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Revista trimestral gratuita
8
edición marzo - mayo. número
Revista de divulgación
e intercambio cultural
iberoamericano
Madrid 2011
Olhar
obtuso
Texto / Carolina Matos (Brasil)
Ilustración / Monica Andino (Honduras)
Vivemos em meio a um
tsunami de imagens, um universo em expansão constante e
incontrolada. Os novos dispositivos de captura, em especial as
câmeras digitais, geram uma
abundante e excessiva oferta.
Há apenas duas décadas, não se poderia imaginar
as possibilidades fotográficas disponíveis agora para
o usuário. A rápida evolução do meio digital propõe
uma nova forma de construir mensagens visuais, o
que pode haver mudado radicalmente a forma de entendê-los.
A fotografia nasceu como consequência de uma
cultura visual a que também ajudou a fortalecer e
impor e nunca foi tão acessível nem onipresente.
Está composta pela combinação entre seu desenvolvimento tecnológico e seu uso, e se define pelo equilíbrio dessa relação. O processo ocorre no tempo e
está em constante revisão. Depois da euforia do último quarto do século XX, era da intensificação do
vício pela imagem fotográfica, é hora de averiguar se,
além das mudanças tecnológicas no produto que se
segue chamando fotográfico, sua função social também mudou.
A velocidade e a globalidade da produção e propagação de imagens digitais motivam discussões sobre
uma possível morte da fotografia, ou pelo menos do
seu conceito standard construído no último século.
Mas é possível que, apesar da indiscutível liberação
do direito à imagem, a cultura digital tenha gerado
também mudanças de conduta social e ordem psicológica no que diz respeito à percepção visual do
homem contemporâneo.
Em retrospectiva, a explosão da oferta remonta
aos inícios da era metropolitana, quando houve um
incremento nos diferentes procedimentos de criação
e vias de transmissão do universo visual. A fotografia
surgiu quando a manufatura cedia lugar paulatinamente à empresa industrial e, naqueles dias, o surgimento de diferentes classes sociais, até então inexistentes, provocou a necessidade de produzir tudo em
grandes quantidades. O dispositivo fotográfico oportunamente se ajustava à demanda.
Historicamente, a cristalização repentina de
uma nova tecnologia é causa do antagonismo entre
a crença no progresso e uma certa suspeita e receio.
Com o surgimento da fotografia não foi diferente. Por
um lado, equivalia à prova inegável de um fato, o suporte de uma evidência. Por outro, levantava dúvidas
quanto à sua relação com o real. “Menos que nunca a
simples reprodução da realidade consegue dizer algo
sobre a realidade”. Se fosse vivo, Bertold Brecht se
daria conta da atualidade do seu veredicto.
A tecnologia digital elimina de alguma maneira
a capacidade de uma fotografia em gerar representações exatas e verídicas da realidade. Hoje em dia,
não só os especialistas, mas também o público em
geral descobriu a inevitável manipulação que opera
no processo de toda imagem fotográfica. O uso de
softwares de tratamento de imagens, como o Adobe
Photoshop, com sua enorme facilidade de utilização,
substitui a técnica do aerógrafo e da fotomontagem e sua assimilação entre o público inexperiente
acaba com o mito da objetividade fotográfica. Mais
que nunca a percepção da realidade depende do instrumento que se utilize para percebê-la e em meio a
dados numéricos intangíveis o conceito de inocência
da câmera pode ter mudado radicalmente sua essência. A verdade se converteu em uma analogia e cada
vez mais os fotógrafos apresentam diferentes versões
de realidade.
Ao comparar a era atual com a época da invenção
da fotografia, quando as imagens eram limitadas em
número, circunscritas em um significado e contempladas com atenção, podemos concluir que hoje em
dia, mais que contemplar, consumimos. Estamos
inundados de imagens, o que supõe uma maior consciência informativa da realidade global, mas também
pode gerar impressões visuais carentes de significado. Entre a velocidade da Internet, os telefones celulares e os dispositivos eletrônicos portáteis, a análise da realidade objetiva sofre o caos da excessiva
oferta de imagens. O teórico francês Paul Virilio fala
da mecanização da percepção. O computador assiste
a percepção e a Internet gera a vontade de ver tudo,
saber tudo, a cada momento, em cada lugar. Mas o
raciocinar sobre o que é visto já é outra história.
Entretanto, ver tudo é também uma grande exigência do mundo atual, mas frente ao abuso visual
e ao volume de transmissão, o cérebro pode ter sido
privado de uma de suas atividades mais lúdicas: a
imaginação. Italo Calvino, em suas Seis propostas
para o próximo milênio, fala sobre a projeção interna
de imagens como parte do processo de interpretação
e expressão. Estas imagens pessoais são apoiadas em
reflexos interiores da tradição oral. Formam campos
de analogias que, ao serem organizados, geram um
sentido crítico na consciência. A força dos meios digitais está em conflito com uma capacidade humana
conhecida desde o eidos de Platão: o pensar com imagens, o que não pode ser visto com os olhos, o que
conhecemos porque temos a ideia em nossa mente,
não pela realidade do objeto.
Texto / Rafael Dro (México)
Ilustración / Luis Campo verde (Ecuador)
Soy la paranoia de que la
verdad exista y no sea nuestra;
el que siempre reprime a todos
los demás, aquel que no cuestiona nada, el ídolo del momento que canta about nothing
in particular; la happy face
en la camiseta de un hippie gordo desfasado que
piensa en cómo salvar
a los manatíes; la
histeria, los hornos
crematorios, la ironía punk de “Belsen
was a gas”. El olvido.
otra persona; un creyente, la prudencia , un animador de T V impulsando la energía del universo;
el murmullo de la city, un dictador sudaca que persigue el ideal bolivariano mientras se enfunda en
un traje de diseñador, un junkie con las venasabiertas de una jodida Latinoamérica; el viejo truco
del bad cop & the goodcop, the minutemen, la
falsa moral que llevamos dentro; el último kiliwa,
un white riot, el maldito troll que te atosiga; la cucaracha que sobrevivirá la explosión nuclear.
Em contraste ao discurso linear obtido pela fotografia analógica, o discurso democrático da imagem
digital na Internet é constituído por uma infinidade
de caminhos possíveis, através de links que levam a
distantes e desconhecidos destinos. Uma versão eletrônica da Biblioteca de Babel, de Jorge Luis Borges:
todos os livros possíveis, ordenados de forma arbitrária, mas sem ordem pré-determinada de pesquisa.
Nesse ambiente, se consideram fotografias as imagens geradas através de todos os tipos de câmeras,
satélites e mísseis, câmeras de vigilância e webcams,
scanners e telefones celulares. O computador padroniza a especificidade de cada meio, gerando uma
crise na função de registro.
Como acontece frequentemente nos meios de
comunicação visual, a crise é um sintoma de renovação. Eu sou uma vítima da luta entre a adesão à
tecnologia e a convenção analógica. Talvez por medo
de perder a capacidade de imaginar visões ainda en-
contradas no Google, ou por medo de sucumbir à
velocidade vertiginosa do fotografar-ver-apagar. A
imagem digital gera o completo controle do resultado, ao contrário da imagem analógica, imprevista
e intuitiva, que tanto me emociona. Mas também sou
ciente de que as representações da identidade contemporânea estão intrinsecamente ligadas às novas
tecnologias da imagem. A quantidade de oferta que
se consome diariamente pode permitir que a fotografia realize funções sem precedentes e ainda pouco
conhecidas.
A principal mudança na percepção visual é, sem
dúvida, a facilidade de um diálogo aberto em que
o espectador participa e divide a dinâmica criativa.
Resta uma análise dos efeitos reais e imediatos na
assimilação do atual fluxo de informação visual. O
sujeito contemporâneo é um passageiro metropolitano e a velocidade com que passa pelo mundo determina não só o olhar, mas também como as coisas se apresentam frente a ele. Nossa identidade é
construída pela indústria da cultura digital, que entrega o olhar como produto final e não como o início
de uma interpretação. Para virar o jogo, devemos
exercer o olhar do estrangeiro, que recém chegado
a um lugar resgata o sentido primeiro das coisas,
começando do zero.
traducción al castellano en:
www.quetengoenlacabeza.com
Soy the real Bukowski rascándose los sobacos, la sonrisa de una curadora, el mash up de
la historia; la desidia de corbata y estilo raro, la
afasia típica de los críticos seniles, la pegatina
que enuncia que el pop nos hará libres; un mensaje SMS que no vale la pena leer.
Soy el que roba nicknames en Internet, un
poeta de nivel intermedio, algo tan japonés que te
resulta incomprensible; lo que sigue, la
pandrogenia que se aproxima, un
crucigrama para recién casados; el héroe de Mocorito, un
billboard que dice ¨SOS
Queremos seguridad”,
el que reta al peligro.
Soy un re-run que ves por tercera
ocasión, una tarde de Ticket to ride, el
lugar reservado que nunca se ocupa en
un restaurante de postín; a long Manchester overcoat, un sweet and tender hooligan, la irremediable caída;
la universidad de autonomía vencida por la oferta de una trasnacional, un ejercicio de estilo que no se
decide a estirar la pata, el remanente
de una relación que se desdibujó una
madrugada; algo que nunca pasó la etapa
platónica, un plagiador en ciernes, a
blind date from hell; la ira de Maradona,
ese talk show que sigue y sigue y sigue,
la escolástica que acompaña a la tristeza.
Soy la felicitud, una casa abierta, un
espíritu ad-free; el sonido del farfisa, la
línea de jueces que no tiene ni puta idea de
que es lo que ocurre aquí, la última canción
que se escuchó en The Hacienda; la noche en
que Franco murió, la devaluación del 82,
el grito de Lager! Lager! Lager!; el rostro precioso, algo que nunca tendrás,
el protagonista de tus pesadillas; una
voz en off que cuenta la historia oficial, el bello verano, a walking Hallelujah; un disidente que bebe champagne a deshoras, lo más casposo,
una situación urgente que no atienden los partidos políticos; la oferta
de hoy
Soy la anarquía, el pensamiento
de Gramsci que nunca comprendiste
pero que citas a cada rato para explicar el
problema de la hegemonía cultural; un ejecutivo de cuenta, alguien que se roba el servicio
de Cable, un circuito cerrado que graba todas tus
acciones; Osama Bin Laden, el exiliado que todo
mundo hace «fuchi fuchi», el que dice I hate all
the dikes & fags mientras sostiene una pancarta
que dice “Ban Marriage”; el que te hace daño, el
que habla por teléfono para ver si caes en una extorsión originada en el miedo y la inseguridad, el
policía en tu mente; uno de los cortados en la lista
de prioridades de un país a punto del meltdown.
Soy Joey Ramone, la mantis religiosa del punk,
el trauma buena onda; el fascismo duro y la izquierda trasnochada que han vuelto a estar en
boga, los novios que se besan mientras piensan en
Soy un hipócrita, las declaraciones más viles
del obispo, el mesianismo de un político que lucra
con la esperanza de un pueblo; el que no puede esperar más para denunciar un abuso sufrido años
atrás, un hardcore kid, una caja de ritmos; el grito
silente de las mujeres mutiladas, el arrebato
de rareza pos- finisecular, los beats de DFA;
el testigo presencial de nuestra derrota.
Soy un producto más en el catálogo de
Ikea, el árbitro en el partido, la chica semi
desnuda en el diario de la tarde; el “Sieg Heil
Hitler” que te cabrea, un fashion spread en
Vogue, la conciencia de Julio Scherer; el
ruido vital de Sonic Youth, la modernidad
fatigada, los cojones de Deleuze; un incompetente gurú, el new negro que nunca dice
«mande», la madre patria; una piñata escarlata, el éxtasis de Holanda, la caída de Occidente; la gran tragicomedia humana.
Soy el último emperador chino,
Atahualpa Yupanqui, Néstor el cyborg; el bully que te perseguía en la
escuela, una porrista con el trasero
de acero que resume lo más húmedo
de tus sueños; el policía que sostiene la
señal de Stop justo al filo del vacío, un
judío que quiere ser negro, el que mató
a Buda cuando lo encontró en su camino.
Paradoxalmente, hoje em dia um suporte físico já
não é imprescindível para que a imagem exista. Mas
longe da imaginação, as exigências do mundo atual
são satisfeitas pela imagem eletrônica com a imediatez do trânsito de informações e a globalidade, onde
distâncias geográficas colapsam em tempo real pela
world wide web.
1968, 1987, 1976; los 5 segundos antes de que explote el «cóctel molotov», Ray Loriga en una entrevista aburrida, la sífilis de Nietzsche; Elvis dispuesto a vencer a la báscula, Russ Meyer haciendo
casting, una puta muerta de envidia; el vómito del
que perdió la pelea, un conector casual e intermitente, un video de Coil; el estado de sitio a nuestra
conciencia.
Soy una batucada
que celebra la nada,
a date-rape, un actor
que es bueno para
fingir acentos; cincuenta opciones en
el mercado, someone
looking for the number one spot, un promosexual que juega a
ganar; el llanto coreografiado de nuestra
mejor actriz televisiva.
Soy un ente que piensa distinto, el que sólo
hace las cosas cuando van por buen camino, un
serial killer desconocido; un homeless empujando
un carrito de supermercado en Sunset Blvd, alguien que ha perdido la cabeza por esa cosa llamada amor, una dosis de Prozac antes de ir a trabajar; un shakedown, el trastabilleo, ese trip pacheco que recordarás por siempre; a small talk, un
cuento de sicarios que se publica antes de irse de
viaje, the revolting stuff; una falla en el sistema, el
que olvida las llaves en un afterhours, el hijo ilegítimo de Jesuscristo; la puta ostia.
Soy un outcast, el que juega bonito, un tatuado
en la fila del paro; El Mañana después de la granada, el que trajo un arma a la high school, una
pelea de perros; alguien que baila y resiste, the
reckless youth, a german joke; el desasosiego adolescente, un epígono de la clase trabajadora, el
rock angular; un concepto por probar, el jubileo de
algo pomposo y aburrido, un régimen que artícula
el cambio en concertacesiones; el hombre que cae
de la Torre 2, el ama de llaves de la decencia clasemediaera, el último expulsado en el reality show
llamado LIFE.
Soy Homero Simpson rascándose el trasero, el
futuro de la cocina gourmet, un chilletas; la rubia
tonta en las películas de los años 50, el letrero de
neón que Barry Gifford compró en Tijuana, una
chapita de Crass en la chaqueta negra de una teenager embarazada; un grupo de voluntarios americanos haciendo labor social lejos de casa, el pronóstico de lluvia y apagones, la fuerza armada que
pone en peligro el estado de derecho; la canción
del verano, la categoría «super freak», the breaks.
Soy todas las voces que escuchas en tu mente,
la noción de velocidad según Virilio, una guía azarosa; Terry persiguiendo a Candy Candy, la teoría
del caos, un dolor más o menos musical; una manifestación a favor del último dictador (y otra más
numerosa, en contra), todos los ísmos que enlista
la enciclopedia Británica, el trasero de una adicta
al funk carioca; la falsa ceguera de Borges, una etiqueta, el logotipo que aparece en eventos subvencionados; el que saqueó al país, un heredero de la
crisis de valores que proclama el mismo grupo de
fundamentalistas, alguien tan normal que da risa.
Soy un archipiélago de fiestas, un mito generacional, el grito de Oi! Oi ¡Oi!; una campaña de
publicidad que no funciona, uno de los desaparecidos en la Guerra Sucia, un dispositivo de destrucción masiva; an ageing pop star, un ex drogadicto
que ofrece lollipops en los cruceros, el primero que
hizo pogo; un panfleto seudo revolucionario, la
silla eléctrica, una iniciativa de ley que nunca pasará; un ringtone que llega al tope de los charts,
una argumentación repetitiva, the final score.
CAchorro
Texto / Sabina Urraca García (España)
Ilustración / Paolat De La Cruz (República Dominicana)
El 7 de noviembre de 2010, a las 17:48,
en el foro de respuestasmundoanimal,
gladysmoon preguntó:
¿por qué mi perrita parió un solo cachorro? ahora que fui a buscarla a
su casita me di con la sorpresa que había parido, pero lo más estraño es
que parió un solo cachorrito, alguien sabe a qué se deba, ya busqué por
todos lados para ver si habían cachorros muerto o algo, pero nada espero
sus respuestas.
El mismo día, dos horas y 7 minutos más tarde, josecarli77 respondió:
espera unas horitas porque pueda que tenga mas eso paso con mi
gatita tuvo una y al día siguiente tuvo 4 mas.
A las 23:06, gladysmoon dijo:
no ha tenido mas, no se que pasa. Nose si llevarla a la veterinaria por si
tiene alguno más dentro.
Poco antes de medianoche, josecarli77 contestó:
acordate que el parto no les dura solo unos minutos, a veces lleva varias
horas, ya te digo a mi gatita le ocurrió parecido. Lo mejor es que intentes
ver tu misma si tiene mas cachorros adentro. Igual da un poco de asco pero
tú intenta que es mejor probar por si acaso. Toca y si notas algo que esta
duro eso es que todavía hay perritos.
A las 8:52 del día siguiente, gladysmoon dijo:
hice lo que me dijistes y meti la mano pero no estoy segura de si note
algo o no y la perra se quejaba pobrecita mia.
Treinta y siete minutos más tarde, un usuario sin identificar, añadió:
Puede ser que sea porque es medio viejita y le haya faltado alguna
hormona o algo al momento de formarse los embriones y por eso tuvo solo
uno, no? Yo mejor no seguiría intentando buscarle adentro a la perra que
le puede hacer mal.
A las 14:34, josecarli77 reapareció:
eso no puede ser porque los perros nunca tienen solo uno. Lo que
puede haber pasado es q la perra se los comió eso pasa mucho q la perra
considera que los cachorritos están indefensos y en peligro entonces con
esta situación prefiere matarlos ella misma.
Pasados 32 minutos, un nuevo usuario, pandora, dijo:
Hola yo no te he escrito antes pero he leído lo de los otros y creo que lo
importante es si el cachorrito que ha parido está bien y sano.
No hubo ningún mensaje en dos días. A las 22:40 del 10 de noviembre,
gladysmoon dijo:
pues no se. Es muy pequeño y llora todo el tiempo.
Soy ese de la t-shirt que dice: “Siempre es
ahora”.
AIEM
Soy alguien
que te salvará de
todo problema, el placebo, la panacea; una raya de
cristal, un aumento de sueldo, el golpe de suerte
en la lotería nacional; un sujeto que nunca pasa
desapercibido en el bar de las caras tristes, una gstring diva que nunca escucha a sujetos pobres, tu
maldita opinión; el libre albedrío que puede hacer
distinto lo que vemos por televisión.
Soy la verdad esquiva, el más terrible de los huracanes, el terapeuta que ya dejó atrás el nihilismo;
Texto / María Balladares (Ecuador)
Ilustración / Eva Vázquez (España)
Artista invitad0 (Venezuela)
Beto
Gutiérrez
Entrevista / Anna Fabra Raduà (España)
Beto Gutiérrez (Caracas, 1978).
Estudió Letras y Artes en la Universidad Central de Venezuela
pero desde los 15 años quiso ser
fotógrafo. Ha participado en diversas exposiciones colectivas en
Venezuela, Brasil, México, España y Estados Unidos. Es miembro de la Organización Nelson
Garrido (ONG) de Caracas y actualmente vive en Buenos Aires,
donde estudia dirección de fotografía para cine.
De tu trabajo se desprende una preocupación por
la construcción de la identidad, ¿dirías que es tu
principal objeto de trabajo?
Me cuesta mucho dar afirmaciones sobre las cosas.
Por esa misma razón no sabría decirte a ciencia cierta
si mi principal objeto de trabajo es la construcción de
la identidad. Supongo que sí. No sé si “la identidad” o
“mi identidad”. Sí creo que busco a través de los otros
ubicarme a mí mismo, bien sea por la identificación,
por la igualdad o por la diferencia (si es que hay alguna). Un día conciencié la fotografía (y al arte) como
un espejo, como ese espejo que nos va revelando nuestra propia cara.
La mayoría de tus fotografías son retratos de
adolescentes, chicos y chicas en esa etapa vital
especialmente frágil para la construcción de uno
mismo dentro de la colectividad. ¿Qué es lo que más
te interesa de sus miradas? ¿Qué es lo más duro?
Me interesa mucho el tema de la adolescencia por
razones personales, en mi caso la peor etapa de mi
vida. Una etapa en la que me encontraba absolutamente perdido en el mundo, en mi familia, en el colegio, en mi contexto inmediato. A medida que crecía me iba ubicando en un lugar y observaba cómo la
dolencia de esos años iba pasando; pero fue a través
de la fotografía que hallé inconscientemente una manera de ir exorcizando toda esa angustia e indefinición
del ser adolescente. Ellos me conmueven mucho y me
recuerdan que las cosas pasan, que todo pasa. Y con
la fotografía ocurre que es como la negación de esa
ley de la impermanencia. Creo que es allí donde me
atrapa y me confunde, cómo ella intenta inmortalizar y dejar una huella (¿permanente?) de momentos
que no se repiten nunca más, pero que también son
una interpretación muy personal, incluso azarosa, de
las miles, millones e infinitas interpretaciones que
puede haber de un mismo tiempo, de un mismo espacio y de un mismo sujeto. En el adolescente puedo k n
ver más esa lucha de cada ser por encontrarse y forjar
su lugar entre los otros. Es entonces allí donde ubico
una especie de ideal de hombre o sujeto (bien sea femenino o masculino), siempre incompleto, incompletamente culto, incompletamente maduro, enamorado de la inmadurez pero queriendo ser maduro, un
humano sometido a lo interhumano como una fuerza
superior y creadora, como un Dios a la carta, como si
fuera la única divinidad que nos es accesible y comprobable.
Retratas en el estudio y en la calle, pero siempre
respetas un cierto encuadre muy cerrado encima
de las personas con fondos poco profundos, ¿qué te
aporta esta decisión técnica?
Suelo retratar en la calle pero como si fuera en estudio. En mis imágenes hay presentes unos códigos de
representación de la fotografía de moda o publicitaria,
pero lo del encuadre cerrado lo hago porque me parece que allí es donde se puede capturar más la verdadera esencia de una persona: en el rostro y sobre todo
en su mirada.
La fotografía de la portada del nº8 de LACABEZA
corresponde a un proyecto tuyo de 2005 titulado
Being Nan Goldin. ¿Qué idea había detrás de este
proyecto?
Este trabajo lo realicé respondiendo a una invitación a una exposición que se llamó “Tránsito”, sobre
la transexualidad y el travestismo, que se realizó en la
ONG (Organización Nelson Garrido, Caracas) y cuyo
lema era “Construyendo el derecho a tener derechos
de la comunidad T RANS en Venezuela”. Como conocía muy bien el trabajo de Goldin, el alcance que tuvieron sus imágenes a lo largo de los años desde su publicación hasta el presente y teniendo en cuenta que
ella retrató gran parte de la comunidad GLBT I (Gay,
lesbiana, bisexual, transexual, intersexual). de New
York, reproduje muchas de sus fotografías y con ellas
armé una proyección en diapositivas (ésta era la manera como ella mostraba sus trabajos inicialmente).
Yo en estudio me hice unos autorretratos travestido de
mujer y luego recorté y armé, con algunas de las imágenes de Goldin, unas superposiciones de diapositivas. Como resultado, en el slide show de Nan Goldin
cada cierto número de imágenes, aparecía yo dentro
de ellas. En la sala de proyección, que había iluminado
con un bombillo rojo (de los que se usan en los laboratorios de fotografía), coloqué un reproductor que dejaba oír el tema “Who wants to live forever” de Queen.
Todos los detalles y guiños de esta instalación sonorovisual lo que pretendían era crear en el espectador
una serie de reflexiones sobre la imagen y la representación, planteando cuestiones como: ¿quién quiere
vivir para siempre?, ¿cómo se perciben y reciben los
códigos de una intimidad ajena?, ¿es la fotografía un
reflejo de la verdad?, ¿es un espejo? Yo me introducía
en el mundo de Nan Goldin sin que ella lo supiera, me
travestía, no era un hombre, no era mujer, tampoco
era fotografía. Era el travestismo del género (fotográfico).
En un trabajo reciente de 2010 hiciste una serie
completamente distinta de marcos de fotos
domésticos fotografiados por detrás. Dinos algo
sobre este giro hacia una fotografía más poética o
metafórica.
En esa serie llamada “Portarretratos” lo que hice
fue retratar los marcos de fotos que mi familia y amigos cercanos tenían en sus casas. Lo que quería era seguir estas reflexiones sobre la fotografía como género,
un poco explorando lo que está detrás de una imagen,
en qué se sostienen todas estas fotos que van construyendo la historia personal de cada uno de nosotros y
qué es un poco como un andamiaje de cartón y plástico, de papel y químicos. Sigo esperando encontrar
respuestas, pero creo que lo que termina pasando es
que siguen apareciendo cada vez más las preguntas
sobre lo esencial y verdadero.
Vamos, los cerdos.
Caminamos con nuestras cuatro patas,
miramos a un lado y a otro,
miramos de frente.
Texto / Javier H. Murillo (Colombia)
Ilustración / Manuel Gomez Burns (Perú)
Si en mi poza
cae el cuerpo inerte de un hombre,
y la mano de otro hombre no me ha dado de
comer,
mis dientecitos apenas afilados
se comen su cuello,
luego su pecho.
Cuando me siento lleno, me acuesto de lado,
y siento la piel y la carne mezclarse bien
adentro.
Luego, entre sueños,
me parece oír a alguien gritar:
“Ay, Ranulfo, ay”.
Bogotá es una ciudad vejada.
Nadie la quiere, no pertenece a
nadie, pero todos pretenden un
pedazo.
Animales
yy traquetización
Siempre está ahí, como inerte, para que unos la
cojan y otros también. Tiene una luz fantástica de día; es
transparente, y cuando ha parado de llover, provoca lamerla y dejar de llevar lentes para verla. Por la noche es
silenciosa, como si se volviera más densa. Si se espera
lo suficiente es posible ver la humedad blanca que se
eleva como si fuera su aliento desde los potreros que rodean las avenidas, y que le dan a la ciudad dormida un
carácter íntimo y siniestro al mismo tiempo.
Cuando otro cerdo me preña
y mi cuerpo se infla
como con aire caliente
-y de él van saliendo uno, dos, tres,
cuatro, diez, trece, quince
nuevos cerdos-,
me impresiono.
Por la noche, la mano de un hombre
salva a uno de morir
ahogado debajo mío.
Al echarme,
juro que no lo he sentido.
Durante la noche, tarde, después del caos cotidiano
de pitos y motores pueden oírse claramente las sirenas de la policía. No tan a menudo como en otras ciudades, sin embargo: las autoridades no son muy acuciosas. Pero de vez en cuando encienden sus alarmas durante la madrugada y se aventuran en persecuciones
cinematográficas que terminan en carros volcados y tiroteos que llaman la atención de los que pasan por ahí y
de quienes ojeamos la versión electrónica de los diarios
como si se tratara de The Daily Prophet.
Algunas noches atrás, dos, tres, tal vez, hubo un incidente que despertó a los vecinos. En uno de los de un
accidente en una de las pocas autopistas de la ciudad.
Se trataba de una camioneta blanca y vidrios oscuros
que, después de haber sido perseguida varios kilómetros por dos patrullas, y de haber intercambiado disparos con la policía, se
había detenido al chocar contra un taxi.
Cuando el río crece
y todo se inunda,
abren la puerta de mi corral.
Yo no me lanzo a correr,
sino que sigo los pasos del hombre.
No me implica el mínimo esfuerzo
parecer un perro domesticado.
Me gusta parecer un perro domesticado.
Vamos, los cerdos,
mirando de frente.
Los
cerdos
miramos
de frente
La historia es que
quien conducía la camioneta asistía a una de
esas competencias furtivas entre conductores
aficionados que se realizan en la madrugada en
algún rincón de ciudad,
y al notar la presencia
de la policía, huyó. Fue
perseguido a lo largo
de media Bogotá, y
en algún momento incluso, él o su acompañante, llegó a disparar
sobre los uniformados,
quienes al final lograron que se detuviera.
Lo extraordinario de
la noticia no está, claro,
en que haya carreras
furtivas en la ciudad, ni
en la posterior persecución, ni siquiera si hubo
disparos, lo que a primera vista parecería excesivo. Lo interesante,
lo que resulta que particularmente elocuente
acerca de lo que es esta
ciudad, en este país
que termina viviéndose como si se tratara
del último sifón de Occidente, es la entrevista que se le hiciera al
acompañante del conductor justo después del
accidente que terminó
con la persecución.
Se trata de un joven
de no más de dieciocho
o veinte años, cuando
más. Lleva, a pesar de que no ha salido el sol, unas gafas
oscuras Ray-Ban de marco dorado muy grande. Ante la
presencia de los periodistas en el lugar, con voz airada y
las sílabas trastabillantes (los policías encontraron bebidas alcohólicas dentro de la camioneta) denuncia el
abuso del que, afirma, fueron víctimas por parte de la
policía. Con la misma tranquilidad y desfachatez con
la que le hablaría a uno de sus padres o profesores por
una falta menor, responde que no se detuvieron ante la
insistencia de los uniformados porque la familia de su
amigo - el conductor de la camioneta- “tiene problemas
de seguridad”, y su papá “le prohíbe” detenerse cuando
se trata de la policía.
No voy a detenerme aquí en las implicaciones que
tiene en un país como éste que la policía no solo no se
considere garantía de seguridad, sino que signifique, de
entrada, objeto de desconfianza. Me parece más interesante la posición de los protagonistas de la historia. Dos
jóvenes, al parecer “sanos”, que no deben nada, andan
armados y están dispuestos, no solamente a desobedecer premeditadamente a quienes, por lo menos en principio, representan la autoridad de la ley -por indicación
de sus padres, además-, sino incluso a disparar sobre
ellos. No son criminales ni acaban de cometer un delito
en el que pudieran estar jugándose la vida. Son simplemente un par de irresponsables para quienes la policía
no representa ninguna autoridad, y la ley, bueno, la ley
evidentemente para ellos está determinada sólo por el
poder de su camioneta o el de su arma.
De alguna manera, es como si la conducta de los traficantes de drogas -estos sí personajes fuera de la ley,
que se juegan su futuro y el pellejo en cada “viaje”- se
hubiera extendido a los hijos de las familias de clase
media y media-alta (empresarios legítimos, universitarios), quienes, al percibir que el modelo de vida traqueto −el de los narcoempresarios funciona (carros lujosos y extravagantes, mujeres hermosas y mucho efectivo en el bolsillo), están dispuestos a imitarlo e, incluso, a arriesgar su vida por él.
Esta traquetización por imitación es la tendencia en
Bogotá, por no hablar del resto del país. No todos podemos ser traquetos, no todos tenemos el hígado o carecemos de los escrúpulos para hacerlo, pero todo el mundo
quiere parecerlo. Abundancia de concesionarios de las
más grandes marcas de carros en un país con niveles
de pobreza que producen vergüenza incluso dentro de
Latinoamérica. La calle comercial más cara del continente, en un país cuyo salario mínimo es de menos de
300 dólares al mes. Estudiantes universitarios que manejan grandes camionetas blindadas para evitar las restricciones vehiculares implementadas para contrarrestar el creciente flujo de carros dentro de la ciudad. Automóviles, camiones, motocicletas que exhiben unas curiosas pegatinas que simulan el orificio producido por
una bala. Jovencitas que desde los quince años están
dispuestas a entrar al quirófano para conseguir liposucciones o implantes para las nalgas o las tetas…
Es el traqueto -por vocación o por imitación- el que
asume que la sociedad no existe, y por lo tanto, la ley
tampoco,; que está solo en una guerra, que el que no
lo ayuda es su enemigo y que cualquier medio es bueno
para conseguir sus fines. Para el traqueto, el poder de
quien habla está determinado por el número de hombres y de armas que lo respalden. Por eso su principal
recurso es amenazar y eventualmente matar, que no
consiste en otra que quitar al otro del camino. Eso, nada
más.
No se trata, ya, de un fenómeno de clases emergentes que pretenden establecerse en la sociedad. Esa guerra ya se perdió, y vivimos su resaca: el resto de la sociedad terminó por adaptarse a ellas, de dos maneras. Incorporó a sus hijos -ya a sus nietos- dentro de sus predilectos, y no solamente dejó de oponerse a su conducta a
favor de la irracionalidad, la ilegalidad y el crimen, sino
que emula y se siente orgullosa, con una sonrisa pragmática en la boca, de su manera de comportarse.
Ignoro qué ocurrió con los jóvenes de la camioneta
blanca. Probablemente fueron llevados a alguna oscura
estación de policía de la ciudad desde donde después
llamaron a sus padres y recibieron la reprimenda de su
vida por sacar el carro –y el revólver– sin permiso, y salieron de allí tras pagar una buena cantidad de dinero
después de pasar el resto de la noche en un calabozo
mientras se finiquitaban los trámites. Y regresarán al
siguiente día a la universidad a ser buenos muchachos
y a contar una historia que los convertirá en pequeñas
celebridades entre sus amigos. O lograron regresar a su
casa después de agilizar “la vuelta” con algunos billetes en el sitio mismo del suceso. O son hijos del juez que
habría de revisar su caso de haber sido procesados. O
son hijos del empresario que tiene influencia sobre este
juez, o del que paga los dineros serios gracias a lo cual
el empresario logra mantener su empresa, y todos les
temen. No importa. En realidad no importa.
En Bogotá es difícil saber quién caza y quién es la
presa; todos los animales que trepamos por las paredes de
sus edificios de cristal o reptamos por sus calles destrozadas somos al mismo tiempo ganadería y depredadores de
una ciudad en la que todos se refugian, se quitan el polvo y
siguen adelante comiéndose los pies, como un enorme terrón de azúcar sobre un charco de café.
Más información
sobre los
colaboradores
y colaboraciones:
Han colaborado
en este número:
Textos
Diseño gráfico
Ernesto Ramírez /
[email protected]
Edición y coordinación
Julie Turcas /
[email protected]
Artista invitado
Beto Gutiérrez
(Venezuela)
Portada
¨Sín Título¨, de la serie “Being Nan
Goldin”
Póster
¨Sín Título¨, de la serie “Being Nan
Goldin”
www.quetengoenlacabeza.com
María Balladares (Ecuador)
Rafa Dro (México)
Anna Fabra Radúa (España)
Javier H. Murillo (Colombia)
Carolina Matos (Brasil)
Sabina Urraca García (España)
Las opiniones vertidas
en las notas firmadas o por las personalidades entrevistadas no reflejan
necesariamente la opinión
de LACABEZA.
Ilustraciones
Paolat De La Cruz (República
Dominicana)
Luis Campo Verde (Ecuador)
Manuel Gomez Burns (Perú)
Monica Andino (Honduras)
Eva Vázquez (España)
Todos los derechos de las ilustraciones
y textos aquí reproducidas son de sus
creadores.
Con el apoyo de
Corrección de textos :
Carmen Berasategui (España)
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de residuos
266 Kg de Co2 de gases
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13881 Litros
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3556 Kwh
1.322 Kg
de energía
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1898 Km
El equivalente a un viaje
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