001. O DMCA não só estendeu a protecção dos direitos de autor aos artefactos
digitais, como também incluiu um “regulamento anticircunvenção”
Se um proprietário de direitos de autor distribuir um trabalho digital com algum
tipo de barreira tecnológica integrada (i.e., uma senha de segurança, uma marca de
água, cifra, códigos anticópia, etc.), então, deverá ser ilegal um utilizador aceder
sem autorização, violando essa barreira. Mais, deverá ser ilegal fazer ou distribuir
uma ferramenta que facilite tal violação. (Gillespie, 2004, P. 240)
No entanto, tais esquemas de encriptação, sobretudo para a prevenção da partilha de
ficheiros de DVD, foi penetrada com a mesma frequência com que foi adoptada, apesar dos
subsequentes julgamentos nos tribunais americanos contra os distribuidores de ferramentas de
intrusão. Uma das conclusões mais óbvias destes debates sobre políticas é que as
conceptualizações pré-digitais de posse e direitos de autor não são capazes de definir ou de
guiar as permutas do consumo e distribuição na nova sociedade digital, organizada em rede. Tal
como começamos agora a aperceber, estes problemas estão a ser resolvidos, em parte, através de
políticas mas, na maioria dos casos através de novos modelos de comercialização, por via dos
quais a indústria da cultura está a aderir à distribuição de conteúdos de áudio-vídeo, a preços
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muito mais baixos por unidade, recorrendo a serviços tais com o novo Napster e o iTunes. É
espectável que os modelos comerciais continuem evoluir mais rapidamente do que os modelos
reguladores, com um ritmo mais lento, e que aqueles venham a capitalizar cada vez mais com a
Internet e as sua componente de comutação de pacotes, ao invés de competir com elas.
Sincronicidade
O grau em que uma comunicação da Internet é síncrona ou assíncrona é um tópico
desafiante. Embora a mera compreensão das diferenças entres estes mecanismos seja comum,
apenas uma muito pequena parte da investigação empírica comparou os efeitos de uma destas
plataformas versus a outra. Além disso, muitas experiências em que a análise racional discute as
organizações modernas que usam sistemas CMC, tais como e-mail e a conferência por
computador (media assíncronos) coligiram os seus dados recorrendo a métodos de encontros
síncronos. Uma pessoa não pode deixar se questionar sobre se isto de deve à relativamente
maior facilidade de abordar assuntos, em sessões laboratoriais de CMC, em tempo real, com o
fim de completar rapidamente a compilação de dados, comparada ao processo - muito mais
caro, desagradável e gerador de ansiedade - de avaliar parcerias assíncronas durante algum
tempo. Sem uma investigação adicional sobre as similaridades e as diferenças entre estes
componentes, a generalizabilidade (capacidade de se tornar generalizável) da pesquisa sobre
estas plataformas é questionável. Não obstante, alguma pesquisa comparou as duas formas de
comunicação e há mais trabalho centrado sobre as formas da comunicação síncrona da Internet
para o estudo.
Dois estudos fizeram comparações directas entre operações síncronas e assíncronas
sobre a mesma actividade. Honeycutt (2001) observou estudantes empenhados na avaliação dos
seus pares sobre a trabalhos escolares escritos, em linha. Embora os estudantes tivessem
expressado a sua forte preferência por sistemas tipo chat, a sua economia de linguagem e
qualidade de trabalho sugerem que a modalidade síncrona é superior à assíncrona. Noutra
experiência, Walther (1996b) comparou grupos de tomada de decisão que usaram
alternadamente diversos sistemas de comunicação sincrónica - chat em CMC, encontros cara-acara (CaC ou FtC), ou trabalhos escolares rapidamente distribuídos – com grupos que usaram
diversos sistemas assíncronos, tais como conferência por computador, uma caixa para depositar
os trabalhos escolares em suporte de papel e um quadro de boletins (físico) em condições que
incluíam expectativas de projectos de longo-prazo ou trabalho a curto-prazo. Um efeito da
interacção ordinal revelou que ambos anteciparam a interacção em curso e a comunicação
síncrona (em todas as suas formas) previram maior satisfação e comunicação afectiva.
Estabelecendo um paralelo com as descobertas de Honeycutt, no entanto, a CMC assíncrona,
assim como os grupos de trabalho em suporte de papel, mais lentos, sobre papel mais lentos,
produziram melhores decisões. Parece que uma comunicação rápida é, frequentemente, mais
gratificante mas, muitas vezes, menos eficaz em ambiente escrito.
A CMC síncrona tem uma história mais infame, enquanto ferramenta recreativa que
enquanto aplicação empresarial vulgarizada. Na verdade, os chat transmitidos via Internet, na
Internet dos primeiros tempos, “chat rooms” da propriedade de redes tais como a AOL, o
MUDS e o MOOS, que providenciam condições de desempenho de papeis e socialização, têm
sido estudados pelas suas interessantes implicações na natureza e fluidez da identidade
(Bruckman, 1992; Turkle, 1995), na formação de impressões e revisão (Jacobson, 1999, 2001),
no desenvolvimento do relacionamento (Parks & Roberts, 1998; Utz, 2000), na linguagem de
género e mudança de género (Herring & Martinson, na imprensa; Roberts & Parks, 1999).
Adicionalmente à sua atracção a muitas pessoas de muitas predilecções, Caplan (2003)
argumentou que quando indivíduos com deficientes competências sociais utilizam estes espaços
como alternativa à interacção FaF, as suas competências offline podem, ironicamente, declinar.
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À medida que o Instant Messenger cresce em popularidade (e/ou à medida que os IMers
[Instant Messenger users = utilizadores de mensagens instantâneas via CMC] dos tempos de
universidade ingressam no mundo do trabalho [ou na força/mercado de trabalho]), mais usos do
chat [conversas electrónicas] síncrono vão encontrando utilidade para as organizações. Nardi,
Whittaker, e Bradner (2000) descreveram o uso de ecrãs abertos de MI como um modo de
manter uma sensação de presença entre colegas distantes. A análise deles também se debruçou
sobre as regras implícitas na utilização de MI; é aceitável estar a conversar na net por MI
[Ming] e a falar, em simultâneo, ao telefone com outra pessoa, mas já o não é se estiver a falar
FaF com outra pessoa. É aceite não responder a uma MI imediatamente (ainda que a lista de
“amigos” do seu amigo lhe diga que está no seu computador [em linha]) porque todos sabem
que uma pessoa, sabe…, pode estar a atender alguém na “vida real.” Conversar ou surfar na net
[IMing ou web surfing] em tempo real também acontece nas salas de aula, onde seria de esperar
que tais actividades reduzam a atenção e a aprendizagem. Isso depende, porém, do destino ou do
tópico que as ferramentas estão a ser utilizadas para aceder. Quando os estudantes “conversam
na net”sobre o curso que frequentam ou examinam sítios na rede relacionados com o mesmo,
“esta atenção dispersa” conduz, na verdade, a melhores trabalhos, conforme se tem constatado
pelas suas notas (Hembrooke & Gay, 2003). Para aqueles cujas actividades os remetem para
matérias da Internet irrelevantes para o curso, as notas são inversamente proporcionais ao uso de
computadores nas salas de aulas. Outras análises de MI (Mensagem Instantânea) e de conversa
na net síncrona (chat) centraram-se nos mecanismos de coerência conversacional, de mudança
de assunto, de encerramento, de abreviaturas e outros marcadores linguísticos que ilustram
como este sistema funciona entre os seus utilizadores. (Baron, no prelo).
Por que devem os investigadores da comunicação estudar a Internet?
A resposta convencional seria: “para desenvolver a teoria” - que é, ao fim e ao cabo o
objectivo da investigação. É justo dizer que a curta história da pesquisa da comunicação na
Internet tem, surpreendentemente, até agora, produzido pouca inovação teórica. Isto é, apesar da
alegada novidade da nova tecnologia, há poucas teorias autenticamente novas (pelo menos que
tenham sobrevivido ao escrutínio) de que se possa verdadeiramente dizer que representam os
fenómenos do campo de estudo. Um conjunto de excepções possíveis foi anteriormente
produzido nas teorias que compreendem o modelo das pistas sociais reduzidas (Culnan &
Markus, 1987). A evolução destas teorias, contudo, fez muito para dissipar o seu impacto pela
inclusão dos seus princípios em teorias de ordem mais elevada, explicando as discrepâncias nos
estudos mais antigos, mas recorrendo a terminologia teórica menos especificamente relacionada
com os media. A presença social e a falta de pistas do contexto social, por exemplo, e os
resultados das pesquisas que os suportam, demonstraram estar sujeitas ao erro ou à subsunção.
Tanto a teoria da identidade social de desindividuação (Spear & Lea, 1992) como a do
processamento da informação social de Walther (1992) foram capazes de fundamentar as
descobertas destas teorias por referência a variáveis, de outra forma extrínsecas, tais como a
identidade saliente, o tempo, e a antecipação de futuras interacções – variáveis estas importadas
de outros trabalhos da área de estudos da psicologia e da comunicação com origens tradicionais
na interacção não mediada. O assalto final a estas teorias, enquanto teorias de selecção e uso dos
media, pode ser o trabalho de Fulk et al. (1995), acima discutido, na medida em que refunde a
percepção e a selecção dos media enquanto efeitos de rede socialmente situados, uma
abordagem mais parcimoniosa e de ordem mais elevada do que qualquer quantidade de atributos
dos media e definição de metas e objectivos. Assim, estas teorias que tiveram as propriedades
da tecnologia como centrais, como efeito primordial de construção, foram suplantadas por
perspectivas menos centradas nos media. É bom que o nosso pensamento evolua e é curioso, no
entanto que poucas teorias novas definam este campo de estudo.
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Talvez a escassez de teorias novas seja a que deve ser. Pode discutir-se se a teoria deve
evoluir conservadoramente, e se as novas teorias devem implantar-se somente quando as velhas
já não o fizerem. Talvez a dinâmica da comunicação mude pouco quando mediada pela
tecnologia, e as aparências de superfícies computorizadas desmintam mecanismos tradicionais
de comunicação. Por uma variedade de razões possíveis, a pesquisa das novas tecnologias está
ainda na infância e não é claro se deve alcançar a maturidade como um campo genuíno.
Tão problemático quanto uma falta da teoria tecnologicamente centrada, no entanto, é a
pesquisa ir beber às teorias tradicionais que comparam o meio ao meio, examinando
ostensivamente o impacto da Internet, onde as suas características são insuficientemente
explicitadas. Por exemplo, nos estudos de diversos investigadores dos media que estudaram o
impacto da Internet na opinião pública e no compromisso político, encontramos a Internet
conceptualmente não diferenciada. Considerando que a Internet pode ser, na perspectiva das
teorias da opinião pública, apenas um outro meio, a pesquisa que conceptualizou e
operacionalizou o uso da Internet monoliticamente não deve esperar muito impacto por, muito
provavelmente, ter esmagado diferenças de valor substancial. O uso da Internet é uma categoria
demasiado ampla para avaliar sistemática ou sensivelmente os potenciais impactos dos vários
canais de comunicação para os quais a Internet é o condutor, limitando mesmo esses canais
àqueles que dizem respeito à informação política: sítios do governo, de campanha, de notícia,
pessoais, blogues, “newsgroups” políticos e chats politicamente orientados, para não dizer nada
das discussões ad hoc livres de vontades em muitos recantos e buracos onde as opiniões
políticas são compartilhadas, comparadas e discutidas. Apesar desta lista aleatória dos canais da
Internet não oferecer mais do que uma incursão teórica para a compreensão dos papéis da
Internet na participação política em vez de uma aproximação monolítica, reforça que pode haver
qualidades, que a pesquisa rigorosa precisa de endereçar mais do que ignorar. Como Bimber
(2000, p. 330) afirmou:
“A Internet” pode envolver actividades muito diferentes, com efeitos divergentes, ou
mesmo conflituosos, dos fenómenos humanos sob investigação. O tempo passado
numa discussão política numa chamada “sala de chat” é diferente do tempo passado
a enviar emails a um grupo de vizinhos acerca de um projecto comunitário de fim-desemana e estes são diferentes do tempo passado a ver pornografia. Falar de forma
simples sobre “a Internet” pode esconder diferenças funcionais importantes, com
implicações distintas para a obrigação cívica.
Embora a tradicional divisão do mediado versus canais interpessoais de comunicação
possa causar alguma sensibilidade na investigação dos meios de comunicação tradicionais,
classificar a Internet como um outro meio do não interpessoal, desafia a experiência assim como
a pesquisa sobre a maioria das recompensas dos relacionamentos orientadas e interpessoais que
muitos americanos buscam através do uso da Internet (Stafford & Gonier, 2004). Quando a
pesquisa permite que os aspectos do uso da Internet sejam interpessoais ou parecidos com os
media e analisa várias actividades funcionais, resultados mais ricos do que os “becos sem saída”
previstos por aproximações mais limitadas surgem. Por exemplo, Moy, Manosevitch, Stamm, e
Dunsmore (no prelo) examinaram uma variedade de actividades e canais da Internet, incluindo o
e-mail, os chats e as discussões e o uso da Web, que resultaram em diversos tipos de utilização
funcional (participação política, activismo comunitário, trabalhos em redes sociais, informação
e actividades financeiras e de consumo). Usando estas dimensões mais específicas, Moy et al.
encontraram grande impacto de várias actividades da Internet em dimensões de relacionamento
cívico, para além do que tem sido relatado em trabalhos anteriores:
usando especificamente a Internet para procurar informação, e-mail com fontes
interpessoais e actividade política… foram relacionados positivamente em todas as
dimensões de relacionamento cívico … [e] dimensões específicas do uso da Internet
emergiram como iguais, se não mais, poderosos instrumentos de previsão do
relacionamento cívico que os dados demográficos, na utilização de meios
tradicionais, ou medições mais antigas do uso da Internet. (p. 14)
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Apesar de resultados como estes fazerem muito para refocalizar a pesquisa sobre a
Internet como media em vez de médium, ainda mais pode ser feito para definir utilizações da
Internet para outros fins, pelo menos para favorecer aquelas utilizações que existem nas análises
de interessantes relações empíricas teóricas!
Há igualmente vozes contrárias, reclamando que a falta relativa das teorias para as
novas tecnologias de comunicação, surge porque os impactos da tecnologia são tão
revolucionários que precisamos absolutamente de ideias novas para compreender mudanças
recentes e iminentes. O entusiasmo que acompanha os novos meios e locais de interacção
apressou-nos a descrever e especular, com uma tendência infeliz para ignorar investigações
anteriores, a mistificar e dramatizar todas as descobertas. Durante algum tempo, enquanto os
estudantes encontravam espaços de chat e de discussão multi-uso de alteração de identidades, e
nós éramos tratados como um bando de madrugadores pós-modernos de publicação própria, o
futuro da bolsa de estudos nas novas tecnologias prometia parecer-se mais com uma série de
películas francesas de adolescentes, do que com esforços na identificação de princípios
generalizados e factores, tecnológicos, sociais, individuais e sócio-tecnológicos causadores ou
deles resultantes. Mesmo entre investigadores quantitativamente orientados, os testes de
hipótese falhadas foram oferecidos pelos seus verificadores como prova de que o determinismo
era uma fatalidade da era da rede (não apenas determinismo tecnológico, mas determinismo per
se), e que os efeitos da tecnologia estão tão profundamente entranhados, especificamente
localizados e emergentes, que desafiam as previsões racionais e generalistas. Este ponto, se
verdadeiro, é aquele que é que realmente necessário ser realizado apenas uma vez, mas que foi
mostrado ser falso em numerosas ocasiões. Trabalhos mais sofisticados parecem ganhar terreno,
permitindo que retiremos algumas etapas do limiar a um mergulho de cabeça, no não realismo
pós-moderno.
Para além do limiar, nalguns domínios, velhas teorias e perspectivas foram esticadas,
recontextualizadas e expandidas para ver onde cabem ou não os comportamentos que
recentemente são situados e que no entanto são o material da natureza humana (veja, para a
revisão, Walther e Parks, 2002). O número de resultados quase teóricos sobre a modificação ou
transformação das práticas comunicacionais comuns afectadas ou permitidas pela tecnologia,
tem crescido a um ritmo rápido. As tipologias emergiram para além das apresentadas
anteriormente (por exemplo, Eveland, 2003; Finn, 2000; Nass & Mason, 1990). Tais como os
elementos multi-nível identificados na teoria da actividade para o estudo e a avaliação de
sistemas de HCI (veja Gay & Hembrooke, 2004), cada um pode guiar a nossa atenção e ajudarnos a comparar e identificar propriedades ocasionais e confusas entre meios novos, existentes e
vindouros. Para a finalidade de projecto e execução, é necessária uma visão alargada dos
atributos porque, o desenho de sistemas técnicos exige uma prudente reflexão das interacções
entre os vários grupos que estão trabalhando, para as definir e desenvolver. Projectar um sistema
eficaz, que vá de encontro às necessidades de vários utilizadores, exige a atenção a uma
variedade de interesses sociais, organizacionais, administrativos e técnicos (Kilker & Gay,
1998). Contudo, para a maioria dos princípios mais elevados destas construções tipificadas,
geralmente nós esperamos.
A multi-mediação, a interactividade, a hipertextualidade, a comutação de pacotes e a
sincronicidade são fenómenos interessantes e como se pode ver, tópicos de organização
interessantes para relacionar, certamente não todos, numa pesquisa de comunicação sobre a
tecnologia. Contudo, estas não razões suficientes para que os investigadores de comunicação
estudem a Internet. Por outro lado, a Internet e as tecnologias relacionadas têm o potencial de ter
grande um impacto nas interacções sociais, organizacionais, políticas e dos relacionamentos do
dia-a-dia, como outros meios, tais como a televisão e o telefone tiveram no passado. A pesquisa
em tecnologia de comunicação ajuda-nos a explorar esses impactos. Ajuda-nos também a
compreender como a tecnologia nos afecta, a níveis cognitivos e sociais. Ajuda-nos ainda a
desenhar e remodelar, de modo a fazer interfaces e sistemas mais capazes de suportar as
necessidades humanas, mesmo quando descobrimos com grande precisão, quais são realmente
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as carências do ser humano em processamento de informação. Estas são mais do que boas
razões para que os investigadores em comunicação estudem a Internet e outras tecnologias de
comunicação.
Além disso, e mais do que isso, a pesquisa da tecnologia de comunicação tem o
potencial de abrir refrescar as nossas opiniões e compreensões sobre as maneiras básicas como
as pessoas interagem uns com os outros, oferecendo novas visões dos processos normais,
tradicionalmente focalizados nas dinâmicas interpessoais e interpessoais, no funcionamento dos
grupos, no desenvolvimento e nos impactos das redes sociais, no comportamento das
organizações, no comércio e na partilha de informação global. O estudo da Internet reforçou
algumas das últimas simples verdades e expandiu seu impacto, de maneira que todos podem
compreender. As pessoas relacionam-se às vezes, mais como grupos que como que como
indivíduos; as pessoas contam umas com as outras, mesmo dentro a obscuridade e sem nenhum
contacto de FaF; as pessoas ajudam-se ncs seus problemas, e às vezes é melhor perguntar a um
desconhecido do que um amigo; um retrato vale mil palavras; como um coçador de costas ou
um martelo, uma ferramenta é o que as pessoas fazem dela. Mais do que ajudar-nos a
compreender, os nossos novos comportamentos tecnológicos, pesquisas utilizando a Internet
ajudam-nos a compreender a condição humana, a maneira como nós somos e sempre seremos,
como criaturas de troca de mensagens criadoras de sentido, e isso por si só garante a nossa
atenção.
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