Palmeiras é clube que inspira canções desde os

Palmeiras é clube que inspira canções desde os anos 30
Seg, 16 de Julho de 2012 12:00
Equipe campeã da Copa do Brasil foi cantada até por Noel Rosa
A Sociedade Esportiva Palmeiras não era campeã desde 2008 quando obteve um Paulistão e
depois mais nada. Seus torcedores andavam carentes, mas o time desencantou e conquista
agora a Copa do Brasil 2012 após vitória por 2 x 0 na primeira partida e um empate 1 x 1, no
jogo decisivo na casa do adversário, o Coritiba e a esperança dos palmeirenses é que daqui
para frente venham mais conquistas para inspirar canções de louvor ao clube do coração.
O pesquisador musical Alceu Maynard apresentou em 2011, na Rádio Cultura Brasil, um
levantamento das músicas compostas em homenagem à Sociedade Esportiva Palmeiras, onde
destaca mais de uma dezena de sucessos, entre os quais o hino do clube feito em 1949.
“Um maestro e arranjador, professor do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo,
Antonio Sergi foi quem compôs e deu arranjos à música” , informou o jornalista,
acrescentando que o compositor era figura conhecida do público, por ser também maestro da
orquestra Colúmbia, que animava até os bailes da mansão Matarazzo.
Além disso, foi diretor artístico da Rádio Cruzeiro do Sul, uma das mais conceituadas de São
Paulo na década de 40. Sergi era italiano naturalizado brasileiro, bem o perfil que o clube
buscava entre os torcedores da época.
Já a letra do Hino do Palmeiras , é de um jornalista da Gazeta Esportiva, apaixonado por
orquestração e pela música erudita, Gennaro Rodrigues, que usava o pseudônimo Nagle.
A inspiração para o hino, contam os historiadores do Verdão, surgiu dos momentos de glória
do clube, entre os anos 1930 – 40.
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Maynard cita também João Máximo e Carlos Didier, autores do livro, Noel Rosa – Uma
biografia
,
explicando que a música A Melhor do Planeta, do compositor de Vila Isabel, gravada
originalmente por Aracy de Almeida, cita o nome Palestra, em referência ao Palestra Italia de
São Paulo.
“...tu pensas que tu és, a melhor
mulher do planeta, mas eu é que vou fazer tudo o que te der na veneta...tu foste dançar par
constante, num baile de um clube da liga barbante... tu abafaste a orquestra dizendo sou
mestra...pior pro Palestra”...
Noel
Rosa, que visitou a capital paulista no início dos anos 30, conheceu o clube.
O Palestra Italia (sem acento na grafia italiana) foi fundado em 26 de Agosto de 1914, por
italianos radicados em São Paulo.
O intuito com o clube foi o de reunir todos os imigrantes e seus descendentes, sob uma única
bandeira que ao mesmo tempo representasse os italianos que tinham no futebol, o esporte
preferido.
Os principais idealizadores da fundação do clube foram; Luigi Cervo, Luigi Marzo, Vicente
Ragognetti e Ezequiel Simone, designado seu primeiro presidente.
A primeira partida oficial disputada pelo Palestra Italia foi contra a equipe do Savoia, em
Votorantim, no dia 24 de janeiro de 1915 resultando em vitória por 2 a 0, gols de Bianco e
Alegretti.
Logo nesta primeira partida o Palestra Italia conquista seu primeiro troféu, a “Taça Savoia”.
No ano seguinte, o Palestra já consegue a vaga no campeonato paulista da APEA Associação Paulista de Esportes Atléticos, passando a disputar o Campeonato Paulista oficial
e a estreia no torneio acontece no dia 13 de maio de 1916, no Estádio Chácara da Floresta,
contra a A.A Mackenzie College, cujo embate termina em 1 a 1. Jogaram pelo Palestra: Fabrini;
Grimaldi e Ricco; Fabbi II, Bianco e De Biase; Gobbato, Valle, Vescovini, Bernardini e Cestari.
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O gol palestrino foi marcado pelo atacante Valle.
Em 1938 a cantora paulistana Dircinha Batista lança seu primeiro sucesso: Periquitinho
Verde
, de
Antônio Nássara e Sá Róris para embalar o carnaval.
A música obteve grande aceitação popular, inclusive no Rio de Janeiro, sendo regravada por
outros artistas, entre os quais Pixinguinha. Nessa época havia em grande número homens que
circulavam pela cidade tocando realejo, um aparelho que repete por meio de foles, canções
conhecidas do povo.
O realejo tem uma gaiola onde há um periquito que tira a sorte em um papel dobrado
cuidadosamente guardado.
Para abrir a mensagem, a pessoa deve antes dar um dinheiro ao homem do realejo, para o
sustento do animalzinho que assim, nunca sai de perto de seu dono.
Naqueles tempos românticos o periquitinho verde, cantado na música de Dircinha, caiu no
gosto da torcida palestrina, que adotou a ave como mascote.
Quem diria, mas no futuro, outro mascote seria admitido, o porco.
Na época do periquito o Palestra vinha de uma conquista importante, o tricampeonato
paulista (1932, 33 e 34), sob a estrela de Romeu Pellicciari, atacante que diziam ficar meses
sem errar um passe, algo nunca mais visto no futebol.
Em 1942 o governo federal proibiu qualquer entidade de usar nomes associados aos inimigos
do Brasil na 2ª Guerra: Itália, Alemanha e Japão e o Palestra Italia precisou mudar de nome,
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virou Palestra de São Paulo e em seguida Sociedade Esportiva Palmeiras.
As conquistas no futebol continuaram e entre os anos 1960 e 70, o vocábulo academia
passou a ser usado para indicar os jogadores que integravam a equipe de Parque Antártica.
O termo vem de Academo, nome de um herói grego a quem se consagrou um jardim de
oliveiras utilizado por Platão, para reunir seus discípulos. Mais tarde a palavra passou a
designar, “ponto de encontro de notáveis” e assim o termo academia passou a ser utilizado
para mostrar que o clube reunia os melhores jogadores.
Foram duas academias, em 1966 e 1972, dentre os quais se destacam Ademir da Guia e
Dudu, atletas que jogaram nessas duas fases de invencibilidade e conquistas.
Veio depois a Era Parmalat seguida pela fase do inesquecível goleiro Marcos, um dos heróis
na conquista da Taça Libertadores da América, em 1999, inspirando Moacyr Franco a compor
O Amor é Verde
, música muito cantada pelos torcedores mais jovens. O CD disponível nas lojas do clube
alcançou no final de 2011, a marca de 2,5 milhões de cópias vendidas, segundo o compositor.
O Palmeiras é agora, pela segunda vez, campeão da Copa do Brasil, fato que deu início a
uma nova discussão visto que o Corinthians recentemente se sagrou campeão da
Libertadores.
Mas também entram no papo os são-paulinos, com seus três títulos mundiais e os santistas,
com as inúmeras conquistas recentes e da fase de ouro da Era Pelé. Todos agora querem
saber: Quem é o mais glorioso entre os clubes paulistas?
Embora não tenha títulos mundiais, o Palmeiras foi campeão da Copa Libertadores da
América uma vez, em 1999, superando o Corinthians na quantidade de títulos brasileiros e
santistas e são - paulinos na quantidade de campeonatos paulistas.
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O Palmeiras possui 8 títulos de campeão brasileiro, reconhecidos pela CBF e foi 22 vezes
campeão paulista, além de 5 vezes campeão do torneio Rio – São Paulo, sem contar outros
torneios em nível nacional e internacional, inclusive a Copa Rio – 1951, vencida no Maracanã
pelo Palmeiras em partida eletrizante contra a Juventus da Itália.
Mas se a sorte está lançada e as discussões cada vez mais acirradas, quem é o maior
vencedor da história? Viva o Futebol e parabéns Palmeiras.
Repertório*
1. Periquitinho verde (Antônio Nássara e Sá Róris), por Dircinha Batista.
2. Periquito real (A. Perez), por Titulares do Ritmo.
3. O filho do Divino (Arnaud Rodrigues), por Moacyr Franco.
4. O amor é verde (Moacyr Franco), por Moacyr Franco.
5. Tarantela em verde e branco (Silvio Caldas), por Silvio Caldas.
6. A melhor do planeta (Noel Rosa e Almirante), por Aracy de Almeida.
7. Hino Sociedade Esportiva Palmeiras (Antonio Sergi - Gennaro Rodrigues), por Wilson Simoninha, Branco Mello e Igor Cavalera.
8. Quero te ver de verde (Marcelo Quintanilha), por Marcelo Quintanilha.
9. Seu Ferrera e o Parmera (Douglas Germano), por Douglas Germano.
10. Eu sou Palmeiras, sim, senhor (MC Fandangos), por MC Fandangos.
* Levantamento de Alceu Maynard
A melhor do planeta
(Noel Rosa)
Tu pensas que tu é que és
A melhor mulher do planeta
Mas eu é que vou fazer
Tudo o que te der na veneta.
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Tu foste marcar dois por quatro
Batendo teus pés lá no chão do teatro
Não entendo a opereta
Fizeste a careta
Pior do planeta.
Tu foste dançar par constante
Num baile de um clube da liga barbante¹
Tu abafaste a orquestra
Dizendo: "Sou mestra..."
Pior pro Palestra²!
¹ Barbante é um termo de gíria com significado de vagabundo, ordinário.
² Referência ao clube Palestra-Italia de São Paulo. Atualmente, Sociedade Esportiva
Palmeiras.
O Amor É Verde
(Moacyr Franco)
O amor é verde
branca a razão
eu plantei palmeiras
no coração
Para a natureza
se eternizar
hasteou palmeiras
em seu altar
Esse amor imenso
flor da emoção
um jardim suspenso
pela paixão
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Todo dia
eu sou campeão
palmeiras, palmeiras...
Hino do Palmeiras
(Antonio Sergi e Gennaro Rodrigues)
Quando surge o alviverde imponente
No gramado em que a luta o aguarda,
Sabe bem o que vem pela frente.
Que a dureza do prélio não tarda!
E o Palmeiras no ardor da partida,
Transformando a lealdade em padrão.
Sabe sempre levar de vencida
E mostrar que, de fato, é campeão!
Defesa que ninguém passa.
Linha atacante de raça.
Torcida que canta e vibra!!!
Por nosso alviverde inteiro,
Que sabe ser brasileiro,
Ostentando a sua fibra!
Geraldo Nunes*
Geraldo Nunes, jornalista e memorialista, integra a Academia Paulista de História
[email protected]
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