O Código da Vinci
Transcrição
O Código da Vinci
“O Código da Vinci” Luís Henrique Marques É compreensível a preocupação das lideranças cristãs – especialmente da Igreja Católica – em relação à crise de fé que “O Código da Vinci” (o livro e, agora, o filme) venha provocando em muitas pessoas. A obra – uma ficção que se vale, de forma engenhosa, de algumas informações ao menos verossímeis sobre a história do cristianismo - põe em crise certos fundamentos da fé cristã, em especial no que dizem respeito à pessoa de Jesus. Mas não passa de ficção, o que impressiona pensar que isso tem abalado a fé das pessoas. Sinal de que essa fé não está bem “endereçada” (digo, fundamentada), foi imposta, não é um assunto tão importante assim ou sequer existe. Fé pra valer tem que ser voluntária e inteligente. A própria Igreja já arcou com as conseqüências negativas de uma crença imposta e intelectualmente mal orientada. Assim, seria oportuno às comunidades cristãs, a começar por seus líderes, repensar com que coerência, autenticidade e inteligência expressam sua fé, como é feita a formação religiosa do clero e dos fiéis e, sobretudo, qual tem sido o testemunho oferecido à sociedade em geral. A simples profissão de fé, irrefletida e incoerente, em alguns dogmas, não faz de ninguém cristão. Talvez, afinal, o “problema” não esteja tanto na obra do Daw Brown, mas nos que se dizem fiéis a Cristo. Jornalista e doutorando em História pela Unesp-Assis _____________________ Artigo originalmente publicado no jornal Bom Dia, Bauru (SP), 26/5/2006, p. A-6.