4 Faap Online - Caminho de Abraão

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4 Faap Online - Caminho de Abraão
Caminho de Abraão
Por Luiz Alberto Machado
Vice-diretor da Faculdade de Economia
“De todos os meios de comunicação que temos, nenhum deles dá conta
de informar tudo o que eu aprendi neste caminho: ‘quem faz o caminho
é o caminhador’.”
Maria Tereza de Oliveira Audi
Há dois ou três anos, fui convidado pela Câmara de Comércio Árabe
Brasileira para uma reunião-almoço que tinha como principal atração uma
palestra do professor William Ury, do Departamento de Mediação de Conflitos
da Universidade de Harvard, sobre um projeto ainda embrionário chamado
“Caminho de Abraão” (detalhes do projeto no Box nº 1).
Saí de lá bem impressionado com o que havia visto e ouvido e imaginei quão
interessante seria participar de um projeto como aquele.
No início do segundo semestre de 2009, ao chegar à FAAP para ministrar
suas aulas no curso de Relações Internacionais (RI), o professor William
Waack passou pela minha sala e tive oportunidade de contar a ele um pouco
do que tinha vivenciado no mês de julho, quando coordenei a Missão
Estudantil da FAAP à China e Hong Kong. Impressionado com o meu relato,
William Waack me perguntou se eu já tinha ouvido falar do “Caminho de
Abraão” e, diante de minha resposta afirmativa, ele comentou que seria
interessante organizar uma missão acadêmica composta por alunos e
professores da FAAP para realizar pelo menos parte do trajeto do projeto
original. Seria uma forma de proporcionar aos alunos – principalmente os de
RI – uma oportunidade única de conhecerem de perto uma das regiões mais
conflituosas da agenda internacional. Em síntese, seria um verdadeiro curso
de política internacional ao vivo.
Sem perder tempo, perguntei a ele se toparia ir numa eventual missão na
condição de coordenador. Diante da resposta afirmativa dele, iniciei
imediatamente os entendimentos com o capítulo brasileiro da Iniciativa
“Caminho de Abraão” com vistas à organização de uma missão a ser
realizada no recesso do carnaval. Dessa maneira, os alunos e professores
que se interessassem em participar não teriam qualquer interferência em
suas atividades acadêmicas. Porém, por outro lado, haveria necessidade de
se montar um roteiro reduzido, concentrado principalmente em localidades
que fazem parte do trajeto percorrido há 4.000 anos por Abraão e que
dessem uma boa noção do conflito envolvendo israelenses e palestinos.
Iniciativa “O Caminho de Abraão”
O objetivo do projeto “O Caminho de Abraão” é apoiar a abertura
de uma extensa rota de turismo cultural e histórico que visa refazer
a jornada de Abraão (Ibrahim) pelo Oriente Médio há cerca de
4.000 anos. Esse resgate é uma homenagem às culturas judaica,
cristã e muçulmana, que têm Abraão como seu patriarca comum.
O Caminho de Abraão é, sobretudo, uma plataforma para o
desenvolvimento do turismo sustentável e um catalisador para o
desenvolvimento pacífico e para a prosperidade econômica
regional. Enquanto destino turístico, o Caminho tem o potencial de
promover, também, o encontro entre pessoas e o diálogo entre
culturas diversas, o desenvolvimento comunitário, a formação de
lideranças jovens, a preservação do patrimônio histórico e do meio
ambiente e uma imagem positiva da região na mídia, destacando a
hospitalidade
de
seu
povo.
Com 1.200 quilômetros (700 milhas) ao todo, o Caminho vai ligar
paisagens deslumbrantes, sítios históricos e locais sagrados do
Oriente Médio em um único percurso de rara beleza e
incomparável interesse. A rota proposta tem início nas ruínas de
Harran, local onde, se acredita, Abraão ouviu pela primeira vez o
chamado de Deus. O Caminho se estende por todo o Oriente
Médio e inclui cidades históricas como Alepo, Damasco, Jericó,
Nablus, Belém e Jerusalém, contemplando ainda regiões de
grande riqueza natural e cultural como as colinas do Líbano, a
região de Ajloun da Jordânia e o deserto de Grajev, em Israel. No
trajeto, encontram-se alguns dos locais mais sagrados do mundo.
O ponto alto é a cidade de Hebron/Al Khalil, local do túmulo de
Abraão. O Caminho será futuramente estendido para englobar as
idas e vindas de Abraão rumo ao Egito, Iraque e, para os
muçulmanos,
Meca
na
Arábia
Saudita.
O Caminho de Abraão é um projeto em andamento. O trabalho de
mapeamento está em execução e um guia de viagem está sendo
elaborado.
Extraído do livro Tirando os sapatos, de Nilton Bonder.
O percurso da Missão Acadêmica da FAAP
1º dia – 14 de fevereiro - Madaba (Jordânia)
O primeiro lugar a ser visitado pelos integrantes da Missão Acadêmica da
FAAP foi a igreja ortodoxa grega de São Jorge, com seu mapa de mosaico, o
mais antigo do mundo, da Terra Sagrada.
Em seguida, visitamos o Parque Arqueológico de Madaba e o Museu de
Madaba, nos quais pudemos observar mais trabalhos em mosaicos datados
de muitos séculos atrás.
Após o almoço no tradicional restaurante Haret Jdoudna, um dos melhores da
culinária típica jordaniana, seguimos direto para a fronteira com a Cisjordânia,
num trajeto de aproximadamente 3 horas, até a fronteira em Sheik Hussein.
A passagem pela fronteira marcou o primeiro momento de tensão da viagem,
já que um dos integrantes da missão foi retido pela polícia israelense para
averiguação, o que fez com que todo o grupo permanecesse por quase uma
hora num clima de enorme preocupação e ansiedade, como pode ser visto no
relato da professora Sonia Helena dos Santos, assessora pedagógica da
Faculdade de Artes Plásticas.
Depoimento da professora Sonia Helena dos Santos
A expectativa era muito grande. Imagine! Viajar para a Palestina,
que aventura!
Já na chegada, especialmente na fronteira da Jordânia com a
Palestina, controlada pelo Estado de Israel, o contato com a
realidade começou a mostrar o que nos esperava. Daí em diante, a
angústia e o sentimento de impotência foram aumentando. O que
vi foi um país devastado em todos os aspectos. Pessoas que
perderam seu bem maior: a liberdade, com muito pouca
possibilidade de planejar o próprio futuro. Uma invasão arbitrária,
como se alguém, do nada, entrasse na sua casa e se instalasse
sem conversa, sem justificativa, enfim, sem permissão. Famílias
cercadas por outras famílias, vivendo num permanente clima de
tensão, que, em outro contexto, poderiam compartilhar os locais de
trabalho, os supermercados, as escolas, e as áreas de lazer. Ao
contrário, o lado forte controla e domina o lado fraco, de uma forma
desumana e humilhante. Garotos agindo de forma truculenta,
contra homens, mulheres e crianças sem a menor chance de
defesa. Acredito que na maioria das vezes esses garotos não têm
a exata medida dos seus atos. Tudo isso orientado e estimulado
por um grande conflito religioso, que, a rigor, deveria ser o fio
condutor para superar as diferenças.
Não foi uma viagem de contemplação, como as que geralmente
costumamos fazer, onde o belo e o novo quase sempre se
impõem. Foram momentos de tensão, medo, quase pavor, revolta,
mas, ao mesmo tempo, a oportunidade para uma grande reflexão
sobre valores e prioridades. Apesar de tudo e de todos, aquelas
pessoas não desistiram da vida. Ficou evidente o esforço daquela
sociedade na busca de soluções, de forma que possam recuperar
o seu bem maior - a liberdade.
Para mim foi um grande presente ter, de alguma forma, participado
dessa jornada na busca de dias melhores.
Superado o impasse, seguimos com destino a Nablus, onde fomos
recepcionados por Hijazi Eid, guia e coordenador da Iniciativa Caminho de
Abraão na Palestina, que fez uma rápida apresentação sobre a viagem e a
programação do dia seguinte.
2º dia – 15 de fevereiro – Nablus // Awarta (Palestina)
Logo pela manhã fomos conhecer Nablus, uma importante cidade na
Cisjordânia, que já foi a primeira capital do Reino de Israel e é, atualmente,
um importante centro cultural e comercial palestino, que abriga cerca de 300
samaritanos entre os 134.100 habitantes.
As atividades da manhã incluíram uma visita à comunidade dos samaritanos
e às ruínas de Tel Balata – Sichem, que acreditam ser o local aonde Abraão
edificou um altar para Deus depois de partir para Canaã. De acordo com a
comunidade, ele nunca deixou a região de Nablus. Durante a visita à
comunidade dos samaritanos, assistimos a uma explanação do líder e
sacerdote Rabbi Hussni, sobre as tradições e atividades dos samaritanos,
cujo número vem sofrendo acentuada queda com a passar dos anos.
Por volta do meio-dia, nos dirigimos à Tomorrow’s Youth Organization, uma
organização não governamental (ONG) que atua nas áreas carentes do
Oriente Médio preparando crianças, jovens e seus parentes para assumirem
uma posição ativa e desenvolverem o senso de responsabilidade como
membros de suas respectivas comunidades.
A unidade de Nablus foi a primeira a ser instalada na região norte do West
Bank e seu trabalho obedece três princípios básicos:
 Respeito aos valores da infância, baseado na Convenção das Nações Unidas e
nos Direitos da Criança;
 Visão holística do indivíduo, da família e da comunidade
 Crença no poder da cooperação para unir pessoas na e entre comunidades.
À tarde, visitamos o poço de Jacó localizado no Monastério Ortodoxo, que é
associado às tradições católica, judaica, muçulmana e samaritana, seguindo
então para o vilarejo de Awarta, local de grande hospitalidade ao longo da
trilha proposta pelo Projeto Caminho de Abraão. Fomos recepcionados pelo
prefeito Hassan Abu Rezeq e também por Om Ahmad que é coordenadora do
centro de mulheres. A senhora Ahmad perdeu um filho no conflito e dedica a
sua vida a apoiar mães que sofreram a mesma tragédia, mas que pretendem
paz ao invés de vingança. O prefeito nos deu uma rápida explicação sobre o
vilarejo, que foi um importante centro de samaritanos entre os séculos IV e
XII.
Encerrada a reunião, fomos divididos e encaminhados às casas das famílias
previamente selecionadas para nos alojarem. Pudemos, então, ter a primeira
demonstração da incrível capacidade de bem hospedar, independentemente
da condição sócio-econômica de cada família. Os relatos na manhã seguinte
foram unânimes, dando conta da fartura e qualidade da comida e da
importância da experiência vivenciada por todos os integrantes da missão, já
que a possibilidade de conviver com os habitantes locais significou uma
oportunidade inigualável para conhecermos um pouco de seus costumes e
hábitos. Raphael Gheneim de Camargo, aluno do 5º semestre de RI
observou: “Pudemos compreender, vivenciar o processo de tirar os sapatos.
Saímos do habitual, nos desapegamos dos padrões e dos moldes prédefinidos para conhecer uma nova realidade e assim tentar interpretá-la
através de nossas próprias lentes”.
3º dia – 16 de fevereiro – Awarta // Aqraba // Jerusalém (Israel)
Logo depois de nos reunirmos na manhã seguinte, fizemos uma longa
caminhada de mais de quatro horas pelo terreno montanhoso de Awarta, que
se iniciou com uma observação de pássaros na região de Jebel Urme. Essa
observação de pássaros foi guiada por Imad el Atrash, membro da Sociedade
de Preservação da vida selvagem da Palestina, importante líder comunitário e
organizador de projetos de turismo e paz na região norte da Cisjordânia.
Dando sequência à caminhada, dirigimo-nos até a vila de Aqraba, local citado
diversas vezes na Bíblia como Akrabbim, a fronteira ao sul da Terra
Prometida. Fomos recepcionados por Abu Essam, prefeito da municipalidade,
que além de nos dar algumas explicações sobre a vida e as principais
atividades lá desenvolvidas, ofereceu-nos um saboroso almoço.
De lá, partimos de ônibus para Jerusalém, onde chegamos no final da tarde.
Depois de nos instalarmos no Jerusalem Hotel, reunimo-nos com dois
integrantes do staff local da Iniciativa Caminho de Abraão, Raed Sa´adeh e
Frederic Masson, que nos forneceram algumas informações sobre a cidade e
a programação a ser lá desenvolvida.
Em seguida, tivemos duas gratas surpresas:
A primeira foi uma palestra interessantíssima proferida por um integrante do
grupo Breaking the silence (Quebrando o silêncio), constituído de exintegrantes do exército israelense que dão testemunhos de sua atuação
durante o período em que prestaram serviço em Hebron.
A segunda foi um encontro com o professor William Ury, idealizador do
Projeto Caminho de Abraão, que nos explicou as razões que o levaram a
desenvolver a referida iniciativa. Tendo tomado conhecimento da Missão da
FAAP, ele fez questão de conciliar a data de uma de suas visitas à região, a
fim de nos encontrar e nos dizer de sua satisfação em ter um grupo pioneiro
de brasileiros participando do projeto. Casado com uma brasileira, William Ury
disse que o brasileiro encarna melhor do que ninguém o espírito dom projeto,
por se tratar de um povo hospitaleiro, alegre e comunicativo.
4º dia – 17 de fevereiro – Jerusalém (Israel)
O dia todo foi dedicado à visita de Jerusalém, a cidade sagrada de todos os
filhos de Abraão. É a capital declarada (mas não reconhecida pela
comunidade internacional) de Israel e sua maior cidade. Segundo a tradição
judaica, Jerusalém foi fundada por Sem (filho de Noé) e Éber (bisneto de
Sem), antepassados de Abraão. A cidade guarda muitos tesouros das
tradições judaica, católica e muçulmana e é centro espiritual desde o século X
a.C..
Na parte da manhã, visitamos a Cúpula da Rocha, um dos mais
emblemáticos pontos de Jerusalém. Também conhecido por Mesquita de
Omar, este templo em Jerusalém é o mais antigo monumento islâmico em
existência. O nome do templo é derivado da rocha sobre a qual a mesquita foi
construída, que é sagrada tanto para os muçulmanos quanto para os judeus.
Segundo a tradição muçulmana, o profeta Maomé, fundador do islamismo,
ascendeu aos céus onde a rocha está situada. Os judeus acreditam que esta
rocha foi o local onde o patriarca do povo judeu, Abraão, preparou-se para
sacrificar seu filho Isaac. Construída sob o espaço outrora ocupado pelo
Grande Templo, representa, para os muçulmanos, o terceiro local mais
sagrado, depois de Meca e Medina.
Logo após, visitamos a maior mesquita de Jerusalém, a Mesquita de Al Aqsa
e sua esplanada, na companhia do sheik Mazin Ahram. Um sheik no universo
muçulmano é um sábio. Um consultor e guia espiritual. O sheik Ahram é
conhecido por seu discurso pacifista e conciliador.
Na sequência, visitamos o Muro das Lamentações, local mais sagrado do
judaísmo.
O período da tarde foi dedicado à visita da parte cristã da cidade antiga, onde
percorremos a Via Dolorosa, constituída dos 14 pontos da Via Crucis,
culminando no Santo Sepulcro.
À noite, tivemos oportunidade de conversar com George Rishmawi, integrante
do Siraj Center for Holy Land Studies, um dos parceiros locais da Iniciativa
Caminho de Abraão.
5º dia – 18 de fevereiro – Jerusalém (Israel) // Hebron (Cisjordânia)
Saímos bem cedo com destino a Hebron, cidade na Cisjordânia, sob
ocupação de Israel, na terra de Judeia, com população árabe e judia. Na
cidade encontram-se os túmulos de túmulos de Abraão, Isaac e Jacó.
Importante ressaltar que Hebron é a cidade Palestina que mais sofreu com
conflitos entre colonos israelenses e a população palestina sendo, portanto,
um local de relevante importância para o entendimento do conflito.
Na chegada à cidade, fizemos uma rápida visita a uma fábrica de vidro e
cerâmica. Em seguida, estivemos no Comitê de Reabilitação de Hebron, onde
tivemos oportunidade de ouvir uma excelente explanação sobre o trabalho de
reconstrução que vem sendo realizado na cidade, feita pelo diretor de
relações públicas Walid S. Abu Alhalaweh. Fomos também apresentados a
Emad A. Hamdan, diretor geral da entidade.
Visitamos, na sequência, o túmulo de Abraão, primeiro pelo lado da Sinagoga
e depois pelo lado da Mesquita de Abraão. Como a edificação está dividida
em duas partes, a ida de um lado ou outro exige a passagem por um check
point, o que significa, inevitavelmente, um momento de tensão e ansiedade.
Dirigimo-nos em seguida à casa de uma família em que nos foi servido o
almoço. Situada no limite da área em que a cidade foi dividida, o local nos
permitiu ver a situação difícil em que vive a população que habita esta região
da cidade. Foi da varanda desta casa que tivemos a chance de nos deparar
com uma das cenas mais marcantes da viagem: dentro da zona militarizada
sob domínio de Israel, vimos um jovem soldado sair do banho e se dirigir á
sua barraca envolto numa toalha e carregando sua metralhadora.
As etapas seguintes incluíram uma visita à Associação Hebron-França, onde
ouvimos um breve relato dos trabalhos lá desenvolvidos, e uma fábrica
de kuffieh, típico xale palestino, também conhecido pelo nome de pashmina.
Logo depois, os integrantes da Missão da FAAP foram novamente divididos
para se dirigirem às casas de família onde jantaram e pernoitaram,
testemunhando novamente a extraordinária hospitalidade do povo palestino.
Visivelmente emocionada com a experiência vivida, Samantha Millais, aluna
do 6º semestre de RI e vice-presidente do Diretório Acadêmico Roberto
Simonsen, declarou: “Quando decidi ir nessa missão, sabia que iria para um
lugar novo, exótico e que estudaria de uma forma um pouco mais
aprofundada a questão do conflito entre Israel e Palestina. E realmente foi o
que aconteceu, mas não nas proporções em que esperava. A cada momento
e lugar da viagem, minhas expectativas foram se superando, num cenário
inacreditável e com uma riqueza histórica incomparável. Foi possível entender
melhor a cultura e o dia a dia das pessoas e ver a triste realidade em que elas
vivem, muitas vezes sem liberdade alguma, sendo prisioneiras em seu próprio
território, onde a violência e a tensão estão sempre presentes. Essa
experiência foi mais que uma viagem de estudos, foi uma lição de vida, de
poder ver, apesar de todo sofrimento desse povo, sorrisos e esperança no
olhar das pessoas por uma promessa de paz e uma vida melhor no futuro.”
6º dia – 19 de fevereiro – Hebron // Belém (Cisjordânia) // Tel Aviv (Israel)
Depois de tomar o café da manhã nas casas em que pernoitaram, os
integrantes da missão se encontraram e tomaram o rumo de Belém
(Bethelehem).
Belém é tida, pela maioria dos cristãos, como o local de nascimento de Jesus
de Nazaré. Visitamos a Igreja da Natividade, que é uma das igrejas mais
antigas ainda em uso no mundo. Sua estrutura foi construída sobre uma
caverna que a tradição cristã marca como o local de nascimento de Jesus. O
local é considerado sagrado tanto para o cristianismo quanto para o
islamismo.
Na sequência, visitamos a Universidade de Belém (Bethlehem University in
the Holy Land), a primeira universidade estabelecida na Palestina e a única
universidade católica na Terra Santa. Lá chegando, fomos recebidos pelo
professor Nabil Mufdi, doutor em administração hoteleira e por estudantes de
diferentes cursos oferecidos na universidade. O almoço, preparado e servido
pelos alunos do curso de administração hoteleira, com a supervisão do
professor. Logo em seguida, fizemos uma visita às instalações da
universidade, quando nossos alunos puderam interagir com jovens
universitários locais.
Antes de sair pela última vez do território palestino, a aluna Samara Conde
Figueiredo, do 5º semestre noturno de RI, comentou: “Na terra de ninguém,
nada se fala e tudo se observa, uma beleza natural toma conta dos turistas, e
mais do que isto, os estudantes da FAAP observam de perto um conflito
único, que há anos vem assolando a região”.
7º dia – 20 de fevereiro – Tel Aviv (Israel)
O último dia da Missão Acadêmica da FAAP foi dedicado a conhecer Tel Aviv.
Segunda maior cidade de Israel, abriga cerca de uma centena de sinagogas,
apesar de sua imagem de cidade secular. No breve tour pela área costeira da
cidade, tivemos oportunidade de avistar um de seus pontos mais famosos, a
Mesquita Hassan Bek, e de passar rapidamente pela conhecida zona de
Jaffa.
Ante à impossibilidade de visitar o Museu da Diáspora, por ser dia do shabat,
nome dado ao dia de descanso semanal no judaísmo, observado a partir do
pôr-do-sol da sexta feira até o pôr-do-sol do sábado, percorremos cerca de 50
quilômetros em direção a Cesarea (Caesarea), belíssima localidade que
abriga
as
ruínas
de
uma
importante
cidade
romana.
Situada na costa do Mar Mediterrâneo, entre Tel Aviv e Haifa, Cesarea foi
construída por Herodes há 2.000 anos e dedicada ao imperador romano
César Augusto. Hoje Cesarea é a segunda maior atração turística de Israel,
só
perdendo
para
Jerusalém.
No ano 6 da nossa era, Cesarea tornou-se o local de residência do
governador romano da região. Pudemos ver partes do aqueduto de 10
quilômetros que trazia água do Monte Carmel para a cidade. Cabe lembrar
que os engenheiros romanos eram especialistas em construir aquedutos, o
que lhes permitia construir cidades mesmo onde não havia água potável por
perto.
Como toda cidade romana, Cesarea também tinha um anfiteatro e um
hipódromo para as corridas de bigas e cavalos. O anfiteatro romano existe até
hoje e nele se realizam concertos e espetáculos ao ar livre. Nas escavações
do anfiteatro foram encontradas duas placas, uma com o nome Tiberium,
referente ao imperador romano Tibério, e outra com o nome Pilatus, referente
ao governador da Judéia no tempo de Jesus. Este achado é muito importante
por ser a única evidência arqueológica da existência de Pôncio Pilatus fora do
Novo Testamento.
Aprendendo como protagonistas
Por Luiz Alberto Machado
Há algum tempo, o colunista Clóvis Rossi escreveu em sua coluna
de “A Folha de S. Paulo” um artigo intitulado “A impunidade da
ignorância” em que fazia referência a outro artigo, do escritor
espanhol Rafael Argullol publicado por “El País”, relatando que
alguns dos melhores professores espanhóis estão se aposentando
“precipitadamente” por dois principais motivos: a progressiva
asfixia burocrática da vida universitária e o desinteresse intelectual
dos estudantes.
A semelhança com a realidade brasileira foi tamanha que o
referido artigo se alastrou pela internet de forma impressionante,
em especial entre a comunidade acadêmica.
Não vou me referir aqui ao primeiro dos dois problemas apontados,
embora reconheça na sua existência um fator desmotivador de
muitos colegas.
Quanto ao segundo fator, porém, faço questão de alertar para o
fato de que o desinteresse pode ser decorrente – e o é muitas
vezes – de metodologias arcaicas, que insistem em tratar os
alunos como elementos passivos do processo de aprendizagem.
Do alto de sua “douta” sabedoria, muitos professores insistem em
manter um estilo pedagógico em que só eles têm o direito de falar,
despejando volume de informação às vezes excessivo para o
período de que dispõem, esperando do aluno que permaneça
imóvel e em silêncio ouvindo o conteúdo que – para esses
professores – constitui-se no que de mais importante existe no
mundo.
Certamente, no afã de acumularem seu estoque de conhecimento
específico, não tiveram a oportunidade de conhecer um dito
atribuído ao velho Confúcio: “Eu ouço; eu esqueço; eu vejo, eu
lembro; eu faço, eu aprendo”.
Tendo a oportunidade de acompanhar a participação de muitos
estudantes em situações em que lhes é dada a chance de assumir
a postura de protagonistas, sou testemunha do excepcional papel
que eles são capazes de desempenhar, com um comprometimento
e uma determinação que têm me deixado orgulhoso e altamente
recompensado, na medida em que fui um dos idealizadores de
pelo menos dois desses instrumentos de aprendizagem na FAAP:
as simulações de organismos internacionais, como os Fóruns
FAAP, e as missões acadêmicas, das quais o “Caminho de
Abraão” foi a quinta experiência.
Como protagonistas, em vez de desinteresse, os estudantes
encontram espaço para mostrar sua inigualável energia, e com
perguntas oportunas e observações inteligentes, conseguem ser
verdadeiros mestres, levantando novas questões e forçando a
reflexão daqueles que, sem saber, encontram-se fechados na
redoma de um saber cristalizado e, não raras vezes, distante da
realidade.
Repercussão
Seguem-se mais alguns depoimentos de integrantes da Missão Acadêmica
da FAAP, assim como trechos de matérias publicadas por diferentes veículos
da
mídia.
“Uma experiência única! Mais do que a chance de conhecer os efeitos e
alegadas-razões para um dos mais incertos conflitos da atualidade, uma rara
oportunidade de conhecer, em profundidade, o povo vítima deste conflito. Os
palestinos são educados, gentis e extremamente hospitaleiros. Não se
parecem, sob nenhum aspeto, às ideias preconcebidas sobre eles. Esta
viagem foi mais do que uma oportunidade de conhecer uma terra rica em
heranças e tradições; foi também uma ótima oportunidade de avaliar o custo
social, econômico, psicológico, emocional e familiar de um conflito. Parabéns
à FAAP pela iniciativa.” (Elisabete de Almeida Meirelles, professora de Direito
Internacional
do
curso
de
RI)
“A viagem nos ajudou a entender a realidade do povo palestino que vive de
forma reprimida pelas políticas de ocupação do governo israelense, bem
como as políticas administrativas mistas entre israelenses e palestinos. A
missão nos mostrou os dois lados deste conflito, em que pudemos ter
entrevistas com soldados israelenses e dormirmos em casas de famílias
palestinas, o que nos permitiu compreender que este conflito é muito mais
complexo do que imaginávamos, uma vez que é muito difícil separar religião,
ideologia, cultura e política destes povos para chegar a uma forma pacífica de
convivência.” (Maria Carolina Lacombe, aluna do 5º semestre de RI)
Faap leva estudantes ao Oriente Médio no carnaval
Viagem é a quinta "missão estudantil"; alunos vão aprender ao vivo sobre
região de conflito
Carolina Stanisci - Especial para o Estadão.edu
SÃO PAULO - Dez estudantes do curso de Relações Internacionais da
Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) vão passar o carnaval entre a
Jordânia, a Cisjordânia e Israel, no projeto “Caminhos de Abraão”. É a quinta
edição da viagem batizada de missão estudantil que já levou alunos e
professores à China e aos Emirados Árabes.
Os estudantes embarcam no dia 12 rumo a Amã, capital da Jordânia, com o
jornalista da TV Globo William Waack, que é professor no curso de Relações
Internacionais, do vice-diretor da Faculdade de Economia, Luiz Alberto
Machado, e de outros professores da instituição.
Entre sábado e domingo, o grupo vai conhecer a capital da Jordânia. Na
segunda-feira, começa o trajeto que refaz o caminho do personagem bíblico
Abraão. O Caminhos de Abraão da Faap é inspirado num projeto incubado na
Universidade de Harvard depois transformado na ONG transnacional
Iniciativa Caminho de Abraão.
O programa refaz o trajeto do personagem bíblico pelo Oriente Médio, que é
berço das três maiores religiões monoteístas do mundo, o cristianismo, o
judaísmo e o islamismo, e tem como meta uma reflexão sobre a pacificação
da região.
Embora a viagem narrada na Bíblia tenha começado em Ur, na Mesopotâmia
(atual Iraque), o roteiro começa na cidade de Nablus, na Cisjordânia.
Os alunos e professores vão pernoitar em casas de famílias nos vilarejos de
Awara e Awarta, na Cisjordânia, e também vão visitar as cidades de
Jerusalém, Belém e Hebron, em Israel. O grupo também se reunirá com
lideranças locais, como prefeitos, reitores de universidades e dirigentes de
ONGs.
"Tudo o que sabemos sobre essa região vem do que lemos e do que
ouvimos falar. Sempre ficamos com a impressão de alguém sobre o lugar.
Será a chance de os alunos construírem uma visão própria da realidade", diz
Machado.
SEM APERTAR A MÃO
O grupo da Faap contará com o apoio dos guias da ONG, embora não vá
visitar exatamente os mesmos pontos do trajeto. O objetivo é transformar a
experiência em uma aula ao vivo. Para tanto, diz Machado, a presença de
William Waack foi primordial.
O professor, que também é apresentador de TV, tem experiência em
coberturas internacionais na região. “Ele se empenhou para que entrassem
no roteiro cidades como Hebron, palco de conflitos entre os colonos judeus e
palestinos, e também o Museu da Diáspora, em Tel Aviv”, conta.
Raphael Gheneim Camargo, de 20 anos, no 3º ano de Relações
Internacionais, é um dos que embarcam na próxima sexta e está cheio de
expectativas.
“Acho que vai ser tudo totalmente diferente do que eu posso esperar. Por
mais que eu costume viajar, não vou para esse tipo de lugar”, diz ele, que
como todos os participantes, desembolsou US$ 3 mil (R$ 5565) ao total para
a empreitada.
“Nos deram dicas. Para as meninas, falaram para andarem cobertas nos
vilarejos, para serem discretas e para não falarem com homens. Para os
meninos, falaram para a gente não oferecer a mão para apertar, pois pode
ofender.”
Camargo diz que seus avós maternos, libaneses, estão contentes com a
viagem do neto. "Eles falaram muito sobre Jerusalém, que é magnífica. Mas
ficaram com pena de não dar para eu dar um pulo no Líbano e ver nossos
parentes lá", brinca.
A viagem termina em Tel Aviv, e os estudantes voltam ao Brasil no dia 21. Em
julho de 2010, a previsão da Faap é fazer uma edição da missão estudantil no
Japão e na Coreia do Sul.
“Uma experiência de vida única e intensa, algo que jamais poderia ser
explicado por um livro. Antes de vir senti muita insegurança ao lembrar que
iria visitar uma cultura diferente; depois de vir, sinto que a diferença é
superficial e as semelhanças são muitas, somos todas pessoas curiosas por
entender o outro. Foi, acima de tudo, uma lição de respeito e humanidade.”
(Renata Koraicho Gonzaga, aluna do 4º semestre do curso de RI)
Estudantes fogem do Carnaval para se dedicar a projetos universitários
Enquanto uns passam o feriado em oficinas mecânicas, outros viajam para o
Oriente Médio
Amanda Polato, do R7
Carnaval é tempo de folia, mas não para todo mundo. Tem gente que decidiu
fugir da festa para se engajar em projetos extracurriculares da faculdade.
Estudantes de engenharia de todo o país passam o feriado em oficinas
mecânicas, construindo carros para uma competição universitária. Já os
alunos da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) decidiram conhecer
uma cultura distante: a dos países do Oriente Médio.
O aluno do terceiro ano de engenharia mecânica do Instituto Mauá de
Tecnologia, Edgar Sanches Moreno, não vê problema em perder o Carnaval
trabalhando:
- Construir carros é algo que eu gosto muito de fazer. Acho mais divertido que
o Carnaval. É um jeito de colocar em prática o que eu aprendo na faculdade.
Isso enriquece muito o meu conhecimento sobre a área.
O garoto é chefe de uma das 66 equipes que vão disputar a 16ª Competição
Baja SAE Brasil-Petrobras, que acontece entre os dias 25 e 28 de fevereiro,
em Piracicaba, no interior de São Paulo. Para a disputa, os estudantes têm
que construir um carro do tipo “off road”, que anda fora de estradas
pavimentadas e é chamado de Baja SAE.
Além da avaliação de projeto, por meio de relatórios e apresentação, os
carros serão submetidos a testes de tração, aceleração e velocidade máxima.
O último dia terá um enduro com quatro horas de duração, em pista de terra
cheia de obstáculos, em que a resistência dos carros será testada.
Renato Otto, o vice-diretor da competição, explica que a intenção do projeto é
contribuir com a formação dos futuros engenheiros, de uma forma
multidisciplinar.
- Um dos principais objetivos é colocar os alunos em um desafio que eles só
teriam na indústria. Além disso, esse projeto permite que os jovens aprendam
a trabalhar em equipe.
- Já estou acostumado a perder feriados, não ligo muito. Eu vou ser o piloto
do carro e preciso ainda treinar passar em obstáculos e fazer manobras.
A equipe do estudante, a Ecopoli, foi a campeã da última edição do
campeonato e chegou a representar o Brasil na disputa internacional, que
reúne mais de 90 equipes de diferentes países.
Viajar para aprender
Um grupo de 15 estudantes e professores da Faap embarcaram rumo ao
Oriente Médio para conhecer de perto a cultura, a história e geografia da
região, que é berço de três das maiores religiões monoteístas do mundo:
islamismo, cristianismo e judaísmo.
A viagem de estudos acontece entre os dias 13 e 21 de fevereiro e percorrerá
cidades da Jordânia, Israel e Palestina.
Nestes locais, o grupo participará de encontros com lideranças
governamentais, acadêmicas, religiosas e comunitárias. O professor de
economia e idealizador das missões estudantis na Faap, Luiz Alberto
Machado, explica que o objetivo é proporcionar aos estudantes uma
experiência bem diferente da viagem de turismo:
- Empresários e diplomatas estão acostumados a viajar para fazer uma
imersão na economia e na cultura de outros países e, assim, se aproximar
deles. Eles enfrentam agendas intensas e quisemos oferecer isso aos alunos
de vários cursos.
A aluna de relações internacionais Maria Carolina Lacombe estava ansiosa
para a missão.
- Meu objetivo é conhecer uma cultura completamente diferente. E é tão
diferente, que eu nem sei ao certo o que esperar.
A garota acredita que a experiência vai ser importante para sua formação
profissional e também pessoal:
- Pretendo trabalhar em organismos internacionais, então a viagem pode abrir
portas. Também acho que vai me ajudar a conhecer e aceitar mais as outras
pessoas. Sei que vou abrir mão de uma diversão, que é o Carnaval, mas essa
é uma oportunidade maravilhosa. Carnaval tem todo ano.
A Faap já realizou cinco outras missões, para países como os Estados
Unidos, Emirados Árabes e China. A expedição para o Oriente Médio é feita
em parceria com o projeto Caminho de Abrão, uma organização sem fins
lucrativos fundada na Universidade de Harvard.
Germano Lopes Assad, formado em jornalismo pela Universidade Positivo de
Curitiba, é primo de um aluno recém formado em RI, que só não participou da
missão pela coincidência com a data de sua colação de grau. Ao tomar
conhecimento da missão, porém, Germano mostrou enorme interesse em
dela participar. Sendo autorizado a fazê-lo, foi o único integrante do grupo
sem qualquer vínculo formal com a FAAP Suas palavras, no entanto, revelam
com precisão o sentimento de quase todos os que dela participaram:
“É difícil entender a complexa situação do Oriente Médio hoje, utilizando-se
apenas de embasamentos históricos e aulas teóricas. Mas quando se encara
a realidade de frente, os detalhes e as nuances aparecem – e cabe a cada
um distinguir fatos e políticas de ideologias ou partidarismos.
A missão FAAP possibilitou a convivência direta com palestinos e israelenses
comuns, autoridades locais, combatentes e especialistas no conflito e na rica
história da região, tudo isso com a tutela de um time de profissionais de
primeira linha que nos acompanhou e nos ensinou durante toda a viagem.
Volto com um acúmulo incrível de conhecimento, vários contatos e uma
vontade enorme de me aprofundar ainda mais nas questões vistas e
analisadas. Obrigado por tudo!”
Depoimento de William Waack, coordenador da Missão
Acadêmica da FAAP
É óbvio que ninguém precisa vivenciar de perto um conflito para
entendê-lo, mas a proximidade muitas vezes ajuda. Essa era a
idéia cercando a caminhada de um grupo de estudantes e
professores pela Palestina/Israel – aliás, a própria designação da
região (“Palestina”, “Israel”, “Territórios Ocupados”, “Judea e
Samaria”, “Grande Israel”) já causa dificuldades políticas e fere
suscetibilidades em mais de um lado. Fico aqui, portanto, com a
descrição geográfica: Cisjordânia ou West Bank.
Todos nós achamos que “sabemos” o que está acontecendo por lá.
Deve ser o conflito sobre o qual mais se ouviu falar na imprensa
nas últimas décadas. Nenhum outro, com certeza, dura há tantas
gerações. Mas o contacto direto com a realidade deixou claro
como nos escapa, na rotina do noticiário, a evolução da dimensão
humana do conflito palestino-israelense. Acho que essa dimensão
humana ficou estampada nas reações, nos comentários, nas
expressões de surpresa, de tristeza, de preocupação, em todos os
participantes da caminhada.
Acho que foi uma aula para todos nós de respeito ao ser humano,
às liberdades e direitos fundamentais. Especialmente os mais
jovens do grupo tiveram a oportunidade de ver de perto de como
os grandes desígnios da política e das relações internacionais
“determinam” os destinos de gente da idade deles – uns,
segurando armas. Outros, tratando apenas de tentar viver com um
mínimo de autodeterminação e dignidade. Ficou claro para mim,
observando os alunos, que eles não trataram de perceber a
realidade em termos de “culpados” ou “perseguidos”. Mas, sim, em
perceber aquilo ao que me referia acima: a dimensão humana, as
vezes impossível de ser suficientemente absorvida em sala de
aula.
Professores foram todos os que se encontraram com a turma
durante a caminhada pelo West Bank. Os soldados, os políticos, os
guias, os clérigos, os religiosos. A sombra de grandes
acontecimentos – e de narrativas bíblicas e religiosas –
acompanhou cada passo do grupo. Ao final, alguns dos alunos se
queixavam de excesso de informações, e eu não me refiro às
informações, digamos, “enciclopédicas” (datas, lugares, nomes).
Cada minuto respirado naquela região foi uma imensa informação.
Para mim, que já havia estado muitas vezes por lá, como
repórter,também foi uma aula. Inestimável, como acho que foi para
todos nós.
Figura 1 – Mosaico com o mapa de Jerusalém na Igreja Ortodoxa Grega de
São Jorge, em Madaba, na Jordânia.
Figura 2 – João Lucas Braz , Samara Conde Figueiredo, Renata Koraicho
Gonzaga e Raphael Gheneim de Camargo, observando o belo cenário da
estrada entre a Jordânia e a fronteira de Israel.
Figura 3 – Samantha Millais, o líder e sacerdote Rabbi Hussni, e o
coordenador da Iniciativa Caminho de Abraão na Palestina, Hijazi Eid, por
ocasião da visita à sede da comunidade dos samaritanos.
Figura 4 – As quatro alunas de RI, Renata Koraicho Gonzaga, Samara Conde
Figueiredo, Samantha Millais e Maria Carolina Lacombe, com crianças
palestinas da Tomorrow’s Youth Organization e sua diretora Suhad Jabi.
Figura 5 – Maria Carolina Lacombe entrega material institucional da FAAP ao
prefeito de Awarta, Hassan Abu Rezeq.
Figura 6 – Flagrante dos integrantes da Missão Acadêmica da FAAP e alguns
acompanhantes palestinos, numa parada durante a caminhada entre os
vilarejos de Awarta e Aqraba.
Figura 7 – Luiz Alberto Machado, vice-diretor da Faculdade de Economia,
William Ury, professor da Universidade de Harvard e idealizador do projeto
Caminho de Abrão, e William Waack, coordenador da Missão Acadêmica da
FAAP.
Figura 8 – Vista da Cidade Velha de Jerusalém, com destaque para o Muro
das Lamentações e a Cúpula da Rocha.
Figura 9 – As mulheres da Missão Acadêmica da FAAP, trajadas para entrar
na Mesquita de Al Aqsa.
Figura 10 – Integrantes da Missão Acadêmica da FAAP no interior da Cidade
Velha de Jerusalém.
Figura 11 – George Rishmawi, coordenador do Siraj Center for Holy Land
Studies, e Elisabete de Almeida Meirelles, professora da Faculdade de
Economia.
Figura 12 – Professor Luiz Alberto Machado, vice-diretor da Faculdade de
Economia, recebe a publicação institucional do Hebron Rehabilitation
Committee das mãos de seu diretor geral Emad A. Hamdan.
Figura 13 – Martha Leonardis, Vera Machado, Samara Figueiredo, Samantha
Millais, Maria Carolina Lacombe, Maria Tereza de Oliveira Audi, Renata
Koraicho Gonzaga, Elisabete Meirelles, Sonia Helena dos Santos e Luciana
Martins Cruz de Barros na Mesquita de Abraão, em Hebron.
Figura 14 – Imagem desoladora da parte da cidade de Hebron nos limites da
zona militarizada israelense.
Figura 15 – João Lucas Braz, mais conhecido como Birigui, ao lado de
estudantes da Universidade de Belém.
Figura 16 – Alunos de administração hoteleira da Universidade de Belém, que
prepararam e serviram o almoço aos integrantes da Missão Acadêmica da
FAAP.
Figura 17 – Vista geral das ruínas de Cesarea, com destaque para o
anfiteatro e o hipódromo.
Figura 18 – Já num clima de descontração, no último dia da Missão da FAAP.
Maria Carolina Lacombe e Raphael Ghaneim Camargo curtem a beleza das
ruínas
romanas de Cesarea.

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