niemann-pick c
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NIEMANN-PICK C Dificuldades de concentração, alterações na coordenação motora e problemas oftalmológicos são apenas alguns dos sintomas de uma doença com característica semelhantes ao Alzheimer e que representa, para os doentes, uma verdadeira corrida contra o tempo. Teresa Temudo, Neuropediatra do Hospital de Santo António, no Porto, alerta para a necessidade de diagnóstico precoce. O que é o Niemann-Pick C? A Niemann Pick tipo C é uma doença rara, neurodegenerativa, que se caracteriza por um defeito no transporte dos lípidos intracelulares, originando acumulação excessiva de colesterol e glicoesfingolípidos nos lisossomas do cérebro e outros tecidos. Esta doença é frequentemente comparada ao Alzheimer. Este paralelismo é correcto? Porquê? Uma das características desta doença é a demência progressiva sendo, por este motivo comparada com a doença de Alzheimer. Qual a taxa de incidência da doença? A incidência mínima calculada desta doença é de 1:150.000 a 1:120.000 recém nascidos. Em Portugal, quantos casos existem registados? Na população portuguesa, a prevalência estimada, num estudo realizado em 2004, era de 2.2: 100.000 nascimentos. Acredita que a doença está subdiagnosticada no nosso país? Sim. Esta doença é muitas vezes subdiagosticada ou diagnosticada tardiamente devido à inespecificidade da sintomatologia. Quais os sintomas da Niemann-Pick C? A doença de Niemann Pick tipo C caracteriza-se por descoordenação motora com agravamento progressivo, ataxia, deterioração cognitiva lenta, distonia progressiva, disartria, disfagia e em cerca de 1/3 dos casos crises epilépticas. A presença de movimentos oculares sacádicos anómalos é por vezes o primeiro sintoma neurológico e evolui, posteriormente, para oftalmoparésia do olhar vertical supranuclear, característica desta patologia. Como é que os médicos podem chegar rapidamente ao diagnóstico? Existem alguns marcadores que identifiquem de imediato a patologia? Perante um quadro clínico de regressão do desenvolvimento, associado a progressiva deterioração motora e cognitiva, é essencial pesquisar a presença de movimentos oculares anómalos, característicos desta patologia. Não existe nenhum marcador específico que permita identificar, de forma imediata, esta doença. 1 Que tipo de exames poderão ser feitos para a confirmação de um diagnóstico de Niemann-Pick C? Podem ser realizados exames bioquímicos em cultura de fibroblastos da pele, obtidos por biópsia. A acumulação de colesterol não esterificado em fibroblastos é avaliada através da coloração das células com filipina que emitem fluorescência sob luz UV. Contudo, os resultados destes testes podem ser inconclusivos, sendo necessária a análise da mutação genética (NPC1 ou NPC2) para a confirmação do diagnóstico. papel benéfico do miglustato na estabilização, ou atraso da progressão dos sintomas neurológicos. O tratamento com miglustato deve ser iniciado imediatamente em doentes com Niemann Pick tipo C com qualquer tipo de manifestações neurológicas. Julga que a cura do Niemann-Pick C poderá estar para breve? Apesar de estarem a ser efectuadas investigações acerca desta doença penso que a cura ainda não está para breve. É possível o diagnóstico in-útero? Sim Em que casos é que a grávida deverá ser sujeita a estes testes? Deve ser disponibilizado a casais com filhos anteriores com a doença. A mutação deve ser identificada em cada caso de doença e o DNA dos pais deve ser estudado antes do aconselhamento genético. Baseia-se na colheita de células fetais através de amostra de vilosidades coriónicas entre as 10-12 semanas ou amniocentese entre as 15-18 semanas de gestação e posterior análise molecular genética. Esta doença manifesta-se à nascença ou só numa idade mais avançada? O início dos sintomas pode ocorrer em qualquer faixa etária mas, frequentemente, surge em idade escolar, após um período de desenvolvimento normal da criança. A sintomatologia da doença difere de idade para idade? A sintomatologia difere com base na idade de início das manifestações clínicas, contudo nas fases mais tardias da doença, os sintomas são semelhantes. A maioria dos doentes com NP-C morre precocemente, mas a taxa de progressão da doença e a expectativa de vida variam, dependendo da idade de início dos sintomas neurológicos. Quanto mais precoce o início dos sintomas, mais rápido será o agravamento da doença. Caso a doença não seja diagnosticada atempadamente, que consequências existem para o doente? Actualmente não existe cura para a doença, contudo quanto mais precoce for o diagnóstico e o iníco do tratamento com o miglustato melhor será o prognóstico dos doentes. Que terapêuticas podem ser aplicadas a estes doentes? O tratamento baseia-se em medidas de suporte que permitam minimizar as manifestações clínicas e melhorar a qualidade de vida dos doentes. Quais os últimos avanços médicos nesta área? Foram observados avanços no tratamento da doença, nomeadamente na demonstração do 2 Teresa Temudo Chefe do Serviço de Neuropediatra do Hospital de Santo António - Porto 1984 -1986 Assistente de Semiologia Médica no Curso de Medicina da Faculdade do Porto 1987 -1992 Especialização em Pediatria no Serviço de Pediatria do Hospital Geral de Santo António 1991 Trabalhou no Serviço de neuropediatria da Clinique Saint-Luc em Bruxelass, Bégica 1992 Trabalhou no Centro de Estudos Prospectivos de Desenvolvimento do Serviço de Neurologia do C.H.U.V., em Lausanne, na Suíça 1992 Faz parte do Serviço de Neurologia do Hospital Geral de Santo António, no Porto 1993 -1995 Especialização em neuropediatria no Serviço de Neuropediatria do Hospital Maria Pia, no Porto 1994 Pertenceu ao Serviço de Neuropediatria do Hospital de San Juan de Diós, em Barcelona graças a uma bolsa atribuída pela Fundação Calouste Gulbenkian 1999 Torna-se consulta de Pediatria 2004 É nomeada chefe da Unidade de neurologia Pediátrica do Hospital Geral Santo António 2008 Obtém o mestrado com a tese “Clinical and genetic study of Rett Syndrome in Portugal” 2008 Torna-se professora assistente de Pediatria UM GENE CHAMADO… ESPERANÇA São gémeas e, com apenas seis anos de idade, ensinam ao Mundo como enfrentar uma doença devastadora, apelidada por muitos especialistas como Alzheimer Infantil. Conheça a história da Ana e da Carolina. Olá, chamamo-nos Ana e Carolina e somos irmãs gémeas. Temos 6 anos de idade e vivemos nos EUA. Desde que nos lembramos que o nosso mundo tem sido hospitais e batas brancas. A mamã conta que, aos dois anos, por exemplo, estivemos internadas com uma doença chamada mononucleose infecciosa e foi nessa altura que os médicos acharam que éramos “Especiais”. Durante um ano e meio, fizeram-nos muitos exames mas ninguém conseguia perceber o que tínhamos. Era difícil andar e equilibramo-nos... Então os médicos quiseram cortar um bocadinho da nossa pele – especial – para perceberem o que tínhamos. Em Outubro de 2007, após uma odisseia de dois anos, foi-nos diagnosticada uma doença ultra-rara e fatal, relacionada com o colesterol e que afecta apenas 500 pessoas, em todo o mundo. Chama-se Niemann-Pick tipo C (NPC) e muitos dizem que é uma espécie de 3 “Alzheimer infantil” O nosso médico explicou-nos que todos nascemos com um gene de Niemann-Pick Tipo C, sem o qual não podemos viver, uma vez que é ele que faz com que consigamos transformar a gordura em energia – eles chamam-lhe metabolismo do colesterol. Nós nascemos com um problema neste gene e por isso é que temos tantos problemas de saúde. As nossas vidas têm sido uma verdadeira batalha. Diariamente apercebermo-nos que perdemos algumas funções, tão preciosas para podermos brincar e aprender, tais como a capacidade de andar, falar, comer e até, lembramo-nos do nosso do nosso melhor amigo, o “Max”, o nosso Golden Retriever. Desde que soubemos que tínhamos NiemannPick Tipo C, a mamã e o papá têm feito de tudo, numa procura constante, para encontrar novos tratamentos que nos ajudem. No ano passado, fizemos um novo exame, no Hospital Infantil de Michigan. A TAC ao nosso cérebro mostrou que temos um problema no metabolismo da glicose no lobo frontal de nosso cérebro e inflamação nas regiões dos gânglios da base do nosso cérebro. Muitos médicos acreditam que este tipo de inflamação é comum a várias doenças neurológicas que vão desde o Alzheimer ao Parkinson. “O nosso maior sonho é poder brincar como os outros meninos!” 4 Neste momento, estamos fazer nt to e stamos t a f azer um novo tratamento com um remédio que os meus pais acreditam nos irá ajudar. Através de uma pesquisa na internet, os papás descobriram que este medicamento, um aditivo alimentar, poderia ajudar-nos e, juntamente com um investigador, conseguiram em Abril de 2009, que a FDA desse uma autorização especial chamada “uso compassivo” que permite que os doutores nos dêem este remédio, à base de um componente não tóxico do açúcar. Este remédio tem um nome engraçado – ciclodextrina, e pelo que diz o nosso médico, existe em muitos produtos livres de gordura tais como manteiga ou temperos de salada. Esta substância é mágica porque consegue agarrar o colesterol que temos a mais e destrui-lo. Estamos também a tomar o único medicamento até agora aprovado para esta doença! Consideramo-nos afortunadas pois somos as únicas meninas no mundo a beneficiar deste tratamento mágico... Temos esperança de, um dia, poder fazer tudo como os outros meninos e desafiamos todos os meninos que tenham o mesmo problema a fazerem o mesmo que nós: SONHAR! BATALHA CONTRA AS GORDURAS Terapêutica trava sintomas de Niemann Pick Melhora a sintomatologia e, sobretudo, retarda a progressão neurológica da doença. Para milhares de doentes que vivem uma verdadeira corrida contra o tempo, esta terapêutica inovadora pode significar a realização de um sonho adiado Apesar da inexistência de um tratamento definitivo, o miglustat foi aprovado na União Europeia, a 29 de Janeiro de 2009, para o tratamento das manifestações neurológicas progressivas em doentes adultos e pediátricos com a doença de NiemannPick tipo C (NPC). Conforme explica o Relatório Público Europeu de Avaliação do Medicamento, “o miglustat é utilizado no tratamento de duas doenças congénitas raras, que afectam a forma como o corpo metaboliza as gorduras”. No caso da NPC o miglustato inibe a actividade de uma enzima chamada glucosilceramida sintetase. Esta enzima está envolvida na primeira fase da produção de glicoesfingolípidos. Ao inibir a actividade da enzima, o miglustato reduz a produção de glicoesfingolípidos nas células. Como ultrapassa a barreira hemato-encefálica, a sua utilização previne a acumulação dos lípidos nas células do cérebro. Tal deverá reduzir os sintomas da doença de Niemann-Pick de tipo C. Segundo a EMEA “globalmente, os dados demonstram que o tratamento com miglustat pode reduzir a progressão de sintomas neurológicos clinicamente relevantes em doentes com doença de Niemann-Pick tipo C”. Em 2007, o Lancet Neurology publicou um estudo efectuado pelo Dr. Marc Patterson, da Mayo Clinic com doentes com 12 anos de idade, durante um ano, onde se verifica que a terapêutica com miglustat melhora de forma significativa a velocidade dos movimentos oculares horizontais sacádicos, melhora a capacidade de deglutição e permite uma acuidade auditiva estável. Estes resultados animadores são defendidos por diversos neurologistas de renome. O investigador e neurologista do Hospital Sant Joan de Déu em Barcelona, Dr. Mercè Pineda afirma que “a estabilização dos sintomas neurológicos nos doentes tratados com miglustat permite que mantenham um certo nível de qualidade de vida - ser capaz de continuar a comer, ao invés de ser alimentado por sonda ou prolongar a sua mobilidade. De salientar ainda que a idade de início da doença tem uma influência notável na resposta à terapêutica”. Conforme explica Ed Wraith, MD, do Hospital Royal Manchester Children’s, “pela primeira vez temos uma terapia com uma resposta clínica favorável e consistente. Como médico, estou perfeitamente ciente da importância de reduzir a progressão dos sintomas neurológicos”. Esta opinião é partilhada por Frédéric Sedel, Neurologista do Hospital Salpêtrière, em Paris: “Numa doença como a NPC é impossível reverter os danos neurológicos ocorridos, por isso temos de concentrar os nossos esforços na estabilização da doença “. Segundo as guidelines para a NPC, o inicio da terapêutica deve ser imediato em doentes com o diagnóstico confirmado de NPC e sintomas neurológicos. Na sua ausência, mas na presença de história familiar e tempo de início de manifestações neurológicas conhecido, o tratamento deve ser iniciado na altura ou antes do tempo previsto de início dos sintomas neurológicos. Actualmente, existem quatro doentes em tratamento com miglustat em Portugal estando a substância a ser avaliada, neste momento, para o tratamento de outra doença rara – a Fibrose Quística. 5 NIEMANN PICK TIPO C Problemas médicos mais comuns no progresso da NPC I (Garver et al.) Problemas auditivos 15% Alterações psiquiátricas Tem uma frequência estimada na ordem de 1/150 000 nados-vivos e, segundo um estudo da professora Clara Sá Miranda, uma prevalência na população portuguesa de 2.2/100 000, apesar de se achar que a doença está subdiagnosticada no nosso país. A Niemann Pick Tipo C é uma doença de transmissão autossómica recessiva, o que significa que atinge de igual modo o sexo masculino e feminino. Esta doença deriva de uma mutação no gene NPC1, localizado no cromossoma 18 (presente em 95% das famílias atingidas), ou no NPC2 (cromossoma 14). Resulta de uma anormalidade no transporte intracelular de vários glicolípidos e do colesterol não-esterificado, tendo como consequência a sua acumulação nos lisossomas de vários tecidos, incluindo fígado, baço e sistema nervoso central, sendo estes lípidos tóxicos para as células. Segundo a Dra. Marie Vanier, “esta é uma doença de depósito lisossomal atípica, pois não resulta do deficit de uma enzima lisossomal, mas de uma anormalidade no transporte intracelular de vários glicolípidos e do colesterol nãoesterificado”. Os sintomas neurológicos, apesar de início e progressão variável, manifestam-se na maior parte das vezes entre os 4 e os 10 anos de idade. Primeiramente, surgem dificuldades de aprendizagem, sobretudo na concentração e memória de curto prazo. A criança pode ter dificuldade em comunicar e o discurso é ligeiramente arrastado. Nessa idade poderão também surgir alterações na coordenação motora. Devido à oftalmoplegia vertical supranuclear, a criança tem dificuldade em olhar para baixo e para cima. Disfunção Neurológica associada à Doença de NP-C Idade de aparecimento Quadro Clínico 1ª Infância (3 meses aos 2 anos) Atraso nas principais etapas do desenvolvimento motor Hipotonia Central Perda de audição Paralisia supranuclear do olhar vertical (geralmente ausente) Infância (2 aos 6 anos) Quedas frequentes Ataxia, distonia, disfagia, disartria Hipotonia Central Perda de audição Crises convulsivas (parciais e/ou generalizadas) Paralisia supranuclear do olhar vertical (geralmente presente) Insucesso escolar Problemas comportamentais Quedas frequentes Ataxia, disartria, distonia, disfagia Mioclonias, Cataplexia Crises convulsivas (parciais e/ou generalizadas) Paralisia supranuclear do olhar vertical (geralmente presente) Falta de jeito Quedas frequentes Dificuldades na continuação da educação ou obtenção de trabalho Progressão lenta de ataxia, disartria, distonia, disfagia Mioclonias Cataplexia Crises convulsivas (parciais e /ou generalizadas) Demência Paralisia supranuclear do olhar vertical (geralmente presente) Síndromes psiquiátricos* Infância e adolescência (6 aos 15 anos) Adolescência e idade adulta (>15 anos) *Sintomas psiquiátricos que emitam uma depressão, uma perturbação bipolar ou esquisofrenia (psicose) 6 28% Problemas de sono 42% Epilepsia 52% Problemas respiratórios 52% Cataplexia 52% Disartria 70% Disfagia 80% Oftalmoplagia vertical supranuclear 81% Afaxia cerebelosa 83% Dificuldades de aprendizagem 87% Demência 87% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Percentagem de doentes Numa segunda fase, há um agravamento destas alterações. Surgem ataxia (má coordenação dos movimentos, por ex. na marcha), distonia (perturbação do tónus muscular), disartria (discurso arrastado e irregular), disfagia (dificuldade na deglutição), cataplexia (perda súbita do tónus muscular, que pode provocar a queda), ou até mesmo tremores e convulsões. O período neonatal é marcado em 40% dos casos por uma hepatoesplenomegália com icterícia colestática prolongada, geralmente de regressão espontânea, podendo no entanto evoluir para insuficiência hepática, rapidamente fatal. Na forma infantil severa (20% dos casos), a alteração neurológica começa antes dos 2 anos, com um atraso do desenvolvimento motor e hipotonia, seguida de alterações piramidais. O diagnóstico pré-natal é realizado pelo estudo bioquímico e, se possível, através da identificação das mutações, por biologia molecular. O estudo bioquímico é feito a partir da cultura de fibroblastos da pele, obtidos por biópsia, sendo avaliada a sua capacidade para transportar e acumular colesterol. Estes diagnósticos podem ser solicitados ao Instituto de Genética Médica Doutor Jacinto Magalhães (IGMJM). TRATAMENTOS PREVENTIVOS E SINTOMÁTICOS •Dieta com pouco colesterol •Vigilância e tratamento precoce das alterações da motricidade •Anticonvulsivos no caso de convulsões •Fisioterapia para evitar o anquilosamento articular •Espessantes, sonda nasogástrica ou gastrostomia, conforme a gravidade, para garantir o aporte nutricional •Controlo das infecções respiratórias, aspirado de secreções e fisioterapia respiratória. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Por ser uma doença directamente relacionada com a acumulação de gorduras, uma dieta non-fat, poderá trazer um equilíbrio substancial aos doentes de Niemann Pick Tipo C. Conheça alguns truques que o poderão ajudar a elaborar uma dieta correcta. A saúde começa na cozinha! Esta frase, tantas vezes repetida pelos profissionais de saúde, assume especial importância no caso dos doentes com Niemann Pick Tipo C. Como já anteriormente referimos, esta doença caracteriza-se por uma anormalidade no transporte intracelular de vários glicolípidos e do colesterol não-esterificado. Consequentemente, acumulam-se níveis excessivos de colesterol e glicolípidos no fígado, baço e cérebro. Uma dieta equilibrada constitui uma ferramenta eficaz no controlo da doença. Combater o colesterol Para evitar a acumulação de gorduras nas células, o doente de NPC deve fazer uma dieta com pouco colesterol, escolhendo criteriosamente os alimentos que mais o poderão favorecer, tais como carnes magras, aves, claras de ovos, feijão, lentilhas, grão-de-bico, esparguete, vegetais frescos e sumos naturais. Os produtos abaixo têm ainda as seguintes particularidades: Peixes azuis Os organismos internacionais de Nutrição recomendam a ingestão de 1 a 1,5 g por dia de ácidos gordos ómega-3, o que equivale a cerca de três porções de peixe azul por semana. Estes ácidos gordos têm especial importância na inibição plaquetária, ou seja, são bons aliados da saúde das artérias. Arroz Um estudo da Universidade de Rochester revelou que o nível de colesterol LDL diminui até 62% com a ingestão de tocotrienol, uma forma de vitamina E presente na casca do grão de arroz. Trata-se de um poderoso antioxidante, cada vez mais estudado, devido a este espectacular efeito sobre os lípidos de alta densidade (LDL). Abacate Tem fama de ser muito calórico (e, de facto, é, apesar das suas gorduras serem saudáveis), mas ingerido com moderação é um bom regulador do colesterol, graças às suas gorduras insaturadas. Cebola A elevada quantidade de aliína que contém facilita a circulação do fluxo sanguíneo, evitando a formação de placas de colesterol nas artérias. Maçã Contém metionina, um aminoácido essencial que participa no metabolismo das gorduras, regulando os níveis de colesterol no sangue. Mirtilos As suas antocianinas previnem a oxidação do colesterol e liquidificam o sangue, prevenindo as placas de ateroma (lesão nas artérias provocadas pelo depósito de colesterol). Citrinos e Quivi Estas frutas, ricas em vitamina C e E (fabulosos antioxidantes), evitam a formação de trombos (coágulo sanguíneo no interior de um vaso), uma vez que contrariam a oxidação do LDL (mau colesterol), responsável pela formação de ateromas e impedem a captação de colesterol por parte dos vasos sanguíneos. Fibras As fibras beneficiam o nosso organismo de diversas formas, uma delas é no momento da absorção dos nutrientes: as fibras são consideradas como esponjas e absorvem para o seu interior as gorduras alimentares, prevenindo a absorção de gorduras para a nossa corrente sanguínea. 7 Dieta sem lactose O tratamento aprovado para NPC pode inibir as dissicaridoses. Por isso, muitos dos doentes em tratamento, não conseguem metabolizar a lactose sofrendo dos inevitáveis distúrbios gastro-intestinais. Assim, uma dieta sem lactose poderá ser necessária aos doentes em tratamento. Numa dieta sem lactose devem ser evitados todos os derivados do leite ou quaisquer confecções que os empreguem tais como: todos os produtos pré-cozinhados ou preparados com a adição de derivados lácteos como puré de batata, sopas, omeletas, massas, pizza, esparregado, cereais enriquecidos com proteínas, manteiga, natas, e margarinas que contenham derivados lácteos, molhos de saladas e maionese que contenham leite ou derivados lácteos, fórmulas para latentes, de composição standard, bebidas à base de leite, tais como batidos, ponche e bebidas com malte, chocolate com leite, pratos gratinados, requeijão ou queijo fresco e alimentos fritos com margarina ou banha. Apesar destas restrições, não podemos ignorar que o leite é um alimento muito importante e não pode ser retirado da alimentação, principalmente em idade escolar. Por isso, procure nos supermercados embalagens de leite sem lactose (geralmente a expressão “sem lactose” aparece num “selo” à frente da embalagem). Substitua o leite normal por leite de soja, de arroz ou amêndoa. Informe-se sobre a dieta a adoptar junto do seu médico assistente. É proibido Carnes gordas Fígado, rim, salsicha, bacon Manteiga e margarina Bolachas, doces, pudins Produtos de pastelaria Chocolates, leite condensado, rebuça dos, pastilhas elásticas Presunto e enchidos Alimentos e sumos enlatados ou engarrafados Consumir moderadamente Milho Aveia Cevada Trigo integral Centeio Óleo de soja Óleo de peixes Leite e queijos cremosos Alimentos com ovos Leite gordo, meio-gordo e magro Iogurte de soja com banana (para 2 pessoas) Ingredientes 4 iogurtes de soja naturais 1 banana média 1 colher de sopa de mel Preparação Bata os iogurtes com o mel e a banana no liquidificador. Pode servir com gelo. 8 Queijo Iogurte Gelados Presunto e enchidos Croquetes e molho bechamel Massas alimentícias (aletria, macarrão, massa para sopas) Caso queira obter mais informações sobre esta patologia por favor entre em contacto com a Raríssimas através da nossa Helpline em [email protected] ©Raríssimas 9
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