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Parte integrante da Edição nº 350 – Outubro de 2007 Jornal da Imagem Caderno 2 Este encarte contém casos diversos enviados pelos leitores do Jornal da Imagem Caso 1 Figuras – RM de órbitas no plano axial. (A) A imagem ponderada em T1 mostra a formação expansiva biconvexa com hipersinal no interior do bulbo ocular direito, melhor evidenciada na imagem em T1 com supressão de gordura (B). (C) O tumor caracteriza-se por hipossinal em T2. (D) A imagem em T1 com supressão de gordura pós-Gd demonstra a dificuldade em se estimar o grau de impregnação da lesão, haja vista que a mesma já se apresentava com marcado hipersinal pré-contraste •História clínica Feminino, 72 anos, com perda visual progressiva à direita há dois meses. Caso 2 •História clínica Paciente do sexo masculino, com dor em fossa ilíaca esquerda há cerca de dez dias, sem febre. Densificação focal e de aspecto nodular da gordura pericólica junto à borda antimesentérica do cólon descendente, sem espessamento significativo da parede colônica, compatível apendagite Jornal da Imagem São Paulo | OUTUBRO | 2007 Caso 1 Residente: Raquel Alves de Lima Arcaldi. Caso cedido pelo Dr. Carlos Jorge da Silva Melanoma melanótico de coróide Diagnóstico Melanoma melanótico de coróide. Discussão O melanoma de coróide é o tumor primário intraocular mais comum em adultos. Apresenta incidência de 5,0 a 7,5 casos por 1.000.000 de habitantes por ano nos Estados Unidos. É mais comum após a quinta década de vida e acomete mais brancos que negros numa razão de 15:1. Freqüentemente assintomático em sua fase inicial, quando descoberto em fase avançada habitualmente já apresenta metástases à distância para pulmões e fígado. Pode causar baixa acuidade visual ou dor ocular como sintomas iniciais. O diagnóstico é feito principalmente através da oftalmoscopia indireta onde a lesão é vista como uma massa sólida, marrom escura e circunscrita, de formato biconvexo. Origina-se de melanócitos da própria coróide e pode ser rico em melanina (como nesse caso) ou amelanótico. A falta de melanina está associada a uma maior agressividade tumoral. Nos exames de tomografia Caso 2 computadorizada (TC), o melanoma de coróide caracteriza-se por ser uma formação expansiva biconvexa, com coeficientes de atenuação de partes moles, usualmente localizada no segmento posterior do bulbo ocular, com moderado realce ao meio de contraste iodado. Nos exames de ressonância magnética (RM), caracteriza-se por hipersinal em T1 e hipossinal em T2, denotando o efeito paramagnético da melanina, com ou sem sinais de descolamento de retina. Usualmente exibe moderada a intensa impregnação pelo gadolínio, por vezes difícil de ser estimada, dependendo do grau de hipersinal espontâneo em T1 pré-contraste (como nesse caso), que apresenta uma relação direta com a concentração de melanina. O tratamento varia de termoterapia transpupilar, radioterapia, braquiterapia, enucleação e exenteração, dependendo das características, do tamanho e do estadiamento tumoral. Referência bibliográfica 1.Hansberger, H.R. Diagnostic Imaging Head and Neck. 2004, II-1:56-59. Autores: Drs. Hugo Pereira Pinto Gama, Dario Ariel Tiferes e Roberto Blasbalg Apendagite aguda (apendicite epiplóica aguda) Diagnóstico Apendagite aguda (apendicite epiplóica aguda). Discussão Apendagite é uma condição inflamatória autolimitada que acomete os apêndices epiplóicos e que, antes do advento da TC, era comumente diagnosticada durante cirurgia. Por se tratar de uma patologia pouco freqüente, é comum sua omissão dentre os diagnósticos diferenciais, entretanto a sua aparência típica e a possibilidade de se evitar um procedimento invasivo quando deste diagnóstico, requer com que os radiologistas conheçam e saibam diagnosticar esta doença. È uma patologia que ocorre comumente na quarta e quinta décadas de vida, predominantemente em homens, e está associado à obesidade, hérnias e a realização de exercícios físicos esporádicos. Clinicamente, a maioria dos pacientes manifesta-se com dor aguda, por vezes pontual, geralmente no quadrante inferior esquerdo do abdome, o que leva ao diagnóstico presuntivo de diverticulite aguda. Não há, entretanto, associação com náuseas, febre, leucocitose e apenas uma minoria dos pacientes apresenta alteração do hábito intestinal, seja com diarréia ou constipação. Quando a apendagite envolve o ceco ou cólon ascendente pode ser clinicamente confundida com apendicite aguda. Os apêndices epiplóicos são saculações peritoneais que emergem da serosa da superfície do cólon, através da qual são supridos por um pedículo vascular. Compostos de tecido adiposo e vasos sanguíneos, os apêndices tipicamente têm um diâmetro de 0,5 a 5,0 cm. Apresentam-se maiores e múltiplos quando localizados próximos ao cólon sigmóide e não são encontrados próximo ao reto. Tipicamente, os apêndices só são visíveis pela TC quando inflamados ou circundados por líquido. A condição de apendagite decorre da torção dos apêndices epiplóicos, resultando em uma oclusão vascular ou venosa que leva a isquemia. O componente venoso é afetado primeiro, já que cada apêndice é irrigado por um par de artérias e é drenado por somente uma veia. Os locais mais comuns da doença são, em ordem decrescente de acometimento, adjacente ao cólon sigmóide, descendente e hemicólon direito. Na tomografia, o padrão mais comum é de uma lesão oval menor que 5,0 cm de diâmetro (tipicamente 1,5 – 3,5 cm), com atenuação semelhante à gordura, que adere a parede colônica anterior e é circundada por alterações inflamatórias. Este aspecto determina frequentemente aparência em “dedo de luva”. A parede do cólon pode estar espessada, mas usualmente está normal e pode ocorrer espessamento do peritônio parietal secundário à disseminação inflamatória. Apesar da presença de uma área central hiperatenuante decorrente de trombose venosa ser útil para o diagnóstico, a ausência deste padrão não exclui esta patologia. As características à ultra-sonografia são de uma massa hiperecóica adjacente ao cólon, não compressível, no ponto de maior dor do paciente e sem fluxo detectável no seu interior ao color Doppler. O tratamento desta patologia é conservador com administração de anti-inflamatório oral, sendo que antibióticos não são rotineiramente indicados. É uma condição autolimitada e a maioria dos pacientes melhora em menos de dez dias, embora a resolução radiológica demore um pouco mais. Raramente podem resultar em aderências, obstrução intestinal, intussuscepção, perfuração, peritonite e formação de abcessos. O diagnóstico diferencial de uma lesão inflamatória gordurosa em um paciente com abdome agudo inclui ainda infarto omental agudo, diverticulite, mesenterite esclerosante e tumor ou metástase que envolve o mesocólon. Desta outras doenças, lembrar que no infarto omental a lesão é maior (>5cm), geralmente localizada junto ao ceco ou cólon ascendente e não caracteriza o anel hiperatenuante visto na apendagite. Na diverticulite, observam-se divertículos colônicos com inflamação ou abcesso no mesocólon, associado a espessamento parietal adjacente maior que 5,0 cm. Já na paniculite mesentérica, que também é uma condição autolimitada, a lesão é grande, heterogênea, mais comumente na raiz do intestino delgado, que não adere à parede colônica e que não é causa de abdome agudo. Referências bibliográficas 1.Ajay K. Singh, Debra A. Gervais, Peter F. Hahn et al. Acute Epiploic Appendagitis and Its Mimics. RadioGraphics 2005; 25: 1521-1534. 2.Singh AK, Gervais DA et al. CT of acute appendagitis. AJR Am J Roentgenol 2004;183:1303–1307. Caderno 2 São Paulo | outuBRO | 2007 Caso 3 •História clínica Figuras – Síndrome da regressão caudal caracterizado por agenesia parcial sacral e completa do cóccix. Cone medular terminando em cunha ao nível de L1 associado a hidromielia Criança do sexo feminino, quatro anos, apresentando pé torto congênito à direita e sem controle esfincteriano miccional e retal. Caso 4 •História clínica Sexo feminino, 35 anos, sem queixas. Em USG transvaginal de rotina foi observado massas anexiais heterogêneas e hipoecogênicas. Útero e ovários normais. Seguiu investigação com tomografia computadorizada. Figuras 1 e 2 – TC abdome com contraste, apresentando múltiplos neurofibromas ao redor do tronco celíaco, artéria mesentérica superior e hilo hepático, simulando linfonodomegalias Figura 3 – TC de abdome com contraste. Grande neurofibroma no músculo psoas direito. Múltiplos nódulos densos esparsos pelo tecido celular subcutâneo Figura 4 e 5 – TC de abdome com contraste. Neurofibroma plexiforme nas regiões anexiais, com extensão para o espaço pré-sacral Jornal da Imagem São Paulo | OUTUBRO | 2007 Caso 3 Residentes: Dr. Rodrigo Gaspar Pinto e Dra. Renata Feres. Caso cedido pelo Dr. Hugo Pereira Pinto Gama Síndrome da Regressão Caudal Diagnóstico Síndrome da Regressão Caudal. Discussão A síndrome da regressão caudal engloba uma série de anomalias congênitas que acometem a porção distal do tronco, incluindo agenesia parcial da coluna tóracolombosacra, imperfuração anal, malformação da genitália, displasia ou aplasia renal bilateral, hipoplasia pulmonar e, nos casos mais graves, rotação extrema associada à fusão das extremidades inferiores (sirenomielia). A agenesia sacral é um distúrbio raro, ocorrendo aproximadamente em 1/7500 nascimentos, sem predomínio por sexo. Existe uma associação definida entre agenesia sacral e mães diabéticas, sendo Caso 4 a hiperglicemia o provável teratógeno envolvido. É a mais característica anormalidade fetal da embriopatia diabética e parece resultar de um defeito de indução dos elementos caudais antes da sétima semana de gestação. Clinicamente, as crianças apresentam sulco interglúteo raso e pequeno associado à atrofia da musculatura glútea. Podem apresentar quadris de pequenas dimensões e atrofia da musculatura dos membros inferiores. Há um grande número de anomalias da medula espinhal como lipomeningoceles, lipoma, medula ancorada e mielocistoceles. A deficiência motora está relacionada ao nível da agenesia e é mais comum que a sensitiva, sendo os músculos proximais (quadríceps) tipicamente preservados. Disfunções urinárias são uma constante. Existe um grande número de malformações congênitas múltiplas, anomalias cardíacas, genitourinárias, ortopédicas e neurológicas associadas. A posição do cone medular define dois grupos distintos de pacientes com agenesia sacral: no grupo 1 (menos freqüente) o cone termina em uma posição cefálica a borda inferior de L1 (terminando ao nível de T11 ou T12), apresentando-se deformado, geralmente em forma de cunha (arredondado). Nota-se uma perda da diferenciação da substância branca e cinzenta e pode haver uma dilatação do canal central da medula. Nestes casos, a anomalia sacral é grande com o sacro terminando ao nível ou acima de S1. Quando o cone medular termina abaixo do nível de L1 (grupo 2, mais comum), este geralmente encontra-se alongado, fixada caudalmente por um filo terminal espesso, podendo apresentar uma mielocistocele, lipoma ou hidromielia associadas. Neste grupo, o sacro tende a ser mais preservado, identificando-se mais peças sacrais. Referências bibliográficas 1.Scott Atlas. Magnetic resonance imaging of the brain and spina. Vol. II 3rd edition, pag 1589. 2.Tortori-Donati P, Fondelli MP, Rossi A, Raybaud CA, Cama A, Capra V (1999) Segmental Spinal Dysgenesis : Neuroradiologic Findings with Clinical and Embryologic Correlelation. American Journal of Neuroradiology 20:445-456. Caso cedido e elaborado pelo Dr. José Eduardo Beirão Cabral (Grupo Abdome – Fleury) Neurofibrotamose Plexiforme Diagnóstico Neurofibrotamose Plexiforme. Discussão O tipo 1 da Neurofibromatose (NF1), ou doença de von Recklinghausen, é uma doença hereditária, autossômica dominante que acomete a pele, o sistema nervoso, os ossos, as glândulas e as vezes outros órgãos. NF1 é a facomatose mais comum das síndromes neurocutâneas e ocorre em cerca de um a cada dois mil nascimentos vivos. Embora muitos pacientes apresentem já na infância achados clínicos clássicos, até 10% dos pacientes chegam a vida adulta sem o diagnóstico correto devido a ocorrência de formas frustras e de manifestações atípicas. Os tumores neurogênicos clássicos que ocorrem fora do sistema nervoso central incluem neurofibromas e mais especificamente neurofibromas plexiformes. Os neurofibromas plexiformes são patognomônicos para NF1 e embora envolvam mais comumente o V par craniano, podem ocorrer em qualquer lugar. Estes tumores representam o acometimento neural difuso ou neurofibromas múltiplos ao longo dos nervos periféricos. Na TC de abdome os neurofibromas são nódulos múltiplos e bem definidos, hipoatenuantes, que acompanham o trajeto dos nervos mesenteriais e retroperitôniais. O acometimento pode ser extenso e difuso, e em alguns casos difícil de diferenciar de conglomerados linfonodais como ocorre nos casos de linfoma. Freqüentemente, essas massas apresentam baixa atenuação e simulam outras patologias como por exemplo: tuberculose, doença de Whipple, doença metastática e seminoma. Na pelve, os neurofibromas plexiformes aparecem como grandes massas infiltrativas e acometem principalmente as regiões pré-sacral, anexiais e glúteas. Tumores plexiformes com infiltração mesentérica podem reduzir o calibre dos vasos mesentéricos e renais, podendo levar a hipertensão arterial ou ocasionalmente dor abdominal com isquemia intestinal. Em alguns casos, os achados de imagem são inconclusivos e a biópsia com estudo anátomo-patológico se faz necessária para o diagnóstico correto. Referências bibliográficas 1.A Ganeshan, L Q Hon, Z Soonawalla, and H De’Costa. Plexiform neurofibroma of the oesophagus: a mimicker of malignancy Br. J. Radiol., Decem- ber 1, 2005; 78(936): 1095 – 1097. 2.D. Levy, N. Patel, N. Dow, R. M. Abbott, M. Miettinen, and L. H. Sobin From the Archives of the AFIP: Abdominal Neoplasms in Patients with Neurofibromatosis Type 1: RadiologicPathologic Correlation RadioGraphics, March 1, 2005; 25(2): 455 – 480. 3.S. E. Rha, J. Y. Byun, S. E. Jung, H. J. Chun, H. G. Lee, and J. M. Lee. Neurogenic Tumors in the Abdomen: Tumor Types and Imaging Characteristics RadioGraphics, January 1, 2003; 23(1): 29 - 43. 4.Fortman BJ, Kuszyk BS, Urban BA, Fishman EK. Neurofibromatosis type 1: a diagnostic mimicker at CT. RadioGraphics 2001; 21:601–612. 5.Ros PR, Eshagi N. Plexiform neurofibroma of the pelvis: CT and MR findings. Magn Reson Imaging 1991; 9:463-465. Caderno 2 São Paulo | outuBRO | 2007 Caso 5 Figuras 1 e 2 – Formação expansiva bem delimitada, com coeficientes de atenuação heterogêneos, notando-se focos de baixa atenuação no seu interior compatíveis com gordura. Há deslocamento das estruturas adjacentes Figuras 3 e 4 – Após a injeção do contraste iodado há realce do componente sólido da lesão e torna-se mais evidente a relação da lesão com o rim direito •História clínica Homem, 50 anos, previamente hígido referindo que há três meses iniciou quadro de dor abdominal difusa com aumento do volume abdominal. Refere também obstipação intestinal. Nega emagrecimento. Caso 6 •História clínica Masculino, 50 anos, iniciou há três anos, com déficit cognitivo, rigidez de marcha e movimentos estereotipados, com piora do quadro clínico a cada ano. Relata hipertensão arterial. Nega outras doenças. Figuras – RM do Crânio – Seqüências axiais FLAIR (fig. 1), T1 SE (fig. 2) e T2 FSE (fig. 3). Atrofia e hipersinal em T2 e FLAIR do núcleo caudado e putâmen, observando-se aspecto “quadrado” dos cornos frontais dos ventrículos laterais Jornal da Imagem São Paulo | OUTUBRO | 2007 Caso 5 Autores: Dr. Fabrício Pereira Andrade e Dra. Karyna Ribeiro Zambrano, residentes da Santa Casa de São Paulo. Caso cedido pelo Dr. Marcelo Racy Angiomiolipoma gigante Diagnóstico Angiomiolipoma gigante. Discussão O angiomiolipoma (AML) é um tumor benigno formado por tecido adiposo, músculo liso e vasos sanguíneos. Existem duas formas clínicas: isolados ou associados à esclerose tuberosa. Na forma isolada eles usualmente são solitários, unilaterais com predomínio em mulheres brancas na quinta década de vida. Dos pacientes com esclerose tuberosa, 40% a 80% apresentam AML. Estes casos ocorrem em pacientes mais jovens, entre a segunda e a terceira década de vida e tendem a ser múltiplos e bilaterais. O AML é uma das poucas massas renais que potencialmente podem ser diagnosticados definitivamente baseado nas características de imagem. A presen- ça de gordura intratumoral praticamente define o diagnóstico. São geralmente assintomáticos, sendo achados incidentais à tomografia. Os sintomas mais freqüentes são hematúria, dor lombar e massa palpável no flanco. Pode ocorrer hemorragia espontânea e ruptura. Ocasionalmente, associa-se hipertensão arterial e insuficiência renal crônica. A presença de sintomas e o tamanho do tumor acima de quatro centímetros são os principais parâmetros prognósticos de hemorragia e necessidade de cirurgia. O risco de hemorragia retroperitoneal é de 38% a 51% em qualquer tumor sintomático igual ou maior do que quatro centímetros e de 0% a 13% naqueles menores que quatro centímetros. O aspecto de imagem na tomografia é o de massa renal com margens bem definidas, heterogênea, com densidade predominantemente de gordura (- 30 Caso 6 a – 100 UH). Aproximadamente 5% não apresentam gordura detectável pela tomografia não sendo, portanto, diagnosticados por método de imagem. Calcificação pode ser vista raramente e, quando presente, deve-se suspeitar de carcinoma de células renais. O padrão de realce pelo meio de contraste é variável de acordo com a quantidade de gordura e componentes vasculares. Na ressonância magnética apresentam intensidade de sinal variável, sendo os tumores com grande quantidade de gordura, caracterizados por hipersinal em T1 e perda de sinal nas sequências com supressão de gordura. Os principais diagnósticos diferenciais são o carcinoma de células renais, metástases, linfoma, oncocitoma renal e lipossarcoma. O tratamento é recomendado para tumores maiores que quatro centímetro e inclui nefrectomia parcial ou total. A embolização inicial está indicada para aqueles pacientes que apresentam hemorragia espontânea, seguido de tratamento cirúrgico após a estabilização. Para os tumores menores de quatro centímetros a conduta é conservadora. Referências bibliográficas 1.Federle, MP. Diagnostic Imaging (Abdomen). Primeira edição – 2005. Pág III3 88-91. 2.Stuart,G et al. Hyperattenuating Renal Masses: Etiologies, Pathogenesis, and Imaging Evaluation. RadioGraphics 2007; 27: 1131-1143. 3.Srinivasa RP et al. Fat-containing Lesions of the Liver: Radiologic-Pathologic Correlation. RadioGraphics 2005; 25: 321-331. Responsável Dr. Hugo Pereira Pinto Gama. Caso cedido pelo Dr. Antônio José da Rocha Doença de Huntington Diagnóstico Doença de Huntington. Discussão Descrito primeiramente por George Huntington em 1972, consiste em uma doença neurodegenerativa hereditária que se manifesta por uma atrofia seletiva do núcleo caudado. Tem um padrão de herança autossômico dominante, com penetrância completa, sendo o gene de Huntington localizado no braço curto do cromossomo quatro. Ocorre em aproximadamente quatro a cinco pessoas por milhão, com início por volta da quarta e quinta décadas de vida. Embora controversos, estudos não demonstram predileção por sexo. Clinicamente, os pacientes apresentamse com coreoatetose, rigidez, demência e distúrbios emocionais. A doença progride lentamente e a morte ocorre em cerca de 15 anos, embora possa ocorrer mais cedo ou mais tardiamente. Os exames de imagem demonstram atrofia característica do caudado e putâmen, determinando um aspecto quadrado aos cornos frontais dos ventrículos laterais. Uma atrofia cerebral difusa, com certo predomínio pelo lobo frontal, acompanha a atrofia estriatal e relaciona-se clinicamente com o processo demencial. Alteração de sinal do estriado também é observado nos exames de RM e pode caracterizar-se tanto por hiposinal (deposição de ferro) quanto por hipersinal (gliose descrita principalmente nas formas juvenil). Além dos achados em métodos de imagem convencionais, hipometabolismo nos núcleos caudados no PET e hipoperfusão no SPECT têm sido descritos. Referências bibliográficas 1.Adams RD, Victor M. Principles of Neurology, 4th ed. New York: Mc-Graw-Hill Information Services Company, 1989. 2.Atlas SW. Magnetic Resonance Imaging of the Brain and Spine, 3rd ed, 2002. Caderno 2 São Paulo | outuBRO | 2007 Caso 7 •História clínica Masculino, 39 anos, com bruxismo, nega disfunção nas articulações temporomandibulares. Figura 1 TC de face. (A) A imagem axial demonstra o osteocondroma pediculado adjacente à face medial do colo do côndilo mandibular direito. (B) A imagem coronal demonstra a orientação inferior da lesão, contrária à articulação temporomandibular adjacente Figura 2 – Imagem de reconstrução tridimensional da hemimandíbula direita, demonstrando novamente a lesão com crescimento a partir da face interna do colo do côndilo mandibular Caso 8 •História clínica Figura 1 - (A) PCI pré-dose mostrando atividade cervical em tecido tireoidiano residual. (B) PCI pós-dose, realizada sete dias após a dose terapêutica, mostrando, além da atividade nos remanescentes tireoidianos, uma importante captação linear em projeção mediastinal Paciente masculino, 18 anos, portador de carcinoma papilífero de tireóide submetido à tireoidectomia total com esvaziamento cervical e radiodoterapia com 150 mCi (5.550 MBq). Tireoglobulina sérica normal (1,7 ng/mL). Figura 2 - Tomografia de tórax mostrando o timo em sua localização habitual, em correspondência à captação em mediastino anterior Jornal da Imagem São Paulo | OUTUBRO | 2007 Caso 7 Residentes: Fabrício P. Andrade e Franklin Carneiro. Caso cedido pelo Dr. Carlos Jorge da Silva Osteocondroma de mandíbula Diagnóstico Osteocondroma de mandíbula. Discussão O osteocondroma, também conhecido como exostose ósteo-cartilaginosa, é um tumor benigno constituído por uma área de crescimento ósseo que é envolvida por cartilagem. Apesar de o osteocondroma ser formado predominantemente por tecido ósseo, essa lesão é considerada como um tumor cartilaginoso, pois o tecido ósseo é produzido através de um processo de ossificação endocondral de sua capa cartilaginosa. Devido ao fato dos ossos da região crânio- maxilo-facial se desenvolverem através de ossificação membranosa, os osteocondromas nessa região são relativamente raros e a mandíbula é o local mais acometido. Barnes demonstrou a distribuição anatômica de 63 osteocondromas da cabeça e pescoço, sendo 62% na mandíbula (a maioria no processo coronóide). O quadro clínico é de dor local, além de abaulamento de crescimento lento e progressivo. Os achados de imagem na tomografia computadorizada (TC) são de uma projeção óssea (exostose) na superfície externa do osso (séssil ou pediculada), em continuidade com a cortical e com a Caso 8 medular óssea adjacentes. Quando próximos de articulações, os osteocondromas habitualmente apresentam orientação contrária à juntura correspondente (como nesse caso). O desenvolvimento de capa cartilaginosa espessa (maior que 1 cm), calcificações esparsas na capa cartilaginosa e o aparecimento de tumoração em partes moles indicam degeneração maligna. A ressonância magnética (RM) demonstra com mais precisão a capa cartilaginosa que corresponde à área de hipersinal em T2, circundada por banda de hipossinal que representa o pericôndrio. Os sinais de malignização são os mesmos da TC. O tratamento constitui na remoção cirúrgica em casos sintomáticos e naqueles com suspeita de degeneração maligna. Referências bibliográficas 1. Kubo, E., Kojima, T., and Shimbashi, T. An exostosis of the mandibular body: A case report. Jpn. J. Plast. Reconstr.Surg. 34: 711, 1991. 2. Barnes, L. Surgical Pathology of the Head and Neck, Vol. 2. New York: Marcel Dekker, 1985. p. 939–953. 3. Diagnostic Imaging – Orthopaedics. David W. Stoler. Amirsys, 1º edição. p. 8.22-8.25. Autores: Drs. Marco A. C. Oliveira e Marcelo T Sapienza, do HC/FMUSP Captação de iodo-131 no timo simulando metástase de câncer de tireóide Diagnóstico Captação de iodo-131 no timo simulando metástase de câncer de tireóide. Discussão A PCI com iodo-131 e a radioiodoterapia são componentes fundamentais na abordagem pós-operatória dos pacientes portadores de carcinoma diferenciado de tireóide. O fato de a célula tireoidiana concentrar e organificar iodo faz com que a captação de iodo-131 seja específica para tecido tireoidiano diferenciado. Porém, a captação de iodo em outros órgãos ou em alguns processos patológicos pode reduzir essa especificidade. O reconhecimento das causas de resultados falso-positivos é fundamental para o adequado estadiamento da doença. Além do conhecimento das potenciais causas de captação extra-tireoidiana, é importante a análise conjunta com outros métodos de imagem e com a dosagem sérica de tireoglobulina. A captação de iodo-131 em timo é uma causa reconhecida de falso positivo na PCI com iodo-131 (1). Outras causas de captação torácica incluem: captação mamária (2), doenças pulmonares inflamatórias, bronquiectasias (3), derrame pleural ou pericárdico (4), divertículo esofágico torácico (5), captação em traqueostomia (6) e hérnia hiatal (7). Outras causas de falso positivo podem ser citadas: tecido tireoidiano normal ectópico (tireóide lingual e struma ovarii, p.e.), captações fisiológicas (glândulas salivares, plexo coróide, atividade intestinal ou urinária, vesícula biliar e saliva deglutida), captação em mucosa gástrica ectópica, contaminação por secreções fisiológias (urina, saliva, vômito, leite e suor – esse último relacionado principalmente com febre, sudorese excessiva ou fibrose cística), captação em cistos e cavidades serosas, captação em áreas de inflamação ou infecção e captação em algumas neoplasias não tireoidianas (adenocarcinoma gástrico, meningioma, câncer de pulmão, tumor de Warthin, adenocarcinoma e cistadenoma de ovário e teratomas) (8). Referências bibliográficas 1.Davidson J, McDougall IR: How frequently is the thymus seen on whole-body iodine-131 diagnostic and post-treatment scans? Eur J Nucl Med. 2000;27:425-430. 2.Allen T, Wiest P, Vela S, Hartshorne M, Crooks LA: I-131 uptake in the breast for thyroid cancer surveillance with biopsyproven benign tissue. Clin Nucl Med. 1998;23:585-587. 3.Song HC, Heo YJ, Kim SM, Bom HS: Iodine-131 uptake in focal bronchiectasis mimicking metastatic thyroid cancer. Clin Nucl Med. 2003;28:351-352. 4.Lopez AD, Garcia SL, Rivas SA, Alonso MJ, Hervas B, I, Mateo NA: Pericardial effusion as a possible cause of false posi- tives in I-131 radionuclide scans. Rev Esp Med Nucl. 1998;17:158-161. 5.Song HC, Kim SM, Heo YJ, Bom HS: Retention of iodine-131 in a thoracic esophageal diverticulum mimicking metastatic thyroid cancer. Clin Nucl Med. 2002;27:896-897. 6.Ain KB, Shih WJ: False-positive I-131 uptake at a tracheostomy site. Discernment with Tl-201 imaging. Clin Nucl Med. 1994;19:619-621. 7.Willis LL, Cowan RJ: Mediastinal uptake of I-131 in a hiatal hernia mimicking recurrence of papillary thyroid carcinoma. Clin Nucl Med. 1993;18:961-963. 8.Shapiro B, Rufini V, Jarwan A, Geatti O, Kearfott KJ, Fig LM, Kirkwood ID, Gross MD. Artifacts, anatomical and physiological variants, and unrelated diseases that might cause false-positive whole-body 131-I scans in patients with thyroid cancer. Semin Nucl Med. 2000 Apr;30(2):115-32. Review.
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