PROJETO MAPA DO BRINCAR E AS LEITURAS DOS REGISTROS

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PROJETO MAPA DO BRINCAR E AS LEITURAS DOS REGISTROS
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PROJETO MAPA DO BRINCAR E AS LEITURAS DOS REGISTROS DAS
BRINCADEIRAS
Carina Merkle Lingnau7
Sônia Maria dos Santos Marques8
RESUMO: O brincar é uma atividade presente no cotidiano das crianças. Por acreditarmos na
importância do brincar e na sua diversidade localizamos no Jornal A Folha de São Paulo,
especificamente, no Suplemento Infantil do Jornal: A Folhinha, um projeto intitulado O Mapa do
Brincar, dedicado a mostrar as várias brincadeiras nas várias regiões do Brasil. A partir dessa
ideia lançada no Suplemento Infantil da Folha de São Paulo, esta pesquisa propôs interrogar
um grupo de pessoas da região sul do Brasil sobre as brincadeiras mais populares para o
grupo na época da infância. Para a discussão utilizamos os autores Brougère, Piaget e
Vygostky. Como resultados foram obtidos dados em relação às diferenças de gênero e tempo
histórico em que o entrevistado se inseriu, não sendo detectada a interferência direta da região
em que o entrevistado passou a infância.
Palavras-chave: Brincadeiras. Sul do Brasil. Mapa do brincar
ABSTRACT: Playing is present in the daily lives of children activity. Believing in the importance
of playing and its diversity we found in the newspaper Folha de São Paulo, specifically in the
child newspaper supplement: The Folhinha, a project entitled The Map of Play, dedicated to
showing the various games in various regions of Brazil. From this idea launched in Child
Supplement of Folha de São Paulo, this research proposed interrogate a group of people from
southern Brazil on the most popular games for the group at the time of childhood. For
discussion we used the authors Brougère, Piaget and Vygotsky. As a result we obtained data
regarding gender differences and historical time in which the respondent was inserted, we did
not obtain data related to the direct interference of the region in which the respondent spent his
childhood.
Keywords: Games. South of Brazil .Map of play
“O nosso cérebro é o melhor brinquedo já criado: nele se
encontram todos os segredos, inclusive o da felicidade.”
Charles Chaplin
7
Licenciada em Letras pela UFSC. Especialista em Educação para as Relações Étnico-Raciais pela
UNIOESTE, mestranda em Educação UNIOESTE atua na área das relações étnicas, linguagem e
discurso. Email: [email protected]
8
Doutora em Educação pela UFRGS. Atua como Professora Adjunta da Unioeste, PR. Os temas em que
trabalha estão concentrados na área de educação, história, identidade, relações étnicas, comunidades
quilombolas, memória. Email: [email protected]
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INTRODUÇÃO
Esta foi uma pesquisa realizada na região sul do Brasil para 23 pessoas
de diferentes faixas etárias que responderam as seguintes perguntas: Do que
você brincava quando era criança? E para os mais jovens: Do que você gosta
de brincar?
O brincar, as brincadeiras, os jogos, estão associados à infância e esta
imagem de infância geralmente está relacionada à fase que antecede a idade
adulta. Postman9 em seu livro O Desaparecimento da Infância, traz a ideia de
infância como um artefato social e não como categoria biológica. Por exemplo,
uma criança que trabalha desde cedo, não tem o sentido de infância, pois ela
não teve direito à educação, ao brincar, ao cuidado. Postman
ideia de infância é uma invenção da Renascença.
Nesse
10
afirma que a
sentido,
os
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entrevistados tiveram o período da infância socialmente construído sem
interferência do trabalho infantil e representam 12 cidades que aparecem em
três estados: RS, SC e PR. As respostas não apresentam muitos elementos
regionais, elas estão mais concentradas em aspectos como gênero e tempo
histórico.
Em relação à questão de gênero identifica-se que do grupo de
entrevistadas oito mulheres utilizam a palavra boneca quando falam sobre suas
brincadeiras favoritas. Duas delas utilizam a palavra Barbie ao discorrerem
sobre o assunto bonecas. Nenhum entrevistado do sexo masculino utilizou a
palavra boneca. No entanto, dois entrevistados utilizaram a palavra boneco,
uma entrevistada e outro do sexo masculino.
Outra palavra que só apareceu entre as entrevistadas foi cozinha. Das
13 entrevistadas três utilizaram cozinha como parte da brincadeira.
Brincadeiras comuns aos dois gêneros foram: pega-pega, em quatro respostas
das entrevistadas e em cinco dos entrevistados. Esconde-esconde é comum
em três respostas femininas e quatro masculinas. A brincadeira jogar bola
aparece apenas três vezes, uma vez em uma resposta feminina em que a
entrevistada joga futebol e em duas respostas masculinas.
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1999
1999
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Brincadeiras que aparecem uma única vez entre os entrevistados: pipa,
peão, roda-cutia, professor, jogos de cartas, jogos de tabuleiro, pintura,
carrinho de lomba, carrinho de ferro, hot wheels, brincar de zoológico, bolita,
bilboquê, arquinho, skate, dentista, conversar, pular corda, caixa registradora,
dinheirinho falso, escrever, cientista, experimento, desafios.
Brincadeiras que aparecem no mesmo grupo semântico, mas com
nomes diferenciados: Zapata e amarelinha; professor e aulinha; blocos de
madeira, madeirinha; pega-pega e polícia e ladrão.
Brincadeiras que estão associadas ao mundo da natureza, rural:
guerrinha de esterco de vaca, brincar de mamonas assassinas, construir
pontes, estilingue. Brincadeiras que sinalizam o mundo mais tecnológico:
internet, vídeo game, notebook, assistir desenho.
Brincadeiras mais ligadas às artes manuais, ao artesanal: costurar
roupas para boneca, fazer artefatos utilizando barro, roupas de papel para
boneca, fazer comidinha. Palavras como vizinhos, vizinhas, primos, primas,
amigos, irmãos e irmãs também aparecem como parte do universo da
brincadeira.
Em relação às regiões brasileiras temos que dos 23 entrevistados:
- 08 passaram a infância em SC;
- 07 passaram a infância no RS;
- 08 passaram a infância no PR;
- 01 passou a infância em SP;
Em relação ao gênero e à idade dos entrevistados temos:
-13 são do sexo feminino:
- 05 acima de 40 anos;
- 03 entre 20 e 30 anos;
- 05 abaixo de 08 anos;
-10 são do sexo masculino:
- 05 acima de 40 anos;
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- 03 entre 20 e 36 anos;
- 01 adolescente de 13 anos;
- 01 menino de 07 anos.
Esses dados são importantes para que se estabeleçam relações entre
os tipos de brincadeiras, faixa etária e gênero
FOLHA DE SÃO PAULO: SUPLEMENTO INFANTIL - O MAPA DO BRINCAR
Figura 1 – Mapa do Brincar
Fonte: http://mapadobrincar.folha.com.br/projeto/
A pesquisa realizada pelo Suplemento Infantil da Folha de São
Paulo, a Folhinha, desenvolveu um projeto intitulado: O Mapa do Brincar.
Lançado em maio de 2009, o projeto convidou crianças de todo o país a contar
quais são suas brincadeiras de hoje. Um dos objetivos era descobrir se há
semelhanças e diferenças entre o brincar das várias regiões do país. De maio a
julho, o projeto recebeu 10.204 inscrições de crianças das cinco regiões do
país, representadas por 192 cidades, com participação maior do Sul e do
Sudeste. No ano de 2011 o site recebeu nova versão aumentando a coleta de
brincadeiras nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
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Atualmente o site está dividido da seguinte maneira: brincadeiras,
galeria, memória, mestres, glossário e biblioteca. Cada uma das partes
subdivide-se em outras como, por exemplo: o glossário mostra alguns nomes
diferenciados para as brincadeiras definidas no site e assim por diante.
ENTREVISTAS E MAPA DO BRINCAR DA FOLHINHA DE SÃO PAULO
Como ponto de convergência entre estes dois trabalhos podem-se
encontrar algumas curiosidades:
• Polícia e Ladrão:
também é registrada no Mapa do Brincar na região
sul, porém está localizada no estado do Paraná enquanto no presente
trabalho encontra-se no RS.11
• Zapata (amarelinha): a brincadeira encontra-se na região sul da mesma
forma que este trabalho, porém não existe ainda o registro da variação
do nome zapata.12;
•
Figura 2 - Amarelinha
Fonte: http://mapadobrincar.folha.com.br/projeto/
• Bilboquê: esta brincadeira está tanto no Mapa do Brincar como neste
trabalho. A região também converge para o sul e especificamente o
estado do RS.13 ;
• Esconde-Esconde: verifica-se esta brincadeira no Mapa do Brincar na
região sul, porém neste trabalho não encontramos nenhum nome
específico para a brincadeira14;
11
http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar
http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar/
13
http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar/
14
http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar/
12
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• Pião: No presente trabalho encontramos uma ocorrência da brincadeira
no RS, o Mapa do Brincar aguarda contribuições15.
Figura 3 - Pião
Fonte: http://mapadobrincar.folha.com.br/projeto/
• Bola: As ocorrências para as brincadeiras de bola também ocorreram no
Mapa do Brincar na região sul, porém no presente trabalho não existiram
nomes específicos para as brincadeiras com bola.16
• Bolita: Nesta brincadeira existe um ponto de convergência entre os
trabalhos. Tanto o Mapa do Brincar como o presente trabalho marcam
esta brincadeira no RS.17;
Figura 4 - Bolita
Fonte: http://mapadobrincar.folha.com.br/projeto/
• Roda-Cutia: Esta brincadeira está inserida como cantadas do Mapa do
Brincar, porém ela não ocorre no mapa18.
• Jogos: Os jogos de salão são trazidos pelo Mapa do Brincar como
sinônimos para os jogos deste trabalho. Porém, na região sul não
aparecem os jogos de cartas ou tabuleiro presentes nesta pesquisa.19.
15
http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar/
http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar/
17
http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar
18
http:// www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar/
19
http:// www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar/
16
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• Boneca de papel: Neste trabalho existe uma ocorrência para a região
sul, porém no Mapa do Brincar ela aparece na região sudeste no estado
de SP20 ;
• Pipa: A única ocorrência para esta brincadeira mostrou-se em SP tanto
neste trabalho como no Mapa do Brincar21.
Figura 5 - Pipa
Fonte: http://mapadobrincar.folha.com.br/projeto/
• Pular Corda: Neste trabalho e no Mapa do Brincar existem ocorrências
de corda, porém no Mapa para a região sul ela aparece com
variações.22.
Figura 6 – Pular Corda
Fonte: http://mapadobrincar.folha.com.br/projeto/
CONCLUSÕES
20
21
22
http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar/
http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar/
http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/mapadobrincar/
28
Para Gilles Brougère23, a primeira característica básica da brincadeira é
o faz de conta. Para ele toda brincadeira começa com uma referência a algo
que existe de verdade e que depois é transformada para ganhar novo sentido
em um mundo alternativo onde as coisas não são de verdade. Nesse mundo
alternativo as crianças têm um acordo, o acordo do faz de conta, da
brincadeira. A segunda característica é a decisão em que as regras e a
organização do jogo ou da brincadeira acontece. A terceira característica é a
incerteza, pois ninguém sabe ao certo o que vai acontecer, o brincar implica
possibilidades variadas. Quando questionado sobre as diferenças entre os
jogos de acordo com a região, o autor concorda que existe uma dimensão local
da cultura. Ele exemplifica: “Muitas crianças jogam bola de gude - e em lugares
diferentes as regras podem ser totalmente diversas. Em alguns locais,
desenvolve-se um jeito específico de pular corda. Não há dúvida de que os
jogos se adaptam ao contexto, aos hábitos, aos interesses e ao material
disponível”.
Para Piaget24 jogo representa assimilação ou assimilação predominando
sobre a acomodação. Assimilação tanto funcional como reprodutora. Para o
autor, a assimilação consiste em um processo pelo qual o indivíduo
cognitivamente capta o ambiente e o organiza possibilitando, assim, a
ampliação de seus esquemas (estruturas mentais). Na assimilação o indivíduo
usa as estruturas que já possui. Já a acomodação é para Piaget25 a
modificação de um esquema ou de uma estrutura em função das
particularidades do objeto a ser assimilado. A acomodação pode ser de duas
formas: criar um novo esquema no qual se possa encaixar o novo estímulo, ou
modificar um já existente de modo que o estímulo possa ser incluído. Portanto,
a acomodação não é determinada pelo objeto e sim pela atividade do sujeito
sobre esse, para tentar assimilá-lo.
De modo geral, o autor acredita que os jogos são essenciais na vida da
criança. Primeiramente tem-se o jogo de exercício, aquele em que a criança
repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus
efeitos. Em torno dos 2-3 e 5-6 anos (fase Pré-operatória) nota-se a ocorrência
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dos jogos simbólicos, que satisfazem a necessidade da criança de não
somente relembrar o mentalmente o acontecido, mas também de executar a
representação. Em período posterior surgem os jogos de regras, que são
transmitidos socialmente de criança para criança e por consequência vão
aumentando
de
importância
de
acordo
com
o
progresso
de
seu
desenvolvimento social. Para Piaget26, o jogo constituiu-se em expressão e
condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam
assimilam e podem transformar a realidade.
O autor afirma que a brincadeira
de faz de conta,
[...] está intimamente ligada ao símbolo, uma vez que por meio dele, a
criança representa ações, pessoas ou objetos, pois estes trazem
como temática para essa brincadeira o seu cotidiano (contexto
familiar e escolar) de uma forma diferente de brincar com assuntos
27
fictícios, contos de fadas ou personagens de televisão .
Para Vygotsky28, a brincadeira de faz de conta cria uma zona de
desenvolvimento proximal, pois no momento que a criança representa um
objeto por outro, ela passa a se relacionar com o significado a ele atribuído, e
não mais com ele em si. Assim, a atividade de brincar pode ajudar a passar de
ações
concretas
com
objetos
para
ações
com
outros
significados,
possibilitando avançar em direção ao pensamento abstrato. Vygotsky afirma
que,
a ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação de
intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e
motivações volitivas - tudo aparece no brinquedo, que se constitui,
assim, no mais alto nível do desenvolvimento infantil. A criança
desenvolve-se, essencialmente, através da atividade do brinquedo.29
Tanto Piaget quanto Vygotsky concebem o faz de conta como atividade
muito importante para o desenvolvimento. Relacionando esta discussão teórica
com a pesquisa realizada podemos verificar que assim como Gilles30 comenta,
vários entrevistados variam suas brincadeiras de acordo com a cultura, cidade
26
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PIAGET, 1971, p.76
28
1988
29
1988, p.117)
30
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e estado em que vivem. A mesma questão é verificada no Projeto Mapa do
Brincar. Também em relação aos comentários de Gilles31 é possível perceber a
referência de algo da realidade em várias respostas trazidas pelas
entrevistadas e entrevistados. Quanto à contribuição trazida pelo viés do
aparato teórico de Piaget32 podemos notar a relação entre a maturidade dos
entrevistados e entrevistadas e a ocorrência dos jogos de cartas, jogos de
tabuleiro, videogame e internet.
O interessante é notar como a Folha de São Paulo no projeto Mapa do
Brincar reúne brincadeiras nos vários estados do país registrando tudo em um
espaço digital gerando fotos, arquivos de imagem e som, dicas de teses, cds,
indicações de livros, além de entrevistas. Este movimento do registro das
brincadeiras na plataforma virtual e a realidade de muitas destas brincadeiras
passarem aos ambientes dos jogos virtuais e dos sites das redes por entre as
quais as crianças também estão brincando gera um elemento de convivência
interessante. Em um momento em que os jogos eletrônicos estão bastante em
evidência é importante notar este jogo que o Mapa do Brincar estabelece entre
as brincadeiras nas cinco regiões do Brasil e o seu registro em um site para
que as crianças possam se ver e perceber outras realidades do país.
Ainda em relação ao site Mapa do Brincar fica interessante reparar que a
diversidade não está só nas brincadeiras apresentadas e nem só nas variações
regionais, está também nas diferenças das imagens produzidas no site, muitas
imagens de crianças afro-brasileiras, o que ressalta a identidade dessas
crianças também no brincar do povo brasileiro. Isso permite ampliar o foco da
diversidade, lembrando que a imagem produz-se na relação com o texto,
corroborando com Maffesoli33 quando diz que "na própria realidade, a imagem,
a intuição e o conceito estão, justamente, fortemente unidos”.
Essa pesquisa ainda pode futuramente ampliar o universo de entrevistas
e também as regiões pesquisadas e ousar incorporar outros olhares teóricos
que contemplem aspectos aqui não cogitados.
31
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1971
33
1998, p.58
32
31
REFERÊNCIAS
GURGEL, T. Entrevista com Gilles Brougère sobre o aprendizado do brincar. Disponível
em:
http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-
aprendizagem/entrevista-gilles-brougere-
sobre-aprendizado-brincar-jogo-educacao-infantil-
ludico-brincadeira-crianca-539230.shtml. Acesso em: 07 Abr. 2014.
KISHIMOTO, T. M. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira-Thomson Learning, 2002.
MAFFESOLI, M. Elogio da Razão Sensível. São Paulo: Vozes, 1998.
MAPA DO BRINCAR. Mapa do brincar. Disponível em:
http://mapadobrincar.folha.com.br/
Acesso em: 07 Abr. 2014.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.
POSTMAM, N. O desaparecimento da infância. Rio de Janeiro: Graphia, 1999.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
ANEXOS
RELATOS SOBRE AS BRINCADEIRAS
“... Na minha infância? Eu brincava de bola, jogava futebol mesmo, na época a gente não tinha
telefone nem TV. Então nós líamos, jogávamos bola e conversávamos muito, além de
jogarmos os jogos de tabuleiro. Mesmo sendo filha mulher tinha vários irmãos e por isso o
futebol era de lei nas brincadeiras...”.
Laura – 55 anos - Blumenau, SC.
“Eu fazia cozinhadinha (cozinhava com comida de verdade em um fogãozinho movido à vela),
brincava com boneca de papel, esconde-esconde, pega-pega, brincava com os vizinhos e
vizinhas, quase não brincávamos dentro de casa...”.
Edilaine – 67 anos - Joinville, SC.
“... Puxa, do que eu brincava quando eu era pequena? Ihh me deixa pensar... Ah sim, meus
pais compraram uma cozinha completa (tamanho criança) com louças, acessórios e tudo! Eu e
minhas irmãs recebíamos ‘visitas’ e preparávamos lanchinho de verdade, falávamos dos
maridos, das crianças, como se fôssemos adultas! Também adorávamos brincar de escritório...
Tínhamos máquina de escrever, caixa registradora e dinheirinho falso.”
32
Claudia – 47 anos – Joinville, SC.
“... Essa é fácil! Eu brincava de barbies... Tinha uns 80 vestidinhos e trocava todos os dias,
alimentava e passeava com elas... Também brincava de escritório com mil papeis de cartas
diferentes, fazia coleção...”.
Isabela – 22 anos – Joinville, SC.
“Do que eu brincava? Não sei... Acho que brincava de hot wheels e bonecos, é isso... Hoje eu
jogo na internet, ando de bicicleta, jogo futebol e ando de skate.”
João– 13 anos - Florianópolis, SC.
“... A gente dava aulinha, brincava de boneca, brincava mais dentro de casa, tinha bronquite
asmática, minha mãe só deixava ficar em casa sem sair muito.”
Marilise – 29 anos – Bento Gonçalves, RS.
“... Brincava de pião, amarelinha, pega-pega e polícia e ladrão...”.
Carlos – 49 anos – Pelotas, RS.
“Eu fazia roupinha de boneca com tecido, cortava, costurava... Brincava de casinha, roda cutia,
fazia foguinho para cozinhar em latinha de sardinha e servir em uma tábua que era nossa
mesa.”
Lurdes, 44 anos – Dois Vizinhos, PR
“... Do que eu brincava? Bom... assistia desenhos, brincava de pega-pega, esconde-esconde,
jogava tênis nos fundos da casa contra a parede, andava de bicicleta... Também fazia
zoológicos usando insetos do quintal e outros bichos que eu encontrava.”
Rodrigo, 35 anos – Blumenau, SC
“...Brincava de Mamona Assassina (mamona é uma planta), nós jogávamos uns nos outros,
brincávamos de pega-pega, esconde-esconde...”
Valdair, 43 anos – Palmas, PR
“... A coisa que eu mais lembro é eu brincando de professor, algo que sempre quis e quero
exercer esta profissão!”
Marcos, 22 anos – Dois Vizinhos, PR
“... Minha mãe conta que eu bem pequeno ficava construindo pontes, no quintal de casa
pegava gravetos, folha, sabugo de milho e gastava horas na construção de pontes... Quando
tinha uns seis anos eu ia pra casa de meus avós correndo por entre o milho e a soja, eu
33
brincava de pega-pega e esconde-esconde no final da tarde com muitos primos e primas...
Gostava de brincar no quintal, fora de casa! “
Ricardo– 41 anos – São Luiz Gonzaga, RS
“... Eu brincava de Barbie, bonecas, pega-pega, esconde-esconde...”
Janaína – 23 anos – Francisco Beltrão, PR
“... Bem pequeno eu brincava com um carrinho de ferro, tipo um jipe, entrava nele, brincava...
Lembro bem disso! Mais velho empinava pipa, a gente até fazia negócio na feira vendendo
pipa, de tanto que as pessoas gostavam! Gostava de jogar futebol na rua, era bom brincar...”
Anselmo – 44 anos – São Paulo, SP
“... Eu brinco de cientista, assisto desenho, faço experimentos, brinco com os vizinhos, brinco
com blocos de madeira e bonecos e também gosto do jogar jogos de cartas ou de desafios...”
Patricia – 8 anos – Francisco Beltrão, PR
“... Eu gosto de brincar de boneca, madeirinha (blocos de madeira), gosto de desenhar,
escrever as letras e pintar com tinta guache.“
Raissa – 3 anos – Francisco Beltrão, PR
“Eu gosto de ligar meu notebook e jogar um jogo e amo mesmo tempo assistir desenho, gosto
de brincar com meus amigos...”
Antonio - 7 anos – Francisco Beltrão, PR
“... Eu gostava de brincar no barro, fazer esculturas de rostos em cima de bases de madeira e
loucinha de argila...”
Claudineia – 41 anos- Joinville, SC
“... “Eu brinco de pular corda, boneca, desenhar, assistir TV ...”
Julica – 5 anos – Joinville, SC
“... Jogava bolita, bola... “Brincava com o carrinho de lomba, jogava bilboquê e brincava de
arquinho (arame e rodinha)...”.
Celsão– 49 anos – São José dos Ausentes, RS
“... Tive uma infância rural e urbana, jogava bola, corria no mato, brincava com estilingue,
andava no meio dos bichos, gostava do contato com a natureza... Fazíamos guerrinha de
esterco de vaca! Brincava também de esconder e pega-pega.”
34
Lucinho – 36 anos – Francisco Beltrão, PR
“Brinco de boneca, internet, pega-pega, videogame...”.
Élen – 8 anos – Porto Alegre , RS
“Humm, deixa eu lembrar... Brincava de boneca, dentista, secretária, sapata (amarelinha),
esconder.”
Martina – 42 anos – Porto Alegre, RS
“Brinco na internet, boneca, videogame e pega-pega.”
Martinica – 6 anos – Porto Alegre, RS

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