Jornal do Sintuperj - Nº 51 - Janeiro

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Jornal do Sintuperj - Nº 51 - Janeiro
anos
Jornal do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais do Rio de Janeiro
Rua São Francisco Xavier, 524 - Sala 1020 - Bloco D - Maracanã - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20.550-013 | Ano IX - Nº 51 - Janeiro de 2015
Um coração que não bate
E
spaço reforto em transplante
mado, 12 leicardíaco. A unidatos em bom
de pronta. ‘Ah, mas
estado de conservaprecisa de médicos’.
ção e equipamenOs médicos tinham.
tos aparentemente
cadê os médicos?”,
novos. Tudo pronto
questionou.
para a reabertura
Por se tratar de
do Centro de Traum hospital-escola,
tamento Intensivo
os prejuízos com a
(CTI) Cardíaco do
inoperância do CTI
Hospital UniversiCardíaco do Hupe
tário Pedro Ernesto,
aumentam, trazencerto? Bom, ao que
do também barreiparece não. E funras à formação de
cionários do prónovos médicos e
prio hospital se perdemais profissionais
guntam o porquê do
da área da saúde,
CTI cardíaco ainda
que atuarão não soestar fechado. O lomente na instituical é destinado ao
ção, mas em todo o
acompanhamento
país. Ou seja, a falta
dos pacientes pósde uma boa gestão
-operatório.
setorial leva a deficiEm
entrevista
ências que podem se
concedida à Imrefletir muito além
prensa do Sintudos muros da uniEspaço reformado, equipamentos novos, sala de cirurgia em perfeitas condições. Mas o CTI Cardíaco do Hupe segue fechado.
perj, o servidor X,
versidade.
que preferiu não se identificar, abriu as díaco passou por uma reforma já conclu- Onde estão os funcionários do CTI
O servidor torce para que os órgãos
portas do CTI. Ele relatou que quando ída, mas que os prazos para a reabertura cardíaco?
responsáveis pela Saúde pública se mobio setor estava em funcionamento, eram do setor não foram cumpridos. “Falaram
lizem para a reabertura do CTI cardíaco.
realizadas de quatro a cinco cirurgias que ia funcionar em novembro, não fun“Tem vários pacientes na fila. Eu não “É uma desumanidade. Espero que a Ordiárias, mas que após o fechamento do cionou. Falaram que ia funcionar em estou falando de dezenas, não. Estou fa- ganização Mundial de Saúde, a Justiça de
setor esse número caiu para, no máximo, dezembro, não funcionou”, revelou. De lando de centenas de pacientes na fila. Eu saúde, sei lá, alguém se prontifique e bote
duas cirurgias por semana. “Eram quatro acordo com ele, os poucos pacientes que acho isso um descaso com a população o pé firme para funcionar isso aí. É uma
cirurgias por dia. Tinham duas cirurgias conseguem ser operados são encaminha- que precisa de uma unidade intensiva. indignação de pessoas, de profissionais”,
infantis na sexta-feira, era só cirurgia in- dos para a UTI Coronariana – utilizada Precisando de uma cirurgia cardíaca, que concluiu.
fantil. E de segunda a quinta eram cin- provisoriamente durante as obras no CTI é uma cirurgia de alta complexidade. Já
Procurada duas vezes pela Imprensa
co cirurgias, quatro cirurgias por dia. O cardíaco – para receberem os cuidados pensou você estar com um pai, uma mãe, do Sintuperj para falar sobre fechamento
doutor Waldir saiu, ficou em resumo de pós–operatórios. No entanto, ainda se- um parente querido, querer operar e um do CTI cardíaco, a direção do Hospital
duas por dia. E agora estão sendo duas gundo o servidor, este setor é destinado CTI de porte, com enfermeiros e técni- Universitário Pedro Ernesto não retorpor semana. E quando tem”, comparou.
a pacientes vítimas de infartos, angina, cos de enfermagem qualificados para nou às ligações. Vamos ver até quando
O servidor X ressaltou que o CTI car- dores toráxicas, dentre outros.
trabalhar tanto na cirurgia cárdica quan- vai o silêncio...
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Diretoria eleita do Sintuperj toma posse
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Pré-Vestibular Social: 2014, ano de muito
trabalho
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Sintuperj: Nova diretoria é empossada
Novos representantes estarão à frente do sindicato no quadriênio 2015-2018
Diretoria Executiva do Sintuperj, que estará à frente do sindicato pelos próximos quatro anos. A cerimônia de posse contou com a participação de servidores e autoridades.
A
nova diretoria do Sintuperj deu
início ao mandato para o quadriênio 2015-2018 nesta segunda-feira, dia 12 de janeiro. Os coordenadores tomaram posse em solenidade
realizada na Capela Ecumênica da Uerj,
e que foi acompanhada por servidores,
sindicalistas, militantes de movimentos
sociais, além de representantes de parlamentares.
A presidente da Comissão Eleitoral,
Dilza Melo, fez um agradecimento especial aos funcionários do Sintuperj pelo
suporte dado à comissão durante os trabalhos realizados em torno das eleições
do sindicato. Em especial a Leandro de
Oliveira, que foi destacado temporariamente para prestar auxílio a Comissão.
Dividindo mesa com os também membros da comissão, César Castro e José
Carlos, Dilza deu por encerrado os trabalhos da Comissão e convidou os coordenadores eleitos para assinarem o termo de posse.
Na sequência, os coordenadores gerais Jorge Luis Mattos (Gaúcho), Antônio
Virgínio e Regina de Souza, assumiram
a mesa e fizeram seus primeiros pronunciamentos como nova Diretoria Executiva do Sintuperj. Gaúcho agradeceu ao
trabalho dos companheiros que acreditaram na atuação do sindicato, e considerou o ano de 2014 como vitorioso para
os técnico-administrativos da Uerj. “Não
se tem notícia no país de um sindicato de
uma universidade que tenha arrancado
de uma vez só de um governo estadual o
que nós conseguimos aqui na Uerj”. Ele
acrescentou que, apesar da conquista,
ainda há avanços a serem conquistados,
como um plano único para as quatro
universidades estaduais. “A luta é dura,
mas não é impossível. E nós já provamos
isso aqui na Uerj. Em 2005, a Uerj ainda
não tinha Lei, tinha plano interno mas
não era por Lei. Quando todo mundo
dizia que era impossível, nós conseguimos fazer em 2005 um plano de cargos.
E quando todo mundo dizia ‘ah, esse plano não presta, esse plano é assim, assado,
tem que fazer outro’, nós conseguimos reformular um plano de cargos dentro do
Estado do Rio de Janeiro”, relembrou.
Por sua vez, Antônio Virgínio afirmou que “o que nós temos para frente
é muito trabalho, mas muito trabalho
mesmo. Também em questões internas,
como a da insalubridade. Fazer o fechamento desse plano que ainda tem coisas
para serem contornadas”. Ele reiterou a
importância da participação cada vez
maior dos servidores na lutas. “O sindicato somos todos nós. Não é o Virgínio. Não é o Gaúcho. Não é a Regina que
vão saber de tudo. Nós precisamos desse
retorno que vem da base com informações. Às vezes até como cobranças, mas
com cobranças fundamentadas que nós
temos que absorver e lutar para buscar
o resultado”, destacou. O coordenador
prevê muita luta tanto no âmbito das administrações das universidades como no
plano do governo estadual, prometendo
“dedicação, esforço, trabalho, respeito e
carinho para todos”.
Regina de Souza reiterou os agradecimentos aos funcionários do Sintuperj
a quem considerou “companheiros de
luta”. Ela ressaltou o trabalho desenvolvido pelo professor do Pré-vestibular comunitário do sindicato, Lívio Vieira, que
assumiu interinamente a coordenação do
preparatório em janeiro de 2014. A coordenadora ressaltou a importância da
escolha da Capela Ecumênica como local
para a realização da posse por ser “um
símbolo da democracia” em tempos de
intolerância religiosa e de etnia. “Todo
cidadão pode entrar aqui. Todas as religiões podem ser representadas aqui. Então,
este espaço é perfeito para que possamos
estar tomando posse”, afirmou. “Nós somos os representantes sindicais, mas se
cada um se doar um pouquinho nós conseguiremos alcançar os objetivos”, concluiu.
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Após a Comissão Eleitoral realizar os trâmites de posse da Diretoria Executiva, os coordenadores gerais do Sintuperj assumiram a mesa e conduziram a solenidade.
Mensagens de apoio
Durante a cerimônia, foram lidas algumas saudações recebidas pela Diretoria Executiva do Sintuperj. Entre elas, a
de Nival Almeida, reitor da Uerj entre os
anos de 2004 e 2008. Nival saudou a nova
diretoria e desejou que importantes conquistas sejam alcançadas pela entidade.
A deputada federal, Jandira Feghali
(PCdoB), também felicitou a nova direção e desejou um mandato de vitórias. Já
a deputada estadual, Enfermeira Rejane
(PCdoB), se colocou à disposição da Entidade para estar ao lado dos companheiros nas lutas.
O secretário de Estado de Saúde do
Rio de Janeiro, Felipe Peixoto, infor-
mou por e-mail sua impossibilidade em
comparecer à solenidade, agradecendo
o convite e “desejando sucesso na nova
empreitada”.
O cenário político
Os presentes fizeram uma análise
conjuntural da política para os próximos
anos. Para eles, os novos tempos exigirão
muita luta. “A bancada de parlamentares
que foi eleita na última eleição não nos
traz nenhuma possibilidade de nós descansarmos nenhum minuto porque já
apontam para a retirada de direitos e as
dificuldades que nós já temos acumulada nos últimos anos podem se acentuar
ainda mais”, afirmou Paulo Sérgio Farias,
da Central de Trabalhadores do Brasil
(CTB).
Representando o Sindsprev, Maria
Celina de Oliveira, atacou a tentativa recente do governo estadual de assumir a
gestão de cinco hospitais federais fluminenses. “Sabemos que a administração
do governo do estado é péssima, e é privatizada. Ou é OS [Organização Social]
ou é Fundação”.
Luiz Eduardo Ferreira, do Sindpfaetec, ressaltou que o Sintuperj segue uma
linha de atuação semelhante a do sindicato representante dos profissionais da
Faetec, “que é a linha da negociação, mas
quando a negociação não pode ser feita
há o enfrentamento”.
Pela Associação dos Servidores do
IBGE (Assibge), Paulo Lindesay, “os anos
que temos pela frente serão os piores possíveis”, com o avanço no Congresso do
Projeto de Lei que regulamenta a terceirização. Para ele, a dívida pública é uma
questão central, um mal ainda maior ao
país do que a própria corrupção, pois impede avanços em setores como Educação
e Saúde. E garantiu: “a luta do trabalhador será contra o sistema”.
Representando a União Brasileira de
Mulheres do Rio e Janeiro, Célia Regina
de Almeida destacou o trabalho desenvolvido pela entidade que além de participar dos movimentos sindicais, dedica-se também às lutas sociais das mulheres,
como uma maior participação delas no
Parlamento.
Maria Celina
de Oliveira,
do Sindsprev.
Paulo Sèrgio Farias, da
Central dos Trabalhadores
do Brasil (CTB).
Célia Regina de Almeida,
da União de Mulheres do
Brasil (UBM).
Paulo Lindesay, da
Associação dos Servidores
do IBGE (ASSIBGE).
Luiz Eduardo Ferreira, do
SINDPEFAETEC.
Durante a cerimônia de posse do Sintuperj, representantes sindicais e de movimentos sociais fizeram análises do atual cenário político do Brasil e do Rio de Janeiro.
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Um ano de mudanças no Pré-vestibular
Lívio Vieira, coordenador interino em 2014, faz balanço do trabalho realizado
J
á são 11 anos lecionando no Pré-vestibular do Sintuperj. Mas foi em
2014 que o professor Lívio Vieira ficou diante do maior desafio dentro do
projeto capitaneado pelo Sintuperj. Ele
recebeu da Coordenação Executiva do
sindicato o pedido para que assumisse
interinamente a coordenação do preparatório.
A primeira dificuldade do novo coordenador do Pré foi organizar a tradicional Aula Inaugural, que abre o ano letivo.
Já neste primeiro momento, demonstrou
a conduta que nortearia seus trabalhos: a
participação coletiva nas decisões. Lívio
reuniu a secretaria do Sintuperj e os professores do curso para definir como seria
a Aula Inaugural.
Mas os trabalhos apenas se iniciavam.
Na visão do novo coordenador do Pré-vestibular, “havia alguns espaços que davam para ser melhorados em termos de
gestão”. Uma das grandes preocupações
era a evasão de alunos, assim como a fusão de turmas que, segundo Lívio, era feita “independente do conteúdo” de cada
uma. Ele também recorda que as turmas
abertas posteriormente recebiam o mesmo material da turma original. “Tive que
conversar com os professores que precisávamos de um material próprio, e não
usar o mesmo material (...) preferimos
manter as turmas ‘Uerj’ até junho e arriscar um projeto que fosse voltado só para
o Enem”, explicou.
Projeto Enem
As aulas da turma voltada para o
Enem foram ministradas de agosto a setembro. Segundo Lívio, a ideia partiu da
visão de que os candidatos que prestavam o Vestibular da Uerj também realizavam o Enem. Apesar de bem sucedido,
ele admite que o ‘projeto Enem’ deve ser
repensado. “Essa ideia tem que ser pensada porque três meses foram pouco. O
público que nos buscou estava vindo cru.
grande quantidade de alunos que freqüentaram as salas de aula nos últimos
meses do ano, às vésperas das provas
discursivas da Uerj. “Esse ano tivemos
um número enorme de gente que fez a
discursiva. “Tivemos sala de História, de
Português lotadas. Anos atrás, às vezes,
com poucos alunos”, comparou. “No que
os professores produziram o material de
boa qualidade, na freqüência deles em
sala de aula, na troca entre os alunos e os
professores das dificuldades que cada um
tinha (...) conseguimos que o professor
entrasse em sala de aula com vontade de
produzir e o aluno com vontade de permanecer”, concluiu.
Apoio ao aluno
Lívio Vieira, coordenador do Pré-Vestibular Social em 2014, durante aula inaugural
Tivemos alguns momentos de saída de
alunos porque os alunos olhavam ‘são
muito exercícios, mas precisa teoria’. Mas
como se consegue dar uma teoria de três
anos em três meses?”, questionou.
Auxílio a professores e monitores
Outras duas importantes medidas foram a concessão de bolsas aos monitores
e o aumento da ajuda de custo concedida
aos professores. Lívio apontou o trabalho de conscientização junto aos alunos
como a principal razão para a bem sucedida gestão financeira do curso. “O curso
não tem o caráter de lucro. Todo o valor
que é arrecadado é aplicado no material,
que são as apostilas, os materiais dos simulados, os passeios, os projetores, as
carteiras, o ar-condicionado, as canetas
(...) Resolvi ir à sala de aula, explicava
para eles [alunos] no que era revertido o
pagamento”. A partir daí, segundo o coordenador, houve um aumento na adimplência e na arrecadação. Com isso mantemos esse monitor por mais tempo. O
monitor está aqui participando, sabendo
que tem oportunidade de estar dentro do
quadro principal com os professores tendo a primeira oportunidade, argumentou. Mas Lívio faz uma ressalva. “Esses
ganhos que às vezes temos nos meses anteriores é para pagar o custo no final, que
geralmente estão as pessoas que vão fazer
a discursiva (...) temos que ter os pés no
chão. Se o ano que vem [2015] for um
ano de menor número de alunos ou de
arrecadação, temos condições de manter.
O professor acrescentou que ainda há
muito o que se investir. “São os ar-condicionados novos que estão chegando, um
quadro novo, são cadeiras novas para o
Auditório...
O professor orgulha-se ao falar da
Lívio também ressalta a implantação
de profissionais que ele considera como
fundamentais para o bom desempenho
dos estudantes e para sua permanência.
“Conseguimos trazer dois profissionais
que sentíamos muita falta, que era o pedagogo e um psicólogo. “A pedagoga [Viviane Santos] veio me auxiliar na dificuldade de se formar os grupos de estudos.
Na dificuldade do aluno de acreditar que
ele tinha capacidade de prosseguir, muita
das vezes ele se encontra num momento difícil da vida e quer abandonar. E no
caso do psicólogo, o Renato [Linhares]
veio cobrir outra necessidade. Os alunos
chegam não sabendo qual carreira que
eles gostariam”, além dos “medos de enfrentar uma prova”. O que também manteve os alunos foi esse apoio no momento em que eles tivessem uma dificuldade.
Tínhamos um aporte aqui para ouvir esses alunos”, concluiu.
Formado em Licenciatura em Química, Lívio deixa a coordenação do Pré-vestibular, mas continuará lecionando.
Servidor do Cepuerj, ele retomará em
2015 a faculdade de Física, trancada no
segundo semestre de 2014 devido ao intenso trabalho a frente do Pré.
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