As Principais Alergias Alimentares Explicadas

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As Principais Alergias Alimentares Explicadas
AS PRINCIPAIS ALERGIAS
ALIMENTARES EXPLICADAS -
UMA VISÃO GERAL EM
12 ARTIGOS
A alergia alimentar é uma reação exacerbada do sistema
imunológico a certos tipos de alimentos. Em geral, essa reação
é imediata ou de curto prazo e ocorre logo após você ingerir um
alimento específico. A reação ocorre quando seu sistema
imunológico identifica por engano uma proteína do alimento
como se fosse algo prejudicial. O corpo reage liberando
histamina, agindo rápido na intenção de combater o “invasor”.
A histamina é um mediador das respostas alérgicas que causa
vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular (edema) e
contração da musculatura lisa (tanto brônquica como
gastrointestinal).
Segundo o Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar de
2007, estima-se que 6% das crianças menores de 3 anos sejam
alérgicas a algum alimento, enquanto que a prevalência em
adultos é de 3,5% – números que ainda estão aumentando até
os dias de hoje.1 Nos Estados Unidos, uma pesquisa divulgada
em 2011 constatou que cerca de 6 milhões de crianças
americanas (8% da população menor de 18 anos) eram
alérgicas a algum alimento.2
Para algumas pessoas, a ingestão ou contato com uma
pequena quantidade de um alimento pode desencadear
sintomas como alterações digestivas, urticárias ou inchaço
visível nas pálpebras, pele e lábios. Em outras, a reação alérgica
pode ser mais intensa e grave, atingindo as vias respiratórias
(“edema de glote”).
Normalmente, a alergia é a reação à proteína de algum
alimento, como leite de vaca, trigo, ovo, amendoim, castanhas,
peixes e frutos do mar. A herança genética, uma dieta com as
proteínas alergênicas e a incapacidade do trato gastrointestinal
em lidar com o nutriente são os fatores mais importantes para
alguém desenvolver alergia alimentar.
O intestino imaturo e o sistema imunológico em formação
se tornam os principais motivos de bebês e crianças menores
de 3 anos serem a população mais suscetível às alergias
alimentares.
Saiba mais sobre os alimentos mais alergênicos e onde
eles se encontram!
LEITE DE VACA
É um dos alimentos que mais causam alergias alimentares.
Possui três principais alérgenos: caseína, alfa-lactoalbumina e
beta-lactoglobulina. Rinite, coceiras na pele e distensões
abdominais são os sintomas mais frequentes.
Para muitos bebês o leite de vaca é introduzido desde
cedo em fórmulas infantis em substituição ao leite materno.
Essa introdução prematura pode desencadear o processo
alérgico em indivíduos predispostos. Recentemente, foi
divulgado o dado de que no Brasil cerca de 350 mil crianças
sofrem com alergia à proteína do leite de vaca, também
conhecida como APLV. 3
Por ser fonte de cálcio, muitos se preocupam em repor o
micronutriente. Se você necessita tirar o leite de vaca da dieta,
pode acrescentar agrião, rúcula, espinafre, brócolis, couve,
ameixa seca, gergelim, amêndoas e aveia, que são ricos em
cálcio.
Preste atenção ao rótulo dos alimentos industrializados.
Proteínas do soro do leite (whey protein) podem não conter
caseína, mas contêm as outras proteínas e isso não vem
descrito no produto.
TRIGO
Esse alimento, que faz parte frequente da dieta da
população brasileira, está presente em diversos produtos como
pães, massas, bolos e biscoitos e contém uma série de
proteínas identificadas como causadoras de alergia. 4
Entre estas proteínas, a omega-gliadina é uma das
principais responsáveis pelas reações alérgicas mais severas,
cujos sintomas podem incluir rinite, asma, urticária e até
anafilaxia.
O glúten, que é um composto de proteínas encontrado no
trigo, centeio e cevada, por sua vez é causador de vários tipos
de hipersensibilidade não imediatas (como a doença celíaca),
diferentes da alergia ao trigo. Embora o termo “alergia ao
glúten” não seja tecnicamente adequado, muitas pessoas
portadoras de doença celíaca ou sensibilidade ao glúten o
utilizam para facilitar a explicação sobre sua condição. Há
debates entre pesquisadores sobre a relação entre as
condições de hipersensibilidade ao glúten e a alergia ao trigo. 5
Trataremos das condições de hipersensibilidade ao glúten
em outro artigo em nosso site.
O trigo é fundamental para conferir textura, sabor e maciez
aos produtos de panificação e massas. Mas hoje, a variedade de
farinhas disponíveis no mercado é enorme e é possível
substituí-lo. Você as encontra facilmente em lojas de produtos
naturais e supermercados.
OVO
A alergia ao ovo é muito frequente em crianças pequenas e
ocorre principalmente por causa das proteínas da clara. Mais de
50% das crianças que apresentam dermatite atópica podem
apresentar alergia à ovoalbumina, proteína que constitui 54%
do total proteico da clara do ovo. 6
Por ser considerado um alimento quase completo, quando
for necessário substituí-lo, é importante proporcionar à criança
uma alimentação muito variada, rica em vegetais, frutas e
outras fontes de proteínas, como carnes, aves, feijão e lentilha.
Em receitas de bolos e biscoitos, é possível substituir o ovo
(ou a clara) por um gel feito a partir da semente de linhaça e
outras opções, mas esse é um tema futuro que ainda
abordaremos no blog.
SOJA
Por ser um alimento amplamente cultivado no Brasil, ele
acaba fazendo parte de diversos alimentos processados e da
alimentação dos animais dos quais ingerimos a carne.
A alergia é mais frequente em crianças e a soja pode ser
substituída por outros grãos, sem causar prejuízo nutricional.
Molho shoyu, tofu e proteína texturizada são alguns dos
produtos mais utilizados que contêm soja. Alguns chocolates
contêm soja nos ingredientes, descrita como lecitina de soja,
por isso leia atentamente os rótulos e não se acanhe em
perguntar nas lojas de doces caseiros se existe soja na
preparação.
AMENDOIM E CASTANHAS
É comum encontrar pessoas alérgicas ao amendoim sem
ser a outras oleaginosas, como as castanhas. É um alimento com
alto teor de proteínas, o que aumenta sua alergenicidade, mas
que, se retirado da dieta, não causa prejuízo nutricional.
Assim como os amendoins, a alergia às castanhas (nozes,
avelã, castanha-do-Brasil) é mais comum em adultos e pode
provocar graves reações, como anafilaxia.
Além de retirá-los da dieta, observe a composição dos
doces e sempre pergunte ao confeiteiro se ele realmente não
utilizou esses alimentos na receita.
PEIXES E FRUTOS DO MAR
Alergia a peixes e frutos do mar (camarão, siri, caranguejo,
lagosta, lula, marisco, mexilhão) são frequentes em crianças e
adultos. Especialistas sugerem que a ingestão pela mãe
durante a gestação e a amamentação pode sensibilizar mais
facilmente o bebê. 7
Embora os sintomas sejam semelhantes aos outros
alimentos, estão entre os que ocasionam as reações mais
severas. Podem ocorrer inchaço nos lábios, faringe, laringe
(edema de glote), urticária (erupções vermelhas na pele) e
coceiras.
Além do cuidado de não ingerir alimentos processados
feitos com peixes e frutos do mar, questione em restaurantes e
lanchonetes se a batata ou a mandioca, por exemplo, foram
fritas no mesmo óleo desses alimentos.
SOCORRO RÁPIDO
Uma reação alérgica grave pode ocorrer mesmo que a
pessoa nunca tenha tido qualquer sintoma anteriormente. No
caso de uma anafilaxia (ou choque anafilático), as
consequências mais perigosas são o edema de glote e a falta de
oxigenação, necessitando de tratamento com adrenalina,
corticoides, bronco-dilatadores ou anti-histamínicos.
Independente da gravidade de sua alergia ao alimento,
pesquise sempre o que está ingerindo. Questione,
principalmente se você o faz para uma criança que ainda não
sabe escolher o que deve ou não comer. Fique atento!
REFERÊNCIAS:
Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2007. Rev. Bras. Alerg. Imunopatol.
– Vol. 31, Nº 2, 2008.
Disponível em: http://abran.org.br/images/novembro2010/consensoalergia.pdf
1
Gupta RS, et al. The Prevalence, Severity, and Distribution of Childhood Food
Allergy in the United States. PEDIATRICS Volume 128, Number 1, July 2011.
Disponível em:
http://pediatrics.aappublications.org/content/early/2011/06/16/peds.2011-020
4.full.pdf+html
2
Reportagem Fantástico (26/10/2014): No Brasil, 350 mil crianças têm alergia à
proteína do leite de vaca.
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/10/no-brasil-350-mil-criancas-tem
-alergia-proteina-do-leite-de-vaca.html.
3
Akagawa M, Handoyo T, Ishii T, Kumazawa S, Morita N, Suyama K (2007).
“Proteomic analysis of wheat flour allergens”. J. Agric. Food Chem. 55 (17):
6863–70. Disponível em: http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/jf070843a.
4
http://www.cureceliacdisease.org/archives/faq/what-is-the-difference-between
-gluten-intolerance-gluten-sensitivity-and-wheat-allergy
5
http://www.academia.edu/7069723/Sequential_separation_of_lysozyme_ovom
ucin_ovotransferrin_and_ovalbumin_from_egg_white
6
http://www.e-gastroped.com.br/march12/alergia_alimentar-consolidado_corrigi
do.pdf
7
O glúten é um composto proteico encontrado em cereais
como trigo, centeio, aveia e cevada. Entre eles, o trigo é o mais
consumido mundialmente e chega a fazer parte das principais
refeições e, para algumas pessoas, até mesmo de todas as
refeições.
Seja na forma de pães, massas, biscoitos, salgados, tortas,
cereais matinais ou mesmo bebidas como cervejas, o contato
com o glúten aumentou drasticamente nos últimos 40 anos
juntamente com o consumo de carboidratos1.
Coincidência ou não, após tal mudança no hábito
alimentar, houve um aumento de casos das doenças
relacionadas ao glúten: a doença celíaca, a sensibilidade ao
glúten não celíaca (ou intolerância ao glúten) e a alergia ao trigo
2
.
Embora o termo “alergia ao glúten” não seja tecnicamente
adequado, muitas pessoas portadoras de doença celíaca ou
outros tipos de sensibilidade ao glúten o utilizam por facilitar a
explicação sobre sua condição. Mas você sabe qual é a
diferença entre essas condições?
DOENÇA CELÍACA
Muitos indivíduos celíacos acabam se referindo à sua
doença como “alergia ao glúten”, termo que não é
tecnicamente correto, porém, exime o portador de longas
explicações acerca da sua condição.
No caso da doença celíaca, existe uma resposta autoimune
ao glúten quando este entra em contato com o intestino. Aqui,
os sintomas desencadeados são relacionados à morfologia e
digestão, podendo o indivíduo desenvolver diarreia, danos à
parede do intestino, síndrome de má absorção e,
consequentemente, desnutrição – diferente dos sintomas da
alergia ao trigo.
INTOLERÂNCIA AO GLÚTEN
Também chamada de sensibilidade ao glúten não-celíaca 2,
a intolerância ao glúten ocorre quando as possibilidades de
doença celíaca e de alergia ao trigo foram descartadas. Ou seja,
o médico analisou todos os sintomas e exames clínicos, e então
diagnostica uma sensibilidade ou intolerância à proteína,
provavelmente devido à exposição frequente ao trigo e demais
cereais.
A intolerância é decorrente da má digestão do glúten, que
é composto de uma mistura de proteínas longas (gliadina e
glutenina), cujos restos podem se alojar na parede do intestino.
É considerada uma condição mais recente 6, cuja prevalência
está entre 6 a 10% da população e a manifestação são
sintomas intestinais e que melhoram, ou mesmo desaparecem,
após a retirada do glúten, mesmo em indivíduos com intestino
saudável e que não apresentaram nos exames clínicos os
mesmos
anticorpos
(antiendomísio,
antigliadina
e
antitransglutaminase) 7 presentes nos celíacos.
ALERGIA AO TRIGO
A alergia ao trigo não deve ser confundida com a doença
celíaca ou com a intolerância ao glúten 8, ou mesmo com o
termo “alergia ao glúten”. A alergia alimentar é uma reação
exagerada, imediata ou de curto prazo, do sistema imunológico
a uma proteína específica e normalmente é acompanhada por
sintomas nas vias respiratórias ou na pele, como por exemplo,
rinite e urticária, podendo chegar até a uma anafilaxia
(distúrbio grave na circulação sanguínea e na oxigenação).
Ela ocorre da seguinte forma: o glúten é uma molécula
complexa, formada por diversas unidades proteicas. No trigo,
por exemplo, as principais são a glutenina e a gliadina. Quando
entram em contato com água, essas proteínas se relacionam e
formam uma rede complexa, que é o glúten. O organismo de
algumas pessoas considera essa proteína uma ameaça e neste
caso, a gliadina pode ser o “gatilho” que reage com a
imunoglobulina E (IgE), causando uma reação alérgica típica
que desencadeia sintomas como rinite, asma, urticária, e em
alguns casos mais graves, anafilaxia 3,4,5.
A alergia ao trigo é a mais comum entre as pessoas, uma
vez que este é o cereal mais consumido. No entanto, não
significa que elas também terão alergia aos outros cereais que
contêm glúten.
O TRATAMENTO É O MESMO PARA TODAS?
Os que apresentam alergia ao trigo ou intolerância ao
glúten são beneficiados com uma dieta isenta de glúten,
semelhante aos celíacos. Assim, muitas pessoas confundem
facilmente as três condições.
É importante destacar que a aveia em si não contém
glúten, mas como normalmente ela é processada nos mesmos
equipamentos que o trigo e outros cereais, ocorre uma
contaminação cruzada. Para as pessoas com intolerância, ela
pode não desencadear sintomas. No entanto, aqueles que são
portadores da doença celíaca ou alergia ao trigo deverão excluir
o cereal da dieta por precaução.
REFERÊNCIAS:
1
Malhotra, A. Saturated fat is not the major issue. BMJ 2013; 347.
Sapone A, Bai JC, Ciacci C, Dolinsek J, Green PH, Hadjivassiliou M, Kaukinen
K,Rostami K, Sanders DS, Schumann M, Ullrich R, Villalta D, Volta U, Catassi
C,Fasano A. Spectrum of gluten disorders: consensus on new nomenclature and
classification. BMC Med 2012, 10:13.
2
Ebisawa M et al. Clinical utility of IgE antibodies to omega – 5 gliadin in the
diagnosis of wheat allergy: a pediatric multicenter challenge study. Int Arch
Allergy Immunol. 2012; 158(1): 71 – 6. 5.
3
Nilsson N et al. Combining analyses of basophil allergen threshold sensitivity,
CD-sens and IgE antibodies to hydrolysed wheat, w-5 gliadin and timothy grass
enhances the prediction of wheat challenge outcome. Int Arch Allergy Immunol.
2013 (in press). 6.
4
Park HJ et al. Diagnostic Value of the Serum-Specific IgE Ratio of omega-5
Gliadin to Wheat in Adult Patients with Wheat-Induced Anaphylaxis. Int Arch
Allergy Immunol. 2012; 157(2)): 147 – 50.
5
Biesiekierski JR, Newnham ED, Irving PM, Barrett JS, Haines M, Doecke JD,
Shepherd SJ, Muir JG, Gibson PR. Gluten causes gastrointestinal symptoms in
subjects without celiac disease: a double-blind randomized placebo-controlled
trial. Am J Gastroenterol. 2011 Mar;106(3):508-14.
6
PORTARIA MS/SAS Nº 307, de 17 de setembro de 2009. Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas da Doença Celíaca.
7
http://www.cureceliacdisease.org/archives/faq/what-is-the-difference-between
-gluten-intolerance-gluten-sensitivity-and-wheat-allergy
8
Após anos e anos de distensões abdominais, dores,
diarreia e sintomas diversos que podem ir além do ambiente
intestinal, você descobre que possui uma intolerância ao
glúten. Medida imediata? Retirar, pelo menos temporariamente,
os alimentos feitos principalmente com trigo, mas também com
centeio e cevada. Eles incluem, nada mais nada menos, que
pães, massas, esfihas, brioches, pizzas, quiches, bolos,
croissants e biscoitos.
Um sentimento de desespero pode surgir. Fique tranquilo,
é normal. Afinal, até então, você não sabia o que seria uma vida
sem glúten. Essa proteína é responsável por proporcionar a
textura e o sabor característico de pães e massas, o que para
alguns são peculiaridades insubstituíveis.
É possível viver sem o glúten? A resposta é sim! Veja abaixo
como ser feliz e comer bem sem trigo, cevada e centeio.
INICIANDO A VIDA SEM GLÚTEN
Evitar o glúten significa mais do que retirar da dieta os
alimentos mais tradicionais, como os citados acima. O trigo,
principal fonte de glúten atualmente, pode se esconder em
vegetais congelados, molho de soja (shoyu), suplementos
vitamínicos, medicamentos, pasta de dente, sorvetes, entre
outros.
É claro que tudo vai depender do seu grau de intolerância.
Portadores da Doença Celíaca, por exemplo, devem tomar
cuidado com cosméticos e outros produtos, além dos
alimentos.
Embora o trigo atual não seja o mesmo que o consumido
há muitos anos devido a diversas modificações genéticas
desenvolvidas (melhora de produtividade, qualidade
“pegajosa” da farinha, etc.), para uma boa parte da população,
ele acaba sendo fonte de fibras (no caso do integral), de
vitaminas como as do complexo B e minerais como o magnésio.
Sendo assim, lembre-se de que será importante agregar
outros alimentos à dieta que forneçam uma dose de fibra
alimentar diária e substituir os produtos feitos com farinha de
trigo por outros tipos de farinha, que também são fontes de
vitaminas e minerais.
PREFIRA SE ALIMENTAR EM CASA
O fato de cozinhar sua própria comida já vai tornar sua vida
sem glúten muito mais simples. Frutas, legumes, carnes e
peixes, verduras e muitos grãos, como o arroz integral e a
quinoa, serão grandes aliados na dieta.
A ausência do trigo, por exemplo, não vai deixar sua dieta
monótona. Pelo contrário, a ampla gama de alimentos de
verdade tornará sua dieta muito mais saudável e variada. No
lugar de pães de trigo no café da manhã e salgados no lanche
da tarde, dê lugar às frutas, castanhas, amêndoas, iogurte e aos
produtos sem glúten.
ADICIONE GRÃOS, SEMENTES E CEREAIS AO SEU DIA A DIA
As farinhas sem glúten são ótimas opções, mas reveze com
o consumo de cereais, sementes e grãos in natura.
Use grão de bico e semente de girassol na salada, o
amaranto e a aveia nas frutas e também reveze o feijão e a
lentilha na combinação com o arroz integral ou quinoa. Bata a
linhaça no seu suco diário e adicione a granola natural (sem
glúten) ao seu iogurte.
Em tempo: muitas vezes, a aveia é citada como fonte de
glúten, no entanto, ela não contém a proteína. O que ocorre é
que muitas vezes ela é processada na mesma máquina que o
trigo ou produtos feitos a partir dele e pode ocorrer
contaminação cruzada. Indivíduos celíacos devem evitar a
aveia, mas se o seu organismo tolera uma pequena quantidade
de glúten (ou seja, você não é celíaco), não há problema em
consumi-la. Em todo caso, esteja atento e leia os rótulos do
produto.
UTILIZE FARINHAS SEM GLÚTEN
Você pode continuar comendo um pão pela manhã ou uma
massa no jantar. Aproveite a grande diversidade de farinhas
sem glúten disponíveis no mercado e adquira produtos com
elas.
Ao fazer bolos, pães e biscoitos, a mistura entre as farinhas
ajuda a se aproximar das características típicas do trigo. Frangos
e peixes podem ser empanados e assados no forno, assim como
bolinhos salgados.
Veja algumas opções: amaranto, quinoa, linhaça,
amêndoas, araruta, arroz integral, berinjela, banana verde, grão
de bico, fécula de batata, farinha de mandioca e assim por
diante.
FESTAS, REUNIÕES E EVENTOS
Nessas ocasiões, é comum o anfitrião oferecer petiscos ou
refeições que contenham glúten.
Se tiver à disposição frutas, faça uso delas. Tem na bolsa
um pacote com bolachinhas sem glúten? Se achar que não é
fazer desfeita, consuma-as com os patês. Se você não tiver
problemas com a lactose, os queijos são bem vindos. Castanhas
e amêndoas também serão aliados.
Você será o anfitrião? Abuse da criatividade! Faça rolinhos
de berinjela com recheio de tomate seco e ricota, canapés de
pepino e salmão, legumes picados no molho de iogurte, purê de
batata doce e chips de batata inglesa assados no forno.
RESTAURANTES GLUTEN FREE
Muitas capitais brasileiras já contam com restaurantes com
cardápios gluten free, desenvolvidos especialmente para esse
novo nicho no mercado. Pizzarias fazem sucesso com a criação
de deliciosas massas sem glúten – e que não deixam nada a
desejar em sabor e textura para as tradicionais.
TORNE-SE UM LEITOR DE RÓTULOS
Habitue-se a ler os ingredientes nos rótulos. Eles lhe dirão
se você pode consumir determinado produto. Congelados
costumam ter farinha de trigo, então leia atentamente tudo o
que foi acrescentado.
Principalmente, verifique a informação “contém glúten” ou
“não contém glúten”. Segundo a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA), é uma expressão obrigatória em todos os
produtos industrializados. Se você adquiriu um produto caseiro,
pergunte ao fabricante sobre a existência de trigo ou não.
DESFRUTE TRANQUILAMENTE
Você pode levar uma vida tranquila sem o glúten.
Naturalmente, o corpo sentirá as mudanças e a dieta vira um
hábito de vida, mas a alimentação ficará mais variada e os
sintomas desagradáveis causados pelo glúten vão diminuindo
com o tempo!
REFERÊNCIAS:
One Health Mag
Disponível em:
http://www.onehealthmag.com.br/index.php/ha-vida-sem-gluten/
Harvard Health Blog
Disponível em: http://www.health.harvard.edu/blog/
Mind Body Green
Disponível em:
http://www.mindbodygreen.com/0-9892/how-to-go-gluten-free-without-sacrific
ing-your-social-life.html
ANVISA – Lei nº 10.674, de 16 de maio de 2003
Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/e62b4c804745968e9e65de3fbc4
c6735/lei_10674.pdf?MOD=AJPERES
BRAMMER, S. P. Variabilidade e diversidade genética vegetal: requisito
fundamental em um programa de melhoramento. Passo Fundo: Embrapa Trigo,
2002. 9 p. html. (Embrapa Trigo. Documentos Online; 29).
Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/p_do29.htm.
A maioria das pessoas pode desfrutar da diversidade de
alimentos que existem sem sentir qualquer efeito negativo
após a ingestão. Para algumas, no entanto, determinados
alimentos causam reações que, além de afetar a qualidade de
vida, podem trazer sérios problemas à saúde. E uma das causas
é a intolerância alimentar.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE ALERGIA E INTOLERÂNCIA
ALIMENTAR?
A alergia alimentar é dependente de mecanismos
imunológicos mediados por IgE ou não, cuja resposta ao
alimento é aguda e imediata. O que ocorre é a reação de IgE
(anticorpo) com a proteína do alimento (antígeno) ou através de
outros anticorpos que também atingem células do sistema
imunológico, por exemplo, mastócitos e células T. No entanto,
algumas pessoas podem sofrer de reação alérgica alimentar
tardia, também mediadas por IgE.
Já a intolerância alimentar é um termo utilizado para
descrever mecanismos fisiológicos anormais não imunológicos
que ocorrem quando um alimento ou aditivo específico é
ingerido pelo indivíduo intolerante. As intolerâncias
alimentares são as mais comuns reações aos alimentos. Elas
podem ser causadas por reações tóxicas (ex.: aditivos
alimentares), metabólicas (ex.: aminoácidos) ou farmacológicas
(ex.: teobromina do chocolate), que podem desencadear
alterações não específicas no sistema digestório, alterações
cutâneas e respiratórias. A maioria dos estudos atuais aponta
que essas reações devem ser mediadas por anticorpos IgG.
O que acontece é que tais componentes alimentares
podem ultrapassar a barreira intestinal, cair na corrente
sanguínea e aumentar os níveis de anticorpos IgG circulantes,
estimular os mastócitos a liberarem histamina ou ainda o
próprio alimento conter histamina. A histamina é uma
substância que pertence ao sistema imunológico, mas que
pode ser liberada de diversas formas. Você já deve ter ouvido
falar que, no caso das reações alérgicas, o mais comum é
administrar um anti-histamínico para cessar a alergia.
QUEM IDENTIFICA A MINHA INTOLERÂNCIA ALIMENTAR?
O médico é o profissional capaz de diagnosticar sua
intolerância através de exames, solicitando a dosagem de
anticorpos IgE, IgG ou IgA. Ele vai aliar também o seu relato
sobre os sintomas e sua frequência alimentar. Se constatada a
intolerância, um nutricionista pode lhe ajudar a elaborar um
cardápio que atenda suas necessidades nutricionais,
restringindo o que for necessário.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA INTOLERÂNCIA ALIMENTAR?
Os sintomas se concentram mais no trato gastrointestinal,
mas podem atingir outras partes do organismo por
citotoxicidade (intoxicação celular). São muito parecidos com a
alergia alimentar, por isso muitas vezes o diagnóstico pode ser
difícil. Veja alguns sintomas:
Sistema digestório: diarreia, distensão abdominal, cólicas
e produção excessiva de gases;
Sistema nervoso central: enxaquecas, tontura, ansiedade,
depressão e alteração frequente de humor;
Sistema respiratório: congestão nasal, otite, rinite, asma
brônquica crônica de sinusite.
Geralmente, o início dos sintomas é mais lento, podendo
levar horas ou dias após a ingestão do alimento para que o
indivíduo perceba o desconforto. Dependendo da quantidade e
frequência consumida, os sintomas também podem durar horas
ou até mesmo dias.
Por ser algo difícil de detectar, muitas vezes a intolerância
alimentar pode ser a causa de uma doença crônica ou ao
contrário, quando esta desencadeia a intolerância, por
exemplo, a doença celíaca.
INTOLERÂNCIA À LACTOSE
Desenvolvemos um tópico somente sobre ela, pois é a
mais comum e pode apresentar diferentes graus: leve,
moderado ou grave. Ocorre quando o corpo não é capaz de
metabolizar a lactose (que é o açúcar do leite), por não possuir
a enzima lactase em quantidades adequadas. Assim, a lactose
não digerida no intestino retém água na tentativa de encontrar
um equilíbrio (isotonicidade). Essa retenção levará à
fermentação da lactose pelas bactérias, gerando os sintomas já
conhecidos.
Esntre estes, no caso da intolerância à lactose os mais
frequentes são a produção excessiva de gases, distensão
abdominal, cólicas e até mesmo diarreias, que são amenizados
com a interrupção do consumo de leite e derivados.
Os motivos que podem gerar essa incapacidade fisiológica
(de produzir a enzima lactase em quantidades adequadas) são:
Deficiência congênita: mais rara, a alteração genética faz a
criança nascer sem a capacidade de produzir a enzima lactase;
Deficiência primária: causa mais frequente na população.
Aqui ocorre uma diminuição natural e progressiva na produção
de lactase, podendo iniciar em qualquer fase da vida;
Deficiência secundária: algumas doenças intestinais
podem afetar a produção de lactase, por exemplo, Síndrome do
Intestino Irritável, diarréias, doença de Crohn, toxicidade por
antibióticos, doença celíaca ou mesmo a alergia à caseína
(proteína do leite). Se houver controle da doença de base, a
intolerância à lactose pode diminuir a gravidade.
EXISTE TRATAMENTO PARA A INTOLERÂNCIA ALIMENTAR?
É fundamental atentar para os sintomas relacionados com
a intolerância alimentar, pois o tratamento pode ser uma
simples modificação da dieta. Na maioria das vezes, a exclusão
do alimento identificado como causador da intolerância já é
capaz de melhorar sensivelmente a qualidade de vida do
indivíduo. O médico ou nutricionista pode solicitar uma
tentativa de reintroduzir após um tempo o alimento na dieta,
mas só após verificar exames e seus sintomas.
A alimentação é fundamental para manter o bom estado do
organismo e prevenir doenças, mas certos alimentos ou
aditivos alimentares revelam-se inadequados para quem for
sensível a eles. Fique atento ao que consome e como seu corpo
responde.
Preste atenção, principalmente, em alimentos como trigo,
leite, ovos, peixes e frutos do mar, conservantes, estabilizantes
e corantes de produtos industrializados – os mais frequentes
citados por indivíduos portadores de intolerância alimentar.
REFERÊNCIAS:
ZANIN, C. M.; MARCHINI, J. S.; CARVALHO, I. F. Reações adversas a alimentos e
imunidade humoral: subclasses de IgG a antígenos alimentares. Nutrire: ver. Soc.
Bras. Alim. Nutri. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP., v.24, p.125-134,
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Disponível em:
http://www.revistanutrire.org.br/files/v24n%C3%BAnico/v24nunicoa08.pdf
Fenacelbra. Depressão, ansiedade, enxaqueca, obesidade podem ter sua causa
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Disponível em:
http://www.fenacelbra.com.br/acelbra_rj/depressao-ansiedade-enxaqueca-obesi
dade-podem-ter-sua-causa-na-intolerancia-alimentar/
DA ROCHA, L.C.S.C. Intolerância à lactose: conduta nutricional no cuidado de
crianças na primeira infância. Univ. Reg. do Nor. do Est. do Rio Grande do Sul.
Disponível em:
http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/822
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onal%20no%20cuidado%20de%20crian%C3%A7as%20na%20primeira%2
0inf%C3%A2ncia.pdf
Intolerância Alimentar. Doutor Paulo Maciel.
Disponível em: http://drpaulomaciel.com.br/intolerancia-alimentar/
Quilici, Flávio Antonio; Missio, Alessandra. Intolerância à Lactose.
Disponível em: http://www.unigastrocampinas.com.br/artigos/intolerancia.pdf
What is Food Intolerance (Non-IgE mediated Food Hypersensitivity). Allergy UK
Disponível em:
http://www.allergyuk.org/food-intolerance/what-is-food-intolerance
A lactose, conhecida como açúcar do leite, é um
carboidrato formado por duas moléculas ligadas entre si: a
glicose e a galactose. A enzima lactase, que está presente no
intestino, rompe essa ligação liberando essas moléculas para
serem absorvidas.
A má digestão da lactose ocorre pela redução da
capacidade do corpo em quebrar a lactose. Essa condição é
chamada na área médica de hipolactasia e causa uma
diminuição na produção da enzima chamada lactase. Nos seres
humanos essa enzima é geneticamente programada para ser
produzida nos primeiros anos de vida, embora existam
indivíduos que continuem produzindo lactase até a idade
adulta. Essa redução da enzima lactase (a hipolactasia) é a
causa da intolerância à lactose.
A intolerância à lactose acontece quando a atividade da
enzima lactase é reduzida na parede do intestino delgado e, por
isso, o indivíduo tem sintomas abdominais após a ingestão de
alimentos ricos em lactose, como por exemplo o leite de vaca e
todos os seus derivados.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA INTOLERÂNCIA À LACTOSE?
Os principais sintomas da intolerância à lactose incluem
flatulência, dor e distensão abdominal, e diarreia. Eles são
causados pela lactose não digerida que passa do intestino
delgado para o cólon. Aqui, as bactérias presentes fermentam o
açúcar não absorvido, produzindo alguns componentes, como
ácidos graxos de cadeia curta e gases (dióxido de carbono,
hidrogênio e metano).
A produção de gás é o que resulta em flatulência, distensão
abdominal e dor. Além disso, a lactose que não foi absorvida
também tem um efeito osmótico no trato gastrointestinal, ou
seja, move o líquido de fora do intestino para dentro, causando
a diarreia.
CONSEGUIMOS DIGERIR A LACTOSE EM ALGUM MOMENTO DA
VIDA?
Durante a amamentação nós somos capazes de digerir a
lactose, mesmo porque ela se encontra no leite materno e é
essencial para o desenvolvimento do bebê. Após o desmame,
ocorre uma redução da atividade da lactase que, ao que parece,
é programada geneticamente na maioria das populações do
mundo, mas o motivo de isso acontecer ainda não é claro.
Além disso, o grau de intolerância pode variar e acontecer
em diferentes fases da vida. Por exemplo, aos 18 anos o
intestino de uma pessoa pode reduzir ou mesmo cessar a
produção de lactase, entretanto pessoa outra poderá ingerir
leite e derivados o resto da vida normalmente.
Os produtos lácteos variam entre si quanto ao teor de
lactose (veja tabela abaixo). Vale a pena pesquisar qual o teor
do açúcar nos produtos que você e avaliar quais estão
causando mais ou menos sintomas.
TEOR MÉDIO DE LACTOSE NOS PRODUTOS LÁCTEOS2
Lactose
(g/100g)
Dose
Lactose
(g/dose)
Sorvete
6,0
50-100g
3,0-6,0
Leite Fresco
4,8
200ml
9,6
Iogurte Natural
3,5
200ml
7,0
Queijo Cottage
1,6
50-100g
0,8-1,6
Manteiga
0,7
5-10g
0,04-0,07
TODOS ESTÃO GENETICAMENTE PREDISPOSTOS À
INTOLERÂNCIA À LACTOSE?
Chama a atenção a estimativa de que 57% dos brasileiros
brancos e mulatos possuem o gene da hipolactasia primária,
podendo ocorrer em até 80% dos negros e 90% de asiáticos
(japoneses e chineses)1. Por isso, uma quantidade de pessoas
considerável tem a predisposição de desenvolver a intolerância
à lactose e muitos ainda tem pouca informação sobre o assunto.
Existe outra condição em que a intolerância à lactose surge
por causa de doenças intestinais que é o caso das enterites
infecciosas, doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn
e Síndrome do Intestino Irritável), diverticulite, doença celíaca e
até mesmo anemia. Essa é a hipolactasia secundária, que é uma
condição transitória e reversível.
A deficiência congênita ocorre quando a criança já nasce
sem condições de produzir lactase. É uma forma rara, mas que
pode colocar a vida do bebê em risco se não detectada a
tempo.
COMO É O DIAGNÓSTICO DE INTOLERÂNCIA À LACTOSE?
O médico é o responsável pelo diagnóstico de intolerância
à lactose. Além de utilizar a avaliação clínica, ele pode optar por
outros tipos de exames.
É possível fazer exame de dosagem de lactase na parede
do duodeno, um exame extremamente sensível e preciso, mas
invasivo e, por isso, incomum.
Avalia-se também a capacidade de digestão de lactose por
um teste oral, no qual o paciente ingere uma quantidade do
açúcar e a glicemia é dosada antes e depois. Se o indivíduo for
capaz de digeri-la, a glicemia aumenta em 20mg/dL.
A dosagem de hidrogênio emitido através da expiração
também é uma forma de diagnóstico. A fermentação da lactose
pelas bactérias aumenta a produção de hidrogênio, que será
absorvido pelo intestino e parcialmente eliminado pelos
pulmões.
COMO É O TRATAMENTO DE INTOLERÂNCIA À LACTOSE?
Uma vez diagnosticada a intolerância, o médico e o
nutricionista são os profissionais de saúde que poderão lhe
ajudar a organizar o cardápio necessário para sua dieta. Alguns
itens deverão ser retirados no início e, posteriormente, podem
ser reintroduzidos após avaliação médica.
Inserir alimentos fontes de cálcio e de proteína é uma das
prioridades. Agrião, espinafre, rúcula, brócolis, couve, gergelim,
amêndoas e aveia são algumas delas. Segundo estudos
científicos, alguns probióticos são capazes de modificar a flora
intestinal, aumentando a produção de lactase e favorecendo a
digestão de produtos lácteos.
Uma outra possibilidade é a ingestão de complementos
feitos com a enzima lactase.
De qualquer forma, não retire o leite e seus derivados por
ter se identificado com os sintomas descritos aqui. Procure seu
médico de confiança e conversem sobre o assunto!
REFERÊNCIAS:
Alergia ao leite de vaca e intolerância à lactose
Disponível em:
http://www.medicinaatual.com.br/doencas/alergia-ao-leite-de-vaca-e-intoleranci
a-a-lactose.html
1
Intolerância à Lactose e produtos lácteos com baixo teor de lactose
Disponível em:
http://www.insumos.com.br/aditivos_e_ingredientes/materias/143.pdf
2
Mattar R. Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia
molecular. Rev Assoc Med Bras 2010; 56(2): 230-6.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n2/a25v56n2.pdf
British Nutrition Foundation. Lactose intolerance.
Disponível em:
http://www.nutrition.org.uk/nutritionscience/allergy/lactose-intolerance.html
Heyman M. Lactose Intolerance in Infants, Children, and Adolescents. Pediatrics
Vol. 118 No. 3 September 1, 2006.
Disponível em: http://pediatrics.aappublications.org/content/118/3/1279.full
Drauzio Varella. Intolerância à lactose.
Disponível em: http://drauziovarella.com.br/letras/l/intolerancia-a-lactose/
Laboratório Fleury. Lactose, Prova de Absorção, plasma.
Disponível em:
http://lare.fleury.com.br/sistemas-externos/Servicos/ManualExames/Detalhe/77
Mayo Clinic. Lactose intolerance.
Disponível em:
http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/lactose-intolerance/basics/defin
ition/con-20027906
Chris Kesser. How to cure lactose intolerance.
Disponível em: http://chriskresser.com/how-to-cure-lactose-intolerance
Sabemos que o cálcio é um nutriente essencial em diversas
funções biológicas como a contração muscular, transmissão do
impulso nervoso ou sináptico, coagulação sanguínea, e
participa da formação dos ossos, compondo o esqueleto. O
cálcio auxilia no controle dos batimentos cardíacos e, junto com
a vitamina D, previne a osteoporose (perda de massa óssea) 1.
Sua necessidade de ingestão diária varia com a idade, o sexo, se
a mulher é gestante ou não, tipo de alimentação e estilo de
vida, entre outros fatores1.
Na alimentação do brasileiro, leite e derivados são as
principais fontes do mineral. Em um copo de leite desnatado
(200 ml), por exemplo, encontramos aproximadamente 250mg
de cálcio, ou 205mg em 1 fatia de queijo minas fresco2. Seriam
excelentes alimentos para todos, no entanto, um grupo
específico não pode consumi-los com tanta frequência.
Indivíduos com intolerância à lactose precisam reduzir o
consumo de lácteos ou até mesmo retirá-los da dieta,
dependendo da tolerância de cada um. Seu organismo não
consegue digerir adequadamente a lactose, seja por uma
diminuição na produção da enzima lactase no intestino, por
uma deficiência congênita na produção da enzima, ou ainda
como efeito secundário de uma doença inflamatória intestinal3.
A lactase é a enzima responsável por “quebrar” a lactose, o
açúcar do leite, em pedaços muito pequenos e fazer com que
sejam absorvidos. Sua produção e atuação durante a
amamentação até os 5 anos é alta, pois é um açúcar essencial
para o desenvolvimento do bebê e da criança3.
O O QUE AS PESSOAS INTOLERANTES À LACTOSE DEVEM
FAZER?
Por conta da redução do consumo de leite e derivados,
intolerantes à lactose podem apresentar baixa ingestão de
cálcio, mas também de outros nutrientes, como vitamina A e D,
vitamina B2 (riboflavina) e fósforo1.
Embora alguns intolerantes consigam ingerir uma certa
quantidade de lácteos sem grandes problemas, é interessante
consumir alimentos que favoreçam a flora intestinal e o aporte
de cálcio. Algumas bactérias intestinais são capazes de quebrar
a molécula de lactose, pois a utilizam para se alimentar,
amenizando assim, os sintomas clássicos da intolerância. É o
caso de iogurtes com culturas de células ativas e prebióticos,
como a inulina4,5.
A maioria das pessoas querem melhorar os sintomas, e os
médicos e nutricionistas buscam garantir a ingestão de cálcio. A
ideia de incluir alimentos fortificados ou bebidas a base de soja
devem partir do profissional, após fazer uma avaliação
detalhada.
Aqueles que após alguns testes alimentares notarem que
realmente não podem consumir leite e derivados, devem
buscar as boas fontes de cálcio que não contenham lactose. É o
caso da couve, gergelim, aveia e amêndoa. Veja abaixo os
valores do mineral nos alimentos2:
Agrião (100g) – 133mg
Couve manteiga refogada (100g) – 177mg
Tofu (100g) – 81mg
Lentilha seca crua (100g) – 54mg
Aveia flocos (100g) – 48mg
Ovo de galinha cozido (100g) – 49mg
Gergelim (100g) – 825mg
Amêndoa (100g) – 237mg
Depois disso, é preciso verificar se não há alimentos na sua
dieta que agem como “ladrões de cálcio”. Excesso de ácido
oxálico, por exemplo, prejudica a capacidade do organismo em
absorver o mineral. Podemos encontrá-lo na beterraba, no
espinafre e na acelga6.
Consumir muita carne, tanto vermelha quanto branca,
também não é uma atitude adequada, pois elas contêm muita
proteína que estimula a eliminação do cálcio pela urina. O
mesmo acontece com outro mineral: o sódio. Cálcio e sódio
“disputam” espaço nas células. Assim, quem é adepto a uma
dieta rica proteínas e sódio corre o risco de desenvolver
deficiência do cálcio em seu organismo sendo necessário
equilibrar a dieta com ajuda de um profissional6.
A cafeína presente no café e refrigerante também contribui
para a retirada do cálcio dos ossos.
Os dentes e o esqueleto são o maior depósito desse
mineral no organismo. Assim, caso agentes antinutricionais
forem consumidos em excesso, o cálcio terá que ser retirado
desses depósitos para manutenção dos níveis ideais no
sangue.
Veja na tabela abaixo, qual a quantidade recomendada
para ingestão de cálcio7:
Adultos (19-50 anos)
– 1000mg/dia
Lactentes
– (0-6 meses) – 300mg
– (7-11 meses) – 400mg
Crianças
– (1 a 3 anos) – 500mg
– (4 a 6 anos ) – 600mg
– (7 a 10 anos) – 700mg
Gestantes
– 1200mg
Lactantes
– 1000mg
O baixo consumo de cálcio pode dar espaço para diversas
deficiências no futuro. Uma delas é a osteoporose, doença que
acelera a perda de massa óssea, o que aumenta as chances de
fratura. Assim, uma atenção especial deve ser dada ao consumo
do cálcio, em especial para os alérgicos ao leite e intolerantes à
lactose.
Você tem intolerância à lactose ou alergia ao leite? Se tiver
qualquer dúvida, consulte seu nutricionista ou médico de
confiança. Eles saberão qual a quantidade certa de cálcio que
você deve ingerir, seja na forma de suplementos ou nos
alimentos que formam sua dieta!
REFERÊNCIAS:
Pereira GAP, et al. Cálcio dietético – estratégias para otimizar o consumo. Rev
Bras Reumatol 2009;49(2):164-80.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbr/v49n2/08.pdf
1
Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). 4ª edição revisada e
ampliada. Campinas, 2011.
Disponível em:
http://www.unicamp.br/nepa/taco/contar/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada
2
Mattar R. Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia
molecular. Rev Assoc Med Bras 2010; 56(2): 230-6.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n2/a25v56n2.pdf
3
Saad SMI. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Rev. Bras. Cienc. Farm.
vol.42 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2006
Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rbcf/article/viewFile/44095/47716
4
Capriles VD. Frutanos do tipo inulina e aumento da absorção de cálcio: uma
revisão sistemática. Rev. Nutr. vol.25 no.1 Campinas Jan./Feb. 2012.
Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-52732012000100013&script=sci_
arttext
5
Cálcio para a vida toda. Site Albert Einstein.
Disponível em:
http://www.einstein.br/einstein-saude/NUTRICAO/Paginas/calcio-para-a-vida-to
da.aspx
6
Resolução RDC nº 269, de 22 de setembro de 2005.
Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/1884970047457811857dd53fbc
4c6735/RDC_269_2005.pdf?MOD=AJPERES
7
A alergia alimentar é uma sensibilidade individual a uma
ou mais proteínas que compõem determinados alimentos.
Essas proteínas quando absorvidas pela mucosa intestinal desencadeiam, em indivíduos alérgicos, reações imunomediadas,
ou seja, dependentes de mecanismos imunológicos1. A alergia
à proteína do leite de vaca, muito conhecida pela sigla APLV e é
a alergia alimentar mais comum da faixa etária pediátrica, com
prevalência de até 6% em crianças menores de 3 anos de
idade1.
As manifestações clínicas incluem acometimento cutâneo,
gastrintestinal, respiratório e, mais raramente, as manifestações
cardiovasculares, incluindo choque anafilático.
A proteína do leite de vaca é o alérgeno alimentar mais
comum por ser muito consumido, mas também pelo seu potencial alergênico1. Ele chega a possuir mais de vinte tipos de frações proteicas, mas apenas algumas têm importância alergênica especial1. De acordo com vários estudos, a beta-lactoglobulina, alfa-lactoalbumina e as caseínas são as proteínas que mais
ocasionam as reações alérgicas. E você sabia que a beta-lactoglobulina não existe normalmente no leite humano? Além disso
a a caseína forma apenas 27% do teor de proteínas no leite
humano enquanto no bovino essa proporção sobe para no
mínimo 76%.2
ENTENDA A ALERGIA ALIMENTAR
A alergia é uma reação do sistema imunológico mediada
ou não por um anticorpo chamado imunoglobulina E, ou IgE.
Os anticorpos são estruturas responsáveis por se ligarem aos
alérgenos (antígenos) e desencadearem respostas imunológicas. A diferença entre ser mediada ou não por IgE é que a primeira ocorre até duas horas após a exposição à proteína, enquanto que a segunda pode ocorrer dias após a exposição1,2,4.
A reação alérgica funciona da seguinte maneira: o antígeno ou alérgeno (sempre uma proteína) é detectado pela IgE,
que encontra-se fixada a receptores de mastócitos e basófilos.
No caso de um contato repetido com a proteína alergênica o
organismo pode considerá-la nociva e é capaz de reagir contra
ela liberando mediadores vasoativos, que induzem as manisfestações clínicas de hipersensibilidade imediata, como: constrição dos brônquios (asma), eczema (vermelhidão na pele),
edema (inchaço) ou, a mais grave, anafilaxia, uma resposta
alérgica muito intensa que pode causar queda da pressão, taquicardia e angioedema. O angioedema exige socorro rápido,
pois pode evoluir rapidamente para o fechamento das vias
aéreas (edema de glote) e até mesmo a óbito1,2,4.
Muitos bebês são introduzidos desde cedo ao leite de
vaca ou a fórmulas infantis baseadas neste leite, em substituição ao leite materno. Essa parece ser a grande causa do au-
mento da incidência da APLV.
COMO POSSO EVITAR A APLV EM MEU FILHO?
Em relação aos fatores relacionados à dieta, estudos mostram que o aleitamento materno exclusivo, sem introdução de
leite de vaca e de fórmulas infantis à base de leite de vaca
durante os 6 primeiros meses de vida e se prolongando até os
12 meses tem sido eficazes na redução do desenvolvimento
de alergias alimentares5.
O ideal seria evitar introduzir o leite de vaca antes de 1
ano de idade. O organismo do bebê ainda está imaturo e não é
capaz de lidar com estruturas proteicas tão grandes.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
Inicialmente o médico questionará sobre os sintomas citados acima, e então fará um exame clínico minucioso. Uma
dieta de exclusão por um período curto de tempo (2 semanas)
com consequente melhora do quadro clínico pode ser um sinal
de APLV6.
Testes cutâneos de leitura imediata, mensuração da IgE
específica e a provocação positiva (padrão-ouro) podem ser
utilizados no diagnóstico. Entretanto, é importante saber que o
teste de provocação positiva deve ser evitado quando os sintomas clínicos da criança forem muito evidentes, por exemplo,
em casos de anafilaxia6.
MEU FILHO FOI DIAGNOSTICADO COM APLV. E AGORA?
A dieta de exclusão da proteína do leite de vaca deve ser
iniciada o quanto antes, tanto pela criança quanto pela mãe,
em caso de aleitamento materno exclusivo, seja em casos de
IgE específica positiva ou negativa. As mães devem ser orientadas a retirar todo o leite de vaca e derivados da sua alimentação8,9,10. Entretanto, o aleitamento materno é fundamental
para a criança. Mesmo para bebês com reações e diagnóstico
comprovado de alergia a proteínas do leite, a mãe pode na
maioria dos casos manter o aleitamento se retirar os laticínios
de sua dieta10.
O importante é fazer a retirada do leite e derivados. Para
bebês que ainda não foram introduzidos com alimentos sólidos, existem fórmulas proteicas extensamente hidrolisadas.
Para aqueles que já têm mais idade, existem alimentos que
são igualmente ricos em nutrientes8,9.
Veja a lista de alimentos ricos em cálcio:
Agrião
Rúcula
Espinafre
Brócolis
Couve
Ameixa seca
Gergelim
Amêndoas
Aveia
Sardinha
CUIDADOS ESPECIAIS:
– Atente para produtos de panificação que, em sua maioria, levam leite na preparação.
– Dependendo da gravidade da alergia alimentar de seu
filho, não hesite em perguntar em restaurantes e lanchonetes
se determinada preparação foi feita no mesmo recipiente que
laticínios.
– Alguns produtos como balões de festas, giz e cosméticos, podem conter resquícios de proteínas do leite e, em crianças mais sensíveis, desencadear as reações de pele ou respiratórias.
– Preste atenção ao rótulo dos alimentos industrializados.
Proteínas do soro do leite (whey protein) podem não conter
caseína, mas contêm as outras proteínas e isso não vem descrito no produto.
– Os leites vegetais feitos a partir de amêndoas, arroz, castanhas são ótimas opções também.
– Amplie a gama de alimentos consumidos, crie novas receitas e descubra novos sabores. Fortalecer o sistema imunológico da criança pode ser a chave para reduzir sua sensibilidade ao leite.
CONCLUSÃO:
Não deixe de procurar um médico caso tenha se identificado
com os sintomas que leu aqui ou os notou em seu filho. Ele é o
profissional mais indicado para auxiliar qual tratamento será
aplicado.
REFERÊNCIAS:
Solé D et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2007. Rev Bras Alerg Imunopatol
2008, 31 (2): 64-89.
Disponível em: http://www.crn2.org.br/pdf/artigos/artigos1285071282.pdf
1
Allergy-Immunology Notes – Cow’s Milk Allergy
Disponível em: https://ainotes.wikispaces.com/Cow%27s+Milk+Allergy+(IgE-mediated)
2
Dr. Paulo Maciel. Alergia ao Leite de Vaca.
Disponível em: http://drpaulomaciel.com.br/alergia-ao-leite-de-vaca/
3
Zeppone SC. Alergia à proteína do leite de vaca (APLV): uma perspectiva imunológica. Dissertação de Mestrado. Araraquara, 2008.
Disponível em: http://www2.fcfar.unesp.br/#!/Home/Pos-graduacao/BiocienciaseBiotecnologiasAplicadasaFarmacia/silvio_zeppone-completo.pdf
4
van Odijk J. Breastfeeding and allergic disease: a multidisciplinary review of the literature
(1966-2001) on the mode of early feeding in infancy and its impact on later atopic manifestations. Allergy. 2003 Sep;58(9):833-43.
Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12911410
5
Como diagnosticar a alergia à proteína do leite de vaca. Laboratório Fleury.
Disponível em: http://www.fleury.com.br/medicos/educacao-medica/artigos/Pages/como-diagnosticar-a-alergia-a-proteina-do-leite-de-vaca.aspx
6
Lins MGM. Teste de desencadeamento alimentar oral na confirmação diagnóstica da alergia à
proteína do leite de vaca. J. Pediatr. (Rio J.) vol.86 no.4 Porto Alegre July/Aug. 2010
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0021-75572010000400007&script=sci_arttext
7
Alimentos que substituem os nutrientes do leite. Site Mais Equilíbrio.
Disponível em: http://www.maisequilibrio.com.br/nutricao/alimentos-que-substituem-os-nutrientes-do-leite-2-1-1-670.html
8
Terapia Nutricional no Paciente com Alergia ao Leite de Vaca. Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Associação Brasileira de
Nutrologia. Jul/2011.
Disponível em: http://formsus.datasus.gov.br/novoimgarq/17673/2674640_109700.pdf
9
Cow’s Milk Allergy
Disponível em: http://www.allergyclinic.co.nz/cows_milk_allergy.htm
10
Muitas pessoas não toleram certos alimentos e os motivos
podem ser diversos, mas os mais frequentes são por intolerâncias e alergias alimentares. Hoje em dia, a alimentação da população em geral é muito industrializada e usa muitos aditivos
químicos, o que pode ser uma das causas do aumento dessas
reações adversas aos alimentos. A mídia tem dado uma atenção
maior ao assunto, o que é bom para aumentar o conhecimento
pela população em geral em relação às alergias e intolerâncias
alimentares, mas é importante ter sempre cuidado e verificar as
fontes de informações, para saber se elas são realmente baseadas em estudos científicos.
É estimado que 1/4 da população já passou por um episódio de reação adversa a algum alimento, sendo que a alergia alimentar (AA) é o tipo que ocorre com mais frequência em crianças abaixo de 3 anos (10-15%), mas também ocorre em pessoas mais velhas (6-8%). São as mais estudadas pela frequência
com que ocorre e pela severidade dos sintomas desencadeados com pouca quantidade do alimento (Sanchez, 2013), como
a anafilaxia.
As alergias surgem de um grupo de 8 alimentos que são
mais alergênicos (leite de vaca, trigo, ovo, amendoim, casta-
nhas, peixes e frutos do mar), devido à sua composição altamente proteica. As intolerâncias podem surgir por um número
muito maior de alimentos, dependendo da predisposição genética, frequência e quantidade de consumo, ou pela mucosa intestinal alterada.
POR QUE A INCIDÊNCIA DE ALERGIA ALIMENTAR É MAIOR?
As AAs são bem mais comuns entre crianças do que em
adultos e geram um impacto social, financeiro e psicológico
nestas famílias. Primeiro, porque não é sempre que o diagnóstico é feito na primeira consulta médica. Segundo, que as consequências do contato frequente com o alimento causador da
alergia são: má absorção de nutrientes, baixo crescimento,
diarreias e dores na criança. Terceiro, porque após chegar a um
diagnóstico é preciso modificar muitos hábitos alimentares e
familiares para evitar contato da criança com a proteína.
O aleitamento materno por menos de 6 meses e baixa
condição econômica são os maiores fatores para o desenvolvimento de alergias em crianças até 3 anos de idade (Sanchez,
2013). Em lactentes o leite de vaca está envolvido em 80%
dos casos e os riscos aumentam à medida que os alimentos
consumidos pela população são cada vez mais processados.
Um estudo observacional foi realizado em 2010 por pediatras gastroenterologistas brasileiros durante 40 dias, em 5
regiões diferentes do país. Os pacientes tinham menos de 2
anos de idade e a prevalência de alergia à proteína do leite de
vaca (APLV) foi de 5,4% e a incidência foi de 2,2% (Vieira,
2010).
Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
(ASBAI), 350 mil crianças brasileiras possuem APLV, 6 a 8%
apresenta alergias alimentares verdadeiras e entre os adultos
essa porcentagem é de 2 a 3%.
Embora na maioria dos casos a APLV suma após certa
idade (5 a 7 anos, geralmente), este período é muito importante no desenvolvimento infantil e todo cuidado deve ser
tomado para diagnosticar corretamente e fazer um melhor
acompanhamento nutricional nesses casos.
INTOLERÂNCIA ALIMENTAR É MUITO FREQUENTE?
Sugere-se que quase metade da população seja intolerante a algum alimento, pois, diferente da alergia, o componente
causador da intolerância não ser precisa ser necessariamente
uma proteína. Ela pode ser causada por defeitos nas enzimas
(intolerância à lactose), por reações tóxicas (aditivos alimentares), metabólicas (aminoácidos) ou farmacológicas (teobromina
do chocolate).
A Doença Celíaca é uma intolerância ao glúten que até
poucos anos atrás não era muito conhecida – mesmo entre a
classe médica. Em 2011, pesquisadores suecos e sul-africanos
fizeram, pela primeira vez, um levantamento global indicando
que 42 mil crianças morrem por ano por causa da doença – no
Brasil esse número chega a 200.
Alguns estudos internacionais mostram que 1 a cada 100
pessoas no mundo seja celíaco e, por incrível que pareça, mais
da metade dessas pessoas não sabem que são portadoras da
doença. No Brasil faltam levantamentos estatísticos, mas em
2007, uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo,
apontou que esse número é de 1 a cada 214 brasileiros.
Há muito debate e controvérsias sobre o assunto da intolerância à lactose. Alguns acreditam que até 70% dos brasileiros apresentam algum sintoma que pode ser relacionado à
intolerância à lactose. Esta condição melhora com a simples
retirada dos alimentos fontes de lactose (leite e derivados e
vários produtos industrializados), mas todo o debate chama
bastante atenção e gera muitas dúvidas. O que se sabe ao
certo é que a maioria dos adultos no mundo (com exceção dos
europeus e descendentes) tem a predisposição genética de
parar a produção da enzima responsável pela digestão da lactose no organismo. Leia nosso artigo sobre o tema da Intolerância à Lactose para maiores informações.
O QUE FAZER PARA DIMINUIR OS CASOS DE REAÇÕES
ALIMENTARES?
Aleitamento materno exclusivo por, no mínimo, 6 meses e
evitar oferecer alimentos potencialmente alergênicos (como
leite de vaca, soja, etc.) para a crianças até 1 ano de idade são
alguns cuidados importantes. A manutenção do aleitamente
materno (embora não exclusivo) por mais que 6 meses também
pode ajudar muito no desenvolvimento da criança. E durante a
infância é fundamental evitar a introdução na dieta regular da
criança de alimentos altamente industrializados e processados
(com corantes, conservantes, aditivos químicos, altas taxas de
açúcares, etc.). Se tiver dúvidas sobre a composição de um produto (presença de leite, glúten, ovos, soja, etc), pergunte e confira o rótulo atenciosamente. Leia nossa série de artigos sobre
as alergias e intolerâncias mais comuns atualmente. Quanto
mais informação, melhor.
REFERÊNCIAS:
Vieira MC, et al. A survey on clinical presentation and nutritional status of infants
with suspected cow’ milk allergy. BMC Pediatrics 2010, 10:25.
Disponível em: http://www.biomedcentral.com/1471-2431/10/25
Sánchez J. Epidemiology of food allergy in Latin America. Allergol Immunopathol
(Madr), 2013.
Disponível em: http://www.elsevier.es/eop/S0301-0546(13)00228-0.pdf
Mattar R. Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular. Rev. Assoc. Med. Bras. vol.56 no.2 São Paulo 2010.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42302010000200025&script=sci_arttext
Alergia Alimentar. Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.
Disponível em: http://www.sbai.org.br/secao.asp?s=81&id=306
No Brasil, 350 mil crianças têm alergia à proteína do leite de vaca. Reportagem
Fantástico (Out/2014).
Disponível em: http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/10/no-brasil-350-mil-criancas-tem-alergia-proteina-do-leite-de-vaca.html
Intolerância à lactose atinge até 70% dos adultos brasileiros. Portal Bem estar.
Disponível em: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2012/02/intolerancia-lactose-atinge-ate-70-dos-adultos-brasileiros.html
Doença celíaca. Revista Veja.
Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/estimativa-global-doenca-celiaca-mata-42-000-criancas-ao-ano
Alimentos que mais causam alergia em crianças. Revista Viva Saúde (Dez/2014).
Disponível em: http://revistavivasaude.uol.com.br/nutricao/alimentos-que-mais-causam-alergia-em-criancas/3828/
Como prevenir a alergia alimentar na infância. Revista Viva Saúde (Jan/2015)
Disponível em: http://revistavivasaude.uol.com.br/clinica-geral/como-prevenir-a-alergia-alimentar-na-infancia/3944/
De todos os alimentos que ingerimos, o ovo é o que nos
fornece as proteínas mais completas, além de fornecer gorduras, vitaminas e minerais. No entanto, é o segundo maior causador de alergias alimentares, perdendo apenas para o leite de
vaca1.
A alergia alimentar é caracterizada por uma hipersensibilidade individual a uma ou mais proteínas que compõem determinados alimentos que após absorção, desencadeiam reações
dependentes de mecanismos imunológicos2.
A clara de ovo é mais reconhecida por conter as proteínas
alergênicas, no entanto, a gema também pode apresentá-las,
uma vez que é quase impossível separar a gema e a clara completamente. Veja quais são1,3:
Clara
Albumina
Ovalbumina
Ovomucoide
Ovotransferrina
Ovomucina
Lisozima
Gema
Lipovitelina
Fosvitina
QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
Os sintomas da alergia ao ovo podem ser leves até mais
graves (anafilaxia). Os sinais mais comuns podem ocorrer na
pele (urticária, coceiras, eczema, inchaço visível nas pálpebras,
pele e lábios), no sistema respiratório (tosse seca e constante,
espirros, secreção e congestão nasal, dificuldade na respiração) e no trato gastrointestinal (dores abdominais, diarreias,
náuseas e vômitos)2,3,4.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
A determinação da IgE específica auxilia apenas na identificação das alergias alimentares imediatas, mediadas por IgE,
ou nas reações mistas. Os testes cutâneos são simples e rápidos, e avaliam a sensibilização aos alérgenos. Um médico especializado é capaz de interpretar corretamente os resultados2.
Já os testes de provocação oral são considerados fidedignos para estabelecer o diagnóstico de alergia alimentar. Aqui o
paciente recebe uma oferta de alimento alergênico ou placebo
em doses crescentes e intervalos regulares, sob supervisão
médica, com constante monitoramento de possíveis reações
clínicas2.
TRATAMENTO
A alergia a ovo é tratada com a exclusão do alimento na
dieta e de produtos alimentícios feitos com ovos5.
Estudos têm mostrado que muitos indivíduos com alergia
ao ovo, mediada por IgE, podem conseguir tolerar o alimento
na forma cozida. A explicação é que com o cozimento as proteínas mudam de configuração e deixam de ser alergênicas para
o organismo5. No entanto, tais exposições nunca devem ser
feitas sem acompanhamento médico em crianças diagnosticadas com a alergia.
Um dos pontos de atenção para os alérgicos ao ovo, principalmente para os pais destes, são as vacinas, pois algumas
são produzidas com proteínas do ovo. Entre elas estão a tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola), cuja quantidade é muito
pequena, a anti-influenza e o imunizante contra febre amarela6.
Tais vacinas são contraindicadas dependendo da quantidade de proteína do ovo presente e da história de reações anteriores. No entanto, elas poderão ser administradas, mas sob
supervisão médica por até 30 minutos após a tomada. Se você
ou seu filho são alérgicos a ovos, informe isso ao médico antes
de receber a vacina6.
COMO POSSO PREVENIR A ALERGIA AO OVO?
A Organização Mundial da Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo até seis meses para prevenir o desenvolvimento de alergias alimentares, incluindo a alergia a ovo7.
Grávidas e lactantes não devem restringir seu consumo para
preveni-la.
Recomenda-se que os ovos sejam introduzidos na dieta
da criança somente após os 2 anos7. Logo, evite oferecer à
criança os alimentos que provavelmente terão ovos acrescidos, por fazer parte dos ingredientes da receita1:
Produtos de panificação (brownies, cookies, bolos, muffins,
tortas e alguns cremes);
Salgados e empanados de lanchonete;
Nuggets;
Cremes, pudins e sorvetes;
Massas com ovos na composição (olhe o rótulo);
Marshmallows, marzipan, nougat;
Maionese (algumas no mercado são sem ovos, verifique o
rótulo);
Panquecas e waffles;
Molho tártaro.
A leitura dos rótulos é uma parte importante e deve se
tornar um hábito na vida do alérgico ou dos pais de alérgicos.
Não é tarefa fácil decifrar tudo o que vem escrito na composição, mas fique atento a estes ingredientes:
Binder;
Coagulante;
Emulsionante;
Albumina (proteína do ovo);
Globulina/Lecitina (se estiver especificado que é soja, sem
problemas);
Livetin/Lisozima;
Qualquer palavra que comece com ovo: ovalbumina, ovoglobulina, ovomucina, ovomucoide, ovotransferrina e ovovitelina;
Simplesse (substituto de gordura à base de leite e ovo);
Vitelina.
SUBSTITUINDO OS OVOS NA RECEITA
É possível substituir os ovos nas preparações. Veja as sugestões abaixo que equivalem para um ovo8:
1 colher de sopa de linhaça de molho em 3 colheres de
sopa de água por quinze minutos. Utilize o gel que se formou;
Prepare purês de frutas com maçã e banana, podendo ser
meia xícara de banana ou outra fruta amassada (purê);
Três colheres de chá de bicarbonato de sódio diluído em
água;
¼ de xicara de iogurte de soja ou natural;
Purê de batata.
Ovos representam uma fonte de alimento muito importante, especialmente para idosos, gestantes, crianças a partir de
certa idade, atletas e pessoas debilitadas. Converse com seu
médico ou nutricionista sobre a suspeita de alergia em você ou
no seu filho para que eles possam auxiliar da melhor maneira
possível a diagnosticar corretamente essa condição e a lidar
com a situação.
REFERÊNCIAS:
About Food Allergies. Egg Allergy. Food Allergy Research and Education.
Disponível em: http://www.foodallergy.org/allergens/egg-allergy
1
Solé D et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2007. Rev Bras Alerg
Imunopatol 2008, 31 (2): 64-89.
Disponível em: http://www.crn2.org.br/pdf/artigos/artigos1285071282.pdf
2
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Alergia Alimentar. 2009.
Disponível em: http://www.sbai.org.br/secao.asp?s=81&id=306
3
Mayo Clinic. Diseases and Conditions: Food allergy.
Disponível em: http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/food-allergy/basics/definition/con-20019293
4
ASBAI & SBAN. Guia prático da APLV mediada pela IgE. Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 35. N° 6, 2012.
Disponível em: http://asbai.org.br/revistas/vol356/Guia-35-6.pdf
5
Fleury: Medicina e Saúde. Reação adversa à vacinação. 2011.
Disponível em: http://www.fleury.com.br/medicos/educacao-medica/artigos/Pages/reacao-adversa-a-vacinacao.aspx
6
Ministério da Saúde. Saúde da Criança: Nutrição Infantil. Caderno de Atenção
Básica, nº 23. Brasília, 2009.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf
7
Portal G1. Nutricionista apresenta substitutos do ovo, do leite e da farinha e faz
bolo. Out/2014.
Disponível em: http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2014/10/nutricionista-apresenta-substitutos-do-ovo-do-leite-e-da-farinha-e-faz-bolo.html
8
Lemon-Mulé H, Sampson HA, Sicherer SH, Shreffler WG, Noone S, Nowak-Wegrzyn A. Imunologic changes in children with egg allergy ingestinting extensively
heated egg. J Allergy Clin Immunol 2008;122:977-83.
Disponível em: http://www.jacionline.org/article/S0091-6749%2808%2901668-0/abstract
ALERGIA A AMENDOIM
O amendoim é um dos principais alimentos relacionados a
manifestações alérgicas. Com início geralmente na infância, a
alergia ao amendoim comumente associa-se a outras manifestações atópicas e à anafilaxia. É tipicamente mediada por IgE,
com manifestação clínica ocorrendo de minutos até duas horas
após a ingestão do alimento1.
Os sintomas são comuns às outras alergias alimentares,
porém, é um dos alimentos que mais causam reações fatais ou
quase fatais. A exposição a quantidades muito pequenas de
amendoim pode causar reações imediatas, como vermelhidão,
coceira e inchaço na pele e, em casos mais graves, náusea, falta
de ar e perda de consciência1,2. A maioria das reações envolve1:
Pele (urticária e angioedema);
Sistema respiratório (chiado, dispneia, tosse);
Gastrointestinal (diarreia, vômitos).
Em situações mais graves, a reação alérgica ao amendoim
pode causar anafilaxia, reação potencialmente fatal que pode
requerer a aplicação de epinefrina (adrenalina) de acordo com
a orientação e prescrição médica recebida, ou em atendimento
de emergência por profissional da saúde1,3,4.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
Caso suspeite que você ou seu filho sejam alérgicos ao
amendoim, preste atenção nos sintomas e relate-os ao médico
alergista. Ele vai lhe questionar a quantidade ingerida, as reações que aparecerem, em quanto tempo os sintomas apareceram e depois desapareceram, além do histórico familiar1,4.
A dieta de eliminação, aquela em que o alérgeno suspeito
é eliminado da alimentação por um período, é uma opção. Se os
sintomas melhorarem, é provável que exista uma alergia ao alimento. Do contrário, o médico pode sugerir o teste de provocação oral, considerado padrão ouro para diagnóstico1,4.
COMO PREVENIR AS REAÇÕES ALÉRGICAS
A alergia ao amendoim pode desaparecer ou pode continuar para toda a vida, dependerá da predisposição genética ou
forma de sensibilização: época, quantidade consumida, via
(pele ou sistemas respiratório e digestivo), modo de processamento, entre outros1. Cerca de 20% das pessoas podem superar a alergia quando adultos3,4.
Diferente das amêndoas, castanhas e nozes, os amendoins
crescem rasteiros, no subsolo, e fazem parte de uma família que
não são as oleaginosas: as leguminosas. Exemplos de outras leguminosas são feijões, ervilhas, lentilhas e soja. Mas ser alérgico a um não necessariamente aumenta a possibilidade de ser
ao outro, pois os alérgenos são diferentes3. Tanto que a ingestão de proteínas provenientes de outras leguminosas, como a
soja, não é fator de risco para o desenvolvimento de alergia ao
amendoim1.
Se as proteínas do amendoim estão presentes no ar,
podem afetar as pessoas que são sensíveis, ou seja, é possível
a sensibilização por via respiratória, por pólen de bétula e gramíneas, devido à presença de componentes semelhantes em
ambas as fontes1,4.
Para evitar uma reação alérgica, é preciso evitar produtos à
base de amendoim. Sendo assim, é importante sempre ler os ingredientes disponíveis nos rótulos para identificar se há ou não
a presença do alérgeno3. É importante também atentar aos dizeres fora dos igredientes, pois estes podem indicar a presença
de traços de amendoim no produto.
Alguns alimentos devem ser evitados ou ter seus rótulos
verificados com rigor. São eles2:
Alimentos assados (bolos, biscoitos);
Farinha de amendoim;
Manteiga de amendoim;
Barras de cereais;
Chocolates;
Cereais matinais;
Algumas saladas podem conter amendoim como componente;
Sobremesas congeladas.
Vestígios de amendoim podem causar uma reação alérgica
e esse cuidado deve ser tomado principalmente com crianças.
Normalmente, as reações são menos graves, mas áreas como
olhos, nariz ou boca, que possuem mucosas e são muito irrigadas, tendem a desencadear reações mais agudas. Portanto, ao
notar que a criança tocou em algo que pode conter amendoim
leve-a para lavar as mãos ou, se for uma criança maior, oriente-a
a sempre lavar as mãos quando for à cozinha, lanchar com os
amiguinhos, e outras situações.
REFERÊNCIAS:
1
Oliveira LCL de, Solé D. Alergia ao amendoim: revisão. Rev. bras. alerg. imunopatol. 2012;35(1):3-8.
Disponível em: http://www.sbai.org.br/revistas/vol351/vol351-artigos-de-revisao-01.pdf
2
Ehow Brasil. Como diagnosticar uma alergia a amendoim.
Disponível em: http://www.ehow.com.br/diagnosticar-alergia-amendoim-como_84798/
3
Food Allergy Research & Education. Peanut Allergy.
Disponível em: https://www.foodallergy.org/allergens/peanut-allergy
4
American College of Allergy, Ashtma & Immunology. Types of Food Allergy.
Peanut Allergy.
Disponível em: http://acaai.org/allergies/types/food-allergies/types-food-allergy/peanut-allergy
ALERGIA A CAMARÃO
E CRUSTÁCEOS
Quem é que não gosta de sentar na beira da praia e pedir
um prato delicioso com camarão do restaurante especializado
em frutos do mar? Para algumas pessoas isso é possível nas primeiras vezes, mas depois passam a reagir ao alimento, causando sintomas como dificuldade na respiração ou erupções na
pele. Para outras, isso não é um problema e elas podem comer
normalmente crustáceos e afins.
Os crustáceos (camarão, caranguejo, lagosta) são causa frequente de reações alérgicas alimentares. Podem ser IgE mediadas ou não, sendo que os pacientes alérgicos apresentam sensibilidade para a tropomiosina, proteína que responde pela
alergia a camarão, principalmente1,2.
Um fato interessante é que algumas proteínas são alergênicas apenas para determinadas espécies1. Nós, seres vertebrados, também possuímos a tropomiosina, proteína que faz parte
do processo de contração muscular. Porém, para os seres humanos, a tropomiosina dos invertebrados é alergênica, causando
reações adversas1,3,4.
Diferente das alergias por leite de vaca, ovo, trigo ou soja
que, geralmente, aparecem até os 2 anos de idade e desaparecem na infância tardia, a alergia aos crustáceos surge mais fre-
quentemente na idade adulta e é por toda a vida5,6.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
O padrão de sintomas pode ocorrer imediatamente ou em
um período de até 2 horas. Aqueles que reagem aos crustáceos
podem ter os seguintes sintomas1,6,9:
Urticária;
Sensação de mal estar;
Inchaço nos lábios, nos olhos, na boca;
Reações graves como a anafilaxia (conjunto de sintomas que
pode levar à morte).
A alergia a crustáceos chama a atenção devido à intensidade da reação alérgica, pois tendem a ser particularmente
graves. Normalmente, quem é alérgico a um tipo de crustáceo
desenvolve intolerância aos outros também6. A isso se dá o
nome de reatividade cruzada. As reações cruzadas ocorrem
quando duas proteínas alimentares de dois alimentos diferentes são, digamos, “semelhantes” 1.
Essa condição faz com que um indivíduo que desenvolveu
alergia ao camarão, tenha a outros crustáceos e também (vejam
só!) a ácaros e baratas. Caso ele respire a poeira do ar de casa
que contenha restos de ácaros e baratas, a inalação dessas partículas pode fazer com que ele tenha uma reação alérgica, como
se estivesse comendo o próprio camarão. Assim como a reatividade cruzada aparece também quando a pessoa ingere caranguejo e lagosta7. Por isso, médicos orientam que aqueles que já
tiveram reação a um tipo de crustáceo, evitem também os
demais e, é claro, ambientes empoeirados6.
COMO FAÇO O DIAGNÓSTICO?
Normalmente a pessoa descobre sua alergia enquanto está
comendo. Por serem reações mais exacerbadas e que ocorrem
na pele e vias respiratórias, fica na lembrança. Se tiver alguma
dúvida, converse com seu médico, descreva seus sintomas, e
então, ele solicitará os exames necessários.
TODOS QUE SÃO ALÉRGICOS AOS CRUSTÁCEOS SERÃO AOS
PEIXES TAMBÉM?
As proteínas de ambos os alimentos são diferentes, por
isso, o fato de ter alergia a um não indica problemas para ingestão do outro. O problema pode estar na forma em que cada um
é preparado. Quando for a um restaurante e pedir um peixe
frito, por exemplo, pergunte se o mesmo é preparado no óleo
do camarão, caso você a seja alérgico à crustáceos. Se sim, tal
situação configura uma contaminação do alimento e pode resultar em reação alérgica.
E QUANDO NÃO SOU ALÉRGICO À TROPOMIOSINA, MAS NÃO
TOLERO CAMARÃO?
Existem alguns aditivos alimentares utilizados para conservar frutos do mar. É o caso do bissulfito de sódio (ou metabissulfito de sódio). As reações adversas aos aditivos alimentares
são raras (abaixo de 1%), mas os sulfitos são entre os que mais
implicam em reações, como a asma, por exemplo1.
Sulfitos são aditivos alimentares utilizados para evitar a
melanose, processo de escurecimento natural que ocorre nos
crustáceos. Embora não seja nocivo, os consumidores rejeitam
crustáceos nessas condições, pois relacionam a um produto deteriorado. Assim, acrescenta-se o sulfito para evitar o escurecimento8.
COMO PREVENIR REAÇÕES ALÉRGICAS GRAVES?
Sempre leia rótulos de ingredientes para identificar os provenientes do mar.
Não frequente mercados de peixes, principalmente o setor de
crustáceos. A proteína pode estar no ar e causar reação alérgica.
Evite restaurantes de frutos do mar. Mesmo que vá para
comer uma carne, é possível que tenha ocorrido contato entre
pratos e talheres.
Não fique próximo às áreas de cozinha. A proteína se concentra no vapor liberado durante o cozimento.
Aqui fica o maior alerta: se em algum momento você percebeu os sintomas de reação alérgica ao camarão e outros crustáceos, além de peixes, não tente ingeri-los novamente. Os sintomas podem avançar de leve a moderado no início, para uma
anafilaxia grave. Procure um médico e descreva-os, assim, o
profissional saberá qual a melhor conduta a seguir.
REFERÊNCIAS:
1
Solé D et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2007. Rev Bras Alerg
Imunopatol 2008, 31 (2): 64-89.
Disponível em: http://www.crn2.org.br/pdf/artigos/artigos1285071282.pdf
2
Ramos REM, et al. Alergia alimentar: reações e métodos diagnóstico. J Manag
Prim Health Care 2013; 4(2):54-63.
Disponível em: http://www.jmphc.com/ojs/index.php/01/article/download/86/82
3
Ferreira AT. Fisiologia da Contração Muscular. Revista Neurociências V13 N3
(supl-versão eletrônica) – jul/set, 2005.
Disponível em: http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2005/RN 13
SUPLEMENTO/Pages from RN 13 SUPLEMENTO-15.pdf
4
Freudenrich CC. Contraindo um músculo. How Stuff Works?
Disponível em: http://saude.hsw.uol.com.br/musculos1.htm
5
Viver bem. Cinco questões sobre a alergia a camarão. Dez/2013.
Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/saude/cinco-questoes-sobre-a-alergia-a-camarao/
6
About Food Allergies. Shellfish. Food Allergy Research and Education.
Disponível em: http://www.foodallergy.org/allergens/shellfish-allergy
7
Revista Viva Saúde. Reação cruzada aumenta riscos de alergia. Jun/2014.
Disponível em: http://revistavivasaude.uol.com.br/clinica-geral/reacao-cruzada-aumenta-riscos-de-alergia/2621/
8
Info Escola. Melanose em pescado. Por Franciele Charro.
Disponível em: http://www.infoescola.com/ecologia/melanose-em-pescado/
9
Vida sem glúten e alergias. Alergia a frutos do mar. Ago/2009.
Disponível em: http://www.vidasemglutenealergias.com/alergia-a-frutos-do-mar/346/
ALERGIA A SOJA
Em uma época em que as alergias alimentares tornam-se
tão frequentes, são muitas as dúvidas sobre o que fazer após
suspeitar-se de alergias ou serem diagnosticadas. O leite de
vaca corresponde ao principal alimento causador das alergias
alimentares em crianças, e próximos a ele estão o trigo, ovo,
soja, amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar1.
Considerada um alimento saudável, a soja é bastante indicada para adultos, mas não se pode dizer o mesmo quando tratamos de crianças. A alergia isolada à soja ocorre com baixa frequência nos pequenos com até três anos de idade (menor que
1%) e costuma desaparecer até os dez, no entanto, em torno de
11% a 14% das crianças com APLV (IgE mediada) podem apresentar reação à soja, por isso é preciso estar sempre atento aos
sinais e sintomas após sua ingestão2.
Crianças diagnosticadas com Alergia à Proteína do Leite de
Vaca (APLV), muitas vezes recebem como substitutos na alimentação as bebidas a base de soja. No entanto, por causa desse
risco de sensibilização à soja, essa introdução deve ser sempre
discutida com um especialista para compor a dieta mais recomendada para essa faixa etária3,4,5.
DESCOBRI APLV EM MEU FILHO - POSSO OFERECER LEITE DE
SOJA?
O tratamento para a APLV será a exclusão total do leite e
seus derivados e a utilização de substitutos adequados. A escolha depende da idade da criança, do tipo de manifestação clínica (IgE mediada ou não), aceitação, composição nutricional e
custo2.
É estabelecido pela Organização Mundial da Saúde que
todos os bebês recebam exclusivamente o leite materno até os
seis meses de idade, no mínimo. Após essa fase eles passam a
receber outros tipos de alimentos3, os quais não deveriam incluir o leite de vaca e as bebidas de soja.
A Sociedade Brasileira de Pediatria considera que alimentos à base de soja não são os mais adequados para as crianças
com até dois anos de idade, por serem nutricionalmente incompletos e com potencial alergênico6, podendo, inclusive, causar
deficiência nutricional no bebê6.
Assim como o leite de vaca, seu teor de proteína é alto e a
mucosa intestinal ainda em desenvolvimento do bebê não está
apta a digerir moléculas tão grandes6.
Para aqueles que apresentam alergia à soja, o consumo
pode provocar as seguintes reações7:
Formigamento na boca;
Urticária, coceira, eczema;
Inchaço dos lábios, rosto, língua e garganta, ou também outras
partes do corpo;
Secreção nasal, dificuldade para respirar;
Dor abdominal, diarreia, náuseas ou vômitos;
Vermelhidão da pele (rubor).
Reações alérgicas graves (anafilaxia) à soja são raras.
FÓRMULAS INFANTIS DE SOJA X EXTRATO DE SOJA
As fórmulas infantis são feitas com a proteína isolada da
soja e são acrescidas de nutrientes essenciais. Não possuem
lactose, importante para indivíduos com intolerância ao açúcar,
nem sacarose.
Tudo o que é obtido diretamente do grão da soja não é um
produto completo nutricionalmente.
Por exemplo, o extrato de soja apresenta deficiência de
gorduras, carboidrato, além de não conter o cálcio, mineral tão
essencial nessa fase da vida. O médico pode sugerir fórmulas
infantis com proteínas extensamente hidrolisadas ou aquelas
que são compostas por aminoácidos livres3,4,6.
SOBRE ALIMENTOS A BASE DE SOJA
A soja é altamente proteica, sendo que quase metade da
sua composição é de proteínas (48%)2. No entanto, seu conteúdo de metionina – importante aminoácido para auxiliar na redução do colesterol sanguíneo e na limpeza de substâncias tóxi-
cas alojadas no fígado – é baixo, o que limita o seu valor nutricional6. O processamento da soja em farinha faz com que sua
digestibilidade fique melhor, pois destrói parte dos fatores antinutricionais, como inibidores de enzimas digestivas e lecitinas2.
Por ser um grão com produções enormes no Brasil, ele
acaba sendo incluído em diversos alimentos: bebidas, iogurte,
chocolate, cereais, sorvetes, entre outros. Rações contendo soja
também são oferecidas na pecuária. Assim, mesmo sem oferecer o “leite” de soja para a criança, é importante ficar atento aos
alimentos que podem conter traços de soja. Veja uma lista de
produtos à base de soja que separamos para você ou que incluem o grão entre os ingredientes:
Edamame (grãos imaturos de soja)
Miso (pasta de soja fermentada)
Natto (soja fermentada)
Molho shoyu (molho feito a partir da soja fermentada –
contém trigo)
Tamari (molho feito a partir da soja fermentada – não contém
trigo)
Farinha de soja
Grãos de soja
“Leite” de soja
Sucos diversos
Iogurte de soja
Queijo de soja (tofu)
Proteína de soja
Tempeh (fermentado de soja semelhante a um queijo)
Proteína vegetal texturizada (PVT)
Assados (pães, biscoitos e massas)
Temperos prontos industrializados
Cereais
Barras de cereais e de proteína
Fórmulas infantis
Óleo vegetal de soja
Proteína vegetal hidrolisada (HVP)
Margarinas
Chocolates
Produtos com “lecitina de soja”
Leia sempre os rótulos, pois a soja pode não estar nos ingredientes, porém, no rótulo pode ser feito um alerta que
“contém soja”. Isso acontece, pois em algumas fábricas os produtos sem soja podem ser processados naquelas máquinas em
que passaram alimentos à base do grão, causando contaminação cruzada.
REFERÊNCIAS:
Costa, J., Oliveira, M. B. P., & Mafra, I. Alergénios Alimentares: O Que São, O Que
Provocam e Como Detetá-los?.
Disponível em: http://www.spq.pt/files/magazines/articles/pdfs/30001806.pdf
1
Yonamine GH, Castro APBM, Pastorino AC, Jacob CMA. Uso de fórmulas à base
de soja na alergia à proteína do leite de vaca. Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol.
34. N° 5, 2011.
Disponível em: http://www.asbai.org.br/revistas/vol345/V34N5-ar-02.pdf
2
Ministério da Saúde. Saúde da Criança: Nutrição Infantil. Caderno de Atenção
Básica, nº 23. Brasília, 2009.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf
3
Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de orientação do departamento de
nutrologia. Rio de Janeiro, 2012.
Disponível em: http://www.sbp.com.br/pdfs/14617a-PDManualNutrologia-Alimentacao.pdf
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