Matriz Insumo-Produto
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Matriz Insumo-Produto
RELATÓRIO DE PESQUISA ELABORAÇÃO DA TRU E CONSTRUÇÃO DA MATRIZ INSUMO-PRODUTO 2008 CAMPO GRANDE Estado de Mato Grosso do Sul - Brasil Janeiro - 2013 ELABORAÇÃO DA TRU E CONSTRUÇÃO DA MATRIZ INSUMO-PRODUTO MATO GROSSO DO SUL 2008 1 Coordenadora Professora Mayra Batista Bitencourt Fagundes Equipe Professores Daniel Massen Frainer Everlam Elias Montibeler Leonardo Francisco Figueiredo Neto Estagiários Daniel Amorim Souza Centurião Juliana Almeida Vanessa Schmidt Parceiros Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul - FAMASUL Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia – SEMAC Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul – SEFAZ Apoio Financeiro Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul – APROSOJA/MS 2 AGRADECIMENTOS Inicialmente, agradecemos a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul – APROSOJA/MS, pelo apoio financeiro, e à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia – SEMAC e Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul – SEFAZ pelo apoio técnico e pela disponibilização dos dados necessários ao desenvolvimento da pesquisa. À Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, em especial o Centro de Ciências Humanas e Sociais, nossos agradecimentos por todo o apoio concedido ao desenvolvimento do estudo. Agradecemos ao Coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Doutor Roberto Olinto, pela receptividade e sugestões para a construção da matriz. Agradecemos a professora Doutora Sandra Cristina de Moura Bonjour (in memoriam), pelas contribuições técnicas concedidas ao longo do estudo. Agradecemos ao professor Doutor Alexandre Porsse, pelas contribuições técnicas e pela troca de experiências concedidas para o estudo e ajustes finais. Finalmente, nossos sinceros agradecimentos a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul – FAMASUL, pelo apoio concedido ao longo do projeto através da institucionalização das parcerias, sem essa, não conseguiríamos executar o projeto. Por isso mesmo merece nosso reconhecimento maior. 3 APRESENTAÇÃO A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) foi a pioneira na elaboração das Tabelas de Recursos e Usos (TRU) e da Matriz de Insumo-Produto do Mato Grosso do Sul – MIP-MS para o ano de 2008. A realização deste trabalho foi viabilizada mediante patrocínio da APROSOJA e apoio institucional da FAMASUL, FAPEC, SEMAC e SEFAZ, aos quais agradecemos a disposição de assegurar a execução do projeto. Os resultados da TRU-MS são divulgados com uma abertura de 29 produtos e 10 setores possibilitando uma radiografia substancial da estrutura produtiva do Estado de Mato Grosso do Sul. Assim, a MIP-MS 2008 fornece um volume de informações estatísticas, que retratam as diversas relações de interdependência setorial e entre agentes econômicos do Mato Grosso do Sul, bem como refletem as transformações econômicas que têm moldado a matriz produtiva estadual e o padrão de interação da economia sul matogrossense com o resto do País e o mundo. Este relatório apresenta as notas metodológicas completas para a construção da TRU e MIP/MS, além de apresentar uma breve discussão dos resultados encontrados para os principais indicadores econômicos calculados a partir da matriz. 4 Conteúdo 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................7 2 AGRONEGÓCIO NO MATO GROSSO DO SUL ...............................................................................8 3 MATRIZ INSUMO PRODUTO – ASPECTOS TEÓRICOS ............................................................ 11 3.1 AS TABELAS DE INSUMO-PRODUTO ....................................................................................................................16 4 A TABELA DE RECURSO E USO (TRU) .........................................................................................20 4.1 ESTRUTURA DA TRU BRASIL .............................................................................................................................20 4.2 ESTRUTURA DA TRU/MS ...................................................................................................................................25 4.3 TRU/MS ............................................................................................................................................................27 4.3.1 Oferta Total a Preços do Consumidor ......................................................................................................27 4.3.2 Valor da produção .....................................................................................................................................31 4.3.3 Importações e exportações internacionais e interestaduais ......................................................................34 4.3.4 Margem de distribuição e impostos ...........................................................................................................36 4.3.5 Consumo Intermediário .............................................................................................................................37 4.3.6 Remuneração do Trabalho.........................................................................................................................40 4.3.7 Excedente Operacional Bruto ....................................................................................................................40 4.3.8 Consumo do Governo e Instituições sem Fins Lucrativos .........................................................................40 4.3.9 Consumo das Famílias...............................................................................................................................40 4.3.10 Formação Bruta de Capital Fixo e Variação de Estoques ......................................................................41 4.3.11 Pessoal Ocupado .....................................................................................................................................42 5 PRINCIPAIS RESULTADOS DA TRU............................................................................................... 45 5.1 PRODUTO INTERNO BRUTO .................................................................................................................................45 5.2 DEMANDA TOTAL ...............................................................................................................................................47 5.3 OFERTA TOTAL...................................................................................................................................................48 5.4 COMPONENTES DO VALOR ADICIONADO ............................................................................................................49 6 MODELOS DE INSUMO PRODUTO REGIONAIS E INTER REGIONAIS ............................... 50 6.1 MODELOS DE INSUMO-PRODUTO INTER-REGIONAIS (MAIS DE UMA REGIÃO).......................................................50 7 MÉTODOS DE ANÁLISE DA ESTRUTURA PRODUTIVA .......................................................... 53 7.1 ÍNDICES DE LIGAÇÕES DE RASMUSSEN-HIRSCHMAN...........................................................................................59 7.2 MULTIPLICADORES ............................................................................................................................................62 7.2.1 Multiplicadores da produção.....................................................................................................................62 7.2.2 Multiplicadores da renda..........................................................................................................................64 7.2.3 Multiplicadores do emprego ......................................................................................................................66 8 CONCLUSÃO ........................................................................................................................................67 9 SUGESTÕES DE ANÁLISES E ESTUDOS FUTUROS...................................................................69 10 REFERENCIAS ..................................................................................................................................70 5 Sumário de Quadros Quadro 1: Dados em um Modelo Insumo-Produto - representação esquemática ......................... 23 Quadro 2- Quadrante A - Oferta total a preços de consumidor – 2008......................................... 29 Quadro 3 - Quadrante A1 - Produção - 2008................................................................................. 32 Quadro 4 - Quadrante A2 - Importações - 2008............................................................................ 36 Quadro 5 - Quadrante B1 - Consumo Intermediário - 2008.......................................................... 39 Quadro 6 - Quadrante C - Valor Adicionado das atividades - 2008.............................................. 43 Quadro 7 - Quadrante B2 - Demanda Final - 2008 ....................................................................... 44 quadro 8 - composição do produto interno bruto (ms), sob as três óticas – 2008 ......................... 45 Quadro 9 - Fluxos Inter-setoriais e inter-regionais para as regiões L e M .................................... 51 Quadro 10- Matriz de Transações ................................................................................................. 55 Quadro 11 - Matriz de Coeficientes Técnicos Intersetoriais ......................................................... 56 Quadro 12- Matriz de Leontief...................................................................................................... 57 Quadro 13 - Índices de ligação para frente e para trás para o MS................................................. 60 Quadro 14- Multiplicadores de produção para o MS .................................................................... 63 Quadro 15 -Multiplicadores de renda para o MS .......................................................................... 65 Quadro 16 - Multiplicadores de emprego para o MS .................................................................... 67 Sumário de Figuras Figura 1: Evolução das áreas plantadas de florestas entre 2005 e 2011 no MS ............................ 11 Figura 2- Relações básicas de insumo-produto ............................................................................. 12 Figura 3 - Uso dos bens no modelo de insumo-produto................................................................ 13 Figura 4 - Insumos utilizados no processo produtivo.................................................................... 13 Figura 5 - Fluxograma do modelo de insumo-produto.................................................................. 14 Figura 6 - Organograma metodológico ......................................................................................... 16 Figura 7- Representação da tabela de recursos e usos................................................................... 22 Sumário de Gráficos Gráfico 1- Composição da demanda total sul Matogrossense – 2008........................................... 48 Gráfico 2 - Composição da Oferta total Sul Matogrossense – 2008 ............................................. 49 Gráfico 3 - Pessoas ocupadas por atividade em Mato Grosso do Sul – 2008 ............................... 50 Sumário de Tabelas Tabela 1: Tabela De Insumo-Produto............................................................................................ 16 6 1 INTRODUÇÃO A Tabela de Recursos e Usos (TRU) e a Matriz Insumo-Produto (MIP) são importantes instrumentos de sistematização dos diversos efeitos socioeconômicos, originados nas operações realizadas pelos agentes econômicos de determinada região, em certo período. Estas operações geram os fluxos econômicos que adicionado, renda, emprego, determinam: volume de produção, geração de valor consumo, investimento, e outros. Desta forma, a Tabela de Recursos e Usos (TRU) representa uma radiografia detalhada dos agregados macroeconômicos, das interrelações de troca entre os setores da economia estadual, bem como de sua interação com outras unidades da Federação e demais países. A radiografia apresentada pela TRU subsidia a elaboração da Matriz Insumo-Produto (MIP), de forma que com ela é possível avaliar os impactos de políticas setoriais e os efeitos de choques exógenos na demanda final sobre setores produtivos ou, ainda, definir estratégias visando o desenvolvimento das cadeias produtivas que compõem o sistema econômico de uma região ou país. Portanto, a Matriz Insumo-Produto (MIP) é uma sistematização de informações detalhadas sobre a estrutura produtiva do Estado, permitindo a identificação precisa dos diversos fluxos de produção tanto de bens finais quanto de bens intermediários. Esse conjunto qualificado de informações faz com que a Matriz seja um instrumento relevante para a análise econômica em geral e para a elaboração de políticas públicas. No presente projeto foi desenvolvida a metodologia utilizada por Pyatt e Roe (1977) que, em síntese, consiste em uma aplicação da matriz de insumo-produto de Leontief (1936) para englobar os fluxos de bens e serviços representando, de forma sintética e abrangente, a estrutura de fluxos monetários e de mercadorias da economia regional. Além disso, torna-se possível quantificar os fluxos de bens e serviços dos setores do Mato Grosso do Sul com os Estados, o Brasil e outros países. Sendo assim, este projeto tem como objetivo geral a elaboração de um sistema de indicadores econômicos para as Cadeias Produtivas de Milho e Soja no MS, tais como: o Valor Bruto da Produção, o Oferta total a preços básicos, o Oferta total a preços de consumidor, 7 o Impostos, o Exportação e Importação interestaduais e internacionais, o Consumo das famílias, o Gastos do Governo, o Investimento das empresas, o Remunerações e Mão-de-obra, o Produto Interno Bruto. Para tanto, realizou-se uma descrição da economia no Estado de Mato Grosso do Sul. Posteriormente, foram descritas as considerações teóricas e metodológicas referentes à elaboração da Matriz de Insumo-Produto e da Tabela de Recurso e Uso (TRU) e, por fim, são apresentados os principais resultados da TRU e da MIP. 2 AGRONEGÓCIO NO MATO GROSSO DO SUL A vocação do Estado é voltada para a agropecuária moderna, tendo um agronegócio com elevados índices de qualidade, sendo esta reconhecida mundialmente (BRASIL, 2003). O Estado, assim como toda a região Centro-Oeste abriga terra as quais fornece elevados índices de produtividade que ultrapassam algumas cidades consideradas as melhores do mundo neste quesito. Tal fato é decorrente da combinação de clima favorável, solo fértil, disponibilidade de água e ainda, uso intensivo de tecnologia no campo e melhoria da infraestrutura no escoamento da produção por meio de investimentos do setor público e privado. O Estado também trabalha para a redução do déficit social e educacional por conta dos longos períodos de permanência essencialmente agrícola (BRASIL, 2003); (ESSELIN, 2008); (MATO GROSSO DO SUL, 2008). O Estado possui uma área de aproximadamente 36 milhões de hectares, sendo que o Pantanal ocupa um total de 8,9 milhões de hectares, 7 milhões está sob a condição de reserva legal, pastagens nativas, cursos d’água e outros. As cadeias produtivas do agronegócio ocupam um total aproximado de 55% do total da área. No Pantanl há predonminância de criação extensiva em pastagens nativas (BUNGESNTABG, 2012). O Mato Grosso do Sul está entre os maiores produtores brasileiros de soja, milho e carne bovina, além de avançar a cada ano na produção de cana-de-açucar e floresta, setores nos quais, o 8 Estado se destaca entre os demais estados da federação (EMBRAPA, 2003); (BUNGESNTABG, 2012). A bacia do Paraná, que possui solo favorável para o plantio florestal e terra roxa, é a principal área econômica do Estado, sendo os recursos direcionados para esta região, de forma que a mesma possui os meios de transporte mais eficientes. Outro fator importante, é a proximidade com os mercados consumidores da região Sudeste o que mais uma vez favorece a instalação de negócios do agronegócio na região (MATO GROSSO DO SUL, 2008). Além da vocação agropecuária, o Estado vem desenvolvendo planos para a atração de indústrias e ainda incentivando o turismo, principalmente por conta do Pantanal, que vem ganhando espaço, tanto no cenário nacional – chegando a se tornar patrimônio natural de valor inestimável (BRASIL, 2003), quanto no internacional, por atrair ecoturistas para a região e arredores. Desde a década de 1990, o Estado segue rumo à expansão industrial, desenvolvendo fortemente a agroindústria, sem perder sua tradição agropecuária, estando entre os maiores produtores do Brasil na produção de mandioca, cana-de-açúcar, milho, soja, algodão e também no rebanho bovino de corte (BRASIL, 2003); (FAMASUL, 2010); (IBGE, 2010a); (IBGE, 2010b). Com apenas trinta e cinco anos de sua criação, o Estado, avança em seus níveis de crescimento, avançando para a melhoria da qualidade de seus produtos e incentivando a instalação de indústrias. Desde sua criação, o Estado aumentou em 113% sua área cultivada, demonstrando seu grande potencial para a produção de alimentos (FAMASUL, 2010). O PIB do Estado aumentou de forma significativa, mais que dobrando em apenas seis anos, de acordo com informações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia (SEMAC), apresentando em 2005 o total de R$ 21.650, 85 milhões para R$ 44525, 75 milhões no ano de 2011. Com grandes áreas disponíveis para cultivo e clima favorável, o Mato Grosso do sul desponta no cenário nacional e internacional como grande promissor na produção de alimentos, tanto para atender à demanda interna quanto para exportação. Quando observa-se a evolução dos números das principais produtos da pecuária e agricultura no Estado, evidencia-se os ganhos em termos de crescimento nestes setores. Entre os anos de 2008 e 2012, a produção de cana-de9 açucar cresceu 113,8%, enquanto que de milho, aumentou em 71%. Porém em níveis de exportação, nenhuma cultura conseguiu valores tão expressivos como o milho, que ampliou as exportações em 719% (US$ FOB). A agricultura, apesar de apresentar valores mais amenos, não é menos importante. A Bovinocultura aumentou em 26,2% a quantidade de animais e a suinocultura em 46,%, ficando os aumentos nas exportações destes produtos semelhantes ao aumento na quantidade de animais: 21,5% para a bovinocultura e 44,7% para os suínos (ANUALPEC, 2012); (AGRIANUAL, 2013). Neste contexto, surgem questionamentos quanto ao uso racional dos recursos naturais, uma vez que a sociedade tem se conscientizado da importância de crescer e desenvolver-se de maneira sustentável (PAP, 2010); (ESMAP, 2010); (CNA, 2012).Tais discussões dizem respeito às condições de uso dos “espaços naturais”, que envolve a utilização das terras, degradação de florestas e áreas de proteção para utilização com finalidade de plantio e pasto, e ainda, o desmatamento que, apesar do combate legal, ainda apresenta elevados níveis em alguns estados da federação. Neste contexto, grande ênfase é dada ao setor florestal, sendo que Mato Grosso do Sul se destaca pelo crescimento apresentado no setor que cresceu aproximadamente 241% entre 2003 e 2009 (PAINEL FLORESTAL, 2010). Este setor vem apresentando altos níveis de desenvolvimento, acompanhando o ritmo de crescimento das demais cadeias produtivas do Estados. A expansão das áreas plantadas com florestas (Figura 1), influenciou positivamente as áreas de pastagens, ajudando na restauração daquelas que apresentavam sinais de degradação (BUNGESNTABG, 2012). O crescimento do setor florestal no Estado se descada frente aos demais estados produtores de florestas plantadas. Enquanto que estes apresentaram uma taxa de crescimento em torno de 16% no período compreendido entre 2006 e 2010, o Mato Grosso do Sul apresentou um crescimento 10 vezes superior, ficando este em 165%, com um crescimento anual 2 vezes maior (em torno de 30%) que os demais estados em todo o período analisado (ABRAF, 2012); (BUNGESNTABG, 2012). Além da expansçao da área plantada, o Estado se utiliza de tecnologias as quais tem ampliado os níveis de produtividade tanto do setor de florestas quanto dos demais setores do agronegócio (EMBRAPA, 2003); (BUNGESNTABG, 2012). 10 487.399 500.000 450.000 392.042 400.000 350.000 307.760 284.050 300.000 250.000 228.384 200.000 152.341 147.819 2005 2006 150.000 100.000 2007 2008 2009 2010 2011 FIGURA 1: EVOLUÇÃO DAS ÁREAS PLANTADAS DE FLORESTAS ENTRE 2005 E 2011 NO MS Fonte: Adaptado de Anuário Estatístico da ABRAF (2012) Frente aos avanços em termos de investimento – por meio da instalação de indústrias, utilização de tecnologia, capacitação de mão-de-obra e infraestrutura, o Estado se aprimora para melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos, oferecendo condições para a melhoria da qualidade e aumento da produtividade dos produtos, tendo por escopo alcançar os níveis desejados de desenvolvimento sustentável. 3 MATRIZ INSUMO PRODUTO – ASPECTOS TEÓRICOS O modelo de Matriz Insumo-Produto desenvolvido por W. Leontief pode ser definido como modelo de planejamento econômico baseado no método entrada-saída, desenvolvido para estudar o fluxo de bens e serviços entre os vários setores da economia. O modelo permite obter o valor da produção em cada uma das atividades econômicas a partir de uma determinada demanda final. Permite mostrar como os setores estão relacionados entre si, ou seja, quais setores suprem os outros de serviços e produtos e quais setores compram de quais. O resultado foi uma visão única e compreensível de como a economia funciona – como cada setor se torna mais ou menos 11 dependente dos outros (PYATT e ROE, 1977). Em resumo, consegue-se realizar a construção de uma “fotografia econômica” da própria economia (GUILHOTO ET AL, 2010); (MARIM, 2007). Esse sistema de interdependência é formalmente demonstrado na tabela de insumoproduto. Essas representações demandam grandes quantidades de informações, já que elas requerem dados sobre cada companhia, a respeito dos seus fluxos de vendas e das suas fontes de suprimentos. Enquanto setores compram e vendem uns para os outros, um setor individual interage, tipicamente e diretamente, com um número relativamente pequeno de setores. Entretanto, devido à natureza desta dependência, pode-se mostrar que todos os setores estão interligados, direta ou indiretamente. Insumo é o material necessário para um determinado processo produtivo, por exemplo, a madeira na produção de móveis. Produto é o resultado de um processo produtivo. Na matriz insumo-produto, os diferentes setores econômicos são organizados sob a forma de uma matriz, permitindo apresentar nas linhas, o destino da produção para cada setor e, nas colunas, o consumo dos setores como insumo de cada atividade (NAÇÕES UNIDAS, 1999) Na Figura 2, as relações fundamentais de insumo-produto mostram que as vendas dos setores podem ser utilizadas dentro do processo produtivo pelos diversos setores compradores da economia ou, podem ser consumidas pelos diversos componentes da demanda final (famílias, governo, investimento, exportações). Consequentemente para se produzir são necessários insumos, pagamento de impostos, importação de produtos e outros que gera valor adicionado (pagamento de salários, remuneração do capital e da terra agrícola) na economoa, além da criação de empregos. Setores Compradores Setores Vendedores Insumos Intermediários Impostos Indiretos Líquidos (IIL) Importações (M) Valor Adicionado Produção Total Demanda Final Produção Total IIL M ‘ FIGURA 2- RELAÇÕES BÁSICAS DE INSUMO-PRODUTO fonte: Guilhoto (2004) 12 A Figura 3 mostra como são utilizados os bens domésticos e importados, ou seja, como estes são utilizados na produção corrente de outros bens, na formação de capital, no consumo das famílias, pelo governo e outras demandas. Exportações Produção Corrente Produtos Importados Produtos Domésticos Formação de Capital Consumo das Famílias Governo e Outras Demandas FIGURA 3 - USO DOS BENS NO MODELO DE INSUMO-PRODUTO Fonte: Guilhoto (2004) O modelo de insumo-produto tem como hipótese de que somente os produtos domésticos são exportados, o que implica tais produtos devem necessariamente passar por um processo de produção interna antes de serem exportados. No caso da produção, como mostra a figura 4, os produtos domésticos utilizam uma combinação entre insumos domésticos, insumos importados, trabalho, capital e terra (no caso dos produtos agrícolas) para serem produzidos. Produtos Domésticos Insumos Domésticos Insumos Importados Trabalho Capital Terra FIGURA 4 - INSUMOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO Fonte: Guilhoto (2004) Os fluxogramas mostrados nas figuras 2 e 3 podem, então, ser combinados em um único, de modo a dar uma ideia de como o modelo funciona de uma maneira integrada (figura 5). 13 Produtos Domésticos Demandas por Produtos Finais (Exportações, Consumo das Famílias, Gastos do Governo, Investimentos, etc.) Renda Insumos Domésticos Insumos Importados Insumos Primários (Trabalho, Capital, e Terra) Renda Produtos Importados FIGURA 5 - FLUXOGRAMA DO MODELO DE INSUMO-PRODUTO Fonte: Guilhoto ( 2004) A partir da figura 5 observa-se que são utilizados insumos domésticos (que foram obtidos por meio da produção doméstica), insumos importados e insumos primários (trabalho, capital e terra) para a produção de produtos domésticos. Os produtos domésticos são utilizados pelas indústrias como insumos intermediários no processo produtivo ou consumidos como produtos finais (exportações, consumo das famílias, gastos do governo, investimentos, etc.). As importações podem ser de insumos intermediários, que se destinam ao processo produtivo, ou de bens finais, que são diretamente consumidos pelos consumidores finais. A renda da economia, utilizada no consumo dos bens finais (sejam eles destinados ao consumo ou ao investimento), é obtida por meio da remuneração do trabalho, capital e terra agrícola. A receita do governo é obtida por meio do pagamento de impostos pelas empresas e pelos indivíduos. O modelo supõe que existe equilíbrio em todos os mercados da economia. A intensidade dessas relações é o ponto principal da análise. Considerando um aumento da demanda por um produto específico, por exemplo, a demanda por maquinas agrícolas (colheitadeiras, tratores, etc) fabricados no Brasil, tal crescimento é um sinal para os produtores de automóveis, que aumentam a sua produção. Ao mesmo tempo, todas as empresas de peças irão aumentar sua produção (pneus, transmissores, lubrificantes, motores), o mesmo ocorrendo para os fornecedores da indústria de autopeças. Tal processo é conhecido como efeito multiplicador. É importante salientar que alguns setores da economia estão mais envolvidos nas compras – direta e indiretamente – de alguns setores do que outros, por isso, os efeitos multiplicadores gerados pelos 14 aumentos na demanda por determinados produtos ocasionam impactos diferenciados na economia, de forma que, em essência, cada setor possui um multiplicador diferente. Este efeito multiplicador não se restringe apenas à demanda por insumos intermediários, pois do lado da demanda por insumos primários o processo também se repete, mas de uma forma um pouco diferente. Isto é, um aumento na demanda por mão-de-obra fará com que haja um aumento no poder aquisitivo das famílias, gerando uma elevação na demanda por produtos finais e novo incremento do nível de atividade dos setores que, por sua vez, irão aumentar a demanda pelos diversos tipos de insumos, inclusive mão-de-obra, causando um novo aumento no poder aquisitivo, desencadeando um novo ciclo de aumento da demanda. O processo se repete até que o sistema atinja o equilíbrio. O efeito multiplicador devido ao aumento na demanda do consumo das famílias é chamado de efeito induzido. A decisão primeira na elaboração do modelo de insumo-produto diz respeito ao número de atividades e produtos. O modelo de insumo-produto do MS foi construído com uma abertura de 10 grupos de atividades econômicas (inclusive dummy financeiro) e 29 grupos de produtos, compatibilizados com a pauta de atividades e produtos da MIP do Brasil. Este modelo apresenta um grau de abertura (setorial e de produtos) menor que o nacional, sendo que, esta agregação foi realizada para concentrar o estudo nos setores com maior relevância econômica no MS, ou seja, maior participação na atividade produtiva, e, sobretudo, em função da disponibilidade de dados, visto que, para uma maior desagregação seria necessário dados primários, principalmente, no que se refere ao consumo intermediário entre os elos das cadeias. Como o modelo de insumo-produto trata do espaço estadual, algumas adaptações são necessárias à lógica de elaboração usada no modelo nacional. Por exemplo, as importações e exportações do resto do mundo compreendem não somente as transações internacionais, mas também as transações interestaduais. A adaptações realizadas ficarão explicitadas nas equações apresentadas na seqüência do texto. A seguir, é apresentado um organograma das etapas seguidas no processo de geração das informações e consolidação dos dados até a finalização dos cálculos e obtenção da Matriz de Leontief. 15 Recursos e Sistema de Contas Estadual Integrado Usos Emprego e Rendimento Balanceamento Conta de bens e serviços Destino da margem de distribuição Oferta e demanda a preço básico Destino dos impostos Contas de produção, renda e capital Conta das transações do resto do mundo Matriz de coeficientes técnicos Matriz de Leontief Composição do PIB: produção, despesa e renda FIGURA 6 - ORGANOGRAMA METODOLÓGICO Fonte: Adaptado de Porsse (2002) O primeiro passo dado foi o de construir as Tabelas de Recursos e Usos (TRU) do Mato Grosso do Sul, as quais descrevem a oferta agregada (recursos) e demanda agregada (usos) da economia estadual. 3.1 As Tabelas de Insumo-Produto Com base no sistema ilustrado e explicado anteriormente, a tabela 1, a seguir, apresenta de forma esquemática um exemplo de uma tabela de insumo-produto para uma economia com dois setores. TABELA 1: TABELA DE INSUMO-PRODUTO Setor 1 Setor 2 Setor 1 Setor 2 Importação Z11 Z21 M1 Z21 Z22 M2 Consumo Famílias C1 C2 Mc Governo Investimento Exportações Total G1 G2 Mg I1 I2 M1 E1 E2 X1 X2 M 16 Impostos Valor Adicionado Total T1 W1 X1 T2 W2 X2 Tc Tg Ti Te C G I E T W Sendo: Zij é o fluxo monetário entre os setores i e j; Ci é o consumo das famílias dos produtos do setor i; Gi é o gasto do governo junto ao setor i; Ii é a demanda por bens de investimento produzidos no setor i; Ei é o total exportado pelo setor i; Xi é o total de produção do setor i; Ti é o total de impostos indiretos líquidos pagos por i; Mi é a importação realizada pelo setor i; Wi é o valor adicionado gerado pelo setor i. A tabela acima permite estabelecer a igualdade: X1 + X2 + C + G + I + E = X1 + X2 + M + T + W (1) Eliminando X1 e X2 de ambos os lados, tem-se: C+G+I+E=M+T+W (2) Rearranjando: C + G + I + (E – M) = T + W (3) Portanto, a tabela de insumo-produto preserva as identidades macroeconômicas. A partir da tabela 1 e equações (1), (2) e (3) apresentadas anteriormente, pode-se generalizar o sistema para o caso de n setores, obtendo-se: ∑ Z +c +g +I +e ≡x (4) Sendo: Zij é a produção do setor i que é utilizada como insumo intermediário pelo setor j; ci é a produção do setor i que é consumida domesticamente pelas famílias; gi é a produção do setor i que é consumida domesticamente pelo governo; Ii é a produção do setor i que é destinada ao investimento; ei é a produção do setor i que é exportada; 17 xi é a produção domestica total do setor i. Assumindo-se que os fluxos intermediários por unidade do produto final são fixos, podese derivar o sistema aberto de Leontief, ou seja: ∑ a x +y = x (5) i = 1,2, … , n Sendo: aij é o coeficiente técnico que indica a quantidade de insumo do setor i necessária para a produção de uma unidade de produto final do setor j e; yi é a demanda final por produtos do setor i, isto é, ci + gi + Ii + ei. Todas as outras variáveis da equação 5 já foram definidas anteriormente. A equação 5 pode ser escrita em forma matricial como: Ax + y = x (6) Sendo: A é a matriz de coeficientes diretos de insumo de ordem (n x n) x e y são vetores colunas de ordem (n x 1) Resolvendo a equação 6 é possível se obter a produção total que é necessária para satisfazer a demanda final, ou seja, x = (I - A) -1 y (7) Sendo: (I - A)-1 é a matriz de coeficientes diretos e indiretos, ou a matriz de Leontief Em B = (I - A)-1, o elemento bij deve ser interpretado como sendo a produção total do setor i que é necessária para produzir uma unidade de demanda final do setor j. Para se calcular o efeito induzido é necessário endogeneizar o consumo e a renda das famílias no modelo de insumo-produto, dessa maneira, ao invés de usar a matriz A descrita acima, têm-se: A= A H H 0 (8) 18 Sendo Ā a nova matriz de coeficientes técnicos (n + 1) x (n + 1) contendo a renda (Hr) e o consumo (Hc) das famílias. Do mesmo modo, teríamos que os novos vetores de produção total X ((n + 1)x1), e de demanda final ((n + 1)x1) seriam representados respectivamente por X=[ X X Y=[ ] (9) Y∗ ] Y∗ (10) Sendo que os novos componentes estão relacionados à endogeneização do consumo e da renda das famílias. Dessa maneira, o sistema de Leontief seria representado como: X = B -1 (11) B = (I – Ā)-1 (12) Do ponto de vista da álgebra matricial, não é difícil perceber a correção do método, mas pode-se entender mais de perto o significado econômico da matriz inversa de Leontief. Pósmultiplicando a matriz (I – A) por (I + A + A1 + A2 + A3...+ An), chega-se a: (I – An+1) Como todos os coeficientes técnicos da matriz A estão entre 0 e 1, fazendo n tender ao infinito, os valores do último termo se aproximam de zero e, dessa forma, pode-se considerar como resultado da multiplicação apenas o termo I (matriz identidade). Sendo assim, conclui-se que (I + A + A1 + A2 + A3...+ An) passa a ser considerada como a matriz inversa (I – A) de quando n assume valores altos. Se houver um aumento da demanda por produtos de determinado setor j, o impacto inicial corresponderá exatamente ao aumento da produção deste setor. Esta variação está refletida no primeiro termo I do somatório (I + A + A1 + A2 + A3...+ An). Mas para aumentar a produção, o setor j demandaria insumos dos demais setores, segundo a proporção estabelecida pela coluna j. Pré-multiplicando o vetor da variação da demanda pela matriz (I - A)-1 chega-se ao seguinte resultado: o setor j teria um aumento de produção correspondente à variação da demanda mais o valor necessário de insumo demandado pelo próprio setor em função do aumento da demanda final. Todos os demais setores que fornecem insumos ao setor j também teriam suas produções alteradas. O acréscimo seria correspondente à variação da demanda vezes o coeficiente técnico aij. Portanto, o termo A representa a necessidade de insumo do setor originalmente demandado e 19 mede os efeitos da “primeira rodada”. Mas a produção desses insumos demandará, por sua vez, outros insumos e o valor desta demanda será calculada por meio do termo A 2. Este encadeamento não tem fim e cada “rodada” é contemplada pela inclusão de mais um termo no somatório. Na teoria, as matrizes A e B são expressas em termos de relações físicas entre insumos e produtos, e os seus elementos são chamados de coeficientes técnicos. Contudo, em termos práticos, estas matrizes são estimadas a partir de fluxos medidos em termos monetários, o que pode gerar problemas quando estas matrizes são utilizadas. Mesmo se fosse possível a estimação das matrizes A e B a partir de relações físicas, existiriam problemas relacionados à estabilidade dos coeficientes ao longo do tempo; à definição de como deveria ser feita a agregação dos setores; entre outros1. Além dos problemas mencionados anteriormente, quando as matrizes A e B são estimadas a partir de fluxos monetários, existe também o problema das mudanças dos preços relativos afetarem os valores dos coeficientes técnicos. O que usualmente é feito, em termos analíticos, para resolver este problema, é assumir que os preços relativos são constantes. Apesar destes problemas, a análise de insumo-produto se constitui em uma ferramenta poderosa, talvez a melhor disponível, quando é necessário o desenvolvimento de um estudo multissetorial da economia. 4 A TABELA DE RECURSO E USO (TRU) 4.1 Estrutura da TRU Brasil Para maior clareza na compreensão do instrumento proposto apresentamos inicialmente a estrutura da TRU Brasil, para, em seguida, identificar as necessidades de maior detalhamento no caso regional. O SCNB divulga seus dados em dois conjuntos de quadros. As TRU que apresentam as relações econômicas entre as atividades econômicas e os produtos (bens e serviços) e as Contas Econômicas Integradas (CEI) que se organizam em torno de setores institucionais que agrupam os agentes e as empresas. As TRU, por serem baseadas nas atividades econômicas, possibilitam o 1 Ver Miller e Blair (1985) para uma revisão adicional destas questões. 20 desenvolvimento de esforços para sua estimação regional. Os dados de empresas, por setor institucional, trazem questões mais complexas quando se trata de análises regionais. O objetivo das TRU é a análise dos fluxos de bens e serviços e dos aspectos básicos do processo de produção – consumo intermediário e produção de produtos por atividade e a geração da renda. Resultam, portanto, dois elementos fundamentais na sua construção: atividades (conjuntos de agentes do processo de produção) e produtos (conjunto de bens e serviços). A unidade básica considerada na análise do processo de produção é a unidade produtiva (unidade local), definida como o local físico onde se realiza uma única atividade econômica. As atividades são compostas a partir da agregação de estabelecimentos com estruturas relativamente homogêneas de consumo e produção. Em alguns casos a unidade de produção coincide com a empresa; quando, no entanto, esta tem uma produção diversificada é desmembrada em unidades locais, podendo cada qual ser classificado numa atividade distinta. Por outro lado, mesmo desenvolvendo uma única atividade, os estabelecimentos podem produzir acessoriamente, por necessidade de ordem técnica ou questões de mercado, produtos típicos de outras atividades; neste caso, os estabelecimentos são classificados em função de sua produção principal, resultando, assim, uma produção secundária de produtos não característicos de sua atividade principal. As TRU para determinadas regiões/locais são constituídas pelas tabelas de recursos de bens e serviços, composta por três quadrantes, e de usos de bens e serviços, subdividida em quatro quadrantes, conforme mostra a figura 7. I - TABELA DE RECURSOS DE BENS E SERVIÇOS OFERTA PRODUÇÃO A = A1 IMPORTAÇÃO + A2 II - TABELA DE USOS DE BENS E SERVIÇOS OFERTA A CONSUMO INTERMEDIÁRIO = B1 DEMANDA FINAL + A2 COMPONENTES DO VALOR ADICIONADO C 21 FIGURA 7- REPRESENTAÇÃO DA TABELA DE RECURSOS E USOS Fonte: Contas Nacionais - IBGE A tabela de recursos de bens e serviços, tabela I, apresenta a origem dos produtos (bens e serviços) de origem nacional ou importada. O primeiro quadrante (A) apresenta, em suas colunas, a oferta (produção mais importação) a preços de consumidor e a preços básicos, as margens de comércio e transporte e os impostos e subsídios associados a cada produto. Os produtos são descritos nas suas linhas. A produção das atividades especificadas por produto forma o segundo quadrante (A1) desta tabela. Com as atividades registradas nas colunas e os produtos nas linhas. Por fim, no terceiro quadrante (A2) são apresentadas, em uma coluna, as importações CIF. A tabela de usos de bens e serviços, tabela II, apresenta o equilíbrio entre oferta a preços de consumidor e demanda a preços de consumidor, assim como o consumo intermediário das atividades econômicas detalhadas por produto. No primeiro quadrante (A) repete-se o vetor da oferta total, a preços do consumidor. O quadrante (B1) apresenta, em suas linhas, os insumos utilizados na produção de cada atividade, registradas nas colunas. O quadrante seguinte (B2) apresenta, em suas linhas, os bens e serviços que se destinam à demanda final: consumo final das famílias, das administrações publicas, das Instituições sem fins de lucro a serviço das famílias – ISFLSF e formação bruta de capital fixo, variações de estoques e as exportações. O último quadrante (C) mostra, em suas linhas, os demais custos de produção remuneração dos empregados e os impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção, finalizando com o rendimento misto bruto e o excedente operacional bruto. As atividades são registradas nas colunas. Como informação complementar, é apresentado o total de postos de trabalho em cada atividade. A reprodução destes quadros para níveis geográficos mais detalhados, regiões ou estados, necessita não apenas de um sistema de estatísticas muito detalhado, mas, também, da incorporação de conceitos econômicos que incorporem a realidade regional. Adota-se os conceitos de residente e não residente dentro do estado de forma similar aos conceitos adotados para um país. 22 No caso da TRU estimada para o Mato Grosso do Sul a leitura dos agregados deve ser a seguinte: todos os agregados de uma TRU regional estão unicamente associados aos agentes residentes naquela região. Neste caso no estado de Mato Grosso do Sul. Ao se adotar esse conceito devem ser estabelecidos os agentes não residentes. Neste caso, no trabalho de estimação da TRU/MS, as transações com os não residentes foram tratadas como “Resto do Mundo e “Demais Unidades da Federação” ou “Resto do Brasil. Nesse trabalho optou-se por detalhar as operações de e os outros países, chamou-se Resto do Mundo. Esse tratamento faz com que as seguintes alterações sejam incluídas nas tabelas de uma TRU: • quadro A2 passa ter duas colunas representando as importações do Resto do Mundo (CIF) e do Resto do Brasil (a preço de básicos) • quadro B2 passa ter duas colunas representando as exportações para o Resto do Mundo (FOB) e para o Resto do Brasil (a preços de consumidor). A Tabela de Recursos de Bens e Serviços apresenta os dados de oferta total a preços ao consumidor (preços de mercado); entretanto, discrimina as margens de comércio e transporte, os impostos e as importações, possibilitando a obtenção dos valores em Oferta Nacional a Preços Básicos2. Os produtos estão descritos nas linhas e os setores nas colunas. Esta tabela é equivalente à matriz V’ (Matriz de Produção transposta). A Tabela de Usos de Bens e Serviços não discrimina margens, impostos e importações, tornando-se necessário um trabalho adicional para transformá-la em duas outras: consumo nacional a preços básicos e consumo importado a preços básicos. Uma metodologia utilizada para a construção da Matriz Insumo-Produto utilizando dados preliminares das Contas Nacionais pode ser encontrada em Guilhoto et al. (2010). Baseado na notação do IBGE, e adaptado de Feijó et al. (2001), os dados que aparecem na matriz Insumo-Produto podem ser esquematizados conforme apresentado no quadro 1. QUADRO 1: DADOS EM UM MODELO INSUMO-PRODUTO - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA Produtos Setores Demanda Valor da 2 Oferta Nacional = Oferta Total – Importações Preços Básicos = Preços ao Consumidor – Margens – Impostos 23 Nacionais Final Produção Q Produtos Nacionais U E Produtos Importados Um Em Z Y Impostos Tp Te Valor Adicionado W Setores V Valor da Produção Q’ X X’ Fonte: A partir de Feijó et al. (2001) Onde: V: matriz de produção, apresentando para cada setor (ou indústria) o valor da produção de cada um dos produtos; Q: vetor com o valor bruto da produção total por produto; U: matriz de consumo intermediário nacional, apresentando para cada setor o valor dos produtos de origem interna consumidos; Z: matriz do consumo intermediário dos setores, cujas linhas representam as vendas dos mesmos e as colunas as compras. Um: matriz de consumo intermediário importado, apresentando para cada setor o valor dos produtos importados consumidos; E: matriz da demanda final por produtos nacionais, apresentando o valor dos produtos de origem interna consumidos pelas categorias da demanda final (consumo final das famílias e do governo, exportação, formação bruta de capital fixo e variação de estoques); Em: matriz da demanda final por produtos importados, apresentando o valor dos produtos de origem externa consumidos pelas categorias da demanda final; Y: matriz da demanda final por setor, representando a parcela do valor da produção de um setor destinada à demanda final. Estes dados não são observados, mas sim calculados a partir de E; Tp: matriz dos valores dos impostos e subsídios associados a produtos, incidentes sobre bens e serviços absorvidos (insumos) pelas atividades produtivas; Te: matrizes dos valores de impostos e subsídios associados a produtos, incidentes sobre bens e serviços absorvidos pela demanda final; 24 X: vetor com o valor bruto da produção total por setor; W: vetor com o valor adicionado total gerado pelas atividades produtivas. É importante ressaltar que não é possível aplicar a teoria básica de Leontief, apresentada anteriormente, diretamente nas matrizes da forma como estas são divulgadas pelos órgãos responsáveis pela sua construção. No mundo real, a maioria dos setores produtivos, além de produzirem um bem principal, podem produzir mais que um sub-produto, denominados secundários. Isto viola uma das pressuposições básicas da teoria de Leontief, que diz que cada setor produz um único produto e cada produto é produzido por um único setor, inviabilizando a aplicação da mesma nestas matrizes. Este é um dos fatores que torna sempre necessária a transformação da base de dados efetivamente disponível às necessidades do modelo teórico. De acordo Guilhoto e Sesso Filho (2005) e Guilhoto et al. (2010), existem duas tecnologias utilizadas de forma a se obter o sistema de insumo-produto originalmente definido por Leontief, quais sejam: a Tecnologia Baseada na Indústria, que assume a hipótese de que o mix de produção de um dado setor pode ser alterado, porém este setor mantém a sua participação constante no mercado dos bens que produz; e a Tecnologia Baseada no Produto, que assume a hipótese de que o mix produtivo de cada setor deve permanecer constante, ou seja, para alterar a produção de um determinado bem, o setor deve alterar a produção de todos os outros bens na mesma proporção. O enfoque setor x setor da Tecnologia Baseada na Indústria é o mais utilizado na prática, pois acaba ficando mais próximo da realidade em decorrência da sua hipótese de “Market-Share” ou participação constante de cada setor na oferta de cada bem no mercado, o que justifica a sua utilização no presente trabalho. 4.2 Estrutura da TRU/MS No Estado de Mato Grosso do Sul os estudos das Contas Regionais no final da década de 1980 desenvolveu o primeiro projeto de Contas Regionais visando estimar o valor do Produto Interno Bruto da economia sul-mato-grossense. Nesta fase era um projeto independente sem uma coordenação metodológica de visão nacional, porém contou a orientação técnica do Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicada – IPEA. 25 Com a realização da IV Conferência Nacional de Estatística – CONFEST, no Rio de Janeiro em 1996, iniciou-se uma discussão sobre a necessidade de se ter um Sistema de Contas Regionais que se consolidasse com as Contas Nacionais do Brasil - cálculo do Produto Interno Nacional. Diante disso, o Instituto Nacional de Geografia e Estatística – IBGE, ligado ao Ministério do Planejamento, assumiu a coordenação para a elaboração juntamente com os Estados que já tinham estudo de Contas, de uma metodologia que fosse capaz de inserir o estudo das contas de produção de bens e serviços de todos os Estados mais o Distrito Federal. Em 1997 foi elaborada uma versão metodológica que possibilitava a consolidação das contas regionais, com as Contas Nacionais, tendo início a construção das Contas Regionais dos Estados com a participação efetiva dos órgãos estaduais de estatística e planejamento em todas as fases do projeto. Em 1999 foi publicado a primeira série 1985 – 1997 do produto Interno Bruto dos Estados, cujo somatório fechava com o PIB Brasil. Procurando avançar na análise e na compreensão da realidade local, iniciou-se em 2011, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Associação de Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso do Sull (APROSOJA), o desenvolvimento de uma Tabela de Recurso e Uso (TRU) e uma Matriz de Insumo-Produto Regional (2008), contando com a experiência da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia – SEMAC. A TRU para o estado de Mato Grosso do Sul é integrada metodologicamente com os resultados do Sistema de Contas Nacionais do Brasil (SCNB) e apresenta os principais agregados macroeconômicos do estado. A TRU-MS é construída a partir da metodologia para elaboração da TRU-BR em conformidade com as recomendações do System of National Accounts (1993), manual de Contas Nacionais e Handbook of Input-Output Table Compilation and Analysis, ambos elaborados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, a base de dados utilizada para cada indicador macroeconômico utiliza-se de informações de diversas pesquisas publicadas pelo IBGE, dentre elas: Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD-2008), Pesquisa Anual da Indústria (PIA-2008), Pesquisa do Orçamento Familiar (2008-2009), Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Produção 26 Agrícola Municipal (PAM), Produção da Pecuária Municipal (PPM), Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), Pesquisa Anual do Comércio (PAC), Pesquisa Anual de Serviços (PAS), Censo Agropecuário 2006, além das Contas Reginais, provenientes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e de Tecnologia (SEMAC/MS), da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul (SEFAZ/MS), do Alice Web do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), da Tabela de Recursos e Usos Brasil (TRU BR) e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho. 4.3 TRU/MS 4.3.1 Oferta Total a Preços do Consumidor A Tabela de Usos de Bens e Serviços das Contas Nacionais possui valores a preços de mercado, os quais devem ser transformados (estimados) a preços básicos. Isto porque os dados de usos de bens e serviços pelos setores da economia estão expressos a preços ao consumidor (preços de mercado, PC), que engloba não somente o preço básico, mas também os valores das importações (IMP), impostos indiretos líquidos (IIL) e margens de comércio (MGC) e transporte (MGT). Por conseguinte, para obter-se a Matriz de Uso a preço básico da oferta nacional, tornase necessário subtrair dos preços de mercado originais contidos nas Contas Nacionais os valores estimados referentes à importação, impostos e margens de comércio e transporte de cada produto para cada setor da economia. Detalhadamente, o IBGE fornece a os dados apresentados no quadro 2 que apresenta a oferta global a preços de mercado, os quais são constituídos por: 1. Preço básico (PB) 2. Margem de Comércio (MGC) 3. Margem de Transporte (MGT) 4. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) 5. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 6. Outros Impostos Indiretos Líquidos (OIIL) 7. Importação de Bens e Serviços (IMP) 27 8. Imposto de Importação (IIMP) Assim, temos as seguintes relações: Oferta Global (OG) = Oferta Nacional (ON) + Oferta Internacional (OI) Oferta Nacional a Preço Consumidor (ONPC) = OGPB + OI + MGC + MGT + IIL 28 QUADRO 2- QUADRANTE A - OFERTA TOTAL A PREÇOS DE CONSUMIDOR – 2008 Oferta de bens e serviços (valores correntes em 1 000 R$) Código do produto Descrição do produto 1 Cana-de-açúcar 2 Oferta total a preço de consumidor Margem de comércio Margem de transporte Imposto de importação IPI ICMS Outros impostos menos subsídios Total de impostos líquidos de subsídios Oferta total a preço básico 275 000 0 3 922 0 0 2 865 560 3 425 267 653 Soja em grão 1 234 668 293 984 13 100 0 0 11 081 2 165 13 246 914 338 3 4 Milho em grão Bovinos e suínos 528 337 3 314 870 60 472 136 238 3 900 1 083 0 0 0 0 168 155 509 33 30 385 201 185 895 463 764 2 991 654 5 6 Aves Outros produtos agropecuária 91 220 1 137 748 8 554 274 314 48 18 485 0 461 0 0 1 701 18 361 332 3 588 2 033 22 409 80 586 822 540 7 Indústria Extrativa 6 540 741 462 872 228 135 56 0 8 529 1 667 10 251 5 839 482 8 Abate de bovinos 1 994 203 374 540 9 104 0 0 118 928 23 238 142 165 1 468 394 9 Abate de outros animais 852 332 133 257 5 572 0 0 26 987 5 273 32 260 681 243 10 Indústria de laticínios 336 293 33 592 1 738 182 0 13 714 2 680 16 576 284 387 11 Fabricação de açúcar 337 005 15 085 1 875 5 0 1 769 346 2 119 317 926 12 Fabricação de oleos vegetais 750 952 43 928 13 975 5 461 0 24 035 4 696 34 193 658 856 13 Rações 645 951 79 402 15 385 222 0 5 634 1 101 6 957 544 206 14 Outros produtos alimentares 1 861 707 730 309 34 809 981 28 200 202 485 39 564 271 230 825 359 15 Têxteis 905 482 369 863 21 068 7 866 451 10 752 2 101 21 169 493 382 16 Artigos de vestuário e acessórios 1 242 622 624 626 0 4 519 0 3 844 751 9 114 608 882 17 Artefatos de couro e calçados 880 934 322 410 17 897 3 837 313 9 506 1 857 15 513 525 113 18 Produtos em madeira - exclusive móveis 169 905 26 511 2 385 89 250 9 446 1 846 11 631 129 378 19 Celulose e produtos de papel 101 920 17 208 3 114 223 1 071 5 257 1 027 7 578 74 021 20 Jornais, revistas e discos 205 628 34 440 746 86 749 359 70 1 264 169 179 21 Alcool 746 100 190 339 6 769 0 0 46 283 9 043 55 327 493 665 22 Outros produtos indústria de transformação 21 493 704 8 236 805 636 284 35 138 50 049 690 631 134 944 910 763 11 709 853 23 SIUP 3 599 737 0 0 0 0 1 041 316 203 465 1 244 781 2 354 956 34 24 Construção 3 523 928 0 0 0 0 7 277 1 422 8 699 3 515 229 25 Comércio 5 164 185 (-) 12 468 748 0 0 0 1 307 059 255 389 1 562 448 16 070 485 26 Transporte, armazenagem e correio 3 792 696 (-) 1 039 394 0 0 122 536 23 943 146 478 4 685 612 27 Intermediação Financeira 2 089 494 0 0 0 0 5 1 6 2 089 489 28 Administração pública e seguridade social 29 Outros Total 8 036 707 0 0 0 0 0 0 0 8 036 707 12 923 935 0 0 0 0 432 488 84 505 516 993 12 406 941 84 778 004 0 0 59 125 81 083 4 278 525 835 992 5 254 726 79 523 279 30 4.3.2 Valor da produção O Valor de Produção para cada atividade, o total do Valor de Produção (VP) tem como fonte as Contas Regionais. A partir desses totais, foi necessário identificar os valores dos produtos produzidos e consumidos em cada atividade. A desagregação por produto do VP de cada atividade foi realizada a partir das ponderações da TRU-BR, confrontados com as pesquisas estruturais do IBGE: Produção Agrícola Municipal (PAM), Produção da Pecuária Municipal (PPM), Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), Pesquisa Industrial Anual (PIA), Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), Pesquisa Anual do Comércio (PAC), Pesquisa Anual de Serviços (PAS) e Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD), todas para o ano de 2008, e o Censo Agropecuário 2006; por fim, foi realizada análise crítica dos dados para adequação á realidade do Estado. Para chegar ao formato final da produção (quadro 3), o total do Consumo Intermediário (CI) de cada atividade foi obtida diretamente das Contas Regionais. A decomposição do CI total de cada atividade por produtos total foi, inicialmente, balizada pela estrutura de insumos da das tabelas sinóticas, por atividade, publicadas pelas Contas Regionais, calculada pelo IBGE para 2008. Secundariamente foram feitas agregações para 10 setores e 29 produtos, considerando a participação de cada um para composição do Valor Bruto da Produção (VBP) de cada setor/produto. Para alguns setores foram feitas desagregações. Houve uma contração no setor de Comércio, que teve uma imputação em Outros Serviços, utilizando a TRU BR como padrão. Em Administração Pública e Seguridade Social (APU) também foi realizada imputação. Por fim, foi realizada análise crítica de todos os dados com adequação a realidade econômica apresentada no Estado de Mato Grosso do Sul. A soma de Valor Adicionado (VA) e Consumo intermediário (CI) totaliza o VBP. 34 QUADRO 3 - QUADRANTE A1 - PRODUÇÃO - 2008 Produção das atividades (valores correntes em 1 000 R$) Código do produto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Descrição do produto 22 Cana-de-açúcar Soja em grão Milho em grão Bovinos e suíno Aves Outros produtos agropecuária Indústria Extrativa Abate de bovinos Abate de outros animais Indústria de laticínios Fabricação de açúcar Fabricação de oleos vegetais Rações Outros produtos alimentares Têxteis Artigos de vestuário e acessórios Artefatos de couro e calçados Produtos em madeira - exclusive móveis Celulose e produtos de papel Jornais, revistas e discos Alcool Outros produtos indústria de transformação 23 SIUP 24 Construção 25 Comércio Transporte, armazenagem e correio Intermediação Financeira Administração pública e 18 19 20 21 26 27 28 01 Agropecuária 03 Indústria de transform ação 02 Indústria extrativa 04 SIUP 05 Construçã o civil 06 Comérci o 07 Transporte, armazenage m e correio 08 Intermediaçã o financeira 10 Outros serviços 09 APU Total do produto 250 672 888 521 452 225 2 990 381 35 203 556 306 0 0 0 0 0 0 248 299 0 32 426 0 0 0 0 0 0 0 0 877 477 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 630 515 144 373 31 000 61 322 628 920 55 472 217 912 119 510 197 044 121 660 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 250 672 888 521 452 225 2 990 381 35 203 556 306 877 477 630 515 144 373 31 000 61 322 628 920 303 771 217 912 151 936 197 044 121 660 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 68 097 32 201 117 225 323 586 2 374 129 0 68 097 32 201 117 225 323 586 8 345 822 0 0 0 0 0 0 10 719 951 172 694 0 175 731 0 1 406 152 0 0 0 0 0 1 754 577 0 0 0 0 0 3 449 885 0 0 0 0 3 449 885 942 176 0 0 0 0 0 6 214 441 0 0 0 146 866 7 303 483 150 272 0 0 0 0 0 511 339 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 301 994 0 0 0 2 060 987 0 0 0 8 036 0 0 0 3 963 606 2 060 987 8 036 707 34 seguridade social 29 Total Outros 707 1 317 459 0 10 410 764 877 477 2 092 088 13 873 817 0 1 406 152 0 3 449 885 212 927 6 427 369 0 0 3 301 994 2 060 987 192 194 8 228 901 7 968 208 8 115 074 11 782 876 58 152 420 33 4.3.3 Importações e exportações internacionais e interestaduais Na elaboração dos vetores de importações internacional e interestadual, a metodologia empregada levou em conta os saldos da conta comercial e de serviços. O primeiro passo foi extrair dos dados de Importação do Aliceweb (base de dados de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) para o ano de 2008, ano de referência de nosso trabalho. Os dados de comércio exterior foram retirados juntos com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), que é uma convenção de categorização de mercadorias adotada desde 1995 pelo Uruguai, Paraguai, Brasil e Argentina e que toma por base o Sistema Harmonizado (SH), classificando assim as exportações e importações. Posteriormente, os produtos foram divididos em subclasses. É a partir dos códigos da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), classificação oficialmente adotada pelo Sistema Estatístico Nacional do Brasil e pelos órgãos federais, estaduais e municipais gestores de registros administrativos e demais instituições do Brasil, que se fez a imputação dos valores na Tabela de Recursos e Usos. De posse dos produtos comercializados entre o Brasil e o mundo, e organizados tanto em códigos CNAE e NCM, foi utilizado um tradutor que auxiliou na organização do lançamento dos produtos dentro dos setores correspondentes. É de se lembrar que os valores disponíveis no Aliceweb estão disponíveis em dólares, assim, a partir das taxas de câmbios diárias informadas pelo Banco Central do Brasil (Bacen) foi estimada uma taxa de câmbio média para o ano de 2008. A parte dos valores estarem em dólares, é importante destacar que as exportações estão disponíveis em valores FOB (Free on Borad) e que as importações de produtos são valoradas a preços CIF (Cost, Insurance and Freight), ou seja, nos preços de importação estão embutidos os custos com seguro e frete. Assim, é essencial a conversão dos valores em moeda estrangeira para moeda nacional e da extração dos serviços contabilizado no preço dos produtos importados, evitando assim o duplo lançamento dos serviços relacionados ao transporte de bens. Para a construção dos vetores de importação interestadual foi disponibilizada pela Secretaria de Fazenda do Estado (SEFAZ-MS) a GIA - Guia de Apuração e Informação do ICMS. Através dos Códigos Fiscais de Operações e de Prestações (CFOP de Entrada e Saída) contidos na GIA, que contém produtos e códigos de importação e exportação do Estado com cada 34 Unidade de Federação (UF), foi possível separar os valores que entraram e saíram do estado no ano de 2008. Mais uma vez, utilizando um tradutor para CNAE, foram classificados todos os produtos tendo por base os seus respectivos códigos, e na sequencia, ocorrendo a soma dos valores de todas as observações fiscais dos produtos envolvidos em cada subclasse tabelada. Diferentemente dos dados disponibilizados pelo Aliceweb, a GIA trás valores tanto para bens e serviços, o que facilitou o computo e imputação dos valores referentes aos serviços. Em relação às importações interestaduais os dados enviados foram corrigidos, retirando-se a parte de estoque e mantendo somente a parte de fluxo, para que os valores sejam somente relativos às transações realizadas no ano de 2008, desconsiderando-se, então, a importação de ativos que estavam superestimando o valor. Nas exportações, o gás natural boliviano, que passa pelo Estado, sofreu uma alteração: R$ 4,8 bilhões realocados na indústria extrativa, tendo em vista que apenas R$800 milhões em gás são processados e utilizados pelas indústrias do MS. O restante é exportado para o resto do Brasil pelo gasoduto. No caso especifico de Mato Grosso do Sul, principal porta de entrada do Gás boliviano no Brasil, foi preciso redistribuir as importações de gás natural, sendo que do total R$800 milhões permaneceram como SIUP, parte que é processada e consumida no Estado, e o restante, R$4,8 bilhões foram realocados na indústria extrativa, uma vez que o produto é exportado em seu estado. 35 QUADRO 4 - QUADRANTE A2 - IMPORTAÇÕES - 2008 Importação (valores correntes em 1 000 R$) Código do produto Descrição do produto Importação de bens interestadual Ajuste CIF/FOB Importação de serviços interestadual Importação de serviços resto do mundo Importação de bens resto do mundo 1 Cana-de-açúcar 0 16 981 0 0 0 2 Soja em grão 0 22 192 0 3 625 0 3 Milho em grão 0 9 156 0 2 383 0 4 Bovinos 0 1 273 0 0 0 5 Aves 0 45 383 0 0 0 6 Outros produtos agropecuária 0 104 913 0 161 321 0 7 Indústria Extrativa 0 53 033 0 4 908 972 0 8 Abate de bovinos 0 734 050 0 103 829 0 9 Abate de outros animais 0 536 870 0 0 0 10 Indústria de laticínios 0 253 227 0 161 0 11 Fabricação de açúcar 0 256 604 0 0 0 12 Fabricação de oleos vegetais 0 29 700 0 237 0 13 Rações 0 240 436 0 0 0 14 Outros produtos alimentares 0 524 884 0 82 564 0 15 Têxteis 0 109 720 0 231 725 0 16 Artigos de vestuário e acessórios 0 411 791 0 47 0 17 Artefatos de couro e calçados 0 400 204 0 3 249 0 18 Produtos em madeira - exclusive móveis 0 55 205 0 6 075 0 19 Celulose e produtos de papel 0 41 057 0 763 0 20 Jornais, revistas e discos 0 51 791 0 162 0 21 Alcool 0 170 079 0 0 0 22 Outros produtos indústria de transformação 0 989 902 0 1 233 981 0 23 SIUP 0 571 228 0 0 29 151 24 Construção 0 0 59 953 0 5 390 25 Comércio 0 0 8 739 177 0 27 825 26 Transporte, armazenagem e correio 0 0 421 310 0 300 696 27 Intermediação Financeira 0 0 0 0 28 502 28 Administração pública e seguridade social 0 0 0 0 0 29 Outros 0 Total 0 0 0 624 065 5 629 675 9 220 441 6 739 094 1 015 630 4.3.4 Margem de distribuição e impostos As margens de comércio e transporte de cada produto foram calculadas como uma fração de seu valor total de produção. Da SEFAZ-MS foi obtido o valor do Imposto sobre 36 Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Os valores para todos os produtos foram agregados por setores/produtos. Devido à ausência de informações específicas sobre os impostos federais para alguns setores/produtos, foi utilizada uma relação entre a margem e o valor total de cada produto da TRU-BR. Posteriormente, foi realizada uma análise crítica dos dados, com o objetivo de adequar às margens à realidade da economia estadual. Da Secretaria da Receita Federal foram obtidos: Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Contribuição sobre o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e uma soma de outros tributos. O IPI recebeu especial destaque, pois foi necessária sua adequação à estrutura de produção estadual, que em muito diverge da nacional na indústria de transformação. O valor do Imposto sobre Serviços (ISS) e subsídios para compor, juntamente com IOF, Cofins e CPMF, outros impostos menos subsídios . Os dados fornecidos para subsídios estavam agregados. Para a desagregação foi considerada a legislação sobre subsídios para os setores. Esses valores foram ajustados de tal forma que a soma dos impostos no Estado seja igual ao valor divulgado pela Receita Federal, levando em consideração a proporção dos valores de ICMS. É importante considerar que por questões de sigilo fiscal as informações fornecidas estavam incompletas, motivo pelo qual foi necessária a ponderação pelo ICMS. 4.3.5 Consumo Intermediário Devido à ausência de dados de Consumo Intermediário (CI desagragado para alguns setores/ produtos) foi utilizada uma relação entre a margem TRU-BR balizada pelo VBP estadual. Para adequar tais valores à realidade do Estado foram feitas adequações ad hoc e análise crítica de dados levando em consideração a proporcionalidade dos dados fornecidos pelas Contas Regionais da SEMAC e adequando-os à gama de produtos e à tecnologia local. Os valores fornecidos pelo Contas Regionais foram ajustados pelo valor total da sinótica do MS. Os dados relacionados às Contas Regionais possuíam abertura apenas nos setores agropecuária e indústria de transformação. CI = (CI VBP ) ∗ VBP 37 CI VBP VBP CI = Consumo do produto i pelo setor j no MS; = Consumo do produto i pelo setor j no Brasil; = Valor bruto da produção do setor j no Brasil; = Valor bruto da produção do setor j no MS. 38 QUADRO 5 - QUADRANTE B1 - CONSUMO INTERMEDIÁRIO - 2008 Consumo intermediário das atividades (valores correntes em 1 000 R$) Código do produt o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 Total Descrição do produto Cana-de-açúcar Soja em grão Milho em grão Bovinos e suínos Aves Outros produtos agropecuária Indústria Extrativa Abate de bovinos Abate de outros animais Indústria de laticínios Fabricação de açúcar Fabricação de oleos vegetais Rações Outros produtos alimentares Têxteis Artigos de vestuário e acessórios Artefatos de couro e calçados Produtos em madeira exclusive móveis Celulose e produtos de papel Jornais, revistas e discos Alcool Outros produtos indústria de transformação SIUP Construção Comércio Transporte, armazenagem e correio Intermediação Financeira Administração pública e seguridade social Outros 01 Agropecuári a 02 Indústria extrativa 03 Indústria de transformaçã o 04 SIUP 05 Construção civil 06 Comércio 07 Transporte, armazenage m e correio 08 Intermediaçã o financeira 09 APU 10 Outros serviços Total do produto 127 996 61 728 267 005 0 0 389 806 98 865 0 0 0 0 0 503 382 105 245 14 987 0 0 0 0 0 0 62 471 0 0 0 0 0 93 0 3 480 146 966 213 101 83 869 539 755 68 510 81 751 861 196 3 266 3 735 9 547 118 885 244 356 93 737 17 622 133 765 0 0 0 0 0 0 93 118 0 0 0 2 407 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 65 356 0 0 0 0 0 0 0 3 048 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11 974 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7 820 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 64 0 0 0 0 0 0 292 0 0 2 589 647 2 421 3 518 10 369 8 206 60 228 2 918 20 755 469 0 0 349 0 902 20 767 349 29 525 8 644 18 672 5 500 6 980 11 616 22 438 20 710 274 962 274 829 351 515 539 755 69 412 494 913 1 182 003 35 212 15 897 38 588 135 063 311 564 611 745 166 060 196 253 0 0 126 79 144 500 128 869 623 0 715 0 4 489 0 9 053 0 2 341 0 3 210 38 16 417 1 022 181 473 130 009 14 987 2 081 0 8 733 7 2 157 1 879 298 35 703 9 089 10 791 141 255 0 802 2 568 0 58 785 3 150 2 391 131 3 129 30 377 20 951 49 519 0 3 546 7 750 5 718 0 9 579 36 624 0 1 066 15 824 2 436 12 978 565 3 652 23 110 49 213 114 242 80 257 108 500 267 844 2 003 326 70 857 0 1 384 825 170 708 27 058 15 884 0 3 265 514 150 808 457 093 1 589 276 148 523 398 367 160 0 1 445 779 7 495 68 273 919 416 798 126 853 3 380 111 922 1 061 416 55 244 140 0 76 481 15 160 11 049 0 476 984 182 203 220 567 0 895 182 119 594 64 678 4 603 9 960 710 1 153 640 841 223 3 091 546 591 152 92 756 91 037 24 683 1 511 053 337 119 26 716 20 646 20 006 36 192 303 436 143 619 305 400 103 131 19 158 287 336 57 685 432 469 93 676 92 806 3 019 319 1 570 757 0 43 709 5 781 440 0 150 326 550 284 0 1 142 032 11 543 165 0 104 541 798 471 0 84 706 1 796 947 0 641 434 1 867 879 0 320 970 1 880 188 0 317 621 775 412 0 1 195 293 2 713 165 0 1 046 478 2 557 449 0 5 047 110 30 264 400 39 4.3.6 Remuneração do Trabalho Os dados relativos à remuneração foram extraídos da PNAD-2008, tendo sido considerados os salários do trabalho principal, do trabalho secundário e outros rendimentos, para uma população de dez anos ou mais, os quais compreendem salários e contribuições sociais efetivas e imputadas. Como o mês de referência da pesquisa é setembro, os dados foram atualizados e anualizados considerando dezembro de 2008 como referência. 4.3.7 Excedente Operacional Bruto Foi realizada estimativa do excedente operacional bruto (EOB) para o Mato Grosso do Sul de forma residual, sendo este igual ao valor adicionado (VA) deduzido das remunerações pagas aos empregados, dos rendimentos autônomos e dos impostos líquidos de subsídios (PORSSE, 2007). EOB EOB VA VA EOB = EOB VA ∗ VA = Excedente operacional bruto do setor j no MS; = Excedente operacional bruto do setor j no Brasil; = Valor adicionado do setor j no Brasil; = Valor adicionado do setor j no MS. Então, foi realizado balanceamento para atingir o resultado final. 4.3.8 Consumo do Governo e Instituições sem Fins Lucrativos O consumo da administração pública e das instituições sem fins lucrativos – foram obtidos imputando a proporcionalidade da TRU-BR. 4.3.9 Consumo das Famílias A principal fonte de dados utilizada foi a POF 2008/2009. A POF é realizada de maio de um ano até maio do ano seguinte, neste caso maio de 2008 a maio de 2009. Considerando-se 12 meses foi relizada uma agregação a partir dos macro dados levando em consideração o consumo das famílias para os setores/produtos selecionados. Foi utilizada uma ponderação considerando-se a TRU-MS para os dados. 40 Os valores utilizados precisaram ser deflacionados, atualizados e posteriormente somados para se encontrar o valor total. A deflação e atualização dos valores se deu pelo IGP-DI. Foi utilizado o tradutor da POF disponível no IBGE para POF 2002/2003 que ainda não foi atualizado para a POF 2008/2009. 4.3.10 Formação Bruta de Capital Fixo e Variação de Estoques Para formação bruta de capital fixo (FBCF) foi utilizada imputação direta do valor da proporcionalidade da TRU-BR, levando em consideração o valor de demanda final para criar este valor. A FBCF tem uma característica que faz necessário um cálculo sobre este valor levando em consideração oferta menos exportação. Foi utilizada a seguinte esquematização matemática (PORSSE, 2007). c = FBCF FBCF c = FBCF O ⁄O = c (O −X −X ) da oferta do produto i correspondente a FBCF; = Valor da FBCF do produto i no Brasil; = Oferta do produto i no Brasil; X = Exportações do produto i no Brasil; O = Oferta do produto i no MS; FBCF = Valor da FBCF do produto i no MS; X Para o cálculo da variação de estoques dos setores que estavam disponíveis, foram = Exportações do produto i no MS. utilizados os valores imputados da TRU-BR como proporcionalidade, considerando-se o valor de demanda final do Estado para criar este valor (PORSSE, 2007). VE VBP VBP VE VE = VBP ⁄VBP = Variação de estoque do produto i no MS; ∗ VE = Valor bruto da produção do produto i no MS; = Valor bruto da produção do produto i no Brasil; = Variação de estoque do produto i no Brasil. Após este processo, os valores passaram por análise crítica para adequação à realidade 41 do Estado e balanceamento. 4.3.11 Pessoal Ocupado Foi considerada a População Economiacamente Ativa (PEA). Os valores foram obtidos pela PNAD 2008 com ajuste pela RAIS para alguns setores que não estavam desagregados. Para as variáveis total, agropecuária, indústria (indústria e indústria de transformação, SIUP e extrativa mineral, foi feita a mesma abertura da TRU na RAIS, considerando-se a proporcionalidade destes setores dentro do PIB formal, o que permitiu uma redistribuição. A proporção encontrada na RAIS multiplica-se pelo valor total de cada setor, o que resulta no pessoal ocupado. 42 QUADRO 6 - QUADRANTE C - VALOR ADICIONADO DAS ATIVIDADES - 2008 Operações 01 Agropecuária 02 Indústria extrativa Componentes do valor adicionado (valores correntes em 1 000 R$) 07 03 Indústria 05 Transporte, 08 de Construção 06 armazenagem Intermediação transformação 04 SIUP civil Comércio e correio financeira 10 Outros serviços 09 APU Total do produto Valor adicionado bruto ( PIB ) 4 629 324 327 194 2 330 652 1 652 938 607 681 4 559 489 1 421 807 1 285 575 5 515 736 5 557 625 27 888 020 Remunerações 3 008 205 152 056 1 439 917 199 212 1 111 058 3 072 986 811 889 193 461 2 165 286 5 297 766 17 451 835 2 557 739 107 861 1 105 223 160 511 883 443 2 377 141 655 856 151 209 1 657 295 4 469 647 14 125 926 Contribuições sociais efetivas 450 466 44 195 334 694 38 700 227 615 695 844 156 033 42 252 262 370 828 119 3 080 288 Previdência oficial /FGTS 450 466 39 025 320 862 35 296 222 943 688 116 155 780 38 625 261 925 802 448 3 015 485 0 5 170 13 832 3 405 4 672 7 728 254 3 627 445 25 670 64 803 0 0 0 0 0 0 0 245 621 0 245 621 1 917 327 301 034 1 311 803 0 1 304 406 601 424 2 652 850 728 528 803 494 1 225 965 4 473 720 15 320 551 1 008 961 42 548 435 982 348 495 937 720 258 718 59 648 653 760 1 763 159 5 572 310 908 366 258 485 875 822 63 318 1 241 088 252 929 1 715 129 469 810 743 846 572 205 2 710 560 9 748 241 50 162 3 872 87 096 29 227 6 334 94 778 25 976 15 599 664 77 057 390 764 (-) 522 0 (-) 5 773 (-) 1 499 0 (-) 3 741 0 0 (-) 2 726 (-) 20 404 10 410 764 877 477 13 873 817 (-) 6 143 3 449 885 1 406 152 6 427 369 3 301 994 2 060 987 8 228 901 8 115 074 58 152 420 214 519 3 386 132 331 5 021 108 024 239 760 50 436 10 883 76 269 361 486 1 202 115 Salários Previdência privada Contribuições sociais imputadas Excedente operacional bruto e rendimento misto bruto Rendimento misto bruto Excedente operacional bruto (EOB) Outros impostos sobre a produção Outros subsídios à produção Valor da produção Fator trabalho (pessoas ocupadas na PEA) 43 QUADRO 7 - QUADRANTE B2 - DEMANDA FINAL - 2008 Código do produto Descrição do produto Demanda final (valores correntes em 1 000 R$) Exportação Exportação Consumo Formação Consumo Consumo de bens de serviços da bruta das das resto do resto do administração de capital ISFLSF famílias mundo mundo pública fixo 0 0 0 0 0 0 837 547 0 0 0 0 0 93 299 0 0 0 0 0 286 0 0 0 0 794 064 524 0 0 0 0 0 29 964 0 0 0 497 040 74 064 35 771 0 0 0 0 0 730 976 0 0 0 321 830 0 501 836 0 0 0 112 475 0 3 0 0 0 260 977 0 76 014 0 0 0 124 753 0 14 719 0 0 0 65 244 0 Exportação de bens interestadual Exportação de serviços interestadual 38 28 718 5 717 1 961 976 21 262 36 961 5 326 668 904 439 219 149 35 849 0 352 399 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 32 812 33 793 0 0 0 583 155 0 0 0 0 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Cana-de-açúcar Soja em grão Milho em grão Bovinos e suínos Aves Outros produtos agropecuária Indústria Extrativa Abate de bovinos Abate de outros animais Indústria de laticínios Fabricação de açúcar Fabricação de oleos vegetais 13 14 Rações Outros produtos alimentares 15 Têxteis 643 875 0 47 473 0 0 16 Artigos de vestuário e acessórios 372 840 0 311 0 0 17 Artefatos de couro e calçados 253 487 0 186 629 0 18 Produtos em madeira - exclusive móveis 9 792 0 46 162 0 19 Celulose e produtos de papel 20 362 0 576 20 Jornais, revistas e discos 21 Alcool 22 Outros produtos indústria de transformação 23 SIUP 24 Construção 25 Variação de estoque Demanda final 0 93 573 77 806 18 789 23 4 806 (-) 3 700 1 745 2 976 875 1 175 7 026 38 959 839 176 822 2 775 114 21 809 642 835 5 358 739 1 958 991 836 436 297 705 201 942 439 388 275 000 1 234 668 528 337 3 314 870 91 220 1 137 748 6 540 741 1 994 203 852 332 336 293 337 005 750 952 34 206 1 695 647 645 951 1 861 707 Demanda total 0 1 064 253 0 0 1 395 14 447 0 5 736 0 12 145 709 229 905 482 0 656 745 0 31 253 1 061 149 1 242 622 0 0 299 425 0 11 385 750 925 880 934 0 0 0 0 (-) 291 55 663 169 905 0 0 0 0 0 725 21 664 101 920 205 628 1 917 0 41 0 0 0 96 522 0 (-) 1 351 97 128 463 611 0 9 721 0 0 0 0 0 4 924 478 255 746 100 1 930 560 0 268 624 0 1 057 432 0 6 264 427 3 014 902 231 030 12 766 975 21 493 704 881 156 0 422 0 0 0 1 564 520 0 0 2 446 097 3 599 737 0 4 654 0 4 914 0 0 0 2 673 136 0 2 682 705 3 523 928 Comércio 0 1583823 0 488 816 0 0 0 0 0 2 072 640 5 164 185 26 Transporte, armazenagem e correio 0 0 0 80 783 0 0 692 594 0 0 773 377 3 792 696 27 Intermediação Financeira 0 0 0 11 900 14 816 0 492 021 0 0 518 737 2 089 494 28 Administração pública e seguridade social 0 0 0 0 8 036 707 0 0 0 0 8 036 707 8 036 707 29 Outros 0 0 0 28 448 1 272 648 659 136 5 496 566 420 028 0 7 876 826 12 923 935 13 537 379 1 588 478 3 464 052 614 863 10 381 603 659 136 18 015 128 6 976 194 510 754 55 747 586 84 778 004 44 5 PRINCIPAIS RESULTADOS DA TRU 5.1 Produto Interno Bruto O valor do PIB de Mato Grosso do Sul, estimado através das estatísticas da TRU-MS de 2008, foi de R$ 33,14 bilhões. Considerando-se a ótica da despesa, o consumo das famílias e o consumo da administração pública representaram, respectivamente, 54,36% e 31,32% do valor do PIB. Ressalta-se que, mesmo a soma anterior apresentando valor próximo a 100%, há componentes por essa ótica de cálculo que somam e outros que subtraem para se chegar ao montante do PIB. A participação da Formação Bruta de Capital Fixo no PIB foi de 21,04%, e a da variação de estoques foi de 1,54%. As exportações totais representaram 57,94% do PIB, sendo 12,30% referentes às exportações para o Resto do Mundo ou internacionais e 45,64% às exportações para o Resto do Brasil ou interestaduais. Já as importações totais, que são deduzidas nessa ótica de cálculo, representaram 65,20% do PIB, sendo 44,80% referentes às importações do Resto do Mundo e 23,39% às importações do Resto do Brasil. Considerando-se esses resultados, a dinâmica da economia sul mato-grossense possui forte relação de dependência em relação à economia do resto do Brasil para as exportações, e forte dependência em relação à economia internacional para as importações. QUADRO 8 - COMPOSIÇÃO DO PRODUTO INTERNO BRUTO (MS), SOB AS TRÊS ÓTICAS – 2008 A – Ótica da produção Em R$ (1000) Produto Interno Bruto 33.142.746 Produção 58.152.420 Impostos líquidos 5.254.726 Consumo Intermediário (-) 30.264.400 B – Ótica da despesa Em R$ (1000) Produto Interno Bruto 33.142.746 Despesa de consumo final 29.055.867 45 Despesa de consumo da administração pública 10.381.603 Despesa de consumo das famílias 18.015.128 Despesa de consumo das ISFSF Formação bruta de capital Formação bruta de capital fixo Variação de estoque Exportação de bens e serviços 659.136 7.486.948 6.976.194 510.754 19.204.772 Internacional 4.078.915 Interestadual 15.125.857 Importação de bens e serviços (-) (-) 22.604.840 Internacional 14.850.116 Interestadual 7.754.724 C – Ótica da renda Produto Interno Bruto Remuneração dos empregados Em R$ (1000) 33.142.746 17.451.834 Salários 14.125.925 Contribuições sociais efetivas 3.080.288 Contribuições sociais imputadas 245.621 Rendimento misto bruto 5.572.309 Excedente operacional bruto 9.748.240 Impostos sobre a produção Subsídios à produção 390.764 (-) 20.404 Pela ótica de cálculo da renda, os resultados demonstram que 29,4% do PIB foram apropriados pelo capital na forma de excedente operacional bruto. O rendimento misto bruto absorveu 16,81% do PIB, enquanto os empregados, na forma de salários, representavam 42,62% do total. Já a apropriação do Governo, medida pelos impostos sobre a produção, foi da ordem de 46 1,18% e as contribuições sociais dos empregados 10,03%. Esses resultados mostram que a economia sul mato-grossense é mais dependente dos salários recebidos dos trabalhadores do que da apropriação do capital das empresas, diferentemente do Brasil, onde os salários correspondem a 31,7% e o excedente a 35,2%. O PIB tradicionalmente é calculado pela ótica da produção que no caso da produção da economia sul mato-grossense, em 2008, foi de R$ 58.152 milhões, para um consumo intermediário de R$ 30.264 milhões. Subtraindo-se o consumo intermediário da produção, obteve-se Valor Adicionado Bruto - VAB de R$ 27.888 milhões. Acrescentando-se os impostos líquidos e subsídios (R$ 5.254 milhões), o resultado foi o PIB de 2008 com o montante de R$ 33.142 milhões de reais. No que se refere ao setor agropecuário os produtos de mais destaques são bovinos e suínos com 10,73%, soja com 2,25%, milho com 1,36% e cana com 0,77% do PIB. O setor agropecuário corresponde a 16,59% do PIB no Estado de Mato Grosso do Sul. De acordo com os dados do IBGE (2009), o setor agropecuário brasileiro corresponde a 5,64% do PIB nacional. Portanto, a participação da agropecuária para o Estado de Mato Grosso do Sul é, significativamente superior ao Brasil, com destaque para a pecuária. Cabe ressaltar que, para este cálculo foi dividido o VA de cada produto sobre o VA do Estado de Mato Grosso do Sul. 5.2 Demanda Total A demanda da economia sul matogrossense, estimada para o ano de 2008, foi de R$ 84.778 milhões. Considerando-se seus componentes, o consumo das famílias e o consumo intermediário representaram os maiores participações, respectivamente, 21,25% e 35,69%. Em seguida vêm-se as exportações para o Resto do Brasil (15,96%), o consumo da Administração Pública - APU (12,25%) e a formação bruta de capital fixo - FBCF (8,23%). Considerando-se esses resultados a demanda da economia sul matogrossense possui forte relação de dependência com a renda disponível e com a produção local. Um dos componentes da demanda é a FBCF, sendo constituída pela atividade da outros produtos da indústria de transformação 43,22% do total, construção civil com 38,32%, bovinos e 47 suínos com 11,38%, e do restante, outros agropecuária e outros, com participação de 7,08%. Por setor econômico, a demanda apresenta informações variadas. Em relação ao consumo intermediário, os maiores setores são, indústria e serviços, sendo primeiro bastante influenciado pela atividade de transformação. Já nas exportações destacam-se a indústria extrativa e bovinos e suínos, ao mesmo tempo em que deve ser considerado o caráter non tradeables dos serviços. Cabe ressaltar que o principal item da indústria extrativa se refere ao gás. 15,96% Exportações Interestadual Exportações Internacionais 4,81% 35,69% 12,25% 0,60% 8,23% Consumo da APU Consumo das famílias FBCF Variação de Estoque 21,25% Consumo Intermediário GRÁFICO 1- COMPOSIÇÃO DA DEMANDA TOTAL SUL MATOGROSSENSE – 2008 Fonte: Elaboração os autores. Ressalta-se que as trocas com o Resto do Brasil, equivalem a 15,96% da demanda total e as para o Resto do Mundo a 4,81%. Outro componente concentrado na indústria é a FBCF como descrito anteriormente, enquanto os estoques prevalecem n indústria de transformação, já que os serviços não podem apresentar variações de estoques por não realizar transações com bens Por fim o consumo da APU e das Instituições Sem Fins de Lucro a Serviço das Famílias -ISFLSF são tipicamente demandado pelo setor de serviços. Compreende as atividades: administração, saúde, educação pública e seguridade social. 5.3 Oferta Total Com o mesmo valor de R$ 84.778 milhões da demanda o maior componente da oferta da economia sul matogrossense em 2008 é o valor da produção, com 68,6% do total. As importações totais participam com 26,7%, sendo as transações com o Resto do Mundo com 9,1% e as com Resto do Brasil com 17,5%. O menor percentual ficou por conta dos impostos com 48 6,2% do total da oferta, destacand-se a arrecadação de ICMS. Mesmo com a produção representando mais de 60% da oferta, as importações são de suma importância para a composição da mesma. 17,5% Importações Interestaduais Importações Internacionais 9,1% 68,6% 6,2% Impostos Produção GRÁFICO 2 - COMPOSIÇÃO DA OFERTA TOTAL SUL MATOGROSSENSE – 2008 Fonte: Elaboração os autores Na oferta por setor econômico, diferentemente da demanda, os serviços apresentam um grande percentual nos componentes mais importantes, sobretudo do valor de produção. Grande parte desse resultado deve-se aos elevados montantes produzidos por algumas atividades, especialmente a Administração Pública, destacando-se ainda o comércio e os serviços de aluguéis. No caso das importações, como nas exportações, o maior percentual é da indústria, ressaltando a de transformação. Para o total dos impostos, a indústria e serviços são os setores mais representativos, já a margem de comércio e de transporte é concentrada na indústria, já que os serviços não comercializam nem transportam bens. 5.4 Componentes do Valor Adicionado Uma das informações extraídas de uma TRU é a conta de geração da renda que apresenta os destinos do valor adicionado bruto a preços básicos na economia. 49 400 000 Agropecuária 350 000 Indústria extrativa 300 000 Indústria de transformação 250 000 SIUP 200 000 Construção civil 150 000 Comércio 100 000 Transporte, armazenagem e correio 50 000 0 Intermediação financeira APU GRÁFICO 3 - PESSOAS OCUPADAS POR ATIVIDADE EM MATO GROSSO DO SUL – 2008 Fonte: Elaboração os autores Um dos destinos é o fator trabalho, portanto foi possível estimar o número de pessoas ocupadas em Mato Grosso do Sul e em 2008, com aproximadamente 1,3 milhões (empregados, empregadores, conta-própria e trabalhadores domésticos, sem remuneração), onde os serviços representavam 69,54% do total, com destaque para o comércio com 19,94%, e a outros serviços com 30,07%. 6 MODELOS DE INSUMO PRODUTO REGIONAIS E INTER REGIONAIS Embora as primeiras aplicações do modelo insumo-produto tenham sido desenvolvidas para estudos das relações internas da economia de uma nação, posteriormente surgiram modelos adaptados para análise de regiões específicas e suas relações com as demais. É possível construir modelos contemplando uma única região (modelos regionais), ou modelos contemplando duas ou mais regiões (modelos inter-regionais), de modo a se analisar as relações econômicas dentro de cada região. 6.1 Modelos de insumo-produto inter-regionais (mais de uma região) 50 As análises inter-regionais são desenvolvidas por meio de coeficientes de insumos intraregionais (dentro de uma região específica) e inter-regionais (entre uma determinada região e as demais). De acordo com Fernandes (1997), algumas das vantagens dos modelos inter-regionais seriam a avaliação das diferenças regionais nas estruturas técnicas de produção; avaliação dos efeitos inter-regionais resultantes de redistribuições geográficas nas atividades econômicas; estudos de balanços de pagamentos regionais e dos fluxos de comércio inter-regional; análise de impacto de variações nos programas de investimentos e ou gastos públicos sobre diferentes regiões; elaboração de planos regionais de desenvolvimento econômico e sistema de contas regionais; dentre outras. Para melhor visualização, segue o quadro 9 contendo os fluxos inter-setoriais e interregionais para duas regiões, uma com dois setores e a outra com três. QUADRO 9 - FLUXOS INTER-SETORIAIS E INTER-REGIONAIS PARA AS REGIÕES L E M Setores Vendedores 1 Região L 2 1 3 1 Região M LL 11 z LL z21 LL z31 ML z12 ML z 22 z11 ML z 21 2 Região L 2 Região M 3 LL 12 z LL z22 LL z32 ML z13 ML z 23 1 2 LM 11 LM 12 LL 13 z LL z23 LL z33 z LM z21 LM z31 z LM z22 LM z32 ML z11 MM z 21 MM z12 MM z 22 MM Fonte: Miller e Blair (1985) Em que: LL zij representa o fluxo monetário do setor i para o setor j dentro da região L. LM zij ML e z ij representam os fluxos monetários do setor i para o setor j, da região L para a região M e da região M para a região L, respectivamente. MM z ij representa o fluxo monetário do setor i para o setor j dentro da região M. Aplicando a equação básica de produção setorial: L LL LL LL LM LM L X 1 z11 z12 z13 z11 z12 Y 1 (08) 51 Pode-se construir equações similares para os outros setores desta e da outra região. Considerando os coeficientes de insumo ou coeficientes intra-regionais: LL zij LL aij X L j MM zij MM aij X M j LL LL L zij aij X j (09) MM MM M zij aij X j (10) LM LM M zij aij X j (11) ML ML L zij aij X j (12) E os coeficientes inter-regionais: LM zij LM aij X M j ML zij ML aij X L j Substituindo os coeficientes acima em (08): LL LL LL LM LM L L L L M M L X 1 a11 X 1 a12 X 2 a13 X 3 a11 X 1 a12 X 2 Y 1 (13) Obtém-se a produção total do setor 1 pertencente à região L. L As produções para os demais setores também podem ser obtidas isolando Y 1 e L colocando X 1 em evidência: 1 a X LL 11 L 1 LL LL LM LM L L M M L a12 X 2 a13 X 3 a11 X 1 a12 X 2 Y 1 (14) Obtém-se assim a demanda final da produção do setor 1 pertencente à região L. As demandas finais para os outros setores também podem ser obtidas da mesma forma. LL Pode-se construir a matriz A para os três setores: LL LL LL a11 a12 a13 LL LL LL LL A a 21 a 22 a 23 LL LL LL a31 a32 a33 Esta matriz também pode ser construída para : A LM ML , A e A MM . Desta forma, define-se as seguintes matrizes: 52 ALL ALM A AML AMM XL X X M Y L Y Y M O sistema inter-regional completo de insumo-produto continua sendo representado, de maneira sintética, pela seguinte fórmula: I A X Y As matrizes podem ser dispostas da seguinte maneira: I 0 ALL ALM X L Y L MM M M 0 I ML A X Y A Efetuando-se estas operações: I A X LL L ALM X M Y L (15) AML X M I AMM X M Y M Estes são os modelos básicos necessários à análise inter-regional. Entretanto, o modelo interregional de insumo-produto, requer uma grande e diversificada quantidade de dados, e sua principal dificuldade está justamente na indisponibilidade de informações sobre o fluxo de mercadorias entre os setores e entre as regiões, pois os gastos com coleta de dados estatísticos são bastante elevados. Conseqüentemente, isso tem gerado uma grande quantidade de modelos matemáticos para estimar os fluxos de mercadorias inter-regionais a partir de métodos parcialmente censitários, ou seja, com parte das informações levantadas diretamente na região de interesse e parte estimada a partir de métodos matemáticos apropriados. 7 MÉTODOS DE ANÁLISE DA ESTRUTURA PRODUTIVA A Matriz Insumo-Produto de Mato Grosso do Sul foi calculada segundo o sistema atividade x atividade, seguindo o modelo do IBGE adotado na matriz brasileira 53 O modelo de Leontief possibilita o cálculo de indicadores econômicos para avaliar a importância e o impacto das transformações dos diversos setores produtivos da economia em termos de geração de produção, renda, salários, empregos e outras variáveis importantes. Os principais indicadores de análise da estrutura produtiva do estado são obtidos a partir das matrizes dispostas nos quadros 10, 11 e 12. 54 QUADRO 10- MATRIZ DE TRANSAÇÕES 01 Agropecuária 02 Indústria extrativa 03 Indústria de transformação 04 SIUP 05 Construção civil 06 Comércio Agropecuária 757 226 0 970 046 0 0 0 07 Transporte, armazenagem e correio 0 Indústria Extrativa 88 435 55 395 736 716 85 220 60 216 0 Indústria de Transformação 2 372 877 158 570 3 730 332 141 783 1 394 922 SIUP 63 381 23 993 129 010 364 578 Construção 0 14 085 391 023 Comércio Transporte, armazenagem e correio Intermediação Financeira Administração pública e seguridade social Outros 1 238 726 0 528 786 08 Intermediação financeira 09 APU 10 Outros serviços 0 2 702 20 682 0 0 607 328 496 661 1 005 245 125 088 582 822 1 045 651 6 906 117 273 50 702 15 160 170 886 112 332 147 62 903 3 124 129 11 049 206 867 60 751 1 359 556 0 846 103 469 0 0 0 4 324 80 725 1 292 639 24 450 18 433 280 520 280 290 19 158 54 102 87 988 82 971 21 887 288 391 18 895 33 346 132 772 94 652 287 336 405 607 87 171 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 39 097 133 298 976 958 95 674 78 044 592 991 294 579 317 621 1 121 050 982 937 55 QUADRO 11 - MATRIZ DE COEFICIENTES TÉCNICOS INTERSETORIAIS 07 Transporte, armazenagem e correio 08 Intermediação financeira 09 APU 10 Outros serviços 0,000 0,000 0,000 0,000 0,002 0,021 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,047 0,483 0,107 0,310 0,068 0,073 0,096 0,004 0,121 0,002 0,025 0,016 0,008 0,021 0,010 0,002 0,014 0,000 0,022 0,001 0,000 0,006 0,026 0,006 0,213 0,000 0,047 0,000 0,000 0,022 0,000 0,000 0,000 0,000 0,091 0,013 0,045 0,008 0,006 0,060 0,086 0,010 0,007 0,008 0,014 0,004 0,010 0,006 0,012 0,029 0,029 0,157 0,051 0,008 09 APU 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 10 Outros serviços 0,007 0,022 0,034 0,032 0,027 0,128 0,091 0,173 0,140 0,090 01 Agropecuária 02 Indústria extrativa 03 Indústria de transformação 04 SIUP 01 Agropecuária 0,130 0,000 0,034 0,000 0,000 02 Indústria extrativa 0,015 0,009 0,026 0,028 03 Indústria de transformação 0,408 0,026 0,130 04 SIUP 0,011 0,004 05 Construção civil 0,000 06 Comércio 07 Transporte, armazenagem e correio 08 Intermediação financeira 05 06 Construção Comércio civil 56 QUADRO 12- MATRIZ DE LEONTIEF 07 Transporte, armazenagem e correio 08 Intermediação financeira 09 APU 10 Outros serviços 0,008 0,017 0,006 0,006 0,008 0,038 0,006 0,012 0,004 0,005 0,004 0,077 0,615 0,186 0,436 0,139 0,136 0,141 0,011 1,140 0,009 0,035 0,025 0,015 0,028 0,015 0,003 0,018 0,002 1,032 0,005 0,007 0,011 0,030 0,008 0,289 0,003 0,070 0,004 0,035 1,034 0,025 0,008 0,008 0,009 0,172 0,018 0,071 0,016 0,044 0,081 1,122 0,024 0,018 0,019 0,045 0,006 0,021 0,011 0,025 0,042 0,047 1,191 0,065 0,014 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000 0,000 01 Agropecuária 02 Indústria extrativa 03 Indústria de transformação 04 SIUP 01 Agropecuária 1,176 0,002 0,048 0,003 0,024 02 Indústria extrativa 0,037 1,011 0,033 0,035 03 Indústria de transformação 0,672 0,044 1,226 04 SIUP 0,031 0,006 05 Construção civil 0,010 06 Comércio 07 Transporte, armazenagem e correio 08 Intermediação financeira 09 APU 05 06 Construção Comércio civil 57 10 Outros serviços 0,102 0,030 0,069 0,048 0,069 0,170 0,142 0,236 0,176 1,111 58 7.1 Índices de ligações de Rasmussen-Hirschman Os índices de ligações de Rasmussen-Hirschman foram idealizados por Rasmussen (1956) e posteriormente desenvolvidos por Hirschman (1958) para a identificação de setoreschave na economia. Os valores calculados para os índices de ligações para trás indicam quanto o setor demanda de outros setores da economia, enquanto os índices de ligações para frente mostram o quanto o setor é demandado pelas outras indústrias. Valores maiores do que 1, seja dos índices de ligações para trás ou para frente, indicam setores acima da média e, portanto, considerados setores-chave para o crescimento da economia. Porém, na visão de McGilvray (1977), devem ser considerados setores-chave apenas aqueles que apresentarem tanto os índices de ligações para frente quanto os índices de ligações para trás maiores do que 1. Nota-se que, para definição dos setores chaves, foi utilizado o conceito de Hirschman. Conforme Fernando (1997), a análise dos encadeamentos possibilita identificar os setores que têm maiores efeitos propulsores numa economia, bem como a articulação entre os blocos de indústrias. Alguns setores, devido à sua relação com os demais, são capazes de impulsionar o crescimento em outros setores, a partir de seu crescimento. Os efeitos de encadeamentos para trás se dão a partir do aumento da demanda por insumos de outros setores, que devem aumentar sua produção para atender a esse aumento da demanda. Já o efeito de encadeamento para frente é observado quando o aumento da demanda final em cada um dos setores produtivos provoca um incremento na produção de um setor em particular. Corroborando com estas afirmações, Lima e Guilhoto (2004), relatam que os índices de ligação de Hirschman-Rasmussen permitem traçar o perfil da economia de uma ou mais regiões, identificando as relações de compra e venda entre seus setores. Quanto maior for o índice de ligação para trás, maior a interação do setor com os setores vendedores de insumos, da mesma forma, quanto maior o índice de ligação para frente, maior será interação do setor com os setores compradores de insumos. 59 Para o cálculo destes índices define-se bij como sendo um elemento da matriz inversa de * B ; B como sendo a média de todos os elementos de B e B* j ; Bi* como sendo, Leontief respectivamente, a soma de uma coluna e de uma linha típica de B . Assim: * U j B* j n B (16) define os índices de ligações para trás (poder de dispersão) e * U j Bi* n B (17) define os índices de ligações para frente (sensibilidade da dispersão) No quadro 13 são mostrados os resultados calculados dos índices de ligação. QUADRO 13 - ÍNDICES DE LIGAÇÃO PARA FRENTE E PARA TRÁS PARA O MS Trás Ordem Frente Ordem Agropecuária (1) 0,02112281 7 1,55597932 1 Indústria Extrativa (2) 0,01930438 8 0,68845385 10 Indústria de Transformação (3) 0,05978762 1 0,96244426 5 SIUP (4) 0,02141757 6 0,81988609 8 Construção Civil (5) 0,01831783 9 1,162218843 2 Comércio (6) 0,02416765 4 0,960874482 6 Transporte Armazenagem e Correio (7) 0,02577122 3 1,126148915 3 Intermediação Financeira (8) 0,02388969 5 1,003870352 4 APU (9) 0,01628273 10 0,904312087 7 Outros Serviços (10) 0,03506583 2 0,815811787 9 Fonte: Elaboração dos autores Conforme relatado anteriormente, existem dois critérios básicos para determinação dos setores-chave de uma economia a partir dos índices de ligação de Hirschman-Rasmussen. O primeiro, proposto por Hirschman-Rasmussen, classifica como setores-chave aqueles que 60 apresentam pelo menos um dos índices de ligação, para frente ou para trás, acima de 1. O segundo critério, proposto por McGilvray (1977), é mais restritivo que o anterior e admite um setor como setor-chave, se este apresentar ambos os índices de ligação, para frente e para trás, simultaneamente maiores que 1. A identificação dos setores-chave do sistema interregional a partir da definição de Hirschman-Rasmussen apresentou quatro setores-chave, considerando as ligações para frente, os setores mais dinâmicos do ponto de vista da oferta são: agropecuária (1); construção civil (5); transporte, armazenagem e correio (7) e intermediação financeira (8). Não houve nenhum setor que se evidenciou como “chave” com ligações para trás. Isso mostra que o aumento da demanda de insumos intermediários não é atendida por insumos domésticos. A agropecuária se mostrou muito importante para a economia do MS como o principal setor chave, seguido da Construção Civil, de forma que a agropecuária se apresenta como um setor bastante demandado por sua natural característica de fornecimento de matéria prima para outros setores, A Construção Civil se apresenta como segundo setor mais relevante observando o ídice de ligação para frente, o que indica que este setor é bastante demandado pelos demais setores do estado. É evidente a expansão da construção civil principalmente nos útimos anos. Assim como o setor de Transporte, Armazenagem e Correio, apresenta um índice de ligação para frente bastante significativo, a grande demanda é pela modalidade de transporte rodoviário. Isso ocorre devido ao baixo valor adicionado pela economia do Estado, ou seja, tem como característica econômica ser um grande exportador de matéria prima e importador de produtos acabados. O segundo critério, proposto por McGilvray (1977), que é mais restritivo que o anterior e admite um setor como setor-chave, se este apresentar ambos os índices de ligação, para frente e para trás, simultaneamente maiores que 1. Deta forma, observa-se que nenhum setor foi identificado como “chave”. 61 É importante salientar que os setores-chave estão associados à idéia de estabelecer prioridade na alocação de recursos e na estratégia de estimulo para o desenvolvimento econômico. Recursos direcionados a esses setores tendem a estimular o crescimento mais rápido da produção, do emprego e a interdependência econômica, diferentemente do que se fossem aplicados em setores não considerados chave na economia 7.2 Multiplicadores O modelo insumo-produto permite ainda, mensurar o efeito de uma mudança exógena na demanda final de um determinado setor sobre o número de pessoas ocupadas, o nível de renda gerada (em termos salariais) e a produção total gerada na economia, através dos multiplicadores tipos I e II, de emprego, renda e produção, respectivamente. Isto é, um aumento na demanda por mão-de-obra ocasiona um aumento no poder aquisitivo das famílias, gerando uma elevação na demanda por produtos finais e novo incremento do nível de atividade dos setores que, por sua vez, irão aumentar a demanda pelos diversos tipos de insumos, inclusive mão-de-obra, causando um novo aumento no poder aquisitivo, desencadeando um novo ciclo de aumento da demanda. O processo se repete até que o sistema atinja o equilíbrio Os multiplicadores podem ser encontrados considerando o consumo doméstico das famílias exógenamente, e neste caso são chamados de multiplicadores do tipo I. Aqueles obtidos a partir de modelos que consideram o consumo doméstico das famílias endogenamente são conhecidos como multiplicadores do tipo II, onde a matriz Z (transações intersetoriais), segundo Miller e Blair (1985), incorpora uma linha e uma coluna adicionais correspondentes à remuneração das famílias e ao consumo doméstico. Enquanto os multiplicadores do tipo I incluem apenas os efeitos diretos (sobre o próprio setor) e indiretos (sobre os demais setores), os multiplicadores do tipo II incluem efeitos diretos, indiretos e induzidos (via consumo endogeneizado) de um aumento unitário na demanda final do setor que se deseja avaliar o impacto sobre a economia. 7.2.1 Multiplicadores da produção 62 É a produção adicional gerada em toda a economia, decorrente de uma alteração na demanda final de um determinado setor. É importante salientar que alguns setores da economia estão mais envolvidos nas compras – direta e indiretamente, e portanto, apresentam efeitos multiplicadores diferenciados. Denotando os elementos da matriz B I A por bij , temos o multiplicador tipo I: 1 (27) n MP j bij i 1 onde j representa um determinado setor da economia. Para o multiplicador tipo II, calcula-se a matriz inversa de Leontief B I A , cujos 1 coeficientes são bij , e é obtida a partir de uma matriz A de coeficientes técnicos, onde o consumo das famílias é endogeneizado. (28) n M P j bij i 1 O multiplicador tipo I do setor indústria de transformação indica que são gerados R$ 1,74 de produção na economia como um todo para cada um Real de produção gerada na própria atividade, considerando-se os efeitos diretos e indiretos. A interpretação dos valores para o multiplicador tipo II é a mesma, porém, este indica que para cada um Real de produção gerada no setor, são gerados R$ 3,67 de produção na economia como um todo, considerando-se os efeitos diretos, indiretos e induzidos. Isto mostra, que a indústria de transformação tem importante participação nas compras direta e indiretamente em relação aos demais setores a montante e a jusante. QUADRO 14- MULTIPLICADORES DE PRODUÇÃO PARA O MS Tipo I 0,166 Tipo II 1,297 (02) Indústria extrativa 0,099 1,186 (03) Indústria de transformação 1,749 3,672 (01) Setores Agropecuária 63 (04) SIUP 0,224 1,315 (05) Construção civil 0,076 1,125 (06) Comércio 0,283 1,484 (07) Transporte, armazenagem e correio 0,336 1,583 (08) Intermediação financeira 0,319 1,467 09 (APU) 0,000 1,000 (10) Outros serviços 0,743 2,154 Fonte: Elaboração dos autores Os setores com valores maiores que 1,00 indicam efeitos mais que proporcionais na economia, ou seja, para cada unidade monetária gerada no próprio setor, são geradas mais do que uma unidade monetária no restante da economia. Vale destacar que as indústrias relacionadas ao agronegócio fazem parte da indústria de transformação. 7.2.2 Multiplicadores da renda Os multiplicadores de renda permitem quantificar a renda gerada, em todos os setores, para cada unidade monetária de renda obtida em um determinado setor devido ao seu aumento de produção necessário para atender a variação em uma unidade de sua demanda final. Algebricamente, tem-se o multiplicador tipo I: MR j a n 1,i bij a n 1, j n (29) i 1 onde: a n 1,i corresponde aos elementos da linha dos coeficientes de remuneração das famílias bij representa os elementos da inversa de Leontief sem a endogeneização do consumo doméstico das famílias. E o multiplicador do tipo II: n M R j a n 1,i bij a n 1, j i 1 (30) onde: 64 a n 1,i corresponde aos elementos da linha dos coeficientes de remuneração das famílias b ij representa os elementos da inversa de Leontief, considerando o consumo doméstico das famílias endogenamente. QUADRO 15 -MULTIPLICADORES DE RENDA PARA O MS Setores 01 Agropecuária 02 Indústria extrativa 03 Indústria de transformação 04 SIUP 05 Construção civil 06 Comércio 07 Transporte, armazenagem e correio 08 Intermediação financeira 09 APU 10 Outros serviços Tipo I 0,169 Tipo II 0,554 0,019 0,151 0,072 0,199 0,041 0,174 0,064 0,387 0,104 0,517 0,096 0,359 0,117 0,243 0,097 0,333 0,063 0,638 Fonte: Elaboração dos autores A capacidade de geração de renda, em valores absolutos, depende da quantidade de pessoas ocupadas e do nível dos salários pagos pelo próprio setor e daqueles diretamente relacionados à ele. Verifica-se que, dentre os setores, o agropecuário possui o multiplicador mais elevado. Mostrando assim, sua importância econômica, enquanto geradora de renda. Entretanto, para todos os setores este valor é baixo, isto sugere que são atividades que pagam relativamente baixos salários aos seus empregados, apesar de empregarem elevado número de pessoas diretamente. 65 7.2.3 Multiplicadores do emprego Os multiplicadores do emprego permitem determinar o número de empregos gerados na economia como um todo, para cada emprego gerado no setor de interesse, ou seja, quantos empregos indiretos são gerados para cada emprego direto gerado. Embora juntamente analisados na economia, os multiplicadores do emprego de cada setor não devem ser confundidos com o gerador de empregos de cada setor. Estes últimos dizem o quanto de emprego é gerado dentro de cada setor, ao atender a sua demanda final em uma unidade. O multiplicador de emprego tipo I para um determinado setor j é dado por: ME j wn 1,i bij wn 1, j n (31) i 1 onde: wn1 é o número de empregos gerados por unidade monetária produzida bij representa os elementos da Inversa de Leontief sem a endogeneização do consumo doméstico das famílias. O multiplicador de emprego tipo II: n M E j wn 1,i bij wn 1, j i 1 (32) onde: wn1 é o número de empregos gerados por unidade produzida bij representa os elementos da Inversa de Leontief, considerando o consumo doméstico das famílias endogenamente. De acordo com o quadro 16, observa-se que todos os setores apresentam baixa capacidade de multiplicação do emprego na economia. Este resultado pode ser atribuído a baixa produtividade do trabalho, ou seja, emprega-se muitas pessoas diretamente para geração de pequeno volume de produção e, consequentemente, resulta em baixa capacidade de multiplicação do emprego na economia. Lembrando que o setor agropecuário apresenta-se como o de maior expressão, mostrando, portanto, sua importância enquanto gerador de emprego para a economia. 66 Setores que apresentam baixa capacidade de multiplicação do emprego na economia, se destacam pela elevada capacidade de geração direta de postos de trabalho. Tais atividades empregam maior número de pessoas diretamente, para gerar a produção necessária para atender sua demanda final. Isto sugere a importância de se investir nestas atividades, pois além de exercerem influência na economia do estado, também contribuem positivamente para a geração de empregos diretos em Mato Grosso do Sul. QUADRO 16 - MULTIPLICADORES DE EMPREGO PARA O MS Setores Agropecuária Tipo I 0,016 Tipo II 0,049 Indústria extrativa 0,002 0,006 (03) Indústria de transformação 0,006 0,020 (04) SIUP 0,003 0,008 (05) Construção civil 0,007 0,044 (06) Comércio 0,009 0,050 (07) Transporte, armazenagem e correio 0,009 0,030 (08) Intermediação financeira 0,010 0,019 (09) APU 0,008 0,020 (10) Outros serviços 0,005 0,052 (01) (02) Fonte: Elaboração dos autores Cabe destacar que como os setores estão agregados, não é possível destacar quais produtos nestes setores são responsáveis pelos efeitos multiplicadores de renda, emprego e produto. 8 CONCLUSÃO 67 À medida que uma economia se desenvolve, a participação da agricultura e pecuária no PIB diminui e um contingente cada vez menor da força de trabalho depende diretamente das atividades primárias, o que não implica em redução da importância do setor, e sim, conduz à mudança de ênfase quanto aos papéis da agricultura no crescimento e desenvolvimento sócioeconômico. Cabe destacar que quando se compara a participação do setor agropecuário em relação ao PIB no Estado de Mato Grosso do Sul, este apresenta uma taxa superior à brasileira. Mostrando assim a importância deste setor para a economia do Estado. O produto de maior destaque, para a composição do PIB agropecuário são os bovinos representando aproximidamente 78%. A mensuração dos índices puros de ligações permitiu identificar diversos setores-chave na estrutura produtiva do estado, sendo alguns deles, atividades primárias e outros diretamente relacionados a estas, o que vem a confirmar a importância das atividades agrícolas no que diz respeito ao fornecimento de matéria-prima para o abastecimento da indústria. Os resultados do trabalho demonstram forte relação entre as economias do Mato Grosso do Sul e do restante do país, com forte dependência de insumos importados das demais regiões brasileiras. Ademais, parte considerável da produção agropecuária é exportada do Estado, tornando-se claro, portanto, que investimentos em infra-estrutura são de vital importância para a manutenção do crescimento econômico de Mato Grosso do Sul. Além disso, os efeitos das diferentes estruturas tributárias em cada estado do país dificultam sobremaneira as relações interregionais, gerando custos adicionais ao sistema produtivo, de modo que as políticas públicas destinadas ao investimento em infra-estrutura de transportes e abastecimento, bem como daquelas voltadas à harmonização do sistema tributário, contribuiriam para a manutenção das elevadas taxas de crescimento observadas no Estado de Mato Grosso do Sul nos últimos anos. No entanto, nos últimos anos o Mato Grosso do Sul vem passando por diversas alterações em seu perfil econômico, tanto no que se relaciona aos setores de destaque quanto à distribuição de cada atividade dentro destes setores, o que perfaz a necessidade de que estudos 68 mais atuais e mais aprofundados sejam realizados visando captar tais alterações e demonstrar sua importância diante da adoção de políticas públicas e privadas setoriais. 9 SUGESTÕES DE ANÁLISES E ESTUDOS FUTUROS Algumas análises adicionais a serem realizadas a partir da matriz insumo-produto seriam os choques de demanda final, para verificar quais as principais alterações na estutura produtiva do estado, em decorrência de alterações nos principais componentes da demanda final, a saber: exportações, investimentos, gastos do governo e consumo das famílias. Além dos choques é possível realizar a mensuração destes impactos, de modo a projetar possíveis cenários que possam servir de subsídio de planejamento e formulação de políticas para um determinado setor da economia. Estas mensurações podem ser realizadas utilizando os indicadores e multiplicadores calculados. Cabe ressaltar que, devido às especificações metodológicas e ao bancos de dados disponíveis, não é possível produzir uma matriz de insumo-produto com os setores do agronegócio desagregados. A questão metodológica passa pelo cálculo da matriz de Leontief que admite matrizes quadradas (com mesmo número de linhas e coluna) diferente das Tabelas de Recursos e Usos que permitem a produção de matrizes retangulares. As questões relativas ao bancos de dados, as bases estão disponíveis com o agronegócio agregado. São elas: PNAD e Tabelas de Recursos e Usos do Brasil (mesmo havendo desagregação na linha não há desagregação na coluna). Dessa forma, para desagregar às atividades torna-se imprescindível uma pesquisa primária em todos os elos da cadeia para cada setor. E a partir deste resultado construir a MIP produto X produto. Finalmente, uma sugestão para realização de estudos futuros, seria a construção de uma matriz para cada cadeia produtiva. Para tanto, poderia se mapear as cadeias produtivas da soja, milho, aves, cana, silvicultura, pecuária dentre outros; mensurar os coeficientes de produção de cada setor; calcular o consumo intermediário entre os setores; identificar os setores-chave correlacionados ao setor e analisar a composição do produto do setor analisado, taxas de variação de produção, emprego, exportações e importações e impostos. E ainda, vale ressaltar que os 69 resultados obtidos pela MIP e TRU se refere ao ano de 2008, portanto, é de suma importância uma nova edição com uma base de dados mais atualizadas. 10 REFERÊNCIAS ABRAF. Anuário estatístico da Abraf: Ano base 2011. Brasília. 2012. BRASIL. 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