A Religião Céltica: Irlanda

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A Religião Céltica: Irlanda
Templo de Avalon - Caer Siddi
A Religião Céltica: Irlanda
Templo de Avalon - Caer Siddi : Registros de Belloṷesus
Publicada por Rowena em 12/1/2013
Os textos irlandeses mais ricos são:
a) o Lebor Gabála Érenn (“Livro das Invasões de Ériu”);
b) as duas versões e as três redações do conto intitulado Cath Maighe Tuireadh (“A Batalha da
Planície dos Pilares”);
c) o grupo de textos chamados Tochmarc Etaine (“A Corte a Étain”), Altrom Tighe Da Medar
(“Nutrição da Casa do Dois Cálices”), Aislinge Óengusso (“O Sonho de Oengus”);
d) todos os textos do ciclo épico de Ulster, dos quais o principal é o Táin Bó Cúalnge (“Ataque às
Vacas de Cualnge”), juntamente com uma dúzia de remscéla (“contos preliminares” ou “prelúdios”);
e) por fim, embora de menor importância, os textos do mais tardio ciclo de Find mac Cumail
(Fiannaidheacht), algumas vezes chamado ciclo ossiânico (de Oisin ou Ossian, filho do herói Find),
que narra as aventuras do Fianna, grupo de cavaleiros seguidores de Find que viviam à margem da
sociedade.
A mitologia irlandesa fundamenta-se nas cinco “invasões” míticas da ilha, que os fili transformaram
em história. Cinco raças ocupam e tomam Ériu, cada uma delas cedendo lugar à seguinte depois de
um cataclismo, epidemia ou grande batalha. Desse modo, sucederam-se (1) a raça da Partholon, (2)
a de Nemed (“sagrado”), (3) a dos Fir Bolg (“homens de Bolg/Builg/Bolga/Bulga” [relâmpago]), (4) as
Tuatha Dé Danann e, por fim, (5) os Goidil (ancestrais dos atuais irlandeses). Derrotadas em
batalha pelos Goidil, as Tuatha Dé Danann refugiam-se nos montes funerários megalíticos, nas
colinas e sob os lagos de Ériu.
O relato fundamental da mitologia céltica irlandesa é o Cath Maighe Tuireadh (“A Batalha da
Planície dos Pilares”), que narra a luta dos deuses hibérnicos, ou Tuatha Dé Danann, contra os
gênios opressores e destruidores que são os Fomoiri.
Depois de uma primeira batalha contra os Fir Bolg, que lhes concedeu a soberania, as Tuatha Dé
Danann são obrigadas a aceitar um rei meio-fomor, Bres, pois seu próprio rei, Nuada, teve seu
braço direito decepado na batalha. Porém Bres, um mau soberano, sofre a sátira de um file (Cairpre)
e é obrigado a devolver a soberania. Esta é entregue a Nuada, que traz agora um braço de prata.
Bres chama em sua ajuda os Fomoiri que, provenientes da Escandinávia, invadem Ériu. As Tuatha
Dé Danann se salvam graças à intervenção de Lug (também meio-fomor), que organiza o combate,
convocando todos os “sábios” de Ériu: druidas, guerreiros, copeiros, poetas, videntes, artesãos,
entre outros. Depois de uma enorme batalha, os Fomoiri são derrotados e Bres, para salvar sua
vida, devolve a prosperidade a Ériu.
Esse relato, o correspondente céltico da guerra germânica entre Æsir e Vanir ou do conflito grego
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entre Deuses e Titãs, pode ser considerado um mito sobre a origem do mundo e, ao mesmo tempo,
traz uma profecia sobre os últimos tempos. Seu cerne, em essência, é o tema da soberania
legitimada por uma conquista violenta e guerreira.
O mesmo tema também inspira o ciclo de Étain (ou Eithne), rainha de Ériu e do Outro Mundo,
dividida entre a soberania divina e a soberania humana, depois entre o paganismo e o cristianismo.
A guerra, apesar da frequência e da ferocidade das batalhas, não é senão um elemento acessório.
Não obstante a pulverização dos motivos mitológicos e a multiplicidade dos nomes divinos, a
mitologia irlandesa cristaliza-se fortemente em torno de concepções que se ligam à primazia da
autoridade espiritual e da soberania da classe sacerdotal.
Os temas especificamente guerreiros (e também míticos) concentram-se no ciclo épico, cuja
principal narrativa, o Táin Bó Cúalnge (“Ataque às Vacas de Cualnge”), conta a guerra empreendida
por Medb, rainha de Connacht, aliada às outras províncias de Ériu, contra Ulaid, pela posse de um
touro divino, o Castanho de Cualgne, que lhe fora recusado. O campeão de Ulaid, Cú Chulaind,
defende sozinho a fronteira de sua província e impõe à rainha Medb um acordo pelo qual um
guerreiro será enviado a cada manhã ao vau que separa as duas províncias. Na maior parte, essa
Ilíada irlandesa narra os combates de Cú Chulaind contra um só adversário (combates singulares) e
suas vitórias. Assim como Hêraklês é filho de Zeus, Cú Chulaind é filho de Lug e, embora seja rei
dos guerreiros, não é um soberano.
Os escribas cristãos que redigiram os relatos mitológicos alteraram-nos em alguns pontos.
Suprimiram quase sempre tudo que dizia respeito ao ritual, aos sacrifícios e às doutrinas contrárias
aos ensinamentos bíblicos. Mesmo assim, o episódio que se segue, inserido no conto
Siarburcharpat Conculaind (“A Carruagem-Fantasma de Cú Chulaind”) revela o que sentiam os
irlandeses cristianizados: quando Pádraig tentou converter Lóegaire, rei de Temhair, este
demonstrou um má-vontade obstinada. Exigiu, para acreditar em Cristo, que o santo lhe fizesse ver
Cú Chulaind. E o portento aconteceu: Cú Chulaind aparece, totalmente armado, com sua
carruagem, cavalos e cocheiro. O teimoso rei é forçado à conversão pelo herói, que lhe descreve as
delícias do Paraíso e os sofrimentos do Inferno.
Bellovesos /|
Belloṷesus Īsarnos
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