o impacto das relações humanas no ambiente de trabalho

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o impacto das relações humanas no ambiente de trabalho
O IMPACTO DAS RELAÇÕES HUMANAS NO AMBIENTE DE TRABALHO
Marcos Aurélio de Andrade
Especialização em Planejamento e Gerenciamento Estratégico- PUCPR
Orientador: Prof. Dr.June Alisson Westarb Cruz
RESUMO
O objetivo deste trabalho é demonstrar qual deve ser a postura que um gestor de pessoas deve adotar, afim
de tornar o ambiente de trabalho profissional e amistoso sem comprometer o desempenho da empresa.
Muitas vezes as relações humanas no ambiente de trabalho tornam-se tão informais que o desenvolvimento
ético e profissional é prejudicado. Que nível de relação o gestor deve focar e instigar em seus funcionários
para que o ambiente de trabalho seja ao mesmo tempo agradável profissional e bem sucedido?
Palavras-chave: Desempenho, Relações Humanas e comunicação.
ABSTRACT
The aim of this paper is to demonstrate what should be the position that a manager of people, must adopt in
order
to make
the professional
work
environment and
friendly
without
compromising performance. Often human relations in the workplace become so informal that the ethical
and professional development is impaired. What level of respect the manager should focus on and instill in
their employees to the work environment is both enjoyable and successful professional?
Keywords: Performance, Communication and Human Relations.
1 INTRODUÇÃO
Em tudo o que fazemos existe o princípio das relações humanas, a comunicação é o meio principal
em que este relacionamento acontece. Precisamos nos relacionar em todas as situações e para a isso o uso
da comunicação é indispensável.
No ambiente de trabalho as relações humanas devem adquirir uma postura mais formal do que a que
desenvolvemos no dia-a-dia, pois lidamos, principalmente, com hierarquias. Não podemos nos relacionar
com o Presidente da Empresa da mesma forma que nos relacionamos com o Office-boy ou a Auxiliar de
Escritório.
Este trabalho visa analisar quais as formas mais adequadas de nos relacionarmos em todas as
instâncias profissionais, respeitando as hierarquias, o horário de trabalho sem mesmo negligenciar as
possíveis amizades que do ambiente de trabalho possam surgir.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para que haja sucesso no resultado de qualquer atividade humana que envolva mais de uma pessoa, sem
dúvida é fundamental que o relacionamento humano seja respeitado e adequadamente utilizado.
Importância das Relações Humanas no Ambiente de Trabalho
A Teoria das Relações Humanas surgiu nos Estados Unidos como consequência imediata das
conclusões obtidas na Experiência em Hawthorne*, desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores.
Foi basicamente um movimento de reação e de oposição à Teoria Clássica da Administração. (Mayo 1947,
p.18).
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A experiência de Hawthorne foi realizada em 1927, pelo Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos
(National Research Council), em uma fábrica da Western Electric Company, situada em Chicago, no bairro de
Hawthorne e sua finalidade era determinar a relação entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos
operários medida através da produção. A experiência foi coordenada por Elton Mayo, e estendeu-se à fadiga,
acidentes no trabalho, rotatividade do pessoal (turnover) e ao efeito das condições de trabalho sobre a
produtividade do pessoal.
Segundo Teoria das Relações Humanas de Mayo, havia a necessidade de humanizar e democratizar
a administração, libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica e adequando-a aos
novos padrões de vida do povo americano.
O desenvolvimento das chamadas ciências humanas, principalmente a psicologia e a sociologia, as
idéias da filosofia pragmática de John Dewey e da Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin foram capitais para
o humanismo na administração.
O Ser Humano
Do momento em que nasce em diante, o ser humano vive de acordo com o modo de se relacionar
com o mundo ou com a realidade, nossa situação existencial, física ou psíquica, depende de como nos
relacionamos com o mundo, depende da qualidade com que nosso ser reage à realidade.
As relações do sujeito com o objeto, da pessoa com o mundo e com ela mesma, tem sido “a maneira
mais didática para refletir sobre os efeitos emocionais da vida sobre a pessoa”. Algumas pessoas adoecem,
devido à maneira desarmônica de se relacionar com o mundo, enquanto outras, vivenciando as mesmas
experiências e contatando o mesmo mundo, são mais adaptadas e sofrem menos. (Ibidem, p.13)
Há pessoas, por exemplo, que ficam completamente transtornadas e furiosas quando usam bebidas
alcoólicas, outras ficam divertidas e alegres, outras ainda, ficam sexualmente desinibidas, outras tristes,
enfim, são todas maneiras variadas de relacionamento sujeito-álcool. Seriam maneiras psicológicas ou
biológicas de relacionamento?
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Cada indivíduo é único em personalidade. No âmbito profissional essa exclusividade pode ser
positiva ou negativa. Afinal, como lidar com uma mulher que a cada mês tenha crises agressivas de TPM
e destrate colegas, subordinados, superiores e clientes?
O cérebro humano ainda é um mistério que não foi totalmente desvendado e isso implica no
comportamento do ser humano dentro e fora de seu ambiente de trabalho. No entanto, “uma vez
compreendidas nossas reflexões, torna possível a pessoa corrigir a maneira de se relacionar com o mundo”.
(Ibidem, p. 18).
Ao invés de dizer que o trânsito me irrita, fulano me ofende, beltrano me aborrece e assim por diante,
possamos redimensionar o discurso para eu me irrito com o trânsito, eu me ofendo com fulano, eu me
aborreço com beltrano.
A diferença de postura pode ser brutal, na medida em que trazemos para nós a maior parte da
responsabilidade sobre nossos sentimentos e não, como estamos acostumados, a atribuir nossas emoções e
sentimentos exclusivamente ao mundo, ao destino, aos outros.
A mente humana
A mente humana é repleta de complexidades. Uma mesma ação pode causar dezenas de outras
reações em uma dezena de pessoas diferentes. Cada uma tem uma forma de reagir a certa situação.
Mesmo as pessoas mais furiosas sabem que necessitam se controlar no ambiente de trabalho. Assim,
se uma reunião que estava marcada para às 10 horas é adiantada para às 08 horas sem haver sido comunicada
no dia anterior, certamente altera a agenda de todos os funcionários envolvidos nesta reunião. O problema
está em como cada um recebe esta informação e se adapta a ela. Mesmo havendo um sentimento inicial de
revolta podemos obter reações de resignação e imediata adaptação; reações de revolta explícita antes,
durante e depois da reunião com pouca produtividade para deixar bem clara a sua postura contrária. São
inúmeras as possibilidades.
O Gestor de Pessoal deve compreender essas várias possibilidades cerebrais e comportamentais de
cada funcionário e tentar modificar atitudes negativas em atitudes positivas. Nem sempre compreender as
diferentes personalidades e comportamentos é fácil. E nem sempre é uma responsabilidade exclusiva do
Administrador. Muitas vezes há que se recorrer à Psicologia ou mesmo Psiquiatria para compreender e em
casos mais avançados, tratar.
“Toda pessoa tem um lado obscuro que é preferível não conhecer”. (JUNG, 2003, p. 24).
A idéia de buscar fora da pessoa os elementos que explicassem seu comportamento e sua
desenvoltura vivencial teve ênfase com as teorias de Russeau, segundo o qual era a sociedade quem
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corrompia o homem. Subestimou-se a possibilidade da sociedade refletir, exatamente, a totalidade das
tendências humanas. Seres humanos que trazem em si um potencial corruptor o qual, agindo sobre outros
indivíduos sujeito à corrupção, produzem um efeito corruptível. Ou seja, trata-se de um demérito
tipicamente humano. (apud: JUNG, 1999, p. 43)
Outra concepção acerca do lado obscuro de cada ser humano foi baseada na constituição
biotipológica, segundo a qual a genética não estaria limitada exclusivamente à cor dos olhos, dos cabelos,
da pele, à estatura, aos distúrbios metabólicos e, às vezes, às malformações físicas, mas também,
determinaria às peculiares maneiras do indivíduo relacionar-se com o mundo: seu temperamento, seus
traços afetivos, etc. (Ibidem)
Buscando um meio termo, como apelo ao bom senso, podemos considerar a totalidade do ser humano
como sendo um balanço entre duas porções que se conjugam de forma a produzir a pessoa tal como é,
segundo Carl Jung em sua obra “A Energia Psiquica”, 2000, p. 98.
Pessoal vs Profissional
Não existe funcionário que, por mais exemplar que seja dentro da empresa, não necessite ausentar-se
um dia ou mais de seus afazeres profissionais para resolver problemas pessoais. Esse fato é absolutamente
compreensível, afinal, nunca se pode prever quando ficaremos doentes, ou alguém próximo a nós, que
precise de nosso auxílio.
Quando um funcionário apresenta sequencialmente atestados médicos que justifiquem seus atrasos
ou afastamentos, cabe ao Gestor de Pessoas dentro da empresa compreender o que está se passando mais a
fundo. Com o avanço da tecnologia, as pressões profissionais, a baixa qualidade de vida, a má alimentação
e as muitas funções desempenhadas dentro e fora do ambiente de trabalho, não é raro termos que lidar com
funcionários estressados e, em piores casos, com a chamada síndrome do pânico.
Síndrome do Pânico
Existem pessoas, não importa de que classe social, vagam pelos consultórios e clínicas do mundo
inteiro sem que ninguém seja capaz de lhes dizer qual a verdadeira origem de seus males. A pessoa passa
por uma série interminável de consultas e exames, em boa parte paga com dinheiro público, acaba entrando
nas estatísticas de certas doenças, mas não tem seu problema resolvido. Três quartos das pessoas com
distúrbio mental não estão onde deveriam estar: no psiquiatra ou no psicólogo. Estão nas mãos do
cardiologista, do neurologista ou de outro especialista qualquer. É uma multidão que não trata a sua doença
de forma adequada, pois um mau diagnóstico pode levar essas pessoas a conviver com enormes
desconfortos, que acabam se estendendo à toda a sua família. (GIL, et. al. {Hiperlink}, acessado em
14/03/12).
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Os sintomas físicos de uma crise de pânico aparecem subitamente, sem nenhuma causa aparente
(apesar de existir, mas fica difícil de perceber). Os sintomas são como uma preparação do corpo para alguma
"coisa terrível". A reação natural é acionar os mecanismos de fuga. Diante do perigo, o organismo trata de
aumentar a irrigação de sangue no cérebro e nos membros usados para fugir - em detrimento de outras
partes do corpo, incluindo os órgãos sexuais. Segundo GIL, em site acessado em 14/03/12, eles podem
incluir:

Contração / tensão muscular, rijeza;

Palpitações;

Tontura, atordoamento, náusea;

Dificuldade de respirar;

Boca seca;

Calafrios ou ondas de calor, sudorese;

Sensação de "estar sonhando" ou distorções de percepção da realidade;

Terror - sensação de que algo inimaginavelmente horrível está prestes; a
acontecer e de que se está impotente para evitar tal acontecimento;

Confusão, pensamento rápido;

Medo de perder o controle, fazer algo embaraçoso;

Medo de morrer;

Vertigens ou sensação de debilidade.
Uma crise de pânico dura vários minutos e é uma das situações mais angustiantes que podem ocorrer
a alguém. A maioria das pessoas que tem uma crise terá outras, se não tratar. (Ibidem)
Quando alguém tem crises repetidas ou sente muito ansioso, com medo de ter outra crise, diz-se que
tem transtorno do pânico. (Ibidem)
O fato é: como deve o Gestor interferir num caso de Síndrome do Pânico? Compreender é mais do
que necessário, afinal, ninguém está livre de ser acometido por este mal. Se o tratamento proposto pela
maioria dos médicos especialistas é por um auto-suporte, ou seja, o próprio paciente tentar compreender
seu estado e buscar a solução, somado ao uso de medicamentos ansiolíticos ou anti-depressivos; talvez seja
melhor propor ao funcionário um afastamento temporário, seja de uma semana ou quinze dias, para que ele
isole suas obrigações na tentativa de solucionar seu estado psicológico. Essa solução pode ter um resultado
contrário porque ao invés de o funcionário sentir-se livre para resolver os seus problemas, pode-se sentir
pressionado por um “prazo” dado para que se cure. Há que se investigar melhores maneiras de lidar com a
Síndrome do Pânico dentro do ambiente de trabalho.
TPM – Tensão pré-menstrual
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Por se tratar de uma síndrome, não existem tratamentos específicos já que os sintomas variam muito
de intensidade para cada mulher. Não há receita caseira para se curar a TPM, ou pelo menos tratá-la a ponto
de se poder conviver com ela sem agressões e problemas no trabalho. Há que se consultar um médico
ginecologista e expor a ele todos os sintomas antes e depois da menstruação.
Muitas vezes, no ambiente de trabalho, a mulher não percebe que está sendo acometida pela síndrome
da TPM. O Gestor pode estar atendo à periodicidade da irritabilidade de uma certa funcionária e associá-la
a esta síndrome recomendando o tratamento devido.
3 APRESENTAÇÃO
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Existem inúmeras técnicas que objetivam tornar as relações humanas mais agradáveis e eficientes,
apresentarei algumas que são fundamentais e devem no mínimo provocar uma reflexão sobre o assunto.
Como melhorar nossos relacionamentos
Muitos psicólogos dizem que para lidarmos melhor com os outros, devemos pensar como se fôssemos
os outros; colocarmo-nos no lugar do outro. Reportando ao velho ditado bíblico: fazer o que gostaríamos
que fizessem conosco. Certamente levar problemas de casa para o trabalho não é um bom começo para
melhorar nossos relacionamentos, principalmente os profissionais.
Não somos máquinas, mas precisamos compreender quando nos desligarmos dos problemas caseiros
ao pisarmos no ambiente de trabalho e vice-versa. Uma pessoa de “cara fechada” dificilmente atrairá
simpatia ou comentários positivos. A tendência é que todos se afastem dela. O contrário também é verdade.
Todos nós gostamos de lidar com pessoas simpáticas, positivas, otimistas e que aparentem e de fato estejam
de bem com a vida. Se o problema que nos aborrece ocorre no ambiente de trabalho, é necessário
encontrarmos meios, sempre éticos, mas eficazes para tentar solucioná-los. Da mesma forma acontece se o
problema que nos aborrece ocorre em casa, com a esposa, o marido, os filhou ou outro parente.
A boa aparência é um fator inegável para melhorarmos nossas relações pessoais. É difícil manter um
contato agradável com uma pessoa que não esteja limpa, cheirosa e bem apresentável. O otimismo também
é um fator que auxilia na melhora do relacionamento interpessoal. A tendência humana é estarmos próximos
àqueles que têm uma boa palavra a ser dita, com uma visão positiva e otimista para com os problemas.
Realizar cursos de aperfeiçoamento nos ajuda a melhorarmos o nosso lado técnico e humano, pois quanto
mais interagimos com o ser humano mais compreendemos suas angústias e necessidades. De uma forma
positiva este conhecimento deve trazer junto a complacência para que ignoremos as deficiências do outro
ou sem um falso altruísmo possamos auxiliá-lo no que falta.
Se um colega de trabalho escorrega em uma expressão gramatical, o verdadeiro colega, de uma forma muito
hábil, pode corrigi-lo, sem nunca constrangê-lo. Deve, portanto, fazê-lo à sós. De forma contrária, a
expressão errada, comumente pronunciada, pode-se tornar motivo de chacota pelos demais funcionários,
gerando um ambiente hostil, sem ética. Obviamente ninguém gosta de conviver com “o senhor sabe-tudo”
que vive corrigindo um e outro. Mas se essa pessoa mais esclarecida reconhecer as deficiências de seus
colegas poderá de forma muito hábil contornar a situação sem nenhum constrangimento e antipatia.
Melhor fosse que o Gestor de Pessoal, o Administrador de Empresas ou o Especialista em RH fosse
esse “senhor sabe-tudo” provido de ética e habilidade para solucionar esse problema de uma forma geral,
abrangente e definitiva entre seus funcionários, através de cursos de gramática, sugestões de leituras de
livros, dinâmicas e incentivos culturais desde peças teatrais com desconto para seus funcionários até
convênios com universidades a fim de aprimorar os conhecimentos técnicos e específicos de seus
funcionários.
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Muitas empresas acreditam que os tradicionais churrascos oferecidos ao fim de cada ano, como
encerramento do mesmo sejam o suficiente para auxiliar na melhora dos relacionamentos interpessoais de
seus funcionários. É um enorme engano. O relacionamento deve ser trabalhado o tempo todo dentro da
empresa, mesmo quando seus resultados já forem nítidos. A valorização do funcionário como ser humano
e o reconhecimento de suas necessidades extra-profissionais, bem como a interferência da empresa neste
processo pode ser muito proveitosa com um investimento financeiro não necessariamente elevado.
Essa interferência pode vir em forma de bônus, férias prêmio, adicional financeiro, bem como
prêmios eletrodomésticos, literário, etc. Saber como promover essa interferência, sem gerar nos
funcionários o espírito de competitividade vem a ser outra arte.
Frustrações e os Desafios do Trabalho
O trabalho preenche quase a metade do tempo de vida em que cada pessoa está desperta. O trabalho
é a única constante de todas as atividades humanas.
A resposta do homem ao trabalho transpõe um caleidoscópio de sentimentos e atitudes. Uma pessoa pode
amar o trabalho – deleitando-se nele diariamente, motivada a fazer mais, magnetizada pelas suas
possibilidades, até mesmo ser consumida pelos seus desafios. Esta pessoa praticamente vive para trabalhar.
No entanto, para cada pessoa que ama o trabalho, há outras que simplesmente o toleram como uma
necessidade da vida, achando-o oneroso, enfadonho e insatisfatório. Elas se levantam e se dirigem para o
trabalho com relutância, frequentemente submetendo-se a chefes injustos, tarefas desinteressantes ou
condições de trabalho desumanas. Trabalham tão somente para ganhar a vida.
No mundo do trabalho encontramos fracasso e sucesso, medo e expectativa, tédio e desafio, conflito e
harmonia, injustiça e justiça. Com frequência a mesma pessoa encontra todos esses elementos no mesmo
trabalho por um período de anos. A vida, especialmente a vida no trabalho, está repleta do desconhecido.
O motivado e bem sucedido, frequentemente, desenvolve o seu trabalho com motivos errados, e
termina numa calamidade emocional e pessoal. O desmotivado e malsucedido frequentemente responde
com amargura e apatia, o que corrói a sua felicidade emocional e pessoal. (WHITE, 1994, p. 14).
Vemos pessoas limitadas quanto a sua educação, habilidade, experiência ou oportunidade. Vemos
outras, com todas estas vantagens, que, contudo, se encontram desmotivadas e infelizes. Vemos também
pessoas de grandes limitações que encontram felicidade e realização ao fazerem da vida uma aventura
diária. Vantagens e habilidades, certamente não levam, necessariamente, ao sucesso e à felicidade. A vida
no trabalho está cheia de dilemas e contradições. O trabalho e o mundo nos colocam face a face conosco
mesmos, revelando facetas de nosso ser que não gostamos de ver. Vemos avareza e ambição, orgulho e
aborrecimento, frustração e dúvida, erguendo suas horrendas cabeças, quando, ao mesmo tempo desejamos
ver fruto apropriado do nosso ser interior crescendo em nossa vida. Diante disso o sentimento de culpa e a
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consciência começam a esgotar-nos emocionalmente em nossa tentativa desesperada de resolver o combate
incessante entre aspectos da vida prática e de nossa tranquilidade emocional.
“Quando discutimos este dilema com as pessoas, verificamos que poucos estão completamente
satisfeitos com o seu trabalho e poucos sabem onde o trabalho deve condizer com as demais coisas de suas
vidas. Os conflitos pessoais, trabalho excessivo, ambição excessiva, pressões financeiras, receio de
desemprego, tédio, falta de oportunidade e incontáveis outros problemas atormentam sua existência. Alguns
gostam de trabalhar em demasia e negligenciam a família; outros detestam o trabalho e receiam a vida
diária; alguns ignoram os problemas e atravessam o dia como robôs.” (Ibidem)
Muitas questões e problemas confrontam as pessoas em suas ocupações seculares, segundo Jerry
White, em sua obra “Seu Trabalho, Sobrevivência ou Satisfação, 1994, p. 15:

Que posso fazer quando não gosto de minha ocupação, mas não posso mudar por causa das
restrições educacionais e financeiras?

b) Como posso realizar bem meu trabalho sem “vender minha alma” à companhia?

c) Por que tenho tantos conflitos com meus supervisores?

d) Meu trabalho é tão exigente que requer quinze ou vinte horas extras na semana para mantêlo em dia. Ele está prejudicando a minha família, mas como posso recusar fazer aquilo que
meu chefe solicita?

e) Estou sempre correndo, receoso, porque, se não fizer o meu trabalho bem feito, há dez
pessoas esperando para tirá-lo de mim.

f) Tenho tentado, muitas vezes, dar as devidas prioridades à minha família, mas sempre
fracasso. As minhas prioridades desatinam e meu plano despedaça-se. Como posso obter
consistência?

g) Pelo fato de trabalhar quarenta ou mais horas semanais em minha ocupação, ir
seqüencialmente à faculdade e tentar melhorar meu inglês fazendo cursos, não disponho de
tempo para minha família. Que devo fazer?


h) As crianças estão na adolescência e são rebeldes. O meu trabalho está, finalmente, sendo
recompensado, e, para ter um êxito necessito dedicar-me a ele cem por cento. Devo desistir
de minha carreira somente por causa das crianças?
Que decisão devo tomar para mudar de ocupação ou colocação?

j) É errado ser ambicioso?

l) Se eu me propusesse a fazer tudo que me dizem que “devo” fazer para ser um pai exemplar,
um empregado eficiente, um profissional competente, eu precisaria de uma centena de horas
extras cada semana. Isso seria possível?

m) Sou “apenas” um operário de uma fábrica. O que devo fazer para ter minha competência
notada por meus superiores e ingressar em uma carreira dentro da empresa?
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Não existem respostas definitivas ou milagrosas para o Administrador de Empresas e Gestor de
Pessoal poder sanar todas as dúvidas acima expostas. O que cabe é definir com maior clareza as palavraschave aqui mencionadas. Para tanto, vamos novamente recorrer a Jerry White, 1994, p. 16.
Ocupação ou trabalho: Aquela tarefa ou habilidade que é a principal fonte de sua renda financeira – aquilo
que se espera que você faça para receber o pagamento ou salário.
Família: Sua esposa ou marido, filhos e as atividades decorrentes de sua responsabilidade para com eles.
O termos que aponta alguma solução é organização. Organização mental, à princípio, para depois
darmos seguimento às demais organizações quer sejam de tempo, agenda, dedicação, etc.
O gestor de Pessoal necessita compreender estas questões e suas consequentes frustrações para poder
ser um auxiliar na compreensão das relações humanas no trabalho. O gestor de pessoal não é um ser
inatingível que não tenha problemas extra-profissionais. Todas as dúvidas, receios e até mesmo alguma ou
algumas das frustrações acima expostas podem atingir também o gestor de pessoas.
Não há que temer quando não se alcança sozinho a organização mental para dar seguimento às outras
organizações. Há que ser humilde e possuir clareza suficiente para procurar uma ajuda psicológica, a fim
de que o próprio gestor possa ser essa ajuda psicológica para seus funcionários.
4 Análise dos dados
Através da pesquisa bibliográfica que originou este material, pudemos comprovar a importância do
Gestor em auxiliar seus funcionários resolver ou pelo menos reconhecer os problemas pessoais que podem
interferir em sua carreira profissional.
É necessário que o gestor seja uma pessoa esclarecida e que tenha conhecimentos em psicologia
humana para poder diagnosticar mais prontamente as deficiências que possam surgir em seu ambiente de
trabalho relativo às Relações Humanas. O mesmo é um mediador e, às vezes, até um apaziguador de
possíveis rusgas entre funcionários ou até membros de cargos mais elevados dentro da empresa.
O relacionamento profissional e amigável entre os colegas de empresa é o objetivo principal do Gestor
que lida com Recursos Humanos. Isso se conquista com um ambiente agradável, ergonomicamente
adaptado para que o funcionário evite se machucar, causar prejuízos físicos a si próprio e materiais para a
empresa. Reuniões e Palestras com foco em Qualidade Total auxiliam na busca deste ambiente, pois chegase à conclusão de que um funcionário contente compõe uma empresa bem sucedida.
5 CONCLUSÃO
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Com o material exposto, podemos concluir que a principal postura do Gestor de Pessoal é a de
Mediador e Proporcionador de oportunidades de crescimento pessoal e profissional de seus funcionários
através de cursos, palestras e reconhecimento em forma de premiações.
Um Gestor de pessoal pode promover em seu ambiente de trabalho facilidades que envolvam desde
uma disposição de móveis mais espaçosa a fim de que o funcionário não se sinta “estrangulado” por mesas,
cadeiras e armários. O reflexo disso se dará diretamente na forma como as Relações Humanas profissionais
dos funcionários e até mesmo dos cargos mais elevados dentro da empresa tornem-se amistosas. Essa
sensação de bem estar, fica diretamente em contrário ao risco de comprometer o desempenho da empresa
em seus negócios, pois terá em seu quadro de pessoal, funcionários motivados para o trabalho e o
desenvolvimento de suas atribuições profissionais.
Um funcionário bem instruído, além de ser mais eficiente, é um cartão de visita para a empresa. Um
funcionário satisfeito com seu salário, com reconhecimento de importância, mesmo que em servindo o
cafezinho diário, trabalha com um sorriso no rosto e isso é um sinônimo de empresa bem sucedida.
Uma empresa que valoriza o material humano acima de seus equipamentos, valoriza a mão de obra.
Os equipamentos são melhor tratados e os riscos de gastos com manutenções por mal uso ficam quase nulos
limitando-se ao gasto com manutenção comum. O Gestor de Pessoal deve ser um tipo profissional de pai
com quem os funcionários podem contar e até mesmo confidenciar. Obtém-se informações importantes
para o funcionamento de uma empresa numa suposta conversa informal com seus funcionários.
A avaliação dos funcionários deve ser o mais imparcial possível feita pelo Gestor de Pessoal,
eximindo-se de sentimentos pessoais que possam interferir positiva ou negativamente na avaliação de um
profissional.
Analisar cargos e efetuar recolocações de funcionários, não pode, de forma alguma ser vista como
algum tipo de rebaixamento profissional. A recolocação dos funcionários tem que visar o melhor
desempenho da empresa e nunca um privilégio ou punição pessoal a algum funcionário. Em tese, a
recolocação ou re-alojamento de funções deverá agradar a todos.
Desta forma, fica comprovada a importância vital para a empresa da presença de um Gestor de
Pessoal, mais do que simplesmente um especialista em Recursos Humanos. Um gestor que tenha visão
abrangente, que perceba pequenos detalhes que podem melhorar a vida no trabalho promovendo a
facilitação e o acesso a material de trabalho adequado sem perder o foco no material humano que tem sob
seu comando.
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