atividade crítico reflexiva

Transcrição

atividade crítico reflexiva
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METODOLOGIA
DA PRODUÇÃO
DO CONHECIMENTO
prof. Jairo Nogueira Luna
E sp
e
cia
l
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife
Luna, Jairo Nogueira
Matemática: Metodologia da Produção do Conhecimento/ Jairo Nogueira Luna. - Recife: UPE/NEAD, 2011.
48 p. il.
REITOR
Prof. Carlos Fernando de Araújo Calado
VICE-REITOR
Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
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COORDENADOR ADJUNTO
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Prof. Willames de Albuquerque Soares
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COORDENAÇÃO DE REVISÃO GRAMATICAL
Profa. Angela Maria Borges Cavalcanti
Profa. Eveline Mendes Costa Lopes
Profa. Geruza Viana da Silva
GERENTES DE PROJETOS
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Adonis Dutra
COORDENAÇÃO DE DESIGN E PRODUÇÃO
Prof. Marcos Leite
EQUIPE DE DESIGN
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Gabriela Castro
Rafael Efrem
Renata Moraes
Rodrigo Sotero
COORDENAÇÃO DE SUPORTE
Afonso Bione
Prof. Jáuvaro Carneiro Leão
EDIÇÃO 2010
Impresso no Brasil - Tiragem 180 exemplares
Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro
Recife / PE - CEP. 50103-010
Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664
5
capítulo 1
Prof. Jairo Nogueira Luna
Carga Horária: 20 horas
METODOLOGIA
DA PESQUISA
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Nos capítulos desta disciplina, pretende-se promover uma reflexão acerca da Metodologia
Científica, até compreendermos que pesquisar é muito mais do que simplesmente buscar
alguma informação. De fato, envolve um conhecimento acerca do “Método” científico, suas
características e a necessidade que a Ciência tem de segui-lo. Faremos também um histórico
acerca da evolução do método científico até os dias de hoje, buscando, assim, demonstrar
como diferentes visões de ciência em diferentes épocas valeram-se de métodos que respondiam às suas necessidades mais imediatas. Ainda, pretendemos apresentar sucintamente as
Normas da ABNT e informações concernentes à formatação dos textos acadêmicos.
OBJETIVO
• Apresentar o conceito de Pesquisa Científica;
• Apresentar as características da Pesquisa Científica;
• Discutir a importância do Método Científico para as Ciências em Geral.
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capítulo 1
1. METODOLOGIA
CIENTÍFICA:
DEFINIÇÃO GERAL
Você sabe o que é Metodologia Científica?
Vamos ler o texto e pensar sobre isso?
A Metodologia científica, por definição é a forma como funciona o desenvolvimento do conhecimento científico. A metodologia científica
atual tem sua origem no pensamento de Descartes, que foi acrescido empiricamente pelo físico
inglês Isaac Newton. Descartes propôs chegar à
verdade por meio da dúvida sistemática e da decomposição do problema em pequenas partes,
características que definiram a base da pesquisa
científica. Antes de Descartes, outros filósofos e
pensadores já discutiam a questão do método
científico empírico, como Hume e Leibniz.
Fonte: Clip-arts Windows
O Círculo de Viena acrescentou a esses princípios
a necessidade de verificação e o método indutivo.
O Círculo de Viena foi um grupo de filósofos,
organizado informalmente em Viena, à volta
da figura de Moritz Schlick. Encontravam-se semanalmente, desde antes da Primeira Guerra
(informalmente) e oficialmente desde 1919, até
finais de 1936, quando Schlick foi assassinado e
o Círculo, disperso. Seu sistema filosófico ficou
conhecido como o “Positivismo lógico”.
Membros proeminentes do Círculo incluíram Rudolf Carnap, Otto Neurath, Herbert Feigl, Philipp
Frank, Friedrich Waissman, Hans Hahn. Receberam as visitas ocasionais de Hans Reichenbach,
Kurt Gödel, Carl Hempel, Alfred Tarski, W. V. Quine e A. J. Ayer (que popularizou a obra deles em
Inglaterra).
Karl Popper, apesar de não ter frequentado
as reuniões do Círculo, foi uma figura central
na recepção e na crítica às suas doutrinas. Por
algum tempo, algumas das figuras do grupo
encontraram-se regularmente com Ludwig
Wittgenstein (a fase inicial da sua filosofia foi
racional-positivista).
Karl Popper demonstrou que nem a verificação
nem a indução serviam ao método científico,
pois o cientista deve trabalhar com o falseamento, ou seja, deve fazer uma hipótese e testar suas
hipóteses, procurando não provas de que ela
está certa, mas provas de que ela está errada. Se
a hipótese não resistir ao teste, diz-se que ela foi
falseada. Caso não, diz-se que foi corroborada.
Popper provou também que a ciência é um conhecimento provisório, que funciona através de
sucessivos falseamentos.
Thomas Kuhn percebeu que os paradigmas são
elementos essenciais do método científico, sendo os momentos de mudança de paradigmas
chamados de revoluções científicas.
Mais recentemente a metodologia científica
tem sido abalada pela crítica ao pensamento
cartesiano elaborada pelo filósofo francês Edgar
Morin. Morin propõe, em vez da divisão do objeto de pesquisa em partes, uma visão sistêmica,
do todo. Esse novo paradigma é chamado de Teoria da Complexidade (complexidade entendida
como abraçar o todo).
No seu sentido mais amplo, ciência (do Latim
scientia, significando “conhecimento”) refere-se
a qualquer conhecimento ou prática sistemático. Num sentido mais restrito, ciência refere-se
a um sistema de adquirir conhecimento baseado
no método científico, assim como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através
de tal pesquisa. Este artigo foca o sentido mais
restrito da palavra. A ciência tal como é discutida neste artigo é muitas vezes referida como ciência experimental para diferenciá-la da ciência
aplicada, que é a aplicação da pesquisa científica
a necessidades humanas específicas, embora as
duas estejam regularmente interconectadas.
A ciência é o esforço para descobrir e aumentar
o conhecimento humano de como a realidade
funciona.
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capítulo 1
Ciência refere-se à(ao)
2. A CIÊNCIA E A
METODOLOGIA
CIENTÍFICA
• Investigação racional ou estudo da natureza, direcionado à descoberta da verdade. Tal
investigação é normalmente metódica, ou
de acordo com o método científico, um processo de avaliar o conhecimento empírico;
• O corpo organizado de conhecimentos adquiridos por estudos e pesquisas.
A Ciência é o conhecimento ou um sistema de
conhecimentos que abarca verdades gerais ou a
operação de leis gerais especialmente obtidas e
testadas por meio do método científico.
Textos Complementares
http://www.pucsp.br/~dcc-pf/met-cientifica.pdf
Fonte: http://cienciadainformacao.ronaldcosta.pro.br/?p=422
http://pt.wikipedia.org/wiki/Método_científico
SEVERINO, Antônio José. Metodologia do Trabalho
Científico. São Paulo, Cortez, 2006.
2.1.Definição Geral
MOLES, Abraham. A Criação Científica. São Paulo,
Perpectiva, 1985.
A palavra ciência possui vários sentidos, abrangendo, principalmente, três acepções:
Saiba Mais
Ciência - Definição
Etimologia
A etimologia da palavra ciência vem do latim scientia (“conhecimento”), o mesmo do verbo scire (“saber”), que designa a origem
da faculdade mental do conhecimento. Esta acepção do termo se
encontra, por exemplo, na expressão de François Rabelais: “Ciência sem consciência arruina a alma”. Ele se referia assim a uma
noção filosófica (o conhecimento puro, a acepção “de saber”), que
em seguida se tornou uma noção religiosa, sob a influência do cristianismo. “A ciência instruída” referia-se, então, ao conhecimento
dos religiosos, da exegese e das escritas, parafraseando para a Teologia, primeira ciência instituída. A raiz “ciência” reencontra-se
em outros termos, tais como “a consciência” (etimologicamente,
“com o conhecimento”), “presciencia” (“o conhecimento do futuro”), “omnisciencia” (“o conhecimento de todo”), por exemplo.
1. Saber, conhecimento de certas coisas que servem à condução da vida ou
à dos negócios.
2. Conjunto dos conhecimentos adquiridos pelo estudo ou pela prática.
3. Hierarquização, organização e síntese dos conhecimentos por meio de
princípios gerais (teorias, leis, etc.).
2.2. Definição Restrita
Segundo Michel Blay, a ciência é “o
conhecimento claro e evidente de
algo, fundado quer sobre princípios
evidentes e demonstrações, quer so-
ATIVIDADE CRÍTICO REFLEXIVA
1. Agora que você estudou uma definição de Metodologia Científica, pesquise
quais são as partes de um projeto de pesquisa e comente no fórum temático
acerca dessas etapas.
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capítulo 1
bre raciocínios experimentais, ou ainda, sobre
a análise das sociedades e dos fatos humanos.”
Esta definição permite distinguir os três tipos de
ciência: as ciências formais, compreendendo a
Matemática e as ciências matemáticas como a
física teórica; as ciências físico-químicas e experimentais (ciências da natureza e da matéria,
biologia, medicina); as ciências sociais, que se
referem ao homem, a sua história, ao seu comportamento, à língua, ao social, ao psicológico,
à política. No entanto, os seus limites são leves;
em outras palavras, não existe categorização
sistemática dos tipos de ciência, o que constitui,
além disso, um questionamento epistemológico.
2.3. Pluralismo de Definições
A palavra ciência, no seu sentido estrito, se opõe
à opinião (doxa em grego), e ao dogma, afirmação por natureza arbitrária. No entanto, a relação entre a opinião de um lado e a ciência do
outro não é também sistemática; o historiador
das ciências Pedra Duhem pensa com efeito que
a ciência é a âncora no sentido comum, que deve
salvar as aparências.
O discurso científico se opõe à superstição e ao
obscurantismo. Contudo, a opinião pode transformar-se num objeto de ciência, ou mesmo
uma disciplina científica à parte. A Sociologia
das ciências analisa esta articulação entre ciência e opinião; os seus relatórios são mais complexos e mais tênues, como Gaston Bachelard
explica que “a opinião pensa mal, não pensa”.
Na linguagem comum, a ciência se opõe à crença, por extensão as ciências frequentemente são
consideradas como contrárias às religiões. Esta
consideração é, contudo, frequentemente mais
usada por cientistas que religiosos.
A ideia de uma produção de conhecimento é
problemática; vários dos domínios reconhecidos
como científicos não têm por objetivo a produção
de conhecimentos, mas a de instrumentos, máquinas, de dispositivos técnicos. Terry Shinn assim
propôs a noção de “investigação técnico-instrumental”. Os seus trabalhos com Bernward Joerges
a propósito da instrumentação assim permitiram
destacar que o critério científico não é atribuído
unicamente às ciências do conhecimento.
A palavra ciência definida no século XX e XXI é
a da instituição da ciência, ou seja, o conjunto
das comunidades científicas que trabalham para
melhorar o saber humano e a tecnologia, na sua
dimensão internacional, metodológica, ética e
política. Fala-se, então, da ciência.
A noção, no entanto, não possui definição consensual. Segundo o epistemologista André Pichot, é
“utópico querer dar uma definição a priori da ciência”.
O historiador das ciências Robert Nadeau explica, por seu lado, que é
“impossível passar aqui em revista o conjunto dos critérios de demarcação propostos desde cem anos pelos epistemologistas, [e que] pode-se aparentemente
formular um critério que exclui qualquer coisa que se
queira excluir, e conserva qualquer coisa que se queira
conservar.”
Personificação da “Ciência” em frente a Biblioteca Pública de Boston.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Science_-_Bela_Pratt,_Boston_Public_Library.jpg
O físico e filósofo das ciências Léna Soler, no seu
manual de epistemologia, começa igualmente
por sublinhar pelos limites da operação de definição. Os dicionários propõem certamente algumas definições. Mas, como recorda Léna Soler,
estas definições não são satisfatórias. As noções
de universalidade, de objetividade ou de método
científico (sobretudo quando este último é concebido como a uma única noção em vigor) é objeto
de numerosas controvérsias para que possam
constituir o pedestal de uma definição aceitável.
É necessário, por conseguinte, ter em conta estas dificuldades para descrever a ciência. E esta
descrição continua a ser possível tolerando certa
vaporosidade epistemológica.
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capítulo 1
ATIVIDADE CRÍTICO REFLEXIVA
1. Observe a figura ao lado e comente no Fórum
Fonte: http://capitalmundo.blogspot.
com/2008_10_01_archive.html
Temático acerca das dificuldades que a ciência
encontra diante de questões éticas e religiosas.
Textos Complementares
SALOMON, Délcio Vieira. Como Fazer Uma Monografia. São Paulo, Martins Fontes, 2004.
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/davies.htm - onde se
encontra o texto de Paul Davies, “O que é Ciência”
Saiba Mais
Empirismo: De acordo com o empirismo, as teorias científicas são objetivas, empiricamente testáveis e preditivas — elas
predizem resultados empíricos que podem ser verificados e
possivelmente contraditos. Mesmo na tradição empírica, há
de se ter o devido cuidado para compreender que “predição”
refere-se ao surgimento de um experimento ou estudo, mais
do que literalmente predizer o futuro. Por exemplo, dizer “um
paleontólogo pode fazer predições a respeito do achado de um
determinado tipo de dinossauro” é consistente com o uso empírico da predição. Por outro lado, as ciências, como a geologia
ou meteorologia, não precisam ser capazes de fazer predições
acuradas sobre terremotos ou sobre o clima para serem qualificadas como ciência. O filósofo empírico, Karl Popper também
argumentou que determinada verificação é impossível e que a
hipótese científica pode ser apenas falseável (falseabilidade).
Fonte: http://contextolivre.blogspot.
com/2011/03/me-ajudem-sou-um-burrinho-ignaro-e-feio.html
Você sabe o que é Empirismo? Vamos ler e pensar sobre isso!
O Positivismo, uma forma de empirismo, defende a utilização da ciência, tal como é definida pelo empirismo, a fim de governar as relações humanas. Em conseqüência à sua afiliação próxima, os termos “positivismo” e “empirismo” são geralmente usados intercambialmente. Ambos têm sido objetos de críticas.
Realismo científico
Em contraste, o realismo científico define ciência em termos da ontologia: a ciência se esforça em
identificar fenômenos no meio, seus poderes causais e os mecanismos por meio dos quais eles exercem esses poderes e as fontes de tais poderes em termos da estrutura das coisas ou natureza interna.
•
W. V. Quine demonstrou a impossibilidade de existir uma linguagem de observação independente da
teoria, o que torna o conceito de testar teorias com fatos.
•
As observações são sempre carregadas de teorias. Thomas Kuhn argumentou que a ciência sempre
envolve “paradigmas,” grupos de regras, práticas, premissas (geralmente sem precedentes) e tais
transições, de um paradigma para outro, geralmente não envolvem verificação ou falseabilidade de
teorias científicas. Além disso, ele argumentou que a ciência não procedeu historicamente com a
acumulação constante de fatos, como o modelo empirista expressa.
10
capítulo 1
3. HISTÓRIA DA
CIÊNCIA: VAMOS
CONHECER UM
POUCO DELA?
Na época de Sócrates e de seus contemporâneos, o pensamento científico se consolidou, principalmente, com o surgimento do conceito de
prova científica ou repetição do fato observado
na natureza.
Fonte: http://apoesiaquemecala.zip.net/
Enquanto a investigação empírica do mundo natural tem sido descrita desde a Antiguidade (por
exemplo, por Aristóteles, Teofrasto e Caio Plínio
Segundo), e o método científico tenha sido usado desde a Idade Média (por exemplo, por Ibn al-Haytham, Abu Rayhan Biruni e Roger Bacon), o
surgimento da ciência moderna é normalmente
traçado até o início da Idade Moderna, durante
o que ficou conhecido como Revolução Científica dos séculos XVI e XVII. Essa foi uma época
coincidindo com o final da Idade Média e da Renascença, quando as ideias científicas em física,
astronomia, e biologia evoluíram rapidamente.
3.1. Na Antiguidade
O pensamento científico surgiu na Grécia Antiga com os pensadores pré-socráticos que foram
chamados de Filósofos da Natureza e também
Pré-cientistas. Nesse período, a sociedade ocidental saiu de uma forma de pensamento baseada em mitos e dogmas, para entrar no pensamento científico baseado no Ceticismo.
O pensamento dogmático coloca as ideias como
sendo superiores ao que se observa. O Pensamento Cético coloca o que é observado como
sendo superior às ideias. Por mais que se observem fatos que destruam o dogma, uma pessoa
com pensamento dogmático preservará o seu
dogma. Para a ciência, uma teoria é uma ideia,
mas, se observarmos fatos que comprovem a
falsidade da ideia, o cientista tem a obrigação
de destruir ou modificar a teoria.
Fonte: http://canoneacidental.blogspot.com/
Tanto as religiões como a ciência tentam descrever a natureza. A diferença está na forma de
pensar. O cientista não aceita descrever o natural com o sobrenatural; para ele é necessária a
observação de provas que eventualmente destroem as ideias. Para um cientista, a ciência é
uma só, pois a natureza é apenas uma. Sendo
assim, as ideias da física devem complementar
as ideias da Química, da Paleontologia, Geografia e assim por diante. Embora a ciência seja dividida em áreas, para facilitar o estudo, ela ainda
continua sendo apenas uma.
3.2. Da Escolástica à Renascença
Durante a Idade Média, os filósofos escolásticos
criaram uma visão dogmática de ciência que ainda hoje pode ser encontrada em alguns livros e
enciclopédias. Estes pensadores não admitiam o
uso da matemática, aceitavam somente a dialética e a lógica aristotélica como formas de análise científica. O resultado disso é que nada de
científico foi produzido durante a Idade Média.
Na Renascença, os pensadores retomaram o
pensamento científico pré-socrático, usando a
matemática como forma de análise científica.
Galileu Galilei e Descartes são exemplos. Após a
retomada do pensamento científico pré-socrático, voltou-se a evoluir cientificamente.
11
capítulo 1
Saiba Mais
A Ciência da Matemática e da Lógica: Vamos descobrir qual a relação entre elas?
Já na Grécia Antiga, os filósofos pré-socráticos, discutiam se iriam atingir a verdade através das palavras ou dos números. Os sofistas defendiam que iriam atingir a verdade por meio das palavras. Os
pitagóricos, seguidores de Pitágoras, defendiam que atingiriam a verdade por meio dos números.
Aristóteles, um sofista, criou o pensamento lógico dedutivo. Na Idade Média, o pensamento lógico dedutivo foi usado abundantemente pelos filósofos escolásticos, e o resultado foi um total vazio
científico durante essa época. Francis Bacon, na Renascença, afirmava que A lógica de Aristóteles é
ótima para criar brigas e contendas, mas totalmente incapaz de produzir algo de útil para a humanidade.
Sócrates, Platão e Demócrito, que eram pitagóricos, defendiam que somente a Matemática traz clareza ao pensamento.
O pensamento lógico já se demonstrou ineficiente para criação de teorias científicas e para descrever
a natureza. René Descartes, já afirmava que: Matemática é uma ferramenta para se fazer ciência, mas
não é uma ciência.
Isso ocorre, pois palavras e números não existem na natureza, portanto não são ciência. Mas, a matemática já se mostrou ótima ferramenta para o estudo e formulação de teorias científicas.
1.
2.
3.
4.
O principal objetivo da ciência é descrever a natureza.
Princípio do Uno, ou seja, a ciência é única, pois a natureza é uma só.
Basta que apenas um fato novo seja observado e comprovado para que a ideia teórica seja modificada ou destruída.
Nunca usar o sobrenatural para descrever a natureza.
Textos Complementares
http://www.dmat.ufpe.br/matematica/matematica.htm - onde se encontra o texto “Matemática
como Ciência e como Linguagem”
MINAVO, Maria C. de Souza (org.); Deslandes, Suely F.; Gomes Romeu. Pesquisa social, teoria método
e criatividade. Petrópolis, RJ, Vozes, 2007
ATIVIDADE CRÍTICO REFLEXIVA
1. Observe o personagem Pato Donaldo como
ele se encontra em dificuldades. Comente
no Fórum Temático sobre as dificuldades
acerca do ensino de Matemática.
Fonte: http://peregrinacultural.wordpress.com/2010/01/07/
12
capítulo 1
4. O MÉTODO
CIENTÍFICO: ENFIM,
VAMOS DESCOBRIR
O QUE É?
de Newton é um corpo de ideias que permite ao
cientista explicar por que uma maçã cai e fazer
predições sobre outros objetos que caem.
Uma teoria especialmente frutífera que tem sobrevivido ao teste do tempo e tem uma grande
quantidade de evidências apoiando-na é considerada como “provada” no sentido científico. Alguns modelos universalmente aceitos, tais como
a teoria heliocêntrica e a teoria atômica, estão
tão bem estabelecidas que é impossível imaginá-las como sendo falsas. Outras, tais como a
relatividade, o eletromagnetismo e a evolução
biológica, têm sobrevivido a testes empíricos rigorosos sem serem contraditos, mas não há garantia de que elas não serão um dia suplantadas.
Teorias mais recentes, tal como a teoria da rede,
podem fornecer ideias promissoras, mas ainda
não receberam o mesmo nível de exame.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Bohratommodel.png
O modelo de Bohr do átomo, como muitas
ideias na história da ciência, foi primeiramente
assistido e depois parcialmente desaprovado
pela experimentação.
O modelo de Watson e Crick para a estrutura do
DNA.
Os termos “modelo”, “hipótese”, “lei” e “teoria”
têm significados diferentes em ciência e na linguagem coloquial. Os cientistas usam o termo
modelo significando a descrição de algo, especificamente algo que possa ser usado para fazer
predições que possam ser testadas por experimento ou observação. Uma hipótese é uma contenção que (ainda) não foi bem embasada nem
provada através de experimento. Uma lei física ou uma lei da natureza é uma generalização
científica baseada em observações empíricas.
A palavra teoria é mal entendida particularmente pelos não profissionais. O uso comum da palavra “teoria” refere-se a ideias que não possuem
provas firmes ou base; diferentemente, os cientistas geralmente usam essa palavra para referirem-se aos corpos de ideias que fazem predições específicas. A teoria da gravitação universal
Fonte: http://www.presenteparahomem.com.br/
fisica-o-que-diz-a-teoria-da-relatividade/
Os cientistas nunca falam em conhecimento
absoluto. Diferentemente da prova matemática, uma teoria científica “provada” está sempre
aberta à falseabilidade se novas evidências forem
apresentadas. Até as teorias mais básicas e fundamentais podem tornar-se imperfeitas se novas observações estiverem inconsistentes a elas.
A lei da gravitação de Newton é um famoso
exemplo de uma lei a qual não pôde ser sustentada em experimentos envolvendo movimentos
em velocidades próximas à da luz ou em proximidade a campos gravitacionais fortes. Fora
dessas condições, as Leis de Newton continuam
sendo um excelente modelo de movimento e
gravidade. Por causa das bases da relatividade geral para todos os fenômenos das Leis de
Newton e outros, a relatividade geral é agora
vista como a melhor teoria.
13
capítulo 1
4.1. A Matemática e o Método
Científico
“o assunto no qual nunca sabemos do que estamos falando nem se o que estamos dizendo está certo.”
4.2. Objetivos:
Precisamos
Sempre Tê-los!
A ciência não se considera
dona da verdade absoluta e
inquestionável. A partir do
racionalismo crítico, todas
as suas verdades podem ser
quebradas, bastando apenas um pingo de evidência.
A ciência tira conclusões da
realidade por meio de observações da natureza.
A ciência não é uma fonte de
julgamentos de valores subFonte: http://amarildocharge.wordpress.com/2009/12/08/matematicos/
jetivos, apesar de poder certamente tratar de casos de
ética e política pública ao enfatizar as prováveis
A Matemática é essencial para muitas ciências.
consequências das ações. O que alguém projeta
A função mais importante da Matemática na cia partir de hipóteses científicas atuais mais raência é o papel que ela possui na expressão de
cionais, adentrando outros reinos de interesse,
modelos científicos. Medidas de coleta e obsernão é um tópico científico, e o método científivação bem como hipotetizar e prever geralmenco não oferece qualquer assistência para quem
te requerem modelos matemáticos e um extendeseja fazê-lo dessa maneira. A justificativa
sivo uso da Matemática. Os ramos matemáticos
científica (ou refutação) para muitas coisas é, ao
mais utilizados na ciência incluem o cálculo e a
contrário, frequentemente exigida. Claro que o
estatística, apesar de virtualmente cada ramo da
valor dos julgamentos são intrínsecos à ciência.
Matemática ter aplicações, mesmo áreas “puPor exemplo, os valores verdadeiros e o conheras”, tais como a teoria numérica e a topologia.
cimento da ciência.
A Matemática prevalece mais na Física, menos
em Química e em algumas ciências sociais.
Alguns pensadores veem os matemáticos como
cientistas, considerando os experimentos físicos
como não essenciais ou as provas matemáticas
como equivalentes a experimentos. Outros não
vêem a Matemática como ciência, já que ela não
requer teste experimental de suas teorias e hipóteses. Em qualquer caso, o fato de que a Matemática é uma ferramenta útil na descrição do universo é uma questão da Filosofia da Matemática.
Richard Feynman disse
“A Matemática não é real, mas se sente real. Onde é
esse lugar?”,
enquanto que a definição favorita de Bertrand
Russell sobre a Matemática é
Fonte: http://www.gizmodo.com.br/conteudo/beakman-nosso-cientista-maluco-favorito-abre-o-coracao-em-entrevista/
14
capítulo 1
O objetivo subjacente ou propósito da ciência
para a sociedade e indivíduos é o de produzir
modelos úteis da realidade. Tem-se dito que é
virtualmente impossível fazer inferências dos
sentidos humanos que realmente descrevem
o que “é”. Por outro lado, como dito, a ciência
pode fazer predições baseadas em observações.
Essas predições geralmente beneficiam a sociedade ou indivíduos humanos que fazem uso
delas, por exemplo, a física Newtoniana, e, em
casos mais extremos, a relatividade, nos permite predizer qualquer coisa do efeito de um movimento que uma bola de bilhar terá em outras
até coisas como trajetórias de sondas espaciais
e satélites. As ciências sociais nos permite predizer coisas como a turbulência econômica e também melhor entender o comportamento humano a fim de produzir modelos úteis da sociedade
e trabalhar mais empiricamente com políticas
governamentais. A Química e a Biologia juntas
têm transformado nossa habilidade em usar e
predizer reações e cenários químicos e biológicos. Nos tempos modernos, essas disciplinas
científicas segregadas (notavelmente as duas
últimas) estão sendo mais utilizadas conjuntamente a fim de produzir modelos e ferramentas
mais complexas.
Em resumo, a ciência produz modelos úteis os
quais nos permitem fazer predições mais úteis. A
ciência tenta descrever o que é, mas evita tentar
determinar o que é (o que é impossível para razões práticas). A ciência é uma ferramenta útil…
é um corpo crescente de entendimento que nos
permite nos identificarmos mais eficazmente
com o meio ao nosso redor e a melhor forma de
nos adaptarmos e evoluirmos como um todo social assim como independentemente.
O individualismo é uma suposição tácita subjacente a muitas bases empíricas da ciência que
trata a ciência como se ela fosse puramente uma
forma de um único indivíduo confrontar a natureza, testando e predizendo hipóteses. De fato,
a ciência é sempre uma atividade coletiva conduzida por uma comunidade científica. Isso pode
ser demonstrado de várias maneiras, talvez o
resultado mais fundamental e trivial proveniente da ciência seja comunicada com a linguagem.
Então, os valores das comunidades científicas
permeiam a ciência que elas produzem.
Textos Complementares
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_ciência – texto da Wikipédia
CRUZ,Carla & RIBEIRO, Uira. Metodologia Científica: Teoria e Prática. São Paulo, Axcel Books, 2004.
ATIVIDADE CRÍTICO REFLEXIVA
1.Observe
a charge de Marlette, de um lado a caricatura de “O Pensador”, conhecida estátua de Rodin, e
a seguir, a paródia em “The
Clicker” (O Clicador). Comente qual é a crítica que o
desenhista está propondo
no Fórum Temático.
Fonte: http://notasaocafe.wordpress.com/2006/12/
15
capítulo 1
Saiba Mais
A eficácia da Ciência a tornou assunto de
questionamento filosófico. A filosofia da ciência busca entender a natureza e a justificação do conhecimento científico e suas implicações éticas. Tem sido difícil fornecer uma
explicação do método científico definitiva
que possa servir para distinguir a ciência da
não-ciência. Com isso, há argumentos legítimos sobre exatamente onde estão os limites
da ciência, que é conhecido como problema
da demarcação. Há, no entanto, um conjunto de preceitos principais que possuem um
consenso entre os filósofos da ciência e dentro da comunidade científica. Por exemplo, é
universalmente aceito que deve ser possível
testar independentemente as hipóteses e
teses científicas de outros cientistas para que sejam aceitas pela comunidade científica.
Fonte: http://blogdonico.zip.net/arch200907-12_2009-07-18.html
Filosofia da Ciência: Você já pensou que o cientista precisa saber filosofia?
Há diferentes escolas do pensamento na filosofia do método científico. O naturalismo metodológico
mantém que a investigação científica deve aderir aos estudos empíricos e verificação independente
como processo para desenvolver e avaliar apropriadamente as explicações naturais de fenômenos observáveis. Desse modo, o naturalismo metodológico rejeita explicações sobrenaturais, argumentos de
autoridades e estudos observacionais tendenciosos. O racionalismo crítico por outro lado afirma que a
observação não tendenciosa não é possível e que a demarcação entre explicações naturais e sobrenaturais é arbitrária; no lugar deste critério ela propõe a falseabilidade como o limite das teorias empíricas
e falsificação como o método empírico universal. O racionalismo crítico argumenta que a habilidade da
ciência em aumentar o escopo do conhecimento testável. Ele propõe que a ciência deveria se contentar
com a eliminação racional dos erros em suas teorias, não em buscar a sua verificação (como afirmar certeza ou prova e contra-prova provável; tanto a proposta como a falsificação de uma teoria são apenas
um caráter metodológico, conjectural e tentador no racionalismo crítico). O instrumentalismo rejeita o
conceito de verdade e enfatiza apenas a utilização das teorias como instrumentos para explicar e predizer
fenômenos.
5. CLASSIFICAÇÕES DA
CIÊNCIA: VAMOS
DESCOBRIR COMO A
CIÊNCIA SE
CLASSIFICA?
5.1. Ciências Factuais e Formais
e Ciências Naturais e Sociais
Uma das classificações mais básicas da ciência ocorre por meio do objeto de estudo delas.
Desse modo, há a divisão entre estudo de ideias
(ciências formais) e estudo das coisas (ciências
empíricas). Por sua vez, as ciências empíricas se
dividem em duas classificações: ciências naturais, que estudam a natureza e ciências sociais,
que estudam o homem.
As ciências formais estudam as ideias, ou seja,
o estudo de processos puramente lógicos e matemáticos. São objetos de estudo das ciências
formais os sistemas formais, como por exemplo, a lógica, matemática, teoria dos sistemas e
os aspectos teóricos da ciência computacional,
teoria da informação, microeconomia, teoria da
decisão, estatística e linguística.
As ciências empíricas (também chamadas de
reais, fáticas ou factuais) se encarregam de estudar os feitos auxiliando na observação e na
experimentação. Essas ciências estudam feitos
que ocorrem na realidade e, consequentemente, precisam usar o exame de evidência empírica
para comprová-los.
As ciências naturais estudam o universo, que é
entendido como regulado por regras ou leis de
origem natural, ou seja, os aspectos físicos e não
16
capítulo 1
humanos. Isso inclui os subcampos Astronomia,
Biologia, Física, Química, Geografia e Ciências
da Terra.
As ciências sociais estudam os aspectos sociais
do mundo humano, ou seja, a via social de indivíduos e grupos humanos. Isso inclui Antropologia, Estudos da comunicação, Economia, Geografia humana, História, Linguística, Ciências
políticas, Psicologia e Sociologia.
5.2. Ciências Puras e Aplicadas
Esta classificação envolve a finalidade dos estudos, com duas divisões: ciências puras (ou ciências fundamentais), que estudam os conceitos
básicos do conhecimento e as ciências aplicadas,
que estudam formas de aplicar o conhecimento
humano para coisas úteis para ele.
As ciências puras ou ciências fundamentais são
a parte da ciência, que descreve os mais básicos objetos, forças e relações entre eles e as
leis que os governam, como por exemplo que
todos os outros fenômenos podem, em princípio, ser derivados desses, seguindo a lógica do
reducionismo científico. Há uma diferença entre
ciência pura e ciência aplicada. As ciências puras, em contraste com as ciências aplicadas, são
definidas como o conhecimento básico que elas
desenvolvem. A ciência básica é o coração de
todas as descobertas, e o progresso é feito em
experimentos bem controlados. A ciência pura
é dependente de deduções a partir de verdades
demonstradas, ou estudos sem preocupação
com aplicações práticas.
Uma ciência exata é qualquer campo da ciência
capaz de expressões quantitativas e predições
precisas e métodos rigorosos de testar hipóteses, especialmente os experimentos reprodutíveis envolvendo predições e medições quantificáveis. Matemática, Física, Química assim como
partes da Biologia, Psicologia e Economia podem
ser consideradas ciências exatas nesse sentido.
5.2.2.Ciências Duras e Moles
Os campos de estudo podem ser distinguidos
em ciências duras e ciências moles, e esses termos, às vezes, são considerados sinônimos dos
termos ciência natural e social (respectivamente). Os proponentes dessa divisão argumentam
que as “ciências moles” não usam o método
científico, admitem evidências anedotais ou não
são matemáticas, todas somando uma “falta de
rigor” em seus métodos. Os oponentes dessa
divisão das ciências respondem que as “ciências
sociais” geralmente fazem sistemáticos estudos
estatísticos em ambientes estritamente controlados, ou que essas condições são aderidas pelas
ciências naturais (por exemplo, a Biologia Comportamental depende do trabalho de campo em
ambientes não controlados, a Astronomia não
pode realizar experimentos, apenas observar
condições limitadas).
Os oponentes dessa divisão também enfatizam
que cada uma das atuais “ciências duras” sofreu
uma similar “falta de rigor” em seus primórdios.
5.2.3.Ciências Nomotéticas e Ideográficas
As ciências aplicadas visam à aplicação do conhecimento para a solução de problemas práticos. As ciências aplicadas são importantes para
o desenvolvimento tecnológico. Seu uso no
cenário industrial é normalmente referenciado
como pesquisa e desenvolvimento (P&D).
5.2.1.Ciências Exatas e Inexatas
Esta classificação divide as ciências de acordo
com o grau de precisão dos seus resultados. As
ciências exatas produzem resultados mais precisos, enquanto as ciências inexatas, resultados
nem tão precisos.
Fonte: http://pt.wikipedia.
org/wiki/Ficheiro:Wilhelm_
Windelband.jpg
Wilhelm Windelband foi o primeiro a esboçar a
distinção entre ciência monotética e idiográfica.
17
capítulo 1
Uma outra classificação das ciências se apoia
nos métodos estudados. O primeiro esboço desta distinção é atribuído ao filósofo alemão do
século XIX Wilhelm Windelband. Uma primeira
distinção desta ordem pode ser feita entre as ciências nomotéticas e as ciências ideográficas.
As ciências nomotéticas são baseadas no coletivismo metodológico e se preocupam em estabelecer leis gerais para fenômenos susceptíveis
de reproduzir-se, com o objetivo final de conhecer o universo. Fazem parte dessas ciências a Física e a Biologia como também algumas ciências
sociais, como a Economia, a Psicologia, ou mesmo, a Sociologia.
As ciências ideográficas são baseadas no individualismo metodológico e se preocupam em estudar o singular, o único, as coisas que não são
recorrentes. Quer seja um fato ou uma série de
fatos, a vida ou a natureza de um ser humano ou
de um povo, a natureza e o desenvolvimento de
uma língua, de uma religião, de uma ordem jurídica ou de uma qualquer produção literária, artística ou científica. O exemplo da História mostra
que não é absurdo considerar que o singular pode
ser justificável com uma abordagem científica.
5.2.4.Campos Interdisciplinares
O termo “ciência” é, às vezes, usado de forma
não usual para campos novos e interdisciplinares
que fazem uso de métodos científicos ao menos
em parte, e que em qualquer caso aspiram ser
explorações cuidadosas e sistemáticas de seus
assuntos, incluindo a ciência da computação, a
ciência da informação e a ciência ambiental.
Saiba Mais
A Comunidade Científica
A comunidade científica consiste no corpo de cientistas, suas relações e interações. Ela é normalmente dividida em “subcomunidades”, cada uma trabalhando em um campo particular dentro da ciência.
Instituições
A sociedade científica para a comunicação e promoção de ideias e experimentações científicas tem existido
desde o período da Renascença. A mais antiga instituição que ainda existe atualmente é a Accademia dei
Lincei na Itália. As academias de ciência nacionais são instituições especiais que existem em vários países,
começando com a inglesa Royal Society em 1660 e a francesa Académie des Sciences em 1666.
Organizações científicas internacionais, como International Council for Science, têm sido formadas para promover a cooperação entre as comunidades científicas de diferentes países. Mais recentemente, agências governamentais influentes têm sido criadas para dar suporte à pesquisa científica, incluindo a National Science
Foundation nos Estados Unidos.
Literatura
São publicadas literaturas científicas de vários tipos. As revistas científicas comunicam e documentam os resultados de pesquisas feitas em
universidades e nas várias instituições de pesquisa, servindo como um arquivo de registro da ciência. A primeira revista científica, Journal des Sçavans seguida da Philosophical Transactions, começou sua publicação em
1665. Desde essa época, o número total de periódicos ativos tem aumentado constantemente. Em 1981, uma estimativa do número de revistas
científicas e técnicas resultou em 11.500 publicações. Atualmente o Pubmed lista quase 40.000 publicações apenas sobre as ciências médicas.
Fonte: http://euodeioomerdil.
blogspot.com/2007_11_01_
archive.html
Outras organizações incluem a National Scientific and Technical Research Council na Argentina, as academias
de ciências nos vários países, CSIRO na Austrália, Centre national de la recherche scientifique na França, Deutsche Forschungsgemeinschaft na Alemanha, CSIC na Espanha e Academia de Ciências da Rússia.
A maioria das revistas científicas cobre um único campo científico e publica as pesquisas dentro desse campo. A ciência tem-se tornado tão penetrante na sociedade moderna que normalmente é considerado necessário comunicar os feitos, as notícias e ambições dos cientistas para um número maior de pessoas.
18
capítulo 1
Revistas, como a NewScientist, Science & Vie e Scientific American, são dirigidas ao público leigo; são feitas
para um grupo maior de leitores e provêm um sumário não-técnico de áreas populares de pesquisa, incluindo
descobertas e avanços notáveis em certos campos de pesquisa. Os livros científicos trabalham com o interesse de muito mais pessoas. Do outro lado, o gênero literário da ficção científica, fantástica por natureza,
trabalha com a imaginação do público e transmite as ideias, e às vezes os métodos, da ciência.
Esforços recentes para intensificar ou desenvolver ligações entre disciplinas científicas e não-científicas
como a Literatura ou, mais especificamente, a Poesia, incluem a pesquisa Ciência da Escrita Criativa desenvolvida pelo Royal Literary Fund.
Ciência e sociedade
Ciência e pseudociências
Na definição de ciência, ressalta-se explicitamente que não se admitem, por princípio, entidades e causas
sobrenaturais como elementos responsáveis pelos fenômenos naturais ou sociais, pois, neste caso, haveria
um lapso na causalidade inerente ao Método Científico (e ao mundo natural), estando as relações de causa-efeito então sujeitas às “vontades imprevisíveis” das entidades e forças sobrenaturais, não sendo estas, então, testáveis ou falseáveis pelo próprio Método Científico, espinha dorsal do que se chama princípio ciência.
Ciência ou técnica?
A técnica (grego antigo τέχνη, technê, que significa arte, ofício “knowhow”) “refere-se às aplicações da ciência,
do conhecimento científico ou teórico, nas realizações práticas e nas produções industriais e económicas”. A técnica cobre assim o conjunto dos métodos de fabrico, de manutenção, de gestão, reciclagem e de eliminação
dos desperdícios, que utilizam métodos procedentes de conhecimentos científicos ou simplesmente métodos ditados pela prática de certos ofícios e inovações empíricas. Pode-se, então, falar de arte, no seu sentido
primeiro, ou de ciência aplicada. A ciência é, por outro lado, um estudo mais abstrato. Assim a epistemologia
examina designadamente as relações entre a ciência e a técnica, como a articulação entre o abstraído e o
“know-how”. No entanto, historicamente, a técnica veio primeiro. “O homem foi homo-faber, antes de ser
homo-sapiens”, explica o filósofo Bergson. Contrariamente à ciência, a técnica não tem por vocação interpretar o mundo, está lá para transformá-lo, a sua vocação é prática e não, teórica.
A técnica frequentemente é considerada como se fizesse parte integrante da história das ideias ou da história
das ciências. No entanto, é necessário efetivamente admitir a possibilidade de uma técnica não-científica,
isto é, evoluindo fora de qualquer corpo científico e que resume as palavras de Bertrand Gille: “o progresso
técnico só é feito por uma soma de erros que resultaram em alguns espetaculares sucessos”. A técnica, na acepção de conhecimento intuitivo e empírico da matéria e das leis naturais, é, assim, a única forma de conhecimento prático.
ATIVIDADE CRÍTICO REFLEXIVA
1. Um poeta escreveu sobre a Ciência, vamos ler?
Agora que você já estudou acerca das Ciências e do Método Científico, leia o poema de Carlos Drummond de Andrade a seguir e comente no Fórum Temático sobre o seu significado.
A ingaia ciência
A madureza, essa terrível prenda
que alguém nos dá, raptando-nos, com ela,
todo sabor gratuito de oferenda
sob a glacialidade de uma estela,
a madureza vê, posto que a venda
interrompa a surpresa da janela,
o círculo vazio, onde se estenda,
e que o mundo converte numa cela.
A madureza sabe o preço exato
dos amores, dos ócios, dos quebrantos,
e nada pode contra sua ciência
e nem contra si mesma. O agudo olfato,
o agudo olhar, a mão, livre de encantos,
se destroem no sonho da existência.
19
capítulo 1
Textos Complementares
http://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Bergson - verbete daWikipédia com biografia e bibliografia de Henri Bergson.
DESCARTES, René. Discurso do método. (tradução prefácio e notas de João Cruz Costa. SP, Ed de Ouro, 1970
disponível para download em domínio público http://www.dominiopublico.gov.br/ e eBooket http://www.
eBooket.net
6.
ARTES E CIÊNCIA:
ELAS ESTÃO BEM
MAIS PRÓXIMAS DO
QUE PODE PARECER!
as superfícies, os monumentos. O princípio da
síntese aditiva das cores restaura autocromos.
As técnicas de análise físico-químicas permitem
explicar a composição dos quadros, ou mesmo,
descobrir palimpsestos. A radiografia permite
sondar o interior de objetos ou de peças sem poluir o mesmo. O espectrográfico é utilizado, por
último, para datar e restaurar os vitrais.
6.1. Cientificismo ou Religião da
Ciência
O cientificismo é uma ideologia que surgiu no
século XVIII, segundo a qual o conhecimento
científico permitiria escapar da ignorância e, por
conseguinte, de acordo com a fórmula de Ernest
Renan no livro Futuro da ciência, de “organizar
cientificamente a humanidade”.
A Expulsão de Adão e Eva do Jardim de Eden,
antes e depois de sua restauração.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Masaccio-TheExpulsionOfAdamAndEveFromEden-Restoration.jpg
Hervé Fischer fala, no livro A sociedade sobre o
divã (2007), de uma nova corrente artística que
usa a ciência e as suas descobertas como inspiração, como as biotecnologias, as manipulações
genéticas, a inteligência artificial, a robótica.
Além disso, o tema da ciência foi frequentemente a origem de quadros ou de esculturas. O movimento futurista, por exemplo, considera que o
campo social e cultural devem racionalizar-se.
Por último, as descobertas científicas ajudam os
peritos em arte. O conhecimento da desintegração do carbono 14, por exemplo, permite datar
as obras. O laser permite restaurar, sem danificar
Ele então age através da fé na aplicação dos
princípios da ciência. Para vários detratores há
uma verdadeira religião da ciência, particularmente no Ocidente. Sob acepções menos técnicas, o cientificismo pode ser associado à ideia de
que só os conhecimentos cientificamente estabelecidos são verdadeiros. Pode também causar
um certo excesso de confiança na ciência que se
transformaria em dogma. A corrente do ceticismo científico, que se inspira do ceticismo filosófico, tenta apreender eficazmente a realidade
pela tendência em inquéritos e em experiências
que se apoiam no método científico, e tem por
objetivo contribuir para a formação em cada
indivíduo de uma capacidade de apropriação
crítica do saber humano, combatendo, assim, o
cientificismo.
Para certos epistemologistas, o cientificismo
aparece de todas as formas. Robert Nadeau,
apoiando-se sobre um estudo realizado em
1984, considera que a cultura escolar é constituída de clichês epistemológicos que formariam
uma espécie de mitologia dos tempos modernos
20
capítulo 1
que seria uma espécie de cientificismo. Estes clichês incluem a história da ciência, resumida e reduzida a descobertas que balizam o desenvolvimento da sociedade e as ideias que consideram
que as leis, e mais geralmente os conhecimentos
científicos, são verdades absolutas e últimas. E,
ainda, que as provas científicas são não menos
absolutas e mais definitivas, mesmo que, de
acordo com Thomas Kuhn, não cessem de sofrer
revoluções e inversões.
Por último, foi, sobretudo, a Sociologia do conhecimento, nos anos 1940 à 1970, que pôs termo à hegemonia cientificismo. Os trabalhos de
Ludwig Wittgenstein, Alexandre Koyré e Thomas Kuhn demonstraram a incoerência do positivismo. As experiências não constituem, com
efeito, provas absolutas das teorias, e os paradigmas estão destinados a desaparecer.
6.2. Vulgarização Científica
atores econômicos, institucionais e políticos. Na
França, a Educação Nacional tem por missão
sensibilizar o aluno à curiosidade científica por
meio de conferências, de visitas regulares ou de
ateliers de experimentação. A Cité des sciences
et de l’industrie é um estabelecimento público,
que coloca à disposição de todos exposições sobre as descobertas científicas, enquanto que o
Centre de culture scientifique, technique et industrielle tem “por missão favorecer as trocas entre
a comunidade científica e o público”. Futuroscope, Vulcania e Palais de la découverte são outros
exemplos de disponibilização de conhecimentos
científicos. Os Estados Unidos também possuem instituições que possibilitam uma experiência mais acessível através dos sentidos e que
as crianças podem experimentar, como o Exploratorium de São Francisco.
A vulgarização concretiza-se, por consequência,
por meio das instituições e dos museus, mas
também, de acordo com Bernard Schiele no livro Les territoires de la culture scientifique, por
meio das animações públicas, como a Nuit des
étoiles, de revistas e de personalidades (Hubert
Reeves para a astronomia).
6.3. Ciências a Serviço da
Ideologia e da Guerra
Uma demonstração de uma experiência na Gaiola
de Faraday no museu Palais de la découverte, Paris.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cage_
de_Faraday.jpg
A vulgarização é o fato de tornar acessíveis as
descobertas bem como o mundo científico a todos e numa linguagem adaptada.
A compreensão da ciência pelo grande público
é objeto de estudos; os autores falam de Public
Understanding of Science (expressão consagrada na Grã-Bretanha, ciência literacy nos Estados
Unidos) e cultura científica na França. Segundo
os senadores franceses Marie-Christine Blandin
e Ivan Renard, este é um dos principais vetores
da democratização e da generalização do saber.
Em várias democracias, a vulgarização da ciência está entre projetos que misturam diferentes
O laser é a origem de uma das descobertas militares.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Military_laser_experiment.jpg
Durante a Primeira Guerra Mundial, as ciências
foram utilizadas pelo Estado a fim de desenvolver novas armas químicas e desenvolver estudos
balísticos. Houve o nascimento da economia de
guerra, que se apoia em métodos científicos. O
OST, ou Organização Científica do Trabalho, de
Frederick Winslow Taylor, é um esforço de melhorar a produtividade industrial graças à emissão das tarefas autorizada nomeadamente pela
21
capítulo 1
cronometragem. No entanto, foi durante a Segunda Guerra Mundial que a ciência passou a ser
utilizada para fins militares. As armas secretas
da Alemanha nazista como o V2 ou o radar estão
no centro das descobertas desta época.
Todas as disciplinas científicas são assim dignas de interesse para os governos. O rapto de
cientistas alemães no fim da guerra, quer pelos
soviéticos, quer pelos americanos, faz nascer
a noção de guerra dos cérebros, que culminará
com a corrida armamentista da Guerra Fria. Este
período é, com efeito, o que tem contado com
o maior número de descobertas científicas, nomeadamente a bomba atômica e, em seguida,
a bomba de hidrogênio. Numerosas disciplinas
nascem da abordagem no domínio militar, como
a criptografia informática ou a bacteriologia,
para a guerra biológica. Amy Dahan e Domínica
Pestre, a propósito deste período de investigações desenfreadas, afirmam que se trata de um
regime epistemológico específico. Comentando
o seu livro, Loïc Petitgirard explica:
“Este novo regime de ciência é caracterizado pela
multiplicação das novas práticas e as relações sempre
mais estreitas entre ciência, Estado e sociedade.”
A concepção deste que nomeia, então, o complexo militar-industrial aparece em relação muito íntima com o política.
A partir de 1945, com a constatação do aumento das tensões por causa da oposição dos blocos
capitalistas e comunistas, a guerra torna-se ela
própria o objeto da ciência: o polemologia.
Por último, se a ciência está por definição neutra, ela permanece à mercê dos homens e das
ideologias dominantes. Assim, de acordo com
os sociólogos relativistas Barry Barnes e David
Bloor da Universidade d’ Edimburgo, as teorias
são abordagens aceitas no poder político.Uma
teoria se imporia então não porque é verdadeira
mas porque é defendida pelo mais forte. Em outros termos, a ciência seria, se não uma expressão elitista, uma opinião majoritária reconhecida como uma verdade científica. Robert King
Merton mostrou, em Elementos da teoria e do
método sociológico (1965), as relações estreitas
entre o desenvolvimento da Royal Society, fundada em 1660, e a ética puritana dos seus atores.
Para ele, a visão do mundo protestante da época
permitiu o crescimento do campo científico.
Saiba Mais
O pensamento religioso e o pensamento
científico perseguem objetivos diferentes,
mas não opostos. A ciência procura saber
como o universo existe e funciona dessa
maneira. A religião procura saber por que
o universo existe e funciona dessa maneira. Os conflitos entre a ciência e a religião
produzem-se quando um dos dois pretende
responder às questões atribuídas ao outro.
Fonte: http://autosport.aeiou.pt/gen.
pl?p=stories&op=view&fokey=as.
stories/96822
Ciência e Religião:
Você sabia que elas nunca se deram muito bem? Por que? Vamos descobrir?
No entanto, para os sociólogos e etnólogos, como Emile Durkheim, a fronteira
que separa a ciência do pensamento religioso não é impermeável. No livro Nas
Formas elementares da vida religiosa (1912),
Durkheim mostra que os quadros de pensamento científico como a lógica ou as noções de tempos e de espaço encontram a sua origem nos pensamentos religiosos e mitológicos.
Contudo, apesar deste parentesco, os discursos científico e teológico frequentemente chocaram-se na história. No cristianismo, o processo de Galileu Galilei, em 1633, marca o divórcio do pensamento científico e o
pensamento religioso, iniciado pela execução de Giordano Bruno em 1600. O Concílio de Niceia de 325 tinha
instaurado na Igreja o argumento dogmático, segundo o qual Deus tinha criado o céu e a terra em sete dias.
Contudo, explicações científicas foram possíveis a partir deste credo, que não se pronunciava sobre a produção do mundo. Esta lacuna teológica permitiu certa atividade científica até a Idade Média, entre as quais
22
capítulo 1
as quais a principal foi a Astronomia. Concile de Trinta (1545-1563) autorizou as comunidades religiosas a
efetuarem investigações científicas. Se o primeiro passo em prol do heliocentrismo (que coloca a Terra em
rotação em redor do Sol) é feito pelo Nicolau Copérnico, Galileu defronta-se com a posição da Igreja a favor
de Aristóteles, e por conseguinte, do Geocentrismo. Foi necessário esperar que Johannes Kepler prolongasse
os trabalhos de Galileu e de Tycho Brahe para fazer aceitar o movimento da Terra. A separação definitiva
entre ciência e religião é consumada no século XVIII, durante o Iluminismo.
Na maioria das outras religiões, a ciência também não é oposta à religião. No Islamismo, a ciência é favorecida porque nela não existe clero instituído; além disso, o mundo é visto como um código a decifrar para
compreender as mensagens divinas. Assim, na Idade Média, a ciência árabe-muçulmana prosperou e desenvolveu a Medicina, a Matemática e, principalmente, a Astronomia.
No século XIX, os cientistas afirmam que a ciência é a única que pode explicar o universo e que a religião é
o “ópio do povo”, como diria mais tarde Karl Marx, que fundou a visão materialista. Os sucessos científicos
e técnicos, que melhoram a civilização e a qualidade de vida, se somam ao progresso científico e batem de
frente com os dogmas religiosos em sua totalidade. As teorias da Física (principalmente a Teoria quântica)
e da Biologia (com a Teoria da evolução de Charles Darwin), as descobertas da Psicologia (pela qual o sentimento religioso é um fenômeno interno ou mesmo neurológico), superam as explicações místicas e espirituais. Contudo, muitos religiosos, como Pierre Teilhard de Chardin e Georges Lemaître, tentam combinar as
explicações científicas e a ontologia religiosa. A encíclica Fides et ratio (1993), do Papa João Paulo II reconhece que a religião cristã e a ciência são dois modos de explicar o mundo.
No século XX, a confrontação dos partidários da teoria da evolução e dos criacionistas, frequentemente procedentes das correntes religiosas mais radicais, cristalizam o difícil diálogo da fé e da razão. “O processo do
macaco” (a propósito da “ascendência” do homem) ilustra assim um debate permanente na sociedade. Por
último, alguns filósofos e epistemólogos interrogam-se sobre a natureza da relação entre as duas instituições. O paleontólogo Stephen Jay Gould em que Darwin seja! fala de dois magistérios, cada um permanecendo mestre do seu território, mas não se intrometendo nos assuntos do outro, enquanto que Bertrand Russell
menciona na sua obra Ciência e religião os conflitos entre os oponentes.
Textos Complementares
http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2005/08/ciencia-e-religiao.html - texto do site Saindo da Matrix
acerca de “Ciência e Religião”.
CHIZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciência humanas e sociais. SP, Cortez, 2006
ATIVIDADE CRÍTICO REFLEXIVA
1. Observe
a ilustração abaixo: representa agentes da Inquisição levando
à fogueira condenados. Pesquise e comente no fórum temático como é que
a Inquisição via os trabalhos de alquimistas e filósofos humanistas.
Fonte: http://imagenshistoricas.blogspot.com/2009/11/
inquisicao.html
23
capítulo 1
7. CIÊNCIA E SOCIEDADE:
VOCÊ JÁ PENSOU O
QUANTO A CIÊNCIA
SE PREOCUPA COM A
SOCIEDADE?
A ciência é praticada em universidades e outros
institutos científicos assim como no campo; por
si só é uma vocação sólida na academia, mas
também é praticada por amadores, que tipicamente engajam-se na parte de observação da ciência. Trabalhadores de laboratórios de pesquisa
corporativos também praticam ciência, apesar
de seus resultados serem geralmente considerados segredo de mercado e não serem publicados em jornais públicos. Cientistas corporativos
e universitários geralmente cooperam, com os
últimos concentrando-se em pesquisas básicas
e os primeiros aplicando seus achados em uma
tecnologia específica de interesse da companhia. Indivíduos envolvidos no campo da educação da ciência argumentam que o processo da
ciência é realizado por todos os indivíduos quando aprendem sobre seu mundo.
Dado o caráter universal da ciência, sua influência se estende a todos os campos da sociedade,
desde o desenvolvimento tecnológico aos modernos problemas jurídicos relacionados com
campos da medicina ou genética. Algumas vezes, a investigação científica permite abordar
temas de grande impacto social, como o Projeto
Genoma Humano, e temas de implicações morais, como o desenvolvimento de armas nucleares e a clonagem.
Ainda assim, a investigação científica moderna requer, às vezes, em ocasiões importantes,
grandes investimentos em instalações com aceleradores de partícula (CERN), a exploração do
Sistema Solar ou a investigação da fusão nuclear
em projetos como ITER. Em todos esses casos, é
desejável que os avanços científicos alcançados
sejam levados à sociedade.
Em todos os casos, é desejável que os avanços
científicos adquiridos cheguem à sociedade.
Os métodos da ciência são praticados em muitos lugares, para atingir metas específicas. Por
exemplo:
• Controle de qualidade em fábricas de manufatura (por exemplo, testes microbiólógicos
em uma fábrica de queijo asseguram que as
culturas contenham espécies apropriadas
de bactérias).
• Obtenção e processamento de evidências
da cena do crime (ciência forense).
• Monitoramento conforme as leis ambientais.
• Realização de exames médicos para ajudar
médicos a avaliarem a saúde dos pacientes.
• Investigação de causas de um desastre (tal
como um colapso em uma ponte ou acidente aéreo).
7.2.Críticas e Polêmicas:
Elas Sempre Existem e são
Necessárias, Quando
Construtivas!
Uma área de estudos, ou especulação, mascarada como ciência em uma tentativa de alegar uma
legitimidade, que de outro modo não seria possível conseguir, é por vezes chamada de Pseudociência, ciência das fronteiras, ou “ciência alternativa”. Outro termo, ciência lixo, é, às vezes,
usado para descrever hipóteses ou conclusões
científicas que, embora possam ser legítimas
por si sós, acredita-se que sejam usadas para
dar suporte a uma posição que não é vista como
legítima pela totalidade das evidências. Uma
variedade de propagandas comerciais, indo da
campanha publicitária à fraude, pode entrar nessa categoria. Pode também ter um elemento de
tendência política ou ideológica nos dois lados
desses debates. Às vezes, uma pesquisa pode
ser caracterizada como “ciência ruim”, uma pesquisa que é bem-intencionada, mas é vista como
incorreta, obsoleta, incompleta ou com uma exposição muito simplificada de ideias científicas.
O termo “fraude científica” se refere a situações
em que os pesquisadores intencionalmente
representaram incorretamente suas informações publicadas ou deram crédito pela descoberta propositalmente para a pessoa errada.
7.2.1.A Mídia
A mídia de massa enfrenta algumas pressões
que a previnem de escolher mais corretamen-
24
capítulo 1
te qual das alegações científicas possui maior
credibilidade dentro da comunidade científica
como um todo. Determinar o quão forte é cada
um dos lados de um debate científico requer um
conhecimento considerável sobre o assunto.
Poucos jornalistas possuem um conhecimento
científico real, e mesmo repórteres especializados no assunto, que sabem muito sobre determinada questão científica, podem saber pouco
sobre outras questões que, de repente, eles precisem cobrir.
7.2.2.A Política
Muitas questões danificam o relacionamento
da ciência com a mídia e o uso da ciência e argumentos científicos por políticos. Generalizando, muitos políticos procuram certezas e fatos
enquanto os cientistas normalmente oferecem
probabilidades e advertências. Entretanto, a
habilidade dos políticos de serem ouvidos pela
mídia de massa frequentemente distorce o entendimento científico para o público. Exemplos
na Inglaterra incluem a controvérsia sobre a inoculação MMR e a resignação forçada em 1988 do
ministro Edwina Currie por revelar a alta probabilidade de os ovos batidos conterem Salmonella.
Textos Complementares
http://pt.wikipedia.org/wiki/Divulgação_científica
– texto da Wikipédia sobre “Divulgação Científica”,
que aborda a questão da mídia.
BECKER, Howard S. Métodos de pesquisa em ciências sociais. SP, Hucitec, 1999.
Saiba Mais
Críticas filosóficas
O historiador Jacques Barzun designou a ciência como “uma fé tão fanática como qualquer outra na história”
e alertou contra o uso do pensamento científico para suprimir considerações sobre o significado da existência
humana.36 Muitos pensadores recentes, como Carolyn Merchant, Theodor Adorno e E. F. Schumacher, concordaram que a revolução científica no século XVII mudou o foco da ciência de estudar e entender a natureza
ou sabedoria, passando a focar em questões sobre manipulação da natureza, e esta nova ênfase da ciência
levou inevitavelmente à manipulação das pessoas. O focus da ciência em medições quantitativas levaram a
críticas que ela é incapaz de reconhecer os importantes aspectos qualitativos do mundo.
O psicologista Carl Jung acreditava que, apesar de a ciência tentar entender toda a natureza, o método experimental usado iria impor questões artificiais e condicionais que evocariam apenas respostas parciais. David
Parkin comparou a estância epistemológica da ciência com a divinação. Ele sugeriu que, assim como a divinação é um meio epistemológico específico para conseguir introspecção em uma dada questão, a própria
ciência pode ser considerada uma forma de divinação moldada pelo ponto de vista oriental da natureza (e,
com isso, as possíveis aplicações) do conhecimento.
Vários acadêmicos têm feito críticas em relação à ética na ciência. No livro Science and Ethics, por exemplo,
o filósofo Bernard Rollin examinou a relevância da ética para a ciência e argumentou a favor de fazer a educação em ética parte do treinamento científico.
ATIVIDADE CRÍTICO REFLEXIVA
1. Observe a ilustração de Nimura: ela é uma paródia do
chamado mito da caverna de Platão. Pesquise acerca desse mito e comente no Fórum Temático qual é o
novo sentido que Nimura propõe.
Fonte: http://www.posgraduando.
com/humor/a-evolucao-do-computador-e-a-historia-do-homem
25
capítulo 1
8. RENÉ DESCARTES
Fonte: http://www.consciencia.org/descartes.
shtml
René Descartes - (1596 – 1650) nasceu de uma
família nobre dedicada à medicina e ao comércio. Os Descartes se fixaram em La Haye, Tourenne. Seu pai se chamava Joaquim e era conselheiro do parlamento britânico. René tinha uma
saúde frágil e era cuidado por sua avó. Entrou
no colégio jesuíta de Le Flèche, que havia sido
fundado dois anos antes, mas já adquirira notoriedade. Nesse estabelecimento, René teve
formação filosófica e científica. Foi um bom
aluno, mas não encontrou a verdade que procurava, como escreveu no Discurso do Método.
Aprendeu a filosofia pelo método escolástico,
e, apesar de ser católico, percebeu a diferença
existente entre aquele tipo de ensino antigo e o
recente espírito renascentista, baseado nas últimas descobertas e inovações científicas e culturais. Agradava a Descartes a matemática, por
dar respostas exatas. A educação em Le Flèche
havia sido religiosa, e havia um clima de atraso e
submissão às instituições políticas, acompanhados de estudos sobre as infindáveis controvérsias teóricas da escolástica. Portanto Descartes
saiu de lá um pouco confuso e decepcionado.
Apesar disso, recomendava o colégio para os filhos de amigos. Entrou para a Universidade de
Poitiers, curso de direito e se formou. Como não
ficou satisfeito com os conhecimentos adquiridos, resolveu entrar para o exército. Alistou-se
nas tropas holandesas de Maurício de Nassau.
Descartes tinha uma ligação com a Holanda, em
razão disso, foi combater os espanhóis. Fez, então, uma forte amizade com um entusiasta da
Física e da Matemática, Isaac Beckman, jovem
médico holandês.
Descartes relata que viveu uma noite extraordinária no final de 1619. Ele ficava nessa época
sozinho em um cômodo aquecido, onde podia
se entregar à atividade intelectual. Uma visão
extraordinária, um insigth. Numa noite iluminada, teve uma revelação dos fundamentos de
uma ciência admirável, de dimensão universal.
Descartes resolvera viajar para procurar a verdade no Grande Livro do Mundo. Em 1619, sai da
Holanda e viaja pela Europa. Estava finalizando
o seu Tratado sobre o Mundo e Sobre o Homem
quando lhe veio a notícia da condenação de
Galileu por suas teorias científicas. Além disso,
a Inquisição estava correndo solta na Europa,
Descartes sabia da morte na fogueira de Giordano Bruno Descartes tinha um projeto filosófico
cada vez mais ligado na matemática, queria associar as leis numéricas com as leis do mundo,
resgatando a antiga doutrina pitagórica. Sua
principal teoria afirmava-se na eficácia da razão.
Queria refletir sobre a questão da autonomia da
ciência e objetividade da razão frente ao Deus
todo poderoso. As novas teorias científicas contrariavam as Sagradas Escrituras.
Em 1620, renuncia à carreira militar e parte para
a Itália. Escreveu alguns trabalhos nesse período. Em 1637, publica o Discurso do Método- para
bem conduzir a própria razão e procurar a verdade nas ciências. Teve uma filha com Heléne Jans,
tendo ela morrido com cinco anos. Seu nome
era Francine e a dor da perda muito afetou Descartes. Ao contrário do Discurso do Método, que
foi escrito em francês, Meditações foi escrito em
latim. Seus pensamentos suscitavam muitas críticas, entre elas a de Hobbes. Consagrado, Descartes se relacionava com a princesa Isabel, com
quem mantinha correspondência. Princípios da
filosofia foi dedicado à princesa Elizabeth de
Boêmia. Em 1649, aceita um convite da rainha
Cristina da Suécia e para lá se dirige a fim de entregar os originais de seu último trabalho.
A rainha Cristina costumava conversar de manhãzinha, quando fazia muito frio. Como Descartes não era muito parrudo, e sua saúde nunca foi das melhores, pegou uma pneumonia e
morreu uma semana depois, ao deixar a corte,
em 1650.
Descartes afirmou no Discurso do Método, que
quanto mais estudava, mais se apercebia de sua
ignorância (parece um pouco com Sócrates, não
26
capítulo 1
é?). No livro Os princípios da filosofia afirma que
a filosofia é como uma árvore, as raízes são a
metafísica e a ciência, como a medicina, a mecânica e a psicologia, os ramos da árvore. A psicologia não era muito desenvolvida na época
de Descartes. Descartes critica a lógica dialética, afirma que ela parte de verdades já conhecidas, e é inútil para desvendar novas verdades.
Também critica a matemática, pois, apesar de
fornecer conclusões irrefutáveis, muitas vezes
possui regras em demasia, sem nenhum fim
prático, sendo muito abstrata. Descartes criou
a geometria analítica, determinando um ponto do espaço no plano cartesiano. A geometria
analítica estuda as curvas, superfícies e figuras geométricas, tendo relação com algumas
equações. Essas equações podem ser aplicadas
no plano formado pelas abscissas e ordenadas.
Assim a álgebra e a geometria foram unidas
por Descartes que muito se orgulhava de sua
descoberta. Ele também introduziu alguns discursos de óptica. Aplicou o raciocínio matemático nas regras de seu método, pois era preciso
usar a razão para se chegar à verdade universal.
Descartes sempre buscou o avanço da ciência,
e quando ela conhece a natureza se torna senhora dessa. Apesar de ter ainda alguns resquícios da escolástica, Descartes se esforçou para
ir além e chegar ao pragmatismo. Toda a escolástica e o edifício da ciência aristotélica faziam
parte do passado. E com Descartes, percebe-se, que era preciso ir para a frente. Por isso, ele
é considerado o fundador da filosofia moderna.
No seu estilo claro mas pleno de construções,
demonstrações e imagens ele nos dá as quatro
regras do método:
Na terceira regra, é preciso fazer uma síntese da realidade complexa, que foi decomposta em partes menores.
d. a última consiste em fazer em toda a parte
enumerações e revisões completas, para
nada se omitir.
Leibniz zombou da aparente banalidade do método. Descartes aplicou-o, afirmando que ele
facilitou o desvelamento de certas questões,
usando a razão como instrumento para tirar as
dúvidas. Ele adverte que é um método que usou
exclusivamente para si, como uma maneira
de dirigir seu pensamento. Pois a razão, (bom
senso) para Descartes, é o que há de mais bem
distribuído no mundo, e o que diferencia a capacidade é o modo como cada um conduz seus
pensamentos, chegando a resultados diferentes.
b. a segunda regra, que tem um jeito matemático , diz para dividir as dificuldades em
quantas partes fosse possível e necessário
para resolvê-las.
Como uma pessoa que está construindo uma
casa e necessita de um local para dormir enquanto a obra está sendo feita, Descartes construiu uma moral provisória, para não permanecer irresoluto em suas ações. A primeira máxima
é obedecer às leis e aos costumes de seu país. A
segunda é ser firme e resoluto em suas ações e
não ir adiante nas opiniões duvidosas ou falsas.
Assim, com essa determinação, podemos ser
capazes de distinguir o que não é verdade. Descartes afirma que cada homem possui a noção
inata do que é verdade. Deus dá essa noção: se,
por intuição, temos muita certeza de uma coisa
, ela é verdade. Nesse ponto, Descartes valoriza
a intuição ao lado da razão. A menor distância
entre dois pontos é uma reta, e não devemos ter
remorsos de nossos atos. Descartes pretendia,
com isso, se livrar de um espírito fraco e vacilante. A terceira máxima moral é primeiro vencer a
si próprio, depois a fortuna, o destino. Primeiro
modificar os desejos pessoais e não a ordem do
mundo. Tudo o que Descartes diz ter realmente
em seu poder são os seus pensamentos. Assim
nossa vaidade não toma conta de nós e não remoemos nossos infortúnios nem lamentamos a
falta de riqueza ou virtude.
c. a terceira regra é conduzir com ordem os
pensamentos, começando com os mais simples e indo para os mais complicados, dos
mais fáceis de conhecer para os compostos.
Descartes também afirma, em outro trecho,
que não se fia nos primeiros pensamentos.
Descartes prossegue dizendo que a melhor ocupação é cultivar a razão. É o que melhor podemos fazer, pois é impossível dominar o universo,
e o que não atingimos é inacessível. Descartes
ficou rolando nove anos pelo mundo, vivendo
sem luxos desnecessários, e solitário. Realizan-
a. jamais acolher algo como verdadeiro, a não
ser que seja absolutamente evidente, e não
acolher no juízo o que não seja claro e indubitável. É a regra da evidência.
27
capítulo 1
do meditações metafísicas, chegou à dúvida
metódica. Para se passar do pequeno Eu, (que é
subjetivo e depende de muitos fatores para ser
conclusivo) para o mundo objetivo, é necessário
tomar como certas algumas coisas. Mas, supondo que tudo o que se vê é falso, sua memória é
cheia de mentiras. Nesses parâmetros, a única
coisa verdadeira é que não há nada de certo no
mundo. Descartes realça que não estava sendo
cético, pois esses são indecisos, e ele buscava a
verdade por meio da dúvida. Pois há uma força
que engana sempre. Mas se ela engana, não se
pode negar que se está recebendo a ação. Mesmo se não houver diferença entre o sonho e o
estado acordado, ele pensa enquanto duvida.
Assim Descartes chegou à verdade Penso, Logo
existo (em latim: Cogito, ergo sum). Por pensamento Descartes considera tudo o que é de fato
e que nós nos tornamos conscientes disso. São
pensamentos todas as operações intelectuais e
as da imaginação bem como as da vontade. Assim Descartes se fecha em sua subjetividade, na
sua mente e pôde supor que não existe mundo.
Mas a sua alma existe, e ela é puro pensamento.
E um tópico interessante de sua teoria é a dualidade. A alma é uma substância distinta do corpo. E antes de confirmar como verdadeira a existência física do mundo, Descartes demonstra a
existência de deus. Afirma que quem conhece é
mais perfeito do que quem duvida. Tudo aquilo
que ele conhece tinha de vir de alguma coisa. Ele
acha que é necessário existir algo a quem ele depende e que seja perfeito. É a lei da causalidade,
Deus é causa final de tudo. Descartes desenvolve o argumento ontológico para a existência de
Deus. Antes dele, Santo Anselmo já o tinha feito.
O Deus cartesiano é infinito, imutável, independente, onisciente, criador e conservador. Deus é
uma ideia inata, que já vem junto com o nascimento. Deus garante a objetividade do mundo.
Existem também as ideias factícias, construídas
por nós mesmos, e as adventícias, que vem de
fora. Descartes diz que existe uma luz interior
dada por Deus, que dá confiança e certeza, pois
é impossível que Deus seja mentiroso e enganador. E nossa consciência de Deus, do infinito,
essa percepção que o homem pode ter da divindade e da perfeição é como “a marca do artista
em sua obra”. Hegel mais tarde afirmou que é
impossível ao homem conhecer o infinito, pois
ele só pode empregar categorias finitas. E o ser
humano erra, erro que provém do juízo. E no juízo o intelecto e a vontade influem. A pressão,
influência da vontade sobre o intelecto, se não
for bem administrada, resulta no erro do juízo.
Como em Santo Agostinho, é o mau uso do livre-arbítrio que faz o errado surgir. Meu intelecto
como tal, em si, não é errado, mas meus pensamentos e atos podem ser.
Descartes afirma que a realidade exterior pode
ser conhecida por meio da razão. As propriedades quantitativas são evidentes para a razão, as
propriedades qualitativas são evidentes para os
sentidos. Descartes fala da existência das substâncias, como a já citada alma e a extensão ou
matéria. A matéria ocupa lugar no espaço e
pode ser decomposta em partes menores. Existe só um tipo de matéria no universo. O universo é composto de matéria em movimento. Não
existe o espaço vazio ou o vácuo dos atomistas.
Visando a análise científica racional, Descartes
chega à conclusão de que os animais e os corpos humanos são autômatos, como máquinas
semelhantes ao relógio. Na quinta parte do Discurso do Método, ele faz uma descrição fisiológica: o corpo é uma máquina de terra, construído
por Deus, e suas funções dependem das funções
dos órgãos. A alma está ligada ao corpo por uma
glândula cerebral, onde ocorre a interação entre espírito e matéria. Na teoria mecanicista de
Descartes, o corpo é uma máquina e deve entregar o controle das ações para alma. E Descartes
afirma que a soma de todos os ângulos de um
triângulo sempre será igual a dois ângulos retos.
Essa frase foi tomada por Spinoza, a quem Descartes influenciou, e significa uma verdade, independente dos vaivéns das opiniões baseadas
nos sentidos.
REFERÊNCIAS
COSTA, Sérgio Francisco. Método Científico:
Os Caminhos da Instigação. São Paulo, Harbra,
2007.
DURANT, Will. História da Filosofia. Tradução
Luiz Carlos do N. Silva. São Paulo, Nova Cultural,
1998.
KRAGH, Helge. Introdução à Historiografia da
Ciência. Porto, Porto Editora, 2003.
KUHN, Thomas S. A Estrutura das Revoluções
Científicas. São Paulo, Perspectiva, 2005.
28
capítulo 1
MEIS, Leopodo de. O Método Científico: Como o
saber mudou a vida do homem. São Paulo, Vieira e Lent, 2006.
WIKIPÉDIA. http://pt.wikipedia.org/wiki/
29
capítulo 2
Prof. Jairo Nogueira Luna
Carga Horária: 20 horas
METODOLOGIA
DA PESQUISA
APRESENTAÇÃO
Caros alunos
Nos capítulos desta disciplina, pretende-se promover uma reflexão acerca da Metodologia
Científica, até compreendermos que pesquisar é muito mais do que simplesmente buscar
alguma informação. De fato, envolve um conhecimento acerca do “Método” científico, suas
características e a necessidade que a Ciência tem de segui-lo. Faremos, também, um histórico acerca da evolução do método científico até a atualidade, buscando, assim, demonstrar
como diferentes visões de ciência em diferentes épocas valeram-se de métodos que respondiam às suas necessidades mais imediatas. Ainda, pretendemos apresentar sucintamente as
Normas da ABNT e informações concernentes à formatação dos textos acadêmicos.
OBJETIVO
• Apresentar noções de Normatização pela ABNT;
• Apresentar conceitos relativos às publicações acadêmicas;
• Entender a importância do Método Científico para as Ciências em Geral.
30
capítulo 2
1. NORMATIZAÇÃO
PELA ABNT: MUITA
GENTE ACHA CHATO,
MAS É FUNDAMENTAL!
A Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) é o fórum nacional de normalização,
representando no Brasil a International Organization for Standardization (ISO). As normas brasileiras que dizem respeito à documentação e
informação, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB-14) e dos
Organismos de Normalização Setorial (ONS), são
elaboradas por Comissões de Estudo (ABNT/CE14:001.01 - Comissão de Estudo de Documentação), formadas por representantes dos setores
envolvidos, delas fazendo parte produtores,
consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros).
O objetivo maior da normalização é o de promover, por meio da redução da variedade de procedimentos, meios eficientes de troca de informações. No que se refere ao trabalho científico
o estabelecimento de padrões proporciona consistência à apresentação e, portanto, credibilidade, elementos imprescindíveis à divulgação
do saber científico e sua socialização.
Conceito
Trabalho acadêmico é o texto resultado de algum dos diversos processos ligados à produção
e transmissão de conhecimento executados no
âmbito das instituições ensino, pesquisa e extensão, formalmente reconhecidas para o exercício dessas atividades.
Finalidade
As diversas finalidades do trabalho acadêmico
podem se resumir em: apresentar, demonstrar,
difundir, recuperar ou contestar o conhecimento
produzido, acumulado ou transmitido.
Ao apresentar resultados, o texto acadêmico
atende à necessidade de publicidade relativa ao
processo de conhecimento. A pesquisa realizada, a ideia concebida ou a dedução feita perecem, se não vierem a público; por esse motivo,
existem diversos canais de publicidade adequa-
dos aos diferentes trabalhos: as defesas públicas, os periódicos, as comunicações e a multimídia virtual são alguns desses.
A demonstração do conhecimento é necessidade na comunidade acadêmica, onde esse conhecimento é o critério de mérito e acesso. Assim,
existem as provas, os concursos e diversos outros processos de avaliação pelos quais se constata a construção ou transmissão do saber.
Difundir o conhecimento às esferas externas à
comunidade acadêmica é atividade cada vez
mais presente nas instituições de ensino, pesquisa e extensão, e o texto correspondente a essa
prática tem característica própria sem abandonar a maior parte dos critérios de cientificidade.
A recuperação do conhecimento é outra finalidade do texto acadêmico. Com bastante frequência, parcelas significativas do conhecimento
caem no esquecimento das comunidades e das
pessoas; a recuperação e manutenção ativa da
maior diversidade de saberes é finalidade importante de atividades científicas objeto da produção de texto.
Quase todo conhecimento produzido é contestado. Essa contestação, em que não constitua
conhecimento diferenciado, certamente é etapa contribuinte no processo da construção do
saber que contesta, quer por validá-lo, quer por
refutá-lo.
As finalidades do texto acadêmico, certamente,
não se esgotam nessas, mas ficam aqui exemplificadas. Para atender à diversidade dessas finalidades, existe a multiplicidade de formas, entre
as quais se encontram alguns conhecidos tipos,
sobre os quais procurarei estabelecer o conceito
difuso.
Tipos de trabalhos acadêmicos
Apresento, a seguir, alguns dos tipos mais comuns dos trabalhos acadêmicos formais, não
considerando provas, exercícios e outros textos
menos significativos.
Há, ainda, sites, trabalhos de multimídia, encenações e outros que não são considerados, uma
vez que o foco aqui é a produção escrita formal.
31
capítulo 2
Tese:
Pra chegar ao doutorado, é preciso fazer uma!
defendendo uma tese. Palpitantes assuntos.
Tem tese que não acaba nunca, que acompanha
o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte” (PRATA, 1998).
Dissertação:
Para ser mestre é preciso fazer uma!
Fonte: http://library.kiwix.org:4213/A/Teorema%20
do%20macaco%20infinito.html
Trabalho acadêmico, que apresenta o resultado
de investigação complexa e aprofundada sobre
tema mais ou menos amplo, com abordagem
teórica definida. “É um texto que se caracteriza
pela defesa de uma idéia, de um ponto de vista.
Ou então, pelo questionamento acerca de um
determinado assunto. O autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, com fatos, com
dados, que utiliza para reforçar ou justificar o desenvolvimento de suas idéias” (SILVEIRA, 2002).
A tese deve ser elaborada com base em pesquisa original. Visa à obtenção do título de doutor,
pós-doutor ou livre-docente ou o acesso ao cargo de professor titular em muitas instituições.
Em geral, a tese é produção de cerca de 200 páginas, podendo variar bastante esse número. É
o trabalho final dos cursos de doutorado e pós-doutorado, elaborado depois de cursados os
respectivos créditos e feita a pesquisa correspondente; nesses casos, é desenvolvida sob assistência de um orientador acadêmico. É trabalho autônomo de pesquisador sênior, quando se
trata de livre-docência ou acesso à titularidade.
É defendida publicamente, perante bancas de
cinco ou mais doutores.
Fonte: http://sorumbatico.blogspot.
com/2007_05_20_archive.html
Trabalho acadêmico, que apresenta o resultado
de investigação menos complexa e aprofundada
sobre tema específico e mais bem delimitado.
Pode ser elaborada com base em pesquisa original, apresentar resultado parcial de estudo experimental ou expor estudo recapitulativo, de base
bibliográfica. Visa à obtenção do título de mestre.
Em geral, é produção de aproximadamente 100
páginas, podendo variar um pouco o número. É
o trabalho final dos cursos de mestrado, elaborado depois de cursados os respectivos créditos
e feita a pesquisa correspondente; é desenvolvida sob assistência de um orientador acadêmico.
É defendida publicamente perante bancas de
três ou mais doutores.
Monografia:
Você terá que fazer uma na especialização Lato
Sensu!
“Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu
estou falando. Você deve conhecer, pelo menos,
uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é
feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de botar banca.
As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você
acompanha uma pessoa meses, anos, séculos,
Fonte: http://www.patazas.com.br/monografia_venda_
encomenda_compra_tcc_abnt_projeto_96011.html
32
capítulo 2
Trabalho acadêmico, que apresenta o resultado
de investigação pouco complexa e sobre tema
único e bem delimitado. Raramente é elaborada
com base em pesquisa original ou apresenta resultado de estudo experimental; normalmente é
estudo recapitulativo, de base bibliográfica. Visa
geralmente à obtenção do título de bacharel ou
especialista, sendo usada, ainda, como trabalho
de conclusão de alguma disciplina regular.
Em geral, é produção de cerca de 60 páginas,
variando pouco esse número. É o trabalho final
dos cursos de graduação, elaborado depois de
cursados os respectivos créditos e feita a pesquisa correspondente; é desenvolvida, em alguns
casos, sob assistência de um orientador acadêmico. Raramente tem defesa pública.
Artigo
Trabalho acadêmico curto, que apresenta o resultado de investigação sobre tema único e bem
delimitado. Pode ser elaborado com base em
pesquisa original ou apresentar resultado de estudo experimental ou bibliográfico. Pode visar à
obtenção de título, sendo usado ainda como trabalho de conclusão de alguma disciplina regular.
Em geral, é produção de 40 páginas ou menos.
Pode ser resultado de sínteses de trabalhos maiores ou elaborados em número de três ou quatro,
em substituição às teses e dissertações; são desenvolvidos, nesses casos, sob a assistência de
um orientador acadêmico. São submetidos às
comissões e conselhos editoriais dos periódicos,
que avaliam sua qualidade e decidem sobre sua
qualidade, relevância e adequação ao veículo.
Comunicação
Trabalho acadêmico curto, que apresenta normalmente o estado de pesquisa em andamento.
Tanto pode ser elaborada com base em pesquisa
original quanto apresentar estudo experimental
ou bibliográfico. Não visa à obtenção do título,
nem é usada como trabalho de conclusão de alguma disciplina regular, mas pode ser etapa de
estágio, pesquisa ou resultado de sínteses de
trabalhos maiores.
Algumas são feitas sob assistência de orientador
acadêmico. São submetidas às comissões e aos
conselhos dos colóquios, que decidem sobre sua
relevância e adequação ao tema do evento.
Relatório
Trabalho acadêmico, que apresenta o estado de
pesquisa ou trabalhos de outra natureza. Tanto
pode ser elaborado com referência à pesquisa
original quanto apresentar estudo bibliográfico.
Visa comumente apresentar o andamento de
trabalhos junto a órgãos financiadores e fiscalizadores, pode ser etapa de estágio ou pesquisa.
É submetido às comissões e conselhos dos órgãos competentes, ou do evento, que decidem
sobre o mérito.
Resenha
Trabalho acadêmico de divulgação, que apresenta síntese e crítica sobre trabalho mais longo.
Pode ser elaborado com base em leitura motivada por interesse próprio ou sob demanda editorial. Visa, geralmente, à publicação em periódico.
Saiba Mais
Biblioteconomia: É mais do que apenas o estudo da biblioteca, é ciência da informação!
Biblioteconomia é a ciência, que estuda os aspectos da representação, da sistematização, do uso e da disseminação da informação por meio de serviços e produtos informacionais. Trata sobre a análise, planejamento,
implementação, organização e a administração da informação em bibliotecas, bancos de dados, centros de
documentação, sistemas de informação e sites, entre outros.
O papel do profissional bibliotecário vai muito além dos empréstimos e organização da biblioteca; ele é como
um agente mediador entre a informação e quem a busca, de modo que o conhecimento chegue, de forma
rápida e satisfatória, ao seu usuário.
A Biblioteca foi a principal área de atuação do bibliotecário, mas, com o avanço das tecnologias da informação esse profissional, está se inserindo em várias áreas, em que a informação precisa ser organizada, administrada e democratizada, o avanço das tecnologias não restringiram e nem ameaçaram o bibliotecário, mas
fez aumentar ainda mais o perfil profissional do bibliotecário.
A palavra biblioteconomia é composta por três elementos gregos - biblíon (livro) + théke (caixa) + nomos
(regra) assim biblioteconomia é etimologicamente o conjuntos de regras de acordo com as quais os livros
33
capítulo 2
Fonte: http://www.almostzara.
com/2010/02/ebook-lending-libraries-the-future-of-fiction/library_cartoon/
são organizados em espaços apropriados:
estantes, salas, edifícios. Organizar livros implica tanto ordená-los segundo um sistema
lógico de classificação do conhecimento e
conservá-los para que resistam a condições
desfavoráveis de espaço e tempo, como torná-los conhecidos para que sejam utilizados
pelo maior número de pessoas interessadas
nos seus elementos formativos, informativos, estéticos ou simplesmente lúdicos que
eles contêm. Isso tem início antes mesmo
de o livro entrar na biblioteca - por meio de
compra, doação ou permuta - mediante uma
cuidadosa seleção, se o livro atenta aos perfis
dos respectivos usuários.
Porem, atualmente, unidade de análise da Biblioteconomia não é mais somente o livro, mas também a informação, e suas atividades, agora automatizadas, que ultrapassam o espaço da biblioteca. Assim, sua etimologia está sendo questionada pela nova demanda de profissionais atualizados da área.
A Biblioteconomia é uma das profissões mais antigas da humanidade. Estima-se que talvez tenha se iniciado
nos primórdios, com as práticas estabelecidas pelos monges copistas. A Biblioteconomia no Brasil, como
curso de graduação, é considerada como uma das ciências da informação, pelo seu caráter interdisciplinar e
pelo seu objeto de estudo: a informação, estando sobre o guarda-chuva da Ciência da Informação, esta última uma criada após a II Guerra Mundial em virtude da gama de informações surgidas pelo desenvolvimento
de novas tecnologias.
Como seria impossível para determinado usuário de uma biblioteca em sua busca por informação, folhear
todos os livros, ouvir todos os CDs ou manusear todas as formas de suporte da informação presentes na
biblioteca, são desenvolvidas técnicas e serviços de forma a simplificar o acesso à informação contida no
suporte (impresso, digital, sonoro, etc.).
As principais áreas de pesquisa em biblioteconomia são: representação temática, representação descritiva,
linguagens documentárias, serviços de referência, marketing em unidades de informação, arquitetura de
informação, usabilidade, catalogação, gestão de unidades de informação, infometria etc.
Textos Complementares
http://fazendoacontecer.net/2010/02/04/como-formatar-uma-monografia-pelas-normas-abnt-do-inicio-ao-fim-parte-1/
Página que apresenta de maneira objetiva a maneira de formatar os elementos normativos da ABNT para
execução no Word, demonstrando as janelas do programa e como inserir notas de rodapé, justificar o texto,
margens, etc.
http://www.universia.com.br/universitario/materia.jsp?materia=16867#
Página do site Universia que abre um tutorial com as normas da ABNT para digitação de monografia acadêmica
http://www.abnt.org.br/
Portal da ABNT
ATIVIDADE CRÍTICO REFLEXIVA
1. Pesquise, no caso de Artigos, se existe alguma
organização que indexa os periódicos científicos e lhes dá um número, semelhante ao modo
como os livros possuem um número de registro chamado ISBN (International Series Book
Number). E, a seguir, comente a importância do
ISBN e do órgão que normatiza os números de
periódicos.
Fonte: http://cinetecacebrasil.blogspot.com/2010/06/
series-de-animacao-anos-90-parte-3.html
34
capítulo 2
2.
CONCEITO DE
NORMATIZAÇÃO: AS
NORMAS EXISTEM EM
TODA ATIVIDADE
HUMANA!
A normalização torna produtos, processos e serviços disponíveis de forma adequada para serem
utilizados. Seus principais objetivos são o de facilitar a comunicação, de simplificar os processos e de proteger o consumidor.
Presente em nosso cotidiano, sem que seja percebida ela orienta, até mesmo, a melhoria da
qualidade de vida, com normas relativas à segurança, saúde e meio ambiente.
Sua utilidade e relevância são indiscutíveis, pois
as normas são criadas a partir da necessidade
e de experiências nos mais diversos campos da
sociedade. Sua manutenção é constante, tendo
em vista que sempre estão surgindo novas tecnologias, o que exige sua normatização ou atualização das já existentes.
de normas. É membro fundador da ISO, da COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização). É uma entidade privada, sem fins
lucrativos e de utilidade pública, reconhecida
pelo governo brasileiro como único Foro Nacional de Normalização.
O Dia Mundial da Normalização é comemorado
desde 1970, no dia 14 de outubro. A data foi escolhida em virtude de ser o dia de fundação da
ISO (Organização Internacional de Normalização) e tem por objetivo sensibilizar a comunidade sobre a importância da normalização, focando a cada ano um tema diferente.
Para que se desenvolva uma norma, é necessário
que a sociedade manifeste esse interesse através
de respostas às pesquisas realizadas pela ABNT,
para que a Comissão de Estudo elabore um Projeto de Norma que, submetido à Consulta Pública e após aprovação, é colocada à disposição
da sociedade. Esse processo, chamado Análise
Sistemática, é realizado anualmente, para que
o conteúdo das normas mantenha-se sempre
atualizado, seguindo princípios internacionais.
Possui a finalidade de orientar empresas para
que realizem suas atividades de conformidade
com as normas estabelecidas, evitando perdas e
satisfazendo seus clientes.
Entidades representativas de determinado setor
podem sugerir a criação de uma norma. Atualmente estão abertos à consulta nacional cinco
projetos de normas, que estão disponíveis para
a avaliação pela comunidade.
Normalizar, segundo Ferreira, é “Submeter a
norma ou normas; padronizar”(2004). É considerada também uma atividade que estabelece
prescrições que se destinam à utilização comum
e repetitiva em um dado contexto.
A Norma é um documento que fornece diretrizes, regras para atividades, com o objetivo de ordenar, com qualidade, determinada informação.
As normas surgem para facilitar, trazer soluções
para todos, ligar pessoas e, conforme o evento
que comemorou ou 35º Dia Mundial da Normalização “Normas conectam o mundo” Internacionalmente a ISO (International Organization for
Standardization) é o órgão responsável pelo estabelecimento de normas científicas, com a colaboração de cada país, e no Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) adapta
essas normas para utilizarmos. Como membro
da ISSO, podemos sugerir alterações e criação
de normas.
A ABNT foi fundada em 1940 e é responsável
pelo gerenciamento do processo de elaboração
Cada país tem suas próprias regras para normalização, que, ao serem levadas para a ISSO,
influencia a norma mundial. Como já foi mencionado, no caso do Brasil, o encaminhamento
é feito por meio da ABNT.
No âmbito da produção de documentos, também é exigida a normalização. Existem normas
para isso que devem ser seguidas, pois, no caso
de um trabalho acadêmico, por exemplo, não
pode deixar de ser observada a apresentação
gráfica. No momento da apresentação do trabalho realizado, além dos aspectos relativos ao
conteúdo, o aspecto visual e de padronização
dos dados também são itens de suma importância, e, certamente, serão avaliados.
35
capítulo 2
Atualmente a produção acadêmica tem aumentado consideravelmente, sendo exigida, na
maioria dos cursos, a elaboração de TCC, além
da elaboração constante de tantos outros trabalhos, como relatórios, projetos e artigos. O estímulo à produção de artigos é constante nas mais
diversas áreas do conhecimento, muitas vezes
carentes de materiais bibliográficos.
Nesse contexto, a qualidade de trabalhos elaborados pela comunidade acadêmica recebe o suporte dado pelas normas a sua elaboração. Elas
existem para facilitar o trabalho realizado tanto
por acadêmicos quanto por pesquisadores, devendo ser seguidas para que obtenham maior
credibilidade, pois auxiliam na diminuição da
possibilidade de erros.
No momento da elaboração de um texto, o objetivo primeiro é seu conteúdo, colocar as informações relevantes. No entanto, se as informações
não estiverem colocadas de maneira uniforme,
coerente e harmônica elas se perdem por não
terem sido expostas de maneira organizada. Ao
elaborar um documento, é imprescindível que
se adotem regras de normalização, e no Brasil, a
indicada pela ABNT. Com isso , estaremos facilitando o resgate de informações contidas em um
documento, além de protegermos os direitos
autorais e outros benefícios, tanto para quem
elabora quanto para quem acessa seu conteúdo.
As normas existentes relativas à Documentação
são de responsabilidade do Comitê Técnico CB14, cujo âmbito de atuação é: “Normalização no
campo da informação e documentação compreendendo as práticas relativas a bibliotecas, centro de documentação e informação, serviços de
indexação, resumos, arquivos, ciência da informação e publicação”. Tais normas são atualizadas, sempre que é constatada sua necessidade,
devendo os usuários buscar o que existe de mais
atual na área, tendo em vista que os textos deverão atender os padrões recomendados.
Tem-se observado que atualmente em várias
instituições está sendo exigido que TCC e demais
trabalhos acadêmicos estejam dentro do que a
ABNT orienta, sob pena de não serem acolhidas
produções que não obedeçam às referidas normas. Existe a consciência de que tal tarefa não
é tão bem aceita pela comunidade acadêmica.
Os autores têm a árdua tarefa de transformar o
conhecimento adquirido em um produto final,
cuja redação permita que seja compreendido.
Nessa tarefa estão incluídas, também, as apresentações formais, adequadas aos padrões existentes.
Embora haja resistência quanto à aplicação, é de
responsabilidade do autor apresentar um trabalho também com um aspecto gráfico que reflita
todo seu empenho em socializar o conhecimento adquirido e, sem dúvida, com a normalização
correta desse trabalho, haverá uma aceitação
bem maior no meio visado.
Os autores devem obedecer, na apresentação
do trabalho, a regras de normalização em vigência em seu país (razão pela qual estas foram
criadas) da mesma forma que observam regras
para redigi-lo. Ao atentar também para as características estruturais do documento, ele estará
oportunizando que seja de fácil utilização pelos
pesquisadores que possuem interesse em sua
produção intelectual.
Fonte: http://sociedadeblog.blogspot.
com/2011/05/pro-dia-nascer-feliz_14.html
Nesse contexto, o papel da biblioteca é o de instruir e orientar através dos serviços que oferece
e exigir qualidade no momento do recebimento
dos trabalhos a serem incluídos em seu acervo.
Para isso, ela torna-se obrigatoriamente responsável pela orientação de seus usuários no momento da elaboração de seus trabalhos.
Conforme dito por Rodrigues:
Ressalte-se que os bibliotecários orientam bem e, em
geral, atenciosamente a todos quantos procuram fontes em bibliotecas, ajudando a superar dificuldades
concernentes à manipulação dos sistemas de localização de obras nas citadas bibliotecas. (2007, p. 8)
36
capítulo 2
Na Biblioteca, é a bibliotecária de referência o
elo de ligação entre o usuário e a ABNT. É ela
que faz com que a utilização das referidas normas passe a ser algo natural e não uma tarefa
difícil ou obscura.
Ao bibliotecário de referência cabe guiar o autor
para que ele possa apresentar um trabalho uniforme, coerente e com informações de qualidade principalmente no aspecto estrutural.
Tendo em vista a dificuldade e a resistência de
muitos pesquisadores em utilizar as normas da
ABNT em muitas instituições já foram criados
documentos ou normas próprias visando auxiliar
a adoção de normas.
No âmbito da biblioteca, deve-se orientar para
que, no caso de não haver normas próprias da
Instituição, sejam utilizadas as normas originais
da ABNT e não as adotadas por outras instituições, pois geralmente nos acervos existe uma
diversidade de normas que acabam por confundir o usuário.
Cabe salientar que, cada vez menos, as instituições estão recebendo em suas bibliotecas trabalhos que não seguem os padrões recomendados
pela ABNT, o que é muito benéfico no sentido de
que, com isso, se enfatiza a necessidade de que
seja adotada a normalização como um item imprescindível à apresentação dos trabalhos.
Ao se adotar essa exigência nos trabalhos acadêmicos desde as séries iniciais dos cursos de
graduação, está sendo divulgada a existência de
normas relativas à documentação e, assim, será
natural a consulta a elas fazendo com que o argumento da falta de conhecimento ou de familiaridade deixe de existir.
Os trabalhos realizados, sejam eles Trabalhos
de Conclusão de Curso, Dissertações ou Teses,
exigem tanta dedicação do autor para sua realização que é inadmissível que sua apresentação
não esteja compatível com todo o tempo e o trabalho intelectual gastos em sua elaboração.
O papel do bibliotecário é buscar a satisfação
de seu usuário, indicando da forma mais precisa como utilizar os recursos técnicos disponíveis para concluir a parte formal do trabalho
desenvolvido.
Em suma, a tarefa do bibliotecário de referência
é facilitar a vida do autor, fornecendo orientações objetivas nessa fase fundamental, que é a
finalização do trabalho realizado.
Saiba Mais
A primeira metade do século XIV viu o trabalho científico de grandes pensadores. Inspirado em Duns Scot, William de Occam entendia que a filosofia só deveria tratar de temas sobre os quais ela pudesse obter um conhecimento real. Seus estudos em lógica levaram-no a defender o princípio hoje
chamado de Navalha de Occam: se há várias explicações igualmente válidas
para um fato, então devemos escolher a mais simples. Isso deveria levar a
um declínio em debates infrutíferos e mover a filosofia natural em direção
ao que hoje é considerado Ciência.
Na figura ao lado, vemos a Demonstração de Galileu sobre o movimento
acelerado. A base da famosa “Lei da queda de corpos” foi o teorema da velocidade média.
Nessa altura, acadêmicos, como Jean Buridan e Nicole d’Oresme começaram a questionar aspectos da mecânica aristotélica. Em particular, Buridan
desenvolveu a teoria do ímpeto, que explicava o movimento de projéteis e
foi o primeiro passo em direção ao moderno conceito de inércia. Buridan
antecipou Isaac Newton quando escreveu:
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Galileo-1638-173.jpg
Um Conceito de Ciência na Idade Média: A Navalha de Occam
…depois de deixar o braço do arremessador, o projétil seria movido por um ímpeto dado a ele pelo arremessador e continuaria a ser movido enquanto esse ímpeto permanecesse mais forte que a resistência. Esse movimento seria de duração infinita, caso não fosse diminuído e corrompido por uma força contrária resistindo
a ele, ou por algo inclinando o objeto para um movimento contrário.
37
capítulo 2
Nessa mesma época, os denominados Calculatores de Merton College, de Oxford, elaboraram o Teorema
da velocidade média. Usando uma linguagem simplificada, este teorema estabelece que um corpo em movimento uniformemente acelerado percorre, num determinado intervalo de tempo, o mesmo espaço que seria
percorrido por um corpo que se deslocasse com velocidade constante e igual à velocidade média do primeiro.
Mais tarde, esse teorema seria a base da “Lei da queda de corpos”, de Galileu. Hoje sabemos que as principais
propriedades cinemáticas do movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV), que ainda são atribuídas a
Galileu pelos textos de física, foram descobertas e provadas por esses acadêmicos.
Nicole d’Oresme, por sua vez, demonstrou que as razões propostas pela física Aristotélica contra o movimento do planeta Terra não eram válidas e invocou o argumento da simplicidade (da navalha de Occam) em
favor da teoria de que é a Terra que se move, e não, os corpos celestiais. No geral, o argumento de Oresme
a favor do movimento terrestre é mais explícito e bem mais claro do que o que foi dado séculos depois por
Copérnico. Entre outras proezas, Oresme foi o descobridor da mudança de direção da luz através da refração
atmosférica; embora, até hoje, o crédito por esse feito tenha sido dado a Robert Hooke.
Em 1348, a Peste Negra levou este período de intenso desenvolvimento científico a um fim repentino. A
praga matou um terço da população europeia. Por quase um século, novos focos da praga e outros desastres
causaram contínuo decréscimo populacional. As áreas urbanas, geralmente, o motor das inovações intelectuais, foram especialmente afetadas.
Textos Complementares
http://www.graduacao.univasf.edu.br/sibi/arquivos/MANUAL_NORMATIZACAO_UNIVASF.pdf
Manual de Normas de trabalhos acadêmicos da UNIVASF
http://www.sispg.upe.br/
site que traz informações acerca da pesquisa em pós-graduação na UPE.
ATIVIDADE CRÍTICO REFLEXIVA
1. Agora que você sabe a importância da Normatização para a escrita de trabalhos acadêmicos pesquise acerca se existiam normas de composição de trabalhos acadêmicos na Idade
Média e na Antiguidade.
3. NORMAS GERAIS
PARA MONOGRAFIAS
ACADÊMICAS
3.1. A Escrita Acadêmica:
Você precisa dominá-la!
A linguagem escrita tem papel primordial em
nossa sociedade – quer seja porque a escrita é
entendida como uma maneira eficiente de fazer
durar, por meio dos tempos, nossos textos, quer
seja por sua praticidade em termos de comunicação: podemos escrever lembretes para nós
mesmos, avisos para pessoas ausentes, bilhetes, cartas, e-mails, blogs. Há também os textos
escritos transformados em documentos, como
certidão de nascimento, atestado de óbito, registros de casamento. Inclusive nossas leis, con-
tas, multas, enfim, são textos verbais escritos de
vários tipos com múltiplas finalidades.
Mas a linguagem escrita não é utilizada apenas
em várias situações corriqueiras do nosso dia
a dia. Ela nos possibilita também construir tratados filosóficos, teses acadêmicas, trabalhos
científicos – textos que têm características bem
marcadas e diferenciadas daquelas dos textos
que produzimos e consumimos em nossas atividades mais rotineiras. Diferentemente de uma
lista de compras de supermercado, por exemplo,
um texto acadêmico pressupõe um tipo de leitor
que adota procedimentos específicos de leitura,
estabelecendo um ambiente também específico para o processo de construção de sentidos a
partir desse tipo de texto. Esses textos exigem
uma leitura mais lenta, mais cuidadosa, reflexiva, aprofundada e crítica.
38
capítulo 2
Os textos acadêmicos e outros textos (escritos)
Estamos dizendo, então, que a linguagem escrita é utilizada socialmente de diferentes formas.
Essa realização de textos tanto orais como escritos é conhecida em nossa área por gêneros textuais. Todo gênero textual apresenta determinadas características que nos fazem reconhecer
tal gênero, quando o vemos, por exemplo, uma
carta pessoal, um artigo de revista, uma receita
de comida, uma receita médica. Dentre todas
essas diferentes construções sociais de gêneros
textuais, está o gênero acadêmico.
Segundo Bakhtin (1997), gêneros são construções discursivas relativamente estáveis, e portanto, em constante transformação. Assim,
definir gênero significa isolar, apenas temporariamente, algumas características de um conjunto de textos a fim de melhor entender não
apenas sua estrutura, mas seu uso social nas
práticas diárias em que nos engajamos ao fazer
sentido do mundo. Concordamos com Bakhtin
que mais do que apenas reconhecer as características estruturais de um texto, precisamos
entender como esse texto é utilizado nas práticas sociais de interação verbal, isto é, por que alguns textos parecem ter mais ou menos “valor”
do que outros e como nossos textos acadêmicos
são legitimados em espaços de construção de
conhecimento científico. Perceber essas questões é tarefa fundamental para quem trabalha
com a produção da linguagem.
tações construídas a partir das maneiras como
diferentes pessoas interagem entre si e com os
objetos que elas constroem, e, desse modo, o
mundo é visto por elas como altamente dependente de quem o observa (MATURANA, 2001).
Estas últimas, portanto, atribuem grande carga
ideológica às diferentes formas de conhecimento, inclusive ao conhecimento científico e aos
procedimentos utilizados para construir qualquer tipo de conhecimento, seja ele de ordem
religiosa, popular ou científica.
É de dentro desse segundo grupo que muitos
estudiosos caracterizam a língua como discurso, ou seja, posicionam a língua como elemento
central em nossa maneira de entender o processo de construção de conhecimento acadêmico
(dentre eles encontram-se Bakhtin e Foucault,
por exemplo). Para eles, nenhum conhecimento é independente das pessoas que o constroem, sendo sempre subjetivo e tendo a visão de
mundo de seu autor/criador como um elemento
determinante não apenas do que está sendo escrito/lido mas também de como se escreve/lê. É
por isso que, mesmo quando se trata de conhecimento científico, a maneira de relatar é vista
como sendo tão importante quanto o conteúdo
relatado. Dependendo de como o autor se expressa, de como ele seleciona e organiza os elementos que vai abordar, de como ele estrutura
seu texto, ele obterá maior ou menor reconhecimento, maior ou menor grau de legitimidade
para o que escreve.
Características gerais dos textos acadêmicos
Uma ressalva: estaremos tratando aqui de textos acadêmicos na área de Ciências Humanas.
Assim, é preciso lembrar que estamos tratando
de textos acadêmicos produzidos com base em
uma perspectiva de construção de conhecimento científico relativa à área das Ciências Humanas, que não é a mesma de outras ciências como
a matemática ou geologia.
Nas Letras, de um modo geral, não temos uma
atitude homogênea em relação à concepção de
língua e seu papel no processo de construção do
conhecimento científico. Há aqueles que percebem a realidade como sendo “dada”, exterior a
quem a observa e, portanto, independente de
quem a vê. Há também aqueles que concebem
o mundo como sendo um conjunto de interpre-
Fonte: http://mataleonebr.blogspot.com/2008/09/
tutorial-de-como-fazer-caricaturas.html
É preciso entender qual é a posição que o autor
e seu texto ocupam dentro das estruturas sociais de valor acadêmico para inseri-los em determinadas faixas hierárquicas, que, por sua vez,
são determinantes do tipo de reconhecimento
39
capítulo 2
de sua autoridade para poder afirmar com propriedade o que estão querendo dizer. A posição
ocupada por autor e texto nessa estrutura de
valoração social acadêmica, determinada não
apenas pela qualidade argumentativa e estrutural do texto, mas também pela função social
reconhecida na figura de seu autor e do tipo de
conhecimento a que ambos estão relacionados,
influencia o contato do leitor com o texto e, consequentemente, as interpretações que o leitor
fará daquilo que lê. É essa conceituação de língua como discurso que embasa esta disciplina.
Na área acadêmica, há uma série de padrões
textuais utilizados para a divulgação das chamadas pesquisas científicas, dos relatos de pesquisa, e inclusive para os textos que apresentam
discussões teórico-filosóficas. O que ocorre de
similar entre esses padrões é que, quando lemos
qualquer um desses tipos de textos acadêmicos, adentramos uma prática de leitura muito
singular: o objetivo de quem normalmente lê (e
escreve) textos nesse gênero é distinto daquele
de quem lê (e escreve) um editorial de jornal ou
um conto, por exemplo. A prática de leitura aca-
dêmica pressupõe um interesse específico, definido antes do momento de contato com o texto
a ser lido – o leitor acadêmico em geral procura
algo específico, um conteúdo de seu interesse
que costuma ser o principal agente motivador
na busca pelo texto. Suas expectativas diante
do texto são, portanto, bem definidas. Em geral,
espera-se que o texto se atenha diretamente ao
tema proposto, que este tema esteja claramente definido, que o texto apresente e mantenha
uma estrutura mais rígida do que a de outros
textos em geral, uma estrutura na qual a introdução, o desenvolvimento e a conclusão sejam
partes bem marcadas.
Desse modo, o autor de textos acadêmicos também tem diante de si a necessidade de utilizar
uma estrutura textual bastante explícita para
sua escrita: é preciso que ele seja claro, coerente
e conciso, explicitando seu enfoque (sua perspectiva teórica) e esclarecendo, já na introdução
e/ou no resumo de seu texto, o conteúdo abordado, a relevância desse tema (justificativa),
como trata o assunto (metodologia) e os resultados que obteve ou pretende alcançar.
Saiba Mais
Estrutura Geral dos Textos Acadêmicos
Leitores e autores de textos acadêmicos são sujeitos um tanto quanto conservadores, buscando e reproduzindo em seus textos uma estrutura organizacional bastante estável, normalmente dividida em introdução,
desenvolvimento e conclusão.
A introdução é o momento de apresentação do tema e eventuais
subtemas, na qual o autor disserta sobre a questão principal que
será abordada no desenvolvimento do texto e sua relevância no
mundo acadêmico bem como justifica a escolha deste tema para
o texto, apresentando argumentos em defesa de sua importância na área de estudos em que se insere. Em uma dissertação ou
tese, a introdução é desenvolvida em algumas páginas, pois o detalhamento das informações é mais aprofundado. Já em um artigo acadêmico, por exemplo, a introdução pode ser desenvolvida
em apenas uma página. No entanto, em ambos os textos acadêmicos, a introdução segue os mesmos propósitos: apresentar ao
leitor seu objeto de pesquisa e justificar sua importância na área.
Fonte: http://meguiaupair.blogspot.
com/2011/03/1-semana-para-o-dia-d-e-formatura.html
Apesar de encontrarmos variedade nos tipos de textos acadêmicos, essa costuma ser a estrutura organizacional explicitamente encontrada em textos desse tipo. Vejamos, primeiramente, como cada uma dessas
partes se constitui.
Entretanto, no desenvolvimento, isto é, no chamado “corpo do
texto”, encontram-se em geral informações sobre o estado da arte
das pesquisas sobre o mesmo tema e/ou temas relacionados a ele
– em outras palavras, nessa parte do texto acadêmico o autor costuma abordar o que já foi dito por outros
pesquisadores sobre o tema e/ou subtemas que ele vai tratar. Para a construção desse item, o autor realiza
um grande exercício de leitura, pois precisa buscar em outros autores legitimidade para falar sobre as questões que foram tratadas em sua pesquisa.
40
capítulo 2
Nas Ciências Humanas, considera-se que a produção escrita científica é de boa qualidade quando, no desenrolar do desenvolvimento de um trabalho, o autor consegue relacionar conceitos teóricos advindos de outros
autores e formular questionamentos relevantes sobre a área que está sendo abordada.
Além disso, encontra-se nesta parte do texto, muitas vezes dividido em seções, a metodologia da pesquisa
desenvolvida e a análise dos dados coletados, análise produzida quer a partir da relação feita pelo autor entre
a sua própria pesquisa e as pesquisas conhecidas na área e resenhadas por ele neste mesmo texto, quer a
partir da aplicação de metodologia de análise desenvolvida por outras pessoas e aplicada pelo pesquisador
a seus dados. Da mesma forma como ocorre com o espaço destinado à introdução, o desenvolvimento de
uma dissertação ou tese é extremamente detalhado, pois requer que as justificativas pelas escolhas do autor
estejam presentes no texto. Já o desenvolvimento de um artigo pode apenas citar parte de uma pesquisa
desenvolvida, pois não há espaço suficiente para que se apresentem todos os detalhes da pesquisa. O artigo,
de fato, permite que o autor divulgue muitas vezes parte de sua pesquisa de mestrado ou doutorado.
Por fim, a conclusão é reservada para a retomada das principais teorias que embasaram a análise dos dados
e os resultados obtidos. Nela, o autor faz um apanhado geral, resumido, das teorias mais representativas às
quais recorreu para analisar o tema do texto, concluindo com as relações que estabelece entre essas teorias
e sua análise, revendo as conclusões a que se permitiu chegar com o trabalho desenvolvido.
Tanto artigos acadêmicos quanto teses, dissertações e monografias ou trabalhos de conclusão de curso se
desenvolvem em torno dessa estruturação mínima. Em todos eles, costuma aparecer também um resumo
(na mesma língua em que o texto está escrito), seguido de palavras-chave que indicam os principais aspectos
que serão tratados no texto, e normalmente acompanhados de uma tradução deste resumo em uma língua
estrangeira, conforme solicitada pelo veículo por meio do qual o texto está sendo publicado.
Temos, portanto, como podemos perceber do que foi mencionado até agora, uma variedade de textos acadêmicos (abstract, artigos, teses, dissertações, monografias, trabalhos de conclusão de curso) relativamente
estáveis em suas estruturas: esta estabilidade relativa se constitui em um gênero, o gênero acadêmico.
Textos Complementares
http://www.slideshare.net/gens/como-fazer-fichamento-de-texto-ou-livro-427545
Nesta página, demonstra-se como fazer fichamento de texto ou livro, etapa importante do processo de leitura e levantamento bibliográfico.
http://www.dca.fee.unicamp.br/projects/sapiens/Seminars/2002/guiaLaTeX.pdf
Texto em pdf que fala das ferramentas computacionais para digitação de textos acadêmicos, além do Word
e similares.
ATIVIDADE CRÍTICO REFLEXIVA
1. Agora que você estudou sobre a escrita do texto acadêmico, que tal você se propor a escrever o resumo de um texto que tenha lido em outra disciplina?
3.2. A Estrutura da Monografia
Acadêmica: Veja Agora
Quais são as Partes de uma
Monografia!
RESUMO
Elemento obrigatório, constituído de uma sequência de frases concisas e objetivas e não de
uma simples enumeração de tópicos, não ultrapassando 500 palavras, seguido, logo abaixo,
das palavras representativas do conteúdo do
trabalho, isto é, palavras-chave e/ou descritores,
conforme a NBR 6028.
INTRODUÇÃO
A introdução é a apresentação sucinta e objetiva do trabalho, que fornece informações sobre
sua natureza, sua importância e sobre como foi
elaborado: objetivo, métodos e procedimentos
seguidos.
41
capítulo 2
Em outras palavras, é a parte inicial do texto, na
qual devem constar a delimitação do assunto
tratado, objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho.
Lendo a introdução, o leitor deve sentir-se esclarecido a respeito do tema do trabalho como do
raciocínio a ser desenvolvido.
Como forma de esclarecer nossos clientes a respeito do trabalho desenvolvido por nossa equipe, bem como para explicar como é feita a divisão do texto em capítulos, seções e subseções, a
seguir apresentar-se-á comentários sobre a metodologia utilizada, que segue rigorosamente os
padrões estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
1. DA ESTRUTURA DA
MONOGRAFIA
A estrutura de uma monografia compreende as
seguintes partes: elementos pré-textuais; elementos textuais; elementos pós-textuais.
1.1 Elementos pré-textuais
São chamados pré-textuais todos os elementos
que contêm informações e ajudam na identificação e na utilização da monografia.
São considerados elementos pré-textuais de
uma monografia:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Capa (obrigatório);
Contracapa (obrigatório);
Folha de Aprovação (obrigatória);
Dedicatória (opcional);
Agradecimentos (opcional);
Epígrafe (opcional);
Resumo em Língua Vernácula (obrigatório);
Resumo em Língua Estrangeira (obrigatório);
Sumário (obrigatório).
No que se refere aos elementos pré-textuais,
as monografias desenvolvidas por nossa equipe
são elaboradas conforme os elementos apresentados supra.
1.2 Elementos textuais
Parte do trabalho em que é exposto o conteúdo
da monografia. Sua organização é determina-
da pela natureza do trabalho. São considerados
fundamentais os seguintes elementos:
1. Introdução: é a apresentação sucinta e objetiva do trabalho, fornecendo informações
sobre sua natureza, sua importância e sobre
como foi elaborado: objetivo, métodos e
procedimentos seguidos;
2. Desenvolvimento: parte principal do texto,
descrevendo, com detalhes, a pesquisa e
como foi desenvolvida;
3. Conclusão: é a síntese dos resultados do trabalho e tem por finalidade recapitular sinteticamente os resultados da pesquisa elaborada.
1.3 Elementos pós-textuais
São os elementos que têm relação com o texto, mas que, para torná-lo menos denso e não
prejudicá-lo, costumam vir apresentados após a
parte textual.
Dentre os elementos pós-textuais, temos as referências, o glossário, o apêndice, o anexo, o índice.
Dentre os elementos pós-textuais, destacam-se:
1. Referências (obrigatório): conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de
documentos, de forma e permitir sua identificação individual. As referências bibliográficas das monografias devem seguir o padrão
NBR 6023, que fixa a ordem dos elementos
das referências e estabelece convenções
para transcrição e apresentação da informação originada do documento e/ou outras
fontes de informação;
2. Anexo(s) (opcional): é um texto não elaborado pelo autor, que serve de fundamentação,
comprovação e ilustração para a monografia. Em monografias jurídicas, por exemplo,
pode-se colocar uma lei de importância fundamental para o entendimento do texto.
2. DA APRESENTAÇÃO GRÁFICA
A seguir, está descrito o padrão recomendado
pela ABNT (NBR 14724), que foi elaborado para
facilitar a apresentação formal dos trabalhos
acadêmicos.
42
capítulo 2
2.1 Formato e margens
Os trabalhos devem ser digitados em papel
branco A4 (210 mm x 297 mm), digitados em
uma só face da folha.
De acordo com a NBR 14724, o projeto gráfico é
de responsabilidade do autor do trabalho.
Recomenda-se, para digitação, a utilização de
fonte tamanho 12 para o texto e tamanho menor para citações de mais de três linhas, notas
de rodapé, paginação e legendas das ilustrações
e tabelas.
Com relação às margens, a folha deve apresentar margem de 3 cm à esquerda e na parte superior, e de 2 cm à direita e na parte inferior.
2.2 Espacejamento
Todo o texto deve ser digitado com espaço duplo, exceto nas citações diretas separadas do
texto (quando com mais de três linhas), nas notas de rodapé, nas referências no final do trabalho e na ficha catalográfica.
As referências, ao final do trabalho, devem ser
separadas entre si por espaço duplo.
Os títulos das subseções devem ser separados
do texto que os precede ou que os sucede por
dois espaços duplos.
2.3 Notas de rodapé
As notas devem ser digitadas dentro das margens, ficando separadas do texto por um espaço
simples de entrelinhas e por filete de 3 cm, a partir da margem esquerda.
2.4 Indicativos de seção
O indicativo numérico de uma seção precede
seu título, alinhado à esquerda, separado por um
espaço de caractere.
2.4.1 Numeração Progressiva
Para evidenciar a sistematização do conteúdo
do trabalho, deve-se adotar a numeração progressiva para as seções do texto. Os títulos das
seções primárias, por serem as principais divi-
sões de um texto, devem iniciar em folha distinta. Destacam-se gradativamente os títulos
das seções, utilizando-se os recursos de negrito,
itálico ou grifo e redondo, caixa alta ou versal, e
outro, conforme a NBR 6024, no sumário e de
forma idêntica, no texto.
Exemplo:
•
1 SEÇÃO PRIMÁRIA – (TÍTULO 1)
1.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA – (TÍTULO 2)
1.1.1 Seção terciária – (Título 3)
1.1.1.1 Seção quartenária – (Título 4)
1.1.1.1.1 Seção quinária – (Título 5)
Na numeração das seções de um trabalho, devem ser utilizados algarismos arábicos, sem
subdividir demasiadamente as seções, não ultrapassando a subdivisão quinária.
Importante ressaltar, também, que os títulos
das seções primárias – por serem as principais
seções de um texto, devem iniciar em folha
distinta.
Os títulos sem indicativo numérico, como agradecimentos, dedicatória, resumo, abstract, referências e outras, devem ser centralizados.
3. DAS CITAÇÕES
Esta seção aborda o assunto das citações, que
trata da menção, no texto, de uma informação
extraída de outra fonte.
O autor utiliza-se de um texto original para extrair a citação, podendo reproduzi-lo literalmente (citação direta), interpretá-lo, resumi-lo ou
traduzi-lo (citação indireta) ou extrair uma informação de uma fonte intermediária.
De acordo com a NBR 14724 (AGO 2002), recomenda-se, para digitação, a utilização de fonte
tamanho 12 para o texto e tamanho menor para
citações de mais de três linhas, notas de rodapé,
paginação, entre outros elementos.
O item 5.6 da NBR 14724 orienta que “as citações devem ser apresentadas conforme a NBR
10520”. Portanto, as regras referentes à citações, que podem ser diretas ou indiretas, se encontram na NBR 10520 (AGO 2002).
43
capítulo 2
3.1 Citações diretas
Para citações diretas com mais de três linhas, deve-se observar apenas o recuo de 4 cm da margem
esquerda. A citação ficaria da seguinte forma:
de ser livre, deve ser fiel ao sentido do texto original. Não necessita de aspas. A seguir, alguns
exemplos de citações indiretas:
• Para viver em sociedade, necessitou o homem de uma entidade com força superior,
bastante para fazer as regras de conduta,
para construir o Direito. Dessa necessidade,
nasceu o Estado, cuja noção se pressupõe
conhecida de quantos iniciam o estudo do
Direito Tributário. (MACHADO, 2001, p. 31).
• De acordo com Machado (2001), o Estado,
no exercício de sua soberania, exige que os
indivíduos lhe forneçam os recursos de que
necessita, instituindo tributos. No entanto,
a instituição do tributo é sempre feita mediante lei, devendo ser feita conforme os
termos estabelecidos na Constituição Federal brasileira, na qual se encontram os princípios jurídicos fundamentais da tributação.
Importante observar que nas citações indiretas
deve-se colocar o sobrenome do autor (em letra
maiúscula), o ano da publicação da obra e o número da página de onde foi retirado o texto.
Conforme visto supra, nas citações indiretas, diferentemente das citações diretas, não é necessário colocar o número da página na qual o texto
foi escrito.
Por outro lado, na lista de referências bibliográficas, ou seja, no final da monografia, deverá constar a referência completa da seguinte forma:
3.3 Notas de rodapé
• MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 19. ed. São Paulo: Malheiros,
2001.
As citações diretas, no texto, de até três linhas,
devem estar contidas entre aspas duplas. As aspas simples são utilizadas para indicar citação no
interior da citação. A seguir, temos o exemplo
desse tipo de citação:
No que se refere a notas de rodapé, de acordo
com a NBR 10520, deve-se utilizar o sistema autor-data para as citações do texto e o numérico
para notas explicativas.
As notas de rodapé podem ser conforme as notas de referência (ver tópico 3.5) e devem ser
alinhadas, a partir da segunda linha da mesma
nota, abaixo da primeira letra da primeira palavra, de forma a destacar o expoente e sem espaço entre elas e com fonte menor.
Exemplos:
• Bobbio (1995, p. 30) com muita propriedade nos lembra, ao comentar esta situação,
que os “juristas medievais justificaram formalmente a vaidade do direito romano ponderando que este era o direito do Império
Romano que tinha sido reconstituído por
Carlos Magno com o nome de Sacro Império
Romano”.
• _____________________
1 Veja-se como exemplo desse tipo de abordagem o estudo de Netzer (1976).
2 Encontramos esse tipo de perspectiva na
2ª parte do verbete referido na nota anterior, em grande parte do estudo de Rahner
(1962).
Na lista de referências:
3.4 Notas de referência
• BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico:
lições de Filosofia do Direito. São Paulo: Ícone, 1995.
Ao fazer as citações, o autor do texto pode fazer a opção de colocar notas de referência, que
deverá ser feita por algarismos arábicos, devendo ter numeração única e consecutiva para cada
capítulo ou parte. Não se inicia a numeração a
cada página.
3.2 Citações indiretas
Citações indiretas (ou livres) são a reprodução
de algumas ideias, sem que haja transcrição literal das palavras do autor consultado. Apesar
A primeira citação de uma obra, em nota de rodapé, deve ter sua referência completa.
44
capítulo 2
Exemplo: No rodapé da página:
• _____________________
8 FARIA, José Eduardo (Org.). Direitos humanos, direitos sociais e justiça. São Paulo:
Malheiros, 1994.
Conforme visto supra, a primeira citação de uma
obra, obrigatoriamente, deve ter sua referência
completa. As citações subsequentes da mesma
obra podem ser referenciadas de forma abreviada, podendo ser adotadas expressões para evitar repetição desnecessária de títulos e autores
em nota de rodapé.
As expressões com abreviaturas são as seguintes:
a.
b.
c.
d.
e.
f.
g.
h.
apud – citado por;
idem ou Id. – o mesmo autor;
ibidem ou Ibid. – na mesma obra;
sequentia ou et. seq. – seguinte ou que se
segue;
opus citatum, opere citato ou op. cit. – na
obra citada;
cf. – confira, confronte;
loco citato ou loc. cit. – no lugar citado;
passim – aqui e ali, em diversas passagens;
3.5 Notas explicativas
Notas explicativas são as usadas para a apresentação de comentários, esclarecimentos ou considerações complementares que não possam ser
incluídas no texto, devendo ser breves, sucintas
e claras. Sua numeração é feita em algarismos
arábicos, únicos e consecutivos e não se inicia a
numeração a cada página.
4. DAS REFERÊNCIAS
Elemento obrigatório e imprescindível da monografia, elaborado de acordo com a NBR 6023.
Entende-se por referências o conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de documentos, de forma a permitir sua identificação
individual.
As referências podem ser identificadas por duas
categorias de componentes: elementos essenciais e elementos complementares.
4.1 Elementos essenciais
São as informações indispensáveis à identificação do documento. Os elementos essenciais são
estritamente vinculados ao suporte documental
e variam, portanto, conforme o tipo.
Exemplo:
• STORINO, Sérgio Pimentel. Odontologia
preventiva especializada. 1. ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1994.
4.2 Elementos complementares
São as informações que, acrescentadas aos elementos essenciais, permitem melhor caracterizar os documentos. Alguns elementos indicados
como complementares podem tornar-se essenciais, desde que sua utilização contribua para a
identificação do documento.
Exemplo:
• CRUZ, Anamaria da Costa; CURTY, Marlene
Gonçalvez; MENDES, Maria Tereza Reis. Publicações periódicas científicas impressas:
NBR 6021 e 6022. Maringá: Dental Press,
2002.
NOTA – Os elementos essenciais e complementares são retirados do próprio documento.
Quando isso não for possível, utilizam-se outras
fontes de informação, indicando-se os dados assim obtidos entre colchetes.
4.3 Regras Gerais
Os elementos essenciais e complementares da
referência devem ser apresentados em sequência padronizada.
Fonte: http://bibliotecafeevale.wordpress.com/category/biblioteca/page/2/
As referências são alinhadas somente à margem
esquerda do texto e de forma a se identificar
45
capítulo 2
individualmente cada documento, em espaço
simples e separadas entre si por espaço duplo.
4.3.3 Artigo e/ou matéria de revista, boletim
etc. em meio eletrônico
O recurso tipográfico (negrito, grifo ou itálico)
utilizado para destacar o elemento título deve
ser uniforme em todas as referências de um
mesmo documento. Isto não se aplica às obras
sem indicação de autoria, ou de responsabilidade, cujo elemento de entrada é o próprio título,
já destacado pelo uso de letras maiúsculas na
primeira palavra, com exclusão de artigos (definidos e indefinidos) e palavras monossilábicas.
MARQUES, Renata Ribeiro. Aspectos do comércio eletrônico aplicados ao Direito Brasileiro. Jus
Navigandi, Teresina, a. 6, n. 52, nov. 2001. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/
texto.asp?id=2467>. Acesso em: 20 set. 2003.
Os modelos de referências estão exemplificados na NBR 6023. A seguir, alguns exemplos de
referências usadas mais comumente em nossas
monografias.
4.3.1 Livro
CURTY, Marlene Gonçalves; CRUZ, Anamaria
da Costa; MENDES, Maria Tereza Reis. Apresentação de trabalhos acadêmicos, dissertações e
teses: (NBR 14724/2002). Maringá: Dental Press,
2002.
4.3.2 Artigo de revista
GURGEL, C. Reforma do Estado e segurança pública. Política e Administração, Rio de Janeiro, v.
3, n. 2, p. 15-21, set. 1997.
4.3.4 Documento jurídico em meio eletrônico
BRASIL. Constituição da República Federativa
do Brasil. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2003. RT Legislação.
CONCLUSÃO
Parte final do texto, na qual se apresentam
conclusões correspondentes aos objetivos e
hipóteses. Em outras palavras, a conclusão é a
síntese dos resultados da monografia. Tem por
finalidade recapitular sinteticamente os resultados da pesquisa elaborada.
O autor poderá manifestar seu ponto de vista
sobre os resultados obtidos bem como sobre o
seu alcance, sugerindo novas abordagens a serem consideradas em trabalhos semelhantes.
Na conclusão, o autor deve apresentar os resultados mais importantes e sua contribuição ao
tema, aos objetivos e à hipótese apresentada.
NOTA – É opcional apresentar os desdobramentos relativos à importância, síntese, projeção,
repercussão, encaminhamento e outros.
Saiba Mais
Como criar (desenhar) fórmulas matemáticas no computador e salvá-las como imagens?
Escreva suas fórmulas no computador e salve-as em imagens para utilizar em suas ilustrações e trabalhos
I - Math Cast
Escrever fórmulas matemáticas utilizando editores de texto não é uma tarefa fácil. Isso porque as fórmulas
se apresentam de uma maneira diferente dos caracteres comuns, como letras, números e símbolos (operadores) utilizados em cálculos aritméticos simples.
Mas, quando for preciso escrever fórmulas utilizando função, fração, exponenciação ou outros símbolos utilizados na matemática, a dificuldade aparece. A necessidade de um programa para a criação de fórmulas se
apresenta em vários momentos.
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capítulo 2
Professores que estão desenvolvendo suas aulas para apresentação em Datas-show, apostilas, ou até mesmo, para publicá-las em páginas na internet, alunos que estão desenvolvendo trabalhos, ou mesmo outros
profissionais que trabalham com cálculos, são exemplos de usuários que se beneficiariam com um programa
capaz de gerar as fórmulas de maneira mais rápida e prática.
Para escrever fórmulas matemáticas complexas, uma ótima opção é o programa Math Cast, um
programa inteiramente gratuito,
mas com qualidade de programa
profissional. É impressionante a
quantidade de símbolos e de fórmulas que se pode criar com esse
programa! Praticamente todas
as fórmulas matemáticas podem
ser criadas por ele.
O Math Cast é open source, ou
seja, seu código fonte é aberto,
podendo qualquer profissional da área de programação contribuir para o seu aperfeiçoamento e correção
de falhas.
Para utilizar o programa, basta digitar a equação na área de texto no final da janela e em seguida pressionar
“Enter”, automaticamente o programa irá converter para o formato de fórmula. Em seguida, você poderá
fazer o download da imagem e utilizar em seus trabalhos.
Para buscar os símbolos desejados, vá até o menu superior e clique sobre a guia “Math”. Serão exibidos todos
os ramos da matemática com seus respectivos símbolos. É possível, também, mudar as cores do texto e do
plano de fundo, dentre outras configurações. Trata-se de uma excelente ferramenta para ajudá-lo a desenhar
suas fórmulas.
II - Math TYpe
Os editores de texto, de uma forma geral, possuem certas limitações quando se trata de inserção e edição
de fórmulas. Muitos alunos e professores enfrentam problemas para inserir as fórmulas em documentos e
acabam inserindo à mão.
Math Type é um potente editor de equações matemáticas que permite copiar e colar as fórmulas criadas
nele para aplicativos como Microsoft Word, Microsoft Office entre outros editores. Um dos pontos fortes do
programa é a facilidade que o usuário encontra para inserir símbolos utilizados em notações matemáticas,
além de notações como matrizes, frações, inequações, etc.
Os objetos inseridos no Office a partir do Math Type são convertidos para uma imagem, de forma que fica
muito mais fácil manipular e posicionar no documento. Caso seja necessário editar a fórmula, basta dar um
clique duplo em cima da imagem e você poderá alterar qualquer dado normalmente.
III - Equation Grapher
Equation Grapher é, na verdade, um pacote com dois programas: o primeiro, homônimo, é um poderoso
criador de gráficos, e o segundo, o Regression Analyzer, analisa gráficos e cria estatísticas e funções a partir
deles.
Equation Grapher é um dos mais completos programas da atualidade sobre o assunto. À primeira vista, a interface pode assustar, mas bastam
alguns minutos para se familiarizar. Ele executa
qualquer função, utilizando trigonometria, logaritmo, entre outros. Você pode colocar até 12 funções num mesmo gráfico, e estabelecer limites
para eles. O Regression Analyzer é uma ferramenta para análise de gráficos, que possui ferramentas interessantes, como o desenho da linha média, soma, pontos médios, entre muitas outras.
Vale notar que a integração dos dois programas
faz deles ótimas ferramentas para estudo e trabalho, portanto, se você está aprendendo essa
matéria, baixe já essa maravilhosa ferramenta!
Fonte: http://ultradownloads.uol.com.br/screenshot/
Equation-Grapher/7255/72232.html
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capítulo 2
Textos Complementares
http://www.faal.com.br/arquivos/como_fazer_uma_monografia.pdf
Livro (Manual) da autoria de Carvalho Neto, “Como Fazer Uma Monografia”, em pdf, para download.
http://www.metalmat.ufrj.br/seminarios/Palestra_Etica_Andre_Pinto.pdf
Interessante conjunto de slides em pdf que comentam acerca da história da Ciência, das Normas e da questão ética na pesquisa científica.
ATIVIDADE CRÍTICO REFLEXIVA
1. Finalizando os capítulos de Metodologia da Pesquisa, propomos como atividade críticoreflexiva a escrita de uma redação acerca da importância da Metodologia Científica.
BIBLIOGRAFIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMA TÉCNICAS.Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <
www.abnt.org.br >. Acesso em: 10 Nov. 2010.
ÁVILA, Vicente Fideles de. A pesquisa na vida e
na universidade. 2. ed. rev. Campo Grande, MS :
Ed. UFMS; Campo Grande, MS: Ed. UCDB, 2000.
FERREIRA, Aurelio Buarque de Holanda.Novo
dicionario Aurelio da lingua portuguesa. 3.ed.
rev.atual. Curitiba : Positivo, 2004. 1 CD-ROM
FRANÇA, Junia Lessa; VASCONCELLOS, Ana
Cristina de. Manual de normalização de publicações técnico-científicas. 8. ed. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 2007.
GROGAN, Denis. A prática do serviço de referência. Brasília, DF : Briquet de Lemos/Livros,
1995.
PEROTTA, Claudia. Um texto pra chamar de seu:
preliminares sobre a produção de texto acadêmico. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
RODRIGUES, Rui Martinho. Pesquisa acadêmica: como facilitar o processo de preparação de
suas etapas. São Paulo: Atlas, 2007.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação
– referências – elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
______. NBR 10520: informação e documentação – citações em documentos – apresentação.
Rio de janeiro, 2000.
______. NBR 14724: informação e documentação – trabalhos acadêmicos – apresentação. Rio
de Janeiro, 2002.
CURTY, Marlene Gonçalves; CRUZ, Anamaria
da Costa; MENDES, Maria Tereza Reis. Apresentação de trabalhos acadêmicos, dissertações e
teses: (NBR 14724/2002). Maringá: Dental Press,
2002.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do
trabalho científico. 21. ed. rev. ampl. São Paulo:
Cortez, 2000.