1 Conceito e Objetivo da Filosofia Antiga 1.1 As

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1 Conceito e Objetivo da Filosofia Antiga 1.1 As
1 Conceito e Objetivo da Filosofia Antiga
A filisofia ( = amor pela sabedoria) tem por objetivo a totalidade das coisas
(toda a realidade, o “todo”) e nisto confina com a religião; usa um método racional, e
nisto tem contatos com a ciência (com a qual por certo se identifica); além disso, tem
como escopo a pura “contemplação da verdade”, ou seja, o conhecimento da verdade
enquanto tal, e nisto se diferencia das artes, que tem intuito prevalentemente prático.
A contemplação da verdade, que é aspiração natural do homem, é vista como
fundamento da moral e também da vida política no seu mais alto sentido, e os
filósofos consideram-na o momento supremo da vida do homem, fonte da verdadeira
felicidade.
1.1 As Conotações Essenciais da Filosofia Antiga
Conforme a tradição, o criador do termo “filo-sofia”, foi Pitágoras, o que,
embora não sendo historicamente seguro, é no entanto verossímil (verdadeiro). O
termo certamente foi marcado por um espírito religioso, que presuponha ser possível
só aos deuses uma “sofia” (“sabedoria”), ou seja, a posse certa e total do verdadeiro,
enquanto reserva ao homem apenas mais uma tendência à sofia, uma contínua
aproximação do verdadeiro, um amor ao saber nunca totalmente saciado, de onde,
justamente, o nome “filosofia”, ou seja, “amor a sabedoria”?
Desde seu nascimento, a filosofia apresentou três conotações, referentes:
a) Ao seu conteúdo;
b) Ao seu método;
c) Ao seu objeto.
1.2 O Conteúdo da Filosofia
No que se refere ao conteúdo, a filosofia quer explicar a totalidade das coisas,
ou seja, toda a realidade, sem exclusão de partes ou momentos dela. A filosofia, por
tanto, se distingue das ciências particulares, que assim se chamam exatamente porque
se limitam a explicar partes ou setores da realidade, grupos de coisas ou de
fenômenos. E a pergunta daquele que foi é considerado como o principio dos filósofos,
“qual é o princípio de todas as coisas?”, mostra a perfeita consciência desse ponto. A
filosofia, por tanto, propõe-se como objeto a totalidade da realidade e do ser. E, como
veremos alcança a totalidade da realidade e do ser precisamente descobrindo a
natureza do primeiro “princípio”, isto é, o primeiro “por que” das coisas.
1.3 O Método da Filosofia
No que se refere ao método, à filosofia procura ser “explicação puramente
racional daquela totalidade” que tem por objeto. O que vale em filosofia é o
argumento da razão, a motivação lógica, o logos. Não basta à filosofia constatar,
determinar dados de fato ou reunir experiências: ela deve ir além do fato e das
experiências, para encontrar a causa ou as causas apenas com a razão. É justamente
este o caráter que confere “cientificidade” à filosofia. Pode-se dizer que tal caráter é
comum também às outras ciências, que enquanto tais, nunca são mera constatação
empírica, mas são sempre pesquisas de causas e de razões. A diferença, porém, está
no fato de que, enquanto as ciências particulares são pesquisas racionais de realidades
e setores particulares, a filosofia, é pesquisa racional de toda a realidade (do princípio
ou dos princípios de toda realidade).
Com isso, fica esclarecida a diferença entre filosofia, arte e religião. A grande
arte e as grandes regiões também visam a captar o sentido da totalidade do real, mas
elas o fazem, respectivamente, uma, com o mito e a fantasia, outra, com crença e a fé,
ao passo que a filosofia procura a explicação da totalidade do real precisamente em
nível de logos.
1.4 O Objetivo da Filosofia
O escopo ou fim da filosofia esta no puro desejo de conhecer e
contemplar a verdade. Em suma, a filosofia grega é desinteressada pelo amor pela
verdade.
Conforme escreve Aristóteles, os homens, ao filosofar, “buscam o
conhecer a fim de saber e não para conseguir alguma utilidade prática”. Com efeito, a
filosofia nasceu apenas depois que os homens resolveram os problemas fundamentais
da subsistência e se libertaram das necessidades matérias mais urgentes.
E Aristóteles conclui: “Portanto, é vidente que nós não buscamos a
filosofia por nenhuma vantagem a ela estranha. Ao contrário, é vidente que, como
consideramos homem livre aquele que é fim para si mesmo, sem este submetido a
outros, da mesma forma, entre todas as outras ciências, só a esta consideramos livres,
pois é só ela é fim a si mesma”.
É fim a si mesma porque tem por objetivo a verdade, procurada,
contemplada e desfrutada como tal.
Compreendemos, portanto, a afirmação de
Aristóteles: “Todas as outras ciências não serão mais necessárias do que esta, mas
nenhuma será superior”. Uma afirmação que todo o helenismo tornou própria.
1.5 A Filosofia como Necessidade Primária do Espírito Humano
Alguém poderá perguntar: por que o homem sentiu a necessidade de
filosofar? Os antigos respondiam que tal necessidade se enraíza estruturalmente na
própria natureza do homem. Escreve Aristóteles: “Por natureza todos os homens
aspiram ao saber.” E ainda: “Exercita a sabedoria e o conhecimento é por si mesmo
desejável aos homens: com efeitos, não é possível viver como homens sem essas
coisas”.
E os homens tendem, a saber, ao por que se sentem cheios de
“espanto” ou de “maravilha mento”. Diz Aristóteles: “Os homens começaram a
filosofar, como agora quanto na origem, por causa do maravilhamento: no princípio,
ficavam maravilhados diante das dificuldades mais simples; em seguida, progredindo
pouco a pouco, chegaram a se colocar problemas maiores, como os relativos aos
fenômenos da lua, do sol e dos astros e, depois, os problemas relativos à origem de
todo o universo”.
Assim, a raiz da filosofia é precisamente esse “maravilhar-se”, surgido
no homem que se defronta com o Todo (a totalidade). Por essas razões, portanto,
podemos repetir, com Aristóteles, que não apenas na origem, mas também agora e
sempre, a antiga pergunta sobre o todo “sentido” terá sentido enquanto o homem se
maravilhar diante do ser das coisas e adiante do seu próprio ser.
1.6 Conclusões sobre o Conceito Grego de Filosofar
Impõe-se aqui uma reflexão. A “contemplação”, peculiar à filosofia
grega, não é um otium vazio. Embora não se submeta a objetivos utilitaristas, ela
possui relevância moral e também política de primeira ordem. Com efeito, é evidente
que, ao se contemplar o todo, mudam necessariamente todas as perspectivas usuais,
muda a visão do significado da vida do homem, e uma nova hierarquia de valores se
impõe.
Em resumo, a verdade contemplada infunde enorme energia moral. E, com
base precisamente nessa energia moral Platão quis construir seu Estado ideal.
Entretanto, resultou evidente a absoluta, originalidade dessa criação
grega. Os povos orientais também tiveram uma “sabedoria” que tentava interpretar o
sentido de todas as coisas (o sentido do todo), mas não submeteram a objetivos
pragmáticos. Tal sabedoria, porém, esta permeava de representações míticas o que
levava para a esfera da arte, da poesia ou da religião. Ter tentado essa aproximação
com o todo fazendo uso apenas da razão (do logos) e do método racional, pois,
podemos concluir, a grande descoberta da “filo-sofia” grega. Uma descoberta que,
estruturalmente e de modo irreversível, condicionou todo o Ocidente.
2 Arthur Schopenhauer
2.1 Vida e Obra
Schopenhauer nasceu em Danzig, 22 de fevereiro de 1788, cidade considerada
“livre”, e morreu em Frankfurt, 21 de setembro de 1860. Seu pensamento é
caracterizado por não se encaixar em nenhum dos grandes sistemas de sua época, está
entre as mais magníficas na língua alemã, um filosofo do século XIX. Sua filosofia é
conhecida pelo pessimismo, o oposto de Hegel, a quem desprezava.
Filho de um rico comerciante, Heinrich Schopenhauer, homem de grande
integridade moral (embora seu filho discordasse) que era também banqueiro,
conselheiro da corte e queria que o filho seguisse a carreira do comércio por isso
tratou de colocá-lo para estudar francês, na casa de um amigo comerciante que
morava na França. Nessa fase, diz Schoupenhauer, “vivi a parte mais feliz de minha
infância”. Aprendeu francês a ponto de esquecer sua língua nativa. Mais tarde,
também aprendeu inglês quando passou um tempo em Londres. Schoupenhauer não
queria ser comerciante. Sentia uma forte tendência para a filosofia, que considerava “a
ciência dos verdadeiros sábios”.
Estudou em colégios de padres; depois desistiu dos estudos e economia e,
antes da morte de seu pai, viajou por vários países da Europa, aprendendo nesta
ocasião o inglês. Há indício de que o pai de Schoupenhauer tenha se suicidado, pois
seu corpo foi encontrado num canal de Hamburgo. A mãe de Schopenhauer se
chamava Joana. Era escritora popular e romancista e realizava reuniões literárias na
casa da família. Não se relacionava muito bem com seu esposo. Depois da morte de
seu pai, mudou-se com a mãe para Weimar, com quem sempre se desentendia. Tinha
certa repugnância pelos filósofos que “vendiam” suas ideias. É importante salientar
que Shoupenhauer tinha temperamento forte. Nas oportunidades de sua vida, tentou
estudar medicina, mas desistiu do curso e dedicou-se à filosofia. Teve forte influência
das ideias de Kant (filosófo do racionalismo) e Platão. Além disso, foi aluno de alguns
dos grandes pensadores de seu tempo: Wolf, Ficher e Schlecermarcher, este último
ardentemente hegeliano. A tese de doutorado de Schoupenhauer foi sobre a “Raiz
Quadrada do Princípio da Razão Suficiente”. Ela foi tema de interesse de Goethe que, a
partir de então, tornou-se grande amigo de Schoupenhauer – essa amizade foi
rompida posteriormente. Ambos encontravam-se continuamente para discutir sobre o
tema das cores.
A principal obra desse filósofo foi “O Mundo Como Vontade e Representação”
foi escrita em 1819, mas só foi editada, com a ajuda de um amigo, no ano de 1848. Ele
foi o primeiro filósofo a introduzir o Budismo (religião e filosofia oriental que busca a
superação do sofrimento humano) e o pensamento indiano na metafísica alemã.
Lecionando em Berlim, as aulas de Shoupenhauer eram pouco prestigiadas pelos
alunos, ao contrário das aulas de Hegel que eram lotadas. Coisa que provocava inveja
por parte de Shoupenhauer. Ao fim de sua vida, esse filósofo viveu recluso e em
extrema solidão na cidade de Frankfurt, sem muitos amigos. Aliás, durante toda sua
vida teve poucos amigos, pois não cultivava muito suas amizades.
2.2 Pensamentos Schopenhauer
Para compreender a antropologia (noção de homem) schopenhauriana é
necessário entender sua noção de mundo. Em sua obra, Schoupenhauer afirma que o
mundo é um fenômeno (acontecimento), uma representação, portanto, uma
aparência que pode conduzir ao engano. Aqui se encontram algumas influências da
filosofia kantiana. As formas do mundo são espaço, tempo e causalidade. Tal como na
concepção de Kant (exceto a noção de causalidade), essas formas ordenam e elaboram
as sensações. É dessa maneira que se apreende o mundo. Mas é importante entender
que no mundo existem objetos (orgânicos e inorgânicos) e, cada um desses objetos,
inclusive o homem, se manifesta como “vontade de ser”.
Schopenhauer identifica a vontade como uma força impessoal que controla
todas as coisas, inclusive nós. Enquanto que no mundo em que vivemos, as coisas nos
aparecem de forma diversa, há uma pluralidade, a vontade é a força única que está
por trás de tudo o que vemos e ela nos rege (controla). O Universo é, portanto, um
grande impulso cósmico para a existência manifestada em seres conscientes
particulares, isto é, nós somos manifestação da vontade inconsciente que rege todo o
Universo. A vontade produz desejos nunca totalmente saciáveis, e como estamos
sujeitos ao seu controle, não temos domínio sobre nossas próprias vidas, daí o famoso
pessimismo de Schopenhauer. Dessa forma, os objetos do mundo são, por assim
dizer, uma objetivação da “vontade de ser”. Sendo assim, o homem, como objeto no
mundo, também se apresenta como vontade de viver. Essa vontade é ilimitada e
apreendida pela intuição. Mas, é conveniente salientar que, por ser ilimitada, a
vontade também é insaciável, por isso gera sofrimento, por isso Schopenhauer diz que:
“A vida é um processo de contínuo sofrimento para o qual a arte pode ser uma trégua
temporária”. A única coisa que alivia a dor da vontade parece ser o prazer. Mas este é
momentâneo e consiste numa cessação da dor. Destas breves considerações sobre o
homem, o mundo e a vontade, a única conclusão que se pode tirar acerca da vida é
que ela é sofrimento. A solução para acabar com a dor de viver é, segundo
Schoupenhauer, a anulação da vontade. Porém, para que isso ocorra é necessário que
o homem tenha consciência da realidade, do joguete que a existência lhe impõe, para,
somente depois de tomar consciência, se preparar para a ascese (conjunto de
exercícios de meditação religiosa ou melhoria corporal) que, só é possível através de
cinco maneiras.
1) Arte ou da Experiência Estética: Tendo como base a música. Para
Schoupenhauer a arte faz com que a vontade torne-se objetiva. Trata-se de
uma materialização ou coisificação do querer que possibilita a transformação
da vontade em algo objetivado.
2) Noção de justiça: entendida como o reconhecimento da vontade dos outros
seres. Através da justiça é possível haver igualdade entre os seres. Quando isso
acontece, avança-se para a terceira etapa:
3) Bondade: Aqui entra a ética da compaixão, face ao sofrimento de todos os
seres. É importante que se tenha bondade quando se toma consciência da dor
que a vida acarreta.
4) A Ascese: Aparece como uma livre e perfeita castidade, a ponto de arrancar o
homem do desejo de viver. É muito importante destacar que a ascese é livre;
do contrário não seria possível avançar para a quinta etapa.
5) A Monutas: Trata-se de uma cessação completa do querer, da vontade de vida
a que nos referimos. A anulação do desejo de vida conduz o homem ao nirvana
(estado de plena quietude e ausência de sofrimento). Nele não há tédio,
sofrimento ou angustia, pois já não existe vontade.
2.3 O mundo como Vontade e Representação
É a grande obra de Schopenhauer, publicada em 1819. O primeiro livro é
dedicado à teoria do conhecimento ("O mundo como representação, primeiro ponto
de vista: a representação submetida ao princípio de razão: o objeto da experiência e
da ciência."); o segundo, à filosofia da natureza ("O mundo como vontade, primeiro
ponto de vista: a objetivação da vontade"); o terceiro, à metafísica do belo("O mundo
como representação, segundo vista: a representação independente do princípio
de razão. A ideia platônica, objeto da arte"); e o último, à ética ("O mundo como
vontade, segundo ponto de vista: atingindo o conhecimento de si, afirmação ou
negação da vontade").
2.4 Teoria do Conhecimento (o mundo como representação)
"O mundo é a minha representação". Com estas palavras Schopenhauer inicia
essa sua principal obra filosófica. A tese básica de sua concepção filosófica é a de que o
mundo só é dado à percepção como representação: o mundo, pois, é puro fenômeno
ou representação. O centro e a essência do mundo não estão nele, mas naquilo que
condiciona o seu aspecto exterior, na "coisa em si" do mundo, a qual Schopenhauer
denomina "vontade" (o mundo por um lado é representação e por outro é vontade). O
mundo como representação é a "objetividade" da vontade (vontade feita objeto submetida ao princípio formal do conhecimento, o princípio de razão). Essa
objetividade se faz em diferentes graus, passando pelas forças básicas da natureza
(cadeia alimentar), pelo mundo orgânico, pelas formas de vida primitivas e avançadas,
até chegar no grau de objetividade mais alto por nós conhecido, o ser humano. Entre o
objeto e a vontade há um intermediário, o qual Schopenhauer identifica com a "idéia
platônica". A ideia é a "objetivação adequada da vontade" em determinado grau de
objetivação. Esses graus crescem em complexidade, cada um objetivando a vontade de
forma mais completa e detalhada. Mas a totalidade do mundo como representação, a
qual é o "espelho da vontade" só existe na manifestação concomitante e recíproca das
diferentes ideias, as quais disputam a matéria escassa para manifestarem suas
respectivas características.
2.5 Filosofia da Natureza (o mundo como vontade)
As formas superiores assimilam as inferiores e as subjugam ("assimilação por
dominação"), até que elas próprias são vencidas pela resistência das inferiores e
sucumbem (eis a morte), devolvendo a elas a matéria delas retirada e permitindo-lhes
expressar as suas características a seu próprio serviço (eis o ciclo da natureza). Entre
todas as ideias, e portanto, entre todas as formas de vida e forças naturais, mantém-se
"guerra eterna". Devido a essa eterna luta, os objetos nunca conseguem expressar
suas respectivas ideias de forma perfeita, eles apresentam-se sempre com um certo
"turvamento" (perda da transparência), é por isso que apenas as ideias são
objetividades adequadas da vontade.
Schopenhauer utiliza a palavra representação para designar a ideia ou imagem
mental de qualquer objeto vivenciado como externo à mente.
2.6 A metafísica do Belo (objeto da arte)
No terceiro livro estuda-se a arte, a qual permite o conhecimento da
representação independentemente do princípio de razão. No momento da
contemplação estética o objeto preenche completamente a consciência do sujeito. A
consequência objetiva é o conhecimento completamente objetivo do objeto, o qual
passa a categoria de ideia (objetividade adequada da vontade); a consequência
subjetiva é o auto esquecimento do indivíduo, o qual passa a categoria de pura
faculdade cognitiva (puro sujeito do conhecimento), daí (desse auto esquecimento,
quando o conhecimento liberta o indivíduo de sua vontade) provém a satisfação
proporcionada pela contemplação estética. Quanto mais belo for um objeto mais
próximo ele está de expressar a sua respectiva ideia, livre de turvamentos. O filosofo
estuda diversas formas de arte, buscando demonstrar que todas elas buscam permitir
o conhecimento das objetividades adequadas da vontade (ideias, no sentido platônico,
não kantiano), das mais simples às mais complexas.
2.7 A Ética (afirmação ou negação da vontade)
É
no
quarto
livro
que
Schopenhauer
revelará
uma
fonte
para
o existencialismo e para o Niilismo (redução ao nada). A questão aqui é " a grande
questão" já levantada pelo famoso verso de Hamlet: ser ou não ser? O filósofo começa
investigando a vida e a morte e como uma anula a outra por meio da procriação,
garantindo a sobrevivência da espécie (e a continuação da expressão da ideia). Depois
estuda a liberdade; conclui que a mesma, no sentido rigoroso do termo (liberdade
da causalidade), restringe-se à coisa em si (a vontade) e que todo fenômeno, sempre
submetido ao princípio de razão, não é livre. É apenas em um caso que a liberdade da
vontade penetra no fenômeno: quando este se nega, chega a renúncia ascética
(negação da vontade). Antes de descrever melhor o que é "afirmação da vontade" e
"negação da vontade" o autor escreveu aquelas célebres páginas em que tenta
demonstrar que "a dor não se interrompe" e que "toda vida é sofrimento". A
afirmação da vontade ocorre quando o conhecimento do mundo torna-se um motivo
para se fazer de forma mais intensiva o que já se fazia naturalmente. No caso da
negação o conhecimento do mundo torna-se um "quietivo" da vontade, levando-a, no
caso extremo, à renúncia ascética (à abnegação e à santidade). Ele estuda como as
diferentes relações entre vontade, conhecimento e sofrimento (quer conhecido quer
sentido) podem levar aos diferentes caráteres: cruel, mal, egoísta (que é o natural,
aqueles que todos possuem conforme a natureza), justo, bom, e santo. Por fim,
Schopenhauer faz uma apologia da santidade como o único caminho para libertar a
vida de suas dores e levar à "redenção do mundo".
Frases
“A nossa felicidade depende mais do que temos na cabeça, do que nos nossos
bolsos”
“Quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a
existência”
“O amor é compensação da morte”
“A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não
compreende”
“Sentimos a dor mas não a sua ausência”
“O destino baralha as cartas, e nós jogamos”

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