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MAÇONS MEDIEVAIS
OU OS PRIMÓRDIOS DA
MAÇONARIA
12121212-1492
ROBERTO AGUILAR
M. S. SILVA
A∴R∴L∴S∴ SENTINELA DA FRONTEIRA
FRONTEIRA, CORUMBÁ, MS
ACADEMIA MAÇÔNICA DE LETRAS DE MATO GROSSO
GROSSO DO SUL
BRASIL
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MAÇONS MEDIEVAIS
OUOS PRIMÓRDIOS DA
MAÇONARIA
12121212-1492
1492
ROBERTO AGUILAR
M. S. SILVA
A∴R∴L∴S∴ SENTINELA DA FRONTEIRA
FRONTEIRA, CORUMBÁ, MS
ACADEMIA MAÇÔNICA DE LETRAS DE MATO GROSSO
GROSSO DO SUL
BRASIL
A Idade Média
A Idade Média, Idade Medieval, era Medieval ou Medievo foi o período
intermédio numa divisão esquemática da História da Europa, convencionada
pelos historiadores, em quatro "eras", a saber: a Idade Antiga, a Idade Média, a
Idade Moderna e a Idade Contemporânea. Este período caracteriza-se pela
influência da Igreja sobre toda a sociedade. Esta encontra-se dividida em três
classes: clero, nobreza e povo. Ao clero pertence a função religiosa, é a classe
culta e possui propriedades, muitas recebidas por doações de reis ou nobres a
conventos. Os elementos do clero são oriundos da nobreza e do povo. A
nobreza é a classe guerreira, proprietária de terras, cujos títulos e propriedades
são hereditários. O povo é a maioria da população que trabalha para as outras
classes, constituído em grande parte por servos.
O sistema político, social e económico característico foi o feudalismo1, sistema
muito rígido em progressão social.
1
O feudalismo foi um modo de organização social e político baseado nas relações servocontratuais (servis). Tem suas origens na decadência do Império Romano. Predominou na
Europa durante a Idade Média.
3
Fome, pestes e guerras são uma constante durante toda a era medieval. As
invasões de árabes, vikings e húngaros dão-se entre os séculos VIII e XI. Isto
trouxe grande instabilidade política e económica.
A economia medieval é em grande parte de subsistência. A riqueza era medida
em terras para cultivo e pastoreio. O comércio era escasso e a moeda era rara.
A economia baseava-se no escambo2. Muitos Estados europeus são criados
nesta época: França, Inglaterra, Dinamarca, Portugal e os reinos que se
fundiram na moderna Espanha, entre outros. Muitas das línguas faladas na
Europa evoluíram nesta época a partir do latim, recebendo influências dos
idiomas dos povos invasores. O período da Idade Média foi tradicionalmente
delimitado com ênfase em eventos políticos. Nesses termos, ter-se-ia iniciado
com a desintegração do Império Romano do Ocidente3, no século V (em 476 d.
C.), e terminado com o fim do Império Romano do Oriente4, com a Queda de
2
Escambo,permuta, troca direta ou, simplesmente, troca é a transacção ou contrato em que
cada uma das partes entrega um bem ou presta um serviço para receber da outra parte um
bem ou serviço em retorno, sem que um dos bens seja moeda. Isto é, sem envolver dinheiro ou
qualquer aplicação monetária aceita ou em circulação.
3
O Império Romano do Ocidente constituía a metade Ocidental do Império Romano após a sua
divisão por Diocleciano em 286 d.C. e existiria intermitentemente em diversos períodos entre
os séculos III e V, após a Tetrarquia de Diocleciano e as reunificações associadas a
Constantino o Grande e seus sucessores. Considera-se que o Império Romano do Ocidente
terminou com a abdicação de Rômulo Augusto em 4 de setembro de 476, forçada pelo chefe
germânico Odoacro. Sua contraparte, o Império Romano do Oriente, sobreviveria por mais
1.000 anos. Embora unido lingüisticamente - e, mais tarde, sob o cristianismo romano -, o
Império Romano do Ocidente englobava, na verdade, grande número de culturas diferentes
que haviam sido assimiladas de maneira incompleta pelos romanos, diferentemente do Império
Romano do Oriente, que falava o grego e era culturalmente unificado desde as conquistas de
Alexandre o Grande no século IV a.C. Portanto, o Império Romano de fato era dividido em
termos culturais, religiosos e lingüísticos. Se o Oriente helenístico sustentava-se em torno da
cultura grega e da Igreja Ortodoxa, a unidade cultural do Ocidente foi gravemente afetada pelo
influxo dos bárbaros. Em 410, Roma foi saqueada pela primeira vez em mais de 800 anos,
pelos visigodos comandados por Alarico I, e aos poucos a parte Ocidental do império passou a
ser governada pelas tribos invasoras. Apesar de breves períodos de reconquista pelo Império
Romano do Oriente, o Império do Ocidente não conseguiria reerguer-se.
4
O Império Bizantino (em grego Βασιλεία Ῥωµαίων), inicialmente conhecido como Império
Romano do Oriente ou Reinado Romano do Oriente, sucedeu o Império Romano (cerca de
395) como o império e reinado dominante do mar Mediterrâneo. Sob Justiniano I, considerado
o último grande imperador romano, albergava Cartago e áreas nos atuais Marrocos, sul da
península Ibérica, sul da França, Itália, bem como suas ilhas, península Balcânica, Anatólia,
Egito, Oriente Próximo e a Crimeia, no mar Negro. Sob a perspectiva ocidental, não é errado
inserir o Império Bizantino no estudo da Idade Média, mas, a rigor, ele viveu uma extensão da
Idade Antiga. Os historiadores especializados em Bizâncio em geral concordam que seu
apogeu se deu com o grande imperador da dinastia Macedônica, Basílio II Bulgaroctonos
(Mata-Búlgaros), no início do século IX. A sua regressão territorial gradual delineou a história
da Europa medieval, e sua queda, em 1453, frente aos turcos otomanos, marcou o fim da
Idade Média. A palavra bizantino vem de Bizâncio, o antigo nome da capital do Império
Romano do Oriente, Constantinopla. O termo bizantino começou a ser utilizado por
historiadores do século XVII para se criar uma distinção entre o Império da Idade Média e o da
Antiguidade. O Tradicionalmente, era conhecido apenas como Império Romano do Oriente
4
Constantinopla5, no século XV (em 1453 D.C.) ou com a descoberta da
América (em 1492).
A Era Medieval pode também ser subdividida em períodos menores, num dos
modos de classificação mais populares, é separada em dois períodos:
1.
Alta Idade Média, que decorre do século V ao X;
2.
Baixa Idade Média, que se estende do século XI ao XV.
Uma outra classificação muito comum divide a era em três períodos:
1.
Idade Média Antiga (ou Alta Idade Média ou Antiguidade Tardia) que
decorre do século V ao X;
2.
Idade Média Plena (ou Idade Média Clássica) que se estende do século
XI ao XIII;
3.
Idade Média Tardia (ou Baixa Idade Média), correspondente aos séculos
XIV e XV.
Esse período inicial da história medieval é conhecido como "Primeira Idade
Média", pois é uma fase de transição e de adaptações da Europa. Períodos
históricos "de transição" também podem ser denominados Idade Média, porém
o período medieval é um evento estritamente europeu. Principalmente a partir
do século V, os pensadores cristãos perceberam a necessidade de aprofundar
uma fé que estava amadurecendo, com o intuito de harmonizá-la com as
exigências do pensamento filosófico. Desse modo a Filosofia, que até então
possuía traços marcadamente clássicos e helenísticos6, passou a receber
(devido à divisão do Império feita pelo imperador romano Teodósio I, no século IV da Era
Cristã).
5
Denomina-se queda de Constantinopla a conquista da capital bizantina pelo Império Otomano
sob o comando do sultão Maomé II, na terça-feira, 29 de maio de 1453. Isto marcou não
apenas a destruição final do Império Romano do Oriente, e a morte de Constantino XI, o último
imperador bizantino, mas também a estratégica conquista crucial para o domínio otomano
sobre o Mediterrâneo oriental e os Bálcãs. A cidade de Constantinopla permaneceu capital do
Império Otomano até a dissolução do império em 1922, e foi oficialmente renomeada Istambul
pela República da Turquia em 1930.
6
Designa-se por período helenístico (do grego, hellenizein – "falar grego", "viver como os
gregos") o período da história da Grécia e de parte do Oriente Médio compreendido entre a
morte de Alexandre o Grande em 323 a.C. e a anexação da península grega e ilhas por Roma
em 146 a.C.. Caracterizou-se pela difusão da civilização grega numa vasta área que se
estendia do mar Mediterrâneo oriental à Ásia Central. De modo geral, o helenismo foi a
concretização de um ideal de Alexandre: o de levar e difundir a cultura grega aos territórios que
conquistava. Foi naquele período que as ciências particulares tiveram seu primeiro e grande
desenvolvimento. Foi o tempo de Euclides e Arquimedes. O helenismo marcou um período de
transição para o domínio e apogeu de Roma. Durante o período helenista foram fundadas
várias cidades de cultura grega, entre elas Alexandria e Antioquia, capitais do Egito ptolemaico
e do Império Selêucida, respectivamente
5
influências da cultura judaica e cristã. Alguns temas que antes não faziam parte
do universo do pensamento grego, tais como: "Fé", "Salvação", "Providência e
Revelação Divina" e "Criação a partir do nada" passaram a fazer parte de
temáticas filosóficas.
A partir do século IX, desenvolveu-se a principal linha filosófica do período, que
ficou conhecida como Escolástica7. Essa filosofia ganhou acentos notadamente
cristãos, surgida da necessidade de responder às exigências de fé ensinada
pela Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais
de toda a Cristandade e, por assim dizer, responsável pela unidade de toda a
Europa, que comungava da mesma fé. A Escolástica teve uma constante de
natureza neoplatônica8, que combinava elementos do pensamento de Platão9
com valores de ordem espiritual, reinterpretados pelo Ocidente cristão. No
século XIII, Tomás de Aquino10 incorporou elementos da filosofia de
Aristóteles11 no pensamento escolástico. A questão chave que vai atravessar
todo o pensamento filosófico medieval é a harmonização de duas esferas; "a
7
A Escolástica (ou Escolasticismo) é uma linha dentro da filosofia medieval, de acentos
notadamente cristãos, surgida da necessidade de responder às exigências da fé, ensinada pela
Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a
Cristandade. Por assim dizer, responsável pela unidade de toda a Europa, que comungava da
mesma fé. Esta linha vai do começo do século IX até ao fim do século XVI, ou seja, até ao fim
da Idade Média. Este pensamento cristão deve o seu nome às artes ensinadas na altura pelos
escolásticos nas escolas medievais. Estas artes podiam ser divididas em Trivium (gramática,
retórica e dialéctica) e Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). A escolástica
resulta essencialmente do aprofundar da filosofia.
8
O Neoplatonismo foi uma corrente de pensamento iniciada no século III que se baseava nos
ensinamentos de Platão e dos platônicos, mas interpretando-os de formas bastante
diversificadas. Apesar de muitos neoplatônicos não admitirem, o neoplatonismo era muito
diferente da doutrina platônica. O prefixo neo, inclusive, só foi adicionado pelos estudiosos
modernos para distinguir entre os dois, mas na época eles se autodenominavam platônicos.
9
Platão (em grego: Πλάτων, transl. Plátōn, "amplo", Atenas, 428/427 – Atenas, 348/347 a.C.)
foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos
filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do
mundo ocidental. Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, Platão
ajudou a construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental. Acreditase que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles; Platão era um apelido que, provavelmente,
fazia referência à sua característica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou
ainda a sua ampla capacidade intelectual de tratar de diferentes temas, entre eles a ética, a
política, a metafísica e a teoria do conhecimento.
10
São Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225 — Fossanova, 7 de março 1274) foi um padre
dominicano, filósofo, teólogo, distinto expoente da escolástica, proclamado santo e
cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica.
11
Aristóteles (em grego: Ἀριστοτέλης, transl. Aristotélēs; Estagira, 384 a.C. – Atenas, 322 a.C.)
foi um filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande. Seus escritos
abrangem diversos assuntos, como a física, a metafísica, a poesia, o teatro, a música, a lógica,
a retórica, o governo, a ética, a biologia e a zoologia.
6
fé" e "a razão". O pensamento de Agostinho de Hipona12 (século V) reconhecia
a importância do conhecimento, mas defendia uma subordinação maior da
razão em relação à fé, por crer que esta última venha restaurar a condição
decaída da razão humana. Já a linha de Tomás de Aquino (século XIII)
defende maior autonomia da razão na obtenção de respostas, apesar de não
negar tal subordinação da razão à fé.
Como resultado das migrações bárbaras13 e da implosão do Império Romano
do Ocidente, a Europa Ocidental do início da Idade Média era pouco mais que
uma manta de retalhos de populações rurais e tribos bárbaras.
Perdeu-se o acesso aos tratados científicos original da antiguidade clássica (em
grego), ficaram apenas versões resumidas, e até deturpadas, que os romanos tinham
traduzido para o latim.
A única instituição que não se desintegrou juntamente com o falecido império, a
Igreja Católica, manteve o que restou de força intelectual, especialmente
através da vida monástica14. O homem instruído desses séculos era quase
sempre um clérigo15 para quem o estudo dos conhecimentos naturais era uma
pequena parte de sua escolaridade. Esses estudiosos viviam numa atmosfera
12
Aurélio Agostinho (em latim: Aurelius Augustinus), dito de Hipona, conhecido como Santo
Agostinho (Tagaste, 13 de novembro de 354 - Hipona, 28 de agosto de 430), foi um bispo,
escritor, teólogo, filósofo e é um Padre latino e Doutor da Igreja Católica.
13
Na História da Europa, dá-se o nome de invasões bárbaras, ou período das migrações, ou a
expressão alemã Völkerwanderung [fœlkervandəruŋ], à série de migrações de vários povos
que ocorreu entre os anos 300 a 900 a partir da Europa Central e que se estenderia a todo o
continente. A referência aos bárbaros, nome cunhado pelos gregos e que em grego antigo
significava apenas estrangeiro, foi usada pelos Romanos para designar os povos que não
partilhavam os seus costumes e cultura (nem a sua organização política),pode induzir alguns
leitores, incorrectamente, na hipótese que as migrações implicaram violentos combates entre
os migrantes e os povos invadidos. No entanto, a história provou que nem sempre assim foi, já
que os romanos também eram chamados de "bárbaros" (estrangeiros) pelos gregos e os povos
migrantes já coexistiam pacificamente com os cidadãos do Império nos anos que antecederam
este período.
14
Um mosteiro ou monastério é uma instituição e edifício de habitação, oração e trabalho de
uma comunidade de monges ou monjas. Os mosteiros budistas são chamados de Vihara
(embora no budismo tibetano possa ser usado o termo "gompa"). Os mosteiros cristãos
ocidentais também são chamados de abadia, priorado, convento cartuxo, convento de frades, e
preceptoria, enquanto a habitação de freiras também pode ser chamada de convento. A vida
comum de um mosteiro cristão é chamada cenobítica, ao contrário do anacorético (ou
anacoreta) da vida de um anacoreta e da vida eremítica de um eremita.
15
Clero (do grego κληρος, transl. klêros), designa o conjunto de sacerdotes (ou clérigos ou
ainda ministros sagrados) responsável por um culto religioso.
7
que dava prioridade à fé e tinham a mente mais voltada para a salvação das
almas do que para o questionamento de detalhes do universo físico.
Em alguns aspectos, no século IX, o retrocesso causado pelas migrações já
estava revertido. No século X ocorre a contenção das últimas ondas de
invasões estrangeiras. E por volta de 1100 ocorre uma revolução que
combinou renascimento urbano e comercial, ampliação de culturas e fronteiras
agrícolas, crescimento econômico, desenvolvimento intelectual e grandes
evoluções tecnológicas. Começam a serem abertas novas escolas ao longo de
todo o continente, inclusive em cidades e vilas menores. Por volta de 1200 são
fundadas as primeiras universidades – Paris, Coimbra, Bolonha e Oxford – (em
1500 já seriam mais de 70). Começa um forte movimento de tradução de
documentos em língua árabe e grega, que tornam o conhecimento do mundo
antigo novamente disponível para os eruditos europeus. Tudo isso possibilitou
um grande progresso em conhecimentos como a Astronomia, a Matemática, a
Biologia e a Medicina.
Causavam espanto e admiração inovações tais como grandes relógios
mecânicos que transformaram a noção de tempo nas cidades. Presenciaramse descobertas como as dos óculos, em 1285, e da prensa móvel, em 1448.
Houve também muitas inovações na forma de utilizar os meios de produção,
com as técnicas de serralheria e incisão de pedras, a fundição de ferro, e os
avanços nas técnicas de construção aplicadas ao estilo gótico. No setor
agrícola, temos o desenvolvimento de ferramentas como a charrua16, melhorias
em carroças e carruagens, arreios para animais de carga, e a utilização de
moinhos d'água. Avanços em instrumentos como a bússola e o astrolábio17, na
confecção de mapas e a invenção das caravelas tornaram possível a expansão
marítimo-comercial Europeia na Idade Moderna.
16
A charrua é semelhante ao arado, mas rasga mais profundamente a terra e é mais durável,
já que usa-se o ferro na sua construção; geralmente, essa relha de ferro é puxada por animais.
Esse sistema foi desenvolvido durante a Idade Média Central, e era considerado um dos
avanços tecnológicos daquela época. Sua adoção proporcionou um aumento na produção, e
dessa forma gerou um excedente de alimentos, já que antes era praticada a agricultura de
substência. Mais tarde, esse entre outros avanços tecnológicos ajudaram no retorno da prática
do comércio devido à sobra de produtos.
17
O astrolábio é um instrumento naval antigo, usado para medir a altura dos astros acima do
horizonte.
8
Antes de 1500, a visão do mundo dominante na Europa, assim como na
maioria das outras civilizações, era orgânica. As pessoas viviam em
comunidades pequenas e coesas, e vivenciavam a natureza em termos de
relações orgânica, caracterizadas pela interdependência dos fenômenos
espirituais e materiais e pela subordinação das necessidades individuais às da
comunidade. A natureza da ciência medieval baseava-se na razão e na fé, e
sua principal finalidade era compreender o significado das coisas e não exercer
a predição ou o controle da história.
A Idade Média foi, em termos bélicos, como um período de grandes
desenvolvimentos tecnológicos, essencialmente provindos de dois grandes
laboratórios, o Médio Oriente e a península Ibérica. As duas zonas, que desde
muito cedo se tornaram palcos de violentas batalhas entre mouros18 e cristãos,
18
Denominam-se mouros de forma geral às populações islamizadas do noroeste de África,
responsáveis pela Invasão islâmica da península Ibérica a partir do século VIII. Na Antiguidade,
os romanos denominavam "mauri" (mauros) às populações que habitavam a região noroeste
da África, que por sua vez designavam de Mauritânia. Estas populações pertenciam a grupo
étnico maior, o dos berberes, que posteriormente, à época da expansão islâmica, vieram a
adotar esta religião, muitos dos quais adotando mesmo a língua árabe, além do idioma nativo.
Estas populações juntaram-se aos árabes na conquista da península Ibérica durante o século
VIII. A chamada "civilização moura" ou "civilização mourisca", que floresceu na Idade Média,
era predominantemente árabe. Na tradição oral portuguesa, os mouros são protagonistas de
narrativas associáveis a cultos pré-cristãos, muitas vezes pré-históricos. Em geral, as lendas
9
fizeram com que a prática, a filosofia, a tecnologia e a própria génese da guerra
evoluíssem. Temos que ter consciência que os termos cruzada19 e jihad20
surgem nesta época, e embora ambas tenham um significado extremamente
semelhante, são dois paradigmas de uma realidade muito peculiar.
Quando ocorreu a invasão muçulmana da península Ibérica21, o povo
dominante eram os Visigodos22, cujos exércitos se apoiavam essencialmente
das mouras encantadas que guardam tesouros, andam associadas a montes, florestas,
rochedos, monumentos pré-históricos ou fontes e revelam restos de tradições muito antigas.
19
Chama-se cruzada a qualquer um dos movimentos militares de inspiração cristã que partiram
da Europa Ocidental em direção à Terra Santa (nome pelo qual os cristãos denominavam a
Palestina) e à cidade de Jerusalém com o intuito de conquistá-las, ocupá-las e mantê-las sob
domínio cristão. Estes movimentos estenderam-se entre os séculos XI e XIII, época em que a
Palestina estava sob controle dos turcos muçulmanos. No médio oriente, as cruzadas foram
chamadas de invasões francas, já que os povos locais viam estes movimentos armados como
invasões e por que a maioria dos cruzados vinha dos territórios do antigo Império Carolíngio e
se auto-denominavam francos.
20
Jihad (em árabe: ‫ د‬, jihād) é um conceito essencial da religião islâmica. Pode ser entendida
como uma luta, mediante vontade pessoal, de se buscar e conquistar a fé perfeita. Ao contrário
do que muitos pensam, jihad não significa "Guerra Santa", nome dado pelos Europeus às lutas
religiosas na Idade Média (por exemplo: Cruzadas). Aquele que segue a Jihad é conhecido
como Mujahid.
21
A invasão muçulmana da Península Ibérica, também chamada conquista árabe ou conquista
muçulmana, refere-se a uma série de deslocamentos militares e populacionais ocorridos a
partir do esforço iniciado em 711, quando tropas muçulmanas vindas do Norte de África,
lideradas pelo general Tárique, cruzaram o mar Mediterrâneo, na altura do estreito de Gibraltar,
e entraram na península Ibérica, vencendo Rodrigo, o último rei visigodo da Hispânia, na
batalha de Guadalete. Após a vitória, termina o Reino Visigótico de Toledo. Nos séculos
seguintes, os muçulmanos foram alargando as suas conquistas na península, assenhoreandose do território designado em língua árabe como Al-Andalus, que governaram por quase
oitocentos anos. Al-Andalus (em árabe: ‫ا ــــد س‬, al-ʼAndalus; alåndɑlʋs) foi o nome dado à
península Ibérica pelos seus conquistadores islâmicos do século VIII, tendo o nome sido
10
numa infantaria pesada, muito lenta. Os exércitos mouros, todavia, utilizavam
uma cavalaria extremamente veloz, com armamento defensivo muito ligeiro,
que lhes permitia uma rápida evolução no terreno e que deu a estes exércitos a
vantagem, pelo menos numa fase inicial, e permitiu a conquista da maior parte
da península a um ritmo apenas observado nos conflitos contemporâneos.
Peste negra
Em meados do século XIV, uma doença devastou a população europeia.
Historiadores calculam que aproximadamente um terço dos habitantes
europeus morreu nesta época, seja pela doença, por guerras ou por fome. A
Peste Negra era transmitida através da picada de pulgas de ratos doentes.
Estes ratos chegavam à Europa nos porões dos navios vindos do Oriente.
Como as cidades medievais não tinham condições higiênicas adequadas, os
ratos se espalharam facilmente. Após o contato com a doença, a pessoa tinha
poucos dias de vida. Febre, mal-estar e bulbos (bolhas) de sangue e pus
espalhavam-se pelo corpo do doente, principalmente nas axilas e virilhas.
utilizado para se referir à península independentemente do território politicamente controlado
pelas forças islâmicas.
22
Os visigodos foram um de dois ramos em que se dividiram os godos, um povo germânico
originário do leste europeu, sendo o outro os ostrogodos. Ambos pontuaram entre os bárbaros
que penetraram o Império Romano tardio no período das migrações. Após a queda do Império
Romano do Ocidente, os visigodos tiveram um papel importante na Europa nos 250 anos que
se seguiram, particularmente na península Ibérica, onde substituíram o domínio romano na
Hispânia, reinando de 418 até 711, data da invasão muçulmana, que substituiria o reino
visigodo pelo Al-Andaluz.
11
Como os conhecimentos médicos eram pouco desenvolvidos, a morte era
certa. Para complicar ainda mais a situação, muitos atribuíam a doença a
fatores comportamentais, ambientais ou religiosos. Muitos fugiam para o meio
rural com medo de serem infectados.
Imagem extraída de Bíblia (Toggenburg Bible, 1411)
que retrata os efeitos da Peste na população européia
do período medieval.
Médico (usando máscara) que cuidava de
doentes com a peste negra.
12
Maçonaria Medieval
Segundo a Loja São Paulo 43, a Maçonaria tem sua origem na Inglaterra, na
época medieval. Uma data histórica separa dois períodos da Instituição: 24 de
junho de 1717. Até esta data, podemos classificá-la como Maçonaria
Operativa. A partir disso, Maçonaria Aristocrática, cujo limite se estende ao ano
de 1789. Deste ano em diante, até os nossos dias, surge o período
Democrático.
Maçonaria Operativa
Neste período, as Lojas, as organizações dos pedreiros (freemasons) usavam
pergaminhos legais, conhecidos como “Old Charges”- “Antigos Deveres”,
baseando neles seus Regulamentos Gerais. Os “Old Charges” faziam
referência às Lojas e aos Regulamentos, Deveres, Segredos e Usos da
Fraternidade.
Uma das primeiras referências que temos de um maçom é um libelo contra o
Nicholas le maçom (“Nicholas le Freemason”) que em 1325 foi acusado de
ajudar os prisioneiros fugir de prisão Newgate em Londres.
Prisão Newgate em Londres.
13
No entanto, este é simplesmente o primeiro uso conhecido da palavra em
Inglês, e há uma referência em latim para Sculptores Liberorum Lapidum
(escultores de pedras), em Londres em 1212.
Conforme Prescott (2011) as origens da moderna maçonaria como um
movimento social encontram-se as fraternidades religiosas que floresceram
particularmente após a Peste Negra de 1349. Essas fraternidades existiram
primeiramente para orar pelas almas dos seus membros, mas cada vez mais,
fraternidades particulares receberam a participação de certas grupos de
artesãos (guildas), e eles começaram a assumir a responsabilidade pela
regulamentação do comércio. Estas corporações emergentes começaram a ser
dominada por grupos de elite.
Guilda de tecelões.
A sugestão de que isso aconteceu dentro do ofício dos pedreiros
ocorreu em Londres, em 1376, onde há uma referência à corporação dos
pedreiros livre (“freemasons”) que depois foi substituída pela palavra
'maçom'.
Existem outras indicações de que a partir do século XIV, o termo maçom foi
sendo cada vez mais aplicada aos prósperos pedreiros contratados para
14
trabalhos individuais. A peste negra tinha causado uma escassez de artesãos
qualificados particularmente acentuada no setor da construção civil.
Guildas
As guildas, corporações artesanais ou corporações de ofício, eram associações
de artesãos de um mesmo ramo, isto é, pessoas que desenvolviam a mesma
atividade profissional que procuravam garantir os interesses de classe .
Ocorreram na Europa, durante a Idade Média e mesmo após. Cada cidade
tinha sua própria corporação de ofício. Essas corporações tinham como
finalidade proteger seus integrantes.
As primeiras guildas surgiram para direito do trabalhador (o mais antigo
testemunho das guildas chegado a nós data de 779 d. C., mas as fontes não
conseguem confirmar o local onde surgiram). Apesar de a maioria das guildas
limitar-se às fronteiras da cidade ou comuna, algumas formaram-se sobre
espaço geográfico amplo, por vezes uma nação inteira.
Também havia as associações de mercadores, ou hansas, que monopolizavam
determinados trechos de comércio. O segredo industrial era parte importante
da instituição das guildas. A passagem para o grau de mestre normalmente
acontecia com a revelação destes segredos.
Hierarquia nas guildas
Aprendizes
Os aprendizes iniciavam seu treino ainda na infância, quando passavam para a
tutela de um mestre; com o tempo e longo aprendizado, podiam chegar a
mestres também, se fossem aprovados num exame da corporação (a obraprima). Normalmente os aprendizes eram filhos ou parentes do mestre. Eles
trabalhavam recebendo, em troca, comida, moradia, etc.
Mestres
Os mestres eram os donos das oficinas, devidamente licenciados como sábios
na atividade.
15
Artesãos
Os artesãos eram trabalhadores pagos que embora terminado o seu
aprendizado, não possuiam oficinas próprias.
Em 1425, foi aprovada uma lei que proíbia os pedreiros de realizarem
assembléias para exigir salários mais altos. É neste caso que podemos
encontrar nas origens da Maçonaria de que grupos de maçons tinham
recebidos cartas permitindo-lhes realizar suas assembléias. Eles também
reagiram contra a estratificação crescente da sua profissão, desenvolvendo
procurando demonstrar que todos os pedreiros eram irmãos através de
estatutos de igualdade.
Os Manuscritos Regius e Cooke
Os dois manuscritos, preservados na Biblioteca Britânica e conhecidos como
os manuscritos Regius e Cooke, aparentemente foram utilizadas por esses
encontros ilícitos.
O núcleo lendas sobre os Manuscritos Regius e Cooke, em especial
a alegação de que os maçons receberam uma carta do rei Edwin23, um alegado
23
Edwin de Inglaterra (941? - 1 de Outubro, 959) foi Rei de Inglaterra de 955 a 959. Era o filho
mais velho do rei Edmundo I de Inglaterra, e sucedeu ao tio Edred. Edmundo I (921 - 26 de
Maio, 946) foi Rei de Inglaterra entre 939 e 946, sucedendo ao seu irmão Athelstane. Era um
dos filhos de Eduardo o Velho. Edmundo lidou com várias revoltas e invasões dos reinos
vizinhos ao que era então Inglaterra. Estabeleceu uma aliança com o rei Malcolm I da Escócia
onde ficaram determinadas as fronteiras entre os dois países. Edmundo foi um defensor do
cristianismo e fundou diversos mosteiros. Em 946, Edmundo foi assassinado durante um
banquete por Leofa, um homem que havia sido exilado da corte. Como os seus filhos, Edwin e
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filho do rei anglo-saxão Aethelstan24, continua a ser de fundamental
importância para a Maçonaria moderna. Maçons esperam há muito tempo que
estas lendas incorporem algo espécial dessas antigas lendas transmitida de
boca a boca.
Muitos manuscritos sobrevivem da Historia, classificados em 8 recensões
(famílias de manuscritos) que diferem entre si em vários aspectos. Alguns
manuscritos incluem uma menção ao quarto ano do reinado de Merfyn (825844), rei de Gwynedd25, o que indicaria que o texto foi escrito entre os anos 829
e 830. Porém, como os eventos históricos tratados na obra terminam no século
VII, alguns pesquisadores acreditam que o texto atual da Historia pode estar
baseado numa versão ainda mais antiga. De fato alguns manuscritos atribuem
a obra ao filho de Urien de Rheged, um líder militar que viveu no século VI.
Edgar, eram apenas crianças à data da sua morte, foi sucedido pelo irmão Edred. O reinado de
Edwin de Inglaterra foi marcado por conflitos internos com os seus súbditos e a Igreja Católica.
A insatisfação dos nobres, encabeçados pelo seu irmão Edgar, causou uma breve guerra civil
que Edwin perdeu na batalha de Gloucester. Nos acordos subsequentes, o reino foi dividido:
Edwin permaneceu senhor dos territórios a sul do Tamisa, incluíndo Wessex e Kent, enquanto
que Edgar se tornou rei no Norte. Com a morte de Edwin sem descendência, a Inglaterra voltou
a unir-se nas mãos de Edgar.
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Athelstane ou Athelstan ou Æþelstān (c. 895 - 27 de Outubro, 939) também chamado de "O
Glorioso", foi rei da Inglaterra desde 924 a 939. Seu reinado é frequentemente deixado de lado
pelos historiadores modernos, enfocando-se mais no de seu avô, Alfredo o Grande, ou no de
seu sobrinho, Edgar o Pacífico. Entretanto, seu reinado foi de importância fundamental para o
desenvolvimento político do século X. Athelstane era o primogênito de Eduardo o Velho, rei de
Wessex, e de Edwina que era de origem humilde. Por este motivo eles se separaram e os
filhos do casal foram declarados ilegítimos. Eduardo casou-se novamente, desta vez com
Elfleda, que foi declarada como rainha e sua primeira esposa. Seu pai sucedeu ao trono de
Alfredo o Grande sem nenhuma dificuldade. Sua tia, irmã de Eduardo, Ethelfleda, regeu a
Mércia logo após a morte de seu marido, Ethelred. Com a morte de Ethelfleda, Eduardo
rapidamente tomou o controle da Mércia e, com a morte de seu pai, Athelstane regeu os dois
reinos.
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Gwynedd é uma das 22 Principal Areas (regiões dirigentes) do País de Gales Localizada no
noroeste do País, foi nomeada assim devido ao antigo Reino de Gwynedd que existia no local.
Embora seja uma das maiores regiões, em termos geográficos, é uma das menores em
densidade populacional. Esta é uma Região Dirigente cuja grande porção da população é
falante da língua galesa. Em Gwynedd localiza-se a Bangor University, a Península de Llŷn, e a
maior parte do Snowdonia National Park. O nome "Gwynedd" é também usado para o condado
histórico preservado (preserved county), num total de 8, que até 1996 era uma divisão política
oficial em Gales e cobria a região atual de Gwynedd e a região de Anglesey. Gwynedd foi um
Reino, o Reino de Gwynedd independente desde o final do Período Romano até o século XIII
quando foi conquistado e dominado pela Inglaterra. O território moderno de Gwynedd está
baseado no território do antigo reino e foi um dos oito condados originalmente criados em 1º de
abril de 1974 sob uma lei do governo local de 1972. A área deste condado cobria toda a área
do condado histórico de Anglesey, Caernarvonshire com a totalidade de Merionethshire além
da Edeyrnion Rural District (que foi para Clwyd), e também algumas poucas parishes
(paróquias) em Denbighshire: Llanrwst, Llansanffraid Glan Conwy, Eglwysbach, Llanddoget,
Llanrwst Rural e Tir Ifan. Este condado foi dividido em 5 distritos: Aberconwy, Arfon, Dwyfor,
Meirionnydd e Anglesey.
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Há um grupo de manuscritos que possui um prólogo elaborado, escrito em
primeira pessoa, que atribui a tal Nênio26 a autoria da obra. Este Nênio é
identificado como um monge galês que viveu no século IX, mas é incerto se
este personagem foi realmente o autor ou se o prólogo é uma interpolação
posterior. Outra possibilidade é que Nênio tenha sido um editor de uma versão
mais antiga da Historia. O manuscrito mais completo conservado atualmente,
que porém não inclui o prólogo, é o chamado Harleian 3859, datado de c. 1100
e conservado hoje na Biblioteca Britânica. Além das versões em latim, há
vários manuscritos com uma versão livre da Historia em irlandês médio (Lebor
Bretnach) realizada no século XI.
Manuscrito Regius
O Manuscrito Regius (poema maçônico, manuscrito real ou manuscrito
Halliwell), data de 1390 e é composto de 794 versos com rima emparelhada em
inglês arcaico, e tratam de como os mistérios maçônicos eram praticados na
Inglaterra do Século XIV. Sua autoria não é totalmente esclarecida, sendo
atribuído a um sacerdote que provavelmente tenha sido capelão ou de
secretário da maçonaria. Foi publicado pela primeira vez em 1840 por James
O. Halliwell com o título The Early History of Freemasonry in England, sendo
sua existência mencionada já em 1670, num inventário da biblioteca de John
Seller, vendido posteriormente à Robert Scott, onde voltou a figurar em um
novo inventário realizado em 1678. Atualmente o manuscrito encontra-se no
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Nênio ou Nénio (em latim Nennius) foi um monge galês que viveu no século IX. Nênio é
conhecido como autor da Historia Brittonum (História dos Bretões), uma obra escrita em latim
sobre a história antiga da Grã-Bretanha. Escrita em Gales no século IX, a Historia sobrevive
atualmente em 33 manuscritos, quatro dos quais contém um prólogo supostamente escrito por
Nênio em primeira pessoa. Neste prólogo, Nênio declara que usou várias fontes antigas para
criar sua obra e que era discípulo de Elvodugus, comumente identificado com o bispo Elfoddw
de Gwynedd, que convencera Gales a celebrar a Páscoa na mesma data da Igreja Romana,
em 768. Uma tradução da Historia ao irlandês antigo realizada no século XI também aponta
Nênio como autor. Na história galesa existe outro Nemnivus, mencionado num manuscrito do
nono século, que teria criado um alfabeto britânico (alfabeto Nemnivus) em resposta à
acusação maliciosa feita por um estudante saxão de que os bretões não possuíam alfabeto
próprio. É possível, mas de nenhuma maneira certo, que Nênio e este Nemnivus sejam a
mesma pessoa. Como não há manuscritos da Historia da época de vida de Nênio e poucos são
os que contém o prólogo, muitos historiadores, como David N. Dumbille, consideram o prólogo
como uma interpolação tardia - comum na Idade Média. A Historia Brittonum deveria, assim,
considerar-se como anônima.
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Museu Britânico, transferido da biblioteca real (quando passou a ser conhecido
por Manuscrito Regius) em 1757 por doação do rei Jorge II.
O texto original foi gravado em inglês arcaico, com letras góticas, sobre pele de
carneiro. É composto por 64 páginas, contendo 794 versos. A data de sua
produção, segundo especialistas, estima-se como sendo situada na década de
1390, apesar de que, supõe-se que tenha sido copiado de um documento mais
antigo. O autor é desconhecido e o local de origem, segundo o historiador
maçónico Wilhem Begemann, é a cidade inglesa de Worcester (fundada em
407 DC). Desde a sua redação até ser descoberto como documento maçónico,
o trajeto percorrido pelo manuscrito é um tanto incerto. Aparentemente, ele foi
propriedade de vários antiquários e colecionadores, tendo sido adquirido pelo
Rei Carlos II, passando a pertencer à biblioteca real (Royal Library), a qual, em
1757, foi doada pelo Rei George II ao Museu Britânico. Atualmente, o
documento original está guardado na Biblioteca Britânica (British Library) e faz
parte da Colecção Real de Manuscritos (Royal Manuscript Collection).
Para aqueles que gostariam de lê-lo em inglês é possível adquirir uma cópia
por download no site da livraria virtual Amazon.com. Durante muito tempo, o
Poema Régio foi descrito como um poema sobre obrigações morais, até que,
em 1840, um antiquário inglês de nome James Orchard Halliwell-Phillips (que
não era maçoo) o estudou e descobriu sua essência: um documento relativo à
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maçonaria operativa. O documento é composto de várias partes que contêm
lendas, episódios bíblicos, descrições de artes e normas. A sua leitura faz-nos
concluir que o seu objectivo principal é transmitir as normas, regulamentos ou
estatutos do ofício de franco-maçom e da corporação. O texto cita o Rei
Athelstan (924-939) como o estimulador da criação dessas normas, referindo
que ele convocou um encontro de maçons para que fossem estudadas e
definidas as leis, regras e preços do ofício. Nele, a Maçonaria é mencionada
como Geometria.
Uma interpretação adjacente sobre o texto, feita por alguns estudiosos, vê nele
como tema recorrente ou motivo central a apresentação do Oficio de Construtor
como uma atividade nobre, ligada à realeza e à aristocracia. Por isso, seria
atribuído à Maçonaria o título de Arte Real.
O Nome:
No original, o documento não tem um nome específico, pelo que acabou tendo
mais de um: Manuscrito de Halliwell, como referência ao seu descobridor e/ou
intérprete, James Orchard Halliwell-Phillips; e Poema Régio ou Manuscrito
Régio, pelo fato de ter pertencido à coleção de livros e manuscritos da
Biblioteca Real Inglesa.
As partes:
O Poema Regius é composto pelas seguintes partes:
1.
A Fundação da Maçonaria segundo Euclides;
2.
Introdução da Maçonaria na Inglaterra sob o reinado de Athelstan;
3.
Os Deveres: quinze artigos;
4.
Os Deveres: quinze pontos adicionais
5.
Relato de "os Quatuor Coronati"
6.
Relato de Torre de Babel
7.
As Sete Artes Liberais
8.
Exortação sobre a missa e como se conduzir na igreja;
9.
Introdução sobre as boas maneiras.
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Manuscrito Cooke
O Manuscrito Cooke, ficou assim conhecido, porque o maçom Matthew J.
Cooke foi o primeiro a divulgá-lo. Sua publicação foi feita em Londres, em 186l.
A caligrafia usada é bem semelhante à do século XV. Alguns historiadores o
situam na primeira metade desse século. É possível acreditar que tenha sido
usado em Assembleias de Maçons como compêndio de história tradicional e
das leis da Fraternidade.
O Manuscrito é todo escrito em prosa. Contém imensas citações de célebres
autores, narra as origens da Fraternidade, tendo como locais o Egito e a
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Judéia. Encontramos também, prescrições relativas à assembleia, instruções
para novas admissões, referência à jurisdição do xerife e uma declaração de
que a assembleia foi fundada, afim de que humilde e elevado, sejam bem
servidos nesta arte, por toda a Inglaterra.
Bibliografia
FRATERNIDADE SERRANA. Poema Regius. http://www.fraternidade
serrana.com.br/Poema%20Regius.htm
KNOOP, D.; JONES, G. P. The Mediaeval Mason. Manchester,
University Press, 1933.
PRESCOTT, A. A History of British Freemasonry 1425-2000. http://www.
freemasonry.dept.shef.ac.uk/show_upload.php?id=181&blob_field=upload_file1
LOJA MESTRE AFFONSO DOMINGUES. O Manuscrito Halliwell ou Poema
Regius. http://www.rlmad.net/index.php?option=com_content&task=view
&id=427
LOJA SAOPAULO 43. Jurisprudencia. http://www.lojasaopaulo43.
com.br/jurisprudencia.php
WIKIPEDIA. Idade Média. http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_M%C3%A9dia

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