AVALIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO VÍNCULO

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AVALIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO VÍNCULO
AVALIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO VÍNCULO PROFESSOR-ALUNO NO
COLÉGIO ESTADUAL SENADOR LEITE NETO EM ARACAJU/SE
GT1 Educação de Crianças, Jovens e Adultos
Evelyn Gomes da Paixão 1
Jamile Santana Teles Lima2
Leilane H. B. C. Santana3
Marília Oliveira Soares4
Mel Menezes Carvalho 5
Resumo
O presente estudo teve por objetivo trabalhar o vínculo entre professores e alunos do Colégio Estadual
Senador Leite Neto. As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na realização
comportamental e profissional de um individuo. Foi utilizado como método o levantamento de dados,
através da observação em ambiente habitual e aplicação de entrevistas com os professores, com a
finalidade de identificar as necessidades dos sujeitos avaliados. Foram realizadas atividades como
palestras motivacionais; dinâmicas de grupo, roleplaying do cotidiano de sala de aula, com o objetivo
de ampliar a percepção da importância das atividades lúdicas e do vínculo para a aprendizagem.
Inicialmente houve certa resistência nas intervenções tanto com as professoras quanto com os alunos,
até que gradativamente houve o estabelecimento do vínculo, confiança e consequentemente adesão ao
projeto, colaborando assim para a qualidade e desenvolvimento do mesmo.
Palavras - chave: Vínculo. Habilidades Sociais. Psicoeducação.
Abstract
The present study aimed at the working relationship between teachers and students of the College
State Senator Leite Neto. Human relations, although complex, are fundamental in achieving
behavioral and professional an individual. Was used as the data collection through observation in
usual environment and application of interviews with teachers, in order to identify the needs of the
individuals evaluated. Activities were carried out as motivational talks; group dynamics, roleplaying
everyday classroom, with the goal of increasing awareness of the importance of play activities and the
link to learning. Initially there was some resistance in the interventions both with teachers and with
students, until gradually there was bonding, trust and consequently joining the project, thus
contributing
to
the
quality
and
development
of
the
same.
Keywords: Bond. Social Skills. Psychoeducation.
1
Psicóloga, Pós-graduanda em Psicologia, Organizações e Trabalho. Trabalha no Centro Educacional CriArte.
Psicóloga, Mestre em Saúde e Ambiente. Trabalha na Universidade Tiradentes.
3
Psicóloga, Pós-graduanda em Gestão em Sistemas e Serviços de Saúde. Trabalha no Centro de Atenção
Psicossocial da cidade de Irauçuba – CE.
4
Psicóloga, Pós-graduada em Gestão de Políticas Públicas com foco em Gênero e Raça. Trabalha no Banese.
5
Psicóloga, Atua na Clínica 3 Psicologia.
2
INTRODUÇÃO
“(...) o bom professor é o que consegue enquanto fala, trazer o aluno
até a intimidade do movimento do seu pensamento, Sua aula é assim
um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não
dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas e de seu
pensamento, surpreendem suas pausas, suas duvidas, suas incertezas”
(FREIRE, 1996, p.96).
O presente projeto teve como intuito trabalhar as vinculações de professores e alunos
do Colégio Estadual Senador Leite Neto. A temática estudada tem importante necessidade de
reflexão e discussão, uma vez que este é um processo complexo em que estão incluídas
inúmeras variáveis: construção de conhecimentos, ação intra-psíquica do individuo,
desenvolvimento real da comunicação, habilidades sociais e também aspectos referentes a
subjetividade do sujeito,tais como: autoestima, motivação, autoconhecimento.
O comportamento social, especialmente dentro da sala de aula, mas também em todos
os pontos em que o contato é realizado entre pessoas e torna possíveis os resultados da
aprendizagem, é, portanto, de grande interesse para os professores. Quando melhor eles
compreenderem esse comportamento, mais eles serão capazes de fornecer ambientes de
aprendizagem ideais para crianças. (COLL,1996)
Neste sentido, a interação estabelecida pelos mesmos envolve interesses e intenções,
seja pelo aprendizado adquirido através da didática, como também a agregação de valores,
crenças que são transmitidos e trocados a partir da identificação social comportamental.
Acarretando assim, a predisposição pelo aluno em aprender determinados assuntos, matérias
devido a motivação ou ainda atitudes e expectativas diante do ensino, através dos
conhecimentos passados pelo professor por meio de estratégias lúdicas, ou ainda quando há a
concretização dos assuntos a sua realidade.
CARECTERIZAÇÃO DA INSTIUIÇÃO
No dia 03 de Setembro de 1968, de acordo com a Lei nº 1581, o então governador de
Sergipe, Sr. Lourival Batista criou o “Ginásio Estadual Senador Leite Neto”, que funcionou
inicialmente com a 5ª série primária e duas primeiras séries ginasiais. Pelo Decreto nº 3.578
de 29 de Novembro de 1970 foi transformada em escola de 1º grau. A Escola Estadual
Senador Leite Neto oferece e ministra o ensino fundamental do 1º a 8º ano, funcionando nos
turnos matutino, vespertino e noturno.
A escola tem como Missão, prestar serviços educacionais de qualidade elevada a
comunidade escolar formando, assim, cidadãos éticos, cooperativos, capazes de atuar como
agentes de transformação engajados na sociedade, comprometidos com a vida planetária, o
meio ambiente e a ecologia interior.
Sua estrutura é formada por uma diretoria, secretaria, arquivo, sala dos professores,
cantina, cozinha, sala de leitura e vídeo, quadra de esporte, banheiros e salas de aula. A
escola, no ano letivo do corrente ano, possui 520 (quinhentos e vinte) alunos e 66 (sessenta e
seis) profissionais, distribuídos entre os turnos matutino, vespertino e noturno. A escola
desenvolve os Projetos: Alfa e Beta, Se Liga e acelera.
RELAÇÕES SOCIAIS
A relação professor-aluno é fundamental em todos os níveis e modalidades de
ensino. Através dela o aluno pode ser motivado a construir seu conhecimento. A relação
educador-educando, segundo Vygotsk (1989), não deve ser uma relação de imposição, mas
sim, uma relação de cooperação, de respeito e de crescimento. O aluno deve ser considerado
como um sujeito interativo e ativo no seu processo de construção de conhecimento.
Assumindo o educador um papel fundamental nesse processo, o que o aluno já sabe sua
bagagem cultural e intelectual, para construção da aprendizagem.
A Interação social entre professor e aluno é quando o professor fala com um aluno,
recebe uma resposta que auxilia a determinar o que deve ser dito em seguida. A resposta pode
ser verbal, mas, também, não verbal. Os pensamentos e sentimentos expressados podem
envolver compreensão ou incompreensão, interesse, enfado, ansiedade, hostilidade, diversão
ou uma série de outros aspectos semelhantes, cada um deles influenciando, por sua vez, os
próprios pensamentos e sentimentos do professor. (FONTANA, 1991)
Qualquer análise mais sistemática da sala de aula levará à conclusão de que o
cotidiano da relação pedagógica não pode mais se sustentar pelos antigos pressupostos da
transmissão unidirecional do saber mediante imposições e castigos. Uma vez que a escola
atual recebe um novo público e acumula uma nova função, suas tarefas deverão conduzir-se
por novas diretrizes. (NEIRA, 2004).
Geralmente a relação professor/aluno é analisada em termos de satisfação desses
sujeitos, dos mecanismos disciplinares usados para controlar os alunos e das abordagens
usadas em sala de aula. Estudos dirigidos para a representação social e suas conseqüências
para essa interação, em que os participantes assumem papeis determinados, resultou em novas
formas de compreender as relações que se estabelecem nas salas de aula (SOUZA, 2001)
O professor ao dar sua aula influencia e é influenciado pelas individualidades de seus
alunos (o que pode ser observado nos momentos reservados que tem com cada um deles) e
pela individualidade da “classe”. E isso ocorre simultaneamente, pois as interações que
ocorrem no espaço da sala de aula implicam em reciprocidade de influências e essa rede de
interações contém o elemento da construção do conhecimento, o que significa partilhar
significados (NASCIMENTO, 2006).
Ressalta-se que, as interações mantidas entre professor e aluno determinam à
aprendizagem, a aquisição de conhecimentos. E quer dizer também, que o desempenho do
professor é diretamente relacionado ao do aluno e vice-versa. O princípio básico dessa relação
é o princípio da alteridade e enquanto relação passa pela interação (com o imaginário social) e
a aprendizagem (inteligência e afetividade) dos envolvidos. Além disso, o homem sempre
busca ser reconhecido como tal e no contexto da relação professor/aluno há que se pensar os
indivíduos dentro de sua condição de humanidade. Superar as dificuldades da relação
professor/aluno é deixar de encarar essa relação como desafio que envolve opositores e passar
a encará-la como excitação, estímulo, troca e estabelecimento de relações positivas.
HABILIDADES SOCIAIS
A preocupação com a promoção das habilidades sociais com os atores da Escola Leite
Neto, inspirou a elaboração de um Projeto de Intervenção associada à implementação de
interações educativas em sala de aula.
Atualmente espera-se das pessoas a chamada competência social, ou seja, a capacidade
de articular pensamentos, sentimentos, comportamentos e ações para si e para os outros. E
para que essa ocorra, é necessário que algumas habilidades sociais indispensáveis ao
funcionamento adaptativo social, tais como autocontrole, expressividade emocional,
civilidade, empatia, assertividade, solução de problemas interpessoais e capacidades de fazer
amizades, sejam desenvolvidas para que assim ocorra a sociabilidade (ZAGO, sd).
O termo habilidades sociais remete a uma área da Psicologia e se refere à existência de
diferentes classes de comportamentos sociais no repertório do indivíduo para lidar de maneira
adequada com demandas das situações interpessoais. (DEL PRETTE, 2003).
O aprendizado das habilidades sociais ocorre como conseqüência da interação entre os
educadores, pais, ou seja, a forma de se relacionar será aprendida de acordo com os exemplos,
quantidade de estímulos e ações, fornecidos pelas pessoas com quem a criança tem maior
contato social. Provocando assim o desenvolvimento de comportamentos educados ou não,
facilidade ou dificuldade de expressividade emocional, de comunicação, por parte dos alunos
através do processo de identificação com as pessoas mais freqüentes em sua vivência (ZAGO,
sd). Quando há falta de habilidades sociais é crítica, as relações sociais podem se tornar
restritas e conflitivas, interferindo de maneira negativa no grupo em que o individuo está
inserido, dificuldade de socialização ou até mesmo déficit na aprendizagem e sobretudo em
sua saúde psicológica. (DEL.PRETTE, 2003).
No ambiente escolar, para que aconteça a inserção ou o reforço dessas habilidades
sociais, faz-se necessário que o conteúdo escolar seja passados para seus alunos de forma
lúdica, com muitas brincadeiras, músicas, historinhas, sendo esses associados sempre a prática
e a realidade das crianças, bem como as influências que o contexto social e cultural exerce
sobre elas e as dificuldades decorrentes de fatores organísmicos e ambientais. Através de
aulas dinâmicas sobre "boas maneiras", “palavras mágicas” abordadas em ambiente escolar,
podem definir a inclusão das crianças em determinados grupos. Tais habilidades como
cumprimentar, aceitar, fazer e dar elogios, agradecer, ajudar o próximo, entre tantas outras,
auxiliam as crianças a manter um bom contato social com seus colegas, com seus familiares,
professores e com pessoas que possam vir a conhecer (ZAGO, sd).
É através das habilidades sociais aprendidas na escola que, a criança virá a ter
instrumentos para solucionar problemas inter e intrapessoais, aprenderá a diferenciar o que
deve ou não fazer, diferenciando o certo do errado, terá capacidade de desenvolver um bom
desempenho social, cultivando e fazendo amizades. Contudo, devemos destacar que, as
habilidades sociais tão importantes para a competência social da criança não depende
unicamente do ambiente escolar mais também das habilidades ensinadas pelos pais ou
cuidadores da criança. Obviamente que, quando ocorre à junção adequada da aprendizagem
oferecida pelas duas instituições há o melhor desenvolvimento social da criança.
METÓDO
Após realização do diagnostico nas salas que foram observadas pelos integrantes do
grupo. Foi detectada a necessidade de se desenvolver um projeto com os professores, que
buscasse estimular a motivação, auto-estima, comunicação, compartilhar vivência entre os
próprios professores e demonstrar a importância deste para a formação do alunado. Assim
também, concomitante ao grupo de professores fosse realizadas atividades com os alunos do
ensino fundamental.
Sujeitos
Participaram deste projeto 04 professoras do ensino fundamental com idade entre 45 á
56 anos, residentes na cidade de Aracaju/SE que atuam regularmente na Escola Estadual. E 56
alunos devidamente matriculados na escola citada, com idade entre 6 a 12 anos.
Atividades realizadas
Durante as intervenções foram desenvolvidas palestras motivacionais; atividades interativas
como dinâmicas de grupo com o intuito de estimular a relação aluno- professore, simulação
de situações do cotidiano de sala de aula, com o objetivo de compartilhar experiência e
também a criação de teatro em cena para que seja ampliada a visão da importância da
utilização das atividades lúdicas em sala de aula, além de psicoeducação com temas
fundamentais como auto-estima, auto-conhecimento, motivação, relações de afeto,
comunicações, habilidades socais.
RESULTADOS
Análise das Intervenções com as Professoras
As intervenções foram realizadas na Escola Estadual, com as professoras “H”, “L”
“A”, e “S”, respectivamente do 1º ano, 2º ano, 3º ano e 5º ano, com o horário das 10:40h
as 11:30h.
Na primeira intervenção foi proposto o tema Autoestima. Foi pedido para que as
professoras se apresentassem e falassem sobre suas qualidades. Apenas as professoras
“A”e “L”, falaram livremente, já as outras duas professoras demonstraram receio em
falar, apenas disseram poucas qualidades. Quando perguntado: Por que temos vergonha
de falar sobre nós, sobre as nossas qualidades? As professoras, logo se justificaram:
“S”- É que o tempo é curto, e às vezes foge da mente o pensamento.
“H”- E também falamos rápido logo, para dar tempo das outras falarem.
Foi notória a resistência demonstrada pelas professoras no primeiro momento, essas
sempre tentavam justificar qualquer tipo de “falha” suas, provavelmente por acreditarem
que estariam em um processo de avaliação.
Em seguida foi realizado psicoeducação sobre Autoconhecimento, foi pedido que as
professoras desenhassem uma bandeira individual, respondendo á 4 questões: Qual o seu
maior sucesso individual? Quais as suas qualidades? Quais as suas dificuldades? E o que
você mais valoriza na vida?
A professora “H” respondeu as quatro questões somente sobre seu trabalho:
“H”- Meu sucesso é quando meus alunos aprendem a ler. A minha maior qualidade é
ensinar meus alunos a lerem e a escreverem, eu gosto muito é de ajudar as pessoas. O que
mais valorizo na vida é ensinar.
Vale destacar que, a professora “H”, não falou sobre as suas dificuldades em
nenhum momento, mesmo quando perguntamos, ela disse que esqueceu de responder essa
questão. Chamou-nos atenção também a professora “A”, que respondeu todas a questões
com apenas um desenho de pomba.
“A”- Meu maior sucesso é lutar pela paz, minha qualidade é ensinar e querer sempre
a paz. A dificuldade que tenho é de conseguir a paz porque nem sempre é fácil. E a minha
expectativa de futuro é ter paz. Olha hoje eu não estou muito bem não, estou com uma
dor de estômago imensa.
Já as professoras “L” e “S”, falaram mais sobre expectativas, qualidades,
dificuldades, sucesso individuais, como conseguido ter filho, aposentar-se próximo ano,
ter família, ter uma profissão.
Houve dificuldade em trabalhar com as professoras nessa primeira intervenção,
porque elas não se demonstravam receptíveis a participar do projeto, a falar ou até mesmo
a desenhar. Como hipótese para explicar tal comportamento, acreditamos no receio por
serem avaliadas, bem como por sermos jovens estudantes de Psicologia.
No entanto, quando falamos sobre autoestima e fizemos à dinâmica: “Pra quem
você tira o chapéu” e ouve o treinamento dos elogios, houve uma notória mudança de
comportamento das professoras, elas começaram a falar mais, a rirem, enfim a aderirem
melhor à intervenção. Acreditamos que nesse momento, foi iniciado, um possível vínculo,
principalmente porque no final, “L” disse:
“L”- Gostei da aula, foi muito boa viu, e olhe que eu conheci um psicólogo que era
horrível, queria que todo mundo fizesse, entendesse sua crença, mas vocês não, gostei de
ver.
O tema da segunda intervenção foi sobre Comunicação. Foi explicado para as
professoras a importância da comunicação e a diferença entre comunicação verbal, não –
verbal e mista.
Foi levantados tópicos como, a importância da comunicação, características regionais,
analogias com gírias do passado e do presente, comunicação em sala de aula, entre outros. As
professorar demonstraram gostar muito do tema, principalmente sobre as diferenças das
gírias, essas se remeteram a suas vivencias passadas, foi um momento de muita descontração.
“S”- Nossa antes as gírias eram diferentes, por exemplo quando passava um homem
bonitão, nós falávamos logo: ele é um pão!!!
Para praticar a comunicação verbal foi realizada a dinâmica do “Telefone sem fio”,
onde todas as professoras ficaram lado a lado. A facilitadora iria dizer no ouvido da primeira
professora uma frase bastante complicada e essa frase teria que chegar ao ouvido da ultima
professora de maneira correta. Ocorre que a frase dita pela facilitadora foi totalmente
contorcida e dita pela última professora de forma totalmente errada e cômica. Foi um
momento bastante descontraído e divertido da intervenção. Foi discutida a interferência de
uma comunicação não assertiva.
Em seguida foi realizada uma dinâmica para praticar a comunicação não – verbal, a
dinâmica chamada “Imagem e Ação”. Cada professora pegou dois papeizinhos que estavam
em dois chapeis. No primeiro chapéu continha nomes de filme e seriados de TV, no segundo
chapéu tinha o nome “Imagem” e outros como o nome “Ação”. Se a professora pegasse a
palavra ação ela teria que fazer uma mímica para as outras professoras adivinhassem qual era
o filme ou serie de TV, se professora pegasse a palavra imagem ela teria que desenhar algo
que lembrasse o titulo do filme ou da série de TV. Foi uma atividade interessante, que
propiciou as professoras exercitarem através comunicação não verbal a interação do grupo.
Para finalizar essa intervenção foi lido para as professoras, um texto referente ao que
atrapalha e facilita na comunicação. Esse texto aborda tópicos sobre um melhor e adequado
desenvolvimento da comunicação nas relações humanas.
No terceiro encontro foi escolhido o tema: “O amor e respeito”. Inicialmente foi
realizado um relaxamento com as professoras, foi trabalhado a respiração e movimentos
corporais, através de música ambiental. Após ao relaxamento, foi aberto espaço para a fala
livre das professoras sobre o amor, partilhas de vivência sobre o tema. Destaca-se que as
participantes falaram bastante sobre família - amor de mãe, de esposo.
“A”- Amar é dar-se a alguém, é você quere muito bem a uma pessoa.
“L”- O amor apesar de ser uma palavra pequena tem um conceito enorme, é muito
complexo, o verdadeiro amor é aquele de mãe.
“S”- Isso mesmo amor verdadeiro é só o de mãe para filho, nem o de esposo é. Sabe
do que mais, o maior amor foi o de Jesus Cristo em dar sua vida para nos salvar.
Em seguida, foi lido os textos: “A mensagem do doador Anônimo”, e “Ser Professor
é”. Elas gostaram muito, e fizemos uma analogia sobre doar e ser professora, como forma de
doar amor, conhecimento, experiências. Um fato que chamou atenção foi que todas as
professoras afirmaram que só o amor à profissão de professor é o que sustenta a permanência
delas, uma vez que muitos alunos apresentam comportamento agressivos e desobediência e o
salário não recompensa.
“L”- Se não fosse o amor, qualquer pessoa desistiria na primeira semana, porque os alunos de
hoje são muito agitados.
Nessa intervenção foi entregue as professoras às cartinhas elaboradas por seus alunos,
e para contemplar esse momento tocamos a música: “Ao mestre com carinho”, elas
demonstraram-se muito alegres, ao ver o que seus alunos escreveram, desenharam, e também
ficaram surpresa com a homenagem. E como forma de retribuição, foi realizada a proposta de
que elas elaborassem uma carta-cartaz para seus alunos. Destaca-se que as professoras
gostaram da idéia, e com cartolina, revistas, cola e canetinhas montaram também suas
homenagens.
“S”- Nossa que lindo, eles capricharam! Quantos desenhos, e adesivos! Fiquei até
emocionada!Esse será o último ano juntos..
Na última intervenção foi realizado um feedback com cada professora, para que elas
relatassem o que tinha achado das intervenções, possíveis sugestões, críticas ou elogios.Todas
sem exceção comentaram que gostaram muito. A professora “L” foi a que mais falou:
“L”- A vida é um ´´eterno aprendizado, vocês abordaram assuntos que a gente já sabia, mais
foi deu ma forma diferente, foi muito dinâmico, eu gostei bastante.
´´H``- Sempre procuro tratar bem os estudantes que fazem um projeto aqui ou mesmo estágio
na escola, porque já foi estudante e sei como é a vida de um.
“A”- A aprendizagem é uma troca, foi muito bom esse momento.
Depois do feedback foi realizada uma ultima dinâmica, ”A dinâmica da bola”. Cada
professora escreveu em uma bexiga um sentimento, depois as mesmas jogaram as bolas para o
ar e não poderiam pegar de volta as bexigas que cada uma escreveu. Em seguida já com as
bexigas na mão cada professora relatou o sentimento que deu e o sentimento que recebeu.
Os sentimentos citados foram amor (escrito na bexiga por três das professoras) e carinho
(escrito na bexiga por uma professora)
Depois da dinâmica cada professora levou sua carta – cartaz para a suas respectivas salas
de aula, como forma de retribuição aos alunos, sendo que lá para a surpresa delas, receberam
outra homenagem dos seus alunos.
Atividades Desenvolvidas com os Alunos
Na primeira Intervenção com as crianças do Colégio Estadual Senador Leite Neto, foi
realizada a dinâmica do “passa bola” – a bola passa de mão em mão e cada pessoa tem que se
apresentar. Essa dinâmica tem como objetivo conhecer todos os participantes envolvidos. Os
facilitadores se apresentaram primeiro, e logo depois passou a bola para um aluno que
também se apresentou, depois de cada apresentação, perguntava-se a turma se tal aluno
merecia ganhar bala, logo, o comportamento foi reforçado e todos se apresentaram de forma
espontânea.
No segundo momento, teve a participação dos doutores da alegria (acadêmicas), que
entraram na sala de aula cantando, tocando violão, distribuindo nariz de palhaço e pirulito. Foi
a maior festa, as crianças se divertiram muito.
Também teve a brincadeira do “Vivo ou morto” (quem errava o comando dado, saia
da brincadeira e pagava uma prenda). Os dois finalistas receberam pirulito como premiação.
No momento final das atividades, as estudantes de psicologia utilizaram charadas (O
que é? o que é?) para descontrair e prender a atenção de todos. A cada resposta certa, a
criança realizava a brincadeira adivinhada na charada e ganhava pirulito. Uma das
brincadeiras adivinhadas foi pula-corda, muitos alunos mesmo sem acertar a charada pularam
corda, cantaram, etc.
Quando encerrou a recreação pediu-se uma salva de palmas de quem gostou do dia e
todos entusiasmados bateram muitas palmas.
No segundo encontro foram reforçadas as habilidades sociais das crianças e
demonstrada à importância da figura do professor em suas vidas. Criamos um momento de
reflexão e cada criança pôde falar o que realmente achavam sobre o professor. Foi Sugerido
que cada criança escrevesse ou desenhasse uma carta para professora dizendo o quanto ela era
especial. Todos concordaram e foram recompensados com balas.
A segunda intervenção foi baseada no dialogo, foi abordado a importância do
professor. Em circulo, houve dialogo a respeito do significado do professor no dia-a-dia, as
contribuições que esse trás para a vida de cada um, e a partir desse ponto, um questionamento
dos alunos, sobre suas demonstrações de afeto a professora, se ocorriam, eram freqüentes, etc.
Poucos alunos alegaram dar demonstrações de carinho à mesma, ou dizer o quanto gostavam
dela, apesar de todos afirmarem que esta era muito querida.
Quando encerrada a discussão, foi proposto aos alunos que escrevessem mensagens ou
fizessem desenhos para serem entregues a professora, como uma forma de demonstrar o que
eles geralmente não diziam. De inicio foi apresentada alguma resistência, mas após alguns
minutos todos estavam engajados e determinados a fazer “a carta mais bonita”, levando assim
todo o tempo restante da intervenção para dedicação ao trabalho.
No terceiro encontro foram realizadas atividades com o intuito de trabalhar as
habilidades sociais com os alunos.Inicialmente foi realizada uma dinâmica de grupo intitulada
“Ajuda mútua” – os alunos, com o braço esticado e com um pirulito na mão, têm que chupá-lo
sem dobrar os membros superiores, para isso, só oferecendo o doce ao colega e vice-versa.
Essa dinâmica tem como objetivo trabalhar a cooperação e mostrar o valor que o outro tem
em nossas vidas.
Depois começou um período de reflexão e conversa, no qual foi abordada a
importância das habilidades sociais para uma vida saudável, favorecendo as relações
interpessoais em casa, na escola, etc. Nesse momento cada aluno falou sobre uma “palavra
mágica” que utilizava no dia-a-dia como, obrigado, desculpa, com licença, entre outros.
Para finalizar tal temática, foi passado para as crianças um caça - palavras, no qual as
mesmas teriam que encontrar as palavras relacionadas às boas maneiras. O aluno que
terminou primeiro a atividade foi premiado com pirulito. Porém, todos que concluíram a
tarefa foram elogiados.
No quarto e último dia de intervenção, foi realizada uma brincadeira de descontração,
parecida com a primeira, “passa a bola”, mas que ao invés de uma apresentação, dessa vez
quem ficasse com a bola teria que pagar uma prenda. Alguns alunos se mostraram tímidos,
então foi iniciada a atividade do dia, que seria preparar uma homenagem a professora, no caso
do 5º ano, recitar um poema.
Estava previsto o desenvolvimento de uma apresentação para a professora, mas alguns
alunos justamente neste dia pareciam muito agitados e alguns revoltados com a professora.
Isso dificultou bastante na hora da preparação da apresentação. Após tentativa de acalmá-los a
turma foi dividida entre meninas e meninos, onde cada um dos lados leria metade do poema.
Todos se mostraram bastante entusiasmados, e um tanto quanto energéticos, principalmente
os meninos. Depois de alguns minutos de ensaio, a professora foi levada a sala de aula para
assistir a apresentação, e também ofereceu uma “carta-cartaz” aos alunos, com uma
mensagem escrita por ela para eles. Foi um momento de interação e expressão de afetividade.
Ao final alunos e professores se abraçaram.
CONCLUSÃO
Entre os entraves para a execução do projeto, pode-se destacar como dificuldade o
fato da coordenação da escola apesar de ter sido previamente e recorrente informada sobre o
inicio das atividades a serem realizadas com as professoras, não ter comunicado a esse grupo
sobre o projeto. Essa situação causou certo mal-estar tantos pelos alunos de Psicologia que
estavam na expectativa de ação, quanto pelos professores que tomaram como surpresa a
intervenção. Por outro lado houve a disponibilização do espaço físico da instituição pela
coordenação.
Em relação às atividades desenvolvidas, houve algumas dificuldades nas
intervenções com as professoras, uma vez que inicialmente houve certa resistência na adesão
ao projeto, uma vez que houve em alguns momentos a recusa durante a execução das
atividades propostas. No entanto, após o vinculo ter sido estabelecido pelos facilitadores, as
professoras passaram a aderir melhor o projeto, colaborando para a qualidade e
desenvolvimento do mesmo.
Quanto ao trabalho com os alunos, a grande dificuldade encontrada foi à falta de
concentração e envolvimento dos mesmos com algumas atividades, porém essas foram
suprimidas através dos reforços positivos baseados em guloseimas e combinados. Sem dúvida
após a compreensão da dinâmica do projeto,os alunos demonstraram gostar bastante das
atividades propostas.
Convém ressaltar que, para que haja uma qualidade no âmbito escolar, seja no
ensino aprendizagem ou nas inter, intra relações, faz-se necessário trabalhos duradouros que
visem proporcionar motivação, autoestima por todos os setores da escola desde a direção aos
alunos. Através dessa intervenção foi possível perceber que a motivação faz-se o caminho
viável para a qualidade das relações, refletindo assim no desenvolvimento do ensino.
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