Matriz Insumo-Produto

Transcrição

Matriz Insumo-Produto
RELATÓRIO DE PESQUISA
ELABORAÇÃO DA TRU E CONSTRUÇÃO DA MATRIZ
INSUMO-PRODUTO 2008
CAMPO GRANDE
Estado de Mato Grosso do Sul - Brasil
Janeiro - 2013
ELABORAÇÃO DA TRU E CONSTRUÇÃO DA MATRIZ INSUMO-PRODUTO MATO
GROSSO DO SUL
2008
1
Coordenadora
Professora Mayra Batista Bitencourt Fagundes
Equipe
Professores
Daniel Massen Frainer
Everlam Elias Montibeler
Leonardo Francisco Figueiredo Neto
Estagiários
Daniel Amorim Souza Centurião
Juliana Almeida
Vanessa Schmidt
Parceiros
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul - FAMASUL
Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia – SEMAC
Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul – SEFAZ
Apoio Financeiro
Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul – APROSOJA/MS
2
AGRADECIMENTOS
Inicialmente, agradecemos a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul –
APROSOJA/MS, pelo apoio financeiro, e à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do
Planejamento, da Ciência e Tecnologia – SEMAC e Secretaria de Estado de Fazenda de Mato
Grosso do Sul – SEFAZ pelo apoio técnico e pela disponibilização dos dados necessários ao
desenvolvimento da pesquisa.
À Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, em especial o Centro de
Ciências Humanas e Sociais, nossos agradecimentos por todo o apoio concedido ao
desenvolvimento do estudo.
Agradecemos ao Coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Doutor Roberto Olinto,
pela receptividade e sugestões para a construção da matriz.
Agradecemos a professora Doutora Sandra Cristina de Moura Bonjour (in memoriam),
pelas contribuições técnicas concedidas ao longo do estudo.
Agradecemos ao professor Doutor Alexandre Porsse, pelas contribuições técnicas e pela
troca de experiências concedidas para o estudo e ajustes finais.
Finalmente, nossos sinceros agradecimentos a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de
Mato Grosso do Sul – FAMASUL, pelo apoio concedido ao longo do projeto através da
institucionalização das parcerias, sem essa, não conseguiríamos executar o projeto. Por isso
mesmo merece nosso reconhecimento maior.
3
APRESENTAÇÃO
A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) foi a pioneira na elaboração das
Tabelas de Recursos e Usos (TRU) e da Matriz de Insumo-Produto do Mato Grosso do Sul –
MIP-MS para o ano de 2008. A realização deste trabalho foi viabilizada mediante patrocínio da
APROSOJA e apoio institucional da FAMASUL, FAPEC, SEMAC e SEFAZ, aos quais
agradecemos a disposição de assegurar a execução do projeto.
Os resultados da TRU-MS são divulgados com uma abertura de 29 produtos e 10 setores
possibilitando uma radiografia substancial da estrutura produtiva do Estado de Mato Grosso do
Sul. Assim, a MIP-MS 2008 fornece um volume de informações estatísticas, que retratam as
diversas relações de interdependência setorial e entre agentes econômicos do Mato Grosso do
Sul, bem como refletem as transformações econômicas que têm moldado a matriz produtiva
estadual e o padrão de interação da economia sul matogrossense com o resto do País e o mundo.
Este relatório apresenta as notas metodológicas completas para a construção da TRU e
MIP/MS, além de apresentar uma breve discussão dos resultados encontrados para os principais
indicadores econômicos calculados a partir da matriz.
4
Conteúdo
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................7
2 AGRONEGÓCIO NO MATO GROSSO DO SUL ...............................................................................8
3 MATRIZ INSUMO PRODUTO – ASPECTOS TEÓRICOS ............................................................ 11
3.1 AS TABELAS DE INSUMO-PRODUTO ....................................................................................................................16
4 A TABELA DE RECURSO E USO (TRU) .........................................................................................20
4.1 ESTRUTURA DA TRU BRASIL .............................................................................................................................20
4.2 ESTRUTURA DA TRU/MS ...................................................................................................................................25
4.3 TRU/MS ............................................................................................................................................................27
4.3.1 Oferta Total a Preços do Consumidor ......................................................................................................27
4.3.2 Valor da produção .....................................................................................................................................31
4.3.3 Importações e exportações internacionais e interestaduais ......................................................................34
4.3.4 Margem de distribuição e impostos ...........................................................................................................36
4.3.5 Consumo Intermediário .............................................................................................................................37
4.3.6 Remuneração do Trabalho.........................................................................................................................40
4.3.7 Excedente Operacional Bruto ....................................................................................................................40
4.3.8 Consumo do Governo e Instituições sem Fins Lucrativos .........................................................................40
4.3.9 Consumo das Famílias...............................................................................................................................40
4.3.10 Formação Bruta de Capital Fixo e Variação de Estoques ......................................................................41
4.3.11 Pessoal Ocupado .....................................................................................................................................42
5 PRINCIPAIS RESULTADOS DA TRU............................................................................................... 45
5.1 PRODUTO INTERNO BRUTO .................................................................................................................................45
5.2 DEMANDA TOTAL ...............................................................................................................................................47
5.3 OFERTA TOTAL...................................................................................................................................................48
5.4 COMPONENTES DO VALOR ADICIONADO ............................................................................................................49
6 MODELOS DE INSUMO PRODUTO REGIONAIS E INTER REGIONAIS ............................... 50
6.1 MODELOS DE INSUMO-PRODUTO INTER-REGIONAIS (MAIS DE UMA REGIÃO).......................................................50
7 MÉTODOS DE ANÁLISE DA ESTRUTURA PRODUTIVA .......................................................... 53
7.1 ÍNDICES DE LIGAÇÕES DE RASMUSSEN-HIRSCHMAN...........................................................................................59
7.2 MULTIPLICADORES ............................................................................................................................................62
7.2.1 Multiplicadores da produção.....................................................................................................................62
7.2.2 Multiplicadores da renda..........................................................................................................................64
7.2.3 Multiplicadores do emprego ......................................................................................................................66
8 CONCLUSÃO ........................................................................................................................................67
9 SUGESTÕES DE ANÁLISES E ESTUDOS FUTUROS...................................................................69
10 REFERENCIAS ..................................................................................................................................70
5
Sumário de Quadros
Quadro 1: Dados em um Modelo Insumo-Produto - representação esquemática ......................... 23
Quadro 2- Quadrante A - Oferta total a preços de consumidor – 2008......................................... 29
Quadro 3 - Quadrante A1 - Produção - 2008................................................................................. 32
Quadro 4 - Quadrante A2 - Importações - 2008............................................................................ 36
Quadro 5 - Quadrante B1 - Consumo Intermediário - 2008.......................................................... 39
Quadro 6 - Quadrante C - Valor Adicionado das atividades - 2008.............................................. 43
Quadro 7 - Quadrante B2 - Demanda Final - 2008 ....................................................................... 44
quadro 8 - composição do produto interno bruto (ms), sob as três óticas – 2008 ......................... 45
Quadro 9 - Fluxos Inter-setoriais e inter-regionais para as regiões L e M .................................... 51
Quadro 10- Matriz de Transações ................................................................................................. 55
Quadro 11 - Matriz de Coeficientes Técnicos Intersetoriais ......................................................... 56
Quadro 12- Matriz de Leontief...................................................................................................... 57
Quadro 13 - Índices de ligação para frente e para trás para o MS................................................. 60
Quadro 14- Multiplicadores de produção para o MS .................................................................... 63
Quadro 15 -Multiplicadores de renda para o MS .......................................................................... 65
Quadro 16 - Multiplicadores de emprego para o MS .................................................................... 67
Sumário de Figuras
Figura 1: Evolução das áreas plantadas de florestas entre 2005 e 2011 no MS ............................ 11
Figura 2- Relações básicas de insumo-produto ............................................................................. 12
Figura 3 - Uso dos bens no modelo de insumo-produto................................................................ 13
Figura 4 - Insumos utilizados no processo produtivo.................................................................... 13
Figura 5 - Fluxograma do modelo de insumo-produto.................................................................. 14
Figura 6 - Organograma metodológico ......................................................................................... 16
Figura 7- Representação da tabela de recursos e usos................................................................... 22
Sumário de Gráficos
Gráfico 1- Composição da demanda total sul Matogrossense – 2008........................................... 48
Gráfico 2 - Composição da Oferta total Sul Matogrossense – 2008 ............................................. 49
Gráfico 3 - Pessoas ocupadas por atividade em Mato Grosso do Sul – 2008 ............................... 50
Sumário de Tabelas
Tabela 1: Tabela De Insumo-Produto............................................................................................ 16
6
1 INTRODUÇÃO
A Tabela de Recursos e Usos (TRU) e a Matriz Insumo-Produto (MIP) são importantes
instrumentos de sistematização dos diversos efeitos socioeconômicos, originados nas operações
realizadas pelos agentes econômicos de determinada região, em certo período. Estas operações
geram os fluxos econômicos que
adicionado, renda, emprego,
determinam:
volume de produção, geração de valor
consumo, investimento,
e outros. Desta forma, a Tabela de
Recursos e Usos (TRU) representa uma radiografia detalhada dos agregados macroeconômicos,
das interrelações de troca entre os setores da economia estadual, bem como de sua interação
com outras unidades da Federação e demais países.
A radiografia apresentada pela TRU subsidia a elaboração da Matriz Insumo-Produto
(MIP), de forma que com ela é possível avaliar os impactos de políticas setoriais e os efeitos de
choques exógenos na demanda final sobre setores produtivos ou, ainda, definir estratégias
visando o desenvolvimento das cadeias produtivas que compõem o sistema econômico de uma
região ou país. Portanto, a Matriz Insumo-Produto (MIP) é uma sistematização de informações
detalhadas sobre a estrutura produtiva do Estado, permitindo a identificação precisa dos diversos
fluxos de produção tanto de bens finais quanto de bens intermediários. Esse conjunto qualificado
de informações faz com que a Matriz seja um instrumento relevante para a análise econômica em
geral e para a elaboração de políticas públicas.
No presente projeto foi desenvolvida a metodologia utilizada por Pyatt e Roe (1977) que,
em síntese, consiste em uma aplicação da matriz de insumo-produto de Leontief (1936) para
englobar os fluxos de bens e serviços representando, de forma sintética e abrangente, a estrutura
de fluxos monetários e de mercadorias da economia regional. Além disso, torna-se possível
quantificar os fluxos de bens e serviços dos setores do Mato Grosso do Sul com os Estados, o
Brasil e outros países.
Sendo assim, este projeto tem como objetivo geral a elaboração de um sistema de
indicadores econômicos para as Cadeias Produtivas de Milho e Soja no MS, tais como:
o Valor Bruto da Produção,
o Oferta total a preços básicos,
o Oferta total a preços de consumidor,
7
o Impostos,
o Exportação e Importação interestaduais e internacionais,
o Consumo das famílias,
o Gastos do Governo,
o Investimento das empresas,
o Remunerações e Mão-de-obra,
o Produto Interno Bruto.
Para tanto, realizou-se uma descrição da economia no Estado de Mato Grosso do Sul.
Posteriormente, foram descritas as considerações teóricas e metodológicas referentes à
elaboração da Matriz de Insumo-Produto e da Tabela de Recurso e Uso (TRU) e, por fim, são
apresentados os principais resultados da TRU e da MIP.
2 AGRONEGÓCIO NO MATO GROSSO DO SUL
A vocação do Estado é voltada para a agropecuária moderna, tendo um agronegócio com
elevados índices de qualidade, sendo esta reconhecida mundialmente (BRASIL, 2003). O Estado,
assim como toda a região Centro-Oeste abriga terra as quais fornece elevados índices de
produtividade que ultrapassam algumas cidades consideradas as melhores do mundo neste
quesito. Tal fato é decorrente da combinação de clima favorável, solo fértil, disponibilidade de
água e ainda, uso intensivo de tecnologia no campo e melhoria da infraestrutura no escoamento
da produção por meio de investimentos do setor público e privado. O Estado também trabalha
para a redução do déficit social e educacional por conta dos longos períodos de permanência
essencialmente agrícola (BRASIL, 2003); (ESSELIN, 2008); (MATO GROSSO DO SUL, 2008).
O Estado possui uma área de aproximadamente 36 milhões de hectares, sendo que o
Pantanal ocupa um total de 8,9 milhões de hectares, 7 milhões está sob a condição de reserva
legal, pastagens nativas, cursos d’água e outros. As cadeias produtivas do agronegócio ocupam
um total aproximado de 55% do total da área. No Pantanl há predonminância de criação
extensiva em pastagens nativas (BUNGESNTABG, 2012).
O Mato Grosso do Sul está entre os maiores produtores brasileiros de soja, milho e carne
bovina, além de avançar a cada ano na produção de cana-de-açucar e floresta, setores nos quais, o
8
Estado se destaca entre os demais estados da federação (EMBRAPA, 2003); (BUNGESNTABG,
2012).
A bacia do Paraná, que possui solo favorável para o plantio florestal e terra roxa, é a
principal área econômica do Estado, sendo os recursos direcionados para esta região, de forma
que a mesma possui os meios de transporte mais eficientes. Outro fator importante, é a
proximidade com os mercados consumidores da região Sudeste o que mais uma vez favorece a
instalação de negócios do agronegócio na região (MATO GROSSO DO SUL, 2008).
Além da vocação agropecuária, o Estado vem desenvolvendo planos para a atração de
indústrias e ainda incentivando o turismo, principalmente por conta do Pantanal, que vem
ganhando espaço, tanto no cenário nacional – chegando a se tornar patrimônio natural de valor
inestimável (BRASIL, 2003), quanto no internacional, por atrair ecoturistas para a região e
arredores. Desde a década de 1990, o Estado segue rumo à expansão industrial, desenvolvendo
fortemente a agroindústria, sem perder sua tradição agropecuária, estando entre os maiores
produtores do Brasil na produção de mandioca, cana-de-açúcar, milho, soja, algodão e também
no rebanho bovino de corte (BRASIL, 2003); (FAMASUL, 2010); (IBGE, 2010a); (IBGE,
2010b).
Com apenas trinta e cinco anos de sua criação, o Estado, avança em seus níveis de
crescimento, avançando para a melhoria da qualidade de seus produtos e incentivando a
instalação de indústrias. Desde sua criação, o Estado aumentou em 113% sua área cultivada,
demonstrando seu grande potencial para a produção de alimentos (FAMASUL, 2010). O PIB do
Estado aumentou de forma significativa, mais que dobrando em apenas seis anos, de acordo com
informações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e
Tecnologia (SEMAC), apresentando em 2005 o total de R$ 21.650, 85 milhões para R$ 44525,
75 milhões no ano de 2011.
Com grandes áreas disponíveis para cultivo e clima favorável, o Mato Grosso do sul
desponta no cenário nacional e internacional como grande promissor na produção de alimentos,
tanto para atender à demanda interna quanto para exportação. Quando observa-se a evolução dos
números das principais produtos da pecuária e agricultura no Estado, evidencia-se os ganhos em
termos de crescimento nestes setores. Entre os anos de 2008 e 2012, a produção de cana-de9
açucar cresceu 113,8%, enquanto que de milho, aumentou em 71%. Porém em níveis de
exportação, nenhuma cultura conseguiu valores tão expressivos como o milho, que ampliou as
exportações em 719% (US$ FOB). A agricultura, apesar de apresentar valores mais amenos, não
é menos importante. A Bovinocultura aumentou em 26,2% a quantidade de animais e a
suinocultura em 46,%, ficando os aumentos nas exportações destes produtos semelhantes ao
aumento na quantidade de animais: 21,5% para a bovinocultura e 44,7% para os suínos
(ANUALPEC, 2012); (AGRIANUAL, 2013).
Neste contexto, surgem questionamentos quanto ao uso racional dos recursos naturais,
uma vez que a sociedade tem se conscientizado da importância de crescer e desenvolver-se de
maneira sustentável (PAP, 2010); (ESMAP, 2010); (CNA, 2012).Tais discussões dizem respeito
às condições de uso dos “espaços naturais”, que envolve a utilização das terras, degradação de
florestas e áreas de proteção para utilização com finalidade de plantio e pasto, e ainda, o
desmatamento que, apesar do combate legal, ainda apresenta elevados níveis em alguns estados
da federação. Neste contexto, grande ênfase é dada ao setor florestal, sendo que Mato Grosso do
Sul se destaca pelo crescimento apresentado no setor que cresceu aproximadamente 241% entre
2003 e 2009 (PAINEL FLORESTAL, 2010).
Este setor vem apresentando altos níveis de desenvolvimento, acompanhando o ritmo de
crescimento das demais cadeias produtivas do Estados. A expansão das áreas plantadas com
florestas (Figura 1), influenciou positivamente as áreas de pastagens, ajudando na restauração
daquelas que apresentavam sinais de degradação (BUNGESNTABG, 2012). O crescimento do
setor florestal no Estado se descada frente aos demais estados produtores de florestas plantadas.
Enquanto que estes apresentaram uma taxa de crescimento em torno de 16% no período
compreendido entre 2006 e 2010, o Mato Grosso do Sul apresentou um crescimento 10 vezes
superior, ficando este em 165%, com um crescimento anual 2 vezes maior (em torno de 30%) que
os demais estados em todo o período analisado (ABRAF, 2012); (BUNGESNTABG, 2012).
Além da expansçao da área plantada, o Estado se utiliza de tecnologias as quais tem ampliado os
níveis de produtividade tanto do setor de florestas quanto dos demais setores do agronegócio
(EMBRAPA, 2003); (BUNGESNTABG, 2012).
10
487.399
500.000
450.000
392.042
400.000
350.000
307.760
284.050
300.000
250.000
228.384
200.000
152.341
147.819
2005
2006
150.000
100.000
2007
2008
2009
2010
2011
FIGURA 1: EVOLUÇÃO DAS ÁREAS PLANTADAS DE FLORESTAS ENTRE 2005 E 2011 NO MS
Fonte: Adaptado de Anuário Estatístico da ABRAF (2012)
Frente aos avanços em termos de investimento – por meio da instalação de indústrias,
utilização de tecnologia, capacitação de mão-de-obra e infraestrutura, o Estado se aprimora para
melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos, oferecendo condições para a melhoria da
qualidade e aumento da produtividade dos produtos, tendo por escopo alcançar os níveis
desejados de desenvolvimento sustentável.
3 MATRIZ INSUMO PRODUTO – ASPECTOS TEÓRICOS
O modelo de Matriz Insumo-Produto desenvolvido por W. Leontief pode ser definido
como modelo de planejamento econômico baseado no método entrada-saída, desenvolvido para
estudar o fluxo de bens e serviços entre os vários setores da economia. O modelo permite obter o
valor da produção em cada uma das atividades econômicas a partir de uma determinada demanda
final. Permite mostrar como os setores estão relacionados entre si, ou seja, quais setores suprem
os outros de serviços e produtos e quais setores compram de quais. O resultado foi uma visão
única e compreensível de como a economia funciona – como cada setor se torna mais ou menos
11
dependente dos outros (PYATT e ROE, 1977). Em resumo, consegue-se realizar a construção de
uma “fotografia econômica” da própria economia (GUILHOTO ET AL, 2010); (MARIM, 2007).
Esse sistema de interdependência é formalmente demonstrado na tabela de insumoproduto. Essas representações demandam grandes quantidades de informações, já que elas
requerem dados sobre cada companhia, a respeito dos seus fluxos de vendas e das suas fontes de
suprimentos. Enquanto setores compram e vendem uns para os outros, um setor individual
interage, tipicamente e diretamente, com um número relativamente pequeno de setores.
Entretanto, devido à natureza desta dependência, pode-se mostrar que todos os setores estão
interligados, direta ou indiretamente.
Insumo é o material necessário para um determinado processo produtivo, por exemplo, a
madeira na produção de móveis. Produto é o resultado de um processo produtivo. Na matriz
insumo-produto, os diferentes setores econômicos são organizados sob a forma de uma matriz,
permitindo apresentar nas linhas, o destino da produção para cada setor e, nas colunas, o
consumo dos setores como insumo de cada atividade (NAÇÕES UNIDAS, 1999)
Na Figura 2, as relações fundamentais de insumo-produto mostram que as vendas dos
setores podem ser utilizadas dentro do processo produtivo pelos diversos setores compradores da
economia ou, podem ser consumidas pelos diversos componentes da demanda final (famílias,
governo, investimento, exportações). Consequentemente para se produzir são necessários
insumos, pagamento de impostos, importação de produtos e outros que gera valor adicionado
(pagamento de salários, remuneração do capital e da terra agrícola) na economoa, além da criação
de empregos.
Setores Compradores
Setores
Vendedores
Insumos Intermediários
Impostos Indiretos Líquidos (IIL)
Importações (M)
Valor Adicionado
Produção Total
Demanda
Final
Produção
Total
IIL
M
‘
FIGURA 2- RELAÇÕES BÁSICAS DE INSUMO-PRODUTO
fonte: Guilhoto (2004)
12
A Figura 3 mostra como são utilizados os bens domésticos e importados, ou seja, como
estes são utilizados na produção corrente de outros bens, na formação de capital, no consumo das
famílias, pelo governo e outras demandas.
Exportações
Produção
Corrente
Produtos
Importados
Produtos Domésticos
Formação de
Capital
Consumo das
Famílias
Governo e Outras
Demandas
FIGURA 3 - USO DOS BENS NO MODELO DE INSUMO-PRODUTO
Fonte: Guilhoto (2004)
O modelo de insumo-produto tem como hipótese de que somente os produtos domésticos
são exportados, o que implica tais produtos devem necessariamente passar por um processo de
produção interna antes de serem exportados.
No caso da produção, como mostra a figura 4, os produtos domésticos utilizam uma
combinação entre insumos domésticos, insumos importados, trabalho, capital e terra (no caso dos
produtos agrícolas) para serem produzidos.
Produtos Domésticos
Insumos
Domésticos
Insumos
Importados
Trabalho
Capital
Terra
FIGURA 4 - INSUMOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO
Fonte: Guilhoto (2004)
Os fluxogramas mostrados nas figuras 2 e 3 podem, então, ser combinados em um único, de
modo a dar uma ideia de como o modelo funciona de uma maneira integrada (figura 5).
13
Produtos
Domésticos
Demandas por Produtos Finais
(Exportações, Consumo das
Famílias, Gastos do Governo,
Investimentos, etc.)
Renda
Insumos
Domésticos
Insumos
Importados
Insumos Primários
(Trabalho, Capital, e Terra)
Renda
Produtos
Importados
FIGURA 5 - FLUXOGRAMA DO MODELO DE INSUMO-PRODUTO
Fonte: Guilhoto ( 2004)
A partir da figura 5 observa-se que são utilizados insumos domésticos (que foram obtidos
por meio da produção doméstica), insumos importados e insumos primários (trabalho, capital e
terra) para a produção de produtos domésticos. Os produtos domésticos são utilizados pelas
indústrias como insumos intermediários no processo produtivo ou consumidos como produtos
finais (exportações, consumo das famílias, gastos do governo, investimentos, etc.). As
importações podem ser de insumos intermediários, que se destinam ao processo produtivo, ou de
bens finais, que são diretamente consumidos pelos consumidores finais. A renda da economia,
utilizada no consumo dos bens finais (sejam eles destinados ao consumo ou ao investimento), é
obtida por meio da remuneração do trabalho, capital e terra agrícola. A receita do governo é
obtida por meio do pagamento de impostos pelas empresas e pelos indivíduos. O modelo supõe
que existe equilíbrio em todos os mercados da economia.
A intensidade dessas relações é o ponto principal da análise. Considerando um aumento
da demanda por um produto específico, por exemplo, a demanda por maquinas agrícolas
(colheitadeiras, tratores, etc) fabricados no Brasil, tal crescimento é um sinal para os produtores
de automóveis, que aumentam a sua produção. Ao mesmo tempo, todas as empresas de peças irão
aumentar sua produção (pneus, transmissores, lubrificantes, motores), o mesmo ocorrendo para
os fornecedores da indústria de autopeças. Tal processo é conhecido como efeito multiplicador. É
importante salientar que alguns setores da economia estão mais envolvidos nas compras – direta e
indiretamente – de alguns setores do que outros, por isso, os efeitos multiplicadores gerados pelos
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aumentos na demanda por determinados produtos ocasionam impactos diferenciados na
economia, de forma que, em essência, cada setor possui um multiplicador diferente.
Este efeito multiplicador não se restringe apenas à demanda por insumos intermediários,
pois do lado da demanda por insumos primários o processo também se repete, mas de uma forma
um pouco diferente. Isto é, um aumento na demanda por mão-de-obra fará com que haja um
aumento no poder aquisitivo das famílias, gerando uma elevação na demanda por produtos finais
e novo incremento do nível de atividade dos setores que, por sua vez, irão aumentar a demanda
pelos diversos tipos de insumos, inclusive mão-de-obra, causando um novo aumento no poder
aquisitivo, desencadeando um novo ciclo de aumento da demanda. O processo se repete até que o
sistema atinja o equilíbrio. O efeito multiplicador devido ao aumento na demanda do consumo
das famílias é chamado de efeito induzido.
A decisão primeira na elaboração do modelo de insumo-produto diz respeito ao número
de atividades e produtos. O modelo de insumo-produto do MS foi construído com uma abertura
de 10 grupos de atividades econômicas (inclusive dummy financeiro) e 29 grupos de produtos,
compatibilizados com a pauta de atividades e produtos da MIP do Brasil. Este modelo apresenta
um grau de abertura (setorial e de produtos) menor que o nacional, sendo que, esta agregação foi
realizada para concentrar o estudo nos setores com maior relevância econômica no MS, ou seja,
maior participação na atividade produtiva, e, sobretudo, em função da disponibilidade de dados,
visto que, para uma maior desagregação seria necessário dados primários, principalmente, no que
se refere ao consumo intermediário entre os elos das cadeias.
Como o modelo de insumo-produto trata do espaço estadual, algumas adaptações são
necessárias à lógica de elaboração usada no modelo nacional. Por exemplo, as importações e
exportações do resto do mundo compreendem não somente as transações internacionais, mas
também as transações interestaduais. A adaptações realizadas ficarão explicitadas nas equações
apresentadas na seqüência do texto.
A seguir, é apresentado um organograma das etapas seguidas no processo de geração das
informações e consolidação dos dados até a finalização dos cálculos e obtenção da Matriz de
Leontief.
15
Recursos e
Sistema de Contas Estadual
Integrado
Usos
Emprego e
Rendimento
Balanceamento
Conta de bens e serviços
Destino da margem de
distribuição
Oferta e
demanda a
preço básico
Destino dos
impostos
Contas de produção, renda
e capital
Conta das transações do
resto do mundo
Matriz de
coeficientes
técnicos
Matriz de
Leontief
Composição do PIB:
produção, despesa e renda
FIGURA 6 - ORGANOGRAMA METODOLÓGICO
Fonte: Adaptado de Porsse (2002)
O primeiro passo dado foi o de construir as Tabelas de Recursos e Usos (TRU) do Mato
Grosso do Sul, as quais descrevem a oferta agregada (recursos) e demanda agregada (usos) da
economia estadual.
3.1 As Tabelas de Insumo-Produto
Com base no sistema ilustrado e explicado anteriormente, a tabela 1, a seguir, apresenta
de forma esquemática um exemplo de uma tabela de insumo-produto para uma economia com
dois setores.
TABELA 1: TABELA DE INSUMO-PRODUTO
Setor 1 Setor 2
Setor 1
Setor 2
Importação
Z11
Z21
M1
Z21
Z22
M2
Consumo
Famílias
C1
C2
Mc
Governo
Investimento
Exportações
Total
G1
G2
Mg
I1
I2
M1
E1
E2
X1
X2
M
16
Impostos
Valor Adicionado
Total
T1
W1
X1
T2
W2
X2
Tc
Tg
Ti
Te
C
G
I
E
T
W
Sendo:
Zij é o fluxo monetário entre os setores i e j;
Ci é o consumo das famílias dos produtos do setor i;
Gi é o gasto do governo junto ao setor i;
Ii é a demanda por bens de investimento produzidos no setor i;
Ei é o total exportado pelo setor i;
Xi é o total de produção do setor i;
Ti é o total de impostos indiretos líquidos pagos por i;
Mi é a importação realizada pelo setor i;
Wi é o valor adicionado gerado pelo setor i.
A tabela acima permite estabelecer a igualdade:
X1 + X2 + C + G + I + E = X1 + X2 + M + T + W
(1)
Eliminando X1 e X2 de ambos os lados, tem-se:
C+G+I+E=M+T+W
(2)
Rearranjando:
C + G + I + (E – M) = T + W
(3)
Portanto, a tabela de insumo-produto preserva as identidades macroeconômicas. A partir
da tabela 1 e equações (1), (2) e (3) apresentadas anteriormente, pode-se generalizar o sistema
para o caso de n setores, obtendo-se:
∑
Z +c +g +I +e ≡x
(4)
Sendo:
Zij é a produção do setor i que é utilizada como insumo intermediário pelo setor j;
ci é a produção do setor i que é consumida domesticamente pelas famílias;
gi é a produção do setor i que é consumida domesticamente pelo governo;
Ii é a produção do setor i que é destinada ao investimento;
ei é a produção do setor i que é exportada;
17
xi é a produção domestica total do setor i.
Assumindo-se que os fluxos intermediários por unidade do produto final são fixos, podese derivar o sistema aberto de Leontief, ou seja:
∑
a x +y = x
(5)
i = 1,2, … , n
Sendo:
aij é o coeficiente técnico que indica a quantidade de insumo do setor i necessária para a
produção de uma unidade de produto final do setor j e;
yi é a demanda final por produtos do setor i, isto é, ci + gi + Ii + ei.
Todas as outras variáveis da equação 5 já foram definidas anteriormente.
A equação 5 pode ser escrita em forma matricial como:
Ax + y = x
(6)
Sendo:
A é a matriz de coeficientes diretos de insumo de ordem (n x n)
x e y são vetores colunas de ordem (n x 1)
Resolvendo a equação 6 é possível se obter a produção total que é necessária para
satisfazer a demanda final, ou seja,
x = (I - A) -1 y
(7)
Sendo:
(I - A)-1 é a matriz de coeficientes diretos e indiretos, ou a matriz de Leontief
Em B = (I - A)-1, o elemento bij deve ser interpretado como sendo a produção total do
setor i que é necessária para produzir uma unidade de demanda final do setor j.
Para se calcular o efeito induzido é necessário endogeneizar o consumo e a renda das
famílias no modelo de insumo-produto, dessa maneira, ao invés de usar a matriz A descrita
acima, têm-se:
A=
A
H
H
0
(8)
18
Sendo Ā a nova matriz de coeficientes técnicos (n + 1) x (n + 1) contendo a renda (Hr) e o
consumo (Hc) das famílias. Do mesmo modo, teríamos que os novos vetores de produção total X
((n + 1)x1), e de demanda final ((n + 1)x1) seriam representados respectivamente por
X=[
X
X
Y=[
]
(9)
Y∗
]
Y∗
(10)
Sendo que os novos componentes estão relacionados à endogeneização do consumo e da
renda das famílias. Dessa maneira, o sistema de Leontief seria representado como:
X = B -1
(11)
B = (I – Ā)-1
(12)
Do ponto de vista da álgebra matricial, não é difícil perceber a correção do método, mas
pode-se entender mais de perto o significado econômico da matriz inversa de Leontief. Pósmultiplicando a matriz (I – A) por (I + A + A1 + A2 + A3...+ An), chega-se a:
(I – An+1)
Como todos os coeficientes técnicos da matriz A estão entre 0 e 1, fazendo n tender ao
infinito, os valores do último termo se aproximam de zero e, dessa forma, pode-se considerar
como resultado da multiplicação apenas o termo I (matriz identidade). Sendo assim, conclui-se
que (I + A + A1 + A2 + A3...+ An) passa a ser considerada como a matriz inversa (I – A) de
quando n assume valores altos.
Se houver um aumento da demanda por produtos de determinado setor j, o impacto inicial
corresponderá exatamente ao aumento da produção deste setor. Esta variação está refletida no
primeiro termo I do somatório (I + A + A1 + A2 + A3...+ An). Mas para aumentar a produção, o
setor j demandaria insumos dos demais setores, segundo a proporção estabelecida pela coluna j.
Pré-multiplicando o vetor da variação da demanda pela matriz (I - A)-1 chega-se ao seguinte
resultado: o setor j teria um aumento de produção correspondente à variação da demanda mais o
valor necessário de insumo demandado pelo próprio setor em função do aumento da demanda
final. Todos os demais setores que fornecem insumos ao setor j também teriam suas produções
alteradas. O acréscimo seria correspondente à variação da demanda vezes o coeficiente técnico
aij. Portanto, o termo A representa a necessidade de insumo do setor originalmente demandado e
19
mede os efeitos da “primeira rodada”. Mas a produção desses insumos demandará, por sua vez,
outros insumos e o valor desta demanda será calculada por meio do termo A 2. Este encadeamento
não tem fim e cada “rodada” é contemplada pela inclusão de mais um termo no somatório.
Na teoria, as matrizes A e B são expressas em termos de relações físicas entre insumos e
produtos, e os seus elementos são chamados de coeficientes técnicos. Contudo, em termos
práticos, estas matrizes são estimadas a partir de fluxos medidos em termos monetários, o que
pode gerar problemas quando estas matrizes são utilizadas. Mesmo se fosse possível a estimação
das matrizes A e B a partir de relações físicas, existiriam problemas relacionados à estabilidade
dos coeficientes ao longo do tempo; à definição de como deveria ser feita a agregação dos
setores; entre outros1.
Além dos problemas mencionados anteriormente, quando as matrizes A e B são estimadas
a partir de fluxos monetários, existe também o problema das mudanças dos preços relativos
afetarem os valores dos coeficientes técnicos. O que usualmente é feito, em termos analíticos,
para resolver este problema, é assumir que os preços relativos são constantes. Apesar destes
problemas, a análise de insumo-produto se constitui em uma ferramenta poderosa, talvez a
melhor disponível, quando é necessário o desenvolvimento de um estudo multissetorial da
economia.
4 A TABELA DE RECURSO E USO (TRU)
4.1 Estrutura da TRU Brasil
Para maior clareza na compreensão do instrumento proposto apresentamos inicialmente a
estrutura da TRU Brasil, para, em seguida, identificar as necessidades de maior detalhamento no
caso regional.
O SCNB divulga seus dados em dois conjuntos de quadros. As TRU que apresentam as
relações econômicas entre as atividades econômicas e os produtos (bens e serviços) e as Contas
Econômicas Integradas (CEI) que se organizam em torno de setores institucionais que agrupam
os agentes e as empresas. As TRU, por serem baseadas nas atividades econômicas, possibilitam o
1
Ver Miller e Blair (1985) para uma revisão adicional destas questões.
20
desenvolvimento de esforços para sua estimação regional. Os dados de empresas, por setor
institucional, trazem questões mais complexas quando se trata de análises regionais.
O objetivo das TRU é a análise dos fluxos de bens e serviços e dos aspectos básicos do
processo de produção – consumo intermediário e produção de produtos por atividade e a geração
da renda. Resultam, portanto, dois elementos fundamentais na sua construção: atividades
(conjuntos de agentes do processo de produção) e produtos (conjunto de bens e serviços).
A unidade básica considerada na análise do processo de produção é a unidade produtiva
(unidade local), definida como o local físico onde se realiza uma única atividade econômica. As
atividades são compostas a partir da agregação de estabelecimentos com estruturas relativamente
homogêneas de consumo e produção. Em alguns casos a unidade de produção coincide com a
empresa; quando, no entanto, esta tem uma produção diversificada é desmembrada em unidades
locais, podendo cada qual ser classificado numa atividade distinta. Por outro lado, mesmo
desenvolvendo uma única atividade, os estabelecimentos podem produzir acessoriamente, por
necessidade de ordem técnica ou questões de mercado, produtos típicos de outras atividades;
neste caso, os estabelecimentos são classificados em função de sua produção principal,
resultando, assim, uma produção secundária de produtos não característicos de sua atividade
principal.
As TRU para determinadas regiões/locais são constituídas pelas tabelas de recursos de
bens e serviços, composta por três quadrantes, e de usos de bens e serviços, subdividida em
quatro quadrantes, conforme mostra a figura 7.
I - TABELA DE RECURSOS DE BENS E SERVIÇOS
OFERTA
PRODUÇÃO
A
=
A1
IMPORTAÇÃO
+
A2
II - TABELA DE USOS DE BENS E SERVIÇOS
OFERTA
A
CONSUMO INTERMEDIÁRIO
=
B1
DEMANDA FINAL
+
A2
COMPONENTES DO VALOR ADICIONADO
C
21
FIGURA 7- REPRESENTAÇÃO DA TABELA DE RECURSOS E USOS
Fonte: Contas Nacionais - IBGE
A tabela de recursos de bens e serviços, tabela I, apresenta a origem dos produtos (bens e
serviços)
de origem nacional ou importada. O primeiro quadrante (A) apresenta, em suas
colunas, a oferta (produção mais importação) a preços de consumidor e a preços básicos, as
margens de comércio e transporte e os impostos e subsídios associados a cada produto. Os
produtos são descritos nas suas linhas.
A produção das atividades especificadas por produto forma o segundo quadrante (A1)
desta tabela. Com as atividades registradas nas colunas e os produtos nas linhas. Por fim, no
terceiro quadrante (A2) são apresentadas, em uma coluna, as importações CIF.
A tabela de usos de bens e serviços, tabela II, apresenta o equilíbrio entre oferta a preços
de consumidor e demanda a preços de consumidor, assim como o consumo intermediário das
atividades econômicas detalhadas por produto. No primeiro quadrante (A) repete-se o vetor da
oferta total, a preços do consumidor. O quadrante (B1) apresenta, em suas linhas, os insumos
utilizados na produção de cada atividade, registradas nas colunas.
O quadrante seguinte (B2) apresenta, em suas linhas, os bens e serviços que se destinam à
demanda final: consumo final das famílias, das administrações publicas, das Instituições sem fins
de lucro a serviço das famílias – ISFLSF e formação bruta de capital fixo, variações de estoques e
as exportações.
O último quadrante (C) mostra, em suas linhas, os demais custos de produção
remuneração dos empregados e os impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção, finalizando
com o rendimento misto bruto e o excedente operacional bruto. As atividades são registradas nas
colunas. Como informação complementar, é apresentado o total de postos de trabalho em cada
atividade.
A reprodução destes quadros para níveis geográficos mais detalhados, regiões ou estados,
necessita não apenas de um sistema de estatísticas muito detalhado, mas, também, da
incorporação de conceitos econômicos que incorporem a realidade regional. Adota-se os
conceitos de residente e não residente dentro do estado de forma similar aos conceitos adotados
para um país.
22
No caso da TRU estimada para o Mato Grosso do Sul a leitura dos agregados deve ser a
seguinte: todos os agregados de uma TRU regional estão unicamente associados aos agentes
residentes naquela região. Neste caso no estado de Mato Grosso do Sul.
Ao se adotar esse conceito devem ser estabelecidos os agentes não residentes. Neste caso,
no trabalho de estimação da TRU/MS, as transações com os não residentes foram tratadas como
“Resto do Mundo e “Demais Unidades da Federação” ou “Resto do Brasil.
Nesse trabalho optou-se por detalhar as operações de e os outros países, chamou-se Resto
do Mundo. Esse tratamento faz com que as seguintes alterações sejam incluídas nas tabelas de
uma TRU:
• quadro A2 passa ter duas colunas representando as importações do Resto do Mundo
(CIF) e do Resto do Brasil (a preço de básicos)
• quadro B2 passa ter duas colunas representando as exportações para o Resto do Mundo
(FOB) e para o Resto do Brasil (a preços de consumidor).
A Tabela de Recursos de Bens e Serviços apresenta os dados de oferta total a preços ao
consumidor (preços de mercado); entretanto, discrimina as margens de comércio e transporte, os
impostos e as importações, possibilitando a obtenção dos valores em Oferta Nacional a Preços
Básicos2. Os produtos estão descritos nas linhas e os setores nas colunas. Esta tabela é
equivalente à matriz V’ (Matriz de Produção transposta).
A Tabela de Usos de Bens e Serviços não discrimina margens, impostos e importações,
tornando-se necessário um trabalho adicional para transformá-la em duas outras: consumo
nacional a preços básicos e consumo importado a preços básicos. Uma metodologia utilizada para
a construção da Matriz Insumo-Produto utilizando dados preliminares das Contas Nacionais pode
ser encontrada em Guilhoto et al. (2010).
Baseado na notação do IBGE, e adaptado de Feijó et al. (2001), os dados que aparecem na
matriz Insumo-Produto podem ser esquematizados conforme apresentado no quadro 1.
QUADRO 1: DADOS EM UM MODELO INSUMO-PRODUTO - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA
Produtos
Setores
Demanda
Valor da
2
Oferta Nacional = Oferta Total – Importações
Preços Básicos = Preços ao Consumidor – Margens – Impostos
23
Nacionais
Final
Produção
Q
Produtos Nacionais
U
E
Produtos Importados
Um
Em
Z
Y
Impostos
Tp
Te
Valor Adicionado
W
Setores
V
Valor da Produção
Q’
X
X’
Fonte: A partir de Feijó et al. (2001)
Onde:
V: matriz de produção, apresentando para cada setor (ou indústria) o valor da produção de
cada um dos produtos;
Q: vetor com o valor bruto da produção total por produto;
U: matriz de consumo intermediário nacional, apresentando para cada setor o valor dos
produtos de origem interna consumidos;
Z: matriz do consumo intermediário dos setores, cujas linhas representam as vendas dos
mesmos e as colunas as compras.
Um: matriz de consumo intermediário importado, apresentando para cada setor o valor
dos produtos importados consumidos;
E: matriz da demanda final por produtos nacionais, apresentando o valor dos produtos de
origem interna consumidos pelas categorias da demanda final (consumo final das famílias e do
governo, exportação, formação bruta de capital fixo e variação de estoques);
Em: matriz da demanda final por produtos importados, apresentando o valor dos produtos
de origem externa consumidos pelas categorias da demanda final;
Y: matriz da demanda final por setor, representando a parcela do valor da produção de um
setor destinada à demanda final. Estes dados não são observados, mas sim calculados a partir de
E;
Tp: matriz dos valores dos impostos e subsídios associados a produtos, incidentes sobre
bens e serviços absorvidos (insumos) pelas atividades produtivas;
Te: matrizes dos valores de impostos e subsídios associados a produtos, incidentes sobre
bens e serviços absorvidos pela demanda final;
24
X: vetor com o valor bruto da produção total por setor;
W: vetor com o valor adicionado total gerado pelas atividades produtivas.
É importante ressaltar que não é possível aplicar a teoria básica de Leontief, apresentada
anteriormente, diretamente nas matrizes da forma como estas são divulgadas pelos órgãos
responsáveis pela sua construção.
No mundo real, a maioria dos setores produtivos, além de produzirem um bem principal,
podem produzir mais que um sub-produto, denominados secundários. Isto viola uma das
pressuposições básicas da teoria de Leontief, que diz que cada setor produz um único produto e
cada produto é produzido por um único setor, inviabilizando a aplicação da mesma nestas
matrizes. Este é um dos fatores que torna sempre necessária a transformação da base de dados
efetivamente disponível às necessidades do modelo teórico.
De acordo Guilhoto e Sesso Filho (2005) e Guilhoto et al. (2010), existem duas
tecnologias utilizadas de forma a se obter o sistema de insumo-produto originalmente definido
por Leontief, quais sejam: a Tecnologia Baseada na Indústria, que assume a hipótese de que o
mix de produção de um dado setor pode ser alterado, porém este setor mantém a sua participação
constante no mercado dos bens que produz; e a Tecnologia Baseada no Produto, que assume a
hipótese de que o mix produtivo de cada setor deve permanecer constante, ou seja, para alterar a
produção de um determinado bem, o setor deve alterar a produção de todos os outros bens na
mesma proporção.
O enfoque setor x setor da Tecnologia Baseada na Indústria é o mais utilizado na prática,
pois acaba ficando mais próximo da realidade em decorrência da sua hipótese de “Market-Share”
ou participação constante de cada setor na oferta de cada bem no mercado, o que justifica a sua
utilização no presente trabalho.
4.2 Estrutura da TRU/MS
No Estado de Mato Grosso do Sul os estudos das Contas Regionais no final da década
de 1980 desenvolveu o primeiro projeto de Contas Regionais visando estimar o valor do Produto
Interno Bruto da economia sul-mato-grossense. Nesta fase era um projeto independente sem uma
coordenação metodológica de visão nacional, porém contou a orientação técnica do Instituto de
Pesquisas Econômicas e Aplicada – IPEA.
25
Com a realização da IV Conferência Nacional de Estatística – CONFEST, no Rio de
Janeiro em 1996, iniciou-se uma discussão sobre a necessidade de se ter um Sistema de Contas
Regionais que se consolidasse com as Contas Nacionais do Brasil - cálculo do Produto Interno
Nacional. Diante disso, o Instituto Nacional de Geografia e Estatística – IBGE, ligado ao
Ministério do Planejamento, assumiu a coordenação para a elaboração juntamente com os
Estados que já tinham estudo de Contas, de uma metodologia que fosse capaz de inserir o estudo
das contas de produção de bens e serviços de todos os Estados mais o Distrito Federal.
Em 1997 foi elaborada uma versão metodológica que possibilitava a consolidação das
contas regionais, com as Contas Nacionais, tendo início a construção das Contas Regionais dos
Estados com a participação efetiva dos órgãos estaduais de estatística e planejamento em todas as
fases do projeto. Em 1999 foi publicado a primeira série 1985 – 1997 do produto Interno Bruto
dos Estados, cujo somatório fechava com o PIB Brasil.
Procurando avançar na análise e na compreensão da realidade local, iniciou-se em 2011,
em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Associação de
Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso do Sull (APROSOJA), o desenvolvimento
de uma Tabela de Recurso e Uso (TRU) e uma Matriz de Insumo-Produto Regional (2008),
contando com a experiência da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da
Ciência e Tecnologia – SEMAC.
A TRU para o estado de Mato Grosso do Sul é integrada metodologicamente com os
resultados do Sistema de Contas Nacionais do Brasil (SCNB) e apresenta os principais agregados
macroeconômicos do estado.
A TRU-MS é construída a partir da metodologia para elaboração da TRU-BR em
conformidade com as recomendações do System of National Accounts (1993), manual de Contas
Nacionais e Handbook of Input-Output Table Compilation and Analysis, ambos elaborados pela
Organização das Nações Unidas (ONU).
Além disso, a base de dados utilizada para cada indicador macroeconômico utiliza-se de
informações de diversas pesquisas publicadas pelo IBGE, dentre elas: Pesquisa Nacional de
Amostra por Domicílios (PNAD-2008), Pesquisa Anual da Indústria (PIA-2008), Pesquisa do
Orçamento Familiar (2008-2009), Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Produção
26
Agrícola Municipal (PAM), Produção da Pecuária Municipal (PPM), Produção da Extração
Vegetal e da Silvicultura (PEVS), Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), Pesquisa
Anual do Comércio (PAC), Pesquisa Anual de Serviços (PAS), Censo Agropecuário 2006, além
das Contas Reginais, provenientes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento,
da Ciência e de Tecnologia (SEMAC/MS), da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso
do Sul (SEFAZ/MS), do Alice Web do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), da Tabela de Recursos e Usos Brasil (TRU BR) e da Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho.
4.3 TRU/MS
4.3.1 Oferta Total a Preços do Consumidor
A Tabela de Usos de Bens e Serviços das Contas Nacionais possui valores a preços de
mercado, os quais devem ser transformados (estimados) a preços básicos. Isto porque os dados de
usos de bens e serviços pelos setores da economia estão expressos a preços ao consumidor
(preços de mercado, PC), que engloba não somente o preço básico, mas também os valores das
importações (IMP), impostos indiretos líquidos (IIL) e margens de comércio (MGC) e transporte
(MGT). Por conseguinte, para obter-se a Matriz de Uso a preço básico da oferta nacional, tornase necessário subtrair dos preços de mercado originais contidos nas Contas Nacionais os valores
estimados referentes à importação, impostos e margens de comércio e transporte de cada produto
para cada setor da economia.
Detalhadamente, o IBGE fornece a os dados apresentados no quadro 2 que apresenta a
oferta global a preços de mercado, os quais são constituídos por:
1. Preço básico (PB)
2. Margem de Comércio (MGC)
3. Margem de Transporte (MGT)
4. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
5. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
6. Outros Impostos Indiretos Líquidos (OIIL)
7. Importação de Bens e Serviços (IMP)
27
8. Imposto de Importação (IIMP)
Assim, temos as seguintes relações:
Oferta Global (OG) = Oferta Nacional (ON) + Oferta Internacional (OI)
Oferta Nacional a Preço Consumidor (ONPC) = OGPB + OI + MGC + MGT + IIL
28
QUADRO 2- QUADRANTE A - OFERTA TOTAL A PREÇOS DE CONSUMIDOR – 2008
Oferta de bens e serviços (valores correntes em 1 000 R$)
Código
do
produto
Descrição do produto
1
Cana-de-açúcar
2
Oferta total
a preço
de
consumidor
Margem
de
comércio
Margem
de
transporte
Imposto
de
importação
IPI
ICMS
Outros
impostos
menos
subsídios
Total de
impostos
líquidos
de
subsídios
Oferta
total
a preço
básico
275 000
0
3 922
0
0
2 865
560
3 425
267 653
Soja em grão
1 234 668
293 984
13 100
0
0
11 081
2 165
13 246
914 338
3
4
Milho em grão
Bovinos e suínos
528 337
3 314 870
60 472
136 238
3 900
1 083
0
0
0
0
168
155 509
33
30 385
201
185 895
463 764
2 991 654
5
6
Aves
Outros produtos agropecuária
91 220
1 137 748
8 554
274 314
48
18 485
0
461
0
0
1 701
18 361
332
3 588
2 033
22 409
80 586
822 540
7
Indústria Extrativa
6 540 741
462 872
228 135
56
0
8 529
1 667
10 251
5 839 482
8
Abate de bovinos
1 994 203
374 540
9 104
0
0
118 928
23 238
142 165
1 468 394
9
Abate de outros animais
852 332
133 257
5 572
0
0
26 987
5 273
32 260
681 243
10
Indústria de laticínios
336 293
33 592
1 738
182
0
13 714
2 680
16 576
284 387
11
Fabricação de açúcar
337 005
15 085
1 875
5
0
1 769
346
2 119
317 926
12
Fabricação de oleos vegetais
750 952
43 928
13 975
5 461
0
24 035
4 696
34 193
658 856
13
Rações
645 951
79 402
15 385
222
0
5 634
1 101
6 957
544 206
14
Outros produtos alimentares
1 861 707
730 309
34 809
981
28 200
202 485
39 564
271 230
825 359
15
Têxteis
905 482
369 863
21 068
7 866
451
10 752
2 101
21 169
493 382
16
Artigos de vestuário e acessórios
1 242 622
624 626
0
4 519
0
3 844
751
9 114
608 882
17
Artefatos de couro e calçados
880 934
322 410
17 897
3 837
313
9 506
1 857
15 513
525 113
18
Produtos em madeira - exclusive móveis
169 905
26 511
2 385
89
250
9 446
1 846
11 631
129 378
19
Celulose e produtos de papel
101 920
17 208
3 114
223
1 071
5 257
1 027
7 578
74 021
20
Jornais, revistas e discos
205 628
34 440
746
86
749
359
70
1 264
169 179
21
Alcool
746 100
190 339
6 769
0
0
46 283
9 043
55 327
493 665
22
Outros produtos indústria de transformação
21 493 704
8 236 805
636 284
35 138
50 049
690 631
134 944
910 763
11 709 853
23
SIUP
3 599 737
0
0
0
0
1 041 316
203 465
1 244 781
2 354 956
34
24
Construção
3 523 928
0
0
0
0
7 277
1 422
8 699
3 515 229
25
Comércio
5 164 185
(-) 12 468 748
0
0
0
1 307 059
255 389
1 562 448
16 070 485
26
Transporte, armazenagem e correio
3 792 696
(-) 1 039 394
0
0
122 536
23 943
146 478
4 685 612
27
Intermediação Financeira
2 089 494
0
0
0
0
5
1
6
2 089 489
28
Administração pública e seguridade social
29
Outros
Total
8 036 707
0
0
0
0
0
0
0
8 036 707
12 923 935
0
0
0
0
432 488
84 505
516 993
12 406 941
84 778 004
0
0
59 125
81 083
4 278 525
835 992
5 254 726
79 523 279
30
4.3.2 Valor da produção
O Valor de Produção para cada atividade, o total do Valor de Produção (VP) tem como
fonte as Contas Regionais. A partir desses totais, foi necessário identificar os valores dos
produtos produzidos e consumidos em cada atividade. A desagregação por produto do VP de
cada atividade foi realizada a partir das ponderações da TRU-BR, confrontados com as pesquisas
estruturais do IBGE: Produção Agrícola Municipal (PAM), Produção da Pecuária Municipal
(PPM), Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), Pesquisa Industrial Anual (PIA),
Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), Pesquisa Anual do Comércio (PAC),
Pesquisa Anual de Serviços (PAS) e Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD),
todas para o ano de 2008, e o Censo Agropecuário 2006; por fim, foi realizada análise crítica dos
dados para adequação á realidade do Estado.
Para chegar ao formato final da produção (quadro 3), o total do Consumo Intermediário
(CI) de cada atividade foi obtida diretamente das Contas Regionais. A decomposição do CI total
de cada atividade por produtos total foi, inicialmente, balizada pela estrutura de insumos da das
tabelas sinóticas, por atividade, publicadas pelas Contas Regionais, calculada pelo IBGE para
2008. Secundariamente foram feitas agregações para 10 setores e 29 produtos, considerando a
participação de cada um para composição do Valor Bruto da Produção (VBP) de cada
setor/produto.
Para alguns setores foram feitas desagregações. Houve uma contração no setor de
Comércio, que teve uma imputação em Outros Serviços, utilizando a TRU BR como padrão. Em
Administração Pública e Seguridade Social (APU) também foi realizada imputação.
Por fim, foi realizada análise crítica de todos os dados com adequação a realidade
econômica apresentada no Estado de Mato Grosso do Sul. A soma de Valor Adicionado (VA) e
Consumo intermediário (CI) totaliza o VBP.
34
QUADRO 3 - QUADRANTE A1 - PRODUÇÃO - 2008
Produção das atividades (valores correntes em 1 000 R$)
Código
do
produto
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
Descrição do produto
22
Cana-de-açúcar
Soja em grão
Milho em grão
Bovinos e suíno
Aves
Outros produtos agropecuária
Indústria Extrativa
Abate de bovinos
Abate de outros animais
Indústria de laticínios
Fabricação de açúcar
Fabricação de oleos vegetais
Rações
Outros produtos alimentares
Têxteis
Artigos de vestuário e acessórios
Artefatos de couro e calçados
Produtos em madeira - exclusive
móveis
Celulose e produtos de papel
Jornais, revistas e discos
Alcool
Outros produtos indústria de
transformação
23
SIUP
24
Construção
25
Comércio
Transporte, armazenagem e
correio
Intermediação Financeira
Administração pública e
18
19
20
21
26
27
28
01
Agropecuária
03
Indústria
de
transform
ação
02
Indústria
extrativa
04
SIUP
05
Construçã
o civil
06
Comérci
o
07
Transporte,
armazenage
m e correio
08
Intermediaçã
o financeira
10
Outros
serviços
09
APU
Total
do produto
250 672
888 521
452 225
2 990 381
35 203
556 306
0
0
0
0
0
0
248 299
0
32 426
0
0
0
0
0
0
0
0
877 477
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
630 515
144 373
31 000
61 322
628 920
55 472
217 912
119 510
197 044
121 660
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
250 672
888 521
452 225
2 990 381
35 203
556 306
877 477
630 515
144 373
31 000
61 322
628 920
303 771
217 912
151 936
197 044
121 660
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
68 097
32 201
117 225
323 586
2 374 129
0
68 097
32 201
117 225
323 586
8 345
822
0
0
0
0
0
0
10 719 951
172 694
0
175 731
0
1 406
152
0
0
0
0
0
1 754 577
0
0
0
0
0
3 449
885
0
0
0
0
3 449 885
942 176
0
0
0
0
0
6 214
441
0
0
0
146 866
7 303 483
150 272
0
0
0
0
0
511 339
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3 301 994
0
0
0
2 060 987
0
0
0
8 036
0
0
0
3 963 606
2 060 987
8 036 707
34
seguridade social
29
Total
Outros
707
1 317 459
0
10 410 764
877 477
2 092
088
13 873
817
0
1 406
152
0
3 449
885
212 927
6 427
369
0
0
3 301 994
2 060 987
192 194
8 228
901
7 968
208
8 115
074
11 782 876
58 152 420
33
4.3.3 Importações e exportações internacionais e interestaduais
Na elaboração dos vetores de importações internacional e interestadual, a metodologia
empregada levou em conta os saldos da conta comercial e de serviços. O primeiro passo foi
extrair dos dados de Importação do Aliceweb (base de dados de comércio exterior do Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) para o ano de 2008, ano de referência de nosso
trabalho. Os dados de comércio exterior foram retirados juntos com a Nomenclatura Comum do
Mercosul (NCM), que é uma convenção de categorização de mercadorias adotada desde 1995
pelo Uruguai, Paraguai, Brasil e Argentina e que toma por base o Sistema Harmonizado (SH),
classificando assim as exportações e importações.
Posteriormente, os produtos foram divididos em subclasses. É a partir dos códigos da
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), classificação oficialmente adotada
pelo Sistema Estatístico Nacional do Brasil e pelos órgãos federais, estaduais e municipais
gestores de registros administrativos e demais instituições do Brasil, que se fez a imputação dos
valores na Tabela de Recursos e Usos. De posse dos produtos comercializados entre o Brasil e o
mundo, e organizados tanto em códigos CNAE e NCM, foi utilizado um tradutor que auxiliou na
organização do lançamento dos produtos dentro dos setores correspondentes. É de se lembrar que
os valores disponíveis no Aliceweb estão disponíveis em dólares, assim, a partir das taxas de
câmbios diárias informadas pelo Banco Central do Brasil (Bacen) foi estimada uma taxa de
câmbio média para o ano de 2008. A parte dos valores estarem em dólares, é importante destacar
que as exportações estão disponíveis em valores FOB (Free on Borad) e que as importações de
produtos são valoradas a preços CIF (Cost, Insurance and Freight), ou seja, nos preços de
importação estão embutidos os custos com seguro e frete. Assim, é essencial a conversão dos
valores em moeda estrangeira para moeda nacional e da extração dos serviços contabilizado no
preço dos produtos importados, evitando assim o duplo lançamento dos serviços relacionados ao
transporte de bens.
Para a construção dos vetores de importação interestadual foi disponibilizada pela
Secretaria de Fazenda do Estado (SEFAZ-MS) a GIA - Guia de Apuração e Informação do
ICMS. Através dos Códigos Fiscais de Operações e de Prestações (CFOP de Entrada e Saída)
contidos na GIA, que contém produtos e códigos de importação e exportação do Estado com cada
34
Unidade de Federação (UF), foi possível separar os valores que entraram e saíram do estado no
ano de 2008. Mais uma vez, utilizando um tradutor para CNAE, foram classificados todos os
produtos tendo por base os seus respectivos códigos, e na sequencia, ocorrendo a soma dos
valores de todas as observações fiscais dos produtos envolvidos em cada subclasse tabelada.
Diferentemente dos dados disponibilizados pelo Aliceweb, a GIA trás valores tanto para
bens e serviços, o que facilitou o computo e imputação dos valores referentes aos serviços. Em
relação às importações interestaduais os dados enviados foram corrigidos, retirando-se a parte de
estoque e mantendo somente a parte de fluxo, para que os valores sejam somente relativos às
transações realizadas no ano de 2008, desconsiderando-se, então, a importação de ativos que
estavam superestimando o valor.
Nas exportações, o gás natural boliviano, que passa pelo Estado, sofreu uma alteração:
R$ 4,8 bilhões realocados na indústria extrativa, tendo em vista que apenas R$800 milhões em
gás são processados e utilizados pelas indústrias do MS. O restante é exportado para o resto do
Brasil pelo gasoduto.
No caso especifico de Mato Grosso do Sul, principal porta de entrada do Gás boliviano
no Brasil, foi preciso redistribuir as importações de gás natural, sendo que do total R$800
milhões permaneceram como SIUP, parte que é processada e consumida no Estado, e o restante,
R$4,8 bilhões foram realocados na indústria extrativa, uma vez que o produto é exportado em seu
estado.
35
QUADRO 4 - QUADRANTE A2 - IMPORTAÇÕES - 2008
Importação (valores correntes em 1 000 R$)
Código
do
produto
Descrição do produto
Importação de
bens
interestadual
Ajuste
CIF/FOB
Importação
de serviços
interestadual
Importação
de serviços
resto do
mundo
Importação de
bens resto do
mundo
1
Cana-de-açúcar
0
16 981
0
0
0
2
Soja em grão
0
22 192
0
3 625
0
3
Milho em grão
0
9 156
0
2 383
0
4
Bovinos
0
1 273
0
0
0
5
Aves
0
45 383
0
0
0
6
Outros produtos agropecuária
0
104 913
0
161 321
0
7
Indústria Extrativa
0
53 033
0
4 908 972
0
8
Abate de bovinos
0
734 050
0
103 829
0
9
Abate de outros animais
0
536 870
0
0
0
10
Indústria de laticínios
0
253 227
0
161
0
11
Fabricação de açúcar
0
256 604
0
0
0
12
Fabricação de oleos vegetais
0
29 700
0
237
0
13
Rações
0
240 436
0
0
0
14
Outros produtos alimentares
0
524 884
0
82 564
0
15
Têxteis
0
109 720
0
231 725
0
16
Artigos de vestuário e acessórios
0
411 791
0
47
0
17
Artefatos de couro e calçados
0
400 204
0
3 249
0
18
Produtos em madeira - exclusive móveis
0
55 205
0
6 075
0
19
Celulose e produtos de papel
0
41 057
0
763
0
20
Jornais, revistas e discos
0
51 791
0
162
0
21
Alcool
0
170 079
0
0
0
22
Outros produtos indústria de transformação
0
989 902
0
1 233 981
0
23
SIUP
0
571 228
0
0
29 151
24
Construção
0
0
59 953
0
5 390
25
Comércio
0
0
8 739 177
0
27 825
26
Transporte, armazenagem e correio
0
0
421 310
0
300 696
27
Intermediação Financeira
0
0
0
0
28 502
28
Administração pública e seguridade social
0
0
0
0
0
29
Outros
0
Total
0
0
0
624 065
5 629 675
9 220 441
6 739 094
1 015 630
4.3.4 Margem de distribuição e impostos
As margens de comércio e transporte de cada produto foram calculadas como uma
fração de seu valor total de produção. Da SEFAZ-MS foi obtido o valor do Imposto sobre
36
Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Os valores para todos os produtos
foram agregados por setores/produtos.
Devido à ausência de informações específicas sobre os impostos federais para alguns
setores/produtos, foi utilizada uma relação entre a margem e o valor total de cada produto da
TRU-BR. Posteriormente, foi realizada uma análise crítica dos dados, com o objetivo de adequar
às margens à realidade da economia estadual. Da Secretaria da Receita Federal foram obtidos:
Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF), Contribuição sobre o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e uma
soma de outros tributos. O IPI recebeu especial destaque, pois foi necessária sua adequação à
estrutura de produção estadual, que em muito diverge da nacional na indústria de transformação.
O valor do Imposto sobre Serviços (ISS) e subsídios para compor, juntamente com IOF,
Cofins e CPMF, outros impostos menos subsídios . Os dados fornecidos para subsídios estavam
agregados. Para a desagregação foi considerada a legislação sobre subsídios para os setores.
Esses valores foram ajustados de tal forma que a soma dos impostos no Estado seja igual ao valor
divulgado pela Receita Federal, levando em consideração a proporção dos valores de ICMS. É
importante considerar que por questões de sigilo fiscal as informações fornecidas estavam
incompletas, motivo pelo qual foi necessária a ponderação pelo ICMS.
4.3.5 Consumo Intermediário
Devido à ausência de dados de Consumo Intermediário (CI desagragado para alguns
setores/ produtos) foi utilizada uma relação entre a margem TRU-BR balizada pelo VBP
estadual. Para adequar tais valores à realidade do Estado foram feitas adequações ad hoc e
análise crítica de dados levando em consideração a proporcionalidade dos dados fornecidos pelas
Contas Regionais da SEMAC e adequando-os à gama de produtos e à tecnologia local. Os
valores fornecidos pelo Contas Regionais foram ajustados pelo valor total da sinótica do MS. Os
dados relacionados às Contas Regionais possuíam abertura apenas nos setores agropecuária e
indústria de transformação.
CI
= (CI
VBP
) ∗ VBP
37
CI
VBP
VBP
CI
= Consumo do produto i pelo setor j no MS;
= Consumo do produto i pelo setor j no Brasil;
= Valor bruto da produção do setor j no Brasil;
= Valor bruto da produção do setor j no MS.
38
QUADRO 5 - QUADRANTE B1 - CONSUMO INTERMEDIÁRIO - 2008
Consumo intermediário das atividades (valores correntes em 1 000 R$)
Código
do
produt
o
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
Total
Descrição do produto
Cana-de-açúcar
Soja em grão
Milho em grão
Bovinos e suínos
Aves
Outros produtos agropecuária
Indústria Extrativa
Abate de bovinos
Abate de outros animais
Indústria de laticínios
Fabricação de açúcar
Fabricação de oleos vegetais
Rações
Outros produtos alimentares
Têxteis
Artigos de vestuário e
acessórios
Artefatos de couro e calçados
Produtos em madeira exclusive móveis
Celulose e produtos de papel
Jornais, revistas e discos
Alcool
Outros produtos indústria de
transformação
SIUP
Construção
Comércio
Transporte, armazenagem e
correio
Intermediação Financeira
Administração pública e
seguridade social
Outros
01
Agropecuári
a
02
Indústria
extrativa
03
Indústria de
transformaçã
o
04
SIUP
05
Construção
civil
06
Comércio
07
Transporte,
armazenage
m e correio
08
Intermediaçã
o financeira
09
APU
10
Outros
serviços
Total
do produto
127 996
61 728
267 005
0
0
389 806
98 865
0
0
0
0
0
503 382
105 245
14 987
0
0
0
0
0
0
62 471
0
0
0
0
0
93
0
3 480
146 966
213 101
83 869
539 755
68 510
81 751
861 196
3 266
3 735
9 547
118 885
244 356
93 737
17 622
133 765
0
0
0
0
0
0
93 118
0
0
0
2 407
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
65 356
0
0
0
0
0
0
0
3 048
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
11 974
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
7 820
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
64
0
0
0
0
0
0
292
0
0
2 589
647
2 421
3 518
10 369
8 206
60 228
2 918
20 755
469
0
0
349
0
902
20 767
349
29 525
8 644
18 672
5 500
6 980
11 616
22 438
20 710
274 962
274 829
351 515
539 755
69 412
494 913
1 182 003
35 212
15 897
38 588
135 063
311 564
611 745
166 060
196 253
0
0
126
79
144 500
128 869
623
0
715
0
4 489
0
9 053
0
2 341
0
3 210
38
16 417
1 022
181 473
130 009
14 987
2 081
0
8 733
7
2 157
1 879
298
35 703
9 089
10 791
141 255
0
802
2 568
0
58 785
3 150
2 391
131
3 129
30 377
20 951
49 519
0
3 546
7 750
5 718
0
9 579
36 624
0
1 066
15 824
2 436
12 978
565
3 652
23 110
49 213
114 242
80 257
108 500
267 844
2 003 326
70 857
0
1 384 825
170 708
27 058
15 884
0
3 265 514
150 808
457 093
1 589 276
148 523
398 367
160
0
1 445 779
7 495
68 273
919
416 798
126 853
3 380
111 922
1 061 416
55 244
140
0
76 481
15 160
11 049
0
476 984
182 203
220 567
0
895 182
119 594
64 678
4 603
9 960 710
1 153 640
841 223
3 091 546
591 152
92 756
91 037
24 683
1 511 053
337 119
26 716
20 646
20 006
36 192
303 436
143 619
305 400
103 131
19 158
287 336
57 685
432 469
93 676
92 806
3 019 319
1 570 757
0
43 709
5 781 440
0
150 326
550 284
0
1 142 032
11 543 165
0
104 541
798 471
0
84 706
1 796 947
0
641 434
1 867 879
0
320 970
1 880 188
0
317 621
775 412
0
1 195 293
2 713 165
0
1 046 478
2 557 449
0
5 047 110
30 264 400
39
4.3.6 Remuneração do Trabalho
Os dados relativos à remuneração foram extraídos da PNAD-2008, tendo sido
considerados os salários do trabalho principal, do trabalho secundário e outros rendimentos, para
uma população de dez anos ou mais, os quais compreendem salários e contribuições sociais
efetivas e imputadas. Como o mês de referência da pesquisa é setembro, os dados foram
atualizados e anualizados considerando dezembro de 2008 como referência.
4.3.7 Excedente Operacional Bruto
Foi realizada estimativa do excedente operacional bruto (EOB) para o Mato Grosso do
Sul de forma residual, sendo este igual ao valor adicionado (VA) deduzido das remunerações
pagas aos empregados, dos rendimentos autônomos e dos impostos líquidos de subsídios
(PORSSE, 2007).
EOB
EOB
VA
VA
EOB
= EOB
VA
∗ VA
= Excedente operacional bruto do setor j no MS;
= Excedente operacional bruto do setor j no Brasil;
= Valor adicionado do setor j no Brasil;
= Valor adicionado do setor j no MS.
Então, foi realizado balanceamento para atingir o resultado final.
4.3.8 Consumo do Governo e Instituições sem Fins Lucrativos
O consumo da administração pública e das instituições sem fins lucrativos – foram
obtidos imputando a proporcionalidade da TRU-BR.
4.3.9 Consumo das Famílias
A principal fonte de dados utilizada foi a POF 2008/2009. A POF é realizada de maio de
um ano até maio do ano seguinte, neste caso maio de 2008 a maio de 2009. Considerando-se 12
meses foi relizada uma agregação a partir dos macro dados levando em consideração o consumo
das famílias para os setores/produtos selecionados. Foi utilizada uma ponderação considerando-se
a TRU-MS para os dados.
40
Os valores utilizados precisaram ser deflacionados, atualizados e posteriormente
somados para se encontrar o valor total. A deflação e atualização dos valores se deu pelo IGP-DI.
Foi utilizado o tradutor da POF disponível no IBGE para POF 2002/2003 que ainda não foi
atualizado para a POF 2008/2009.
4.3.10 Formação Bruta de Capital Fixo e Variação de Estoques
Para formação bruta de capital fixo (FBCF) foi utilizada imputação direta do valor da
proporcionalidade da TRU-BR, levando em consideração o valor de demanda final para criar este
valor. A FBCF tem uma característica que faz necessário um cálculo sobre este valor levando em
consideração oferta menos exportação. Foi utilizada a seguinte esquematização matemática
(PORSSE, 2007).
c = FBCF
FBCF
c =
FBCF
O
⁄O
= c (O
−X
−X
)
da oferta do produto i correspondente a FBCF;
= Valor da FBCF do produto i no Brasil;
= Oferta do produto i no Brasil;
X
= Exportações do produto i no Brasil;
O
= Oferta do produto i no MS;
FBCF
= Valor da FBCF do produto i no MS;
X
Para o cálculo da variação de estoques dos setores que estavam disponíveis, foram
= Exportações do produto i no MS.
utilizados os valores imputados da TRU-BR como proporcionalidade, considerando-se o valor de
demanda final do Estado para criar este valor (PORSSE, 2007).
VE
VBP
VBP
VE
VE
= VBP
⁄VBP
= Variação de estoque do produto i no MS;
∗ VE
= Valor bruto da produção do produto i no MS;
= Valor bruto da produção do produto i no Brasil;
= Variação de estoque do produto i no Brasil.
Após este processo, os valores passaram por análise crítica para adequação à realidade
41
do Estado e balanceamento.
4.3.11 Pessoal Ocupado
Foi considerada a População Economiacamente Ativa (PEA). Os valores foram obtidos
pela PNAD 2008 com ajuste pela RAIS para alguns setores que não estavam desagregados. Para
as variáveis total, agropecuária, indústria (indústria e indústria de transformação, SIUP e extrativa
mineral, foi feita a mesma abertura da TRU na RAIS, considerando-se a proporcionalidade destes
setores dentro do PIB formal, o que permitiu uma redistribuição. A proporção encontrada na
RAIS multiplica-se pelo valor total de cada setor, o que resulta no pessoal ocupado.
42
QUADRO 6 - QUADRANTE C - VALOR ADICIONADO DAS ATIVIDADES - 2008
Operações
01
Agropecuária
02 Indústria
extrativa
Componentes do valor adicionado (valores correntes em 1 000 R$)
07
03 Indústria
05
Transporte,
08
de
Construção
06
armazenagem Intermediação
transformação 04 SIUP
civil
Comércio
e correio
financeira
10 Outros
serviços
09 APU
Total do
produto
Valor adicionado bruto ( PIB )
4 629 324
327 194
2 330 652
1 652
938
607 681
4 559 489
1 421 807
1 285 575
5 515 736
5 557 625
27 888 020
Remunerações
3 008 205
152 056
1 439 917
199 212
1 111 058
3 072 986
811 889
193 461
2 165 286
5 297 766
17 451 835
2 557 739
107 861
1 105 223
160 511
883 443
2 377 141
655 856
151 209
1 657 295
4 469 647
14 125 926
Contribuições sociais efetivas
450 466
44 195
334 694
38 700
227 615
695 844
156 033
42 252
262 370
828 119
3 080 288
Previdência oficial /FGTS
450 466
39 025
320 862
35 296
222 943
688 116
155 780
38 625
261 925
802 448
3 015 485
0
5 170
13 832
3 405
4 672
7 728
254
3 627
445
25 670
64 803
0
0
0
0
0
0
0
245 621
0
245 621
1 917 327
301 034
1 311 803
0
1 304
406
601 424
2 652 850
728 528
803 494
1 225 965
4 473 720
15 320 551
1 008 961
42 548
435 982
348 495
937 720
258 718
59 648
653 760
1 763 159
5 572 310
908 366
258 485
875 822
63 318
1 241
088
252 929
1 715 129
469 810
743 846
572 205
2 710 560
9 748 241
50 162
3 872
87 096
29 227
6 334
94 778
25 976
15 599
664
77 057
390 764
(-) 522
0
(-) 5 773
(-) 1 499
0
(-) 3 741
0
0
(-) 2 726
(-) 20 404
10 410 764
877 477
13 873 817
(-) 6 143
3 449
885
1 406 152
6 427 369
3 301 994
2 060 987
8 228 901
8 115 074
58 152 420
214 519
3 386
132 331
5 021
108 024
239 760
50 436
10 883
76 269
361 486
1 202 115
Salários
Previdência privada
Contribuições sociais imputadas
Excedente operacional bruto e
rendimento misto bruto
Rendimento misto bruto
Excedente operacional bruto (EOB)
Outros impostos sobre a produção
Outros subsídios à produção
Valor da produção
Fator trabalho (pessoas ocupadas na
PEA)
43
QUADRO 7 - QUADRANTE B2 - DEMANDA FINAL - 2008
Código
do
produto
Descrição do produto
Demanda final (valores correntes em 1 000 R$)
Exportação Exportação
Consumo
Formação
Consumo Consumo
de bens
de serviços
da
bruta
das
das
resto do
resto do
administração
de capital
ISFLSF
famílias
mundo
mundo
pública
fixo
0
0
0
0
0
0
837 547
0
0
0
0
0
93 299
0
0
0
0
0
286
0
0
0
0
794 064
524
0
0
0
0
0
29 964
0
0
0
497 040
74 064
35 771
0
0
0
0
0
730 976
0
0
0
321 830
0
501 836
0
0
0
112 475
0
3
0
0
0
260 977
0
76 014
0
0
0
124 753
0
14 719
0
0
0
65 244
0
Exportação
de bens
interestadual
Exportação
de serviços
interestadual
38
28 718
5 717
1 961 976
21 262
36 961
5 326 668
904 439
219 149
35 849
0
352 399
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
32 812
33 793
0
0
0
583 155
0
0
0
0
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Cana-de-açúcar
Soja em grão
Milho em grão
Bovinos e suínos
Aves
Outros produtos agropecuária
Indústria Extrativa
Abate de bovinos
Abate de outros animais
Indústria de laticínios
Fabricação de açúcar
Fabricação de oleos vegetais
13
14
Rações
Outros produtos alimentares
15
Têxteis
643 875
0
47 473
0
0
16
Artigos de vestuário e acessórios
372 840
0
311
0
0
17
Artefatos de couro e calçados
253 487
0
186 629
0
18
Produtos em madeira - exclusive móveis
9 792
0
46 162
0
19
Celulose e produtos de papel
20 362
0
576
20
Jornais, revistas e discos
21
Alcool
22
Outros produtos indústria de transformação
23
SIUP
24
Construção
25
Variação
de
estoque
Demanda
final
0
93 573
77 806
18 789
23
4 806
(-) 3 700
1 745
2 976
875
1 175
7 026
38
959 839
176 822
2 775 114
21 809
642 835
5 358 739
1 958 991
836 436
297 705
201 942
439 388
275 000
1 234 668
528 337
3 314 870
91 220
1 137 748
6 540 741
1 994 203
852 332
336 293
337 005
750 952
34 206
1 695 647
645 951
1 861 707
Demanda
total
0
1 064 253
0
0
1 395
14 447
0
5 736
0
12 145
709 229
905 482
0
656 745
0
31 253
1 061 149
1 242 622
0
0
299 425
0
11 385
750 925
880 934
0
0
0
0
(-) 291
55 663
169 905
0
0
0
0
0
725
21 664
101 920
205 628
1 917
0
41
0
0
0
96 522
0
(-) 1 351
97 128
463 611
0
9 721
0
0
0
0
0
4 924
478 255
746 100
1 930 560
0
268 624
0
1 057 432
0
6 264 427
3 014 902
231 030
12 766 975
21 493 704
881 156
0
422
0
0
0
1 564 520
0
0
2 446 097
3 599 737
0
4 654
0
4 914
0
0
0
2 673 136
0
2 682 705
3 523 928
Comércio
0
1583823
0
488 816
0
0
0
0
0
2 072 640
5 164 185
26
Transporte, armazenagem e correio
0
0
0
80 783
0
0
692 594
0
0
773 377
3 792 696
27
Intermediação Financeira
0
0
0
11 900
14 816
0
492 021
0
0
518 737
2 089 494
28
Administração pública e seguridade social
0
0
0
0
8 036 707
0
0
0
0
8 036 707
8 036 707
29
Outros
0
0
0
28 448
1 272 648
659 136
5 496 566
420 028
0
7 876 826
12 923 935
13 537 379
1 588 478
3 464 052
614 863
10 381 603
659 136
18 015 128
6 976 194
510 754
55 747 586
84 778 004
44
5 PRINCIPAIS RESULTADOS DA TRU
5.1 Produto Interno Bruto
O valor do PIB de Mato Grosso do Sul, estimado através das estatísticas da TRU-MS de
2008, foi de R$ 33,14 bilhões. Considerando-se a ótica da despesa, o consumo das famílias e o
consumo da administração pública representaram, respectivamente, 54,36% e 31,32% do valor do
PIB. Ressalta-se que, mesmo a soma anterior apresentando valor próximo a 100%, há
componentes por essa ótica de cálculo que somam e outros que subtraem para se chegar ao
montante do PIB. A participação da Formação Bruta de Capital Fixo no PIB foi de 21,04%, e a
da variação de estoques foi de 1,54%. As exportações totais representaram 57,94% do PIB, sendo
12,30% referentes às exportações para o Resto do Mundo ou internacionais e 45,64% às
exportações para o Resto do Brasil ou interestaduais. Já as importações totais, que são deduzidas
nessa ótica de cálculo, representaram 65,20% do PIB, sendo 44,80% referentes às importações do
Resto do Mundo e 23,39% às importações do Resto do Brasil. Considerando-se esses resultados,
a dinâmica da economia sul mato-grossense possui forte relação de dependência em relação à
economia do resto do Brasil para as exportações, e forte dependência em relação à economia
internacional para as importações.
QUADRO 8 - COMPOSIÇÃO DO PRODUTO INTERNO BRUTO (MS), SOB AS TRÊS ÓTICAS – 2008
A – Ótica da produção
Em R$ (1000)
Produto Interno Bruto
33.142.746
Produção
58.152.420
Impostos líquidos
5.254.726
Consumo Intermediário
(-) 30.264.400
B – Ótica da despesa
Em R$ (1000)
Produto Interno Bruto
33.142.746
Despesa de consumo final
29.055.867
45
Despesa de consumo da administração pública
10.381.603
Despesa de consumo das famílias
18.015.128
Despesa de consumo das ISFSF
Formação bruta de capital
Formação bruta de capital fixo
Variação de estoque
Exportação de bens e serviços
659.136
7.486.948
6.976.194
510.754
19.204.772
Internacional
4.078.915
Interestadual
15.125.857
Importação de bens e serviços (-)
(-) 22.604.840
Internacional
14.850.116
Interestadual
7.754.724
C – Ótica da renda
Produto Interno Bruto
Remuneração dos empregados
Em R$ (1000)
33.142.746
17.451.834
Salários
14.125.925
Contribuições sociais efetivas
3.080.288
Contribuições sociais imputadas
245.621
Rendimento misto bruto
5.572.309
Excedente operacional bruto
9.748.240
Impostos sobre a produção
Subsídios à produção
390.764
(-) 20.404
Pela ótica de cálculo da renda, os resultados demonstram que 29,4% do PIB foram
apropriados pelo capital na forma de excedente operacional bruto. O rendimento misto bruto
absorveu 16,81% do PIB, enquanto os empregados, na forma de salários, representavam 42,62%
do total. Já a apropriação do Governo, medida pelos impostos sobre a produção, foi da ordem de
46
1,18% e as contribuições sociais dos empregados 10,03%. Esses resultados mostram que a
economia sul mato-grossense é mais dependente dos salários recebidos dos trabalhadores do que
da apropriação do capital das empresas, diferentemente do Brasil, onde os salários correspondem
a 31,7% e o excedente a 35,2%.
O PIB tradicionalmente é calculado pela ótica da produção que no caso da produção da
economia sul mato-grossense, em 2008, foi de R$ 58.152 milhões, para um consumo
intermediário de R$ 30.264 milhões. Subtraindo-se o consumo intermediário da produção,
obteve-se Valor Adicionado Bruto - VAB de R$ 27.888 milhões. Acrescentando-se os impostos
líquidos e subsídios (R$ 5.254 milhões), o resultado foi o PIB de 2008 com o montante de R$
33.142 milhões de reais.
No que se refere ao setor agropecuário os produtos de mais destaques são bovinos e
suínos com 10,73%, soja com 2,25%, milho com 1,36% e cana com 0,77% do PIB. O setor
agropecuário corresponde a 16,59% do PIB no Estado de Mato Grosso do Sul. De acordo com os
dados do IBGE (2009), o setor agropecuário brasileiro corresponde a 5,64% do PIB nacional.
Portanto, a participação da agropecuária para o Estado de Mato Grosso do Sul é,
significativamente superior ao Brasil, com destaque para a pecuária. Cabe ressaltar que, para este
cálculo foi dividido o VA de cada produto sobre o VA do Estado de Mato Grosso do Sul.
5.2 Demanda Total
A demanda da economia sul matogrossense, estimada para o ano de 2008, foi de R$
84.778 milhões. Considerando-se seus componentes, o consumo das famílias e o consumo
intermediário representaram os maiores participações, respectivamente, 21,25% e 35,69%. Em
seguida vêm-se as exportações para o Resto do Brasil (15,96%), o consumo da Administração
Pública - APU (12,25%) e a formação bruta de capital fixo - FBCF (8,23%). Considerando-se
esses resultados a demanda da economia sul matogrossense possui forte relação de dependência
com a renda disponível e com a produção local.
Um dos componentes da demanda é a FBCF, sendo constituída pela atividade da outros
produtos da indústria de transformação 43,22% do total, construção civil com 38,32%, bovinos e
47
suínos com 11,38%, e do restante, outros agropecuária e outros, com participação de 7,08%.
Por setor econômico, a demanda apresenta informações variadas. Em relação ao
consumo intermediário, os maiores setores são, indústria e serviços, sendo primeiro bastante
influenciado pela atividade de transformação. Já nas exportações destacam-se a indústria
extrativa e bovinos e suínos, ao mesmo tempo em que deve ser considerado o caráter non
tradeables dos serviços. Cabe ressaltar que o principal item da indústria extrativa se refere ao gás.
15,96%
Exportações Interestadual
Exportações Internacionais
4,81%
35,69%
12,25%
0,60%
8,23%
Consumo da APU
Consumo das famílias
FBCF
Variação de Estoque
21,25%
Consumo Intermediário
GRÁFICO 1- COMPOSIÇÃO DA DEMANDA TOTAL SUL MATOGROSSENSE – 2008
Fonte: Elaboração os autores.
Ressalta-se que as trocas com o Resto do Brasil, equivalem a 15,96% da demanda total e
as para o Resto do Mundo a 4,81%. Outro componente concentrado na indústria é a FBCF como
descrito anteriormente, enquanto os estoques prevalecem n indústria de transformação, já que os
serviços não podem apresentar variações de estoques por não realizar transações com bens Por
fim o consumo da APU e das Instituições Sem Fins de Lucro a Serviço das Famílias -ISFLSF são
tipicamente demandado pelo setor de serviços. Compreende as atividades: administração, saúde,
educação pública e seguridade social.
5.3 Oferta Total
Com o mesmo valor de R$ 84.778 milhões da demanda o maior componente da oferta
da economia sul matogrossense em 2008 é o valor da produção, com 68,6% do total. As
importações totais participam com 26,7%, sendo as transações com o Resto do Mundo com 9,1%
e as com Resto do Brasil com 17,5%. O menor percentual ficou por conta dos impostos com
48
6,2% do total da oferta, destacand-se a arrecadação de ICMS. Mesmo com a produção
representando mais de 60% da oferta, as importações são de suma importância para a composição
da mesma.
17,5%
Importações Interestaduais
Importações Internacionais
9,1%
68,6%
6,2%
Impostos
Produção
GRÁFICO 2 - COMPOSIÇÃO DA OFERTA TOTAL SUL MATOGROSSENSE – 2008
Fonte: Elaboração os autores
Na oferta por setor econômico, diferentemente da demanda, os serviços apresentam um
grande percentual nos componentes mais importantes, sobretudo do valor de produção. Grande
parte desse resultado deve-se aos elevados montantes produzidos por algumas atividades,
especialmente a Administração Pública, destacando-se ainda o comércio e os serviços de
aluguéis. No caso das importações, como nas exportações, o maior percentual é da indústria,
ressaltando a de transformação. Para o total dos impostos, a indústria e serviços são os setores
mais representativos, já a margem de comércio e de transporte é concentrada na indústria, já que
os serviços não comercializam nem transportam bens.
5.4 Componentes do Valor Adicionado
Uma das informações extraídas de uma TRU é a conta de geração da renda que
apresenta os destinos do valor adicionado bruto a preços básicos na economia.
49
400 000
Agropecuária
350 000
Indústria extrativa
300 000
Indústria de transformação
250 000
SIUP
200 000
Construção civil
150 000
Comércio
100 000
Transporte, armazenagem
e correio
50 000
0
Intermediação financeira
APU
GRÁFICO 3 - PESSOAS OCUPADAS POR ATIVIDADE EM MATO GROSSO DO SUL – 2008
Fonte: Elaboração os autores
Um dos destinos é o fator trabalho, portanto foi possível estimar o número de pessoas
ocupadas em Mato Grosso do Sul e em 2008, com aproximadamente 1,3 milhões (empregados,
empregadores, conta-própria e trabalhadores domésticos, sem remuneração), onde os serviços
representavam 69,54% do total, com destaque para o comércio com 19,94%, e a outros serviços
com 30,07%.
6 MODELOS DE INSUMO PRODUTO REGIONAIS E INTER REGIONAIS
Embora as primeiras aplicações do modelo insumo-produto tenham sido desenvolvidas
para estudos das relações internas da economia de uma nação, posteriormente surgiram modelos
adaptados para análise de regiões específicas e suas relações com as demais. É possível construir
modelos contemplando uma única região (modelos regionais), ou modelos contemplando duas ou
mais regiões (modelos inter-regionais), de modo a se analisar as relações econômicas dentro de
cada região.
6.1 Modelos de insumo-produto inter-regionais (mais de uma região)
50
As análises inter-regionais são desenvolvidas por meio de coeficientes de insumos intraregionais (dentro de uma região específica) e inter-regionais (entre uma determinada região e as
demais).
De acordo com Fernandes (1997), algumas das vantagens dos modelos inter-regionais
seriam a avaliação das diferenças regionais nas estruturas técnicas de produção; avaliação dos
efeitos inter-regionais resultantes de redistribuições geográficas nas atividades econômicas;
estudos de balanços de pagamentos regionais e dos fluxos de comércio inter-regional; análise de
impacto de variações nos programas de investimentos e ou gastos públicos sobre diferentes
regiões; elaboração de planos regionais de desenvolvimento econômico e sistema de contas
regionais; dentre outras.
Para melhor visualização, segue o quadro 9 contendo os fluxos inter-setoriais e interregionais para duas regiões, uma com dois setores e a outra com três.
QUADRO 9 - FLUXOS INTER-SETORIAIS E INTER-REGIONAIS PARA AS REGIÕES L E M
Setores
Vendedores
1
Região
L
2
1
3
1
Região
M
LL
11
z
LL
z21
LL
z31
ML
z12
ML
z 22
z11
ML
z 21
2
Região L
2
Região M
3
LL
12
z
LL
z22
LL
z32
ML
z13
ML
z 23
1
2
LM
11
LM
12
LL
13
z
LL
z23
LL
z33
z
LM
z21
LM
z31
z
LM
z22
LM
z32
ML
z11
MM
z 21
MM
z12
MM
z 22
MM
Fonte: Miller e Blair (1985)
Em que:
LL
zij representa o fluxo monetário do setor i para o setor j dentro da região L.
LM
zij
ML
e z ij
representam os fluxos monetários do setor i para o setor j, da região L para a região
M e da região M para a região L, respectivamente.
MM
z ij
representa o fluxo monetário do setor i para o setor j dentro da região M.
Aplicando a equação básica de produção setorial:
L
LL
LL
LL
LM
LM
L
X 1  z11  z12  z13  z11  z12  Y 1
(08)
51
Pode-se construir equações similares para os outros setores desta e da outra região.
Considerando os coeficientes de insumo ou coeficientes intra-regionais:
LL
zij
LL
aij 
X
L
j
MM
zij
MM
aij 
X
M
j
LL
LL
L
zij  aij X j
(09)
MM
MM
M
zij  aij X j
(10)
LM
LM
M
zij  aij X j
(11)
ML
ML
L
zij  aij X j
(12)
E os coeficientes inter-regionais:
LM
zij
LM
aij 
X
M
j
ML
zij
ML
aij 
X
L
j
Substituindo os coeficientes acima em (08):
LL
LL
LL
LM
LM
L
L
L
L
M
M
L
X 1  a11 X 1  a12 X 2  a13 X 3  a11 X 1  a12 X 2  Y 1
(13)
Obtém-se a produção total do setor 1 pertencente à região L.
L
As produções para os demais setores também podem ser obtidas isolando Y 1 e
L
colocando X 1 em evidência:
1  a  X
LL
11
L
1
LL
LL
LM
LM
L
L
M
M
L
 a12
X 2  a13 X 3  a11 X 1  a12 X 2  Y 1
(14)
Obtém-se assim a demanda final da produção do setor 1 pertencente à região L.
As demandas finais para os outros setores também podem ser obtidas da mesma forma.
LL
Pode-se construir a matriz A para os três setores:
LL
LL
LL
a11
a12 a13 
 LL
LL
LL 
LL
A  a 21 a 22 a 23 
LL
LL
LL
a31
a32 a33 
Esta matriz também pode ser construída para : A
LM
ML
, A e A
MM
.
Desta forma, define-se as seguintes matrizes:
52
 ALL  ALM 


A   
 AML  AMM 
XL


X 
 X M 
Y L 
 
Y  
Y M 
O sistema inter-regional completo de insumo-produto continua sendo representado, de
maneira sintética, pela seguinte fórmula:
I  A  X
Y
As matrizes podem ser dispostas da seguinte maneira:
 I  0   ALL  ALM   X L   Y L 

 
  
 
               
MM 
M
M
 0  I   ML 
A   X  Y 
 A

Efetuando-se estas operações:
I  A  X
LL
L
 ALM X M  Y L
(15)
 AML X M  I  AMM  X M  Y M
Estes são os modelos básicos necessários à análise inter-regional.
Entretanto, o modelo interregional de insumo-produto, requer uma grande e
diversificada quantidade de dados, e sua principal dificuldade está justamente na
indisponibilidade de informações sobre o fluxo de mercadorias entre os setores e entre as regiões,
pois os gastos com coleta de dados estatísticos são bastante elevados. Conseqüentemente, isso
tem gerado uma grande quantidade de modelos matemáticos para estimar os fluxos de
mercadorias inter-regionais a partir de métodos parcialmente censitários, ou seja, com parte das
informações levantadas diretamente na região de interesse e parte estimada a partir de métodos
matemáticos apropriados.
7 MÉTODOS DE ANÁLISE DA ESTRUTURA PRODUTIVA
A Matriz Insumo-Produto de Mato Grosso do Sul foi calculada segundo o sistema
atividade x atividade, seguindo o modelo do IBGE adotado na matriz brasileira
53
O modelo de Leontief possibilita o cálculo de indicadores econômicos para avaliar a
importância e o impacto das transformações dos diversos setores produtivos da economia em
termos de geração de produção, renda, salários, empregos e outras variáveis importantes. Os
principais indicadores de análise da estrutura produtiva do estado são obtidos a partir das
matrizes dispostas nos quadros 10, 11 e 12.
54
QUADRO 10- MATRIZ DE TRANSAÇÕES
01
Agropecuária
02
Indústria
extrativa
03
Indústria de
transformação
04
SIUP
05
Construção
civil
06
Comércio
Agropecuária
757 226
0
970 046
0
0
0
07
Transporte,
armazenagem
e correio
0
Indústria Extrativa
88 435
55 395
736 716
85 220
60 216
0
Indústria de Transformação
2 372 877
158 570
3 730 332
141 783
1 394 922
SIUP
63 381
23 993
129 010
364 578
Construção
0
14 085
391 023
Comércio
Transporte, armazenagem e
correio
Intermediação Financeira
Administração pública e
seguridade social
Outros
1 238 726
0
528 786
08
Intermediação
financeira
09
APU
10
Outros
serviços
0
2 702
20 682
0
0
607
328
496 661
1 005 245
125 088
582 822
1 045 651
6 906
117 273
50 702
15 160
170 886
112 332
147
62 903
3 124
129
11 049
206 867
60 751
1 359 556
0
846
103 469
0
0
0
4 324
80 725
1 292 639
24 450
18 433
280 520
280 290
19 158
54 102
87 988
82 971
21 887
288 391
18 895
33 346
132 772
94 652
287 336
405 607
87 171
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
39 097
133 298
976 958
95 674
78 044
592 991
294 579
317 621
1 121 050
982 937
55
QUADRO 11 - MATRIZ DE COEFICIENTES TÉCNICOS INTERSETORIAIS
07
Transporte,
armazenagem e
correio
08
Intermediação
financeira
09
APU
10
Outros
serviços
0,000
0,000
0,000
0,000
0,002
0,021
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,047
0,483
0,107
0,310
0,068
0,073
0,096
0,004
0,121
0,002
0,025
0,016
0,008
0,021
0,010
0,002
0,014
0,000
0,022
0,001
0,000
0,006
0,026
0,006
0,213
0,000
0,047
0,000
0,000
0,022
0,000
0,000
0,000
0,000
0,091
0,013
0,045
0,008
0,006
0,060
0,086
0,010
0,007
0,008
0,014
0,004
0,010
0,006
0,012
0,029
0,029
0,157
0,051
0,008
09
APU
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
10
Outros serviços
0,007
0,022
0,034
0,032
0,027
0,128
0,091
0,173
0,140
0,090
01
Agropecuária
02
Indústria
extrativa
03
Indústria de
transformação
04
SIUP
01
Agropecuária
0,130
0,000
0,034
0,000
0,000
02
Indústria extrativa
0,015
0,009
0,026
0,028
03
Indústria de
transformação
0,408
0,026
0,130
04
SIUP
0,011
0,004
05
Construção civil
0,000
06
Comércio
07
Transporte,
armazenagem e
correio
08
Intermediação
financeira
05
06
Construção
Comércio
civil
56
QUADRO 12- MATRIZ DE LEONTIEF
07
Transporte,
armazenagem e
correio
08
Intermediação
financeira
09
APU
10
Outros
serviços
0,008
0,017
0,006
0,006
0,008
0,038
0,006
0,012
0,004
0,005
0,004
0,077
0,615
0,186
0,436
0,139
0,136
0,141
0,011
1,140
0,009
0,035
0,025
0,015
0,028
0,015
0,003
0,018
0,002
1,032
0,005
0,007
0,011
0,030
0,008
0,289
0,003
0,070
0,004
0,035
1,034
0,025
0,008
0,008
0,009
0,172
0,018
0,071
0,016
0,044
0,081
1,122
0,024
0,018
0,019
0,045
0,006
0,021
0,011
0,025
0,042
0,047
1,191
0,065
0,014
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
1,000
0,000
01
Agropecuária
02
Indústria
extrativa
03
Indústria de
transformação
04
SIUP
01
Agropecuária
1,176
0,002
0,048
0,003
0,024
02
Indústria extrativa
0,037
1,011
0,033
0,035
03
Indústria de
transformação
0,672
0,044
1,226
04
SIUP
0,031
0,006
05
Construção civil
0,010
06
Comércio
07
Transporte,
armazenagem e
correio
08
Intermediação
financeira
09
APU
05
06
Construção
Comércio
civil
57
10
Outros serviços
0,102
0,030
0,069
0,048
0,069
0,170
0,142
0,236
0,176
1,111
58
7.1 Índices de ligações de Rasmussen-Hirschman
Os índices de ligações de Rasmussen-Hirschman foram idealizados por Rasmussen
(1956) e posteriormente desenvolvidos por Hirschman (1958) para a identificação de setoreschave na economia. Os valores calculados para os índices de ligações para trás indicam quanto o
setor demanda de outros setores da economia, enquanto os índices de ligações para frente
mostram o quanto o setor é demandado pelas outras indústrias. Valores maiores do que 1, seja
dos índices de ligações para trás ou para frente, indicam setores acima da média e, portanto,
considerados setores-chave para o crescimento da economia.
Porém, na visão de McGilvray (1977), devem ser considerados setores-chave apenas
aqueles que apresentarem tanto os índices de ligações para frente quanto os índices de ligações
para trás maiores do que 1. Nota-se que, para definição dos setores chaves, foi utilizado o
conceito de Hirschman.
Conforme Fernando (1997), a análise dos encadeamentos possibilita identificar os
setores que têm maiores efeitos propulsores numa economia, bem como a articulação entre os
blocos de indústrias. Alguns setores, devido à sua relação com os demais, são capazes de
impulsionar o crescimento em outros setores, a partir de seu crescimento. Os efeitos de
encadeamentos para trás se dão a partir do aumento da demanda por insumos de outros setores,
que devem aumentar sua produção para atender a esse aumento da demanda. Já o efeito de
encadeamento para frente é observado quando o aumento da demanda final em cada um dos
setores produtivos provoca um incremento na produção de um setor em particular.
Corroborando com estas afirmações, Lima e Guilhoto (2004), relatam que os índices de
ligação de Hirschman-Rasmussen permitem traçar o perfil da economia de uma ou mais regiões,
identificando as relações de compra e venda entre seus setores. Quanto maior for o índice de
ligação para trás, maior a interação do setor com os setores vendedores de insumos, da mesma
forma, quanto maior o índice de ligação para frente, maior será interação do setor com os setores
compradores de insumos.
59
Para o cálculo destes índices define-se bij como sendo um elemento da matriz inversa de
*
B ; B como sendo a média de todos os elementos de B e B* j ; Bi* como sendo,
Leontief
respectivamente, a soma de uma coluna e de uma linha típica de B .
Assim:
*
U j  B* j n B
(16)
define os índices de ligações para trás (poder de dispersão)
e
*
U j  Bi* n B
(17)
define os índices de ligações para frente (sensibilidade da dispersão)
No quadro 13 são mostrados os resultados calculados dos índices de ligação.
QUADRO 13 - ÍNDICES DE LIGAÇÃO PARA FRENTE E PARA TRÁS PARA O MS
Trás
Ordem
Frente
Ordem
Agropecuária (1)
0,02112281
7
1,55597932
1
Indústria Extrativa (2)
0,01930438
8
0,68845385
10
Indústria de Transformação (3)
0,05978762
1
0,96244426
5
SIUP (4)
0,02141757
6
0,81988609
8
Construção Civil (5)
0,01831783
9
1,162218843
2
Comércio (6)
0,02416765
4
0,960874482
6
Transporte Armazenagem e Correio (7)
0,02577122
3
1,126148915
3
Intermediação Financeira (8)
0,02388969
5
1,003870352
4
APU (9)
0,01628273
10
0,904312087
7
Outros Serviços (10)
0,03506583
2
0,815811787
9
Fonte: Elaboração dos autores
Conforme relatado anteriormente, existem dois critérios básicos para determinação dos
setores-chave de uma economia a partir dos índices de ligação de Hirschman-Rasmussen. O
primeiro, proposto por Hirschman-Rasmussen, classifica como setores-chave aqueles que
60
apresentam pelo menos um dos índices de ligação, para frente ou para trás, acima de 1. O
segundo critério, proposto por McGilvray (1977), é mais restritivo que o anterior e admite um
setor como setor-chave, se este apresentar ambos os índices de ligação, para frente e para trás,
simultaneamente maiores que 1.
A identificação dos setores-chave do sistema interregional a partir da definição de
Hirschman-Rasmussen apresentou quatro setores-chave, considerando as ligações para frente, os
setores mais dinâmicos do ponto de vista da oferta são: agropecuária (1); construção civil (5);
transporte, armazenagem e correio (7) e intermediação financeira (8).
Não houve nenhum setor que se evidenciou como “chave” com ligações para trás. Isso
mostra que o aumento da demanda de insumos intermediários não é atendida por insumos
domésticos.
A agropecuária se mostrou muito importante para a economia do MS como o principal
setor chave, seguido da Construção Civil, de forma que a agropecuária se apresenta como um
setor bastante demandado por sua natural característica de fornecimento de matéria prima para
outros setores,
A Construção Civil se apresenta como segundo setor mais relevante observando o ídice de
ligação para frente, o que indica que este setor é bastante demandado pelos demais setores do
estado. É evidente a expansão da construção civil principalmente nos útimos anos.
Assim como o setor de Transporte, Armazenagem e Correio, apresenta um índice de
ligação para frente bastante significativo, a grande demanda é pela modalidade de transporte
rodoviário. Isso ocorre devido ao baixo valor adicionado pela economia do Estado, ou seja, tem
como característica econômica ser um grande exportador de matéria prima e importador de
produtos acabados.
O segundo critério, proposto por McGilvray (1977), que é mais restritivo que o anterior e
admite um setor como setor-chave, se este apresentar ambos os índices de ligação, para frente e
para trás, simultaneamente maiores que 1. Deta forma, observa-se que nenhum setor foi
identificado como “chave”.
61
É importante salientar que os setores-chave estão associados à idéia de estabelecer
prioridade na alocação de recursos e na estratégia de estimulo para o desenvolvimento
econômico. Recursos direcionados a esses setores tendem a estimular o crescimento mais rápido
da produção, do emprego e a interdependência econômica, diferentemente do que se fossem
aplicados em setores não considerados chave na economia
7.2 Multiplicadores
O modelo insumo-produto permite ainda, mensurar o efeito de uma mudança exógena na
demanda final de um determinado setor sobre o número de pessoas ocupadas, o nível de renda
gerada (em termos salariais) e a produção total gerada na economia, através dos multiplicadores
tipos I e II, de emprego, renda e produção, respectivamente.
Isto é, um aumento na demanda por mão-de-obra ocasiona um aumento no poder
aquisitivo das famílias, gerando uma elevação na demanda por produtos finais e novo incremento
do nível de atividade dos setores que, por sua vez, irão aumentar a demanda pelos diversos tipos
de insumos, inclusive mão-de-obra, causando um novo aumento no poder aquisitivo,
desencadeando um novo ciclo de aumento da demanda. O processo se repete até que o sistema
atinja o equilíbrio
Os multiplicadores podem ser encontrados considerando o consumo doméstico das
famílias exógenamente, e neste caso são chamados de multiplicadores do tipo I. Aqueles obtidos
a partir de modelos que consideram o consumo doméstico das famílias endogenamente são
conhecidos como multiplicadores do tipo II, onde a matriz Z (transações intersetoriais), segundo
Miller e Blair (1985), incorpora uma linha e uma coluna adicionais correspondentes à
remuneração das famílias e ao consumo doméstico.
Enquanto os multiplicadores do tipo I incluem apenas os efeitos diretos (sobre o próprio
setor) e indiretos (sobre os demais setores), os multiplicadores do tipo II incluem efeitos diretos,
indiretos e induzidos (via consumo endogeneizado) de um aumento unitário na demanda final do
setor que se deseja avaliar o impacto sobre a economia.
7.2.1 Multiplicadores da produção
62
É a produção adicional gerada em toda a economia, decorrente de uma alteração na
demanda final de um determinado setor. É importante salientar que alguns setores da economia
estão mais envolvidos nas compras – direta e indiretamente, e portanto, apresentam efeitos
multiplicadores diferenciados.
Denotando os elementos da matriz B  I  A por bij , temos o multiplicador tipo I:
1
(27)
n
MP j   bij
i 1
onde j representa um determinado setor da economia.
Para o multiplicador tipo II, calcula-se a matriz inversa de Leontief B  I  A  , cujos
1
coeficientes são bij , e é obtida a partir de uma matriz A de coeficientes técnicos, onde o
consumo das famílias é endogeneizado.
(28)
n
M P j   bij
i 1
O multiplicador tipo I do setor indústria de transformação indica que são gerados R$
1,74 de produção na economia como um todo para cada um Real de produção gerada na própria
atividade, considerando-se os efeitos diretos e indiretos. A interpretação dos valores para o
multiplicador tipo II é a mesma, porém, este indica que para cada um Real de produção gerada no
setor, são gerados R$ 3,67 de produção na economia como um todo, considerando-se os efeitos
diretos, indiretos e induzidos. Isto mostra, que a indústria de transformação tem importante
participação nas compras direta e indiretamente em relação aos demais setores a montante e a
jusante.
QUADRO 14- MULTIPLICADORES DE PRODUÇÃO PARA O MS
Tipo I
0,166
Tipo II
1,297
(02) Indústria extrativa
0,099
1,186
(03) Indústria de transformação
1,749
3,672
(01)
Setores
Agropecuária
63
(04) SIUP
0,224
1,315
(05) Construção civil
0,076
1,125
(06) Comércio
0,283
1,484
(07) Transporte, armazenagem e correio
0,336
1,583
(08) Intermediação financeira
0,319
1,467
09 (APU)
0,000
1,000
(10) Outros serviços
0,743
2,154
Fonte: Elaboração dos autores
Os setores com valores maiores que 1,00 indicam efeitos mais que proporcionais na
economia, ou seja, para cada unidade monetária gerada no próprio setor, são geradas mais do que
uma unidade monetária no restante da economia. Vale destacar que as indústrias relacionadas ao
agronegócio fazem parte da indústria de transformação.
7.2.2 Multiplicadores da renda
Os multiplicadores de renda permitem quantificar a renda gerada, em todos os setores,
para cada unidade monetária de renda obtida em um determinado setor devido ao seu aumento de
produção necessário para atender a variação em uma unidade de sua demanda final.
Algebricamente, tem-se o multiplicador tipo I:
MR j   a n  1,i bij  a n  1, j
n
(29)
i 1
onde:
a n 1,i corresponde aos elementos da linha dos coeficientes de remuneração das famílias
bij representa os elementos da inversa de Leontief sem a endogeneização do consumo
doméstico das famílias.
E o multiplicador do tipo II:
n


M R j   a n 1,i bij a n 1, j
i 1
(30)
onde:
64
a n 1,i corresponde aos elementos da linha dos coeficientes de remuneração das famílias
b ij
representa os elementos da inversa de Leontief, considerando o consumo
doméstico das famílias endogenamente.
QUADRO 15 -MULTIPLICADORES DE RENDA PARA O MS
Setores
01
Agropecuária
02
Indústria extrativa
03
Indústria de transformação
04
SIUP
05
Construção civil
06
Comércio
07
Transporte, armazenagem e correio
08
Intermediação financeira
09
APU
10
Outros serviços
Tipo I
0,169
Tipo II
0,554
0,019
0,151
0,072
0,199
0,041
0,174
0,064
0,387
0,104
0,517
0,096
0,359
0,117
0,243
0,097
0,333
0,063
0,638
Fonte: Elaboração dos autores
A capacidade de geração de renda, em valores absolutos, depende da quantidade de
pessoas ocupadas e do nível dos salários pagos pelo próprio setor e daqueles diretamente
relacionados à ele. Verifica-se que, dentre os setores, o agropecuário possui o multiplicador mais
elevado. Mostrando assim, sua importância econômica, enquanto geradora de renda. Entretanto,
para todos os setores este valor é baixo, isto sugere que são atividades que pagam relativamente
baixos salários aos seus empregados, apesar de empregarem elevado número de pessoas
diretamente.
65
7.2.3 Multiplicadores do emprego
Os multiplicadores do emprego permitem determinar o número de empregos gerados na
economia como um todo, para cada emprego gerado no setor de interesse, ou seja, quantos
empregos indiretos são gerados para cada emprego direto gerado.
Embora juntamente analisados na economia, os multiplicadores do emprego de cada
setor não devem ser confundidos com o gerador de empregos de cada setor. Estes últimos dizem
o quanto de emprego é gerado dentro de cada setor, ao atender a sua demanda final em uma
unidade.
O multiplicador de emprego tipo I para um determinado setor j é dado por:
ME j   wn 1,i bij  wn 1, j
n
(31)
i 1
onde:
wn1 é o número de empregos gerados por unidade monetária produzida
bij representa os elementos da Inversa de Leontief sem a endogeneização do consumo
doméstico das famílias.
O multiplicador de emprego tipo II:
n


M E j   wn 1,i bij wn 1, j
i 1
(32)
onde:
wn1 é o número de empregos gerados por unidade produzida
bij representa os elementos da Inversa de Leontief, considerando o consumo doméstico
das famílias endogenamente.
De acordo com o quadro 16, observa-se que todos os setores apresentam baixa
capacidade de multiplicação do emprego na economia. Este resultado pode ser atribuído a baixa
produtividade do trabalho, ou seja, emprega-se muitas pessoas diretamente para geração de
pequeno volume de produção e, consequentemente, resulta em baixa capacidade de multiplicação
do emprego na economia. Lembrando que o setor agropecuário apresenta-se como o de maior
expressão, mostrando, portanto, sua importância enquanto gerador de emprego para a economia.
66
Setores que apresentam baixa capacidade de multiplicação do emprego na economia, se
destacam pela elevada capacidade de geração direta de postos de trabalho. Tais atividades
empregam maior número de pessoas diretamente, para gerar a produção necessária para atender
sua demanda final. Isto sugere a importância de se investir nestas atividades, pois além de
exercerem influência na economia do estado, também contribuem positivamente para a geração
de empregos diretos em Mato Grosso do Sul.
QUADRO 16 - MULTIPLICADORES DE EMPREGO PARA O MS
Setores
Agropecuária
Tipo I
0,016
Tipo II
0,049
Indústria extrativa
0,002
0,006
(03) Indústria de transformação
0,006
0,020
(04) SIUP
0,003
0,008
(05) Construção civil
0,007
0,044
(06) Comércio
0,009
0,050
(07) Transporte, armazenagem e correio
0,009
0,030
(08) Intermediação financeira
0,010
0,019
(09) APU
0,008
0,020
(10) Outros serviços
0,005
0,052
(01)
(02)
Fonte: Elaboração dos autores
Cabe destacar que como os setores estão agregados, não é possível destacar quais
produtos nestes setores são responsáveis pelos efeitos multiplicadores de renda, emprego e
produto.
8 CONCLUSÃO
67
À medida que uma economia se desenvolve, a participação da agricultura e pecuária no
PIB diminui e um contingente cada vez menor da força de trabalho depende diretamente das
atividades primárias, o que não implica em redução da importância do setor, e sim, conduz à
mudança de ênfase quanto aos papéis da agricultura no crescimento e desenvolvimento sócioeconômico.
Cabe destacar que quando se compara a participação do setor agropecuário em relação
ao PIB no Estado de Mato Grosso do Sul, este apresenta uma taxa superior à brasileira.
Mostrando assim a importância deste setor para a economia do Estado. O produto de maior
destaque, para a composição do PIB agropecuário são os bovinos
representando
aproximidamente 78%.
A mensuração dos índices puros de ligações permitiu identificar diversos setores-chave na
estrutura produtiva do estado, sendo alguns deles, atividades primárias e outros diretamente
relacionados a estas, o que vem a confirmar a importância das atividades agrícolas no que diz
respeito ao fornecimento de matéria-prima para o abastecimento da indústria.
Os resultados do trabalho demonstram forte relação entre as economias do Mato Grosso
do Sul e do restante do país, com forte dependência de insumos importados das demais regiões
brasileiras. Ademais, parte considerável da produção agropecuária é exportada do Estado,
tornando-se claro, portanto, que investimentos em infra-estrutura são de vital importância para a
manutenção do crescimento econômico de Mato Grosso do Sul. Além disso, os efeitos das
diferentes estruturas tributárias em cada estado do país dificultam sobremaneira as relações interregionais, gerando custos adicionais ao sistema produtivo, de modo que as políticas públicas
destinadas ao investimento em infra-estrutura de transportes e abastecimento, bem como daquelas
voltadas à harmonização do sistema tributário, contribuiriam para a manutenção das elevadas
taxas de crescimento observadas no Estado de Mato Grosso do Sul nos últimos anos.
No entanto, nos últimos anos o Mato Grosso do Sul vem passando por diversas
alterações em seu perfil econômico, tanto no que se relaciona aos setores de destaque quanto à
distribuição de cada atividade dentro destes setores, o que perfaz a necessidade de que estudos
68
mais atuais e mais aprofundados sejam realizados visando captar tais alterações e demonstrar sua
importância diante da adoção de políticas públicas e privadas setoriais.
9 SUGESTÕES DE ANÁLISES E ESTUDOS FUTUROS
Algumas análises adicionais a serem realizadas a partir da matriz insumo-produto seriam
os choques de demanda final, para verificar quais as principais alterações na estutura produtiva
do estado, em decorrência de alterações nos principais componentes da demanda final, a saber:
exportações, investimentos, gastos do governo e consumo das famílias. Além dos choques é
possível realizar a mensuração destes impactos, de modo a projetar possíveis cenários que
possam servir de subsídio de planejamento e formulação de políticas para um determinado setor
da economia. Estas mensurações podem ser realizadas utilizando os indicadores e multiplicadores
calculados.
Cabe ressaltar que, devido às especificações metodológicas e ao bancos de dados
disponíveis, não é possível produzir uma matriz de insumo-produto com os setores do
agronegócio desagregados. A questão metodológica passa pelo cálculo da matriz de Leontief que
admite matrizes quadradas (com mesmo número de linhas e coluna) diferente das Tabelas de
Recursos e Usos que permitem a produção de matrizes retangulares. As questões relativas ao
bancos de dados, as bases estão disponíveis com o agronegócio agregado. São elas: PNAD e
Tabelas de Recursos e Usos do Brasil (mesmo havendo desagregação na linha não há
desagregação na coluna). Dessa forma, para desagregar às atividades torna-se imprescindível uma
pesquisa primária em todos os elos da cadeia para cada setor. E a partir deste resultado construir a
MIP produto X produto.
Finalmente, uma sugestão para realização de estudos futuros, seria a construção de uma
matriz para cada cadeia produtiva. Para tanto, poderia se mapear as cadeias produtivas da soja,
milho, aves, cana, silvicultura, pecuária dentre outros; mensurar os coeficientes de produção de
cada setor; calcular o consumo intermediário entre os setores; identificar os setores-chave
correlacionados ao setor e analisar a composição do produto do setor analisado, taxas de variação
de produção, emprego, exportações e importações e impostos. E ainda, vale ressaltar que os
69
resultados obtidos pela MIP e TRU se refere ao ano de 2008, portanto, é de suma importância
uma nova edição com uma base de dados mais atualizadas.
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