A memória da Universidade Federal de Santa Catarina contada em

Transcrição

A memória da Universidade Federal de Santa Catarina contada em
informe comercial
A pesquisa e
a criação do
conhecimento.
A extensão e
a difusão do
saber
Graduação,
um mundo
em constante
expansão
09 de setembro de 2010
A memória da Universidade
Federal de Santa Catarina
contada em fatos e fotos
UFSC 50 ANOS
Hospital Universitário - 30 anos de ensino,
pesquisa e assistência à população
Uma história
premiada de
iniciativas
reconhecidas
Programação
de aniversário
mobiliza a
comunidade
universitária
e a sociedade
informe comercial
09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
Editorial
• Pág 3
Entrevista com o reitor da UFSC, Alvaro
Toubes Prata • Pág 4
Entrevista com o vice-reitor da UFSC,
Carlos Alberto Justo da Silva (Paraná)
• Pág 5
Programação de aniversário:
homenagem ao primeiro reitor • Pág 6
Programação de aniversário: Ciclo de Debates
O Pensamento no Século 21 • Pág 7
Programação de aniversário:
Prêmio Destaque Pesquisador • Pág 8
Programação de aniversário:
Livro UFSC 50 Anos • Pág 9
A memória da universidade contada
em fatos e fotos • Págs. 10 e 11
A história da universidade contada
pelos próprios agentes 2
• Págs. 12 e 13
A UFSC na visão de quem ajuda a mantê-la:
servidores, professores e alunos
• Págs 14 e 15
A UFSC na visão da comunidade:
a internacionalização e as lideranças políticas
• Pág 16
A UFSC na visão da comunidade: a sociedade
movimentada em torno da universidade
• Pág 17
O Hospital Universitário índice
A graduação, um mundo
em constante expansão • Pág 18
• Pág 19
A pós-graduação, qualificando
os mestres • Pág 20
A pesquisa, criando conhecimento • Pág 21
A extensão, difundindo o saber • Pág 22
Uma história premiada: as iniciativas
reconhecidas pela sociedade • Págs 23 e 24
EX­PE­DIEN­TE
Su­be­di­to­ras: Ja­na Hoff­mann e Hellen Quevedo 3216-3750 / Fo­tos: Fernando Willadino, Acervo UFSC e Divulgação / Pro­je­to Grá­fi­co: Ed­sonEger­land
09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
UFSC, 50 anos
de expansão
informe comercial
Fo­tos Fernando Willadino
Fatos e imagens de
décadas de uma
cidade universitária
constantemente em
obras recapitulam a
trajetória histórica
da UFSC, em
Florianópolis
U
A UFSC atrai também
profissionais de outras
instituições que visitam a
universidade para partilhar
conhecimento
sil em 2009 e 2010, no critério
Sociedade. Só um entre vários
exemplos. Quem transita pelos
corredores dos prédios percebe
a movimentação de profissionais
de outras instituições, do país e
do exterior, que vêm à Capital
para agregar e partilhar conhecimento.
Os depoimentos, aliás, partem
de vários setores que, de alguma forma, tiveram seus destinos
entrelaçados com a instituição.
Comércio, indústria, ensino, estudantes, professores, servidores,
pais e filhos, enfim, toda uma
comunidade, em seus diferentes
setores, acaba sendo, de alguma
forma, envolvida com uma universidade desse porte.
Esta edição traz, também,
em um contexto amplo, uma
base do que se produz em três
áreas-chave da vida acadêmica:
a pós-graduação, a pesquisa e
a extensão. Em edições futuras
da série de cadernos especiais
sobre os 50 anos da instituição,
serão detalhados 50 projetos em
cada uma dessas três áreas. Portanto, isto é só o começo!
3
Nesta edição,
conheça a
UFSC, desde
os tempos da
fundação à visão
empreendedora
e acadêmica da
atual gestão
editorial
m projeto pode sobreviver do acaso;
mas evoluir, só com
muito esforço. Para
contar a história de
50 anos de vida e crescimento
contínuo da Universidade Federal de Santa Catarina o Diário
Catarinense produz uma série
de cadernos especiais. O primeiro, que tratou exclusivamente da
expansão da instituição Estado
adentro, com a criação dos campi de Curitibanos, Araranguá e
Joinville, já foi veiculado.
Nesta edição, o leitor poderá
acompanhar mais de perto o trabalho realizado por uma universidade que representa com propriedade a geração de conhecimento
e a formação de profissionais qualificados em solo catarinense. Não
é à toa que a UFSC é considerada
uma das melhores instituições de
ensino superior do país.
Nas páginas deste caderno,
fatos e imagens de décadas de
uma cidade universitária constantemente em obras recapitulam
a trajetória histórica da UFSC no
bairro Trindade, em Florianópolis.
É uma história contada em capítulos, desde os tempos em que
o visionário João David Ferreira
Lima implantou a instituição de
ensino, em 1960, à visão de empreendedorismo da atual gestão.
Não é por nada que boa parte
dos depoimentos colhidos nesta
edição menciona o caráter empreendedor da UFSC do Século
21. Os exemplos se multiplicam
no noticiário. Como a Ação Júnior
Consultorias Socioeconômicas,
pioneira no país, em 1990, e que
acaba de receber o prêmio de
melhor Empresa Júnior do Bra-
informe comercial
09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
Do mestrado à
à reitoria da UFSC
Fo­to Fernando Willadino
Gestão busca a consolidação dos
projetos dos novos campi e da
política de internacionalização
A
lvaro Toubes Prata
convive com a Universidade Federal
de Santa Catarina,
que hoje dirige, desde 1978. São mais de 30 anos
acompanhando o desenvolvimento da instituição. Nesta entrevista, o reitor da UFSC fala
sobre evolução, peculiaridades e
os desafios que se vislumbram
no horizonte acadêmico.
Como começou a sua história com a UFSC?
Reitor Alvaro Prata - Minha
graduação foi em
Brasília. Sou formado
Engenheiro Mecânico e Eletricista. Vim
para cá no início de
1978 para fazer mestrado em Engenharia
Mecânica. Era outro tempo. Comecei o mestrado em março e
em agosto eu já era professor
do Departamento de Engenharia
Mecânica. Professor colaborador,
é verdade, mas olha que coisa,
recém-formado, hoje isso seria impossível! Depois fui para a
universidade de Minnesota, nos
Estados Unidos, fiz doutorado lá.
Retornei em 1985 à Universidade Federal de Santa Catarina e
desde então estou na instituição,
envolvido com as atividades e
com a vida acadêmica.
O reitor Alvaro Prata,
que está na UFSC desde
1970, diz fazer parte da
evolução da instituição.
Foi beneficiado com o
crescimento, mas também
contribuiu para o mesmo
entrevista
4
Então o senhor acompanhou bem o crescimento da
instituição, pelo menos, por
30 anos?
Prata - Acho que sou parte
disso. Eu vivi esse crescimento da UFSC, me beneficiei muito disso e contribuí para isso
também. É uma instituição que
percebeu, lá atrás, que o caminho certo para você fortalecer a
instituição é você formar pessoas, dar oportunidades, contratar
pessoas bem educadas nos aspectos científicos, tecnológicos,
humanísticos, e dar condições
para elas trabalharem. A universidade foi criada e fundada na
década de 1960, e eu na década
de 1970 já estava aqui.
Qual o diferencial da
UFSC, hoje? O que faz dela
uma instituição tão conceituada?
Prata - São vários aspectos.
Ela é uma instituição que atua
em várias áreas do conhecimento, isso é impressionante. Um
aluno, hoje, pode escolher entre
86 cursos diferentes. Em cada
um desses cursos você tem uma
massa crítica de pessoas muito
competentes. Uma infraestrutura
bem instalada, com laboratórios
e equipamentos sofisticados,
referências bibliográficas, literatura, um ambiente próprio para
aquela área. O aluno se beneficia disso.
É uma instituição madura,
com pessoas muito bem formadas, compromissadas. O corpo
de professores, pesquisadores,
técnicos administrativos, é muito experiente; muitos deles com
projeção internacional. Apesar
de madura, com seus 50 anos,
a UFSC se mantém nova. É bem
administrada, o campus é bem
cuidado, tem uma vida intensa,
agradável. É uma universidade
que se preocupa muito com os
aspectos culturais, com as oportunidades de cultura e de artes.
Ela oferece vários eventos à comunidade.
O senhor mencionou os
eventos, e me parece que
a UFSC tem essa abertura
muito grande com a comunidade.
Prata - É outro aspecto importante, ela interage muito com
a comunidade. Nunca foi uma
instituição fechada em si própria,
tem um compromisso social muito forte. São inúmeros os nossos
projetos de extensão, em várias
áreas. É uma instituição que
se renova com esse contato, é
uma universidade que se enriquece muito com seus projetos
de extensão e também contribui
muito com a sociedade. Então,
ela atua num leque muito diversificado de interesses. Isso traz
um amadurecimento, porque
cada um desses agentes envolvidos com esse tipo de atividade dá um retorno diferente para a instituição. Você pega, por
exemplo, a contribuição social
que a universidade deu para a
maricultura no nosso Estado. A
questão do cultivo do camarão,
das ostras, dos mexilhões. Então, a universidade avançou nos
seus processos de pesquisa e
levou esse conhecimento para a
sociedade. Mas é claro que muito do conhecimento e da prática
a universidade incorporou em si
própria. Então, penso que a interação, essa disposição em fazer
parcerias, contribuiu muito para
que a UFSC alcançasse essa posição de destaque.
Um terceiro aspecto que hoje eu acho muito importante é
o dinamismo da instituição. As
pessoas não estão acomodadas no seu canto. Então, você
convida as pessoas para desenvolverem uma nova atividade,
para avançarem em uma nova
proposta, seja educacional, seja em pesquisa, e geralmente a
resposta é positiva, existe uma
motivação, e eu penso que essa
é uma atmosfera que permeia
a instituição e nos contamina a
todos. Isso está associado por
esse amor que todos temos pela
instituição. Acreditamos na universidade. Lógico, há divergências em muitos aspectos, mas
quando precisamos unir forças e
seguir juntos conseguimos fazer
isso. Podemos errar, mas sempre
com a vontade de acertar, de fazer o melhor.
Quais são os desafios para o futuro?
Prata - Consolidar muitos
dos atuais projetos. Avançamos
em várias frentes e precisamos
consolidar esses projetos, como
os novos campi, a nossa política
de internacionalização. Recebemos um número muito grande
de docentes e técnicos administrativos com o desafio de manter a chama que estamos mantendo ao longo do tempo com
essas novas pessoas, dar condições de trabalho para elas.
Há projetos ampliados que
envolvem outras instituições, o
que é um desafio, proporcionar cada vez mais a mobilidade
acadêmica, permitir que nossos
alunos cada vez mais possam
se envolver com várias instituições. Ampliar nossa política de
ações afirmativas é outro compromisso.
09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
Uma universidade
dos sonhos
informe comercial
As realizações do passado refletem no
presente. É importante a ideia da herança
como agente motivador para o futuro
Como foi seu primeiro contato com a UFSC?
Carlos Alberto Justo da Silva - Eu queria sair de casa, como
todo jovem. Tinha uma mãe muito preocupada, que não dormia
enquanto não chegasse em casa.
Morava em Curitiba, no Paraná, e
o pessoal comentou: “Vamos fazer vestibular em Florianópolis?”.
O vestibular em Florianópolis era
exatamente 10 dias antes do vestibular na Federal do Paraná. Eu
nunca tinha vindo para cá, não
sabia nem onde ficava a universidade. Fizemos a inscrição e viemos
para Florianópolis em 1971. Talvez
até por não ter tanto compromisso de passar, a gente achava que
não conseguiria. Tinha questões
sobre a história e a geografia de
Santa Catarina que no Paraná não
tinham. Fiz o vestibular e no terceiro dia da prova da Federal em
Curitiba, eu tive notícia de que tinha passado aqui, em Medicina.
Naquela noite já comemoramos,
ou melhor, “bebemoramos”, e vim
para Florianópolis. Era um sonho
que eu nem conseguia expressar.
Mas a minha mãe, superprotetora,
não queria que eu viesse. Eles me
deram o ultimato: “Autorizamos
você a ficar um ano fora”. Tinha 17
anos na época e vim para cá.
Que lições podem ser tiradas desse passado?
da Silva - Esta dificuldade
que você tem como estudante
serviu para, hoje, a gente valorizar o que a gente tem. Porque a
gente viu o que foi construído ao
longo dos anos. Nossos alunos hoje fazem exigências: precisamos
ter mais disso, mais daquilo. Esta
exigência de melhorar é uma coisa que está presente na gente, é
um compromisso, porque também
entendemos que ao longo desse
tempo muita coisa foi feita e agora
recebemos o bastão para continuar correndo. Nosso compromisso é
deixar melhor do que foi deixado
por quem nos antecedeu. O passado me traz isso: muita gente que
por aqui passou batalhou para que
a universidade chegasse ao que é
hoje. Isso é um paradoxo. Ao mesmo tempo, a gente vive com o aumento das necessidades causadas
pelo crescimento. Mas o que eu
vejo é que as pessoas reclamam
com cidadania. Não é uma esmola,
uma caridade. É com a perspectiva
de crescimento. E nós temos que
atender. Uma grande universidade
tem que atender ao sonho idealizado desse jovem que nos procura. Aos 17 anos eu encontrei uma
universidade que deu uma satisfação ao meu sonho. Tenho saudade
de toda essa época.
Qual o desafio da UFSC
neste momento?
da Silva - Hoje nós enfrentamos um grande desafio, com a expansão da universidade para fora,
a criação de novos campi, o crescimento dela, as demandas em um
nível muito maior. Não é qualquer
coisa que serve. Aparentemente,
são desafios muito mais difíceis de
superar. Quando você tem 2 mil
universidades e você está lá embaixo, a cada ano você pode subir
um pouquinho. Agora, quando você está entre as 10 melhores, você
está lá em sétimo lugar, superar os
"Hoje produzimos e
exportamos o modelo
para o resto do país",
orgulha-se o vice-reitor
Carlos Alberto Justo da
Silva
seis que estão à sua frente não é
assim tão simples.
O que não deixa desanimar,
não deixa se abater pelas dificuldades e mantém otimista? É o que a
gente fez lá atrás. Se as dificuldades são maiores, já nos entregaram o bastão com uma qualidade
de corrida muito melhor. É muito
importante a ideia da herança como agente motivador para o próximo salto. Temos o compromisso
de sempre fazer melhor. Neste
momento é o desafio que a gente propõe: ter uma universidade
com alta qualidade, tirando inclusive algumas coisas que a gente
tem de desvantagem competitiva,
como uma cidade pequena, que
não tem um grande volume de indústrias, de aporte financeiro, tudo
isso dificulta no começo. Mas conseguimos transformar isso em uma
vantagem. A maior arrecadação do
município, hoje, é na área de tecnologia, não é em turismo. De onde saíram essas empresas? Saíram
de dentro da UFSC. Você consegue
dar essa contribuição para a cidade, que pode ter um padrão de
desenvolvimento ambientalmente
sustentável porque ela conseguiu,
por meio da universidade, da tec-
5
nologia, encontrar meios
para poder se manter sem essa
questão dos processos poluidores.
Outro grande exemplo: conseguimos praticamente triplicar a
renda dos pescadores da Grande
Florianópolis com o projeto de maricultura, fazendo com que acabasse o processo de desaparecimento
do pequeno pescador da costa,
porque não havia sustentabilidade.
Estamos produzindo e exportando
este modelo para o restante do país. Criamos um curso para isso, Engenharia da Aquicultura, o primeiro
no país nesta área. É a universidade se integrando com a sociedade, aproveitando as características
dessa sociedade e criando um modelo que possa responder às expectativas da comunidade. É uma
maneira de devolver a pesquisa
em forma de extensão. Foi uma
universidade que não ficou isolada
nela mesma, que passou a se integrar fortemente com a comunidade, com uma identificação muito
intensa, e foi reconhecida por isso.
Ela, hoje, é um orgulho para a sua
população e um espelho para as
outras universidades que tentam
se esmerar para buscar um fator
próprio de crescimento.
entrevista
N
a adolescência na
Curitiba do final dos
anos 1960 - e por
isso mesmo é conhecido no meio acadêmico como “professor Paraná”
- Carlos Alberto Justo da Silva certamente nem imaginava que faria
parte da história de Santa Catarina.
Foi em uma conversa de amigos
que decidiu fazer o vestibular na
UFSC, que ainda dava os primeiros
passos nas trilhas do ensino. Não
imaginava que passaria, só queria “sair da pressão de casa”. Mas
passou e não saiu mais da Capital.
Nesta entrevista, em meio às memórias dos tempos em que jogava
futebol na Rua Esteves Júnior, onde era o curso de Direito; dos bailes no Restaurante Universitário; o
professor Paraná revela um pouco
da própria história da universidade.
informe comercial
09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
Marco digno de
intensas homenagens
No dia 9 de agosto
de 2010, na Praça da
Cidadania, foi celebrado o
centenário de nascimento
do fundador e primeiro
reitor da UFSC, João David
Ferreira Lima
Da federalização de uma faculdade
de Direito para o surgimento de
uma instituição ampliada
C
história
6
Na oportunidade, os filhos
do homenageado, Paulo,
Murilo e David, todos
professores aposentados
da UFSC, reviveram a obra
do pai ao lado de membros
das primeiras equipes
administrativas da UFSC
de união de forças para simbolizar uma homenagem que não é
só pessoal; é de todos.
Quando se fala em homenagem, não poderia faltar a maior
de todas, a que honra a determinação, a iniciativa, a atitude e
a perseverança do homem que
vislumbrou, na federalização da
Faculdade de Direito de Santa
Catarina, ainda nos anos 1950, a
possibilidade de criação de uma
instituição ampliada, com novos
cursos em outras áreas do conhecimento e abrigada sob os
cuidados do governo federal.
Na tarde do dia 9 de agosto, a emoção das memórias foi
levada à Praça da Cidadania na
celebração do centenário de nascimento do fundador e primeiro
reitor da UFSC, o professor João
David Ferreira Lima. Um homem
com elogiável visão de futuro,
mas também humilde o suficiente para reconhecer o esforço de
seus antecessores. No livro em
que conta a história da criação
da universidade, UFSC: Sonho
e Realidade, Ferreira Lima faz
reverência a José Artur Boiteux,
criador da Faculdade de Direito.
Fo­tos Fernando Willadino
omo em toda boa
democracia, a comemoração do jubileu
de ouro da Universidade Federal de Santa Catarina não foi obra de um
só. Uma comissão foi eleita para
organizar a extensa programação de aniversário, que começou
ainda no ano passado, com um
concurso realizado para escolher
o slogan do festejo.
A comissão, formada por oito pessoas de diferentes áreas
(Cléia Silveira Ramos - Presidente, Verônica Martins Malta
- Secretária, Soni Silva, Claudete Regina Ferreira,
Fernando Crócomo,
José Carlos Cunha
Petrus, Luiz Roberto Barbosa e Moacir
Loth), capitaneada
pela presidente Cléia
Silveira Ramos, elaborou um programa diversificado, em que se
percebe a humanização dos méritos. A UFSC chegou ao patamar
em que se encontra pelo esforço de toda uma comunidade de
colaboradores. Exemplos foram
buscados dentro desse universo
O Doutor David, como era chamado, fez questão de lembrar
“com justiça e saudade o nome
daquele que teve a audácia de
pensar, na década de 1930, em
criar um estabelecimento de ensino superior na então pequena
cidade (por que não dizer aldeia?) Florianópolis”. Um mito
agradecendo a outro.
No encontro de diferentes gerações que marcou a comemoração do centenário de nascimento
de João David Ferreira Lima, os
filhos Paulo, Murilo e David, todos professores aposentados da
UFSC, reviveram a obra do pai
ao lado de membros das primeiras equipes administrativas. Teodoro Rogério Vahl, Aluízio Blasi,
Glauco Olinger, Hamilton Schaffer, Zuleika Lenzi, Antonio Grillo,
João Nilo Linhares, João Roberto
Dutra: sintam-se igualmente homenageados!
Destaque
A programação de aniversário de 50 anos da UFSC segue
com um intenso calendário de
atividades, como palestras, debates, exposições, eventos artísticos, aulas de ginástica para
a Terceira Idade, entre outras
atrações. Quem quiser detalhes
sobre o roteiro da festa, que
tem atividades programadas até
dezembro, pode acessar a página na internet:
http://www.50anos.ufsc.br/
programacao_50anos.pdf
09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
Agora começa
a era da arte
informe comercial
Fo­to Fernando Willadino
Após investir anos em ciência, na busca
por um diferencial, atual gestão quer
dedicar-se à arte de forma plena
Cultura em debate
Entre os eventos que levaram um sopro de cultura às
comemorações do jubileu de
ouro da UFSC, destaca-se o
ciclo "Pensamento no século
21", uma série de palestras
com grandes nomes da arte e
do pensamento internacionais.
Passaram pela universidade
mestres como o filósofo italiano Emanuele Coccia, professor
de filosofia na Universidade de
Freiburg, na Alemanha, que
lançou em Santa Catarina o livro A vida sensível.
Em julho, o escritor e cineasta Edgardo Cozarinski exibiu
quatro de seus filmes, inéditos
no Brasil. A obra do argentino radicado na França é tão
importante que publicações
culturais de circulação internacional elegerem 2010 como “o
ano Cozarinsky”.
A professora Liliane Meffre,
editora da obra de um dos
mais irreverentes e criativos
críticos de arte do século passado, Carl Einstein; o crítico
cultural norte-americano Chris
Dumm, especialista em contracultura; os premiados autores
Alan Paul (argentino) e Gonçalo Tavares (português) também
participaram dos debates.
No mês de setembro, quem
traz seu conhecimento a Florianópolis é o crítico Paulo Herkenhoff, de respeitada trajetória
como curador da Bienal de São
Paulo e diretor do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de
Janeiro. O professor Hal Forster, diretor do Museu de Arte
de Princeton University, em
outubro, e o filósofo italiano
Mario Perniola, em novembro,
encerram a série.
Concurso de Música
A troca de experiências entre músicos e a comunidade
cultural foi um dos objetivos
do Festival de Música que embala a festa dos 50 anos no
final de agosto. Entre 47 composições inscritas, foram selecionadas 20 músicas, de vários
estilos, que se apresentaram
na Praça da Cidadania, e ainda
vão compor um CD e um DVD.
Segundo a secretária de
O Ciclo Pensamento no
século 21, que integra
as comemorações do
jubileu de ouro da
UFSC, reúne grandes
nomes da arte
Cultura e Arte da UFSC, Maria
de Lourdes Borges, o Festival
incentiva o surgimento de novos valores musicais no cenário catarinense. O evento não
tem caráter competitivo, a intenção é apenas proporcionar
visibilidade a novos talentos
musicais.
1. Eucaliptos ao vento, de José Otávio de Caldas Rosa
2. Festa da 991, de Tiago Brizolara da Rosa
3. Cabra da Peste, de Eduardo Hector Ferraro
4. A Nova Casa, de Lucas Nunes Quirino
5. Fille Faille, de Isabelle Quimper
6. Sensato, da Banda Somato
7. Carpe Diem, da Banda Jeremias Sem Cão
8. Ninguém Merece, de Denise de Castro
9. Na Sorte ou no Azar, de Eduardo Wagner
10. Impossível, de Thiago José
11. Jurema, de Francisco Muleka Ngoy
12. Aqui estou Eu, de Kristian Korus
13. Arbusto, de Fernando Rocha da Silva
14. Touro, da Banda Blame
15. Humungus, de Gabriel Felipe Horbatuik Dutra
16. Frio, de Jean Marcelo Mafra
17. Décimo Andar, de Erlon Evaldo Graboviski
18. Escolha, de Jairo André Portela de Oliveira
19. Olhos Negros, de Naya Rodrigues
20. É uma habanera, de Willian Fernandes de Souza
7
arte e cultura
E
stá lá, no brasão
da UFSC: Arte e Ciência. A bússola do
desenvolvimento da
instituição sempre
teve o norte voltado à segunda
parte, a do progresso científico. Agora, as atenções voltamse para o “primeiro mandamento”. Não é por acaso que
a programação do cinquentenário tenha sido tão recheada
com atividades voltadas à cultura e às artes.
"Não tínhamos essa tradição e temos compensado e
superado esse passado mais
focado em ciências e tecnologia. Recentemente criamos os
cursos de Cinema e Artes Cênicas, criamos uma secretaria
exclusiva para se preocupar
com cultura e arte e hoje a intensidade de eventos culturais
e a aceitação da universidade
me surpreendem", comentou o
reitor Alvaro Toubes Prata.
A ideia de fortalecer os laços culturais dentro da instituição também pode ser percebida, por exemplo, com o investimento de R$ 600 mil na modernização do Centro de Cultura e Eventos. Ou na criação de
um coral na universidade, nos
esforços para a finalização das
obras do Museu Universitário
Oswaldo Rodrigues Cabral, na
intenção de implantar uma faculdade de música em um futuro bem próximo.
"Nestes 50 anos, investimos
fortemente na ciência, como
uma maneira de buscar o diferencial, e agora, quando assumimos, discutimos muito isso e
chegamos à conclusão de que
a universidade só se contemplará de uma forma plena se
investirmos na arte", argumentou o vice-reitor Carlos Alberto
Justo da Silva.
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09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
Pesquisadores
em destaque
Fo­to Divulgação
Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão
cria prêmio que valoriza e reconhece
o trabalho de pesquisadores
A
UFSC não teria o
que comemorar
nesses 50 anos de
existência se não
fosse o esforço
das pessoas que fizeram parte
da sua história e contribuíram
para o seu crescimento. Elas
também merecem “parabéns”.
Como uma forma de personificar a gratidão da instituição e
mostrar que a dedicação não
passa despercebida, 11 professores, coordenadores de
importantes estudos em suas
áreas, estão sendo escolhidos
para receber o prêmio Destaq u e Pe s q u i s a d o r
UFSC 50 Anos.
Como a estrutura da universidade
é composta por 11
centros, ou seja,
11 distintas áreas
de conhecimento, será homenageado um professor de cada
centro, de março a dezembro.
"O Prêmio 50 Anos foi uma
maneira que a pró-reitoria de
pesquisa e extensão viu de
tentar reconhecer todo esse
trabalho que está sendo feito
pelos pesquisadores", revelou
o diretor do Departamento
de Projetos e Pesquisa, Jorge
Campagnolo.
- O foco é mostrar que a
instituição reconhece o esforço
que vem sendo feito. A instituição é o que é pelo esforço
dessas pessoas. A pesquisa
tem dado uma projeção muito
importante à UFSC nos cenários nacional e internacional",
comemorou Campagnolo.
A ideia partiu de uma sugestão do professor André
Báfica, do Centro de Ciências
Biológicas. Ele enviou um email à pró-reitoria, contando
que a Universidade Federal da
Bahia realizava uma entrevista mensal com algum de seus
pesquisadores e publicava em
sua página na internet.
"Como a gente estava pensando em alguma coisa com
relação aos 50 anos, a ideia
Conhecido como o
'Jaime dos moluscos',
Jaime Fernando Ferreira,
do Departamento de
Aquicultura, foi indicado
ao Prêmio Destaque
Pesquisador pelo Centro
de Ciências Agrárias
premiação
8
foi perfeita. Isso dá visibilidade
ao professor e a gente premia
também. A repercussão que
isso está tendo realmente foi
muito maior do que eu esperava. O resultado foi tão positivo que queremos transformar
isso em uma atitude permanente", revela a pró-reitora de
Pesquisa e Extensão, Débora
Peres Menezes.
Segundo a pró-reitora, a
ideia é mostrar que o pesquisador tem uma função fundamental, desde a formação da
graduação e de recursos humanos em nível de pós-graduação, até a publicação de artigos e o desenvolvimento de
pesquisas.
"É fundamental que essas
pessoas estejam envolvidas
com a formação de alunos,
que esse conhecimento seja passado, porque a gente
vai embora e o ideal é que a
universidade tenha outros professores e outros alunos para
continuar tocando", alertou a
professora.
O Jaime dos
moluscos
Santa Catarina é o principal produtor de moluscos
cultivados do país, e a academia tem um papel import a n t e n i s s o. A s p e s q u i s a s
comandadas pelo professor
Jaime Fernando Ferreira, do
Departamento de Aquicultura, levaram até os pescadores artesanais um precioso
conhecimento sobre a maricultura.
Jaime viu de perto a implantação das primeiras fazendas marinhas no Estado,
que auxiliaram os produtores no sistema de cultivo,
no manejo e até na manipulação genética de ostras
e mexilhões, principalmente.
Por isso ele foi o indicado ao
prêmio Destaque Pesquisador 50 Anos pelo Centro de
Ciências Agrárias da UFSC.
Desde 1997 o pesquisador supervisiona o Laboratório de Moluscos Marinhos da
UFSC, que chegou a receber
da Finep (Financiadora de
Estudos e Projetos, empresa
pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia
que tem por missão fomentar a pesquisa no país) um
prêmio de Inovação Tecnológica, em 1999. O setor é o
único no Brasil que produz
regulamente sementes de
ostras do pacífico, ação essencial para o cultivo da espécie.
Raul Antelo (Centro de Comunicação e Expressão)
Wagner Figueiredo (Centro de Ciências Físicas e
Matemáticas)
Markus Vinícius Nahas (Centro de Desportos)
Ivete Simionatto (Centro Socioeconômico)
Luiz Fernando Scheibe (Centro de Filosofia e Ciências Humanas)
Antônio Carlos Wolkmer (Centro de Ciências Jurídicas)
Jaime Fernando Ferreira (Centro de Ciências
Agrárias)
Ainda farão suas escolhas
Centro de Ciências Biológicas
Centro Tecnológico
Centro de Ciências da Saúde
Centro de Educação
09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
Uma história
bem contada
informe comercial
Fo­tos Divulgação
Livro dos 50 anos da UFSC reunirá textos
e um acervo documental de imagens, para
contar e ilustrar a história da instituição
o passado como uma fotografia.
Quando a gente olha para o presente, a gente vê contradição,
tensões, movimento. Assim tem
sido o trabalho, tentar fazer com
que as pessoas percebam a história da universidade como um
movimento, com a relação de
pessoas com as mais diferentes
posições políticas, culturais e por
aí vai. A universidade não seria o
que é hoje sem as pessoas que
seguram as pontas", justifica a coordenadora do projeto.
Um projeto, aliás, que começou com uma inquietação, antes
mesmo da formatação da programação do jubileu de ouro.
A história de uma
instituição em
movimento: a luta por
direitos e o prazer da
convivência
9
"Uma das coisas de que eu
sentia falta era que quando eu
ia falar “eu preciso de prédios”
eu não tinha nada registrado, e
isso me incomodava. Então eu
já tinha começado a fazer uma
pesquisa por conta própria sobre a história do CFH. De repente, na possibilidade do interesse da comunidade em saber
a história da UFSC, decidimos
ampliar a pesquisa", diz a professora.
Além da recuperação de dados documentais, foram realiza-
das mais de 40 entrevistas.
"Algumas questões que nós
vamos apresentar são realmente muito interessantes. Durante a pesquisa nós encontramos
alguns documentos de que as
pessoas nem tinham conhecimento que existiam. No próprio
arquivo da universidade encontramos um material riquíssimo
principalmente sobre as décadas de 1960 e 1970", relata.
O passado recente também
será registrado por jornalistas
da Agência de Comunicação da
UFSC. A Agecom tem um acervo de 35 mil fotos que ilustram
a vida na universidade.
"São fotos cotidianas, da
paisagem, das pessoas no RU,
se movimentando, do movimento estudantil, e isso também é
muito importante", comemora a
professora.
Além da parte histórica e das
questões contemporâneas dos
últimos 10 anos, a atual gestão fará uma apresentando das
políticas administrativas atuais
dentro da universidade.
livro
T
oda boa história merece ser contada. Uma
que alcança 50 anos
de constante transformação, então, daria um
livro. Daria, não, dará! No dia 15
de dezembro, três dias antes do
cinquentenário da Lei 3.849, assinada pelo presidente Juscelino Kubitschek, que oficializava a criação
da Universidade Federal de Santa
Catarina, um grupo de pesquisadores apresentará à comunidade
um relato da trajetória da maior
instituição de ensino superior do
Estado: o livro UFSC 50 Anos.
Foram oito meses de pesquisa intensa, comandada pela professora e historiadora Roselane
Neckel, diretora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH).
Participaram desse rico processo
de redescobrimento da entidade,
14 bolsistas do curso de História,
que terão um retorno significativo
em seu processo de graduação.
Três dos bolsistas reuniram informações sobre a história geral
da UFSC, enquanto cada um dos
outros ficou responsável por levantar os dados relativos à trajetória dos 11 centros de ensino da
instituição. Além de produzir textos que visualizem alguns aspectos da história da universidade, o
grupo também vai organizar o
acervo documental da instituição.
"Além do livro, estamos fazendo um site com as fontes documentais que embasaram o livro e
poderão embasar outros pesquisadores, historiadores, jornalistas
que por acaso tenham algum interesse na história da educação
e da cultura escolar. Então, esse
trabalho é muito mais do que um
livro", comenta a diretora do CFH.
Roselane Neckel explica que
o objetivo central não era apenas
contar os fatos sob a ótica da administração central, mas principalmente trazer à cena o cotidiano
dos professores, dos estudantes,
dos servidores, agentes que ajudaram a construir esses 50 anos
de história.
"Quando a gente olha o passado, a gente tende a cristalizar
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UFSC 50 anos
09 de setembro de 2010
Era uma vez a
faculdade de Direito
Fo­to Divulgação/Acervo UFSC
Em 1937 surgiu o embrião do
ensino superior no Estado e, com
ele, mais tarde veio a UFSC
N
ão é difícil imaginar um cenário
conturbado para
o ensino superior
nos anos de 1950.
A pioneira Faculdade de Direito
de Santa Catarina, fundada em
1937 pelo idealista José Artur
Boiteux, sobrevivia da ajuda de
apoiadores abnegados. Havia
o receio de passar o controle
ao governo federal, em plena
Era Vargas. A escola ainda foi
exposta ao risco de fechar as
portas após a lei que proibia
o acúmulo de funções no funcionalismo público - a maioria
dos professores era
fo r m a d a p o r d e sembargadores e
juízes.
Alguém teria que
enfrentar os medos
e trabalhar para garantir a sobrevivência da instituição. A federalização era a saída e homens como João David
Ferreira Lima assumiram a missão. Em 1956, depois de muitas
viagens ao Rio de Janeiro, sede
do governo, infindáveis reuniões
e um esforço político, ela foi assinada pelo presidente Juscelino
Kubitschek.
Era um embrião do que seria, mais tarde, a Universidade
Federal de Santa Catarina. O
próprio Ferreira Lima conta, em
seu livro “UFSC: Sonho e Realidade“: foi dentro da Faculdade
de Direito, onde foi diretor de
1954 a 1961, que, junto com
um “grupo de bons amigos e
colegas”, idealizou e criou a
UFSC.
Com a humildade dos sábios, Ferreira Lima inspirou-se
no sonho visionário de Boiteux,
sem medo de passar pela mesma desconfiança que encarou
com hombridade o fundador
da escola de Direito. “Como
foi vilipendiado e ridicularizado! Como riam de seus planos,
que julgavam malucos e irrealizáveis! Poucos acreditavam na
possibilidade de tornar realidade a existência de um estabe-
fatos e fotos
10
Prédio da antiga
Reitoria da Rua
Bocaiúva
lecimento de ensino superior na
Florianópolis de então. Mas ele
enfrentou a tudo: aos escárnios, aos maldizentes de todas
as épocas, aos que duvidavam
e aos que argumentavam contra, aos invejosos e aos céticos.
Trabalhou, lutou e venceu!”.
O professor João David
Ferreira Lima trilhou o mesmo caminho
de espinhos.
A exemplo do
precursor, ele
também trabalhou, lutou e
venceu. Travou
uma batalha
idealista com
Henrique Fontes: um queria
uma instituiArquiteto
ção federal;
Burle
Marx
o outro, uma
com
o
reitor
estadual. DriFerreira
blou as diverLima
gências, uniu
a força política
dos rivais UDN
e PSD e no dia 18 de dezembro de 1960 nascia a tão sonhada Universidade Federal
de Santa Catarina.
Podia ser igualmente um
plano maluco e irrealizável,
mas hoje, quando completaria 100 anos de vida, ele deve
sorrir, onde quer que esteja,
de satisfação pela evolução
da semente que fecundou, 50
anos atrás.
A UFSC começou com 847 alunos e 49
servidores, entre técnicos e docentes. Tinham 10 opções de curso: Direito, Farmácia, Odontologia, Medicina, Ciências Econômicas, Filosofia, Engenharia, e as Engenharias Industriais Química, Mecânica e Metalúrgica. Os cursos foram rabiscados em um
papel pelo então diretor do Ensino Superior
do Ministério
de Educação e
Cultura, Jurandyr Lodi, durante um voo
até o Rio de
Janeiro. Até
o fim de seus
d i a s , F e rr e i r a
Lima guardaria
aquele bilhete
como uma relíquia.
No início, a
reitoria funcionava em um
prédio da Rua
Bocaiúva, na
época cercada de árvores; hoje, a área está
totalmente tomada por prédios e estabelecimentos comerciais. Depois da compra do
terreno na Fazenda Assis Brasil, em 1964,
é que se começou a edificar o campus da
UFSC no bairro Trindade. Também foi nessa década que começou a ser construído o
Hospital Universitário. O projeto de paisagismo foi assinado por ninguém menos do
que Burle Marx.
09 de setembro de 2010
Aula do curso de
Odontologia,
em 1970
O período do Regime Militar é marcado pelos movimentos estudantis.
Tanto que a década marca a inauguração do Diretório Central de Estudantes
(DCE), já em 1971. Apesar do clima de
repressão, a universidade consegue se
expandir. Investe forte no quadro docente, estimulando seus professores
a fazerem espacializações, e começa
a atuar na pesquisa científica. As faculdades viram centros de ensino e o
campus da Trindade começa a ser ocupado. Em 1974, um susto, com um incêndio no prédio da reitoria. De 1976 e
1980, praticamente dobra a área construída no campus e são criados 18 novos cursos de graduação.
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UFSC 50 anos
Os movimentos democráticos marcam a
década de 1980. É criada a Associação dos
Professores e o Hospital Universitário é finalmente inaugurado, depois de quase duas
décadas de espera. Em 1987 iniciam as obras
para a construção da Moradia Estudantil.
Estudantes
organizam
debate no hall da
Reitoria, em 1981
Vista aérea
do campus da
UFSC
Conceituada como uma das melhores universidades
do Brasil, a UFSC não para de crescer. Área de excelência científica, ela começa a investir na arte. É criada a
Secretaria de Cultura e Arte para fomentar eventos culturais e artísticos. A instituição tem 11 centros, com
quase 30 mil alunos, e começou a se espalhar pelo Estado, com os campi de Araranguá, Joinville e Curitibanos.
11
A UFSC encontra sua vocação na pesquisa e na pós-graduação. O investimento em recursos humanos faz com que a
universidade chegue a 90% de docentes com pós-graduação.
São criados os cursos de Ensino a Distância. A graduação é
ampliada e a Federal se transforma em uma das 10 melhores
do país. A relação com a comunidade também é estreitada,
por meio da oferta de cursos abertos e da ampliação de projetos de extensão. Em 1996, é inaugurada a residência médica.
Laboratório
de Ensino a
Distância
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UFSC 50 anos
09 de setembro de 2010
As histórias de que
da Universidade Fede
Ninguém melhor para contar a história dos 50 anos da
Universidade Federal de Santa Catarina do que os próprios
protagonistas. Estas páginas serão destinadas aos atores
principais desse espetáculo, as pessoas que ajudaram a
trazer a instituição até o jubileu de ouro. Em depoimentos
colhidos pelo DC e em entrevistas feitas pela TV UFSC, sob
a coordenação do professor Fernando Crócromo, um pouco
dos casos e acasos que marcaram as cinco décadas de
existência da instituição federal
N
12
“O MEC só tem a agradecer à UFSC pelos seus 50 anos. Temos que celebrar as conquistas de uma universidade que se projetou no Estado, no
País, e agora se projeta no mundo com excelência de pesquisa em muitas
áreas do conhecimento. Tenho certeza de que essa expansão que a UFSC
lembranças
está vivendo vai repercutir no desenvolvimento regional e nacional.“
Fernando Haddad,
Ministro da Educação
"É difícil dizer o que ela 'não' representa, porque
mais da metade da minha vida eu passei aqui.
Minha família também tem um vínculo grande. A
universidade me proporcionou uma formação acadêmica sólida. A gente costuma dizer que a gente
passa mais tempo dentro da universidade do que
em casa, então, ela é a casa, de fato.”
Nilto Parma,
Procurador-chefe da União na UFSC
o ano 2000, os estudantes de
jornalismo da UFSC produziram um encontro entre seis
dos sete reitores que estiveram à frente da instituição.
Foi uma verdadeira aula sobre a trajetória
do ensino superior em Florianópolis. O único ausente foi o primeiro reitor, João David
Ferreira Lima, que estava com problemas
de saúde. Mas um dos filhos dele, o renomado arquiteto David Ferreira Lima, traduziu em suas memórias a vida do pai e sua
influência na criação da UFSC.
David Ferreira Lima nasceu em 1938 e
ficou 36 anos dentro da UFSC. Trabalhou
como projetista, professor e administrador.
Foi dele o projeto de construção da Biblioteca Central, por exemplo, e do Centro de
Convivência, inspirado na Universidade de
Houston, no Texas (EUA).
"Tem muita coisa criada ali que fui eu
que projetei. Convivi com todos os outros
projetos até 2002, quando eu saí, como
professor da UFSC. Foi uma convivência diária", revela o arquiteto.
O projeto da biblioteca foi concebido
com uma rapidez absurda, para que o então reitor Roberto Lacerda não devolvesse
uma quantia grande de dinheiro vinda do
Ministério da Educação para a construção
do prédio.
"Nós saímos da reunião e eu falei: vamos fazer esse projeto já. Saiu em uma
semana. A licitação foi feita em cima de
um anteprojeto", diz David.
Ele entrou na universidade em janeiro de 1966, no setor de obras e projetos.
Mas antes, já acompanhava as articulações
do pai para a criação da UFSC. Ele lembra
que o pai trabalhou em vários setores da
vida pública, inclusive como secretário da
Fazenda. Era do PSD, porém, se dava bem
com todo mundo. Não tinha inimigos, e até
a rival UDN o apoiava. Perdeu uma eleição
Primeiro reitor, Ferreira
Lima, com uma foto
da primeira turma de
funcionários da UFSC
ao lado de Nereu Ramos (a única derrota
de Nereu), mas foi um vencedor, sempre.
"Eu lembro que o ato de criação da
universidade chegou na mão do Nereu Ra
mos, então presidente em exercício, e ele
se julgou incapaz de assinar, porque era
professor da Faculdade de Direito, como
se fizesse coisa em causa própria. Foi Jus
celino quem assinou, em 18/12/1960, no
mesmo ato que criou a Federal da Paraí
ba", lembra David.
Ele ia sempre com o pai para o Rio
de Janeiro nas tratativas, e acabou fi
cando por lá para fazer faculdade. De
1961 a 1965 fez o curso de Arquitetura
Voltou para Florianópolis, onde só havia
dois arquitetos. Ele lembra que na antiga
Fazenda Assis Brasil, o prédio onde hoje
é a prefeitura universitária funcionava
uma cadeia feminina.
"Quando chegamos lá, ainda havia
resquícios da antiga cadeia feminina"
comenta.
Segundo ele, nesse período foram re
alizadas coisas interessantes que saíram
da imaginação do pai, como a criação de
um conselho de reitores, que ficasse fora
da esfera federal e se reunia para faze
reivindicações junto ao governo.
09 de setembro de 2010
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UFSC 50 anos
em fez a história
eral de Santa Catarina
“Lembro-me, com saudade, das canseiras e preocupações, minimizadas
sempre pela chama de entusiasmo pela notável obra, de todos aqueles
que, sob a liderança do professor Ferreira Lima, comungavam do ideal
maior, e ativamente dele participaram, aplainando dificuldades criadas
por outros que se opunham à criação da nossa Universidade Federal, os
quais, felizmente, eram poucos.”
Aluízio Blasi, Ex-secretário-geral.
Um dos braços direitos de Ferreira Lima
na época de implantação da UFSC
“Cada administração foi fazendo um esforço
enorme, sempre com dificuldades. Entre 1984
para 1996, além da universidade ter crescido
sempre, era um período de redemocratização
do país e havia uma ebulição muito grande
dentro da universidade. Me recordo que assumi e em apenas três dias enfrentei uma greve de 90 dias, até então a maior já existente,
por questões salariais.”
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13
Caspar Erich Stemmer - 1976 a 1980
David Ferreira Lima não lembra só da
gestão do pai. Ele elogia muito o trabalho
do reitor Caspar Erich
Stemmer, que dirigiu
a instituição de 1976
a 1980. Stemmer foi
o segundo diretor da
antiga Escola de Engenharia Industrial,
que deu origem ao
Centro Tecnológico e
implantou o primeiro programa de
pós-graduação da UFSC, em Engenharia Mecânica. No período dele,
foram construídos 55 mil metros
quadrados de área, dobrando a
estrutura da universidade até então.
"Foi uma administração que
executou muita coisa. O professor
Stemmer era um cara altamente
objetivo, quando ele
queria uma coisa, ele
fazia. Ele tinha um
trânsito muito livre
no governo federal e
conseguiu o dinheiro
para finalizar o HU.
Criou-se uma grande
comissão, que analisou o projeto e aí se
começou a levantar
o hospital, que foi
inaugurado no final
do mandato dele. Ele viu entrar no
hospital os primeiros pacientes.
"A ênfase que eu dei foi na
qualificação dos professores e nas
condições de trabalho. Porque eu
entendo que a coisa mais valiosa
que nós temos na universidade
são os professores", contou Stemmer no encontro de reitores de
2000.
Rodolfo Joaquim Pinto da Luz,
Ex-reitor da UFSC
“Pra mim a UFSC foi tudo, o melhor lugar em que eu trabalhei na vida.
Desde 1970, fiz muitos amigos e não tenho palavras para dizer quantas
coisas boas eu vivi na UFSC. Serve de exemplo para muita gente.”
Manoel José Santos,
Motorista da UFSC
“A UFSC significa a realização do que eu gosto de fazer: ensinar, fazer
pesquisa, novos desafios, contínuos. Isso eu só encontro aqui, dentro
dessa universidade que está sempre aberta a novas propostas.”
Fernando Gauthier,
Professor do Departamento de Engenharia do Conhecimento
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UFSC 50 anos
A visão de
quem ensina
Fo­to Divulgação/Acervo UFSC
Mais do que a função de educar, a
UFSC é sinônimo de orgulho para
professores, alunos e servidores
P
ara quem está fora, às vezes, há a
visão de que a universidade é feita só
de ensino, já que é
uma instituição de educação.
É o carro-chefe, mas não é
só isso. No seu dia a dia, ela
é muito mais do que sala de
aula. Uma universidade é um
mundo à parte, e fazer parte
desse mundo é motivo de orgulho e realização para professores, alunos e servidores.
A mais antiga das relações
dos docentes com a Federal
pode ser atribuída aos mestres
da antiga Faculdade
de Direito, fundada por José Arthur
Boiteux, Henrique
Fontes e um grupo
de visionários ilhéus
em 1932. Ali nascia
a concepção da futura UFSC
de Ferreira Lima.
"É motivo de orgulho para
nós, saber que os estudos universitários começam em nosso
Estado com o Curso de Direito.
Foi uma alavanca formidável,
que propiciou o lançamento
dos fundamentos da ciência jurídica por aqui e cujo objetivo
maior, então, era a formação
de um corpo técnico preparado para gerir este pequeno
Estado da Federação", lembra
o professor Ubaldo Balthazar,
vice-diretor do Centro de Ciências Jurídicas da UFSC.
Balthazar está na Federal
desde 1970, quando entrou no
Curso de Direito. Ele lembra a
“reforma universitária” promovida naquela época, baseada
no modelo norte-americano,
que por pouco não jogou todo
um esforço de crescimento por
água abaixo.
"Graças às lutas dos estudantes, muitos à época vistos como subversivos, conseguimos melhorar tal modelo,
adaptando-o à nossa realidade. Desde então, a UFSC vem
crescendo e se afirmando como uma instituição de ponta,
colaboradores
14
Primeira aula do curso
de administração,
nos anos 1970
modelo para muitas universidades brasileiras", reflete o
professor.
Ele acredita que a manutenção da qualidade alcançada
é o grande desafio da instituição. O diretor do centro de Comunicação e Expressão, Felício
Wessling Margotti, concorda.
"Acho que o grande desafio
da UFSC hoje é consolidar essa expansão recente, com as
novas vagas que foram criadas
nos últimos dois, três anos.
Obviamente que isso se reflete
em uma demanda muito grande de espaço físico, servidores,
técnicos administrativos, para
que a gente tenha as condições ideais de infraestrutura
e pessoal para absorver todo
esse crescimento nos níveis de
qualidade que a universidade
tem alcançado e obviamente
há uma preocupação de manter esses níveis de qualidade",
argumenta o professor.
O retorno à sociedade
Quem pensa que professor só trabalha dentro da sala de aula está redondamente enganado. Além do quadro-negro, existem muitas
outras atividades com que os docentes se envolvem. São inúmeras as formas de contribuir
para o desenvolvimento da sociedade, como a
pesquisa e a extensão.
"Quanto mais avançada a universidade, mais
forte a inserção da pesquisa e da geração de conhecimento. Ela se projeta no meio social como
um fator de desenvolvimento, por meio da pesquisa e da extensão, que é como a universidade
interage com outros setores da sociedade", avalia Felício Wessling Margotti.
Quem pesquisa sabe a força que tem. A professora Luciane Perazzolo é um exemplo. Para
ela, a universidade é um dos principais locais onde se gera o conhecimento científico e tecnológico de um país. Assim, a pesquisa é fundamental,
desde que o trabalho e o conhecimento gerados
sejam repassados para toda a sociedade.
"Eu sou bióloga e as duas vertentes fortes
na minha profissão são a pesquisa e o ensino.
Estar em uma universidade, em um ambiente acadêmico, significa poder participar de maneira ativa na formação de estudantes (futuros
profissionais) de diversas áreas que permeiam a
Biologia, sendo que pela pesquisa podemos es-
timulá-los a usar a mente de maneira científica
e auxiliá-los a experimentar o prazer da descoberta. Isso é extremamente gratificante", conta
a professora.
Ela própria se beneficiou da pesquisa ainda na graduação, em Caxias do Sul (RS), entre
1985 e 1990. Foi quando recebeu a primeira
bolsa de Iniciação Científica, que proporcionou
um estágio no Instituto de Biotecnologia durante os cinco anos de curso. Não parou mais de
pesquisar. Fez o Mestrado na UFSC em Aqüicultura (1992-1994) e o Doutorado na França, em
Biologia e Fisiologia Celular (1995-1998).
"É importante salientar que para um cientista
conhecimento nunca é demais e o seu grande
desafio é se manter atualizado. Diria então, que
um bom cientista deve obrigatoriamente nunca
estar “pronto”, uma vez que própria Ciência é altamente dinâmica", reflete.
Hoje, Luciane Perazzolo faz parte do Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética da UFSC. Recentemente, orientando a
aluna de Mestrado Cristhiane Guertler, ajudou a
trabalhar, pela primeira vez no Brasil, a técnica
do RNA de interferência para ativar a defesa dos
camarões contra o vírus da mancha branca. A
pesquisadora vê boas perspectivas de futuro para o setor no Brasil.
09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
O pensamento
de quem aprende
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Fo­to Divulgação
Assim como o corpo docente, estudantes
primam pela qualidade do ensino,
pesquisa e extensão
ingressar no curso de Letras,
habilitação Francês.
"A UFSC representa para
mim a concretização de todo
um esforço. Eu almejei muito
esse curso e estou adorando",
declarou, em depoimento colhido em homenagem aos 50
anos da instituição.
"A UFSC está abrindo as
portas para mim, estou entrando agora. Vai abrir muitas
portas na minha área, de educação, porque eu pretendo ser
professor de língua portuguesa. Aqui eu tenho tudo para
crescer", ponderou o calouro
de Letras Daniel César de Andrade.
O aprendizado vai
além da sala de
aula, é extraclasse.
Alunos, como Gean
Paulo Michel (capa
amarela) aliam a
teoria a programas de
extensão
Transformando vidas
Celso Ramos Martins está na UFSC
desde 1980. Mas a universidade está no
sangue do servidor. O pai, Manoel Martins Filho, ex-prefeito, conduziu a instituição quando ainda era uma “fundação”.
"Na época, aqui era um deserto, a estrutura nem se compara, a universidade
expandiu muito", conta Celso.
Ele começou trabalhando como datilógrafo, depois foi auxiliar administrativo e
hoje é o coordenador geral do Sindicato
dos Trabalhadores da UFSC (Sintufsc).
Em meio a toda uma pauta de reivindicações para a melhoria da qualidade do
trabalho, legítima em qualquer categoria
que pretenda “fazer a máquina funcionar“, Celso avalia que a Federal tem um
“ótimo ambiente para se trabalhar“.
"Com educação, fica melhor para o cidadão, fica mais esclarecido", comenta.
A maturidade que Celso tem dentro da
instituição é proporcional às expectativas
de futuro de quem acabou de chegar. A
servidora Cinthia de Medeiros não escolheu trabalhar ali por acaso. Ela e o noivo queriam dar um rumo diferente à vida
deles, em busca de uma melhor qualidade de vida. Quando soube do concurso
para o novo campus em Curitibanos, não
pensou duas vezes. A família do noivo,
advogado, é de lá. Ele foi na frente, e
ela foi atrás do sonho.
"Antes de mais nada, acreditei muito
que essa era a minha chance de estar
com o amor da minha vida e alcançar a
tão sonhada realização profissional. Foi
assim que cheguei à UFSC, num momento especial e de profundas mudanças,
de casa, de cidade, porém muito feliz
por estar ao lado da pessoa amada, com
uma família que me acolheu como filha
e num ambiente completamente novo de
trabalho", conta a servidora.
Ela não tem dúvidas de que tomou a
decisão certa. Cinthia acredita no sucesso da interiorização dos campi.
"Nós, servidores dos campi do interior, temos o privilégio de participar desse momento histórico da instituição. É
possível fazer um paralelo entre a UFSC
e uma jovem senhora, que no auge dos
seus 50 anos está buscando se reinventar, se redescobrir como nunca antes
tivera feito. A mudança dessa senhora
veio de dentro para fora, de uma necessidade de se comunicar com o que há de
mais moderno no mundo, buscando fazer
as mesmas coisas, porém de maneiras
diferentes. Não deixando de lado suas
convicções, nem mesmo toda sua experiência adquirida ao longo desse meio século de vida."
15
educandos
A
mesma oportunidade que a pesquisadora Luciane Perazzolo teve no início
da graduação, o
estudante Gean Paulo Michel
está tendo na UFSC. Gean cursa a oitava fase de Engenharia
Sanitária e Ambiental e desde
cedo participa de atividades
extraclasse. Da terceira até a
sexta fase fez parte de programas de extensão, e desde então integra o projeto de pesquisa “Prevenção e mitigação
de desastres hidrológicos na
bacia do Rio dos Cedros; SC”,
vinculado ao laboratório de Hidrologia.
"Desde que ingressei na
universidade me senti entre
profissionais que primavam
pela qualidade do ensino, pesquisa e extensão. Tanto é verdade, que alguns cursos da
UFSC são conceituados como
os melhores do país", comenta
o estudante.
Gean elogia os equipamentos e aparelhos de altíssima tecnologia com que tem
a oportunidade de trabalhar,
adquiridos com verba destinada à pesquisa. Mas não é só o
conhecimento científico que é
importante. A possibilidade de
viajar para pesquisas de campo e o contato com as pessoas nos projetos de extensão
representam um crescimento
pessoal de dimensão incalculável.
"Para o estudante esta é
uma experiência única, pois
o contato com as pessoas da
comunidade é realmente gratificante, já que cada cidadão
tem uma história de vida e pode acrescentar algo à sua formação. Além disso, ambas as
atividades, pesquisa e extensão, enobrecem o currículo de
qualquer pessoa", argumenta.
O q u e e l e e s t á v i ve n d o,
muitos outros alunos terão a
oportunidade de experimentar.
Como a estudante Gabriela
Gomes Andrade, que acaba de
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UFSC 50 anos
09 de setembro de 2010
UFSC na visão
das lideranças
Fo­to Carlos Mello / SECOM UFSC
Em 50 anos de trabalho, UFSC
tem seus valores reconhecidos e
destacados no meio político
E
m julho deste ano,
u m a c o m i t i va d o
governo estadual
partiu rumo a nova s p a r c e r i a s n a
Europa. A missão visitou a
Ucrânia e a República Checa.
Entre políticos e empresários,
a Universidade Federal de
Santa Catarina se fez representada. O convite para integrar a delegação é uma prova
de reconhecimento, e não foi
a primeira nem será a última
atividade de uma instituição
cada vez mais internacional.
"Hoje nos relacionamos
com 46 países,
em vários níveis,
mas sempre com
parcerias muito
horizontais. Queremos afirmar nossa
cultura, e também
queremos aprender diferentes culturas; queremos ser
16
"O governo tem que
valorização
usar a universidade federal como usa o Banco do Brasil, como uma
instituição maior. Ela
tem que ser considerada como a instituição
maior do ensino. A palavra "federal" chama
a atenção do estudante, pela sua amplitude,
por ser gratuita, por ter
professores de extrema
qualidade."
Leonel Pavan,
governador do Estado
Comitiva catarinense em
audiência no Ministério
do Comércio e Indústria
da República Checa, na
capital Praga
beneficiados por países mais
desenvolvidos e ajudar países
necessitados", celebra o reitor
Alvaro Prata.
"A UFSC é fundamental,
principalmente na qualificação
das pessoas, e tem sido uma
parceira de Santa Catarina",
reflete o governador Leonel
Pavan.
O governador ressalta a força das Federais e acredita que
a universidade precisa ser mais
valorizada e ter maior amplitude. Elogia a atual administração, que considera “democrática e transparente”.
"O reitor Prata está acima de
questões políticas, a prioridade
dele é a educação, e isso valoriza muito mais a nossa universidade", elogia.
Alvaro Prata agradece o elogio:
"A universidade precisa ser
abrangente e tolerante, não pode ter um pensamento único. Ela
não pode ter preferências, não
pode torcer por um time, não pode defender um partido. Sua preferência é com a verdade, com
os valores mais absolutos, com o
que é certo, com o que é correto,
"Sem a Universidade Federal, a Capital não seria a mesma. Ela forma pessoas cada vez mais
educadas, mais preparadas. Isso proporciona
uma independência pessoal e da própria nação.
O maior tipo de independência do ser humano é
aquela conquistada pelo conhecimento."
Dário Berger,
prefeito de Florianópolis
com a moral.
O reconhecimento das lideranças políticas também se refletiu em homenagens oficiais.
Tanto a Assembleia Legislativa
quanto a Câmara de Vereadores
de Florianópolis realizaram cerimônias parabenizando a UFSC
pelos seus 50 anos.
O prefeito de Florianópolis,
Dário Berger, formou-se em Administração pela UFSC, em 1983.
"Eu tive o prazer de estudar lá. A UFSC é uma instituição preconizada pela excelência. Ela representa um
marco histórico no nosso
desenvolvimento tecnológico
e social. Acho que é um dos
e i xo s d e d e s e nvo l v i m e n t o
econômico mais importantes
de Florianópolis, se não for o
mais importante", destaca o
prefeito.
09 de setembro de 2010
informe comercial
UFSC 50 anos
Girando a roda
da economia
Fo­to Acervo AGECOM/UFSC
Chegada da Universidade Federal de
Santa Catarina, nos anos de 1960, é um
marco para a cidade e o Estado
mais diversas áreas. São pessoas qualificadas pela universidade
que depois de formadas aplicam
o conhecimento no dia a dia da
indústria", reflete o presidente da
Fiesc (Federação das Indústrias
do Estado de Santa Catarina), Alcantaro Corrêa.
O industrial observa ainda outro ponto importante: os reflexos
das atividades de pesquisa e extensão.
"A pesquisa, uma vez aplicada
no processo produtivo, contribui
para o aumento da competitividade das empresas. A atuação
em pesquisa e em projetos de
extensão torna a UFSC parceira
direta das indústrias, contribuindo para o desenvolvimento de
novas tecnologias", afirma o presidente da Fiesc.
"A virtude de uma universidade reside na geração de conhecimento. A Federal de Santa
Catarina cumpre com maestria
o dever de contribuir com o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado e corrobora,
ainda, com o processo de desen-
Campus da Trindade,
em 1960, onde tudo
começou. No entorno
do primeiro prédio,
desenvolveu-se a
região
volvimento político, econômico e
social, sobretudo por suas ações
de cooperação com a sociedade catarinense", concorda Bruno
Breithaupt.
Casos de ganhos concretos
por meio de parcerias com a universidade se multiplicam. Alcantaro Corrêa lembra do trabalho
em conjunto do Instituto Euvaldo Lodi e da UFSC que ajuda a
alavancar a inovação no Estado,
com mais de 100 empresas de
tecnologia da informação e comunicação abrangidas, fortalecendo o segmento e conquistando ganhos consideráveis de competitividade
em seus produtos. |Outro
projeto citado, ainda em
desenvolvimento, é a criação de uma rede de núcleos de inovação tecnológica, com
o objetivo de preparar o ambiente das universidades para a inovação tecnológica.
17
Quem não quer fazer parte?
Quem não quer fazer parte de uma das
maiores universidades do país? Quem já entrou
sabe disso, para a alegria dos pais. A empresária e gerente financeira Talita de Souza Martins
Macan pôde comemorar o ingresso do filho André Martins Macan, de 22 anos, que está cursando a 7ª fase do curso de Engenharia Civil.
"Acho muito bom, é uma universidade pública e possui bons investimentos em equipamentos e laboratórios", conta Talita.
Quanto melhor a instituição, maior o nível
de exigência. De um lado, quem vive o dia a
dia universitário, como André, exige que os
professores se preocupem com os alunos; que
sejam didáticos e assíduos, para não acabar
prejudicando a transmissão do conteúdo programado e assim manter a qualidade da aprendizagem.
Do outro lado, está a exigência do estudo
para quem ainda não entrou. Nos campi fora
de Florianópolis, a chegada da UFSC fez com
que a garotada aumentasse o esforço nos estu-
dos. Na Capital, também tem quem se dedique.
Como o estudante Marcelo Augusto de Oliveira
de Melo, que cursa o último ano do Ensino Médio no Instituto Estadual de Educação e pretende fazer vestibular para História ou Geografia.
"A UFSC é muito conceituada nessas duas
áreas, principalmente em História Geral", diz o
estudante.
Vai ser fácil passar em um vestibular tão
concorrido?
"Depende, se eu estudar bastante...", brinca Marcelo, com o mais sério dos otimismos de
quem está fazendo a sua parte (estuda de manhã e à noite).
Bárbara Lindner também tem se esforçado
para passar em Farmácia.
"Eu quero ir para o Exército, como oficial na
área da saúde", revela.
Ambos querem a UFSC.
"Não é nem pelo dinheiro, mas porque não
existem muitos cursos tão conceituados nas
outras universidades", pondera Marcelo.
expansão
Q
uem viveu em Florianópolis nos anos
de 1960 sabe o que
era a cidade naquela
época. Vai lembrar
bem do que era a Trindade, um
bairro afastado. A instalação da
Universidade Federal de Santa
Catarina impulsionou o desenvolvimento naquela vizinhança. Hoje,
é um dos locais mais movimentados e valorizados da Capital.
Tudo porque uma universidade
do porte da UFSC ajuda a gerar
a roda da economia. Afinal, muitos estudantes que passam no
vestibular são de fora da cidade,
e eles precisam ter onde morar,
onde comer, onde se divertir, como se locomover. Para atender à
demanda, toda uma infraestrutura é montada, são criadas empresas, que geram trabalho e renda,
transformando a cidade no que
ela é hoje.
"A chegada da Federal foi um
marco para o Estado e para a
cidade", lembra Osmar Silveira,
presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis, que
também está comemorando 50
anos de vida.
"Simultâneo à expansão da
universidade cresce a representatividade dos setores do comércio
de bens, serviços e turismo no
entorno da Federal catarinense,
com a instalação de empreendimentos comerciais e a ampla
oferta de serviços nos bairros vizinhos ao campus da UFSC", argumenta o presidente do Sistema
Fecomércio de Santa Catarina,
Bruno Breithaupt.
Mas não é só isso, não é só a
região onde o campus original foi
instalado que cresceu. A formação
de profissionais qualificados fez o
Estado todo se desenvolver.
"Muitos profissionais formados
ali hoje são grandes empresários, que estão gerando desenvolvimento importante por toda a
nossa sociedade", declara Osmar
Silveira.
"A participação da UFSC no
setor industrial começa com a
formação de profissionais das
informe comercial
09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
Uma cidade
da saúde
Fo­to Fernando Willadino
Hospital Universitário oferece
estrutura assistencial acoplada
à uma estrutura didática
S
e um aluno da Medicina, hoje, sonhasse
com as dificuldades
dos primeiros estudantes, talvez valorizasse ainda mais o esforço que
a profissão exige. Foram 20 anos
de faculdade sem o mais humano e complexo dos “laboratórios”,
o Hospital Universitário (HU).
Não que não se lutasse por
ele. Pelo contrário. Foram duas
décadas de reivindicações, atendidas somente em 1980.
"O HU acabou sendo inaugurado na década de 1980. Eu lembro porque eu estava lá", recorda
o médico Carlos Alberto Justo da Silva,
hoje vice-reitor da
UFSC, que participou
ativamente da batalha para a implantação do hospital na
universidade.
Este ano, o HU comemora três décadas de formação de
médicos e atendimento à comunidade. Uma estrutura gigantesca
que demanda um árduo trabalho
para administrar.
"É como administrar uma cidade. Temos nossas peculiaridades, trabalhamos 24 horas por
dia com porta aberta. A grande diferença é essa. Isso muda
muita coisa. Há uma demanda
maior de esforço e trabalho, com
o mesmo ritmo nos dois turnos,
que têm seus picos, com reforço
de pessoal", explica o diretor do
HU, o médico Felipe Felício.
Realmente a tarefa não é das
mais simples. O investimento
mensal gira em torno de R$ 10
milhões: R$ 3 milhões de custeio
e mais R$ 7 milhões com outras
despesas, como remuneração do
pessoal.
"Por que o nosso custo é
maior? Porque temos embutida a
formação dos recursos humanos,
que é a principal função do HU,
mais até do que atender à população. Temos os cursos de Medicina, Enfermagem, Odontologia,
Farmácia, Psicologia, Fisioterapia,
tudo aqui dentro. Essa formação
hospital
18
Atualmente, o HU tem 1,3
mil servidores, sendo 300
professores. A média é de
181 atendimentos diários
de emergência
é uma coisa muito forte. Temos
uma estrutura assistencial acoplada à estrutura didática, por isso o
custo é muito alto", ensina.
Segundo o reitor Alvaro Prata, o Hospital Universitário segue
esforçando-se para cumprir suas
metas embora tenhamos de reconhecer as inúmeras dificuldades encontradas. As dificuldades
estão associadas principalmente
aos recursos para custeio e à
contratação de profissionais.
Após 30 anos de utilização, o
hospital precisou de um checkup. Os problemas vão aparecendo, e por isso o investimento em
infraestrutura é o grande desafio
da administração atualmente.
Só na reforma da caixa d’água
foram investidos R$ 400 mil. A
parte elétrica foi renovada, em
parceria com uma empresa da
iniciativa privada, com economia
de consumo de energia de 14%
só nas luminárias.
"É uma casa velha que você
sempre tem que ir arrumando
direitinho, não pode deixar cair.
O hospital cresceu muito. Ele triplicou o seu tamanho, e a infraestrutura tem que acompanhar;
pelo menos dobrar", alerta o diretor.
Três décadas atrás, eram 90
pessoas trabalhando no complexo. Hoje, são 1,3 mil servidores,
sendo 300 professores. O hospital tem 270 leitos ativos, com
números expressivos de cirurgias
(só não são feitas a cardíaca e a
neurocirurgia) e atendimentos.
O atendimento é gratuito, dentro do Sistema Único de Saúde
(SUS), e eles recebem pacientes
de todo o Estado. Em 30 de dezembro do ano passado foi feito
o primeiro transplante de córnea
no HU.
A pesquisa também é bastante estimulada. Uma das áreas
de ponta é no estudo de asma
e bronquite. Outra vertente é o
centro de pesquisa de cirurgia
experimental. Existe também
um laboratório de biomecânica
bem desenvolvido, onde fazem
análise de prótese para a Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância
Sanitária).
"Eles querem entrar com uma
prótese no Brasil, eles mandam
para cá e a gente vê se pode ou
se não pode entrar. O que precisar colocar no corpo humano,
eles mandam para a gente e fazemos análise", conta Felício.
Tudo isso terá um reflexo intenso na preparação dos futuros
médicos catarinenses.
Como o estudante Lucas Santiago, de 26 anos. Ele está no 6º
ano, é doutorando na internação
médica, onde passa por várias
áreas, de cirurgia à saúde pública.
"É de suma importância o
convívio no HU, porque todas
as maiores lições da faculdade
a gente aprende ali. É a grande
abertura para o mundo profissional", garante o estudante.
Em 2009
156 mil atendimentos ambulatoriais realizados
95 mil atendimentos de emergência
Médias
13.259 consultas marcadas por dia
32 internações por dia
181 atendimentos de emergência por dia
Nove cirurgias no Centro Cirúrgico por dia
13 cirurgias ambulatoriais (sem internação)
por dia
09 de setembro de 2010
informe comercial
UFSC 50 anos
A escolha de
uma profissão
Fo­to Fernando Willadino
Da chegada dos primeiros calouros que
iniciaram a história da universidade aos
mais de 20 mil alunos
ra dos Povos Indígenas do Sul da
Mata Atlântica, Guarani, Kaingang
e Xokleng, vinculado ao departamento de História. O curso tem
duração de quatro anos, com 120
vagas - 40 para cada povo. Serão
3.348 horas, 100% presencial, dividido entre Tempo universidade (os
alunos vão até o curso) e Tempo
comunidade (o curso vai até os
alunos nas aldeias). O curso terá
um vestibular específico, provavelmente em novembro, em locais
perto das aldeias.
"Todos os indígenas do Sul da
Mata Atlântica, desde os Guaranis
(do ES ao RS), os Xokleng, no Alto
Vale, e os Kaingang (presentes em
toda a região Sul e em SP), estão
aptos a fazer o vestibular", conta
a coordenadora do Laboratório de
História Indígena, Ana Lúcia Vulfe
Nötzold.
O curso vai formar por terminal
idades: Linguagens (línguas indí-
Em 2009 foram
21.594 alunos na
graduação presencial,
e 2.566 diplomados
genas), Humanidades (com ênfase
em Direitos Indígenas) e Conhecimento Ambiental (ênfase em Gestão Ambiental).
"Nós temos um eixo norteador
que é Territórios Indígenas: Questão Fundiária e Ambiental no Bioma Mata Atlântica. Todos os alu-
- Centro de Ciências Agrárias (CCA):
Agronomia, Ciência e Tecnologia Agroalimentar,
Engenharia de Aquicultura e Zootecnia
- Centro de Ciências Biológicas (CCB):
Ciências Biológicas * e **
- Centro de Ciências Jurídicas (CCJ):
Direito
- Centro de Desportos: Educação Física *
- Centro de Educação (CED):
Arquivologia, Biblioteconomia, Educação do
Campo e Pedagogia
- Centro de Comunicação e Expressão
(CCE): Artes Cênicas, Cinema, Design (de Animação, de Produto e Gráfico), Língua e Literatura Brasileiras** e Língua e Literatura Estrangeiras (Inglês**, Espanhol**, Francês, Italiano
e Alemão), Língua Brasileira de Sinais * e **,
Jornalismo e Secretário Executivo
- Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM): Física* e **, Matemática* e ** e
Química*
- Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH): Filosofia* e **, Ciências Sociais*,
História*, Geografia*, Psicologia, Antropologia,
Geologia, Oceanografia e Museologia
nos terão habilitação em Licenciatura da Infância. Até a quinta fase
todos estarão habilitados.
Em todas as terras indígenas
terão professores do ensino
fundamental e poderão optar pelas terminal idades ",
explica a professora.
- Centro de Ciências da Saúde (CCS):
Enfermagem, Farmácia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e Nutrição
- Centro Sócio-Econômico (CSE): Administração**, Ciências Contábeis**, Ciências
Econômicas**, Relações Internacionais e Serviço Social
- Centro Tecnológico (CTC): Arquitetura
e Urbanismo, Ciências da Computação, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia Civil, Engenharia
Elétrica, Engenharia Eletrônica, Engenharia de
Materiais, Engenharia de Produção, Engenharia
Sanitária e Ambiental, Engenharia Química, Engenharia Mecânica e Sistemas de Informação
- Campus de Joinville: Engenharia da
Mobilidade
- Campus de Curitibanos: Ciências Rurais
- Campus Araranguá: Tecnologia da Informação e Comunicação, Engenharia de Energia e Fisioterapia
* Licenciatura e Bacharelado
** Presencial e à distância
19
graduação
Q
uando a UFSC dava
os primeiros passos
sobre o chão ainda
cru do universo do
ensino superior em
Florianópolis, 847 calouros tiveram
a honra de começar esta história
cinquentenária escolhendo uma
profissão entre não mais do que 10
opções, em seis faculdades. Os 50
anos de evolução transformaram
aquele parque enlameado no meio
da longínqua Trindade em uma cidade populosa.
Hoje, mais de 20 mil alunos
transitam pelas ruas do campus,
e outros mais se espalham Estado
afora, em outros campi ou no ensino a distância. O ano de 2009 terminou com 21.594 alunos na graduação presencial, e 2.566 foram
diplomados. Na educação a distância, foram oferecidas, em junho do
ano passado, 1.830 vagas distribuídas em sete cursos, e 5.389 alunos estão matriculados. Este ano,
a iniciativa pioneira da UFSC dá os
primeiros frutos: as primeiras colações de grau nos cursos de graduação a distância.
Com a criação de novos cursos,
a partir de exigências do Reuni (o
projeto do governo Federal para a
reestruturação das universidades),
as vagas no vestibular aumentaram para 6.120, em 82 possibilidades de graduação.
Esses números tendem a crescer ainda mais nos próximos anos.
"Como desde 2008 temos um
acréscimo anual de vagas, deveremos chegar, em 2013, a 32 mil
alunos", projeta a pró-reitora de
Graduação, Yara Müller.
Entre as novas opções de escolha no vestibular estão: licenciatura
e bacharelado em Língua Brasileira
de Sinais, Educação do Campo, Antropologia, Museologia, Engenharia
de Energia, Geologia, Arquivologia,
Engenharia Eletrônica e Fonoaudiologia. Os campi recentemente criados fora da Capital também terão
aumento de vagas. Para 2011, já
está aprovada em todas as instâncias a criação do Curso de Fisioterapia para o campus de Araranguá.
Outra novidade é a Licenciatu-
informe comercial
UFSC 50 anos
Crescimento
com qualidade
09 de setembro de 2010
Fo­to Fernando Willadino
Programas criados e autorizados
a funcionar já iniciaram com
mestrado e doutorado
E
m 2009, a UFSC comemorou 40 anos de ensino na pós-graduação.
Hoje a instituição conta com 57 programas
(mais de 100 cursos de mestrado
e de doutorado), organizados em
oito grandes áreas do conhecimento: Agrárias, Biológicas, Engenharias, Exatas, Humanas, Letras/Linguistica, Saúde e Ciências
Sociais Aplicadas. Ainda existem
mestrados profissionais, cursos
interdisciplinares e programas em
rede com outras instituições.
"Nossa pós-graduação seguiu
crescendo e todos os novos cursos foram recomendados com conceito
4. Os novos programas criados e autorizados a funcionar já
iniciaram com mestrado e doutorado",
lembra o reitor Alvaro Prata.
Atualmente a Universidade
Federal de Santa Catarina é o
maior centro de pós-graduação
do Estado, – e muitos de seus
cursos são referências nacionais. A última avaliação trienal
foi realizada pela Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pesso-
pós-graduação
20
A pós-graduação em
Química tem a nota
máxima concedida
pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior
al de Nível Superior (Capes) em
2007 - e a UFSC ficou entre as
20 instituições melhor colocadas
no ranking da pós-graduação.
Entre os 50 programas da universidade avaliados na época, 75%
receberam conceito 4 e 5 e 10%
ficaram com conceito 6 e 7 (notas máximas para a Capes, que
avalia critérios como número de
teses e dissertações defendidas,
produção de artigos científicos,
qualificação dos docentes e estrutura).
As pós-graduações em Di-
" O prestígio não vem 'de graça'. A estrutura montada é de primeira linha. Em 1998, o Departamento de Química da UFSC foi o primeiro no país a ter
100% de professores doutores. São 35 professores
no programa de pós, todos com orientações concluídas nos últimos três anos, ou seja, estão formando
pessoas, orientando e gerando conhecimento. "
reito, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica e Farmacologia,
com conceitos 6, e Química, com
Estrutura humana e
laboratorial de primeira
linha garantem a
excelência da Química
conceito 7, representam a UFSC
no Programa de Excelência Acadêmica (Proex). Para contextualizar, existem 60 programas de
pós-graduação em química no
Brasil, e apenas seis têm a nota
máxima.
Em 2008, incluindo as conceituações emitidas para os novos cursos, a UFSC ficou com
um conceito médio de 4,35 – e
computando apenas os doutorados, passa a 4,64. "Temos uma
boa média em nível nacional,
mas também bastante espaço
para evoluir qualitativamente e
nos colocamos a meta de atingir médias mais próximas de
5”, complementa a pró-reitora
de Pós-graduação, Maria Lúcia
de Barros Camargo, que agora
em setembro receberá a nova avaliação da Capes. Alguns
dos cursos melhor colocados,
sua estrutura, linhas de pesquisa, conquistas e desafios serão
destaques em um dos próximos
cadernos desta série.
09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
Ciência que
qualifica o ensino
informe comercial
Fo­to Divulgação/AGECOM
A formação vai além da sala de aula. Aliada
à pesquisa, contribui para o desenvolvimento
de habilidades diferenciadas
Formação inicia cedo
A iniciação científica na Federal começa na segunda e na ter-
ceira fases; uma formação bem
diferente da grande maioria das
particulares, que basicamente só
oferecem aulas.Assim como seus
professores, os estudantes concentram sua inteligência tanto na
pesquisa básica, sem nenhuma
intenção ou cobrança de gerar
uma aplicação tecnológica, quanto no desenvolvimento de novas
tecnologias.
A pró-reitora explica que com
a pesquisa os alunos começam
a desenvolver habilidades diferentes, pois percebem que o que
eles estudam na sala de aula tem
realmente uma correspondência
prática.
"Nossa missão também é
formação de pessoal qualificado e a pesquisa contribui para melhorar essa qualificação,
mas ela também tem contribuído muito com a comunidade.
Há muita pesquisa de impacto
social e cooperativa com o setor empresarial. Há uma característica de ter um bom relacionamento, com casos marcantes, como a Embraco e o Polo
Tecnológico. Isso mostra que
as pesquisa geram frutos dire-
A UFSC é a oitava
instituição no país em
número de equipes
envolvidas em
pesquisa
tos para a sociedade", observa
Jorge Campagnolo, diretor do
Departamento de Projetos de
Pesquisa.
Débora concorda, e vai além
na análise. No Brasil a pesquisa é produzida principalmente
na academia. Nos países do
primeiro mundo não é assim.
Ela lembra que somente três
de seus colegas de turma no
doutorado na Universidade de
Oxford, na Inglaterra, atuam e
universidades. Todos os outros
As três melhores do mundo
1 - Harvard – EUA
2 - Massachusetts Institute of Technology – EUA
3 - Universidade de Stanford – EUA
As três melhores do Brasil
1 – Universidade de São Paulo (122º no mundo)
2 – Universidade Estadual de Campinas (239º)
3 - Universidade Federal de Santa Catarina (377º)
As seis melhores da América Latina
1 – Universidade Nacional Autônoma do México
(70ª)
2 - Universidade de São Paulo (122º)
3 – Universidad de Chile (199º)
4 - Universidade Estadual de Campinas (239º)
5 – Universidad de Buenos Aires (274º)
6 - Universidade Federal de Santa Catarina (377º)
fazem parte da indústria.
"Os países de primeiro
mundo contratam doutores, mesmo que eles não
trabalhem na indústria
com aquilo que desenvolveram na academia. São
pessoas com habilidades
diferenciadas, para pensar, ir
atrás de soluções. É uma questão cultural que passa pela formação dos empresários para
chegar a essa visão", conta.
21
Ranking mundial
A UFSC está posicionada
entre as 400 melhores universidades do mundo, de acordo
com a última edição do Webometrics (www.webometrics.
info), o ranking mundial de
universidades na web (rede de
computadores).
Enquanto a ciência brasileira é gerada principalmente
nas universidades, a UFSC faz
a sua parte. E é reconhecida
nos levantamentos mundiais.
De acordo com a última edição
do ranking mundial de universidades na web (Webometrics),
está posicionada entre as 400
melhores do mundo. Na pesquisa, ligada ao Ministério da
Educação da Espanha e que
analisou 12 mil instituições
acadêmicas no mundo, aparece
como a terceira melhor entre
as brasileiras, e como a primeira federal.
pesquisa
C
onhecimento não se
repassa com a cátedra; também se cria.
Não é por acaso que
a Universidade Federal de Santa Catarina é referência, hoje, na produção científica
e tecnológica. A UFSC é a oitava
instituição no Brasil em número
de equipes envolvidas em pesquisa. Entre professores efetivos,
pós-graduandos e estudantes de
graduação, são 2.862 pesquisadores, divididos em 422 grupos,
trabalhando em 1.662 diferentes
linhas de atuação. É uma excelência em pesquisa que transborda qualidade também para a
graduação
"Foi o tempo em que se acreditava que a formação do estudante fosse feita em sala de aula.
Hoje as pessoas têm maior consciência de que a formação é uma
coisa muito mais completa. A sala
de aula é o esqueleto, e o recheio
é a pesquisa e a extensão", comenta a pró-reitora de Pesquisa e
Extensão, Débora Menezes.
O universo de saber contemplado pelos pesquisadores é tão
vasto que a pró-reitora teve dificuldade em definir quais seriam
detalhados nas edições futuras
dos cadernos do cinquentenário
que serão veiculados no Diário
Catarinense.
"Para escolher os 50 projetos,
fizemos uma proporção a partir
dos grupos de pesquisa de cada centro. Não significa que são
os melhores trabalhos, é apenas
uma mostra. Para divulgar todos
os qualificados precisaríamos de
cadernos o ano inteiro", explica.
Uma das pesquisas selecionadas foi realizada por nutricionistas e acadêmicos dos cursos de
graduação e de pós-graduação
em Nutrição. Eles formaram uma
equipe para avaliar o peso de estudantes em Santa Catarina, e
descobriram que 15,4% têm sobrepeso, e 6%, obesidade.
informe comercial
UFSC 50 anos
Difundindo
o saber
09 de setembro de 2010
Fo­to Divulgação/Agecom
A Extensão integra a universidade
com as comunidades, governos e
empresas
U
ma universidade
que se encolhe
em seus limites
está desperdiçando a oportunidade de evoluir. As inst i t uiç õ e s que t ra ba lha m o
conhecimento têm muito a
ensinar, e muito a aprender
com as comunidades que as
cercam. Por isso é fundamental realizar o que os ingleses chamam de outreach,
ou seja, “alcançar o lado de
fora”, transpor a fronteira do
campus e partilhar ideias. É o
que se chama de Extensão.
"O que a Extensão se propõe
é t ra n s fe r ir p a ra
a sociedade um
pouco daquele conhecimento desenvolvido na universidade. Mas hoje nós vemos
isso como um mecanismo de
mão dupla. Quando a transferência é feita, as pessoas
que estão fazendo isso lá na
ponta também aprendem",
argumenta a pró-reitora de
Pesquisa e Extensão, Débora
Menezes.
Tudo começou com o famoso Projeto Rondon, programa criado em 1966, coordenado pelo Ministério da
D e fe s a , p a ra e nvo lve r e s -
extensão
22
Um dos projetos de
destaque é desenvolvido
com indígenas. A troca de
conhecimento enriquece o
currículo do professor e os
alunos têm uma vivência
do que aprenderam, fora da
sala de aula
tudantes universitários em
projetos de integração social
em comunidades carentes,
como os longínquos rincões
da Amazônia.
Hoje as atividades envolvem ações nas comunidades,
palestras, cursos e parcerias
com empresas e indústrias
para transferência de tecnologias, entre diversas outras
atividades. “A divulgação e a
popularização da ciência também são formas de Extensão,
de colaborar para que as pessoas construam outras visões
de mundo”, lembra o professor Nelson Canzian, diretor
do Departamento de Projetos
de Extensão da UFSC.
Fo­to Projeto Kit Diversidade/CCA
Em 2009 a
Universidade
Federal de Santa
Catarina realizou
4.344 ações de
extensão
Em 2009, a UFSC realizou
4.344 atividades de Extensão
e concedeu 302 bolsas por
mês, números que representam acréscimos de 37% e
33% em relação a 2008. Para que esses números sejam
ainda maiores, há uma proposta em discussão no Fórum
de pró-reitores de Extensão
para que se crie uma agência de fomento desse tipo de
projeto.
"A gente tem aqui um projeto lindo de Extensão com
os indígenas. Não só os professores do CFH vão lá nas
aldeias, como eles acabam
trazendo muita coisa que os
indígenas sabiam", revela.
Um desses trabalhos junto à comunidade indígena é
denominado de “Projeto Cipó
Guambé, Taquaruçu e Anilina: a cultura material Kaingáng como fator de inclusão
social”, coordenado pela professora Ana Lúcia Vulfe Nötzold, do Departamento de
História.
"A vivência e o olhar sobre uma nova cultura têm
muito a enriquecer o currículo profissional, tanto como
a vida particular do docente
e do acadêmico. A possibilidade de compartilhar conhecimento e por em prática a
teoria obtida na universidade
torna o aluno com um poten-
cial ainda maior, pois colocao frente à refletir e pensar
na comunidade, saindo do
meio acadêmico, reflete Ana
Lúcia.
"Para o acadêmico a saída
a campo possibilita o contato com a realidade indígena
em Santa Catarina, permite
o acesso à documentação
que está nos arquivos das
escolas, realização de entrevistas produzidas por meio
da Metodologia de História
Oral e um breve estágio de
vivência, sendo um diferencial na pesquisa e formação
profissional. Os integrantes
da equipe foram instrumentalizados na vivência de uma
realidade que não se aprende/ensina em bancos escolares", garante a coordenadora
do projeto.
A Série UFSC 50 prevê
também um caderno com 50
projetos de Extensão. Assim
c o m o no c a s o do c a de r no
de Pesquisa, será uma mostra de alguns dos trabalhos
da universidade. Ações para
a terceira idade; de teste e
difusão de sistemas agroecológicos; assistência jurídica e
um grupo de ajuda a familiares de idosos portadores
da doença de Alzheimer são
apenas alguns exemplos que
m o s t ra r ã o a i n t e ra ç ã o d a
UFSC com a comunidade.
09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
Os símbolos
da excelência
informe comercial
Fo­tos Divulgação
Da pesquisa científica vem boa parte dos
prêmios recebidos pela universidade ao
longo dos seus 50 anos
Uma pesquisa como
a desenvolvida pelo
Laboratório de Moluscos
Marinhos, com aplicações
práticas na comunidade, tem
um importante papel social e
ambiental
Ademir Neves. A classe de comendador é a primeira oferecida. Acima dela, há a classe Grã-Cruz, que
personalidades da UFSC também
já receberam. Em 2002, o agraciado com a Grã-Cruz foi ninguém
menos do que o ex-reitor e professor emérito Caspar Erich Stemmer,
uma sumidade nas áreas de Engenharia e um dos maiores colaboradores que a instituição já teve.
Os feitos de Stemmer no passado da UFSC certamente servem
de exemplo aos novos administradores, como o próprio reitor Alvaro
Toubes Prata, outro condecorado
com a ordem da Grã-Cruz, recebida em maio deste ano por serviços
prestados na área das Ciências da
Engenharia.
"É uma distinção que nos honra muito e nos dá uma responsabilidade adicional como pesquisador
e cientista. É um reconhecimento
que nos motiva e nos lisonjeia",
comemorou Prata.
É justamente da pesquisa
científica que vem boa parte dos
prêmios recebidos pela universidade ao longo desses 50 anos. Os
exemplos se multiplicam. Um deles
vem do Laboratório de Moluscos
Marinhos (LMM), vencedor do Prê-
O reconhecimento
se multiplica. As
pesquisas com moluscos
marinhos, por exemplo,
conquistaram o Prêmio
Finep de Inovação
Tecnológica
mio Finep de Inovação Tecnológica
em 2005, na categoria Inovação
Social. O projeto apresentado pela equipe do LMM mostrou que
as atividades desenvolvidas pela
universidade e o repasse desse conhecimento aos pescadores artesanais estão na base do crescimento
da maricultura em Santa Catarina.
Inscrito com o título “Cultivo de
Moluscos: Uma Revolução Social
no Litoral Catarinense”, o projeto
descreveu como o trabalho da universidade resultou em benefícios
sociais e ambientais.
Uma pesquisa como essa, com
aplicações práticas que ajudam no
desenvolvimento de uma comunidade, tem uma importância
social e ambiental. É o caso
também do projeto "Água,
fonte de alimento e renda:
uma alternativa para o semiárido", desenvolvido em
uma parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, e com a
Fundação Centro de Referência
em Tecnologia de Inovação (Certi),
que é vinculada à UFSC. No ano
passado, o programa conquistou o
Prêmio von Martius de Sustentabilidade, na categoria Tecnologia, e
foi o único do concurso a receber
"menção honrosa". O trabalho premiado está sendo implantado na
comunidade Uruçu, localizada no
município de São João do Cariri,
na Paraíba, para valorizar o uso da
água no clima semiárido brasileiro.
Que tal imaginar um novo
remédio para reduzir a ansiedade, ou diminuir o risco de uma
convulsão? Tudo começa com
a pesquisa em laboratórios. Foi
o que fez o pós-doutorando da
UFSC Filipe Silveira Duarte, que
em 2008 recebeu o Prêmio José Pedro de Araújo pelo trabalho
com as propriedades medicinais
da planta Polygala sabulosa. Em
testes com roedores, Duarte
provou que a planta, conhecida
como timuto-pinheirinho, tem
propriedades que diminuem a
ansiedade e a incidência de convulsões nos animais.
23
premiações
E
m abril deste ano, o
professor Ademir Neves, do Departamento
de Química da UFSC,
recebeu do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva a Ordem
Nacional do Mérito Científico, por
suas contribuições prestadas à ciência e à tecnologia do país. Agora, o professor Ademir é também
o Comendador Ademir. É apenas
um dos exemplos recentes, que se
somam à história de incontáveis
distinções. Em seus 50 anos de vida, a Universidade Federal de Santa Catarina vem colecionando prêmios, símbolos do reconhecimento
do esforço das pessoas que fazem
o motor da academia funcionar.
Citar todos seria praticamente
impossível em tão poucos centímetros de papel. Por isso, aqui,
destaque para alguns dos prêmios,
como ícones de todo o conjunto
de realizações notáveis da instituição.
A presença de professores em
círculos de excelência, como a
Academia Brasileira de Ciências,
por exemplo, é constante, assim
como as homenagens do Ministério da Ciência e Tecnologia, como
a comenda entregue ao professor
informe comercial
09 de setembro de 2010
UFSC 50 anos
Do laboratório
à inclusão social
Fo­tos Fernando Willadino
A excelência da pesquisa
vai além dos trabalhos dos
laboratórios científicos da UFSC
U
m dos papa-títulos da
Universidade Federal
de Santa Catarina é o
Laboratório de Soldagem, do Instituto de
Soldagem e Mecatrônica. Desde
1988, quando o projeto "Banco de
ensaios para estudo de controle e
automação do processo de soldagem MIG/MAG" recebeu o prêmio
Soltronic, oferecido pela Associação Brasileira de Soldagem, o Labsolda não parou mais de se destacar em premiações, nacionais e
internacionais.
Em 2004, por exemplo, um trabalho ao acadêmico de graduação
Billy Alceu de
Abreu ficou com
o segundo lugar no concurso
"South American
and Caribbean
Student Presentation and Paper Contest". Em
agosto deste ano, mais uma "medalha de prata" veio com o trabalho "Elaboração de Parâmetros
para a Soldagem Orbital Automá-
premiações
24
O Laboratório de
Soldagem, desde 1988,
quando ganhou o Soltronic,
não parou mais de se
destacar, seja em prêmio
nacionais ou internacionais
tica na Construção de Dutovias de
Petróleo e Gás", apresentado no
XVII CREEM - Congresso Nacional
de Estudantes de Engenharia Mecânica, na Universidade Federal de
Viçosa (MG).
São trabalhos que geralmente
têm aplicação na indústria, mas
que acabam impactando também,
indiretamente, na vida das pessoas. Outros projetos têm relação
Os trabalhos, na sua
maioria, têm aplicação na
indústria, mas eles acabam
impactando também,
indiretamente, na vida
das pessoas. Ou seja, os
projetos focam ainda na
inclusão social
direta com o consumidor. Como o
trabalho do aluno de Engenharia
de Produção e Sistemas Gustavo
Braz Carneiro, vencedor do Prêmio
Nacional de Conservação e Uso
Racional de Energia, concedido
pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica.
O estudante projetou uma casa 100% ecológica, que procura
aproveitar, ao máximo, recursos
naturais como vento, sol e chuvas.
Mas não é só nos laboratórios
científicos que reside a excelência
da pesquisa na UFSC. A inclusão
social também é uma preocupação, presente em diversos trabalhos de pesquisa e extensão premiados. O aluno do Mestrado em
Educação Física Miguel Sidenei Bacheladenski participou do Prêmio
Brasil de Esporte e Lazer de Inclusão Social, entregue pelo presidente Lula, pela dissertação "(Re) Significações do lazer em sua relação
com a saúde em comunidade de
Irati (PR)", classificada em 2º lugar
na categoria Dissertações, Teses e
Pesquisas Independentes.
O gerenciamento e a economia do país e do mundo são outras das áreas de estudo dentro
da instituição com um histórico de
premiações. Os pesquisadores do
Núcleo de Estudos em Simulação
Gerencial (Nesig) Moisés Pacheco de Souza e Ricardo Bernard
receberam o prêmio "Best Paper
Award" no congresso da Associa-
tion for Bussiness Simulation and
Experiential Learning (ABSEL), realizado em março deste ano em
Little Rock, nos Estados Unidos.
A ABSEL é reconhecida como a
maior associação de simulação de
negócios (jogos de empresas) em
nível mundial. O artigo é parte da
dissertação de mestrado de Moisés
Pacheco de Souza, sob a supervisão do professor Ricardo Bernard,
e trata da influência da capacidade
de previsão dos alunos no resultado das empresas simuladas.
Outro pesquisador premiado na
área econômica é Daniel Augusto
de Souza, formado em Ciências
Econômicas pela UFSC em 1994.
Ele recebeu o Prêmio Catarinense
de Economia 2009 – Economista Carlos José Gevaerd. Vencedor
na categoria “Economista”, Souza
apresentou o artigo “Elasticidade
– Atributo do preço. Uma nova
abordagem acerca da sensibilidade
– preço – atributo”, fruto de sua
tese de doutorado em Engenharia
Civil, concluído em 2008. Durante
cinco anos ele pesquisou para entender qual a percepção de valor
que os consumidores do mercado
imobiliário tinham dos produtos.
O prêmio é oferecido pelo Conselho Regional de Economia de
Santa Catarina, e visa estimular
a produção de trabalhos na área
econômica que possibilitem contribuir para o desenvolvimento econômico catarinense e brasileiro.