1˚ Fórum Latino-americano de Fotografia de São Paulo Fotografia
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1˚ Fórum Latino-americano de Fotografia de São Paulo Fotografia
1˚ Fórum Latino-americano de Fotografia de São Paulo Fotografia, uma Arte Contemporânea Iatã Cannabrava: Para fazer parte desta mesa eu convido Maria Iovino, colombiana de Bogotá, professora, curadora independente e pesquisadora do projeto Recovering the Critical Sources of Latin American/Latino Art, do Museum of Fine Arts de Houston. Escreveu diversos livros, dirigiu e coordenou diversos programas de arte em universidades e instituições culturais. Convido também Rubens Fernandes, paulista de Rio Claro, pesquisador, crítico, professor da FAAP, autor de Labirinto e identidades: panorama da fotografia no Brasil e diretor do Nafoto, que organiza o Mês Internacional da Fotografia de São Paulo. Também convido para subir à mesa Alejandro Castellote, fundador do Festival Internacional de Fotografia PhotoEspaña. Atualmente é o editor de fotografia da Lunwerg, conhecida editora da Alemanha e autor do livro que lançamos neste Fórum Mapas abiertos. Fotografía latinoamericana. Para mediar esta mesa, Fernando de Tacca, de Campinas, São Paulo. Professor livre-docente do Departamento de Multimeios, mídia e comunicação no Instituto de Artes da UNICAMP. É também coordenador do Núcleo de pesquisa Fotografia, cultura e comunicação, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação. Fernando, é com você. Tenham todos um bom debate. Fernando de Tacca: Boa noite a todos. É uma honra estar aqui mediando esta mesa na noite que antecede o encerramento deste importante Fórum para todos nós. Penso que o tema desta mesa é muito cativante, vai trazer densidade pros nossos debates. Uma mesa com este titulo, uma pergunta, mas agora com exclamação: Fotografia, uma arte contemporânea! Lembrei-me de Charles Baudelaire que poderia estar fazendo essa pergunta em 1840 também. Nós vamos iniciar então com o professor e pesquisador crítico Rubens Fernandes. Rubens Fernandes: Começo a apresentação curiosamente com esta pequena animação, brincando um pouco com a questão do próprio título da mesa - Fotografia, uma arte contemporânea -, ora exclamando, ora questionando, ora pontuando com as reticências ou até mesmo invertendo e brincando com as palavras ao dizer “arte contemporânea, fotografia?”, “fotografia contemporânea, arte?”. Talvez foi, na realidade, uma forma que encontrei para iniciar o debate sobre a questão da fotografia contemporânea. Antes de mais nada, eu queria também pontuar o significado da palavra contemporâneo. A primeira coisa que eu fiz também foi ir até o dicionário, já que a gente usa tanto, e lá encontramos “aquilo que é do mesmo tempo; aquilo que vive a mesma época; particularmente a época em que vivemos.”. Outra questão que considero também importante é a combinação dessas palavras propostas no título: fotografia, arte e contemporâneo, que problematizam uma ideia que põe juntos conceitos historicamente dissociados, como por exemplo fotografia e arte em determinado momento. Ou propõe outras combinações mais pertinentes, como arte contemporânea, ou fotografia contemporânea. Na verdade, creio que a fotografia desde o inicio sempre foi contemporânea, já que o significado, como vimos acima, expressa aquilo que é do mesmo tempo. Só que essa convivência entre arte, fotografia e o contemporâneo, para nós que estamos aqui reunidos, pode parecer diferente. Lembrei um livro do poeta Jorge Luis Borges chamado Esse ofício do verso, quando ele registra que no início da sua carreira como escritor fazia um enorme esforço para ser um escritor moderno. E ele foi moderno. Ele foi contemporâneo. E até que ele descobriu na longa idade que, na realidade, ele estava condenado a isso, ser contemporâneo dele o tempo todo. Mas quando nasce a fotografia contemporânea? Essa foi a segunda questão que me veio à cabeça, pois é preciso mais uma vez tentar recuperar esse momento de inflexão, ou seja, o momento em que a fotografia passa a ser aceitável nos circuitos convencionais das artes visuais. Isso também é polêmico, porque tanto podemos entender que a origem está no Salão de Paris, em 1859, ocasião em que o Baudelaire já citado aqui destilou o seu veneno na imagem técnica, quanto admitir que isso ainda não aconteceu. Numa breve retrospectiva, acredito que uma das situações que distanciou a fotografia da questão puramente técnica e documental foi a desconstrução do mito do instante decisivo, o acontecimento singular e sua historicidade, e a perda do seu poder como descritor da situação apresentada, ou seja, perde-se o elemento qualificador de algum recorte do “real”. Mais recentemente, a questão mais relevante é a ebulição cultural produzida no final dos anos 60, no caso específico da arte brasileira e a busca que passa pela arte conceitual e por uma nova avaliação daquilo que nós entendemos como o nosso modernismo, que não passava mais naquele momento nos anos 60 pela questão pura e simples de desconstrução dos parâmetros sintáticos instituídos pelo modernismo e além disso. Dentro desse panorama, próximo aqui no Brasil nós podemos lembrar os trabalhos de artistas como o Iole de Freitas, Waldemar Cordeiro, Anna Bella Geiger, Carlos Vergara, Antonio Manuel, entres outros que utilizavam imagens de base fotográfica, geralmente trabalhando por apropriação das imagens veiculadas pela mídia impressa massiva. Eu busquei essa imagem do Waldemar Cordeiro porque é de 1967, ou seja, ela tem 40 anos e é fotografia, é um objeto cinéticoeletro-mecânico, onde a obra beija o espectador. A máquina obedece um parâmetro estabelecido pelo criador e a fotografia foi retirada desse circuito de imagens veiculadas pela mídia impressa. Uma outra artista importante é a Anna Bella Geiger, que se apropria de cartões postais e do modelo da cartofilia para fazer uma espécie de contraponto entre o que ela chamou nessa obra de “o Brasil nativo e o Brasil alienígena”, que é de 1977, portanto há 30 anos. O “Brasil nativo”, do lado esquerdo, é representado pelos índios Bororós de Mato Grosso, e o “Brasil alienígena”, como o despreparo do homem primitivo com as fotografias de Luis Carlos Velho, e esta obra da coleção do MoMA, de Nova York. Busca-se nesse momento uma discussão mais ampla da inserção da fotografia nos trabalhos das artes visuais, seja através de uma série de operações coesivas no suporte, seja através de intervenções específicas nos fazeres. O objetivo era dessacralizar a arte e seus materiais, para romper as fronteiras e as codificações fortemente estruturadas pelo próprio código da arte e propor um campo de ação diferenciada, incluindo a fotografia que fosse mais plural e heterogênea através de novas singularidades expressivas. Na realidade é nessa relação entre o circuito e a utilidade da fotografia e sua representação que se faz emergir os questionamentos sobre o valor intrínseco das imagens. Estas ambiguidades foram fundamentais neste momento, e continuam sendo hoje, asseguram uma vitalidade exclusiva para a fotografia contemporânea. É nessa virada dos anos 1960 para os anos 1970 que vemos a fotografia florescer em sintonia com as manifestações das artes visuais como um todo. A fotografia caminhou para todos os lados, criou ramificações, encontrou diferentes caminhos, Através desses artistas já citados e de tantos outros como, por exemplo, Boris Kossoy na sua Viagem pelo Fantástico, produzida entre 1970 e 1971, onde na introdução do seu livro o diretor do museu na época dizia “estamos vivendo um tempo de novos ideogramas”, e mais adiante reforçava “é o estado de espírito particular em busca de inquietações e porções de fantástico de realidade mágicas”. O uso da imagem fotográfica e parte da sua produção voltava-se para a experimentação, para um mergulho no olhar individualizado do artista e isso começou a ganhar um certo reconhecimento no circuito. Creio que foi este o momento em que ela inicia sua inserção num circuito diferenciado e se assiste uma verdadeira ruptura epistemológica em relação ao referente natural, ao status e à função do meio fotográfico. A fotografia contemporânea diante da diversidade de possibilidades de produção apresenta-se ao observador como um campo minado, ou seja, os caminhos para a compreensão da produção contemporânea são tortuosos e geralmente saltam aos olhos os diferentes procedimentos de trabalho. As imagens desafiam para além das fronteiras estabelecidas pelo próprio código convencional. A fotografia contemporânea quer ser transgressora, inovadora. À imagem e semelhança da sua posição adquirida nas artes visuais, e para isso assumo os mais insólitos procedimentos experimentados, a nova produção imagética não deixa de ter relações com o mundo visível imediato, mas não pertence mais à ordem das aparências e propaga diferentes possibilidades para suscitar o estranhamento em nossos sentidos. Agora temos que compreender a fotografia como uma manifestação mais aberta, híbrida, que exige uma reflexão mais geral sobre as relações entre o inteligível e o sensível, encontrada nas suas dimensões figurativas e plásticas. Os temas contemporâneos das artes visuais - identidade, natureza, utopia histórica, corpo, etnias, memória, religiosidade, território, entre tantos outros – também estão presentes nestas obras cujo o suporte é a materialidade de base fotográfica. Algumas dessas estratégias utilizadas, conforme podemos constatar são a encenação, a construção do mundo visível, uma estética sem grandes arroubos visuais, sem grandes impactos, uma estética da neutralidade. Uma fotografia que passa pela questão da apropriação, que toma emprestado a estética vernacular, termo utilizado recentemente pela Rosangela Rennó na Academia Brasileira de Letras, imagens desprovidas de um caráter estético inicialmente. A fotografia contemporânea busca ser o resultado da interpenetração do tecnológico no estético, por isso entendemos sua imagem como representação simbólica e não mais como mediação. Devemos entendê-la como um conjunto de conceitos que expressam ideias, como uma possibilidade que se dilata visualmente para questões cada vez mais subjetivas. As imagens contemporâneas causam uma sensação de explosão e de unidade simultaneamente, pois não trazem serenidade, mas inquietação, ruídos, incompletudes, ausências, interesse pela banalidade do cotidiano, a frontalidade dos retratos, como alguns apresentados aqui na exposição Sutil Violento, entre tantos outros registros que representam a genuína carência de uma autenticidade de um mundo “real”. A fotografia tem essa capacidade incisiva de difundir novas visualidades, estimulando e recriando nossas percepções, ou seja, a estratégia é provocar no espectador o questionamento sobre a própria imagem vista, seus intricados procedimentos transgredem a codificação dos sistemas pré-estabelecidos. A fotografia contemporânea é uma espécie de refúgio para as artes visuais, por isso ela é uma arte, porque em ultima instancia supostamente legitima a propagação de ideias que evidenciam a saturação imagética centrada numa espécie de estética do desencanto. Se na modernidade as utopias ajudavam a superar as mazelas do cotidiano, hoje estamos situados e sitiados neste mundo disperso perpassado por discursos e ficções diversas onde os desejos quase sempre não se realizam. O que mais se deseja fotografar é o infotografável. Nós inventamos o que vemos. Isso indica o esgarçamento da subjetividade e a expansão dos limites da compreensão do homem. Eu queria mostrar do trabalhos apenas, um do Martin Loren, que é um fotógrafo que conheci em Barcelona através do Alejandro e essa série se chama Memórias revolucionárias a quem possa interessar. É uma série de pequena imagens num pequeno livro onde em tese, ao ler a legenda, “um grupo de soldados saldando com punho ao alto, Barcelona, 1936, fotógrafo desconhecido”, todas as imagens nos remetem a uma determinada situação. Uma espécie de utopia documental e poética de uma vida não vivida que foi reconstruída pelo simples desejo de revivê-la. Reconstrução que faz convergir ideologia, magia épica e uma certa dose de romantismo. Uma reinvenção da memória, saudável mistura de realidade e ficção com rememoração, onde nem sempre é possível separar, distinguir o que são lembranças e o que são efetivamente testemunhos históricos. Um outro trabalho que gostaria de falar são as imagens da Claudia Jaguaribe, uma serie de paisagens denominadas Quando eu vi. Na realidade a série é totalmente construída e tem como conceito a contemplação da natureza pelo homem contemporâneo. A paisagem é antes de tudo uma criação de estética da paisagem, ou seja, a paisagem não existe em si mesma, ela existe em relação com o homem. Claudia começa então a recriar uma paisagem que é totalmente fragmentada em termos de coleção de matrizes e sem algum referente na sua totalidade, mas é possível ver uma paisagem para a imaginação humana. Aqui é a Amazônia, uma visão do alto do barco são fragmentos, e a medida que ela percebeu que não ia dar conta da monumentalidade da paisagem amazônica, ela resolveu não se preocupar com isso, fragmentar as imagens, coletá-las e depois construir a sua paisagem. Seu trabalho é uma reinvenção do real, que gera uma série de simulacros criados através de imagens isoladas. Por outro lado, temos como resultado uma fotografia aparentemente naturalista, com a falsa dimensão do instantâneo. Paradoxalmente, a imagem de base fotográfica desarticula a noção de veracidade e ao mesmo tempo nos convence pelo excesso de realismo que ela possui. A fotografia contemporânea se debruça sobre esta questão da verossimilhança e da inverosimilhança, ou seja, a busca pela verdade e pela vida e não existe mais a busca pelo referente e pela realidade, mas essa ideia de vida, verdade e referente emerge o inverossímil. Aqui a primeira impressão é que é uma paisagem só, mas na realidade são inúmeras paisagens como se fosse, segundo a Claudia, uma espécie de gabinete de curiosidades em plena década de 1940 do século XIX. O que fazemos ao nos deparar com as fotografias contemporâneas é fazer um movimento que é característico de todas as fotografias, buscar o seu referente, buscar a sua possibilidade de existência, algo que tem vida e que pode preencher a nossa satisfação nessa relação entre ver o passado e ver a imagem e tentar encontrar alguma coisa. Em realidade o que mais percebemos na produção contemporânea é a ausência destas realidades e que faz com que nós nos percamos nos labirintos das ficções. Fernando de Tacca: Obrigado Rubens. Vamos proceder dando continuidade com a critica, professora e curadora independente Maria Iovino. Maria Iovino: Quiero comenzar por referirme al muy citado cliché de la saturación del mundo contemporáneo para oponerme al fatalismo de esa afirmación, para tomar distancia del terror de la inercia y de la reiteración que ella produce. El mundo desde que existe de distintas maneras siempre ha estado saturado de imágenes, de sonidos y de actuaciones. Los que hoy reconocemos en muy buena medida vienen del mundo artificial. Muchos otros que hemos dejado atrás o que sencillamente nos hemos olvidado que existen provienen del orden natural. Pienso como ha debido ser el origen del mundo, en medio de que saturación dentro de este mundo apareció la vida, en medio de que saturación cósmica se sostienen los planetas flotando en el espacio, en medio de que saturación a través de lo que nosotros llamamos vacío que no está vacío. Desde que hay la teoría de la relatividad se sabe que esto son campos electromagnéticos, que a través de esos campos electromagnéticos se transporta la imagen, se transporta el sonido, se transportan los olores, se transportan las sensaciones, dialoga todo lo existente lo uno con lo otro. Se sabe que científicamente está comprobado que el observador transforma al objeto observado porque esta comunicación de uno a otro móvil acontece a través de campos electromagnéticos. Pienso mucho en lo que se sucede en esa saturación, que no vemos tanto en el universo como en ese espacio invisible, que tiene que producirse también una gran copula, la que hace la vida posible. Entonces pienso como podemos clarificar en el medio de todo este acontecimiento múltiple, saturado y para tratar de explicármelo o explicárselo a ustedes también quiero referirme a otro muy visitado cliché que es el cazador. Trato de hacerme una idea de lo que suponía la supervivencia en el mundo antes que el hombre lo depredara y transformara a su conveniencia. Como podía ser el operativo de un cazador que se internaba en el bosque persiguiendo una presa en el primerísimo momento del mundo. Lo primero que debería haber hecho antes de salir de la casa era una observación del comportamiento del animal que le interesaba y su forma de estar en el mundo para de acuerdo con ella atreverse seguirlo. Cuando ya estaba detrás de la presa el cazador debía aislar todo lo que no fuera sonido en imagen del animal que perseguía para no perderse de su objetivo en un mundo completamente saturado de imágenes, de intenciones, de actuaciones y de sonidos naturales. En ocasiones, el cazador podía ver y escuchar su objetivo directamente y en otras no, por tanto su sentidos debían saber penetrar las superficies de la realidad, debían saber leer en el plano de la profundidad. Cuando no veían al animal, el cazador debía guiarse únicamente por los reflejos de sus movimientos de las plantas y en la corrientes, en la visiones de los otros animales que habitaban el mismo paisaje y que de pronto también estaban realmente interesados en la misma presa. Toda la saturación se ponía a servicio de la abstracción. Este hombre hacia una jugada muy completa de clarificaciones hasta que por fin con un movimiento ágil lograba atrapar su objetivo. Al salir del bosque con el animal en sus manos ese hombre dejaba a la comunidad el poder del alimento, era aplaudido y empoderado por ella. La capacidad de ese cazador era operar como un desaturador en un mundo saturado, capacidad completamente necesaria a la comunidad que por eso le protegía con especial cuidado. La metáfora de un cazador, un cazador de imágenes va sobre la labor de un artista y del pensamiento: el operativo que hace un cazador de imágenes no es distinto a lo que he tratado de ilustrar. Él también hace una propuesta necesaria que desatura en un mundo saturado y que propone al mismo tiempo algo mas a lo mucho que ya hay en él. El cazador de imágenes también debe clarificar un objetivo, abstraer todo lo que cierra la mirada para localizar a través del enredo su sentimientos y para empoderar de este modo a la superficie de profundidad. Debe hacerlo para atravesar el mundo en una trayectoria que le permita agarrar una imagen con sentido, una imagen que le sirva de alimento a él y a otros, una imagen que permita ver y entender algo claro y profundo en un mundo saturado de imágenes. Es decir una imagen que rompa el nudo y que permita respirar en medio de la asfixia y el agobio que produce la reiteración. En la medida en que en la historia el discurso fue tomando forma e independizándose del mundo, se creyó que era posible escribir y codificar el método en el que se basaba el cazador para alcanzar su presa. Evidentemente en la historia esos métodos siempre han fallado porque se olvidó cada vez mas radicalmente que el cazador no cazaba siempre conejos de la misma especie, lo que hacía era enfrentarse siempre a un mundo diferente, a una circunstancia nueva. Se olvidó que sus habilidades y su entendimiento se ponían a prueba cada vez que el cazador adentraba en el bosque. El método que primero fue mágico y después racional fue asentando la idea de la perpetuidad y con ella la de la rigidez desnaturalizando, deshumanizando y desanimalizando la mirada y el entendimiento hasta que así el mundo globalizado y hiperactivo de hoy se volvió completamente plano y rígido. El cazador entonces, conocedor de un mundo móvil, humano, animal y natural, es capaz de entender como opera la profundidad y la superficie como profundidad. Fue estigmatizado como un subversivo, como una amenaza para el mundo mecanizado, además su poesía de la verdad y de lo elemental quedó ridiculizada ante la alta inteligencia y productividad del pensamiento cartesiano. Hace más de un siglo que el arte insiste por el mismo en la necesidad de volver a identificarse con la vida, a entender otra vez la constante del movimiento, pero esta lucha no ha logrado la amplitud que ha pretendido porque la propuesta de movilidad ha atendido a insertarse de nuevo en el discurso. Paradójicamente el uso extendido y estratecnificado de la fotografía ha afianzado la sensación de hiperdurabilidad de la captura del instante y del registro del tiempo muerto, cuando por el contrario la fotografía es la expresión que entendió poderosamente a la luz, es decir al movimiento y la transformación imparable. Considero por lo mismo de especial importancia detenerse en la comprensión de obras que desde la fotografía misma extienden otra vez el tiempo sólido o el bidimensional para contravenir la veracidad, fidelidad o posibilidad documental de la imagen que se arma en ese espacio plano. Entre esos trabajos se encuentran el de la brasileña Patricia Gouvêa, en cuya obra la noción de flujo y la negación del borde resultan fundamentales. En estas imágenes construidas en baja velocidad o en la técnica de la sobreposición de negativos, la profundidad se identifica con el movimiento y por lo mismo la precisión y el borde se diluyen, se deshacen en el continuo que corrientemente llamamos de paso del tiempo y que la poesía lo denomina eterno o infinito. No hay detención del instante ni tiempo muerto de la fotografía en estos paisajes, si no por lo contrario, la metáfora en que todos los instantes son los definitivos en la armazón de lo visible. No solo un extraído del continuo vital. En Imágenes posteriores, así se llama esta serie, la eternidad se entiende como un barrido del tiempo, pero no solo como el barrido del tiempo transversal que generalmente compacta y cierra el plano fotográfico, sino también como un barrido del tiempo del horizonte y lo del que marca la gravedad. La inestabilidad que conlleva al movimiento en estas imágenes nos remite al borde como la ilusión que se edifica en la inmediatez de la mirada, en la simplificación o la desatención de la complejidad. Por lo mismo, cuando el borde o el límite parece verificarse en los trabajos de Patricia Gouvêa, aparece el abismo como fuerza que vuelve a establecer la complejidad de lo que parece tener límites. O también el enigmático territorio del interior que ningún borde contribuye a definir. En Colombia el artista que resume con maestría el trabajo que se ha adelantado por denegar el tiempo muerto de la fotografía es Oscar Muñoz. Toda su obra controvierte a la superficie como plano o como soporte único y capaz de resumir la profundidad así como al poder documental de la fotografía. En ese camino Muñoz contradice tiempo a la grafía para quedarse únicamente con la foto, es decir con la luz. En su proyecto, lo visible no es, sino que está siendo. El autorretrato y la fragilidad como centro de las observaciones de este artista maduran en el conflictivo proceso en que la ciudad se consolida y se desmorona al mismo tiempo. En el acontecer difícil de un país que vive el sin fin inentendible de facetas y facetas de confrontación violenta. Es natural que el rostro resuma, entonces, el existencialismo que se opone al anonimato y a la pérdida del sujeto, así como el camino en el que la imagen se fuga. Pero a pesar de la pérdida y de la revocable mutación, el fluido y el movimiento como constante hacen entender el proyecto de Oscar Muñoz en la misma lectura del mundo como promesa y como poesía, como nacer y no como muerte. En la obra de Muñoz, la esencialidad que desatura en medio de la catástrofe es la voz profunda de la continuidad, del persistir en el ser y estar como un ejercicio activo. Yo pienso que todo lo que se diga de un artista tan complejo como Muñoz es poco. El logro de este artista está en la conquista de la levedad estando tan saturado su pensamiento de las circunstancias que lo motivan. Hace una reflexión profunda sobre la fotografía, sobre el dibujo, sobre el grabado, sobre la realidad, sobre la ciudad, sobre la guerra, sobre la destrucción, que confluye en la vida como constante y en la desmemoria también como constante. Se pregunta continuamente el porque de la desmemoria. Creo que también el logro de este artista tiene que ver con que él es el primero que le da, en Colombia, una imagen leve a la representación de un problema tan difícil como lo que se vive en este país. En un libro que se llama La historia de la destrucción, me marcó mucho una imagen de un relato. Ese libro se refiere a otro libro, que se titula del mismo modo, en el que se va al ataque del oportunismo de la persona que escribió este libro en un momento en que no se habían elucidado bien las circunstancias violentas que marcaron la historia de Alemania. Una de las narraciones horribles que se hacen es cuando dieron los bombardeos sobre Alemania, el autor dice que las imágenes eran patéticas: gente que se hundía en el pavimento que se calentaba por los bombardeos, gente que gritaba aterrada por los edificios que caían por los fuegos que se encendían en toda la ciudad. De manera que los alemanes comenzaran a viajar insistentemente en los trenes de un lugar a otro sin saber adonde ir. Uno de los periodistas que narraran estos sucesos del continuo vagar de un lugar a otro fue un norteamericano que contó muy impresionado que toda la gente que viajaba en el vagón con él había sabido que él no era alemán porque era la única persona que miraba por la ventana, todos miraban para el piso. Pienso que de eso habla el mito de Perseo cuando corta la cabeza de Medusa, lo que comentábamos ayer en una clase de la universidad de São Paulo. No hay nadie que hable de manera más linda del mito de Perseo que Ítalo Calvino. Ítalo Calvino, en una relación que hace de la necesidad de la levedad relacionada con el peso, con el sentido, toma como ejemplo al mito de Perseo y explica muy bien como Perseo, que tiene la función horrible de cortar la cabeza a Medusa, no puede mirarla directamente sino a través del reflejo. Entender la realidad mas pesada siempre a través del reflejo y acercarse a ella así para poder darle fin, para poder liquidarla y pasarla a otro lugar. Cuando ya Perseo, que tiene lo mas leve que hay, que es un regalo de los dioses, una zapatillas aladas con las que se puede levar y evitar el peligro, logra acercarse a Medusa y en un golpe ágil, como un cazador, cortarle la cabeza. Con la cabeza, sin mirarla, construye un lecho lindo para posar el horror. Cuando posa el horror allí, de allí también brotan las flores mas hermosas. Pienso que la interpretación que hace Muñoz se puede leer así. Esa sensibilidad con la que él descubre la vida, con la que él descubre el continuo transmutar de un estado a otro en elementos tan esenciales es difícil de parangonar, es difícil de lograr, sobretodo en un país como Colombia que ha recogido muchísimo lo explícito de la representación de la guerra y yo creo que por lo mismo ha caído en si mismo. Con principios de activación de la imagen cercanos a los que trabaja Oscar Muñoz, la venezolana Magdalena Fernández también vence la rigidez del borde en la espejante, cambiante y frágil superficie del agua. Estas son proyecciones en una sala de exposiciones de Miami, un conjunto que hace una sinfonía de los videos de dibujos móviles de Magdalena Fernández. El sonido que se escucha al fondo tiene que ver con el paisaje también. Toda esta obra tiene que ver con el paisaje del trópico. El sonido que se escucha es el de las ranas y de las guacamayas que ella escucha cerca del lugar donde habita y que ha tratado de esencializar en líneas de una geometría inventada en el trópico. Una geometría que reinterpreta la clásica que se llamó geometría. En contradicción con una tradición artística distinta a la colombiana que ha hondado sobre lo geométrico y la exactitud y la perfección desde el proyecto moderno, la obra de esta artista también deniega la solidez de lo visible, como la estática del registro a través de los elementos esenciales que conforman lo fotográfico, luz y reflejo. El dibujo que viven en estas proposiciones es el simple reflejo luminoso que se posa en una superficie de agua en movimiento. La que vemos dibujada es la forma de la malla por donde la luz se filtra. De igual manera, Magdalena Fernández asume el agua como mundo especular primario y como signo vital básico de amplísima semántica. En imágenes esenciales la artista revela la invención que sostiene tanto a lo formal cuanto a lo fotográfico. Lo visible para nosotros en estos trabajos no es la luz, con todo su inabarcable sentido, sino es tamiz por lo que ella se cuela y en el que logra configurar un borde que reconocemos como geometría. Lo que llamamos abstracto, entonces, no es la disolución en que vaga la información esencial, sino el preconcepto le ofrece un molde o una forma a lo luminoso. No obstante, como afirmó Einstein, es mas fácil desintegrar un átomo que un preconcepto. Obras como esta parecerían señalar entonces simples juegos con las formas antes que hacer serias criticas a la falacias de los márgenes conceptuales. En el mismo territorio ha construido su propuesta el colombiano Víctor Robledo, que durante 35 años de actividad profesional en la fotografía ha enfocado su atención en el mundo del reflejo y de la sombra. Su obra se refiere también a lo inmaterial y a la transitoriedad de las formas que se reconocen en el mundo. Aunque este artista trabaje de manera tradicional la cámara fotográfica o la de video, toda su obra se ha propuesto mostrar aquello que escapa tanto a la cámara como al ojo. Eso que se escapa, en resumen, es la realidad viva del tiempo, la totalidad de la realidad del tiempo-espacio o del movimiento que no puede acoger la fotografía ni ninguna forma representativa. He creído que esta obra, como la de Patricia Gouvêa, se mantienen en conexión con la comprensión que muy tempranamente tuvo Muybridge sobre la fotografía. Siempre es inmensamente mayor lo que se escapa de lo que se logra atrapar, de allí la necesidad de construcción de metáforas potentes. Con esa consideración, paso la mirada a la obra inexplicable de Mariana Varela. Antes comento la obra que tenía seleccionada, que me parecía muy oportuna para remarcar el concepto de lo que está siendo, y no de lo que es. Es una construcción de la cámara oscura. La artista se rola la ventana, la enorme ventana de la galería del planetario distrital de Bogotá que da a la ciudad. Allí hizo perforaciones cada metro y medio, perforaciones mínimas, y sobre esas perforaciones se instalaron unos espejos cóncavos a distancia de la pared, sostenidos por un varal transparente. Los espejos tuvieron diferentes grados de inclinación, el haz luminoso entraba entonces a través de la perforación, golpeaba el espejo que ampliaba la imagen reproyectándola a la pared. Al mismo tiempo que la proyectaba, la eclipsaba. Como estaban graduados en diferentes ángulos, los espejos mostraban todos los momentos del eclipse de un mismo astro, que era la ciudad. La obra vivía intensamente en las horas del mediodía cuando la luz del sol se intensificaba, cuando no había luz desaparecía por completo. Esta obra inextricable de Mariana Varela me permito mostrarla aquí en una muy mala reproducción. La obra es irreproducible. Después de haber realizado este trabajo, la artista ganó la beca Pollock con un proyecto dedicado también a la idea de reconstrucción, restauración, la permanencia basada en la idea del paisaje. Estas son sedas muy transparentes en las que está trabajado un paisaje tomado de una fotografía y hecho pintura. Voy a tratar de explicar bien este proceso: la artista instala las sedas con alfileres a una distancia de la pared del espacio expositivo para que pueda atravesar la luz y para que se deniegue la bidimensionalidad del trabajo. Cuando uno entra en el espacio – esto es un espacio enorme y saturado de esta multiplicidad de trabajos - lo que hay allí no es tanto la representación pictórica de la elaboración fotográfica sino un clima inaprensible que la fotografía no puede representar. En esta obra Mariana Varela también enfatiza desde lo incontenible lo que no puede abordar el registro. La multiplicidad paisajística que muestran estas imágenes nace toda de la ampliación por segmentos de una pequeña fotografía de las plantaciones bananeras publicada en un periódico colombiano después de uno de los tantos desastres de guerra que ha protagonizado la oprimida zona en donde se mueve la siembra y la comercialización del banano en el País. Esta es otra de las obras que parte de reflexionar sobre lo que ha arrastrado uno de los frutos que por su riqueza ha significado una de las grandes tragedias humanas en este continente. En esta reflexión llega también la artista con la conclusión de la permanencia como cambio, las memorias como continuidad. Mariana Varela multiplica cada segmento mínimo de la foto en estas imágenes pintadas sobre soportes frágiles y transparentes en los que le devuelve el aire, la magnitud, la respiración al paisaje. La instalación che arma la artista con cientos de imágenes estalla el impedimento fotográfico con la activación del movimiento. Cada vibración mínima que se registra en el espacio en el que se instalan estas obras moviliza las imágenes, las entrecruza y las organiza de la misma manera en la que el viento recompone la naturaleza con la dirección y la fuerza que marcan las corrientes. Así, sin la presencia humana, habla de la vida y del renacimiento cuando esto es un argumento necesario. Estas son aproximaciones, la fotografía no aparece como la veis ya que cuando está instalada aparece a través de las transparencias. Finalmente como idea de movilidad en una fotografía estática quiero mostrar esta obra de otra colombiana, Milena Bonilla [Encadenados, 2004] de la que creo que sobran las palabras. Ella hace la imagen presente en la memoria de lo que va viviendo debajo del aplastamiento y finalmente se sobrepone y se impone; finalmente gana. Es la misma idea de la vida como victoria que está en el trabajo de Oscar Muñoz y de Mariana Varela. La obra que vamos a ver yo la construí, no es así. Quería compartirla aquí ya que fue una obra impactante para mi y que conocí en Centroamérica [Patricia Belli, Equilibrista, 2005]. El video que aquí resumí se proyecta sobre la fotografía, creo que no logré dar la idea de lo que vi, sin embargo quería compartir una imagen tan bonita creada también en un país muy oprimido como Nicaragua. Quiero concluir entonces con esta hipnótica imagen de Patricia Belli y con una reflexión que pueden incluir en estas obras que he presentado y en otras con las que he trabajado recientemente. Obras que evidencian una mirada naturalista o paisajista, así sea desde abstracciones atmosféricas y de temperatura como las que hace Oscar Muñoz. Para tratar de explicarme me auto-cito en otro escrito: “Considero tan sano como enriquecedor que con proposiciones como estas brote el diálogo con el paisaje que debe hacer nuestra cultura para sanar los vínculos con el contexto y con el lugar, que han roto una cadena de imposiciones culturales y económicas al igual que lo que ha sucedido con el espacio importantísimo de la contemplación a cambio de las ganancias que ha generado una industrialización deforme. Entiendo el conocimiento del lugar y de su naturaleza como la esencia que nutre de verdad y en tanto dé necesidad a un proceso artístico o a una proposición intelectual como el ingrediente básico de la consecuencia y como el instrumento que construye la amistad con la memoria. Resumidamente analizo que esta es la comprensión que permite volar con derechos ganados hacia el mundo de las abstracciones. Como demuestra el historiador Felipe Fernández-Armesto, las civilizaciones no son el resultado de estructuras políticas, estéticas o religiosas sino por el contrario la secuencia de esfuerzos y proposiciones que hace el ser humano por adaptarse y readaptar el entorno. La sociedades se civilizan en función de la domesticación a la que someten el clima, la geografía y la ecología. Mientras no haya logros de significación en este sentido, no deja de ocurrir una ventaja devoradora del lugar sobre el hombre y sus proposiciones”. Hasta aquí mi auto-cita. Por estas razones que aquí he mencionado, me inclino por imágenes que no se enmarcan en discursos críticos convencionales, ni en tonos políticos de aceptación mediática y regularizada y que siendo así resultan poderosamente críticas y desaturadoras. Pienso que hoy la esencialidad de la observación que se trenza con lo natural y con lo vital no sólo es urgente, sino que resulta de una inocencia revolucionaria. Aclarar el poder del aire, del aliento, del movimiento, del cambio, de la transparencia, del flujo, de la poética de lo que palpita y de lo que ha conquistado la levedad en esfuerzos titánicos contra la gravedad, es volver a avisar que el rey va completamente desnudo en el desfile, que ese traje invisible que solo reconocen los inteligentes no existe y que este es sólo un operativo más de la narcosis del consumo y de la confusión teórica que asfixia. El adormecimiento analítico de nuestros días encuentra un apoyo creciente en imágenes y conceptualizaciones que con un mínimo de pixeles se consideran material informativo suficiente en este despiadado “sálvese quién pueda”, que va hacia ningún objetivo. Sería redundante insistir otra vez sobre las enormes posibilidades que tiene un medio como la fotografía para referirse con profundidad filosófica a lo que la imagen significa. Quiero leer en este punto para despedirme ya, un fragmento mínimo del texto literario de Miguel Ángel Asturias, con el que tuve hace algunos años la comprensión que he tratado de ilustrar aquí sobre un mundo siempre saturado de imágenes que el arte y la inteligencia desaturan, aun cuando lo hacen con imágenes barrocas y saturadas ellas mismas. En El Señor Presidente, quizás la principal obra del escritor guatemalteco, precisamente analizando la tragedia que el éxito bananero trajo a su país, Asturias mira hacia este riquísimo paisaje así: “la vegetación chaparra, enmarañada lo cubría todo. Y en esa telaraña verde de pelos enredados, la única señal de existencia de animal libre eran bandadas de pájaros de matices tan violentos como fragmentos del arco iris. Encontraste con gavilanes de ébano y zopilotes de azabache, todos destacados en la profundidad de atmósfera que con la vegetación formaban una sola ceguera caliente”. Gracias. Alejandro Castellote: Buenas noches. Después de esa mesa donde se habló de la fotografía como documento y de la necesidad de redefinir ese concepto y aproximarlo a la fotografía contemporánea, le di un pequeño cambio a la intervención que iba a hacer y decidí para argumentarlo presentar el escenario anterior a la fotografía que tenemos ahora y enfocarlo con un punto de vista diferente a como lo hemos abordado tradicionalmente. Lo he hecho comparando el mundo de la fotografía con el de la Iglesia con mayúsculas. He organizado eso en este contenedor para organizar mi relación con la historia de la fotografía y por extensión también para utilizarlo como hilo conductor de los argumentos que voy a exponer a continuación. Desde luego debe quedar claro que cuando estoy hablando de la Iglesia hablo de religión y no de Dios sino de sus intermediarios. Para muchos de nosotros, el vínculo con esta confesión religiosa que es la fotografía ha entrado en conflicto en multitud de ocasiones con la doctrina oficial que ha emanado siempre de los grandes sacerdotes. Ellos han ejercido históricamente una función de hermeneutas, es decir de aquellas personas que son los encargados de interpretar los textos sagrados. Por consiguiente han sido ellos quienes se han ocupado de enunciar los dogmas, de excomulgar a los herejes, de bendecir a los conversos y entre otras muchas actividades, de legitimar las acciones de los miembros del rebaño. Después de todo, el fin último de todas las religiones viene a ser hacer converger en el rebaño la mayor cantidad de gente posible, es decir la conversión universal. Estamos hablando entonces de la relación que la Iglesia tiene con las personas, que siempre es de sometimiento. No deja de ser curioso que todas las religiones pongan a sus fieles de rodillas o haciendo flexiones de reverencia. Cada gesto de la liturgia por tanto está orientado a exhibir el poder de unos sobre otros, de los sacerdotes y de los intermediarios sobre los súbditos. La fotografía – quiero empezar por el comienzo de esta metáfora - yo creo que debe parte de su naturaleza como medio a los usos primeros que les fueron adjudicados, como es sabido la catalogación científica, el index, la representación verídica de las obras del hombre y el paisaje que le circunda. Añadamos también que quienes se dispongan a situar la fotografía en ese ámbito instrumental de representación pertenecen a un tiempo bien concreto y a una cultura en la que reinaba el racionalismo científico y la necesidad de clasificar el mundo a partir de modelos etnocéntricos. Estoy hablando obviamente del nacimiento de la fotografía a mitad del siglo diecinueve. Los parámetros diseñados entonces son los que se han exportado hasta nuestros días en lo que puede ser una contradicción, pues si hablamos de contextos el contexto del siglo diecinueve es sustancialmente distinto al contexto del siglo veinte y desde luego al contexto del siglo veinte y uno en el que nos encontramos. Si analizamos esos paradigmas de representación por ejemplo de la arquitectura en fotografía vemos que responden en origen a la sustitución de los dibujantes por fotógrafos. Si recordamos las expediciones que se organizaban desde Francia o desde el Reino Unido hacia África o Medio Oriente, quienes acompañaban a los científicos para documentar esas expediciones eran dibujantes, por lo que los documentos que llevaban a su regreso podían tener una cierta dosis de subjetividad. Precisamente la fotografía lo que aportó era esa “certificación de veracidad” que de alguna manera garantizaba la correcta representación y la certificaba. Ese modelo de representación en realidad también tiene sus ecos, o hereda el punto de vista que se utilizaba para la pintura en el Renacimiento cuando con el uso de la cámara oscura se basaban las imágenes resultantes en un único punto de vista. Tal representación lleva implícitas todas las directrices del dibujo que se utiliza en arquitectura como los alzados o el uso nuclear de la geometría con verticales perfectas, con bloqueo de las distorsiones originadas por una aproximación visual subjetiva. Si analizamos entonces o si vemos cuales eran las imágenes que se generaban en el siglo diecinueve, vemos que todas se corresponden más o menos a este patrón que es el patrón de uso que se exporta precisamente porque quienes empiezan a utilizarlo son estas personas que pertenecen a expediciones científicas. Si saltando en el tiempo nos vamos hasta esa Academia de Düsseldorf, a la “escuela alemana” vemos como las propuestas visuales que se están haciendo para el siglo XXI ven un retorno hacia el siglo XIX. Es lo que de alguna manera para mi me pone en conflicto, esa enorme resonancia que está teniendo esta escuela precisamente en un momento en el que se espera que los creadores hagan una propuestas visuales distintas para el tiempo en el que estamos viviendo ahora mismo. Creo que retroceder en el tiempo merece la pena porque nos va conformando un perfil de fotógrafo y por lo tanto, volviendo a los términos religiosos, la escritura de esos textos sagrados veremos que también necesita de unos apóstoles que expandan esta filosofía hacia el resto del mundo. La educación en el ámbito de la fotografía para el resto de los países que no pertenecían al centro de Europa llevó de la mano de fotógrafos anglo-sajones y franceses que de alguna manera exportaron esa buena nueva y que fueron formando a cada uno de estos fotógrafos. Basta recordar que Martín Chambi en Perú se formó de la mano de dos fotógrafos británicos, que Benjamín De La Calle también en Medellín utilizaba los parámetros en su estudio que había visto en los fotógrafos franceses, que en Perú cuando llegó Eugenio Curret también de alguna manera presentó en la ciudad de Lima los mismos escenarios que se estaban utilizando en el Paris del siglo XIX. También en España por ejemplo Charles Clifford fue el que de alguna marcó la categoría y la estructura narrativa de los procedimientos con los que debían abordar los fotógrafos la representación; en el caso de Clifford de las grandes obras civiles. En lo que se refiere a la representación del ser humano, nos encontramos con la paradoja que nombrábamos antes: el uso de fondos en el Perú, en Medellín, en España con motivos que se utilizaban en la burguesía europea etc. De allí llegamos a la famosísima imagen de Martin Chambi en la que un indio Quechua posa junto a un fondo de jardines de Versailles. Para las poblaciones no europeas este simulacro que suponía el ritual de asistir al estudio del fotógrafo y posar ante ese fondo ajeno al que se supone que aspiraban como sociedad, les permitía escenificar la ficción de su pertenencia a la metrópolis, es decir de su ascenso social por la vía de la pertenencia desde las imágenes. Por otro lado, en lo que se refiere siempre a la representación de las personas, la influencia de las teorías antropológicas, es decir las taxonomías cuya ideología estaba basada en la centralidad de la cultura europea, repite también la voluntad de incluir razas y culturas en clasificaciones organizadas desde parámetros académicos europeos: las personas de otras razas eran fotografiadas como si formaran parte de una colección de mariposas. El siglo diecinueve es exactamente ese tiempo histórico en el que se escriben esos textos y los escriben precisamente y los hacen circular los representantes de esa cultura anglosajona y francesa. Esto es lo que me lleva a pensar, utilizando esta lengua que utilizamos ahora mismo como idioma de intercambio que es el inglés, que desde hace un tiempo fotografiamos en inglés. Es decir utilizamos una gramática ajena procedente de un contexto histórico y una cultura que no es necesariamente la nuestra y que nos obliga a adaptar nuestra visión del mundo a parámetros que no siempre nos resultan los más idóneos para explicarla. De donde viene esta obsesión para clasificar el mundo? Yo creo que la voluntad que emana de este racionalismo científico es la de fijar paradigmas y definiciones, una actitud que surge en la mayoría de las ocasiones a partir del pensamiento especulativo que puso en marcha la cultura griega clásica. Por poner un ejemplo, el pensamiento occidental mantiene que a preguntas concretas hay que dar respuestas concretas ajustadas a la exactitud científica y por tanto con la voluntad imperativa de convertirse en irrebatibles. George Steiner mantiene que esta filosofía-ciencia se inicia en la Grecia antigua a partir del cultivo de la teoría. Según Steiner, el legado europeo de este pensamiento especulativo explica la inercia de hacer que se aplique lo teórico a lo práctico en forma de crítica universal de la vida y de sus objetivos. El punto de partida de tales reflexiones es parte del acto primordial de asombrarse. El asombro y el desarrollo teórico-lógico son planteamientos platónicos y aristotélicos hasta la medula, es decir esa tendencia europea a elaborar teorías y a confirmarlas en la práctica procede precisamente de planteamientos platónicos y aristotélicos. De allí que el asombro esté sometido siempre a un proceso posterior de racionalización. Viene a cuento la mención a los griegos como génesis del pensamiento europeo para entender el grado de penetración de esas aproximaciones al entendimiento del mundo. De hecho ya Herodoto había mostrado su perplejidad ante la asimetría de ese procedimiento que ellos utilizaban con el de otras culturas. Decía “Todos los años enviamos nuestros barcos con grandes gastos y gran peligro para las vidas a África para preguntar ‘Quiénes sois?’, ‘Cómo son vuestras leyes’?, ‘Cuál es vuestra lengua?’ Ellos sin embargo nunca enviaron un barco a preguntarnos a nosotros”. Es decir Herodoto anticipa que la manera griega de relacionarse con el resto del mundo era sólo una de las maneras posibles. Me sorprende continuamente esa voluntad de incluir todo tipo de cosa en agrupaciones, en clasificaciones y me llamó especialmente la atención cuando presentando el proyecto de Mapas Abiertos sobre la fotografía latinoamericana de los años noventa, coincidí en una conferencia en Medellín con una curadora norteamericana que también hablaba de su visión de la fotografía latinoamericana. Me llamó mucho la atención que ante una fotografía de Manuel Álvarez Bravo, Obrero en huelga asesinado, ella la presentó como fotografía de reportaje en blanco y negro. Creo que en el final del siglo veinte y el inicio del veinte y uno, si hay algo que destacar ha sido hacer visibles otras formas de ver el mundo diferentes de la europea, hacerlas visibles con una cierta entidad y un cierto peso en el pensamiento que circula entre nuestras sociedades. Creo que por poner un ejemplo, la cultura oriental a las preguntas concretas no responde con respuestas concretas: las suyas son siempre de carácter abierto y otorgan una importancia substantiva al concepto de dualidad. La actitud ante la vida que se deriva de tal filosofía es de una naturaleza absolutamente divergente de la europea. Siguiendo con el tema de las clasificaciones, parece que no acabamos de escarmentar la historia del arte y la del pensamiento, de hecho ha sido conformada a partir de esta voluntad de clasificación y sin embargo la historia también nos ha demostrado la imposibilidad de incluir todas las corrientes y tendencias. A pesar de esto seguimos aplicando ese método y nos esforzamos por definir - como aconteció en la mesa que ya cité - la naturaleza de lo documental en fotografía. Hubo quien apuntó la necesidad de redefinir el termino y/o ampliar los apartados para poder incluir en esos la fotografía contemporánea. Yo estoy de acuerdo con la necesitad de someter a revisión las clasificaciones pero la verdad es que me da una pereza enorme aplicarme a definir esas nuevas clasificaciones. Lo que sí me interesa es hacer un ejercicio de apostasía de esta religión fotográfica que obliga a crear en inglés y se niega a atender otras manifestaciones que utilizan gramáticas distintas y no se circunscriben a las centrales. Me parece que es un gasto de energía inútil concentrar una discusión en ver cómo llamamos a lo que está ocurriendo y donde lo metemos. No sé por qué esa insistencia en elaborar categorías que contengan el todo. Precisamente Steiner tiene un pequeño ensayo que él llama Nostalgia del absoluto, donde él dice que nuestra sociedad, con la pérdida de importancia de la religión y la llegada de la modernidad, de alguna manera se siente sola ante el mundo y la vida. En este pensamiento espiritual de no trascender se agarra al psicoanálisis para seguir obteniendo respuestas absolutas a cada una de las cuestiones que la vida nos pone delante. Esta nostalgia de lo absoluto creo que está también adjunta a esta necesidad de clasificarlo todo. Yo creo que es interesante preguntarse por qué no explorar los caminos que se abren ante la emergencia de estos idiomas creativos diferentes. Dice Gianni Vattimo que precisamente este proceso de liberación de las diferencias no supone el abandono de toda regla como siempre ha temido el racionalismo protestante, también los dialectos tienen una gramática y una sintaxis. Es más, sólo cuando adquieren dignidad y visibilidad descubren su propia gramática. Vattimo sugiere que gracias a este proceso de racionalización dura, dentro de la jaula de acero que se ha consolidado en Occidente y en gran parte del planeta, se abre tal vez una posibilidad de existencia diversa, que no necesite ser ya ni tan rígida ni tan implacable. Volvamos un momento a la Iglesia, pero en este caso de América Latina y a los textos sagrados locales como podrían ser los emanados de los Coloquios Latinoamericanos de Fotografía. El otro día Claudi Carreras los citaba y como todos los que nos hemos aproximados a esos textos posteriormente, una de las cosas que en mi caso me llamaron la atención es que son textos repletos de excomuniones, siempre dictadas por los arzobispos del momento, algunos de los cuales todavía insisten en pontificar. Incluso de la voluntad de los Coloquios de aportar posiciones distintas de las centrales, se terminaba por estigmatizar la banalidad de quienes se separaban de la doctrina del compromiso social y se aventuraban por los caminos impíos del arte. Una suerte de inquisición moral no demasiado distante de aquella de las que se querían apartar; un “fuego amigo”. El atrincheramiento en las actitudes mesiánicas que debían abandonar los fotógrafos pues excluyó del rebaño a muchos creadores que osaron distanciarse del catecismo de la fotografía social y comprometida. Creo que fue Adolfo Bécquer Casaballe, quien para describir esa auto-denominación de la fotografía latinoamericana como una fotografía, cuya personalidad era precisamente ese compromiso social, acabó llamándola como “fotografía de la liberación”, haciendo un juego de palabras con la teología de la liberación. Yo creo que el fundamentalismo formal e ideológico que se ha desplegado durante la última mitad del siglo veinte entró en crisis no sólo por la modificación en la que prácticamente ya todos estamos de acuerdo del estatus de veracidad de la fotografía documental, sino por la confirmación del fracaso de las utopías que se abanderaron desde las revoluciones más simbólicas del continente americano. Nada más frustrante para quienes nos adherimos a tal apuesta de justicia social que asistir al encarcelamiento y posterior fusilamiento de los disidentes. La perversidad de este tránsito que supuso la sustitución de un jugo por otro se ha manifestado también en la fotografía latinoamericana. Los dogmas, tanto en América Latina como en el resto del mundo, han supuesto dedicar más energía a delimitar que a la abertura de nuevos caminos. Ya hace un rato que estamos en el siglo XXI y parece pertinente, no sólo aquí sino en todo el mundo del arte, desprenderse de las doctrinas papales y asumir los desplazamientos de los centros hacia otras regiones. Muchos hablan de este siglo como el siglo de China, y esta percepción también se ha trasladado a sus artistas, que están recibiendo una atención inédita y creo que esta deslocalización está afectando también al continente americano. No es casual que este Foro se esté celebrando precisamente en uno de los países, además de China, que junto a India y Corea del Sur tiene las mayores perspectivas de crecimiento del planeta. Por motivos económicos en primer estancia y por un espectro de argumentos mucho más denso, me parece que Brasil está mirando mucho más ahora mismo a Latinoamérica. Precisamente que sea Brasil que ha convocado esté Foro supone un cierto desplazamiento de esta centralidad que en el ámbito latinoamericano había ostentado durante mucho tiempo México y que en cierto modo también había ralentizado la posibilidad de organizar este tipo de encuentros en otras ciudades salvo ocasiones muy puntuales. Procedería por tanto a acometer la definitiva liberación de los espacios férreamente acotados que han acotado históricamente las manifestaciones artísticas en disciplinas no permeables. Hemos coincidido todos en la casualidad que en estas fechas se celebrara el Festival de VideoBrasil, coincidiendo en tiempo y casi en espacio con este Foro. Muchos nos hemos quedado perplejos al comprobar la ubicación de los artistas en uno u otro ámbito. Autores de la talla de Eustaquio Neves o de Rosangela Rennó, otra grande creadora de este país, están participando en ese festival y por consiguiente están incomunicados con las reflexiones que aquí estamos haciendo. Simétricamente el que en mi opinión es uno de los grandes artistas de éste periodo es Miguel Rio Branco, con una obra poderosísima que contiene cada vez más y desde muchos años connotaciones cinéticas superpuestas con las raíces pictóricas de su trabajo, pues se encuentra constreñido al territorio de lo fotográfico – que sería el que delimitaría este Foro -, haciéndole convivir con fundamentalistas neo-conversos del Photoshop, que provienen del Pleistoceno, o defensores del mantenimiento de las misas en latín, por entendernos, léase inglés. Yo creo que la fotografía ya ha alcanzado un grado de madurez suficiente para poder mezclarse y enriquecerse sin rencores con otros lenguajes. La preeminencia de la semiótica que ha inundado las propuestas de los último años es para mi uno de los último estertores del complejo de inferioridad que ha acompañado la fotografía a lo largo de su historia. Creo que el revestimiento de las obras con menciones filosóficas o semióticas como avales intelectuales de los proyectos artísticos es la visualización de una Europa que tiene poco de lo que hablar y se ocupa de hinchar artificialmente el discurso utilizando el paraguas protector del pensamiento filosófico. La constatación en nuestros días de que hay gran cantidad de personas que sí tienen algo que contar y que lo cuentan de una manera diferente, es desde mi punto de vista el signo de nuestro tiempo en el arte contemporáneo. Durante las últimas décadas nos hemos acostumbrado a escuchar a los sacerdotes y su prohibición de incluir en el arte poesía, emociones, belleza, histrionismo y otras desviaciones enfermizas. Creo que ese puritanismo concita cada vez menos adhesiones. La definición de este arte puritano permite entender ese temor atávico a mostrar públicamente las emociones, asociándolas a un estatus inferior de la cultura o del arte. Esto es obviamente un pensamiento calvinista. Hay una anécdota con la que termino y que es bastante ilustrativa de lo que me gustaría poder contar. Hace un par de años me invitaron a ser el responsable de contenidos de una nueva revista de fotografía que se edita en Londres llamada C Photo. Mi condición para participar fue distanciar esos contenidos de las propuestas crónicas que se encuentran en todas las revistas actuales y me interesaba poder normalizar la presencia de autores procedentes de todo el mundo y no como un hecho puntual. Cuando salió el primer numero la editora, una española casada con una de las pop stars de la arquitectura británica realizó una liturgia que evidenciaba su pasado periférico como española, que es tomar a la recién nacida en sus brazos y llevarla ante una de las grandes sacerdotisas puritanas solicitando su bendición. Esta arzobispa examinó con seriedad las páginas y tras un largo silencio emitió su dictamen: “Me gusta, pero la verdad que no conozco a casi nadie”. Ella es una de las curadoras de fotografía más importantes de Europa y una de las grandes defensoras de la escuela alemana. Seguía diciendo “Pero hay un fotógrafo que me disgusta especialmente, Marcos López”. La editora apuntó todos los comentarios que hizo esta mujer y volvió a casa portando la versión reducida de las “tablas de la ley”. Cuando le pregunté lo que le dijo, contestó “Me ha dicho que las fotos de Marcos son bloody shit y que nunca deberíamos de haberlas publicado”. En aquel tiempo otra artista latinoamericana cuya obra está en las antípodas de Marcos vio el portafolio que habíamos publicado en la revista y se detuvo ante la imagen titulada Autopsia que tanto había indignado a la curadora alemana. Dijo: “Es impresionante como Marcos ha sido capaz de incluir en esta foto toda la violencia latente en nuestros países y como las mujeres además cargamos con un extra de marginalidad derivado del machismo feroz de nuestras sociedades”. Es decir a diferencia de la alemana, ella sí entendía la lengua de Marcos por lo que le resultaba muy sencillo descodificar las capas semánticas de estas imágenes. La cita obvia a la Lección de Anatomía de Rembrandt y la menos obvia que alude a la fotografía de Freddy Alborta que mostró en 1967 la muerte del Che en Bolivia, para ella eran muy fáciles de entender, mientras que la curadora alemana era simplemente incapaz de descifrar esos contenidos. Lo que hace de Marcos un ejemplo bastante ilustrativo de cómo la periferia ha sido capaz de generar propuestas de amplio calado es precisamente la dualidad de sus citas. La periferia se ha conformado precisamente en este territorio de interrelación con los modelos centrales, es bilingüe y hace alarde de su mestizaje, lo que supone reconocer la existencia del otro y la valoración de sus aportaciones; es decir no estamos hablando de multiculturalismo. La curadora alemana se sitúa en el otro extremo de estos posicionamientos culturales, insiste en que su manera de ver el mundo ha de ser la manera de ver el mundo, cerrando las puertas a quienes no comulguen con la doctrina que de ellos emana. Por lo tanto la posición de Marcos ejemplifica el proceso de resemantización que está experimentando el concepto de periferia, un espacio socio-cultural que suma, mezcla y recicla sin soberbia el conocimiento que ha compartido con otras culturas. Todo esto mientras otros siguen cómodamente sentados sin ninguna intención de aprender otros idiomas. A mi no me resulta nada difícil elegir el bando en el que quiero estar. ¿Será que soy un resentido? Estaba pensando en como concluir mi intervención y he buscado una imagen que tiene unos treinta años y que tiene esta especie de desarticulación narrativa. Yo creo que todos los españoles somos capaces de leer en esta foto ese momento en el que salíamos de la dictadura franquista y en el que teníamos una utopía colectiva compartida, algo informe que llamábamos Europa que se nos prometía y que cada vez que vemos esta imagen todos la asociamos con este periodo cuando salíamos de la España negra y nos encontrábamos con esta realidad casi extraterrestre. Gracias a Jorge Rueda, autor de esta imagen de 1976 y muchas gracias a ustedes. Fernando de Tacca: Muito obrigado, Alejandro. Eu tinha preparado para falar algumas coisas mas temos pouco tempo. Me permito só uma pequena fala rápida sobre algumas sincronicidades que passaram na minha vida. Lembrei de um livro de Luís Humberto, uma das nossas referencias na fotografia como fotógrafo e pensador, chamado Fotografia, a poética do banal. Há pouco tempo estava lendo um livro organizado por David Green que tem um nome provocativo, uma coleção de textos chamada Where is the photograph? Me parece que mais provocativo ainda foi a tradução para o castelhano, Qué ha sido de la fotografia? Um dos textos, passando por essa sincronicidade, era de Peter Usborne, um filosofo que, pensando a questão complexa das relações entre fotografia e arte contemporânea, diz uma frase que me lembrou muito esse libro do Luís Humberto, uma frase na qual ele diz que esse campo da fotografia dentro do contemporâneo, dentro da arte, deve ser pensado como uma linha muito sutil entre o banal e o sublime. Uma linha ténue, quase imperceptível, e me parece que essa é uma das dificuldades, uma das aspirações: perceber onde se localiza essa linha. É só uma fala, não é nada uma pergunta. Agora gostaria de abrir o microfone para a plateia. PERGUNTAS DO PÚBLICO Nadja Peregrino: Eu queria fazer uma pergunta para a Maria. Relembrei muito quando você estava apresentando o seu trabalho do Alfred Stieglitz, da teoria dos equivalentes, onde ele, com as imagens das nuvens, recoloca a fotografia num campo de uma topografia imaginária. Você falou muito de leveza, da fluidez das coisas e apresentou também imagens que traziam também para mim de maneira muito intensa essa referência também. O que eu pergunto a você é se essa leveza que você fala também não estaria ligada a uma saturação da gente com a gente mesmo, ou seja, da nossa inquietude em relação a nossa identidade e de uma crise do humanismo? María Iovino: Claro que sí. Quizás es evidente que yo construyo mi argumentación desde el ideario que puedo armar desde un país que en el diecinueve tuvo una guerra de las más pesadas de América Latina y en el veinte también y empezó el veinte y uno de la misma manera. Lo que pienso desde allí me ha hecho sentir que el mundo contemporáneo exige dos cualidades urgentemente, que se relacionan con la levedad: trasparencia y fragilidad. Es ser conscientes de la fragilidad para restaurar un lugar. Me parece que desde la dureza del límite, ese re-entender el mundo, volver a recorrerlo con ojos inocentes, no va a ser posible. Y sí creo que es una reacción a la saturación, cuando sentimos saturado el espacio es la reiteración la que nos hace sentir saturación. Por eso lo que deja de reiterar y clarifica hoy es necesario que clarifique con inocencia para volver a levantar la cabeza. Pergunta do público: A pergunta é sobre a fala do Rubens Fernandes, não entendi a diferença da fotografia passando a ser simbólica e deixando de ser mediação. Rubens Fernandes: Acredito que a fotografia durante décadas foi um aparelho que intermediava um olhar e um mundo visível, ela tinha uma relação dialética entre aquele que olha e aquilo que está para ser olhado. Essa relação dialética era exatamente mediado por uma prótese. Hoje essa função da prótese desapareceu completamente. Nas últimas décadas a fotografia é muito mais da ordem simbólica e das aparências do que puramente um resultado simples de uma mediação. Pergunta do público: Yo tengo una pregunta para Alejandro que me gustaría hacer en público. Es sobre hasta dónde él cree que uno debe arriesgarse o cómo negociar con esta imposición que es más evidente inclusive en el tema de lo político. Es más fácil entrar en la colección Guggenheim si uno es mujer iraní o exiliado cubano que de otro modo. Esto se reproduce en este tipo de modelos que se bajan con mucha fuerza y entonces cuando ven nuestras fotos en el hemisferio norte nos dicen “esta sí, esta no” en la medida que encajen mejor o peor en el programa. La cosa tampoco es meter la cabeza en la guillotina, la cuestión es cómo te parece que se pueda encarar una negociación en relación con este problema. Alejandro Castellote: Desde luego creo que la estrategia no puede estar basada en disfrazarse de otro ante las galerías y el mercado de los Estados Unidos o de Europa. Yo creo que la identidad individual y la colectiva tienen que estar basadas precisamente en la densidad y en la capacidad de proponer una aproximación a un determinado tema que tenga la capacidad de distanciarse de otras propuestas que se hayan hecho en esa dirección. Lo que a mi me parece más patético de esta España cuando veo autores que vienen de otros países es cuando están imitando exactamente lo que se está haciendo en la escuela alemana, la antropología social británica, los retratos sociales holandeses o en esta propia aproximación semiótica que hace la fotografía francesa. Se ha hablado mucho aquí de que no se puede hablar de fotografías regionales, a mi me parece que es perfectamente reconocible la fotografía alemana y ellos hacen alarde de eso, las universidades británicas quieren que todos sus alumnos propongan obras que vayan en esta dirección… Me parece que cuando vaya fomentándose la información, la cultura de los interlocutores que están lidiando con la fotografía ahora mismo se descubra carente. Hablo de curadores de arte contemporáneo que se están acercando a la fotografía y que no saben que Robert Frank fue un punto de inflexión en la historia del medio, o galeristas que como grandes descubrimientos ponen a Cindy Sherman, Andreas Gursky, etc. Me parece que esto no depende tanto de los autores, depende sobre todo de la incultura sobre el medio y su historia que tienen otros. Hay una parte patética que es hacer seguidismo, la otra es contemplar como desde aquí muchas veces la gente propone temas que saben que van a ser los temas complacientes, que por cierto a menudo tratan de confirmar el estereotipo sobre lo latinoamericano. No hay un cambio de propuestas desde aquí. Creo que si hay una estrategia posible y ya se ha visto históricamente: la Bienal de São Paulo y en su momento la Bienal de La Habana son un desplazamiento de los centros, una manera de utilizar cajas de resonancia locales que obliguen - o nos obliguen a nosotros los europeos - a venir aquí y entender qué es lo que se está haciendo aquí en todo un contexto de artistas y que vean qué dimensiones tiene eso. Lo que choca a la hora de generar una dimensión que haga visible lo que se está haciendo aquí es que muchas veces, quienes nos acercamos con el interés de dar visibilidad a lo que se está haciendo porque nos gusta y nos parece profesionalmente interesante, somos los primeros que nos llevamos los palos porque se nos dice que no podemos hacer este trabajo porque somos de fuera, que quién somos nosotros para venir para acá… Hay una relación un tanto esquizofrénica que a mi me resulta muy familiar. En España también se ha actuado de la misma manera durante mucho tiempo, cada vez que venían los ingleses o los franceses buscando fotos de viejecitas vestidas de negro. La convivencia con el estereotipo sólo hay una manera de superarla que es planteando, argumentando y generando una obra suficientemente sria y poderosa. Creo que el caso de Oscar Muñoz y Miguel Rio Branco y un montón de artistas nacidos o que pertenecen a este espacio socio-cultural se sujetan por ellos mismos y me parece que en cualquier momento uno puede estar perfectamente orgulloso de pertenecer a un sitio o a otro, no hace falta que se disfrace y se ponga plumas. Pergunta do público: Tengo una pregunta para Alejandro Castellote. Me gustaría saber como fue el proceso de curaduría de la exposición Sutil Violento. Hubo una conciliación entre diferentes arzobispos, la presentación de distintas iglesias más o menos revolucionarias? Alejandro Castellote: Una de las cosas que ha pasado en España con relación a la información o con la acumulación de información sobre artistas latinoamericanos es que ha estado tradicionalmente en mano a pocas personas que han sido muy celosas de no compartir esa información porque esto les situaba como interlocutores únicos de todo esto. Creo que hay una nueva generación de curadores, es el caso también de Claudi Carreras, que queremos acumular información para hacerla circular entre nosotros. Mi aportación ha sido dar información de lo que yo tenía que pudiera estar relacionado con la violencia y ponerla en manos de Iatã quien ha gestionado todo. No ha habido ninguna directriz, ninguna presión en mi caso por inducir una determinada dirección de la exposición. El responsable absoluto es Iatã que ha tenido la generosidad de incluirnos, pero creo que esto es un funcionamiento normal en el mundo de la curaduría que es pedir información a los colegas. Eduardo Gil: Yo sólo voy a hacer un pequeño comentario. Se me ocurre que este es un momento en el que tratando el tema de lo que es la fotografía contemporánea, no deberíamos dejar de decir que estamos viviendo el momento o uno de los momentos más brillantes de la historia de la fotografía ya que justo la contemporaneidad y la superación de los mitos posibilita las muy diversas opciones en el campo del desarrollo de proyectos estéticos. Yo creo que justamente eso de compartimentar en estilos y escuelas es lo que deberíamos negarnos a hacer o deberíamos negarnos a instrumentar nosotros como artistas y gestores en el terreno de la fotografía. Me parece que hay algunos riesgos cuando hablamos de lo latinoamericano y también cuando hablamos de lo que no deberíamos hacer como latinoamericanos ya que esto constituiría una forma de establecer categorías. Yo creo que durante muchos años estuvimos influenciados por los diversos modos de representación del modernismo, de CartierBresson, del grupo f64 y ahora tenemos mucha influencia de la escuela alemana. Esto no es necesariamente negativo, puesto que desde estos referentes se puede producir algo más característico y que no es mera copia. Por eso la clasificación en “discípulos de” puede ser igualmente peligrosa. Creo que deberíamos dejar atrás todas las rigideces de los esquemas. Es mejor pensar en que este es un gran momento para la fotografía que ya no es la cenicienta de las artes. Pergunta do público: Hay una artista francesa que se llama Sophie Calle que tiene un trabajo en que ella le encarga a su madre que contacte un detective privado para que la siga y le saque fotografías. Ella se da cuenta de que el detective está allí y le manipula. Acabada la investigación el detective entrega las fotos a la madre que a su vez las entrega a su hija que nos las muestra. La pregunta es si este se puede considerar un trabajo de fotografía. Alejandro Castellote: A mi me parece que da igual. Por qué tengo que ser sólo fotógrafo y no me puede gustar por ejemplo la música? Con respecto al anterior comentario, yo no digo que haya que renegar nada, yo creo que lo que hay que hacer es que esa historia la conozca más gente. Creo que lo que es patético es ver que algunas de las mejores galerías españolas no sepan los nombres de los grandes de la historia de la fotografía. Allí es donde hay que trabajar y ese trabajo lo tienen que hacer ellos. También nosotros, habiendo mamado de Cartier-Bresson o de Koudelka, hemos tenido que hacer esa travesía e ir poniéndonos las pilas viendo otras muchas cosas de arte, de cine etc. Hay muchos otros lenguajes. La descompensación ahora mismo está mucho más por la vía del mercado.
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