Revista Soluções Sebrae

Transcrição

Revista Soluções Sebrae
Editorial
A verdade acima de tudo
Quando o sucesso vira um ‘problema’ é o tema de capa desta edição da Revista
Soluções. Até situações positivas, como uma demanda acima da esperada, podem se transformar em uma dor de cabeça. Como lidar com a situação é um desafio para empresários até mais experientes.
O caso Cold Stone, que você leitor acompanhará nas próximas páginas, traz lições
importantes. O ‘braço’ da rede americana de sorvetes no Brasil teve que fechar
as portas, por duas semanas, em pleno verão, por não dispor da sua principal
matéria-prima. A procura pelo sorvete foi um sucesso, mas a sua falta acabou se
tornando um problema.
O principal ensinamento, segundo contam os próprios empresários, que sentiram na pele a crise, é que contar a verdade para os clientes foi a mais acertada
atitude a ser tomada naquele momento. Em vez de enfraquecer, acabou fortalecendo a marca.
Nesta edição, você confere ainda outras reportagens sobre temas como crowdsourcing, um modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos
coletivos e voluntários, geralmente espalhados pela internet, para resolver problemas, criar conteúdos e soluções ou desenvolver novas tecnologias. Uma tendência também ao alcance dos empresários de micro e pequenas empresas.
Não perca ainda as reportagens sobre business design, m-commerce e feedback. O
uso do design em estratégia empresarial, de tablets e smartphones para potencializar as vendas e de sistemas que permitem que os líderes ou gestores avaliem o
comportamento de seus colaboradores são questões do momento. Assim como
a inteligência competitiva, que ganha cada vez mais espaço de destaque junto
aos pequenos negócios.
A entrevista desta edição é com Rui Hess de Souza, diretor de varejo da Dudalina.
Ele deixa um recado para as micro e pequenas empresas, que encontrem condições de profissionalização para crescer no mercado. O melhor caminho, no seu
entendimento, é o da legalidade, fazer as coisas certas e da forma correta. O
ideal é criar condições e um ambiente para valorizar as pessoas dentro da empresa. Esse conjunto de ações, diz Rui Hess de Souza, acaba custando mais caro, mas
é o que traz melhores resultados para as empresas.
A eleição realizada pelo Conselho Deliberativo e a posse da nova Diretoria do
Sebrae/PR, que tem como desafio pensar no futuro da organização para os próximos dez anos; os 20 anos de Empretec no Brasil; e os resultados da Feira do
Empreendedor 2013 – Paraná, o maior evento de empreendedorismo do Estado,
também estão em pauta.
Boa leitura!
Leandro Donatti, o editor
2
3
Índice
Conselho Deliberativo
Modelo de gestão compartilhada, o Conselho
Deliberativo do Sebrae/PR é formado por representantes de segmentos do setor produtivo, de instituições de crédito e poder público.
Funciona como uma assembleia geral, soberana, que representa a tomada de decisões
de forma democrática. Ao todo, são 13 entidades que têm assento no Conselho Deliberativo
do Sebrae/PR.
João Paulo Koslovski
Presidente do Conselho Deliberativo
Agência de Fomento do Paraná S/A
(FOMENTO PARANÁ)
Juraci Barbosa Sobrinho – titular
Alexandre Teixeira – suplente
Banco do Brasil
José Roberto Sardelari – titular
Joares Angelo Scisleski – suplente
Caixa Econômica Federal
Fabio Carnelos – titular
Enilson Araújo – suplente
Centro de Integração de Tecnologia
do Paraná (CITPAR)
Luiz Carlos Baeta Vieira – titular
Rubens Maluf Dabul – suplente
Federação da Agricultura do
Estado do Paraná (FAEP)
Ágide Meneguette – titular
Carlos Augusto Cavalcanti Albuquerque – suplente
Federação das Associações Comerciais e
Empresariais do Estado do Paraná (FACIAP)
Conselho Fiscal
Jefferson Nogaroli – titular
Rainer Zielasko – suplente
João Luiz Rodrigues Biscaia – FAEP
(presidente do Conselho Fiscal)
Federação das Associações de Micro e
Pequenas Empresas do Paraná (FAMPEPAR)
Dalton Celeste Rasêra – FAEP
Suplente
Ercílio Santinoni – titular
Jonas Bertão – suplente
Federação das Indústrias
do Estado do Paraná (FIEP)
Edson Campagnolo – titular
Evaldo Kosters – suplente
Federação do Comércio do Paraná
(FECOMÉRCIO)
Darci Piana – titular
Ari Faria Bittencourt – suplente
Capa - Pág. 12
José Georgevan Gomes de Araújo – FIEP
Titular
Paulo Roberto Munhoz – FIEP
Suplente
Umberto Marineu Basso Filho – FECOMÉRCIO
Titular
Alberto Franco Samways – FECOMÉRCIO
Suplente
Quando o sucesso
vira um ‘problema’
O que fazer para superar obstáculos
inesperados nos negócios e qual a
melhor maneira de aprender com
os próprios erros
SEBRAE Nacional
Secretaria de Estado da Indústria,
do Comércio e Assuntos do
Mercosul (SEIM)
Diretoria Executiva
Ricardo José Magalhães Barros – titular
Horácio Monteschio – suplente
Vitor Roberto Tioqueta
Diretor Superintendente
Sindicato e Organização das Cooperativas
do Estado do Paraná (OCEPAR)
Julio Cezar Agostini
Diretor de Operações
João Paulo Koslovski – titular
Nelson Costa – suplente
José Gava Neto
Diretor de Gestão e Produção
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Zaki Akel Sobrinho – titular
Joel Souza e Silva – suplente
[email protected]
http://asn.sebraepr.com.br
Coordenação
Renata Todescato
Gerente de Marketing
Críticas e comentários,
mande um e-mail para
[email protected]
Edição/Jornalista Responsável
Leandro Donatti
Registro Profissional – 2874/11/57-PR
Anuncie na Revista Soluções:
[email protected]
Impressão
Artes Gráficas Renascer Ltda.
(Mult-graphic)
Fotos: Cristiane Shinde, Luiz Costa
e Rodolfo Buhrer.
PÁG.
Sebrae/PR tem
novos diretores
executivos
PÁG.
30
Comportamento
empreendedor
22
Tendência
Entrevista
Design estratégico
para negócios
Design Gráfico e Diagramação
Ingrupo//chp Propaganda
Periodicidade
Trimestral
Tiragem
20 mil exemplares
ISSN 1984-7343
PÁG.
PÁG.
34
‘Multidão’ que
faz a diferença
PÁG.
46
Descisão
‘inteligente’
PÁG.
54
Empresas buscam
‘proteção
cambial’
Comportamento
40
Serviço
Pág. 8
Amor à ‘camisa’
Mobilidade a
favor das vendas
PÁG.
50
Comportamento
Empreendedorismo
vira mercado editorial
PÁG.
62
PÁG.
66
PÁG.
58
Além do ‘horizonte’
Mercado
Detalhes que
fazem a diferença
Artigos
Feiras e eventos
PÁG.
Eloi Zanetti - Pág. 73
... mas na primeira
oportunidade darão o
merecido troco...
Um ‘brinde’
ao sucesso
PÁG.
Sucesso de público
(e crítica)
74
Personalidade
Allan Costa - Pág. 84
.. o lado bonito desse
processo é que o fim...
70
Associativismo
PÁG.
78
Empreendedorismo
na universidade
Giro pelo Paraná
PÁG.
4
18
Elizabeth Soares de Holanda - titular
Joana Bona Pereira – suplente
Expediente da Revista Soluções
Adriana Schiavon Gonçalves
Especialista em Marketing
Reportagens: Adriana Bonn, Adriana De Cunto,
Andréa Bordinhão, Flora Guedes, Katia Michelle
Bezerra, Leandro Donatti, Maigue Gueths
e Mirian Gasparin.
PÁG.
Capacitação
“Amor-verdade”
Rui Hess de Souza, diretor de varejo
da Dudalina, resgata história de
empresa catarinense, e diz que o
empreendedorismo passa por
sentimentos, como amor, paixão
e laços familiares
Ammanda Macedo
Especialista em Marketing
Sebrae/PR
80
5
Linha direta com o leitor
Cartas
Radar da pequena empresa
Um ‘jogo rápido‘ sobre os pequenos negócios.
Revista Soluções – www.solucoessebrae.com.br
Gosto muito das dicas e oportunidades nas matérias da Revista Soluções. São temas atuais e objetivos que nos ajudam a ter ideias e encontram soluções para problemas que em algum momento do seu negócio
acaba enfrentando. Para mim, especiais são reportagens com depoimentos de empreendedores que contam como começaram uma nova
ideia, os desafios e as superações, verdadeiros heróis e com certeza
inspiram muito.
Luciana Bechara – empresária – Curitiba/PR
Parabéns por todas as matérias. Confesso que sempre que leio revistas
com a mesma temática, sobre negócios, empreendedorismo, mercados, clientes, etc, leio somente algumas matérias. Mas esta edição
A décima sétima edição da Revista Soluções teve
como tema de capa a nova classe média empreendedora.
Segundo a reportagem em destaque, mais da metade
dos empreendedores brasileiros está na Classe C.
(nº 17) li todas na íntegra. Textos limpos e fáceis de ler... sem uso de
jargões corporativos, expressões estrangeiradas como se fosse uma
tese de Doutorado. Isso sem contar a qualidade gráfica, papel, fontes e
Crédito
Acumulado
Lei Geral
Depois de dois meses consecutivos de
expansão, a procura das empresas por
crédito recuou 4,2% em maio, diz a Serasa Experian. Na comparação com maio
de 2012, a demanda caiu 9,0% e, no
acumulado dos primeiros cinco meses
de 2013, a procura reduziu em 5,8%. O
feriado prolongado de Corpus Christi e
as incertezas quanto à recuperação da
atividade econômica doméstica afetaram negativamente a demanda.
O recuo da demanda das empresas por
crédito concentrou-se nas micro e pequenas empresas, com queda de 4,4% sobre o
resultado de abril. Nas médias empresas,
a queda foi de 2,6%. Somente as grandes
empresas (alta de 1,4%) expandiram a sua
demanda por crédito em maio. No acumulado do ano, os pequenos negócios continuam liderando a queda na procura por
crédito: variação de -6,8% frente ao mesmo período do ano passado.
O Paraná deve estadualizar, ainda em
2013, o Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, conhecido
como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. O projeto, que tem como objetivo a
criação de uma legislação estadual em favor dos pequenos negócios, caminha para
ser lei até o final do ano. A expectativa é de
representantes do Fórum Permanente das
Microempresas e Empresas de Pequeno
Porte do Paraná.
Ambiente
Frente
Equilíbrio
O Fórum Permanente, que ‘costura’ a
proposta, reuniu-se no final de junho, em
Curitiba, para ajustar detalhes do texto, e
o projeto, antes de virar lei, passará pela
apreciação da Assembleia Legislativa. O
texto da futura legislação prevê a criação
de um ambiente favorável para negócios,
com mais acesso ao crédito, abertura e
fechamento de empresas mais ágeis, incentivos fiscais e novos nichos de mercado,
como o de compras públicas.
A Assembleia Legislativa aprovou a criação da Frente Parlamentar de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas do Estado do
Paraná. A Frente vai formular políticas de
estímulo ao empreendedorismo; ajudar
no fortalecimento, expansão e formalização de micro e pequenas empresas;
apoiará programas de competitividade
e inovação; e fará o encaminhamento de
propostas em favor dos pequenos negócios ao governo e órgãos públicos.
A relação homem-mulher, quando o assunto é empreendedorismo em sua fase inicial, é equilibrada. Praticamente a metade
dos empreendedores brasileiros com até
três anos e meio de atividade é formada
por homens e a outra, por mulheres. É o
que diz a Pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor). A sondagem mostra que
65% dos empreendimentos entre as mulheres nasceram de uma oportunidade de
mercado. Em 2002, eram 39%.
Crescimento
Avanço
Marca
Outro estudo, divulgado em maio pelo
Sebrae Nacional - “As Mulheres Empreendedoras no Brasil” - mostra outro dado
interessante: o crescimento no número de
mulheres à frente de empreendimentos,
independente do seu tempo de existência.
Elas ocupam 31% dos empreendimentos
no Brasil, enquanto que os homens os outros 69%. O Paraná está na média nacional,
ou seja, 30% de seus empreendedores são
do sexo feminino.
Entre 2001 e 2011, o número de mulheres
donas do próprio negócio aumentou 21%,
o equivalente a mais que o dobro do crescimento verificado entre os homens. O estudo do Sebrae Nacional mostra ainda que as
empresárias brasileiras estão mais escolarizadas, têm mais acesso às informações e
ousam empreender em atividades, há pouco mais de dez anos, predominantemente
masculinas. É um movimento que não tem
mais volta.
O Brasil bateu em junho a marca de 3 milhões de microempreendedores individuais (com faturamento bruto anual de até
R$ 60 mil). O Paraná está entre os estados
com o maior número de empreendedores
que aderiram à categoria, em vigor desde
2009, com quase 165 mil, atrás de São Paulo; Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Rio
Grande do Sul. Os dados estão no Portal
do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br).
fotos... 100%. Mais uma vez parabéns.
William Cesar Rachinski – gerente comercial – Curitiba/PR
Ameiiiii a edição nº17 da Revista Soluções e fiquei mais feliz ainda pelo
prazo de entrega da mesma, parabéns!
Elidiane Nascimento – estudante - Sobral/CE
Gostaria de parabenizar o Sebrae/PR pela Revista Soluções. Surpreendo-me positivamente a cada edição, além de conteúdo, a apresentação
gráfica é excelente e inspira a leitura das matérias. Frequentemente
quando estou querendo informações sobre algum assunto relacionado
à gestão da minha empresa, vou dar uma olhada nas edições anteriores
e, muitas vezes, encontro o que preciso. Um exemplo disso foi o artigo
sobre como as pequenas empresas devem atuar no Facebook que encontrei na última edição. Estou iniciando o trabalho nas redes sociais e
as dicas que encontrei ali me ajudaram muito a dar os primeiros passos,
atuando como empresa, nesta ferramenta. Continuem assim!
Erlon Labatut – empresário – Curitiba/PR
Uma coisa muito interessante na Revista Soluções é a abordagem,
de fácil compreensão, de temas que nem sempre são simples. Gostei
bastante da matéria que falou sobre o poder da marca nas empre-
Queremos sua opinião
sas, com dicas de especialistas e experiências contadas pelos próprios empresários.
Marcos Pereira – empresário – Curitiba/PR
6
[email protected]
7
tas ações internas para envolver o nosso
está muito distante da afetividade, Rui
pessoal. Todo mês, as lideranças se encon-
Hess de Souza, diretor de varejo e um dos
tram num almoço descontraído para trocar
sócios da Dudalina, quebra o paradigma.
ideias. Eu ligo para todos os meus funcio-
Todo o caminho percorrido pela empresa
nários do varejo no dia do aniversário. A
catarinense fundada pelos seus pais, em
empresa promove palestras, ginástica la-
1947, que representa quatro marcas - Du-
boral, comemoramos as datas especiais e
dalina, Dudalina Feminina, Base Jeans e
temos um programa voltado para as ma-
Individual – passa por sentimentos, como
mães”, conta.
amor e paixão e pelos laços familiares.
lina é o programa de participação nos re-
misa e às Pessoas”, que integrou a progra-
sultados. No ano passado, os colaborado-
mação da oitava edição do Paraná Business
res receberam quase seis salários mínimos
Collection, realizada em junho passado pelo
porque atingiram todas as metas de pro-
Sebrae/PR, Federação das Indústrias do Es-
dutividade e de nível de qualidade do tra-
tado do Paraná (Fiep) e Conselho Setorial
balho. De todo o lucro da empresa, 27,5%
da Indústria do Vestuário, em Curitiba, Rui
são destinados aos sócios; 12% para os
Hess de Souza apresentou os caminhos tri-
funcionários; e 5% ficam com a diretoria.
sucesso no País, e falou com a Revista Soluções, que traz nesta edição entrevista com
o diretor de varejo.
Após mudanças estratégicas de mercado e
de produção, a Dudalina passou, segundo
ele, a atuar também na moda feminina, em
2010, e registra, desde então, o crescimento médio de 25% e um faturamento de R$
500 milhões, por ano. “A Dudalina Feminina foi o nosso iPad”, define.
Rui Hess, empresário
Amor à
“A legalidade é muito importante na formação de uma empresa. Lembro que deixamos muito de crescer devido a uma concorrência extremamente informal. Mas
hoje confirmo que somos até quatro vezes
mais lucrativos do que qualquer empresa
informal. Deixo esse recado para as empresas que estão começando, para que
forma legal e vivermos numa sociedade
dades industriais, uma delas fica na cidade
mais justa”, destaca Rui Hess de Souza.
na Itália; além de 28 franquias. Ainda está
prevista a inauguração de mais sete lojas
em 2013.
“É muito importante os empresários de miuma empresa como a Dudalina investe em
ações como essa ou mesmo em responsabilidade social, porque tudo isso gera resultados de crescimento para a empresa.” Todas
as ações, segundo ele, precisam ter como
tante estabelecer uma ideologia, que é a
base a pesquisa e observação de mercado,
soma de valores, e a missão, que quase
a segmentação e estratégias bem funda-
precisa ser traduzida nos produtos e ima-
mentadas. “É preciso trabalhar com profis-
gem da empresa. Criamos produtos que
sionalismo e ética dentro da legalidade,
emocionam as pessoas. Paixão é o senti-
porque o mercado do vestuário não tem
mento que nos move. Queremos que o
espaço para amadorismos”, alerta ele.
nosso cliente vista a blusa da Dudalina e
sinta-se feliz. Buscamos construir relações
sólidas e duradouras com o cliente, que é a
sempre”, explica ele, contando que o tecido da Dudalina passa por uma cadeia de
produção que começa no Egito, passa pela
Itália e Índia, antes de chegar ao Brasil.
Toda empresa
começa com o
empreendedor, e, no
Brasil, o modelo de
empreendedorismo
sempre tem o
envolvimento
da família
cro e pequenas empresas perceberem que
“Para conquistar o sucesso, é muito impor-
nossa prioridade, e temos que seduzi-lo
8
seu lucro, entre os anos de 2004 e 2010.
possamos criar nossa base de indústrias de
lojas próprias, das quais uma fica em Milão,
Por Flora Guedes
social, a empresa multiplicou dez vezes o
megaestrutura da corporação: são seis uni-
São Paulo; mais de 2,3 mil funcionários; 44
Diretor de varejo da Dudalina resgata história de empresa catarinense,
considerada um dos mais destacados cases de sucesso do País
Desde que implantou a responsabilidade
O sucesso da Dudalina ainda se traduz na
de Terra Boa, no Paraná; um escritório em
‘camisa’
Um das ações de política interna da Duda-
Durante a palestra “Dudalina - Amor à Ca-
lhados pela empresa, considerada case de
Entrevista
Foto: Mauro Frasson/Comunicação Fiep
Rui Hess de Souza
Para quem acha que o profissionalismo
Em família
A Dudalina foi fundada pelo casal Duda e
Adelina, no ano de 1947, em Luís Alves,
Santa Catarina. Do fruto dessa união nasceram os 16 filhos que, hoje, são os sócios
proprietários da empresa. “Minha mãe ficou grávida 21 vezes. Eles se amavam mui-
“Amor à Camisa e às Pessoas é o nosso slo-
to, meu pai escrevia quase todo dia um
gan. É preciso ter muito amor e coragem
poema para ela”, lembra Rui Hess de Sou-
para fazer cumprir isso com o cliente e com
za. Adelina resolveu produzir camisas de-
os nossos colaboradores. Realizamos mui-
pois que o marido fez uma compra exage-
9
Trabalhar na
legalidade sempre
vai trazer mais
resultados à
empresa, que estará
colaborando também
para construir uma
sociedade mais justa
rada de tecidos em São Paulo para vender
integram o Cadastro Nacional de Empre-
no comércio de secos e molhados que ti-
sas Comprometidas com a Ética e a Integri-
nham em Luís Alves. Para que os filhos es-
dade - Cadastro Empresa Pró-Ética. Tam-
tudassem, a família resolveu se mudar
bém realiza ações em benefício da
para Blumenau, também em Santa Catari-
comunidade e apoia algumas instituições,
na, onde abriram duas lojas com o nome
como a Pastoral da Criança e o Instituto
Dudalina.
Ayrton Senna.
“É muito importante que as empresas fa-
A empresa também desenvolve um proje-
miliares façam um acordo de acionistas
to de geração de renda que engloba capa-
A seguir, trechos da entrevista concedida à
Revista Soluções.
entre os herdeiros. Isso pode determinar
citação de costureiras e doações de kits de
Revista Soluções - O que a Dudalina tem
que lá na frente se saiba muito bem qual é
processo de falsificação. Estamos firmes
retalhos para produção de sacolas em mui-
a função familiar e qual é a função empre-
para enfrentar isso, a nossa sociedade tem
tos estados do País. “No ano passado, fo-
para ensinar aos empreendedores que estão começando?
sarial. Na empresa, só trabalham eu e a mi-
ram capacitadas 263 pessoas e produzidas
16.443 sacolas de patchwork (trabalho
Rui Hess de Souza - A coisa mais impor-
gem. Querem ter aquilo que não podem ter
nha irmã Sônia, que é a presidente da Dudalina. Os nossos outros 14 irmãos são
com retalhos). Boa parte das sacolas foi
empreendedores. Nosso modelo de ges-
comprada de volta pela Dudalina, por R$ 6
tão é o de governança corporativa, temos
cada. Esse modelo de projeto de geração
os Conselhos de Família, Fiscal e Adminis-
de renda foi adotado pela Organização das
trativo”, esclarece Rui Hess de Souza, que
Nações Unidas (ONU) como um exemplo a
é engenheiro mecânico e realizou especia-
ser seguido na indústria têxtil”, conta Rui
lizações nas áreas de gestão, comércio ex-
Hess de Souza.
terior e comércio de varejo.
Responsabilidade empresarial
A Dudalina participa de entidades como o
Pacto Global e o Instituto Ethos, além de
ser uma das 14 empresas brasileiras que
A empresa também produz um relatório
de sustentabilidade, fazendo o registro
público da emissão de gases do efeito estufa. “Para neutralizar a emissão de gás
carbônico pela produção da Dudalina, a
gente faz a compensação plantando árvo-
res. Cada muda, dentro de 15 anos, vai ‘sequestrar’ 160 quilos de gás carbônico do
meio ambiente. Só no ano passado, plantamos mais de 7 mil mudas”, relata, acrescentando que a empresa também aplica a
logística reversa na reutilização das embalagens dos seus produtos.
tante é que o caminho mais fácil não é o
melhor caminho. O melhor caminho é o da
legalidade, fazer as coisas certas e da forma correta. O ideal é criar condições e um
ambiente para valorizar as pessoas dentro
da empresa. Esse conjunto de ações acaba
custando mais caro, mas, no final, é o que
traz o melhor resultado para a empresa.
Para muitos, é sempre mais fácil não pagar
os impostos e não pagar os seus colabora-
Foto: Mauro Frasson/Comunicação Fiep
malidade muito grande. Essa informalidade
atrasou nosso crescimento. E atuar de uma
forma correta, pagar os impostos certinho,
num país que tem uma carga tributária tão
alta como o Brasil, você acaba tendo uma
desvantagem competitiva muito grande. E
agora, estamos enfrentando o maior desafio da história da nossa empresa, que é o
muitas pessoas que querem tirar vantae agem de forma ilícita. Isso vem nos causando bastante preocupação porque temos que proteger o nosso produto e o nosso cliente, que quer comprar o produto
legal, correto e de qualidade e pode encontrar essas pessoas espertas no caminho.
Uma pessoa que veste um produto falso,
também é falsa. É uma vergonha alguém
vestir um produto falso.
Revista Soluções - Existe espaço no mer-
o que salva a nossa economia são as peque-
Revista Soluções - Qual foi o caminho per-
são elas que empregam a maior parte da
Rui Hess de Souza - Nossa experiência de
cado brasileiro para o crescimento das micro e pequenas empresas?
Rui Hess de Souza - Com certeza. No Brasil,
nas e médias empresas. No final das contas,
mão de obra desse País. A Itália é um exemplo de perfil de sociedade e economia baseada na pequena empresa. E durante a crise,
desenvolvimento é semelhante ao que se
observa dentro da indústria brasileira e no
mundo, independente se está no setor
têxtil ou não. Toda empresa começa com o
empreendedor. E no Brasil o modelo de
empreendedorismo sempre tem o envolvimento da família no processo de cresci-
o país encontrou, nas empresas familiares e
mento. Na Dudalina, sempre ouve um envolvimento muito grande da família e a
empresa foi crescendo conforme a família
foi crescendo também. O mais importante
é estar bem estruturada para o crescimento, porque senão vira uma bagunça, e a
desorganização acaba atrapalhando muito a capacidade de desenvolvimento de
uma empresa.
dias empresas?
Revista Soluções - Quais sãos os principais desafios que se colocaram diante da
Dudalina nas últimas seis décadas?
10
cer e batalhar contra um mercado de infor-
dores da forma justa e que merecem. Mas,
a longo prazo, trabalhar na legalidade
sempre vai trazer mais resultados à empresa, que estará colaborando também
para construir uma sociedade mais justa.
corrido pela Dudalina desde que começou
como um pequeno negócio, em Luís Alves?
Rui Hess, empresário
zes, foi desleal. Sempre tivemos que cres-
Os empresários
precisam ter muito
amor e coragem
para fazer cumprir
suas propostas com
os clientes e seus
colaboradores
nas cooperativas, a melhor forma de tentar
superar a crise econômica. Sem sombra de
dúvida, o desenvolvimento do Brasil passa
pelas pequenas e médias empresas.
Revista Soluções - Qual a recomendação
que o senhor deixa para as pequenas e mé-
Rui Hess de Souza - Elas precisam se estruturar e buscar todas as formas possíveis para
conquistar isso. As empresas devem encontrar condições de profissionalização para
crescer no mercado. Talvez, o Brasil seja um
dos países mais bem estruturados nesse sentido, porque disponibiliza a maior quantidade
de ferramentas para os pequenos e médios
empresários se profissionalizarem e crescerem. O Sebrae é um ícone e cria uma situação
extraordinária na formação da base da indús-
Rui Hess de Souza - O principal desafio
tria brasileira. Se você for comparar com ou-
foram as grandes variações do mercado
brasileiro, a grande instabilidade econômica, os pacotes econômicos, nesses anos
todos. E a nossa concorrência, muitas ve-
tros países, você não vai encontrar uma organização tão bem estruturada e com o alcance
do Sebrae. Os empresários precisam se utilizar dessas ferramentas.
11
Capa
Risco
Quando o
sucesso vira
um ‘problema’
O que aprender com o caso da Cold Stone, em Curitiba, que, por falta
de seu principal produto, precisou fechar a loja por duas semanas
Por Adriana De Cunto
12
13
perder a oportunidade de experimentar a
com matéria-prima selecionada. Ele pode
sensação do momento. Cerca de 450 sorve-
sinais apontam para um grande sucesso.
ser customizado a partir de muitos ingre-
tes eram vendidos por dia e, aos domingos, a
Os clientes aprovam o produto e o preço e
dientes ofertados pela casa, chamados de
casa chegava a comercializar 1.900 unidades
fazem filas na porta do estabelecimento
mix-ins e tudo acaba misturado sobre uma
da iguaria. Segundo um dos sócios, Joaquin
para comprá-lo. A procura é tanta que,
pedra resfriada. É daí que vem o nome Cold
Fernandez Presas, as vendas eram 40% su-
após avaliar o estoque, você percebe que a
Stone (pedra fria). Entre os sabores, os mais
periores em comparação ao estabelecimen-
mercadoria que adquiriu antes de abrir o
tradicionais, como creme e chocolate, até
to que mais vendia sorvetes na cidade.
negócio - que deveria abastecer a casa por
opções exóticas como massa de bolo e sor-
um período entre nove e 12 meses - será
bet de melancia. Acrescente à mistura uma
suficiente para apenas 180 dias.
boa porção de simpatia, pois a equipe de
Esse cenário é o sonho de todo o empresário e foi realidade para o grupo que iniciou
em Curitiba, em agosto de 2012, a operação brasileira da rede americana de sorvetes Cold Stone. Mas o sucesso se transformou em dor de cabeça quando o temido
“Custo Brasil” abalou, como um tornado, os
dias felizes de ótimas vendas.
vendedores é selecionada levando em consideração a capacidade de entreter e transmitir alegria para o cliente. Para se ter uma
ideia, na seleção para as vagas de atendentes, os candidatos mostram até mesmo
suas qualidades como cantor e dançarino.
No final de setembro, os proprietários
constataram que a matéria-prima base
para fazer o sorvete – importada dos Estados Unidos – não daria até a data prevista.
Os cálculos foram feitos com a ajuda da
própria matriz, que projetou o consumo a
partir da experiência das lojas americanas e
das unidades localizadas nos outros países.
Um novo pedido de importação da matéria-
O que, então, poderia dar errado?
A casa foi aberta no dia 21 de agosto do ano
passado, com seis meses de atraso por con-
A Cold Stone já era conhecida pelos brasilei-
ta de obstáculos burocráticos. Os proprie-
ros que viajam para os Estados Unidos ou
tários da operação brasileira da Cold Stone
para os outros 20 países que possuem a ope-
pretendiam inaugurá-la no verão. Mas agos-
ração. Os representantes nacionais da grife
to acabou não fazendo tanta diferença. Nos
dizem que é o sorvete mais vendido entre os
primeiros dias, as filas de clientes chama-
americanos. A força da marca se baseia em
vam a atenção de quem passava na Rua Au-
três fatores: produto de qualidade, customi-
gusto Stellfeld e que, por sua vez, também
zação ao gosto do cliente e entretenimento.
acabava se juntando aos demais clientes.
O sorvete é classificado como Super Pre-
Pessoas de outras cidades que visitavam a
mium pelo órgão americano Food and Drug
capital paranaense também não queriam
-prima foi enviado aos americanos em outubro e, no início de dezembro, a encomenda
já aguardava em um contêiner refrigerado
no Porto de Santos, em São Paulo. Sem motivos justificáveis, a mercadoria só foi liberajaneiro, pleno verão e melhor época para se
vender sorvetes no Brasil, a filial curitibana
da Cold Stone ficou fechada por 14 dias.
Consequências
Tomada a decisão de fechar temporariamente a sorveteria, era preciso encarar ou-
“Nós não tínhamos ideia da complexidade
tro momento delicado: como informar os
que é importar produtos para o Brasil. A
clientes sobre o problema sem afetar a
dificuldade que o Brasil impõe aos seus
imagem da casa? A solução encontrada foi
empresários é inacreditável”, desabafa um
a colocação de uma faixa que cobria quase
dos sócios-proprietários da Cold Stone, Le-
toda a fachada do imóvel explicando a situa-
onardo Ribas Ramos. Veterano do setor
ção. Nela, uma frase chamava atenção:
alimentício, ele é dono de duas franquias
“Ups! Acabou o sorvete :-( Mas não se de-
do Franz Café em Curitiba, localizadas no
sesperem! A nova remessa, que já foi im-
bairro Batel e no ParkShoppingBarigui. Se-
portada há algum tempo, em breve será li-
gundo Leonardo Ramos, os diretores ame-
berada e até 14/01 reabriremos a loja”.
ricanos da Cold Stone que acompanharam o
na burocracia brasileira.
Joaquin Presas ressalta a importância de
passar a informação ao cliente da maneira
mais transparente, mas hoje repensa a co-
Quando os donos da sorveteria percebe-
locação da faixa. Segundo ele, vez por ou-
ram que iria faltar produto, eles começaram
tra a foto da faixa surge nas redes sociais e
a pesquisar outras formas de importar a
muitos clientes não entendem que se trata
matéria-prima e chegaram a comprar uma
de uma imagem antiga.
remessa para ser entregue por avião, muito
mais cara do que outros modelos. A encomenda até chegou a tempo de evitar o temido fechamento da loja, no dia 20 de dezembro. Mas a remessa ficou emperrada no
Aeroporto Afonso Pena, em São José dos
Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba)
até meados de janeiro, esperando a liberação. “Dá uma frustração porque a gente trabalha tanto, investe tanto dinheiro”, constata Leonardo Ramos, lembrando que as
14
Sorvete da Cold Stone
da em fevereiro. O resultado disso é que em
drama da loja paranaense não acreditavam
Leonardo Ribas Ramos, empresário
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Administration (FDA) porque é elaborado
vidade no País e, desde a inauguração, os
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Em qualquer
situação, a melhor
estratégia é falar a
verdade e nisso os
empresários precisam
ser muito assertivos
Imagine você abrindo um negócio que é no-
dificuldades que provocaram o fechamento
Relacionando-se com
pessoas envolvidas
em diversos ramos,
o empresário vai
aprendendo o
‘caminho das pedras’
Para Joaquin Presas, o consumidor sentiu
o fechamento da casa. Mas duas semanas
após a reabertura, o número de sorvetes
vendidos voltava ao nível de antes da suspensão. Segundo Leonardo Ramos, os
clientes entenderam as dificuldades e receberam de maneira positiva a reabertura
da Cold Stone. “A gente via nas pessoas a
felicidade pela sorveteria voltar a abrir”,
conta. Na opinião dele, o produto cativou
os curitibanos.
da sorveteria por duas semanas fugiram da
Se a interrupção no atendimento não afe-
capacidade de resolução dos sócios.
tou a imagem do produto junto ao público,
15
Foto: Luiz Costa/La Imagen
plos como esse, o professor aconselha:
“Não enrole, não tente inventar justificativas ou desculpas. E partilhe da culpa porque a culpa não é só dos outros. Isso faz
parte da aprendizagem”.
dificuldades de importação prejudicariam
não só a primeira loja, em Curitiba, como
para a imagem do negócio são inevitáveis.
todo o projeto de expansão em franquias
Os comentários nas redes sociais são um
– processo que tem os próprios brasileiros
exemplo e, às vezes, a fofoca nem partiu da
como responsáveis.
oportunidade. “A única solução possível é
ter um contato forte com o cliente”, afirma
Fumagalli. E esse contato honesto vale, segundo ele, para as ocasiões em que é preciso também reajustar o preço do produto.
três dias, o mecanismo já estava em solo
semanas fechados, em pleno verão, causa-
nacional, mas novamente, a encomenda fi-
ram prejuízo. Os proprietários lembram
cou parada na alfândega mais tempo do
que os preços praticados na inauguração
que ficaria em qualquer um dos outros 20
tinham uma margem de lucro pequena,
pois agosto ainda é inverno.
ne. Na tentativa de se prevenir contra ou-
A expectativa dos proprietários era reajus-
tros infortúnios, eles solicitaram mais duas
tar o preço quando o alta temporada de
peças de reserva. Foi o que bastou para o
verão chegasse. Mas a falta de matéria-pri-
pedido ser retido para averiguações.
ma, a suspensão no atendimento e a chega-
Novamente, no segundo período de sus-
da do inverno impediram qualquer ajuste
no preço. Sem mencionar a alta do dólar,
que passou de US$ 1,90 para US$ 2,15 –
boa parte das despesas é paga tomando
como base a moeda americana.
16
países que vendem as iguarias da Cold Sto-
pensão no atendimento, a empresa informou a verdade para os fregueses que procuravam a sorveteria. Mas mudou a
estratégia. Em vez de uma faixa, um funcionário permanecia no local para dar as expli-
veram certeza que era preciso mudar o for-
giu logo que a loja foi inaugurada, reflexos
de experimentar a iguaria e perderam a
o mesmo não aconteceu com o caixa. Duas
dades, os donos da Cold Stone do Brasil timato de operação, caso contrário as
sentindo falta do sorvete ou que gostariam
Luis André Werneck Fumagalli, especialista em Administração
Após dois períodos de suspensão das ativi-
Na avaliação do professor, como a crise sur-
concorrência, mas de pessoas que estavam
Administrar é saber
como lidar com os
problemas e, quanto
menor a empresa,
menor é o poder
que ela tem sobre
o ambiente
Depois da tempestade
Um bom relacionamento com a matriz norte-americana, que acompanhou o drama da
loja curitibana, foi essencial para que fossem abertas algumas concessões. Joaquin
Presas revela que a Cold Stone concordou
que uma fábrica brasileira com expertise no
segmento alimentício ficasse responsável
pela produção da base do sorvete.
Fumagalli ressalta que se trata de um gran-
Um especialista veio dos Estados Unidos e,
de exemplo do Custo Brasil – termo utiliza-
entre 40 fornecedores de base láctea sele-
do para descrever as dificuldades estrutu-
cionados, duas fábricas acabaram passan-
rais,
que
do por um rigoroso processo de avaliação
dificultam o desenvolvimento do País e
que incluiu a assinatura de um NDA (Non
atrapalham o recebimento de investimen-
Disclosure Agreement) – acordo de sigilo
tos. Mas como é possível se planejar? “Foi
entre firmas parceiras. “Provavelmente,
uma primeira experiência e são coisas que
em setembro, nós teremos o primeiro for-
vão se ajustando no decorrer do processo”,
necimento brasileiro da matéria-prima
constata. Ele brinca que em Administração
dentro dos padrões da Cold Stone”, conta
de Empresas, a “Lei de Murphy” acontece o
Joaquin Presas.
burocráticas
e
econômicas
tempo inteiro.
Será o primeiro país em que o fornecimen-
Para quem nunca ouviu falar, a Lei de Mur-
to da base para o sorvete será feito local-
phy prega que “se alguma coisa tem a mais
mente. “Isso tira o foco do nosso business,
remota chance de dar errado, certamente
que é vender sorvete”, lembra Joaquin.
dará”. Com base nisso, o professor lembra
Mas acabou sendo estratégia importante
que administrar é saber como lidar com os
para ter controle na logística e garantir o
problemas. “E quanto menor a empresa,
sucesso da operação.
menor é o poder que ela tem sobre o ambiente”, frisa. Por isso, a importância do
empresário estar ligado ao ambiente e ao
cenário que se forma em torno dele para
que possa antecipar os problemas.
Não enrole, não
tente inventar
justificativas ou
desculpas, e partilhe
da culpa porque
a culpa não é só
dos outros
A produção da matéria-prima não é a única
mudança. O grupo também abrirá uma representação no Brasil das máquinas italianas Carpigiani, única licenciada para construir as máquinas de fazer o sorvete da
Daí a importância, lembra o docente da
Cold Stone, além de conquistarem o direito
FAE/PUC, para que o empresário reserve
de fabricar as chapas de metal geladas para
tempo na agenda para viajar, observar os
misturar o doce.
cenários interno e externo, ler revistas, li-
O esforço é necessário para garantir que
vros, jornais, conhecer a legislação, infor-
não falte mais matéria-prima, principal-
mar-se sobre marketing e consumo e, prin-
mente agora que o grupo se prepara para
cipalmente, construir networking (rede de
inaugurar a segunda loja, no sofisticado
Aprendendo com as dificuldades
cações sobre o motivo do fechamento.
Mesmo com todas as dificuldades, os pro-
“Em qualquer situação, a melhor estratégia
contatos) de qualidade. “Criar networking
bairro de Moema, em São Paulo. O próxi-
prietários da casa não se deixaram abater
é falar a verdade e nisso eles foram muito
é o aspecto mais importante. Relacionan-
mo passo será a abertura para franquias.
pelo desânimo, nem mesmo quando o es-
assertivos”, comenta Luis André Werneck
do-se com pessoas envolvidas em diversos
Cento e oitenta candidatos já demonstra-
tabelecimento teve que ser fechado tem-
Fumagalli, professor da FAE e da Pontifícia
ramos, o empresário vai aprendendo o ‘ca-
ram interesse em abrir unidades da Cold
porariamente pela segunda vez, no final de
Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
minho das pedras’, fica sabendo que ou-
Stone no Brasil. A expectativa é que o País
maio. Uma peça da máquina de fazer sorve-
Doutor em Administração e Estratégia, ele
tras pessoas já passaram por problemas
conte com no mínimo 34 lojas franqueadas
tes estragou e a reposição foi encaminhada
acompanhou o caso da loja da Cold Stone
semelhantes e podem adaptar a solução
nos próximos cinco anos, espalhadas em
rapidamente pela matriz americana. Em
desde o início dos problemas e, em exem-
para o próprio negócio.”
vários estados.
Saiba mais
Quer saber mais? O professor Luis André
Fumagalli recomenda as seguintes leituras:
HSM Management
(www.hsm.com.br/revista/286968); e
Economatica
(www.economatica.com/PT/quem-somos.html)
17
em Gestão, que é feito em parceria com a
geu em junho passado nova Diretoria Exe-
Fundação Nacional da Qualidade (FNQ),
cutiva. Vitor Roberto Tioqueta, que ocupa-
com o objetivo de aprimorar e dar mais qua-
va a Diretoria de Gestão e Produção, é o
lidade aos processos do Sebrae/PR. “A me-
novo diretor-superintendente do Sebrae/PR,
lhoria contínua da gestão é também uma
no lugar de Allan Marcelo de Campos Cos-
prioridade da nova Diretoria.”
ta, que deixa a organização para dedicar-se
à iniciativa privada.
Tioqueta agradeceu a João Paulo Koslovski
e ao Conselho Deliberativo a indicação. “Es-
tor de Operações do Sebrae/PR e José
tou honrado em saber que posso dar ainda
Gava Neto, que até então respondia como
mais resultados ao Sebrae/PR, depois de
gerente de Programas Estaduais, assume
25 anos de dedicação às micro e pequenas
como diretor de Gestão e Produção.
empresas paranaenses.”
A eleição, seguida de posse, foi na sede do
‘Sonho empreendedor’
presença de representantes das 13 entida-
Julio Cezar Agostini, que já ocupa há mais
des do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR,
de seis anos a função de diretor de Opera-
um colegiado formado por segmentos do
ções, entende que o papel do Sebrae/PR, e
setor produtivo, instituições de crédito e po-
por consequente de sua Diretoria, é ajudar
der público que dita diretrizes a serem se-
a tornar realidade o ‘sonho empreende-
guidas pela Diretoria Executiva.
dor’, das pessoas que desejam ser donas
A escolha de Vitor Tioqueta, Julio Agostini e
José Gava teve apoio unânime dos conselheiros do Sebrae/PR. João Paulo Koslovski,
presidente do Conselho Deliberativo, destacou o nível de profissionalização do Sebrae/PR.
Sebrae/PR tem novos
diretores
executivos
mais potencializadoras do desenvolvimento do Paraná e do Brasil, gerando mais riquezas para a sociedade.
É necessário ainda oferecer, no seu entendimento, novas soluções para os pequenos
que de fato estão preparadas para assumir
negócios, que estão cada vez mais expos-
e para conduzir ações em favor do empreen-
tos à economia internacional. “Precisamos
dedorismo e das micro e pequenas empre-
contribuir com o desenvolvimento das mi-
sas, razão de o Sebrae existir.”
cro e pequenas empresas, em setores es-
O
novo
diretor-superintendente
do
Sebrae/PR, Vitor Tioqueta, diz que o Projeto Sebrae 2022, que prepara a organização
para daqui dez anos, quando completa 50
anos, é uma das prioridades da Diretoria
Executiva. “Os pequenos negócios empregam mais que as médias e grandes empresas, geram renda e movimentam a economia. Por isso, merecem um tratamento
Os pequenos
negócios empregam
mais que as médias
e grandes empresas,
geram renda e
movimentam a
economia
tratégicos e nas empresas emergentes,
como as startups”, observa do diretor de
Operações. Agostini elogiou no discurso de
posse a decisão do Conselho Deliberativo
em indicar profissionais do Sebrae/PR para
compor a nova Diretoria. “Esse voto de confiança só nos engrandece.”
Mais responsabilidade
especial. O Sebrae, parceiro das micro e
Para o novo diretor de Gestão e Produção
pequenas empresas e especialista em pe-
do Sebrae/PR, José Gava Neto, o empreen-
quenos negócios, deve evoluir junto. Preci-
dedorismo e as micro e pequenas empre-
adequar, refinar sua entrega, já que nos é
sa estar sempre atento e aparelhado para
sas não são mais os mesmos de dez anos
exigida uma entrega maior.” Gava diz estar
atender as necessidades de empresários e
atrás. “Hoje, os empreendedores estão
honrado pelo convite e pela confiança de-
potenciais empresários.”
mais de olho nas oportunidades, estão
positada pelo Conselho do Sebrae/PR e
mais preparados, têm necessidades que
pelos diretores que o indicaram para a
precisam ser atendidas em tempo menor e
nova função. “Os novos diretores se com-
de forma diferente, e isso, por consequên-
plementarão e trabalharemos em forma
cia, exige mais de organizações como o Se-
de colegiado.”
das, concomitantemente, com outras ações
e sempre em parceria com as entidades que
compõem o Conselho Deliberativo. “Pensaremos em 2022, nas metas mobilizadoras,
nos programas do Sebrae Nacional, nos
projetos locais, e intensificaremos as ações
18
cro e pequenas empresas sejam cada vez
mais uma vez, profissionais da casa, pessoas
tas, com foco em 2022, podem ser trabalha-
Por Leandro Donatti
do próprio negócio, e fazer com que as mi-
“O Conselho Deliberativo está prestigiando,
Para o diretor-superintendente, as propos-
Conselho Deliberativo elege Vitor Tioqueta, Julio Agostini e José Gava
Neto como nova Diretoria Executiva; eleição foi em junho passado
No seu discurso, logo após tomar posse,
Julio Cezar Agostini permanece como dire-
Sebrae/PR, em Curitiba, e contou com a
Julio Agostini, Vitor Tioqueta e José Gava, novos diretores
Sebrae/PR
Foto: Antonio More/La Imagen
Mudança
O Conselho Deliberativo do Sebrae/PR ele-
brae. Nossa responsabilidade aumenta à
medida que o empreendedorismo se torna
cada vez mais uma alternativa para a nova
geração”, assinala Gava.
O novo diretor destacou, no discurso de
posse, o compromisso de ajudar ainda mais
o Sebrae/PR. “O nosso compromisso é o de
cumprir a visão e a missão do Sebrae/PR
em gestão”, assinala. Tioqueta refere-se ao
“O acesso à informação também é muito
por meio da gestão eficaz de pessoas, pro-
trabalho do Programa Sebrae de Excelência
mais facilitado. E o Sebrae/PR precisa se
cessos e soluções”, observa.
19
Sebrae/PR - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná
Instituição criada há mais de 40 anos
para dar apoio aos empresários de micro
e pequenas empresas, aos empreendedores interessados em abrir o próprio
negócio e aos produtores rurais.
Foto: Antonio More/La Imagen
Raio-x
A entidade chega aos 399 municípios do
Estado por meio de atendimento itinerante, pontos de atendimento e de parceiros, como associações, sindicatos, cooperativas, órgãos públicos e privados.
Allan Costa, homenageado pelo Conselho Deliberativo
A missão do Sebrae/PR é promover
a competitividade e o desenvolvimento
sustentável das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo.
O Sebrae/PR oferece palestras, orientações, capacitações, treinamentos, projetos, programas e soluções empresariais,
com foco em desenvolvimento de empreendedores; impulso a empresas
avançadas; competitividade setorial;
promoção de ambiente favorável para
os negócios; tecnologia e inovação; acesso ao crédito; acesso ao mercado; parcerias internacionais; redes de cooperação; e formação de líderes.
Despedida
Fazem parte do Conselho Deliberativo
do Sebrae/PR, que elegeu a nova Diretoria Executiva, a Agência Fomento Paraná; Banco do Brasil; Caixa Econômica Federal; CITPAR; FAEP; FACIAP; Fampepar;
FIEP; Fecomércio; Sebrae Nacional; Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul (SEIM);
Ocepar; e Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Allan Marcelo de Campos Costa renunciou
à superintendência do Sebrae/PR, para
dedicar-se à iniciativa privada e a projetos
pessoais, depois de 20 anos de Casa, seis
anos à frente da superintendência. Num
discurso emocionado, logo após a eleição
realizada na Sala do Conselho, em Curitiba,
o ex-superintendente se despediu.
“Saio com o coração partido, mas feliz do
dever cumprido e certo que o Sebrae/PR ficará em boas mãos, com profissionais competentes. Foi um orgulho desempenhar um
papel tão relevante nesta instituição.” Allan
Costa destacou o trabalho desenvolvido pelos colaboradores do Sebrae/PR. “Quem
faz as coisas acontecerem são as pessoas.
Nosso time de consultores e credenciados
não mediu esforços.”
Confira alguns resultados obtidos pelo
Sebrae/PR, no primeiro semestre de 2013.
62.614 empresas atendidas
50.890 potenciais empresários atendidos
58.892 horas de consultorias
Ao todo, 188.910 orientações técnicas
191.300 informações
Organização de 15 missões e caravanas
279 cursos
1.434 palestras, oficinas e seminários
Fonte: Boletim SME de janeiro a junho. Números sujeitos a mudanças.
No Brasil, são 27 unidades e 800 postos
de atendimentos. No Paraná, seis regionais e 11 escritórios, com cerca de 230
funcionários, somados a uma rede de
consultores credenciados.
Julio Agostini, João Paulo Koslovski, Vitor Tioqueta e José Gava
20
21
afetando ou afetando a equipe de manei-
cem o que as empresas esperam deles e
ra positiva ou negativa, porque o feedback
que sabem qual deve ser seu comporta-
pode ser tanto positivo como negativo”,
mento nos diferentes momentos do traba-
explica a consultora.
lho certamente têm mais chances de se
desenvolver profissionalmente, além de
contribuir para o crescimento da empresa.
Para conseguir ter uma equipe sintonizada
desse jeito, os empresários podem se valer
de inúmeras ferramentas de gestão. Uma
delas é o feedback, um sistema que permite que os líderes ou gestores avaliem o
Um problema comum, segundo Luciane
Botto, são gestores que não orientam devidamente seus colegas de trabalho sobre as
tarefas que devem realizar. Assim, eles vão
aprendendo a desempenhar as atividades
com colegas que, muitas vezes, já fazem errado. Por isso, é muito importante que no
comportamento de seus colaboradores,
momento de contratar um novo funcioná-
orientando-os a melhorar e a mudar o que
rio fique bem claro a expectativa que o em-
for necessário.
presário tem com relação ao papel que ele
Feedback, um termo usado na eletrônica,
irá desempenhar na empresa.
significa realimentação ou retroalimenta-
“O empregado tem que ter muito claro o
ção. Trata-se de um retorno que as pessoas
que se espera dele. Daí sim será possível
receberão sobre as tarefas que vêm execu-
acompanhar e, depois de algum tempo, dar
tando. O feedback ou, para ser mais sim-
um feedback sobre o seu desempenho”, diz
ples, o retorno no ambiente de trabalho é
Luciane Botto.
importante em primeiro lugar porque mostra aos colaboradores como o seu chefe, e
mesmo seus colegas, enxergam o seu comportamento. Aponta se eles estão ou não
fazendo suas tarefas de acordo com o que
se espera deles e como isso está afetando
a vida dos demais que convivem com eles.
A partir daí será possível traçar um plano
de mudanças, quando necessário.
Para que os colaboradores ajam alinhados
com as expectativas, é importante, ainda,
que as empresas tenham claros seus objetivos, sua missão, sua visão, de modo que
as pessoas conheçam seus valores, identifiquem-se e trabalhem dentro daquele
propósito. “Esses valores têm que estar
claros, para que as pessoas venham trabalhar ali porque acreditam naqueles valo-
Mas o feedback tem, ainda, um outro as-
res e internalizem isso. É importante que
pecto importante, que é o de abrir um ca-
haja uma identificação”, afirma a consul-
nal de comunicação, ou melhor, um canal
tora do Sebrae/PR.
de troca entre as partes que pode resultar,
chefias. É o que explica a consultora do Semomento que chamo para o feedback, também abro a comunicação. Pode ser que o
empresário também tenha um comportamento inadequado para com o seu colaborador, então essa conversa franca, e com
respeito, vai abrir um canal de diálogo e de
Nossos
relacionamentos
funcionam como
uma conta bancária,
sempre que
elogiamos alguém,
fazemos depósito, e
quando criticamos,
uma retirada
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
“Amor-verdade”
inclusive, em mudanças positivas para as
brae/PR, Fernanda Pesarini. “A partir do
Capacitação
Feedback
Funcionários bem orientados, que conhe-
crescimento mútuo inclusive”, diz.
Saiba como avaliar, adequadamente, o comportamento de seus
colaboradores, orientando-os a melhorar e a mudar o que for necessário
Mas o que é feedback?
Luciane Botto, mestre em Organizações e
Complexidade e professora da disciplina
Administração da Empresa Moderna do
curso de Administração da FAE Centro Uni-
Por Maigue Gueths
versitário, ressalta que trata-se de uma ferramenta de comunicação para avaliar comportamento, com objetivo específico de
melhorar os comportamentos.
Pesarini define o feedback, ainda, como
“uma comunicação amor-verdade”. “Mos-
Fernanda Pesarini, consultora
tra como o seu comportamento está me
22
23
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Luciane Botto, professora
O importante é não
confundir emoções
e sentimentos
pessoais com
profissionalismo, o
ideal é concentrar-se
nos fatos
Quando os colaboradores não são orienta-
às reações das pessoas para adequar o seu
dos corretamente e, por isso, não sabem se
comportamento também”, ensina.
estão agindo de modo correto e esperado,
o risco é que o feedback aconteça sempre
apenas para destacar os erros, o que não é
bom. “Nesse caso, os gestores não generalizam, não veem que as pessoas fizeram 15
é planejar. O ideal, segundo as especialistas, é que as empresas criem momentos
os demais colegas. Já o negativo, em geral,
não deve ser feito na frente de outras pessoas, para não causar constrangimento
para as pessoas que recebem o retorno e
nem para a equipe.
Feedback planejado
24
(FGV) e mestre em Economia pela Universi-
comportamento. Uma das formas de fazer
dade de São Paulo (USP), diz que a dificul-
essa avaliação é usando o chamado feedback
dade de fazer avaliações negativas vem de
sanduíche, que começa falando sobre o positi-
duas razões. A primeira é confundir uma
vo, depois aborda o fato negativo e, no fim
oportunidade de melhoria pontual com
volta para o positivo.
uma má avaliação completa da outra pes-
Quem ensina a técnica é a professora
soa. O segundo motivo está relacionado ao
Luciane Botto. A conversa deve começar
fato de que um feedback exige cérebro e
com uma avaliação geral e positiva que se
planejamento de quem vai fazê-lo. Isso por-
tem do empregado, ressaltando o seu ta-
que, para ser eficaz, ele deve ser construti-
lento e qualidades. Só após essa etapa, o
vo e mostrar um caminho prático para a
gestor deve abordar o comportamento
melhoria. “Em geral, é mais fácil enxergar
que acha que deve ser mudado. Isso vai au-
os defeitos do outro do que explicar objeti-
mentar as chances de ele entender que a
vamente como ele pode fazer para corrigir
crítica é somente sobre um determinado
o aspecto em questão”, diz ele no artigo.
fato inadequado e não sobre o seu desem-
Tratar as pessoas
com respeito
não significa ser
conivente com os
erros ou abster-se
de dar limites
1) Desenvolver
os colaboradores
de forma individual
2) Mostrar sinais
de reconhecimento
formais para dar esse retorno a seus funcionários. “Claro que isso pode acontecer
durante o dia a dia, mas é importante que a
3) As pessoas
têm necessidade
de serem reconhecidas, apreciadas, estimuladas
empresa invista um tempo para fazer isso”,
acrescenta a professora da FAE. Segundo
ela, é nesse momento que empresa e funcionário vão trabalhar juntos para buscar
uma forma de melhorar o comportamento
negativo, traçando um plano de ação para
o futuro.
Pela proximidade que têm com os seus em-
Dar um feedback aos colaboradores é uma
pregados, é comum que micro e pequenas
tarefa que exige cuidados. “Lidar com ser
empresas acabem aplicando o feedback de
humano tem os seus desafios. Quando se
forma espontânea, sem planejamento, no
vai aplicar um feedback, é preciso saber
momento em que o fato acontece. “O risco,
que uma pessoa nunca vai receber da mes-
nesses casos, é que a pessoa não se prepa-
ma forma que outra”, diz Luciane Botto. Ou
ra e envolve a emoção na hora de falar.
seja, primeiro, o empresário terá que des-
Com isso, ela faz o inverso do que deve ser
cobrir os vários tipos de pessoas que tem
um feedback, em vez de relatar o fato que
em sua empresa e adequar a comunicação
aconteceu, de ver como corrigi-lo, ela en-
para cada uma delas.
volve o sentimento que a atitude do cola-
De acordo com a consultora do Sebrae/PR,
borador causou”, diz Pesarini.
há gestores que têm o dom da liderança,
Como dar um feedback negativo
que sabem se comunicar, colocar os fatos,
re-se a apenas um ponto específico em seu
não fazer uma crítica ou julgamento. .
razão”, explica a professora.
mento, pode e deve ser compartilhado com
empregado que a melhoria sugerida refe-
Empresas pela Fundação Getulio Vargas
rar o comportamento de seu colaborador e
Assim, a regra número 1 para dar feedback
malmente para realçar um bom comporta-
primeiro lugar, é preciso deixar claro para o
to Feder, graduado em Administração de
o objetivo do feedback é orientar e melho-
ram já foram julgadas, e, muitas vezes, sem
ser positivo ou negativo. O positivo, nor-
Por isso, ao dar um feedback negativo, em
de circulação nacional, o especialista Rena-
O importante é o gestor ter em mente que
atividades corretamente, mas quando erra-
Já deu para perceber que o feedback pode
favoráveis. Em artigo publicado em revista
mas, em geral, dar um feedback é “um desa-
Dar um feedback positivo é muito fácil. Já
fio enorme”. “O gestor precisa se desenvol-
um feedback negativo exige certa arte, já
ver, estudar, praticar e estar muito atento
que ninguém gosta de ouvir avaliações des-
Por que
utilizar
o feedback
dentro da
empresa?
4) As pessoas não se
desenvolvem no vazio,
precisam e esperam
um retorno
5) Reforçar a cooperação
e o trabalho em time
6) Fixar os valores da organização no dia a dia
7) Criar uma cultura
de aprendizado,
estimulando as
pessoas a aprenderem com as falhas e extraindo
o melhor de cada uma
25
Como
dar um
feedback
efetivo
Com pessoas
integradas e
trabalhando pelo
mesmo objetivo,
engajadas com
a proposta da
empresa, os
resultados tendem a
ser mais positivos
penho como um todo. Se o colega, chefe ou
outro cuidado importante refere-se à
subordinado entender isso, segundo Fe-
quantidade de feedbacks negativos dados
der, provavelmente a resistência ao feed-
a uma mesma pessoa. Para “equilibrar a
back estará quebrada. “Ele não se colocará
conta”, é preciso que cada feedback negati-
na defensiva e tenderá a aceitar seu ponto
vo tenha a contrapartida de pelo menos
com mais facilidade”, afirma.
outros quatro positivos. Só assim o relacio-
Nessa fase, é importante apenas descrever
o comportamento, sem avaliar ou julgar
namento entre as partes vai ficar no “zero a
zero” e se manter estável.
com sentimento e emoção. Após isso, pas-
É preciso cuidar também com a frequência
sa-se para o positivo de novo, dessa vez
em dar feedbacks. “Não é porque o vou pra-
tentando buscar uma alternativa para mu-
ticar o feedback, que vou a todo momento
dar o comportamento não desejado. Fer-
chamar para corrigir. É preciso saber orien-
nanda Pesarini ressalta, ainda, que é impor-
tar primeiro, pois muitas vezes os profissio-
1) Planeje e prepare.
Tenha claros os objetivos que se quer obter.
tante pedir a opinião da pessoa que está
nais estão errando porque não têm orien-
sendo avaliada, para que ela dê seu parecer
tação, porque a pequena empresa não tem
de como poderá mudar e juntos fazerem
tempo de ensinar, treinar, capacitar. Ela
2) Jamais viole o princípio do respeito.
Tratar as pessoas com respeito não significa
ser conivente com os erros ou abster-se de dar limites.
Dizer “não” também é um gesto de amor.
um plano de ação para que o comporta-
tem que se dar esse tempo para que as coi-
mento indesejado não se repita no futuro.
sas saiam como foram idealizadas”, diz
3) Equilíbrio.
É importante saber dosar a quantidade de feedbacks
corretivos e positivos. Nossos relacionamentos
funcionam como uma conta bancária. Sempre que
elogiamos alguém, fazemos um depósito. Quando criticamos, fazemos uma retirada. Acontece que
a conta não é um por um.
4) Para cada crítica, precisamos de quatro elogios
para voltar a equilibrar a conta.
5) Mantenha contato visual. As pessoas se sentem
valorizadas quando as olhamos nos olhos ao falar.
Um detalhe fundamental é saber se a mensagem foi bem compreendida pelo outro
lado. Para isso, é interessante perguntar à
pessoa se entendeu bem o teor do feedback
e pedir para que repita o que foi dito.
Fernanda Pesarini.
Enquanto o feedback
se fundamenta
em situações que
já aconteceram, o
feedforward está
focado em melhorias
nas ações que estão
acontecendo agora
Satisfação dos dois lados
Seja positivo ou negativo, o feedback é um
instrumento valioso, não apenas para melhorar o ambiente de trabalho e o desem-
Como receber um feedback negativo é
penho da empresa, mas também para o
sempre uma experiência mais complicada,
bem-estar do funcionário. Primeiro, por-
Exemplos práticos
e etapas essenciais
de feedback
6) Seja descritivo em vez de avaliativo.
Sem julgamentos, faça o relato de um fato.
7) Específico em vez de geral. Cite exemplos
do comportamento indesejável, sem atacar
o caráter do sujeito.
8) Dirigido para comportamentos que podem
ser modificados.
9) Oportuno.
O mais próximo possível do comportamento
em questão, dependendo naturalmente
do clima emocional. Não fale se estiver nervoso,
mas também não deixe passar muito tempo.
10) Assegure se a sua comunicação foi precisa.
Se necessário, faça com que o receptor repita
o feedback recebido para ver se corresponde
ao que você quis dizer.
26
1) Demonstre o significado do que você quer dizer:
“Estou pensando em melhorar nosso trabalho como equipe. Gostaria
de falar sobre algo seu que acho que pode ser melhorado, tudo bem?”
2) Descreva o comportamento específico:
“Quando você se levantou, deu um soco na mesa e passou a falar alto
e com o dedo em riste...”
3) Fale sobre as consequências percebidas:
“Eu me assustei e percebi que os outros ficaram o resto da reunião calados sem dar
mais nenhuma ideia sobre nossos problemas.”
4) Estabeleça combinados, um plano de ação, combinar como agirão daqui para frente:
“O que podemos fazer para evitar esse comportamento nas próximas reuniões?”
27
que o tempo despendido pela chefia, ges-
feedforward é que a base das orientações
tor ou líder vai fazer com que ele se sinta
está focada para o potencial, para as forças
reconhecido e valorizado pela empresa. E
da outra pessoa. Ou seja, as orientações
também porque as pessoas gostam de sa-
partem de uma situação que correu bem e
ber se estão no caminho certo.
que pode ficar melhor ainda.
“As pessoas esperam por um feedback para
Feedback que faz a diferença
se desenvolver, ninguém se desenvolve no
vazio. As pessoas até preferem um feedback
negativo ao silêncio, à falta de comunicação.
Sem o feedback, elas se sentem sem rumo,
desvalorizadas, como se as pessoas não se
importassem com elas”, explica Fernanda
Pesarini. A consultora avalia que, em função da facilidade de informação, as pessoas, hoje, têm vontade participar, e o feedback é uma forma de isso acontecer, pois é
um jeito das pessoas se desenvolverem, de
abrir a comunicação com a empresa.
Para Fernanda Pesarini, a prática do feedback traz muitas vantagens para ambos os
Jamais viole o
princípio do respeito,
tratar as pessoas
com respeito não é
ser conivente
lados. “O feedback melhora o ambiente de
trabalho, a comunicação, os resultados. As
empresas são feitas por pessoas e, normalmente, elas precisam comprar a ideia, o sonho de quem fundou a empresa, e uma forma é essa comunicação, esse alinhamento
de ela saber que o seu trabalho está sendo
entregue de acordo com que o empresário
espera. Com pessoas integradas e traba-
de de Cascavel, a Lyllu Acessórios, implantou um sistema de feedback para melhor
avaliar suas 15 funcionárias. “Como todas
são mulheres, acabava dando muita intriga,
eu sempre percebia tarde demais o que estava acontecendo. Às vezes, era só uma
besteira, mas aí já tinha virado uma bola de
neve”, conta.
Com sua experiência de MBA em gestão
empresarial e como programador, ele escolheu um sistema chamado Avaliação
360º, que prevê que as colaboradoras respondam diariamente um questionário no
qual fazem uma avaliação do desempenho
de suas colegas de trabalho naquele dia.
Todo dia, elas respondem um questionário
de seis perguntas, sendo três sobre o trabalho e três sobre o clima e o bom-humor
da equipe.
“Se uma funcionária é mal avaliada por todas as outras é porque ela realmente está
tendem a ser mais positivos”, avalia.
fazendo algo errado. Já se só uma pessoa
ações que ocorreram no passado, outra importante ferramenta de avaliação usada
pelas empresas é o feedforward.
Feedforward significa dar ideias e orientações para o profissional visando o aperfeiçoamento de determinadas competências.
Os grandes pilares das ações de feedforward são o presente e futuro e a positividade. O foco da ação de fornecer feedforward é maximizar potencialidades.
2) Ouça-os com atenção e respeito,
mesmo que discorde a princípio.
duas lojas de acessórios femininos na cida-
com a proposta da empresa, os resultados
Além do feedback, que tem como base situ-
Como
receber um
feedback
de maneira
adequada
3) Se receber um feedback positivo lembre-se
de agradecer e dar créditos aos que o tenham
ajudado a obter esse resultado.
4) Se receber um feedback negativo não se esquive
das responsabilidades, aceite-as.
5) Se receber um feedback injusto verifique se o momento
e o estado emocional do interlocutor são favoráveis
para a sua contra argumentação.
6) Não confunda emoções e sentimentos pessoais
com profissionalismo, concentre-se nos fatos.
7) Entenda toda e qualquer crítica como possibilidade
de crescimento e evolução, mesmo que seja
nos quesitos de tolerância e paciência.
8) Verifique se compreendeu com clareza o que lhe
foi colocado, agradeça e comprometa-se a refletir
e rever o que for necessário!
deu avaliação negativa de outra é porque
provavelmente está tendo algum problema entre elas duas. Nesses casos, eu passo
o caso para a gerente que vai fazer uma
conversa com elas e tentar resolver o problema”, observa.
A avaliação da equipe, segundo ele, também é feita pelos clientes que, após serem
atendidos, recebem um teclado onde vão
escolher entre Ruim, Bom e Ótimo para dar
Saiba mais
nota ao atendimento recebido. “Se todas
as funcionárias dizem que fulana está de
mau humor, se uma cliente avalia como
Ruim o atendimento feito por ela é porque
Livros
Enquanto o feedback se fundamenta em
ela está errada. Ela até pode dizer que não
“Agora é Pra Valer”, de Marcia Luz.
situações que já aconteceram no passado,
está de mau humor, mas contra os números
o feedforward está focado em melhorias
não têm argumentos”, afirma.
“O líder-coach: líderes criando líderes”,
de Rhandy Di Stéfano, Rio de Janeiro
Qualitymark, 2005.
nas ações que estão acontecendo agora e
que continuarão no futuro. O método parte do princípio de que o que ocorreu no
passado não pode ser mudado, tornando-se importante, então, ver o que fazer dali
para frente.
28
sário Vinicius Gonsalez, proprietário de
lhando pelo mesmo objetivo, engajadas
Feedback e feedforward
1) Demonstre e comunique sua confiança
e interesse em receber feedbacks.
Há mais ou menos um ano e meio, o empre-
O resultado com o sistema, para ele, é incontestável. “O ambiente de trabalho melhorou
muito. A pessoa até pode negar, dizer que
não está errada. Mas aí ela vê o resultado da
pesquisa e tem que reconhecer e corrigir.
Hoje elas sabem que estão sendo avaliadas
Além dessa diferença de foco, outra dife-
todo dia e, por isso, se esforçam mais, man-
rença fundamental entre o feedback e o
têm a qualidade no trabalho.”
“Dicas de feedback: a ferramenta
essencial da liderança”, de Bernardo
Leite Moreira, Qualitymark.
“Feedback 360 graus” de Eduardo Peixoto
Rocha, Editora Alínea, 2002.
Assista ao vídeo do Sebrae Pocket sobre o
tema no www.sebraepr.com.br
29
lizam 60 horas de atividades, o Empretec
mília. Formado em Administração, desde
trabalha as dez principais características de
2009 – quando assumiu a missão de admi-
um empreendedor, que são a busca de
nistrar a Acrílicos Maringá Ltda., na cidade
oportunidade e iniciativa, persistência,
que leva o mesmo nome, vem implantando
comprometimento, exigência de qualidade
medidas que têm dado bons resultados.
e eficiência, riscos calculados, estabeleci-
Em pouco mais de três anos à frente dos
mento de metas, busca de informações,
negócios, Pelizaro garantiu um aumento
planejamento, persuasão e rede de conta-
de 236% no faturamento da empresa e a
tos, independência e autoconfiança.
manutenção dela no mercado.
dos por quem faz o seminário têm mais
pode ser considerado um empresário de
chances de sobrevivência, pois ganham po-
sucesso. De engraxate, profissão que co-
der de competitividade e garantem a per-
meçou a exercer aos oito anos de idade,
manência no mercado. Prova disso são os
quando ainda morava em uma área carente
números constatados em uma pesquisa de
de Londrina, Candido passou a ser vende-
impacto realizada nacionalmente em 2012,
dor de bíblias e também de consórcio, e
quando
hoje é proprietário da Consort Consórcio,
avançadas participaram do Empretec.
profissionalismo lhe garantiram vários prêmios, como de campeão nacional de vendas de consórcios de caminhões e campeão
do Prêmio ABAC 2012, da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, na
categoria inovação e atendimento.
empresas
consideradas
Em uma amostra de 1.871 empresas, verificou-se que 89% dos empretecos implementaram mudanças em seus produtos e
serviços assim que participaram do seminário. Outro dado que demonstra a eficiência
dos reconheceram que o Empretec foi fundamental para o aumento do lucro de suas
organizações. Em média, de acordo com a
do têm algo em comum: ambos são chama-
pesquisa, os participantes tiveram um cres-
dos empretecos, pessoas que participaram
cimento no seu lucro líquido anual de 7,4%
do Empretec, seminário que é ministrado
e o aumento médio de faturamento men-
no Brasil pelo Sebrae, em parceria com a
sal chegou a R$ 24,6 mil.
atividade no País.
O Empretec trabalha
características do
comportamento
empreendedor e faz
com que participantes
passem de sonhadores
para realizadores
de sonhos
da capacitação é que 91% dos entrevista-
rem em cidades distantes, Pelizaro e Candi-
que este ano está completando 20 anos de
empreendedor
7.255
Apesar da diferença de idade e de mora-
Organização das Nações Unidas (ONU), e
Comportamento
Estudos comprovam que os negócios toca-
Antonio Carlos Candido, 44 anos, também
criada em 2007, em Curitiba. A simpatia e o
Capacitação
Durante seis dias de capacitação, que tota-
José Pelizaro comanda as empresas da fa-
Os bons resultados alcançados tornaram o
Empretec um dos programas mais conheci-
Pelizaro e Candido fazem parte de um grupo de mais de 185 mil pessoas que encontraram no Empretec, ao longo das últimas
duas décadas, formas de aperfeiçoar suas
habilidades empreendedoras para criar e
conduzir negócios. No Paraná, o Empretec
passou a ser oferecido mais tarde, em 1996,
e nesse período formou 7.401 empretecos.
Foto: Cristiane Shinde/Studio Alfa
Empretec
Com apenas 26 anos de idade, Fernando
Responsável pela coordenação estadual
do Empretec no Paraná, a consultora Paula Tissot França, do Sebrae/PR, diz que o
seminário, que hoje faz parte do Sebrae
Mais – Programa Sebrae para Empresas
Avançadas, é uma grande oportunidade
Em 20 anos, programa da ONU em parceria com Sebrae trabalha
características empreendedoras e ajuda 185 mil empresários a realizar sonhos
de potencializar comportamentos empreendedores, tanto para as empresas, quanto para a vida dos participantes. “Isso porque o Empretec trabalha características
do comportamento empreendedor e é
capaz de fazer com que os participantes
passem de sonhadores para realizadores
Por Adriana Bonn
30
de sonhos”, explica.
Fernando José Pelizaro, empresário
31
importante, manter ou não em funciona-
com que a procura pelo seminário seja cada
mento a empresa da família, a Acrílicos Ma-
vez maior. Paula França conta que em 1996,
ringá Ltda., que passava por dificuldades fi-
quando a capacitação foi implantada no Pa-
nanceiras. Na época, a empresa era
raná, foram realizadas apenas três turmas.
administrada pelo pai, Mário Célio Pelizaro,
Hoje a demanda chega a 30 turmas por ano
que estava desanimado com os resultados
e a meta é aumentar ainda mais este núme-
dos negócios.
ro a partir de 2014.
No mesmo ano, o empresário também alcançou uma das metas pessoais traçadas
durante os dias em que fez o Empretec:
recuperar o apartamento da família vendido em 2008 para injetar dinheiro na empresa. Outra conquista foi a compra de
uma área de 3 mil metros quadrados para
construção da nova sede.
Desde que participou do Empretec, Fernando contabilizou um aumento do faturamento da empresa de 236%. Nos últimos
meses, o empresário está trabalhando em
um novo projeto para produção de luminárias, que será lançado no mercado no segundo semestre. Com isso, ele espera triplicar o faturamento em 2015. “O Empretec
foi fundamental porque mostrou meu po-
Para a consultora do Sebrae, o diferencial
para colher informações e saiu de lá forta-
do Empretec está no fato de ser uma capaci-
lecido. “O Empretec me fez ver que toda
tação totalmente comportamental. “O Em-
crise é passageira e que, com confiança e
pretec não trabalha gestão. Por meio de di-
determinação, é possível passar por todas
nâmicas e experiências, ele possibilita a
as dificuldades. A metodologia usada no
avaliação do perfil empreendedor do parti-
seminário faz com que a pessoa perceba
cipante, que passa a conhecer as suas capa-
seu potencial. É como se ele ensinasse a
cidades e as que precisa fortalecer”, explica.
gente a vender o lenço e não a chorar.”
Pode-se dizer que o Empretec permite que
Com o apoio do pai, Fernando, que na épo-
os participantes tenham uma visão mais
ca ainda cursava a faculdade de Administra-
clara de suas atividades e gera mudanças
ção, implantou um processo de reestrutura-
de comportamento, sobretudo autocon-
ção da empresa. Uma das estratégias foi
fiança. “Quem faz o Empretec amplia vi-
diversificar a atuação no mercado e, para
vendedor de bíblias e de produtos do Para-
sões já estabelecidas, muda conceitos e
isso, abriu mais duas empresas, desta vez
guai, no interior do Paraná, e depois de con-
amplia horizontes”, resume Paula França.
para produção e comercialização de uma li-
sórcios, já na Capital, onde chegou em 1997.
“Divisor de águas”
Os empresários Pelizaro e Candido participaram do Empretec em 2009, um em Maringá e o outro em Curitiba. Entusiasmados
com o que vivenciaram, ambos têm a mesma opinião sobre o seminário: “foi o divisor
de águas em suas vidas”.
nha de móveis de decoração em acrílico.
As vendas alavancaram mês a mês e muitos
que pode perceber as mudanças positivas
oito meses depois de fazer o Empretec. O
empresário considera que 2012 foi o melhor ano para a Acrílicos Maringá, desde
1999, quando a empresa foi fundada. “O
Fernando Pelizaro conta que decidiu parti-
principal contrato foi com o Banco do Bra-
cipar do Empretec para tomar uma decisão
sil, para fornecimento de material de mer-
tencial e ajudou na recuperação e reconhecimento da nossa empresa no mercado.”
Campeão de vendas
Antonio Carlos Candido também acredita
que o Empretec foi responsável pelo suces-
As dez características
empreendedoras
trabalhadas durante
o Empretec
1
Busca de oportunidade
e iniciativa
so de sua empresa, a Consort Consórcios,
fundada em Curitiba, em 2007. A empresa
surgiu da sugestão de um amigo e de um
irmão que achavam que Candido deveria
aproveitar melhor sua carteira de clientes,
conquistada ao longo dos anos, quando foi
Paula França, consultora
Candido conta que fez o Empretec porque
queria melhorar a administração de sua empresa, que estava no início das atividades.
contratos foram fechados. Fernando conta
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Programa permite
que os participantes
tenham uma visão
mais clara de
suas atividades e
gera mudanças de
comportamento,
sobretudo
autoconfiança
O empresário conta que fez o Empretec
chandising o que aumentará o faturamento
em 200% mensalmente em um período de
24 meses.”
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
dos e bem avaliados do Sebrae. Isso faz
2
Persistência
Empretec. Como eu só tinha a 6ª série,
achei que não teria bons resultados. Mas a
3
Comprometimento
4
Exigência de qualidade
e eficiência
5
“Fui no Sebrae e me recomendaram fazer o
verdade é que o seminário mudou minha
vida, foi o divisor de águas, e eu o recomendo para todas as pessoas”, destaca.
O entusiasmo mantido durante os dias em
que fez o Empretec garantiu a Candido a conquista do prêmio nacional Empretec 2009,
concedido pelo Sebrae Nacional aos melhores
Riscos calculados
participantes do seminário. Entre os ensinamentos que recebeu no Empretec, Candido
Participantes
tiveram crescimento
no seu lucro líquido
anual de 7,4% e o
aumento médio de
faturamento mensal
chegou a R$ 24,6 mil
destaca que aprendeu a administrar a empresa
6
Estabelecimento
de metas
com os pés no chão e a correr riscos calculados.
Desde que participou do Empretec, Candido vem implantando políticas de atendi-
7
Busca de informações
8
Planejamento
mento e fidelização que têm garantido
cada vez mais o sucesso nos negócios. “Eu e
minha equipe trabalhamos diariamente
para oferecer o melhor atendimento a todos os clientes”, diz.
A participação no seminário também moti-
9
Persuasão e rede
de contatos
vou o empresário a começar a escrever um
sarial ao contar a história do personagem
bíblico Neeminas. Candido, que também
10
Antonio Carlos Candido, empresário
32
Independência e
autoconfiança
Saiba mais
livro que trata do comportamento empre-
realiza palestras para contar sobre o sucesso de suas realizações, diz que o Empretec
Quer saber mais sobre o Empretec?
Procure o Sebrae mais próximo ou
ligue para o 0800 570 0800.
lhe ensinou a fazer de cada experiência
malsucedida um degrau para o sucesso.
33
civil, a Tecnisa usou o crowdsourcing para
conselho: está na hora de conhecer o
convidar
crowdsourcing. Trata-se de um “modelo de
ideias de serviços e produtos. De 152 parti-
produção que utiliza a inteligência e os co-
cipantes, 15 conseguiram fechar negócios
nhecimentos coletivos e voluntários, geral-
com a construtora.
mente espalhados pela internet, para resolver problemas, criar conteúdo e soluções
ou desenvolver novas tecnologias, assim
Tomás de Lara, cofundador da Engage, empresa de estratégia e tecnologia para proje-
ção”. A enciclopédia livre Wikipedia, de
que há um grande número de plataformas
onde essa definição foi retirada, é um
de crowdsourcing, desde aquelas que têm
exemplo de crowdsourcing.
como objetivos a cocriação de projetos so-
brainstorm (‘tempestade’ mental, em portu-
ciais, até aquelas que buscam designers
para criação de logomarcas ou estampas
de camisetas.
guês), reunião que tem o objetivo de conse-
“Cada uma delas tem sua comunidade, seu
guir as melhores ideias e soluções de um
específico funcionamento, suas regras e
grupo de pessoas.
boas práticas, enfim, cada plataforma, um
Marina Miranda, sócio-diretora da Mutopo,
empresa
especializada
em
trabalhar
crowdsourcing no Brasil, explica que se trata de um “modelo de negócio, onde o em-
universo diferente. Não existe fórmula
pronta, o que é importante é a noção de
que existe um ‘ecossistema’, uma comunidade, e que quanto mais capital (intelectu-
presário conta com a participação de diver-
al, financeiro, social) fluir, e for comparti-
sos stakeholders (partes interessadas, em
lhado de forma justa e adequada nessa
português) ajudando a solucionar um pro-
comunidade de crowdsourcing, mais saudá-
blema ou criando novos produtos. Essa so-
vel será esse ‘ecossistema’ e, consequente-
lução, antes, vinha de uma determinada
mente, mais sustentável será a iniciativa/
área de dentro da empresa. Por exemplo, a
plataforma”, explica Lara.
área do marketing resolvia os problemas
do marketing, a área de P&D (Pesquisa e
Desenvolvimento) solucionava P&D.” Mas
que faz diferença
apresentarem
tos de cidadania e inovação social, explica
ser considerado uma ampliação da famosa
‘Multidão’
a
como também para gerar fluxo de informa-
Em alguns aspectos, o crowdsourcing pode
Fiat Mio, fruto de crowdsourcing
profissionais
agora as discussões ganharam novos agentes no processo porque foram ‘ampliadas’
na internet.
Tendência
mosas batatinhas. No ramo da construção
Para quem não entendeu a provocação, um
Recentemente, ele esteve em Singapura,
onde participou do Crowdssourcingweek e
ministrou palestra sobre cultura open source
(código aberto), negócios em rede e projetos
Pequenas empresas
podem usar o
crowdsourcing
para selecionar
ideias, revelar novos
talentos, desenvolver
produtos, entre
outras possibilidades
brasileiros de inovação social que têm como
base a troca de ideias e a colaboração online.
Marina Miranda lembra que são muitas as
possibilidades oferecidas pela ferramenta.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Crowdsourcing
Faltou ideia? Então, chama a ‘multidão’!
Além de encontrar soluções para problemas, as empresas e Organizações Não-Governamentais (ONG) podem usar o crowdsourcing para selecionar ideias, revelar
novos talentos, desenvolver produtos, entre outras possibilidades. A partir dessa
modalidade, quando uma empresa tem um
problema, os seus administradores buscam
a solução também fora da firma e não apenas internamente. Há exemplos que ficaram conhecidos mundialmente, como o
caso da Fiat, que usou a internet para per-
Cresce adesão a modelo de produção que utiliza inteligência e conhecimentos
coletivos e voluntários, geralmente espalhados pela internet
guntar às pessoas como deveria ser o carro
do futuro.
Centenas de internautas de vários países
opinaram e as melhores sugestões foram
usadas na concepção do veículo, o Fiat Mio.
Ou a Ruffles, que também usou a ferramenta para perguntar na rede de computadores
Por Adriana De Cunto
34
como deveria ser o sabor agregado às fa-
Marina Miranda,
especialista
35
Foto: Divulgação
O crowdsourcing,
no Brasil, ainda
está começando,
se comparado
ao mercado dos
Estados Unidos,
onde essa indústria
já movimenta
bilhões de dólares
Tomás de Lara, especialista
O Santander também recorreu à platafor-
sourcing pelo menos uma vez por mês. As
ma Itsnoon para uma ação realizada de 23
duas mais recentes foram chamadas criati-
de maio a 27 de junho em que o banco per-
vas para o Dia do Rock e o CrowdArt. Na
guntava aos internautas: “Qual a Cara da
primeira promoção, os artistas eram convi-
Sua Cidade?” Uma semana antes do final do
dados a fazer uma gravura mostrando
prazo, 300 respostas já haviam sido envia-
cena de um show fictício de sua banda fa-
das em formato de texto, imagem ou áudio.
vorita, enquanto a segunda selecionava
Os 50 selecionados receberão R$ 200 e
trabalhos para uma exposição simultânea
R$ 5 mil serão distribuídos em forma de
em nove galerias da empresa. Para Diniz, o
apoio criativo. “Identificamos na Itsnoon
crowdsourcing é uma alternativa muito in-
mais uma oportunidade de considerarmos a
teressante, mas ele alerta: “Não é a solu-
voz das pessoas como inputs de informação
ção para tudo. Depende do projeto, da ne-
para as nossas atividades e ações de comu-
cessidade do empresário, pois é difícil
nicação futuras”, explica Paula Nader, dire-
gerenciar uma multidão”.
tora de Marca e Marketing do Santander.
No caso da Urban Arts, que começou com
Para ela, o resultado do projeto é positivo
uma galeria na Rua Oscar Freire, nos Jar-
por conta da grande participação e das
dins, em São Paulo, e abriu mais 11 fran-
ideias, com conteúdo bastante rico. Segun-
quias em cinco estados, a open inovation
do a diretora, o crowdsourcing é mais uma
(inovação aberta) representa a reunião de
oportunidade do Santander se manter pre-
ideias e conteúdos bastante ricos. Um
sente nas redes sociais. “Acreditamos que
exemplo é o CrodArt, que havia reunido 300
soluções que consideram as pessoas em pri-
participações antes mesmo do prazo de ins-
meiro plano são sempre bem-vindas. É isso
crição para o concurso chegar ao fim.
que fará com que as empresas, sejam elas de
Empresários
precisam ter
consciência de
que, hoje em dia,
é preciso pensar
o futuro de
maneira plural
e participativa
Capacidade X currículo
O termo crowdsourcing foi usado pela pri-
do ao mercado dos Estados Unidos, onde
meira vez pelo professor e escritor Jeff
essa indústria já movimenta bilhões de dó-
Howe em um artigo para a revista america-
lares anualmente. Mas vemos diversos no-
na Wired. É dele o livro “Crowdsourcing -
vos projetos surgindo a cada semana, inclu-
Como o Poder da Multidão Impulsiona o
sive temos uma conferência anual sobre
Futuro dos Negócios”, que aborda justa-
crowdsourcing que se encontra em sua ter-
mente o processo de como gerar e captar o
ceira edição”, comenta Tomás de Lara. A
talento criativo da ‘multidão’ na realização
Conferência Crowdsourcing Colaboração e
de tarefas que antes ficavam a cargo de um
Cocriação aconteceu dias 23 e 24 de julho,
grupo restrito de especialistas.
em São Paulo.
Com a tecnologia aproximando pessoas de
Na opinião dele, a ferramenta é uma boa
todas as partes do mundo, a capacidade
alternativa para os empresários de peque-
para resolver com sucesso determinadas
nas e médias empresas, como para as gran-
tarefas está se tornando tanto ou até mais
des corporações. “Pequenas empresas, que
importante que um currículo invejável. Ma-
muitas vezes não têm dinheiro para contra-
rina Miranda exemplifica lembrando que se
tar uma grande agência de comunicação ou
www.wedologos.com.br
um empresário precisa de uma nova fórmu-
branding (gestão de marcas), podem lançar
(Crowdsourcing de logos)
la de sabão em pó, ele não vai conversar na
uma chamada de criação de uma logomarca
rede com um grande público, mas com pes-
ou de uma campanha publicitária em plata-
soas que têm capacidade para resolver esse
formas de crowdsourcig. Essas pequenas
problema. Mas isso não implica uma chama-
empresas irão dizer o quanto estão dispos-
da apenas para cientistas, pois há leigos
tas a pagar pela criação dessa logo ou cam-
que estudam o assunto e poderão apresen-
panha e a comunidade das plataformas de
tar ideias. Para a sócio-diretora da Mutopo,
crowdsourcing decidirá se está disposta a
o processo de crowdsourcing deve começar
dedicar seu tempo a criar essa logo ou cam-
com o empresário se questionando qual é a
panha e concorrer ao valor que será pago ao
demanda que realmente vale a pena mobili-
trabalho que for selecionado pela pequena
zar as pessoas para o ajudarem. “Definir o
problema é sempre o mais difícil”, frisa.
A ferramenta ainda não está amplamente
36
da plataforma Itsnoon, faz ações de crowd-
empresa que lançou o desafio”, exemplifica.
Ideias e conteúdo
difundida por aqui. “O crowdsourcing, no
O empresário André Diniz, proprietário da
Brasil, ainda está começando, se compara-
galeria de arte Urban Arts e um dos sócios
Exemplos de plataformas brasileiras de crowdsourcing
www.portoalegre.cc
(Crowdsourcing de problemas e ideias geolocalizadas para a cidade de Porto Alegre)
www.itsnoon.net
(Crowdsourcing de chamadas criativas, artísticas e campanhas publicitárias)
www.camiseteria.com
(Crowdsourcing de estampas de camisetas)
www.festivaldeideias.org.br
(Crowdsourcing e cocriação de projetos sociais)
www.catarse.me
(Site de Financiamento Coletivo "Crowdfunding")
www.mineo.co
(Plataforma de Crowdsourcing colaborativo para o desenvolvimento de produtos sustentáveis)
www.materiabrasil.com
(Materioteca de materiais de baixo impacto ambiental e responsáveis socialmente. Site ainda em construção)
37
pequeno ou grande porte, tenham relevância para o consumidor”, diz Paula Nader.
Um carro inovador
Um dos projetos mais conhecidos de crowdsourcing no Brasil é o do Fiat Mio, cujo site,
abrindo para a proposta, foi lançado em
agosto de 2009. O gerente de Planejamento Estratégico e Inovação da Fiat, Paulo Matos, conta que, após lançar dois carros-conceito no Brasil, o Fiat Concept Car I (FCC I) e
o FCC II , a montadora sentiu-se preparada
para uma inovação que desafiaria os padrões mundiais de desenvolvimento automotivo, o Projeto Fiat Mio.
Matos justifica o uso do crowdsourcing dizendo que “é preciso pensar o futuro de
maneira plural e participativa. Para o desenvolvimento do Fiat Mio, as portas da empresa foram abertas de forma totalmente integrada
Modelo não é
solução para tudo, e
depende do projeto,
da necessidade do
empresário, pois
é difícil gerenciar
uma ‘multidão’
às
expectativas
de
clientes
e
consumidores. Foi o primeiro carro concebido em Creative Commons (CC), que permite
que qualquer pessoa, marca ou empresa
venha a utilizar as ideias coletivas”.
Segundo o gerente, o processo de desenvolvimento do Mio recebeu mais de 2 milhões de visitas no site do projeto e mais de
17 mil ideias sobre propulsão, materiais,
segurança, ergonomia, design, dentre outras soluções tecnológicas e de mobilidade
urbana. Internautas de cerca de 160 países
enviaram sugestões.
Casa Mio, que serviu por um ano como hub
de desenvolvimento. Outro local de referência foi o Centro de Desenvolvimento Giovanni Agnelli, também em Betim. Nele, trabalham cerca de mil pessoas, entre engenheiros
e técnicos, com alta capacitação e recursos
de última geração para o desenvolvimento
integral de um novo veículo, desde o conceito de design até fabricação dos protótipos e
realização de testes técnicos.
O gerente lembra que ideias apresentadas
para o Mio estão sendo aproveitadas em
modelos de automóveis já lançados pela
montadora. “O projeto mostrou, na prática,
o quanto é importante desenvolver canais
eficientes de comunicação com os consumidores, capazes de escutar e dialogar com
cada um deles. Muitas ideias do projeto estão sendo estudadas e aproveitadas, como,
por exemplo, o sistema Fiat Social Drive,
lançado em junho de 2012 com o Novo Punto. Ele surgiu de uma discussão sobre conectividade no Fiat Mio. O serviço permite
ao motorista se conectar com suas redes
sociais por áudio, enquanto dirige, sem tirar
as mãos do volante, garantindo a segurança”, observa.
Ele lembra ainda que o projeto desencadeou também uma mudança cultural da
empresa na direção de maior capacidade de
inovação. “Segundo 77% dos participantes
da plataforma, a percepção sobre a marca
Fiat melhorou significativamente após o
projeto Mio”, diz Matos.
As ideias foram inspiradas na seguinte pergunta-chave: “No futuro que queremos ter,
o que um carro deve ter para que eu possa
chamar de meu, sem deixar de servir ao próximo?”. “Desde o início, estávamos orientados a captar a visão de futuro dos consumidores, mas sem ficar presos às tecnologias
disponíveis ou à viabilização industrial.
Um conjunto de tecnologias se sobressaiu,
dentre elas, teto com células fotovoltaicas,
touch screen, motor elétrico nas rodas, drive-by-wire, vidros com transparência variável,
Saiba mais
computador in-dash, som direcional e recarregamento wireless (sinal de internet). Do
ponto de vista de configuração do carro, as
ideias apontaram para um veículo urbano,
de emissão zero, com convergência de tecnologias e conectividade. Na opinião dos
participantes, ainda, o Fiat Mio representou
uma oportunidade única de participar da
‘construção’ de um automóvel”, explica.
Matos conta que na planta da Fiat Automó-
1. Conferência Internacional de
Crowdsourcing, Colaboração e Cocriação.
(www.conferenciacrowdsourcing.com.br);
2. Crowdsourcing.org.
(www.crowdsourcing.org).
Dica de leitura:
“Crowdsourcing - Como o Poder da
Multidão Impulsiona o Futuro dos
Negócios”, de Jeff Howe. Editora Actual.
veis, em Betim, Minas Gerais, foi criada a
38
39
Para a consultora do Sebrae/PR, Marielle
leiro passou a mostrar um interesse cres-
Rieping, mudou também o modo como os
cente na utilização do design de produtos e
empresários veem o design. Antigamente, o
serviços como forma de solucionar proble-
design era secundário no processo de cria-
mas e desafios empresariais. O nome dessa
ção e produção. “Uma empresa que ia criar
nova tendência, já bastante disseminada
um refrigerante, por exemplo, pensava na
em outros países, é business design, uma de-
composição química, no público-alvo e, por
finição que podemos traduzir, de modo sim-
último, só depois da concepção do produto,
plificado, para o uso do design com foco em
é que pensava no design da embalagem, na
estratégia.
marca.”
Essa nova orientação dos empresários, para
A proposta de business design, então, veio
o designer Marcelo Gallina, mestre em Enge-
incorporar um novo conceito, o de que o de-
nharia de Produção e coordenador do curso
sign deve ser implementado como parte da
de pós-graduação de Branding - Gestão de
estratégia da empresa. “Pegando o refrige-
Marcas, da Universidade Positivo, não sur-
rante ainda como exemplo, pensando com
preende. É resultado de uma procura cons-
foco em business design e estratégia orien-
tante das empresas em se diferenciar de
tada ao cliente, vou analisar também como
seus concorrentes.
esse refrigerante vai se posicionar no mer-
“No mercado atual, tanto para as pequenas
como para as grandes empresas, a matéria-prima e a tecnologia são sempre as mesmas, o negócio é mais ou menos a mesma
coisa, está quase virando uma comoditização. Hoje não dá mais para dizer que atendimento e qualidade, apenas, são diferen-
para negócios
cado, se terá embalagens diferenciadas, se
terá uma linha de sabores diferenciadas
para atender ao mesmo tempo um público
adolescente e outro mais velho também, e
a linguagem da comunicação que deverá estar alinhada ao design estratégico proposto”, explica.
ciais, isso já virou obrigatório. Então
De acordo com o professor Gallina, as em-
aparecem outras ferramentas que vão fa-
presas trabalham normalmente gestão em
zer a diferença e o design é uma ferramenta
três níveis, o estratégico, o tático e o opera-
forte de diferenciação nesse momento. As
cional. “Estratégico são aqueles que tomam
empresas vão atrás de uma boa solução vi-
as decisões. Tático é como são essas deci-
sual, ou seja, de uma boa marca, uma boa
sões e o operacional é quem faz. Antigamen-
comunicação, boa sugestão do layout inter-
te, o design era visto como operacional, já
no da empresa, bom desenvolvimento de
hoje em dia acredita-se que a chance de su-
seus uniformes, de embalagens ou mesmo
cesso para a empresa que coloca o design no
de um produto”, diz o professor.
nível estratégico é muito maior. Isso porque
Vivemos na era da
economia criativa
e não podemos
pensar e agir no
formato criado
para a revolução
industrial
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Design estratégico
Tendência
Business design
De uns tempos para cá, o empresário brasi-
Procura constante das empresas, para enfrentar concorrentes num mercado
acirrado, faz nascer uma nova e moderna ferramenta de diferenciação
Por Maigue Gueths
40
Marcelo Gallina, designer
41
Foto: Luiz Costa/La Imagen
casa dele. São detalhes que mostram como o
“Para saber o que colocar neste kit foi fácil,
design vai ser usado com foco no mercado, e
pois eu podia ver. Sempre que termina o sa-
sob orientação do cliente”, afirma.
quinho de pipoca podemos apresentar cas-
Ou, ainda, de um arquiteto que procurou auxílio do Sebrae/PR e está criando uma empresa que constrói casas de cachorro com
foco na arquitetura. “Não é mais aquela casinha de madeira simples para deixar o cachorro no quintal. Ele percebeu uma mudança no comportamento do consumidor e no
mercado: que o cachorro, hoje, faz parte da
família. Então por que não ter um quarto especial para ele em formato de casinha dentro de casa?”, questiona Marielle Rieping.
Pensando no design
A orientação do cliente é ponto-chave nes-
bem: pipoca se come com as mãos, assim os
dedos ficam cobertos de sal, gordura ou outras coisas. Vai ser necessário limpar as
mãos. Somente essas duas informações sobre o meu cliente foram suficientes para eu
criar meu kit. Nele eu coloquei um palito de
dente embalado individualmente e um guardanapo para limpar as mãos quando terminar a pipoca”, conta. Ou seja, atendendo as
necessidades de seus clientes, Valdir conseguiu inovar por meio de um processo de design, simples claro e objetivo.
Para a consultora Marielle Rieping, as gran-
ness design há também o conceito de design
des empresas já incorporam o conceito de
thinking, que vai trabalhar junto com usuá-
business design, seja dentro de Departa-
ela cria um produto muito mais focado nas
rios, clientes e funcionários para definir de-
mentos de Produtos & Desenvolvimento,
necessidades de seu consumidor”, diz.
terminado produto ou serviço. Ou seja, tra-
de Tecnologia ou de Inovação. Mas por ser
ta-se necessariamente de um sistema de
um assunto relativamente novo, o business
cocriação.
design ainda não foi totalmente incorpora-
fala-se muito que as empresas precisam
achar sua vantagem competitiva, e quanto
Segundo a consultora, é importante para as
mais concorrido for o mercado mais difícil é
empresas que querem descobrir como ino-
encontrar essa vantagem. O design, nesse
var por meio do design e, para isso, é preciso
caso, pode ser a diferenciação que vai ga-
ouvir e entender os clientes, os usuários.
rantir essa vantagem dentro de um merca-
“Por exemplo, se há 15 anos perguntassem
do acirrado.
para um consumidor se ele queria um iPad,
A analista cultural e pesquisadora de tendências Paula Abbas, da Anima Trends, empresa especializada em pesquisa de tendências, estratégias para inovação, pesquisa de
comportamento de consumo e design
thinking, também acredita que o design pode
ser o diferencial para a empresa se tornar
exemplos da pizzaria, da casinha de cachorro, e são simples de fazer”, diz ela, ressal-
Micro e pequenas empresas, de acordo com
ela, devem se atentar ao fato de que podem incluir o design como estratégia de inovação também, não só para criar novos pro-
guiria imaginar um tipo de computador sem
teclado. Hoje em dia é tendência. Por isso, a
empresa deve não somente ouvir seus consumidores, mas entender o estilo de vida de
seus consumidores, tendências envolvidas
no processo e setor de atuação, além de estar sempre antenada, para ter nos seus pro-
“Já não cabe resolver os problemas atuais
ração, uma fonte de direção para tomada de
mia criativa e não podemos pensar e agir no
ser incorporado, como aconteceu nos
ele diria que não, porque talvez não conse-
competitiva.
da forma antiga. Vivemos na era da econo-
do às práticas das pequenas. “Mas ele pode
É comum também os empresários de micro e
pequenas empresas deixarem de inovar porque acreditam que não terão recursos suficientes ou, ainda, não sabem sequer por
onde começar. “Muitas vezes, o business design é uma ideia, um insight que vem da percepção do consumidor dele, quando ele vê
que o cliente tem determinado problema e
ele pode resolver com seu produto. Ou seja,
ele consegue transformar em estratégia e,
consequentemente, seu diferencial, com
foco em design”, diz a consultora.
O consumidor é
puramente visual,
emocional, então
quanto mais as
empresas focarem
no design será
melhor para seus
resultados
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
Gallina lembra, ainda, que, em marketing,
42
causa muito desconforto. Além disso, pense
se novo conceito. Tanto que dentro do busi-
Valdir Novaki, pipoqueiro
O business design
é uma ideia, um
insight que vem
da percepção
do consumidor,
quando se percebe
que o cliente tem
determinado
problema
cas de milho presas entre as gengivas, o que
tando que, em geral, quando se fala em design o que vem à cabeça dos empresários é
o desenho gráfico da empresa, como o logotipo, a marca, cartão de visitas. “O design
é muito mais amplo. Quando falamos em
logotipo, é uma esfera dentro das inúmeras
possibilidades do design. Nesse caso, quando falamos de logotipo, falamos da criação
da identidade e de design gráfico, mas até a
criação de um logotipo envolve um processo estratégico, que chamamos de branding”, completa Marielle.
blemas, necessidades e desafios uma inspidireção”, afirma.
formato criado para a revolução industrial”,
Um exemplo dessa nova orientação dos em-
diz ela, que acredita, ainda, que esse pode
presários é Valdir Novaki, conhecido como
ser um bom caminho para os pequenos,
Valdir, o Pipoqueiro, que todo dia está com
pois nem sempre apostar em design sai
seu carrinho de pipocas na Praça Tiradentes,
caro. “Às vezes, pode inclusive ser uma for-
no centro de Curitiba, e que já foi inclusive
ma de baratear e otimizar os custos da em-
personagem de matéria sobre empreende-
presa”, ressalta.
dorismo publicada na Revista Soluções.
A consultora do Sebrae/PR cita inúmeros
Valdir é um exemplo de como pode ser sim-
exemplos de business design. É o caso, por
ples e eficaz ao incorporar os conceitos de
exemplo, de uma pizzaria que, para se dife-
design em seu negócio. Atento ao comporta-
renciar, cria formatos diferentes de pizzas.
mento de seus clientes, ele percebeu as in-
“Por que não criar uma pizza em forma de
formações necessárias para a melhoria do
coração no Dia dos Namorados? É uma estra-
serviço oferecido, e passou a distribuir gra-
tégia diferenciada que vai surpreender o
tuitamente um kit para quem adquire um
cliente quando o produto for entregue na
pacote de pipoca no seu carrinho.
Gabriela e Ana Abdulmassih, empresárias
43
Foto: Vinicius Rieping/Fun Photos
abrir a empresa justamente para explorar
esse lado criativo.
O forte da marca são as peças sociais, prêt-à-porter, lançadas duas vezes por ano em coleções de temporadas primavera/verão e
outono/inverno. Além disso, a marca também se diferencia por fazer peças exclusivas
para cada cliente, por encomenda, trabalhando com alfaiataria.
Graças a essa maleabilidade, Ana conta que
a Ab Couture tem um público, hoje, que vai
desde moças com 17 anos a mulheres de 60,
pois tanto pode lançar peças mais fashionistas, com cores, recortes mais ousados, como
peças mais sociais, executivas, que atingem
um público mais conservador.
A proposta de
business design
incorpora um novo
conceito, o de que
o design pode ser
implementado como
parte da estratégia
da empresa
Marielle Rieping,
consultora
dutos, mas novos serviços ou implantar
novos processos.
Saiba mais
Para inovar, diz ela, a empresa não pode ter
medo de aceitar mudanças ou novas ideias.
É por isso que, muitas vezes, é importante
chamar um profissional da área, um designer, que tem a cabeça aberta a receber novas ideias e não terá restrições a experimentar, testar, criar protótipos. Tudo isso
sem esquecer de ouvir seus clientes. “O
consumidor é puramente visual e emocional, então quanto mais as empresas focarem em design será melhor para seus resultados. E quanto mais o empresário entender
o consumidor dele, e trazer isso para seu
negócio, mais trabalhará com business design”, ensina.
Roupas com foco
Desde a faculdade, a estilista Gabriela Abdulmassih se destacava das demais colegas
pela criação de roupas cheias de estilo próprio, marcadas por recortes, modelagens diferentes, mescla de texturas e com detalhes
inovadores. Com várias premiações na bagagem, há dois anos, ela e a irmã, a publicitária
Ana, criaram juntas a marca Ab Couture, com
foco em design.
“O que nos diferencia, sem dúvida, é essa
característica da Gabriela, de mexer com a
Links interessantes
Apresentação sobre a importância do design
nos negócios (Sebrae): http://prezi.com/
us73xhfj0dxh/a-importancia-do-design-para-os-negocios-servico/
Centro Brasil Design
http://www.cbd.org.br/downloads/
Artigo Business Design (Harvard Review)
http://www.hbrbr.com.br/materia/business-design
Livros
“Design para negócios na prática: como gerar
inovação e crescimento nas empresas utilizando o business design”, de Heather Fraser,
Editora Elsevier Campus
“Gestão do design: usando o design para construir valor de marca e inovação corporativa”,
de Brigitte Borja de Mozota, Editora Bookman
“Design thinking: inovação em negócios”, de
vários autores – Disponível para download
gratuito em: http://livrodesignthinking.com.
br/download/livro_dt_MJV.pdf
Vídeo
“Design the new business”
http://vimeo.com/dthenewb/dtnb-portuguese
modelagem dos tecidos, de unir texturas
diferentes, essa é uma característica natural dela que aparece nas criações”, diz Ana,
explicando que as duas irmãs decidiram
44
45
A importância da inteligência competitiva
a concorrência só existem entre as grandes
se dá com o crescimento do comércio glo-
corporações? Certamente que não. Então
bal e o desenvolvimento tecnológico que
por que pensar que a chamada inteligência
muda o ambiente empresarial de hoje mui-
competitiva seria algo reservado apenas
to mais depressa do que antes. “Os execu-
para os grandes negócios? E, afinal de con-
tivos já não podem tomar decisões empre-
tas, o que é inteligência competitiva?
sariais ou estratégicas, baseadas em seus
brae/PR, Fabio Hideki Ono, ensina que inteligência competitiva é um programa sistemático, e ético, para coletar, analisar e
gerenciar informações externas que têm
influência nos planos, decisões e operações
de uma empresa.
O objetivo desse programa é disponibilizar
inteligência ao tomador de decisão, gerando assim recomendações com base em
eventos futuros, e não somente mediante à
compilação de informações que retratem a
uma situação do passado.
De acordo com o gerente de Consultoria
Brasil da Cortex Intelligence, Leonardo de
Assis Santos, inteligência competitiva é um
processo no qual o mais importante é estabelecer uma forma sistemática de coletar e
analisar as informações que serão utilizadas pelas empresas no momento de tomar
Competitiva - Como fazer IC acontecer na
sua empresa”.
É importante deixar claro que inteligência
competitiva não se faz apenas com a coleta
de informações já publicadas. Participar de
eventos, conversar com consumidores, fornecedores, parceiros, empregados, especialistas na área e até mesmo concorrentes
também fazem parte desse processo.
A área de inteligência competitiva, que começou nos Estados Unidos, no serviço militar, e foi levada às empresas na década de
1980, tendo chegado ao Brasil no início dos
anos 2000, tem ainda muito para crescer, na
avaliação de Leonardo de Assis.
cia competitiva deve ser adotada em empresas que atuam diretamente com os
chos de negócios que impactarão os resul-
consumidores, pois ela identificará nichos
tados da empresa”, explica.
que vão fazer a diferença em relação aos
telligence, que possui escritórios no Rio de
Janeiro, São Paulo e Lisboa, em Portugal,
fornece ferramentas na área de inteligência competitiva tendo realizado projetos
em todo o Brasil e em diversas localidades
do mundo.
estão iniciando suas atividades e que precisam coletar informações no ambiente
onde vão atuar e que as ajudarão na tomada de decisões.
Inteligência para pequenas
O gerente de Gestão Estratégica do Sebrae/PR, Fabio Ono, alerta para o fato de
que as micro e pequenas empresas também
sofrem com a competitividade, precisam
ter informações para tomar decisões estra-
hora para outra que uma empresa tomará
tégicas e não precisam ter exatamente uma
as melhores decisões. Quanto mais dados
área de inteligência competitiva para fazer
a empresa tiver, mais relacionamentos ela
inteligência.
capacidade para captar as informações. O
resultado vem após um ano de trabalho
de inteligência.
O gerente da Cortex Intelligence explica que
a inteligência competitiva começa com o
estabelecimento de metas para que, poste-
As empresas
brasileiras ainda
têm dificuldades
de trabalhar com
informações,
principalmente as
micro e pequenas
empresas
concorrentes e também por empresas que
Segundo Leonardo de Assis, não é de uma
fará. Ele explica que a empresa deve ter a
46
sor da ESPM e autor dos livro “Inteligência
visualizar os espaços, encontrar novos ni-
as micro e pequenas empresas. A Cortex In-
Por Mirian Gasparin
mercado”, adverte Alfredo Passos, profes-
Segundo o gerente da Cortex, a inteligên-
trabalhar com informações, principalmente
Saiba como monitorar o mercado, visualizar espaços, encontrar novos
nichos de negócios que impactarão nos resultados da empresa
rar a empresa da liderança ou mesmo do
competitiva ajuda a monitorar o mercado,
presas brasileiras ainda têm dificuldades de
‘inteligente’
econômicos, uma decisão errada pode ti-
as decisões. “O trabalho de inteligência
Na avaliação de Leonardo de Assis, as em-
Decisão
instintos ou intuições. Em muitos setores
Foto: Divulgação
O gerente de Gestão Estratégica do Se-
Tendência
Inteligência competitiva
A busca pela melhoria da competitividade e
Segundo Fabio Ono, para fazer inteligência
competitiva em pequenos negócios é possível adotar alguns passos, a partir de algumas dicas, que você passa a conferir a partir
de agora.
1. Identificar ambiente e concorrentes
riormente, se sinta os efeitos das ações. “É
O empresário deve olhar a sua volta, bus-
um processo continuado de revisão e me-
car identificar seus concorrentes diretos e
lhorias”, acrescenta.
também os indiretos. Alguém já pensou
Leonardo de Assis,
especialista
47
que uma academia de ginástica pode ser
concorrente de uma loja de doces? Esse é
um exemplo de concorrentes indiretos,
pois pessoas que buscam fazer exercícios
físicos tenderiam a comprar menos doces.
É muito importante definir algumas perguntas ou tópicos a serem respondidos.
Por exemplo, o que os meus clientes mais
apreciam ou menos apreciam nos produtos
3.Processar a inteligência
Esta é a etapa mais nobre do processo de
inteligência. É nesse momento em que se
formulam hipóteses, se avaliam as informações coletadas, se unem as peças de um
“quebra-cabeça”, possibilitando assim que
se compreendam melhor os cenários e
reduzindo algumas incertezas. É possível a
e serviços que eu ofereço? Qual pode ser o
aplicação da experiência e senso comum
impacto da instalação de uma loja de uma
para análise de informações brutas levan-
grande rede em meu bairro?
tadas anteriormente, ou ainda pode-se re-
2. Coletar informações
correr a técnicas como análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças)
As pessoas não se dão conta da variabilida-
ou o modelo de 5 forças de (Michael) Por-
de e o do volume de informações facilmen-
ter (que considera o poder de barganha de
te disponíveis. As informações internas po-
fornecedores, o poder de barganha de
dem ser obtidas por meio de funcionários e
clientes, a ameaça de novos concorrentes,
documentos ou arquivos. As informações
a rivalidade entre concorrentes e a existên-
externas podem ser coletadas conversando
cia de produtos substitutos).
com clientes, fornecedores, distribuidores,
concorrentes, amigos, família, dentre outros.
4. Usar inteligência
As informações também poderão ser obtidas
Por último, o mais importante é utilizar a
em materiais publicitários através de folders,
inteligência competitiva. Ou seja, o empre-
propagandas e folhetos distribuídos nas
sário deve tomar as decisões, criar e con-
ruas. Outros tipos de informação podem
trolar o seu plano de ação. Ter atitude é
ocorrer com a observação do comportamen-
essencial. O empreendedor já demonstrou
to de clientes, de lojas e de movimentos, ou
ousadia ao desafiar a incerteza e abrir o seu
via web por meio dos sites de concorrentes,
notícias e do próprio Google.
próprio negócio. Com o tempo é comum
que o empresário torne-se mais conserva-
Segundo Fabio Ono, há muitos sites, como o
dor e não tome decisões mais ousadas, le-
Yahoo Respostas, o Quora ou o Ledface com
vando-o possivelmente ao fracasso ou a
a proposta de responder a qualquer dúvida
perda de espaço para a concorrência. A fi-
que os empresários tiverem utilizando a ex-
nalidade da inteligência competitiva é di-
periência e a opinião das ‘multidões’. Entre-
minuir a incerteza ao se tomar decisões ou
tanto, o pacote de soluções gratuitas do
em outras palavras favorecer a tomada de
Google merece destaque. O gerente de
decisões. Outra dica importante para um
Gestão Estratégica do Sebrae/PR aponta
empresário de micro e pequena empresa é
algumas dessas ferramentas. O Google
que a inteligência competitiva pode ser fei-
Alerts pode ser utilizado como uma ferra-
ta pelos próprios funcionários. Contudo, a
menta de apoio ao monitoramento da con-
prática e cultura devem vir do dono para os
corrência ou setor e questões relevantes ao
demais colaboradores.
negócio. O Google Trends faz comparações
dos termos, assuntos, pessoas mais procu-
O Sebrae/PR coloca à disposição dos em-
radas no Google. Já o Google News é uma
presários de micro e pequenas empresas
página de busca e de agregação de notícias
alguns serviços de Inteligência Competitiva
de diversas fontes.
como o Foco Cenários&Tendências, cujo
Com relação a notícias, o empresário ávido
por informações geralmente acessa um
conjunto de websites de notícias e de blogs.
A tarefa de acessar diariamente cada um
dos sites favoritos pode ser desgastante.
“Com a utilização de um RSS Feed pode-se
subscrever esse conjunto de sites e vê-los
numa única página web, tomando conheci-
Fabio Hideki Ono, gerente
de Gestão Estratégica
conteúdo para download é gratuito.
Saiba mais
Livros
• “Inteligência competitiva de
mercado: como capturar, armazenar,
analisar informações de marketing e
tomar decisões num mercado
competitivo”, de Rogério Garber. São
Paulo: Editora Madras, 2001.
• “Inteligência competitiva: como
transformar informação em um
negócio lucrativo”, de Elisabeth
Gomes e Fabiane Braga. Rio de
Janeiro: Editora Campus, 2001.
• “O milênio da inteligência
competitiva”, de Jerry P. Miller. Porto
Alegre: Editora Bookman, 2002.
• “Inteligência Competitiva para
pequenas e médias empresas: como
superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua
empresa”, de Alfredo Passos. São
Paulo: Editora LCTE Editora, 2007.
Site
Associação Brasileira de Analistas
de Inteligência Competitiva
www.abraic.org.br
mento rapidamente das alterações ocorridas a cada dia”, explica Fabio Ono.
48
49
Segundo Tiago Dias, uma das grandes van-
forma exagerada, mas, ao mesmo tempo,
tagens dessa mídia é que o resultado é
precisa para definir o avanço tecnológico
100% mensurável. “É possível calcular exa-
ocorrido nos últimos anos. As novidades,
tamente qual foi o retorno, o que é ótimo
muitas vezes, atropelam sem sequer dar
para a pequena empresa, que tem pouco
tempo para adaptação. Mas é preciso
orçamento.”
acompanhar o ritmo dessa evolução.
Essa mídia está ganhando espaço entre os
Mais do que o setor de processos, o depar-
empresários de micro e pequenas empre-
tamento de vendas deve ficar especial-
sas aos poucos. Segundo o gerente de
mente atento ao progresso. Há tempos,
marketing da Basekit, startup inglesa que
sabe-se que boa parte dos clientes está na
criou uma plataforma online para desenvol-
internet. Mas agora eles estão conectados
vimento de sites para computadores e dis-
por meio de uma nova plataforma: os ta-
positivos móveis, Gabriel Smirne, o foco
blets e smartphones. É para lá que as em-
inicial da empresa era atender designers
presas estão se dirigindo. E os empresários
de micro e pequenas empresas também
podem tirar proveito dessa forma de comunicação com os clientes.
que queriam facilitar a parte de codificação
e focar no visual do site. No entanto, conta,
no decorrer do caminho a empresa percebeu o potencial do mercado de pequenas
Os números, base que comprova a impor-
empresas e empreendedores que queriam
tância da presença das empresas nessa
construir um site por conta própria.
plataforma, impressionam: dados do Ibope
Media deste ano apontam que 52 milhões
de brasileiros têm acesso à internet pelo
telefone móvel. Nesse universo, o Ibope Media distinguiu a quantidade de smartphones
conectados à internet, que em maio deste
“De todos os países em que estamos presentes, vemos que o Brasil tem o maior potencial pelo número de pequenas empresas criadas diariamente e a crescente
importância da presença online”, conclui.
ano era de aproximadamente 20 milhões.
uma questão de inovação, mas sim de adaptação aos novos hábitos do consumidor.
Mobilidade
Portanto, apesar de novo, o formato mobi-
a favor
das vendas
Foto: Divulgação
Tudo isso mostra que estar presente e atuando na plataforma mobile já não é mais
Serviço
M-commerce
Acontece em um piscar de olhos. É uma
le está expandido rapidamente e é uma
Uma empresa
que tem um site
convencional deve
adaptá-lo para o
meio mobile, caso
contrário perderá
de 10% a 15% do
seu tráfego na rede
mídia flexível, que proporciona diversas
possibilidades para a participação dos empresários. Ainda de acordo com o Ibope
Media, em 2012 foram investidos cerca de
R$ 6,5 bilhões na web de uma maneira geral, valor 21% superior a 2011. “Há dois,
três anos para cá os smartphones se tornaram mais baratos e a mídia mobile se tornou massiva e não mais de nicho. Então,
em muitos casos, ela pode ser o único canal de venda e não apenas parte da estratégia”, afirma Tiago Dias, sócio-proprietário da agência Reweb, especializada em
desenvolvimento de sites e aplicativos.
Tiago Dias explica que esta é uma mídia
para todos os tamanhos de empresa. Se-
Empresários precisam ficar atentos aos novos consumidores que, além
da internet, estão conectados por meio de tablets e smartphones
gundo ele, o valor para se investir nesse
meio de comunicação pode variar de R$ 8
mil a R$ 150 mil, dependendo da estratégia. “Na minha visão, o ideal seria o empresário alocar 5% da sua verba para o marketing. E, à medida que vai obtendo
resultados, pode aumentar o valor. O in-
Por Andréa Bordinhão
50
Gabriel Smirne, especialista
vestimento precisa ser paulatino”, explica.
51
Foto: Luiz Costa/La Imagen
selecionados com o dedo. Mapas, opções
lular, mas ele começa a olhar o produto lá.
para ligar ou mandar e-mail são característi-
Isso porque o dispositivo móvel ainda não
cas fundamentais”, completa.
oferece uma interface amigável para com-
Quanto aos aplicativos, os especialistas
afirmam que ainda é um mercado para ni-
pra. Mas ele impulsiona a venda. É uma mídia de assistência à conversão, portanto”,
chos mais específicos e que a tendência da-
diz Tiago Dias.
qui para frente é a padronização. “Um pon-
Agregador
to complicado em se desenvolver um
aplicativo é que cada plataforma tem um
Entre os 53,5 milhões de usuários ativos da
formato diferente. Então, o ideal é que se
internet no Brasil, 86% estão presentes em
desenvolvam aplicativos nativos, que fun-
alguma rede social. Os números são do
cionem em todos os tipos de aparelhos. E
Ibope Media e referem-se a janeiro deste
os celulares ainda estão evoluindo para su-
ano. Ainda segundo o levantamento, na
portar os mesmos aplicativos. Com a padro-
comparação com janeiro de 2012, houve
nização, há também a tendência de fazer
um aumento de 15% no número de inter-
mobile sites onde se possa acessar os recur-
nautas presentes nas redes sociais.
sos dos aplicativos”, explica Tiago Dias.
Como há tanta gente presente nas redes sociais, estar lá significa publicidade para as
empresas. Além disso, as redes sociais ajudam a difundir involuntariamente o negócio
quando alguém comenta sobre ele. “Com
um outdoor eu estou impactando apenas as
pessoas que olham para ele. Mas na rede social, quando uma pessoa curte, compartilha
ou faz um check-in está mais do que somente sendo impactada. Ela está passando a
mensagem para sua rede de amigos”, acredita Tiago Dias. Mas é preciso ter uma boa
gestão de redes sociais para manter a imagem positiva, já que isso pode funcionar de
maneira contrária também.
Para o sócio-proprietário da Reweb, Tiago
M-commerce
Dias, os dados representam muito para os
Apesar de ser um mercado em expansão,
empresários, em especial para os de pe-
segundo os especialistas os brasileiros ain-
Tiago Dias, especialista
Smirne conta que cerca de 30% dos seus
frente. E é importante lembrar que uma
clientes optam pelo pacote que inclui o de-
pesquisa feita no Google pelo celular traz
senvolvimento de site mobile.
resultados diferentes quando feita pelo
conta que desde que começou a trabalhar
com desenvolvimento de websites e mobile
sites focou nos empresários de micro e pequenas empresas, em especial aqueles que
Os empresários
de micro e
pequenas empresas
também podem
tirar proveito de
novas formas de
comunicação com
os clientes
52
da fazem poucas compras pelo celular. No
mento limitado para investir em marke-
entanto, é preciso levar em conta o uso
ting. “Antigamente, a principal atividade
dessa funcionalidade porque é mídia de
online das pessoas era ver o e-mail. Houve
conversão complexa, segundo eles. Isso é,
uma mudança de paradigma. Com a mobili-
o usuário olha o produto no celular e com-
dade, as pessoas pararam de usar e-mail e
pra pelo computador ou pessoalmente.
passaram a se conectar por meio das redes
“Geralmente o cliente não compra pelo ce-
de relacionamento.”
computador. O buscador leva em consideração se o site possui uma versão mobile na
hora de ranquear”, afirma.
Foto: Reweb
O designer e publicitário Tiago Facchini
quenos empreendimentos, que têm orça-
Saiba mais
Como estar presente
estão entrando no mercado. Segundo ele,
Uma empresa pode estar representada na
Para consulta
os negócios mobile estão começando a ex-
plataforma móvel de várias formas. A di-
pandir agora e a perspectiva é de cresci-
vulgação pode ser feita por meio de um
mento vertiginoso. “É importante todas as
mobile site, pode-se oferecer algum tipo
pequenas empresas estarem acessíveis na
de serviço por meio de um aplicativo, utili-
Fique por dentro do Mobile Commerce e
Mobile Payment – artigo da especialista em
marketing Sandra Turchi, publicado na revista
Pequenas Empresas & Grandes Negócios
mídia mobile hoje porque, como ainda es-
zar links patrocinados ou usar adequada-
tão em fase de crescimento, todos os
mente as redes sociais. “Uma empresa que
meios de comunicação que estiverem ao
tem um site convencional deve adaptá-lo
seu alcance podem influenciar positiva-
para o meio mobile. Se não tiver um site
Mobile Marketing e empreendedorismo
digital – programa da TV UOL sobre mobile
marketing
mente no negócio.”
que seja acessível em celulares e tablets já
http://goo.gl/W6sto
A principal demanda recebida pelo designer
http://goo.gl/6Pe4P
está perdendo de 10% a 15% do seu tráfe-
rantes, lojas e de profissionais autônomos.
“Um site otimizado leva em consideração
Empreendedorismo no mundo mobile
– artigo do especialista em computação móvel
Ricardo Ogliari no site It Web
Facchini lembra que esse tipo de negócio
que o cliente está recebendo o conteúdo
http://goo.gl/cSqTN
depende da visita do cliente ao estabeleci-
por meio de um smartphone, ou seja, a cone-
mento e, como a tendência é das pessoas
xão pode ser ruim, o espaço de visualização
cada vez mais pesquisarem o que precisam
é menor, o dedo será o mouse, entre outros
enquanto estão procurando em um bairro
detalhes”, explica Gabriel Smirne. Por isso,
ou dirigindo, por exemplo, é importante
ressalta o gerente de marketing, “o site mo-
que as empresas estejam bem colocados
bile deve ser leve e prático e o usuário deve
em buscadores ou redes sociais. “Quem es-
encontrar o que quer com muita facilidade”.
tiver melhor adequado a essas buscas sai na
“Os botões devem ser pensados para serem
vem de pequenos negócios, como restau-
go”, afirma Tiago Dias.
Sites que contêm informações sobre o tema
www.basekit.com.br
www.reweb.com.br
www.sitefix.com.br
Exemplo de telas utilizadas na plataforma mobile
53
versos tipos de moedas, quer exportando
seus produtos ou importando mercadorias,
estão sujeitas a prejuízos ou ganhos extras
por conta da variação cambial.
fazer o pagamento de divisa nos próximos
seis meses, ao fazer uma operação de hedge terá a certeza que pagará sua dívida pelo
valor acertado inicialmente. Em um caso
real, um importador, para se defender da
comercial, que é utilizado nas operações de
alta recente do dólar, pode fazer uma ope-
importação e exportação, subiu 7%. Em ju-
ração de compra de dólares no mercado
nho passado, a alta continuou, obrigando o
futuro estabelecendo o preço de R$ 2,22
Banco Central a intervir várias vezes no
para dezembro. Esse será o preço que irá
câmbio, inclusive, com a moeda norte-ame-
pagar pelo dólar quando chegar a data,
ricana atingindo as cotações mais altas dos
mesmo que a moeda esteja cotada a R$
últimos quatro anos.
2,30 ou acima, por exemplo.
Para se proteger das oscilações bruscas no
Com relação ao prazo ideal para fechar uma
câmbio, boas práticas de gestão financeira
operação de hedge, Eduardo Vanin afirma
determinam que as empresas recorram ao
que vai depender da necessidade da em-
chamado hedge, explica o diretor da Agrin-
presa. Se a liquidação se der num prazo de
vest Commodities, Eduardo Vanin. “Fazer
seis meses, o hedge deve ser feito para esse
hedge é fundamental para melhorar a ges-
período.
ser de pequeno, médio ou grande porte”,
acrescenta.
‘proteção
cambial’
Uma empresa, por exemplo, que tem que
Nos primeiros cinco meses do ano, o dólar
tão financeira da empresa, independente de
Empresas buscam
seu pagamento/recebimento.
A média mundial fica em torno de 70% para
operações de curto prazo e 30% para contratos de longo prazo. Ainda que as taxas
O hedge nada mais é do que uma operação
pagas no Brasil sejam mais altas do que nos
que tem por finalidade proteger o valor de
Estados Unidos e Europa, muitas vezes uma
um ativo contra uma possível redução de
empresa se vê obrigada a assinar um con-
seu valor numa data futura ou, ainda, asse-
trato por um período maior. “Tudo vai de-
gurar o preço de uma dívida a ser paga no
pender do que a empresa vislumbra dentro
futuro. Esse ativo poderá ser o dólar, uma
da operação, e os riscos que ela pode cor-
commodity, um título do governo ou uma
rer”, salienta Eduardo Vanin.
ação. Os mercados futuros e de opções possibilitam uma série de operações de hedge.
Fazer hedge é
fundamental
para melhorar a
gestão financeira
da empresa,
independente de ser
de pequeno, médio
ou grande porte
Quanto ao custo da operação, alguns consultores financeiros consideram que o hed-
Por exemplo, através de mercado futuro
ge acima de um ano é bastante caro, o que
de dólar (negociado na BM&FBovespa),
faz com que os empresários ou produtores
uma entidade que possui dívidas em dólar
rurais pensem duas vezes. O diretor da
pode reduzir o risco de uma perda provo-
Agrinvest não concorda que esse tipo de
cada por uma elevação da cotação da moe-
operação seja cara no Brasil. Para ele, o que
da norte-americana, desde que compre
é elevado aqui é a taxa de juros embutida
contratos futuros de dólar em valor equi-
no preço.
valente à sua dívida.
Proteções semelhantes podem ser feitas
para reduzir riscos de outros mercados, com
taxas de juros, bolsas de valores, contratos
agrícolas e outros, dependendo das necessidades de quem está à procura do hedge.
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Consultoria financeira
outros países e fecham contratos com di-
Serviço
As empresas brasileiras que negociam com
No passado, esse tipo de operação era buscado apenas por grandes empresas. Hoje, o
hedge é utilizado também por pequenas e
Boas práticas de gestão financeira ajudam empresas,
independente do porte, a enfrentar bruscas variações cambiais
médias empresas exportadoras e importadoras brasileiras.
Segundo explica o analista e trader da Agrinvest, Caíque Pires Tossulino, em uma operação de hedge, a empresa investe para travar
ou fixar o câmbio na data de recebimento de
divisas. Isso evita prejuízos caso a cotação va-
Por Mirian Gasparin
54
Eduardo Vanin, analista
rie entre a data de assinatura do contrato e o
55
Foto: Divulgação
bro de 2012 é que passou a fazer operações
de hedge. A empresa de médio porte produz e comercializa óleos químicos como
metil-ester, glicerina loira e bidestilada, ácidos, álcool graxo, óleos vegetais e gorduras
animais nos mercados nacional e internacional. São produtos intermediários para a
indústria farmacêutica, cosmética, alimentícia, tintas, resinas, vernizes, plástico, borracha e materiais de limpeza.
Parque industrial da empresa Meridional
Apesar de todas as vantagens trazidas pelo
duto no mercado. Mas, caso o preço do mi-
hedge, quando se considera operações em
lho ultrapasse o preço fixado na opção de
bolsa, o número de empresas brasileiras que
venda, o produtor não é obrigado a exercer
se utiliza desse tipo de operação é ainda pe-
a operação. Isso é uma forma de hedge.
queno. Segundo Caíque Tossulino, em países
desenvolvidos a maioria das empresas faz
hedge e no Brasil a maior parte das operações
de hedge é feita indiretamente, via bancos.
o pequeno investidor pode fazer, sem precisar recorrer à BM&FBovespa. Por exemplo:
uma família que fará uma viagem ao exte-
“O primeiro passo é buscar uma corretora
rior e vai debitar a maioria de suas despesas
que vai intermediar a operação entre a em-
no cartão de crédito. Como qualquer gasto
presa e a bolsa. Nesse tipo de operação,
no exterior é calculado em dólar pela admi-
não há riscos, mas sim um seguro que se
nistradora, o valor das contas virá indexado
está fazendo contra possíveis oscilações”,
à variação da cotação dessa moeda.
explica o analista da Agrinvest.
o investidor deve calcular o quanto gastará
do dólar em relação ao real devem continu-
em média em sua viagem e comprar o mes-
ar. “O câmbio está refletindo mais a questão
mo valor em dólar ou simplesmente aplicar
interna do País do que o dólar em relação às
o dinheiro num fundo cambial, que é atrela-
demais moedas”, acrescenta. Na sua opinião,
do ao dólar. Ao retornar da viagem, pode
se o Banco Central não estivesse atuando no
vender os dólares comprados e, com o equi-
câmbio, o dólar comercial certamente já te-
valente em reais, pagar sua fatura. Agindo
ria alcançado a cotação de R$ 2,30. Ele avalia
assim estará se protegendo do risco de uma
que são necessárias intervenções mais
crise cambial, com a desvalorização da mo-
agressivas, o que ajudaria no combate à in-
eda nacional, no caso o real.
R$ 2,00 a R$ 2,05 até o fim do ano.
Como funciona
Para a diretora financeira da Meridional TCS
a BM&FBovespa é muito cara em relação às
bolsas mundiais. “É que o volume de operações feitas na bolsa de mercadorias e de
futuros do Brasil é ainda pequeno, além do
que ela não tem concorrentes. Nós até que
poderíamos fazer um hedge maior, mas só
não fazemos por que a BM&FBovespa exige
uma garantia muito alta”, destaca.
Saiba mais
Para se proteger de qualquer crise cambial,
Na avaliação de Eduardo Vanin, as oscilações
flação e poderia nos levar a um dólar entre
56
Existem também alguns tipos de hedge que
De acordo com Patrícia, em 2008 quando
ocorreu a crise financeira global, que levou
à falência muitas instituições financeiras
nos Estados Unidos e dos países europeus,
a variação cambial foi grande e acabou impactando no caixa da empresa, que naquela
época não operava com hedge.
Risco menor
Há nove meses, a empresa Meridional TCS Indústria e Comércio de Óleos S/A, com sede
Tomemos como exemplo um produtor de
em Londrina, e planta industrial em Ponta
milho que esteja planejando sua colheita
Grossa, vem realizando operações de hedge
para daqui a quatro meses e que não sabe a
com o objetivo de diminuir o risco da variação
que preço estará o produto naquela época.
cambial. Segundo a diretora financeira da em-
Para evitar perdas, caso haja uma queda
presa, Patrícia Nasser Gardemann, tudo o que
brusca de preço, ele pode comprar uma op-
a Meridional compra para exportar faz o equi-
ção de venda. Com isso, garantirá que vai
valente em hedge. “Não buscamos ganhos e
vender o produto a um certo preço, em de-
nem perdas. Fazemos o hedge para diminuir o
terminada data.
impacto da variação cambial.”
Essa opção de venda protege o produtor
A Meridional TCS exporta óleos químicos
contra as fortes oscilações do preço do pro-
para a Ásia desde 2007, mas só em setem-
Livros
“Mercado Financeiro, Produtos e
Serviços”, de Eduardo Fortuna.
Qualitymark Editora, Rio de Janeiro,
14ª edição, 2000.
“Introdução aos Mercados Futuros e
de Opções”, de John Hull. Cultura
Editores Associados, São Paulo, 2ª
edição, 1996.
“Mercados Futuros e de Opções
Agropecuárias”, P.V. de Marques; P.C.
de Mello & J.G. Martines. Departamento de Economia, Administração e
Sociologia da Esalq/USP, 2006.
Sites
Bolsa de Mercadorias e Futuros:
www.bmfbovespa.com.br
Cetip:
www.cetip.com.br
Portal do Investidor
www.portaldoinvestidor.gov.br
Site da Agrinvest:
www.agrinvest.agr.br
57
Em novembro do ano passado, ele realizou
prios limites podem parecer algo impossível
um antigo sonho. Sempre quis conhecer a
para a maioria das pessoas, mas quando real-
Antártica e quando descobriu que tinha uma
mente se deseja alcançar um objetivo há
concorrida maratona lá, não pensou duas ve-
quem não meça esforços. Exemplos de su-
zes para realizar o que era o seu desejo. A
peração não faltam e são verdadeiros cases
prova é considerada uma das mais difíceis do
de sucesso para quem busca motivação. É o
mundo e Marcelo foi o único brasileiro entre
caso do empresário curitibano Marcelo Al-
50 competidores de 14 países a participar.
ves, formado em Administração.
Ele passou de funcionário de uma multinacional e sedentário na vida pessoal, para
dono do próprio negócio e maratonista, conquistando metas antes consideradas improváveis para sua realidade.
“Eu vivia uma vida estressante. Trabalhava
mais de dez horas por dia e chegava a pegar
dez voos por semana para participar de reuniões. Não fazia nenhum exercício físico e
não tinha tempo para mim e para minha família”, conta o empresário. A mudança na
carreira e na vida pessoal aconteceu paralelamente e foi ativada por uma observação
aparentemente banal. “Eu vi uma foto minha e percebi o quanto estava acima do
Comportamento
Foto: Arquivo Pessoal
Superação
Mudar a vida, sair da rotina e superar os pró-
Os 42 quilômetros da maratona foram percorridos no gelo, em condições extremas
de frio, mas mesmo assim ele não desistiu e
ainda conquistou a oitava posição na linha
de chegada.
Na Antártica, Marcelo ainda atrelou o seu
desafio a outro desejo: divulgou a causa da
doação da medula óssea, levando para o
gelo uma bandeira feita por uma criança de
12 anos, que fez o transplante em um hospital de Curitiba. Levando a bandeira para a
É preciso ter um
objetivo claro, tanto
pessoal quanto
profissional, e saber
aonde quer chegar
para depois correr
atrás e realizar
maratona, ele queria despertar nas pessoas
de todo o mundo a importância da doação
da medula. Depois da Antártica, foi a vez da
maratona no Polo Norte.
Foi o início da mudança. Ao mesmo tempo
em que começou a se exercitar, seguiu atrás
Marcelo Alves, no Polo Norte
do seu sonho de alterar também a vida profissional e alcançar maior qualidade de vida.
As duas coisas aconteceram praticamente
juntas. Marcelo pediu demissão da multina-
Foto: Luiz Costa/La Imagen
peso”, revela.
cional em que trabalhava – e que tinha possibilidade de crescimento na carreira - para
associar-se ao que era uma então uma pe-
Além do
‘horizonte’
quena empresa, a Overstress. “Uma empresa
de fundo de quintal”, brinca Marcelo.
A Overstress foi criada para oferecer soluções
de qualidade de vida para funcionários de
empresas e grupos. Exatamente o que Marcelo procurava na época. Há 11 anos, quando
ele se associou, a empresa tinha apenas dez
clientes. Hoje já são 70 clientes em todo o
Brasil. A sinergia do empresário com os objetivos da empresa foi imediata e a mudança
ocorrida na última década, considerável. “Somos uma empresa de gestão de estresse, oferecemos a possibilidade de uma vida melhor
Olhar para o futuro e imaginar aonde se quer chegar
são os pontos de partida para alcançar metas
para as pessoas”, comemora.
Marcelo atualmente acumula, além de experiências profissionais gratificantes, metas
pessoais incríveis. Ele começou a correr pequenas distâncias e hoje acumula participações nas mais importantes maratonas mun-
Por Katia Michelle Bezerra
diais, como as que acontecem na Antártica e
no Polo Norte. A primeira maratona conquis-
Marcelo Alves, empresário e maratonista
tada, em 2011, foi nos Estados Unidos.
58
59
não é dela. Ela se boicota. É a sociedade que
mento, os treinamentos e a própria partici-
cobra que ela esteja no peso ideal, mas para
pação nas maratonas, onde importa mais o
ela está tudo bem. Quando o objetivo for
percurso do que os rankings de chegada, fi-
dela, ela terá motivação suficiente para mu-
zeram com que Marcelo chegasse a uma con-
dar”, exemplifica.
clusão: é preciso ter um objetivo claro, tanto
pessoal quanto profissional. “Precisa saber
aonde quer chegar para depois correr atrás
e realizar”, ressalta.
A corrida e a
participação em
maratonas podem
ser comparadas
aos desafios
encontrados no dia a
dia do trabalho, nas
empresas
Superação
E como uma pessoa, antes sedentária e acima do peso, em pouco tempo consegue correr maratonas dedicadas a profissionais, terminar os trajetos e ainda conquistar boas
posições? E mais: também fazer dessa experiência uma oxigenação na carreira e apoiar
causas importantes? Para Marcelo, a força
as empresas precisam oferecer soluções
mais completas para seus funcionários”, defende Marcelo. Os programas de qualidade
de vida já foram implantados em grandes
empresas, como a Votorantim, Petrobras,
Exemplos encontrados em sua experiência
Accenture e ExxonMobil, entre outras.
de maratonista também estimulam Marcelo
a seguir em frente, como o caso de um se-
Os resultados, conta o empresário, vão des-
nhor de 76 anos que concluiu o percurso da
de a redução do número de faltas até a redu-
maratona da Antártica, superando todas as
ção da utilização dos planos de saúde. Ganha
dificuldades. Marcelo coleciona experiências
o empresário, que investe nos programas de
nesse sentido, nas viagens que agora faz
melhoria de qualidade de vida, e ganha o
para correr, literalmente, atrás do seu so-
funcionário, que aprende a equilibrar a vida
nho, mas conta que reserva as curiosidades
pessoal e profissional.
para o público das palestras que vem fazen-
“A saúde é fundamental e não dá para colocar
do, inclusive para empreendedores que par-
empecilhos para não se cuidar. É preciso ape-
ticipam de cursos do Sebrae/PR.
nas disciplina”, ensina Marcelo. Ele mesmo
de vontade e o desejo de mudança são as
Na maratona do Polo Norte, inclusive, ele
reserva a manhã ou a noite, quatro vezes por
principais motivações. “Não dá para deixar a
levou a bandeira do Sebrae/PR para divul-
semana para treinar e assim continuar partici-
vida levar. Precisa de um foco. O meu foi me-
gar a importância do empreendedorismo.
pando das maratonas, ao mesmo tempo em
lhorar a minha qualidade de vida e conquis-
Para ele, a corrida e a participação das maratonas podem ser comparadas aos desa-
que se dedica à empresa. “Sempre tenho tê-
tei isso”, conta.
Ele enfatiza que não é difícil encaixar uma
rotina de qualidade dentro da rotina de trabalho, mas as pessoas costumam se boicotar. “E fazem isso porque não têm um objeti-
Foto: Arquivo Pessoal
“A ginástica laboral está ultrapassada. Hoje
Foto: Arquivo Pessoal
As viagens, conquistadas com muito planeja-
nis e shorts comigo. Não importa o lugar, se
fios encontrados no dia a dia do trabalho e
as pessoas podem encontrar suas próprias
metas pessoais e não poupar esforços para
Marcelo Alves, com a
bandeira do Sebrae
vo claro”, afirma citando o exemplo de uma
“O fato de você ter um objetivo e atingi-lo
objetivo, o que importa é saber se fará a pes-
Mudar a vida profissional e pessoal, como
mulher na faixa de 30 anos, bem-sucedida
acaba se tornando um vício. Você sempre vai
soa se sentir feliz e realizada. “É interessan-
aconteceu com Marcelo Alves, não é uma ta-
profissionalmente, casada e acima do peso.
querer correr atrás dos seus sonhos porque
te o quanto você atingir um objetivo, inde-
refa fácil. Exige dedicação, atenção e, princi-
“Ela não consegue emagrecer, mas por quê?
sabe que é possível realizá-los”, compara
pendente de qual área da sua vida, melhora
palmente, foco. “Para mudar, a pessoa preci-
Porque, entre outras coisas, esse objetivo
Marcelo. Para ele, não importa qual seja o
o desempenho em outras. Quando se tem
sa sair da sua zona de conforto. Perceber o
uma realização, tudo fica mais leve e você
que está errado e saber o que pode melho-
começa a se desenvolver em todas as outras
rar”, enfatiza a psicóloga e coach Simone
áreas”, enfatiza.
Steilen Nosima.
Driblando o estresse
Para ela, quando a mudança envolve a vida
E foi justamente para ajudar as pessoas a en-
ção de perda da estabilidade, de saber que
Marcelo, a Overstress, desenvolveu programas para funcionários de grandes empresas.
“Nosso objetivo é levar qualidade de vida
profissional, o maior desafio está na sensahá riscos e que é necessário assumir as consequências das decisões. “Quando uma pessoa quer deixar o emprego e abrir um negócio próprio, muitas vezes têm medo de que
para as pessoas.” Inspirado na própria expe-
dê algo errado”, conta. E o medo faz com
riência dentro de uma multinacional, Marce-
que a pessoa paralise e acabe desistindo dos
lo sabe que é preciso incorporar soluções
próprios sonhos.
inovadoras dentro das empresas, visando
melhorar a vivência dos funcionários.
60
O importante é não parar”, ressalta.
Quebrando barreiras
conquistá-las.
contrarem seus objetivos que a empresa de
Marcelo Alves, no Polo Norte
não consigo correr pela manhã, corro à tarde.
Para mudar, é preciso
sair da zona de
conforto, perceber
o que está errado
e saber o que pode
melhorar
Saiba mais
A mudança, no entanto, acontece quando
Sites
as pessoas percebem que estão infelizes.
www.overstress.com.br
Para isso, a empresa desenvolve programas
“Perceber que a vida não está de acordo
www.scsnosima.com.br/site
personalizados de gestão de estresse, de
com o que se deseja e ficar constantemente
www.omeueverest.com
acordo com a necessidade de cada grupo e
estressado e doente são alguns alertas de
empresa. São programas voltados para a
que algo não está bem”, ressalta a psicólo-
saúde preventiva, a nutrição, a sustentabili-
ga. O limite está no bem-estar, por isso é
dade e também o relacionamento e a segu-
preciso se observar e ter metas claras para
rança dentro da empresa. Questões interli-
o futuro. “Se a pessoa não sabe aonde quer
gadas desenvolvidas por um time formado
chegar, acaba seguindo o ritmo da empresa,
por nutricionistas, fisioterapeutas e educa-
do trabalho, da sociedade e nunca dela
dores físicos capacitados.
mesma”, conclui.
Livros recomendados por
Marcelo Alves sobre o tema.
“Inteligência Positiva”, de Shirzad
Chamine
“A semente da vitória”, de Nuno Cobra”
“Meu Everest”, de Luciano Pires
61
de sete cabeças. Além disso, já tem livros
para o sucesso de um empreendedor é con-
digitais que se aproximam de outras mídias.
seguir perceber e interpretar as necessida-
O livro também está virando multimídia”,
des do mercado e ter habilidade para mon-
analisa o presidente da editora Évora, Hen-
tar e gerenciar um negócio para atender a
rique Farinha.
essas necessidades. No entanto, essa percepção de oportunidades não ocorre em
insights repentinos ou só acontecem com
mentes muito criativas.
preendedorismo representam 7% do total
de publicações de negócios da editora,
atrás somente das biografias, e 20% do total das vendas. No entanto, o presidente da
ção de uma boa ideia está diretamente liga-
Évora ressalta que qualidade não significa
da à informação e dados estatísticos. Dian-
quantidade. Para ele, essa é uma mudança
te do número crescente de pessoas
mais lenta, mas que também está aconte-
querendo empreender e, consequente-
cendo com o aumento no número de publi-
mente, da necessidade de subsídios para
cações para esse público.
identificando nesse nicho um público interessado em consumir boa informação e
está dando passos largos na ampliação do
seu mercado consumidor.
“Tem várias publicações na área, mas falta
qualidade. Muitos livros vão na linha da autoajuda. Ainda faltam livros práticos, de
mais conteúdo, que se preocupem em mostrar o que o empreendedor tem que fazer. É
O crescimento editorial voltado para em-
preciso mostrar para eles como pensar e
preendedores está acontecendo em diver-
como agir”, afirma.
sos segmentos. A quantidade de livros publicados está crescendo, o número de sites
e blogs especializados no tema está aumentando e o investimento da grande imprensa
em editorias ou páginas específicas para
esse público também está subindo.
Uma das razões para o aumento do público
que busca esse tipo de publicação, aponta
Farinha, não é só a procura de empreendedores que querem abrir empresas para oferecer produtos. O setor de serviços, inclusive clínicas de saúde, também está se
“Hoje o acesso ao conteúdo está mais fácil.
profissionalizando cada vez mais. “É uma
Não precisa mais ser especialista para lidar
mudança importante e esse nicho todo pre-
com conteúdo editorial e desenvolver con-
ciso de produtos e marketing específicos
teúdo para livros não é mais nenhum bicho
para eles”, salienta.
Com o aumento de
pessoas querendo
empreender, o
mercado editorial
brasileiro identifica
nesse nicho público
interessado em
consumir informação
Foto: Gazeta do Povo
Empreendedorismo
Segundo Farinha, os livros voltados ao em-
Além da profunda observação, a identifica-
isso, o mercado editorial brasileiro está
Comportamento
Informação
Sabe-se que um dos principais quesitos
vira mercado editorial
Em busca de informação, empreendedores e empresários de micro
e pequenas empresas tornam-se consumidores de conteúdos
Por Andréa Bordinhão
62
Marisa Valério, jornalista
63
Publicações da
Editora Évora
“Empreendedorismo Inovador”,
de vários autores
“Do sonho à realização
em 4 passos”, de Steven Blank
“Nunca procure emprego”,
de Scott Gerber
dia a dia”, comenta a criadora do site Canal
“O assunto entrava junto com outros temas
do Empreendedor, Adriana Noviski. Ela
econômicos e, por isso, perdia um pouco de
criou a página há cerca de oito meses e con-
espaço”, conta. “Eu acho que era um merca-
ta que o número de acessos está aumentan-
do editorial carente no Paraná. Na impren-
do muito nos últimos meses.
sa local não havia um canal assim. Mas pro-
“Os empreendedores gostam de ler histórias
de outros que deram certo. Mas, por conta
A página traz, além de matérias jornalísti-
isso. É muito. Os sites independentes estão
cas e colunistas, temas que estão em voga
mudando isso. Só ‘pintar’ o cenário falando
entre os empreendedores, como dicas so-
do lado bom de empreender não ajuda na re-
bre franquias. “Além disso orientamos os
leitores de como é importante estar sem-
sa ou já é um empreendedor. Tem gente que
pre bem informado”, afirma Marisa.
não tem noção da quantidade de impostos
Interação
que vai pagar, não sabe que quando registrar
os funcionários eles custarão muito mais,
A internet tem a vantagem da interação. A
dentre outras coisas. Nós tocamos mais nes-
página Empreender da Gazeta do Povo ga-
ses pontos”, explica Adriana.
nhou uma versão digital com conteúdo am-
Ela conta que montou o site justamente
quanto Adriana contam que os leitores usam
porque tinha muito contato com publicações voltadas ao tema, porém achava a
maioria com textos longos e linguajar complicado e sem muitas dicas práticas.
As histórias de
sucesso, que contam
como empresários
chegaram lá, dão
lugar a publicações
com conteúdos mais
práticos
pliado há quatro meses. E tanto Marisa
os canais de contato para mandar dúvidas.
“Temos uma ferramenta em que nos dispomos
a responder o empreendedor. Às vezes, são
perguntas específicas, mas, no geral, são ques-
A editora-executiva do jornal paranaense
tões que importam para todos”, conta Marisa.
Gazeta do Povo, Marisa Valério, conta que o
Adriana também diz que recebe muitas dúvi-
Ao citar os livros campeões de venda da sua
jornal enxergou a necessidade de investir
das de leitores. “As que não conseguimos dar
editora, fica clara a mudança de foco da pro-
nesse público há pouco mais de um ano. Foi
uma ‘luz’ com algum conteúdo que já temos
cura do consumidor descrita por Farinha. As
quando criou uma página semanal voltada
publicado, direcionamos para outros lugares
histórias de sucesso, que contam como em-
ao tema, batizada de Empreender.
que podem auxiliar melhor”, explica.
presários conseguiram chegar lá, estão cada
Saiba mais
vez mais dando lugar a livros práticos.
Algumas editoras onde achar lançamentos de
livros sobre empreendedorismo
Segundo Farinha, os mais vendidos da sua edi-
www.editoraevora.com.br
tora atualmente são títulos como “Empreen-
www.elsevier.com.br
dedorismo Inovador”, espécie de manual de
Só ‘pintar’ o cenário
falando do lado bom
de empreender não
ajuda na realidade de
quem quer abrir uma
empresa ou já é um
empreendedor
prestação de serviços”, completa.
disso, 80% do conteúdo são voltados para
alidade da pessoa que quer abrir uma empre-
Página sobre pequenas e médias empresas da Gazeta do Povo
curamos suprir de forma interessante, com
www.editoraatlas.com.br
como criar startups de tecnologia no Brasil,
“Do sonho à realização em 4 passos”, que traz
Sites voltados ao empreendedorismo
estratégias para criação de empresas, e “Nun-
www.canaldoempreendedor.com.br
ca procure emprego”, espécie de guia para
empresários sem experiência superarem bem
www.pme.estadao.com.br
as dificuldades dos primeiros anos do negócio.
www1.folha.uol.com.br/especial/2012/
mpme
Um mundo de informações
www.gazetadopovo.com.br/economia/
empreender-pme
Assim como acontece com os mais diversos
temas, a internet também virou uma enciclopédia vasta, com todos os tipos de infor-
Livros citados na matéria
mações sobre empreendedorismo. Inúme-
“Empreendedorismo Inovador: como criar
startups de tecnologia no Brasil”, de vários
autores.
ros sites e blogs independentes, além de
publicações direcionadas da grande imprensa, surgem na rede o tempo todo.
“Do sonho à realização em 4 passos - Estratégias para criação de empresas de
sucesso”, de Steven Gary Blank.
Nesses meios de comunicação, as dicas e
orientações também estão fazendo mais
“Nunca procure emprego! - Dispense o
chefe e crie o seu negócio sem ir à
falência”, de Scott Gerber.
sucesso. “Cada vez mais a atenção dos leitores é disputada e o tempo é mais precioso.
Por isso, a forma precisa ser mais concisa,
Canal do Empreendedor
com linguagem simples e vocabulário do
64
65
Saramandaia, a criação foi exclusiva para a
ros, que ficam de olho nas tendências lan-
personagem, que tem toda uma caracteri-
çadas pelos artistas. Ser convidado para
zação específica. Elyane chegou a acompa-
fazer parte dessa rede, portanto, é garan-
nhar a caracterização da personagem e
tia de projeção.
conta que ficou encantada com a monta-
A empresária paranaense Elyane Fiuza sabe
disso desde que suas bolsas estilizadas foram parar nas mãos de atrizes, como Marisa
Ortiz e Adriana Birolli, e chamou a atenção
mida são acessórios que dão o toque final
nessa caracterização.
peças exclusivas para a personagem da
pal diferencial para conquistar mercado,
atriz Vera Holtz, em Saramandaia.
sem deixar de lado, claro, a qualidade do
Vera, uma voluptuosa dona de casa amante da gastronomia. Assim, bolsas em formato de morango, cupcakes e outros temas foram confeccionadas exclusivamente
produto e o atendimento personalizado.
Elyane já tem representantes em seis regiões do Brasil – em Curitiba, Goiânia, Mato
Grosso, São Paulo e Santa Catarina - e conta
que algumas lojas já começaram a se interessar pela venda das peças.
pela empresária, que comemora a conquis-
A produção é feita em Curitiba e ela já
ta. “É muito bom saber que tem uma coisa
chega a fazer 300 peças por mês. A maior
só sua em uma novela, por exemplo, e que
dificuldade, no entanto, não é a mão de
o produto pode ser divulgado de forma
obra e sim a revenda. “Quero pessoas que
tão ampla”, diz.
revendam as peças com a mesma exclusi-
Elyane trabalha no ramo de bolsas há mais
de duas décadas. Natural de Paranavaí, ela
começou a fazer bolsas de tecido, de forma
informal, mas sempre apostando na exclusividade. Nunca fez, por exemplo, duas bolsas iguais. O atendimento acaba sendo per-
Detalhes
que fazem a diferença
ficar pronta.” As bolsas em formato de co-
Essa exclusividade, para Elyane, é o princi-
parte da concepção da personagem de
Bolsas paranaenses nas novelas da Globo
gem. “Ela leva mais de quatro horas para
de figurinistas que a convidaram para criar
As bolsas em formato de comida fazem
sonalizado e vai ao encontro do gosto e da
vidade com que elas são feitas”, diz a empresária, que já pensa em alçar voos mais
tação”, destaca.
De olho no mercado
Além das novelas, claro, existem outras maneiras de chamar a atenção do público e
Para ela, essa personalização do produto é o
principalmente se o produto em questão é
mercado. O atendimento acaba sendo exclusivo também e acontecendo não apenas no
momento da venda, mas depois que o cliente adquire o produto. “Damos assistência
técnica e se acontece algum problema que
não podemos consertar, oferecemos outro
O produto tem que
saltar aos olhos e o
empreendedor deve
analisar o mercado
para saber a melhor
forma de fazer com
que isso aconteça
altos. “Meus planos futuros são de expor-
personalidade do cliente.
que faz com as peças ganharem destaque no
Mercado
Já para a personagem de Vera Holtz em
cia de consumo para milhares de brasilei-
obter projeção nacional e até internacional,
exclusivo. Foi o que aconteceu com dois
projetos sociais liderados pela designer Luciana Marinque Braga. O EcoCalema, da cidade de Capitão Leônidas Marques, e o Ecojoias, da cidade de Corbélia, são realizados
por mulheres com renda familiar baixa, que
produto no lugar”, exemplifica a designer.
A projeção das suas peças começou quando
ela decidiu apoiar algumas peças de teatro
e presenteou atrizes com suas bolsas. A di-
Foto: La Imagen
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Projeção
As novelas ‘globais’ sempre foram referên-
vulgação foi acontecendo no boca a boca
até que a área comercial da Rede Globo a
Empresas paranaenses apostam na exclusividade para alcançar projeção
nacional e, com produtos diferenciados, conquistam mercado
convidou para criar algumas peças que apareceriam nas novelas da emissora.
Primeiro foi a vez de personagens de “Amor
à Vida” usarem os acessórios. A coleção
apresentada na novela foi desenvolvida depois de uma extensa pesquisa na cidade ita-
Por Katia Michelle Bezerra
liana de Camerino. Inspirada na cultura italiana, a Nuova Collezione mistura formas
clássicas com geométricas e também apos-
Luciana Braga, designer
ta na exclusividade.
66
67
estratégia e mudar. Essa visualização é fundamental para obter sucesso, conforme
analisa a consultora do Sebrae/PR.
Avaliar o produto e questionar se há melhorias para realizar, sair da rotina e avaliar outras possibilidades do mercado são questões
fundamentais para conquistar o crescimento e a projeção no mercado. Tudo isso, claro,
destacando o profissionalismo. “Não dá
para atirar para todo lado, é preciso ter foco,
adequação e – principalmente – ser profissional. O mercado não tem espaço para amadorismo”, conclui Carla Werkhauser.
Ela exemplifica com uma empresa que já tinha expertise de décadas em camisaria masculina e decidiu abrir o mercado também
para a camisaria feminina. A empresa conseguiu analisar o mercado, estabelecer uma
Confira as dicas da coordenadora estadual
do Setor de Vestuário do Sebrae/PR, Carla
Werkhauser, para se destacar no mercado.
Desfile com peças Ecocalema e Ecojoias
encontraram no artesanato uma oportuni-
guês e – além disso – possuem aroma espe-
dade de melhorar de vida.
cífico. “Temos toda uma preocupação com a
“Essas mulheres trabalhavam com artesanato de repetição, com muita cópia e sem
Não dá para atirar
para todo lado, é
preciso ter foco,
adequação e,
principalmente, ser
muito profissional
nossos produtos”, diz Luciana Braga.
Os dois projetos sociais, no entanto, tiveram
desenvolvendo uma linha de produtos para
patrocínio encerrado nos municípios. Isso
cada uma dessas cidades”, conta a designer.
não impediu Luciana de levar a ideia adiante.
No projeto Ecocalema, por exemplo, a linha
Ela está estruturando uma empresa que vai
de bolsas, colares e pulseiras foi trabalhada
garantir que as mulheres artesãs que partici-
em trançado de palha de trigo. “Uma técni-
pam do projeto continuem trabalhando nas
ca passada de pai para filho e que estava
peças. “A maior dificuldade é colocar os pro-
esquecida. Nós agregamos o design e con-
dutos no mercado, mas essa etapa já pas-
seguimos inserir o produto no mercado de
sou”, conta, citando a repercussão positiva
moda”, conta Luciana.
dos produtos criados. A empresa ainda está
Frankfurt, na Alemanha, e em Paris, na França. No ano passado, estiveram presentes no
em fase de estruturação, mas quer valorizar
o trabalho artesanal agregando design e buscando mercados diferenciados para o produ-
Paraná Business Collection e, este ano, esta-
to, principalmente no universo da moda.
vam à venda na SPFW Pop up, uma loja mon-
Sem segredos
tada durante a maior semana de moda da
América Latina, a São Paulo Fashion Week.
Para conquistar o mercado e projetar-se –
“A exclusividade é fundamental para a in-
seja nacional ou internacionalmente – não
serção no mercado da moda e também para
existe segredo, “mágica” ou “receita de
obter sucesso”, enfatiza.
bolo”, como revela a consultora e coordena-
No projeto de Ecojoias, todas as peças são
feitas com metais banhados a ouro. Trabalhar com semi-joias, conforme revela Luciana, foi uma escolha exatamente por conta
da exclusividade. “Pouca gente trabalha
com esse mercado”, analisa. Peças banhadas a outro são misturadas a resíduos têxteis e a pedras naturais. Os produtos ga-
68
embalagem para diferenciar ainda mais
inovação, o que fizemos foi agregar valor,
Os produtos foram expostos nas feiras de
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Foto: La Imagen
está inserido para saber a melhor forma de
fazer com que isso aconteça”, diz. O caminho
para o reconhecimento, no entendimento de
Carla Werkhauser, está na empresa expandir
a visão de mercado. Para ela, muitos empresários, focam apenas no seu cotidiano e não
ampliam os horizontes para saber se existem
outras oportunidades de investimento.
1
Avalie o seu produto
e questione se há
melhorias a realizar.
Saia da rotina e analise outros
mercados em potencial.
3
Planejamento e capacidade de
adequação são fundamentais
para o crescimento.
dora estadual do Setor de Vestuário do Se-
2
Trace uma estratégia
para atingir outros
nichos de mercado.
Elyane Fiuza, empresária
4
brae/PR, Carla Werkhauser. “O que vale
para um empreendedor, pode não valer
para outro”, ressalta. Segundo ela, o produto não pode ter apenas qualidade, já que
qualidade é obrigação. Não importa a área,
o produto precisa ter um diferencial e buscar destaque de forma inovadora.
nham etiqueta com o selo “Feito por
“O produto tem que saltar aos olhos e o em-
pessoas”, com descrição em inglês e portu-
preendedor deve analisar o mercado em que
5
Aposte na inovação e
no profissionalismo.
Saiba mais
Conheça mais sobre a personagem Dona
Redonda, da novela Saramandaia, que usa
as bolsas exclusivas feitas pela empresária
paranaense Elyane Fiuza:
http://goo.gl/Aowuw
69
Feira do Empreendedor
Fotos: La Imagen
Histórias como as dos amigos Luciano Borges Pereira e José Santos. Eles são empresários e visitaram a Feira do Empreendedor
em busca de oportunidades de negócios.
Ambos tiveram interesse em adquirir uma
máquina de personalização de brindes,
uma das 60 ideias de negócio apresentadas
presencialmente no evento.
“Já fiz várias capacitações do Sebrae/PR e
achei essa feira muito completa. Trabalho
com marketing para micro e pequenas empresas, que não costumam fazer brindes
em grandes quantidades. Com a aquisição
da máquina, eu poderei atendê-los com pequenas quantidades e, dessa forma, agregar mais um setor na minha empresa”, afirma Luciano, que ainda está em negociação
com a empresa fornecedora da máquina.
Para José, “a máquina de brindes será utilizada para presentear os meus clientes”.
“Acredito que possa ser um fator de decisão
na hora da venda dos produtos de limpeza
que minha empresa comercializa”, reforça.
Feiras e eventos
Aproximadamente 13,5 mil empresários e
potenciais empresários de micro e pequenas empresas participaram da Feira do Empreendedor 2013 – Paraná, totalizando
mais de 17 mil visitas. Essa edição, que
aconteceu de 21 a 24 de março em Curitiba,
será lembrada pelas histórias.
Ambos assistiram diversas palestras ministradas na Feira. “Aprendi muito aqui no
evento. A Feira do Empreendedor é uma
‘escola’ de empreendedorismo. Na palestra
do economista Ricardo Amorim, por exemplo, vi que preciso ter uma visão macroeconômica de onde eu quero estar daqui dez
anos e como a minha empresa deve estar
posicionada no mercado”, diz Luciano.
Força empreendedora
Para Edson Campagnolo, presidente da
Federação das Indústrias do Estado do
Paraná (Fiep), que esteve na abertura do
evento como representante do Conselho
Deliberativo do Sebrae/PR, o sucesso da
Feira do Empreendedor confirma o crescimento do interesse paranaense pelo empreendedorismo. “O evento se consolida
a cada edição e é uma oportunidade imperdível para aqueles que querem começar e para aqueles que já têm micro e pequenas empresas.”
Campagnolo destacou a força empreende-
O espaço criado para
o evento, com games
empresariais para
quem tem empresa
e para quem quer
abrir, foi acessado
por mais de 4 mil
visitantes
dora encontrada em todas as regiões do
Paraná. “Nosso Estado é reconhecidamente um estado empreendedor. Transformou-se num grande celeiro de empreendimentos de sucesso graças à força de homens e
mulheres”, disse.
Foto: Carlos Poly/La Imagen
Sucesso
de público (e crítica)
Maior evento de empreendedorismo do Estado contou com presença
maciça de empresários e potenciais empresários da Grande Curitiba
Edson Campagnolo, vice-presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR e presidente da Fiep
Por Leandro Donatti
70
71
Foto: Daniel Dereveki/La Imagen
Artigo
não perdoa
arrogância
Mais de 7,5 mil pessoas nas palestras-magna
Campagnolo também relembrou sua própria trajetória como empreendedor, até a
fundação da Rocamp, indústria de confecção instalada em Capanema, no sudoeste
do Paraná. “Há 23 anos eu estava na mesma
posição de vocês, em busca de oportunidades e através do Sebrae/PR eu pude percebê-las. Hoje minha empresa tem aproximadamente 350 funcionários e fabrica
uniformes para grandes times do futebol
brasileiro”, afirmou.
Além de aconselhar os participantes da Feira e se capacitarem antes de entrar no mundo dos negócios e apostarem na inovação,
o presidente da Fiep afirmou que a perseverança é fundamental para quem quer ter
sucesso no mundo empresarial. “É preciso
ter fé sempre e nunca desistir dos seus objetivos”, declarou.
Resultados
Realizada de dois em dois anos, a Feira do
Empreendedor faz parte de um circuito nacional. O evento, em Curitiba, registrou a
participação maciça de microempreendedores individuais – recém-saídos da informalidade e que faturam até R$ 60 mil ao
ano; e de interessados em se formalizar e
ampliar seu conhecimento em empreendedorismo e negócios.
Os visitantes encontraram - gratuitamente
e num só lugar – informações; games empresariais; loja-modelo com tendências em
72
varejo; oportunidades de negócios, presenciais e virtuais, para Curitiba e Região
Metropolitana; cinema 5D sobre sustentabilidade; e orientações com especialistas
do Sebrae/PR.
A Feira do Empreendedor ofereceu também aproximadamente 180 palestras, com
duração média de uma hora cada, sobre
temas relevantes para o dia a dia empresarial como gestão de negócios, tendências
de mercado, inovação, economia criativa,
startups e comportamento empreendedor.
Só as palestras-magna, realizadas no Teatro Positivo, ao lado da área de exposição
do ExpoUnimed, com um ‘time de feras’
formado pelo apresentador Serginho
Groisman, pelo empresário Mario Gazin,
pelo economista Ricardo Amorim e pelo
especialista em interatividade Walter
Longo, mobilizaram mais de 7,5 mil empresários e potenciais empresários, nos
quatro dias de evento.
A edição ficará marcada pela seleção de
oportunidades de negócios; disseminação de conhecimento para abertura e fortalecimento de empresas; orientações
sobre administração, gestão financeira,
inovação; e por oferecer tudo o que o empresário precisa para tornar o seu negócio mais lucrativo.
A Feira do Empreendedor deixa um legado de progresso e desenvolvimento, que
vai ser sentido nos próximos anos não só
em Curitiba e Região Metropolitana, raio
de abrangência do evento, mas em todo
o Paraná.
Foto: Ruy Prado
Cliente
Eloi Zanetti
é consultor e palestrante em Marketing,
Comunicação Corporativa e Vendas.
Acesse www.eloizanetti.com.br
Por Eloi Zanetti
Na hora do almoço e ao passar em frente a
serviços exclusivos pelo maior tempo possí-
aparecem, concorrentes se instalam ofere-
A inovação também ficará como marca registrada. O espaço criado para o evento,
com games empresariais para quem tem
empresa e para quem quer abrir, foi acessado por mais de 4 mil visitantes. Um sinal de
que os empreendedores buscam formas
alternativas de obter conhecimento.
um restaurante famoso, fiquei triste ao
vel é o sonho de todos os empresários, mas
cendo produtos e serviços melhores e mais
constatar que quase não havia movimento,
tratar mal e de forma arrogante esses clien-
baratos. O cliente maltratado vê a oportu-
poucos carros no estacionamento, salão va-
tes não é boa política comercial. Hoje, o
nidade da desforra e migra para outros lu-
zio e garçons encostados.
Por instantes
acesso a novos fornecedores está mais fá-
gares. O orgulhoso só perceberá a perda
tive pena em ver aquele estabelecimento,
cil, substituições podem ser feitas a qual-
com o correr do tempo. A decadência se
antes tão conceituado e bem frequentado,
quer hora em qualquer lugar do mundo.
instala de forma lenta e gradual.
A história geralmente começa assim: com a
Por isso, cuidado: quando sua empresa esti-
Para Joana D’Arc Julia de Melo, coordenadora estadual da Feira do Empreendedor
2013 - Paraná, o evento “cumpriu sua missão que é proporcionar experiência empreendedora, por meio de ambiente de
oportunidades, conhecimento e inovação,
que impulsione a concretização dos sonhos dos participantes.”
Outros congêneres na mesma região esta-
casa lotada ou a carteira cheia de pedidos, o
ver por cima, vendendo bem e a casa cheia,
vam lotados. Lembrei-me também de que
pessoal do atendimento começa a fazer
faça um exercício de humildade. Fique aten-
há muito tempo não entrava naquela casa.
corpo mole e a colocar aqueles que preci-
to em como o seu pessoal anda tratando a
O que teria acontecido para tal perda de
sam atender em filas e esperas sem neces-
freguesia. Observe você mesmo como os
em tal estado de abandono.
fregueses? Por que só agora tive esta percepção de decadência? Ando mais algumas
quadras e a memória me refresca: talvez a
consequência fora a dos seus proprietários
e atendentes terem assumido um dos piores pecados do ser humano - a arrogância.
Clientes suportam o comportamento so-
Saiba mais
Acesse
www.feiradoempreendedorpr.com.br
sidade. Muitos assumem ares e comportamentos prepotentes e mal-educados. Não
dão atenção às reclamações, não querem
conversa, não respondem a pedidos de informações, desprezam com empáfia clientes e subestimam concorrentes.
seus compradores estão se comportando,
converse com eles, pergunte suas opiniões
sobre o atendimento e tente descobrir o
que o seu pessoal está fazendo de errado.
Bom restaurante é aquele em que o dono
anda por entre as mesas conversando com
seus clientes, garçons ficam mais atentos e
berbo dos seus fornecedores enquanto
É só fazer um pouco de sucesso que algu-
precisam deles por uma dependência qual-
mas empresas aproveitam a oportunidade
quer, mas na primeira oportunidade darão
para aumentar preços e a impor condições
o merecido troco. Aconteceu com esse res-
draconianas. “Quer ou não quer? Se não,
taurante e acontecerá com tantas outras
procure outro lugar”, dizem do alto das
empresas que, quando estão vendendo
suas vaidades, sabendo que o pobre clien-
bem, começam a tratar com desprezo, de-
te, naquela ocasião não tem mais opções de
satenção e a fazer exigências absurdas,
escolha. O sucesso cega qualquer um.
àqueles que as ajudaram a subir.
O tempo passa e o velho slogan de uma
da mesma categoria e uma das característi-
Manter clientes vinculados às suas empre-
transportadora paulista: “O mundo gira. A
cas do arrogante é não querer ouvir o que
sas por meio de processos, sistemas de ven-
Lusitana roda”, ainda é válido para explicar
os outros têm a dizê-lo. Primeiro passo para
das, produtos, máquinas, equipamentos e
as muitas mudanças da vida: novas opções
a derrocada.
o pessoal da cozinha capricha mais.
Se até o Papa tem um assistente para lembrar-lhe sobre a sua condição de mortal,
sussurrando ao seu ouvido a frase “Sic transit gloria mundi”, ou seja, a glória é passageira, por que a nós não cabe uma reflexão
sobre nosso comportamento? A arrogância,
a soberba e a vaidade são pecados capitais
73
a vez do avô e depois do pai manter a tradi-
mil habitantes, Bituruna está localizada na
ção, desta vez em Bituruna, região que es-
região centro-sul do Estado. A economia
colheram para viver.
do município é movimentada pela extra-
Foto: Rodrigo Czekalski/La Imagen
ção de madeira, de um polo têxtil em desenvolvimento e da agroindústria, mas é
na produção de uva e de vinhos que os biturunenses, principalmente os pequenos
produtores rurais, estão enxergando uma
alternativa para transformar suas propriedades em empreendimentos rentáveis.
A valorização da fruta e da bebida ganhou
força nos últimos dez anos, mas se intensificou a partir de 2011, quando o Sebrae/PR
“Como as pessoas gostavam e elogiavam a
bebida, ele percebeu que aquela tradição
poderia se transformar em um negócio.”
Nascia então, em 2005, a Vinícola Bertoletti.
Competitividade
uva e fabricação de vinho na cidade. Até
Bituruna foi um dos objetivos do progra-
abril deste ano, nove produtores da fruta e
ma de boas práticas agrícolas implanta-
proprietários de quatro vinícolas participa-
do na cidade. “Identificamos a capacida-
ram de projeto-piloto que teve o objetivo
de existente em Bituruna e decidimos
de ensinar o manuseio correto da uva para
ajudar os produtores, primeiro para a
aumentar a qualidade da matéria-prima,
produção de uva de qualidade e depois
melhorar o produto final e ampliar a quan-
para o correto processamento do vinho,
tidade produzida.
tudo para alavancar a competitividade
pou da capacitação do Sebrae/PR e que
tem tirado bom proveito dos ensinamentos que recebeu. “As atividades foram
boas e abriram nossa visão para o negócio. Percebemos que acompanhando a
74
servir às pessoas que visitavam a casa.
dutores de uva e fabricantes de vinho de
maiores de Bituruna, conta que partici-
Por Adriana Bonn
eram usadas para consumo da família e para
boas práticas agrícolas para a produção da
que leva o nome da família, uma das
Produtores de Bituruna, no interior do Paraná, descobrem na uva
e no vinho uma atividade rentável em pequenas propriedades
sim produzia pequenas quantidades que
Ampliar essa visão empresarial dos pro-
tra junto com mais três irmãos a vinícola
Um ‘brinde’
ao sucesso
vasilhames para elaborar vinho e mesmo as-
passou a oferecer uma capacitação de
A enóloga Eliane Bertoletti, que adminis-
Claudinei e Eliane Bertoletti, produtores
Eliane conta que no começo o pai não tinha
tecnologia e a evolução podemos ter melhores resultados.”
deles no mercado nacional”, explica a
consultora do Sebrae/PR, Maria Isabel
Rosa Guimarães.
Durante a capacitação, os vitivinicultores
(produtores de uva e vinhos) aprenderam
os princípios e regras para o correto manuseio do alimento, desde a matéria-prima
até o produto final, com o objetivo de garantir a qualidade sanitária e conformidade dos produtos com os regulamentos técnicos. Entre os temas abordados na
capacitação estavam os controles da con-
Bisneta dos primeiros imigrantes italianos
taminação pelo ambiente, pelo produtor e
que foram destinados inicialmente à serra
por uso de produtos químicos, controle de
gaúcha, em 1875, Eliane conta que durante
pragas, água, limpeza e instalações.
a capacitação ela e o irmão Claudinei
aprenderam a fazer a gestão de segurança,
atendimento à legislação, ter controle de
produção e, principalmente, implantar sistemas de produção, que mostram a importância de se fazer registros, desde o plantio até a industrialização. “Antes de
participar do curso, não tínhamos nada no
papel e agora aprendemos a fazer tabelas
de controle”, explica.
Associativismo
Boas práticas
Com uma população de pouco mais de 16
Bituruna está
sendo estudada
para um trabalho
de Identificação
Geográfica (I.G.),
devido ao clima
e solo muito
favoráveis ao
cultivo de uvas
Maria Isabel Guimarães informa que Bituruna está sendo estudada para um trabalho
de Identificação Geográfica (I.G.), devido ao
clima e solo muito favoráveis ao cultivo de
uvas. A I.G. garante a origem, os processos
de produção e algumas características sensoriais dos produtos de uma determinada
região, conferindo-lhes destaque no mercado brasileiro e internacional.
De acordo com a enóloga, até então a Viní-
Diagnóstico nacional
cola Bertoletti usava um sistema antigo de
O potencial vitivinicultor de Bituruna foi
controle, implantado ainda pelo pai, Car-
identificado em um levantamento nacio-
los, proprietário da empresa, há quase três
nal das regiões produtoras de uva e vinho
décadas. A produção de uva e vinho vem
e de caracterização de roteiros de enotu-
de gerações na família. O bisavô chegou ao
rismo no Brasil realizado pelo Sebrae Na-
Brasil e na bagagem trouxe mudas de vi-
cional, em parceria com o Instituto Brasi-
deiras, que foram plantadas em Bento
leiro do Vinho (Ibravin), que tem sede em
Gonçalves, Rio Grande do Sul. Em 1927, foi
Bento Gonçalves.
75
de uva de Bituruna, mas também dos co-
suco de uva que produz e que apenas 5%
na, o trabalho conjunto tem metas para os
merciantes da cidade. Bituruna recebe
da uva de mesa são destinadas à exporta-
vitivinicultores de todo o País, entre elas o
anualmente, em média, 50 mil visitantes.
ção. Menos de 1% dos vinhos produzidos
aumento da comercialização de vinho, ca-
Muitos chegam à cidade para participar
no país é comercializado no mercado ex-
pacitação das empresas para o mercado
principalmente das festas da Uva e do Vi-
terno. Hoje 22 países compram o vinho
nacional e facilitação do acesso a informa-
nho, criadas para aproveitar o atrativo
brasileiro, entre eles os Estados Unidos,
ções de mercado para as pequenas e mé-
existente no município. Otimistas com o
Alemanha, Inglaterra e República Tcheca.
dias vinícolas.
futuro, os biturunenses querem agora fa-
Em Bituruna, de acordo com a consultora
do Sebrae/PR, os resultados estão sendo
favoráveis. “O melhoramento da produção da uva e da elaboração do vinho é visível”, diz Maria Isabel Guimarães. A Viníco-
rismo na região.
Destaque nacional
A viticultura (produção de uva) no Brasil
oferecida pelo Sebrae está mudando a
surgiu no século 16 com a chegada dos co-
realidade dos produtores e empresários
lonizadores portugueses. O cultivo da fru-
do setor do município.
ta se espalhou por todas as regiões, mas
quando iniciou o curso, a vinícola da família processava 50 mil litros de vinho por
ano, finos e de mesa, produção que saltou
para 80 mil litros em 2012. A meta agora é
aumentar a industrialização da bebida em
10 mil litros a cada ano.
Eliane diz ainda que a empresa, que hoje
usa tecnologia de ponta na produção de
seus produtos, tem planos audaciosos
para a fabricação de suco de uva, que também tem boa aceitação. Em cinco anos a
empresária pretende aumentar de 30 mil
para 100 mil litros/ano a produção. Para
mente abastecidas com a uva produzida no
A produção nacional
de uva chega a 1,2
milhão de toneladas
por ano, do qual
45% são destinados
para a elaboração de
vinho, sucos e outros
derivados
restrita às regiões sul e sudeste. No Paraná, a consolidação da viticultura tropical
foi consolidada dez anos depois. A partir
de 1990 surgiram no país vários polos, voltados à produção de uvas de mesa e de
uvas para a elaboração de vinho e suco.
tares, com vinhedos existentes desde o
extremo sul até regiões próximas à linha
do Equador. Em função da diversidade ambiental, há polos com características de
regiões temperada, subtropical e tropical.
ro do Vinho (Ibravin), a produção nacional
de uva chega a 1,2 milhão de toneladas
mudas de videiras, incentivos que serão
por ano. Deste total, aproximadamente
pagos com uva três anos depois, quando
45% são destinadas para a elaboração de
tem início a primeira safra da fruta.
vinho, sucos e outros derivados. Os 55%
restantes são comercializadas como uvas
de mesa.
mercializa, além de vinho e suco de uva,
Do total de produtos industrializados, 77%
geleia e a fruta in natura, na época de sa-
são vinhos de mesa e 9% sucos de uva, ela-
fra, que acontece no início de cada ano.
borados a partir de uvas de origem ameri-
Eliane conta que 70% de todos os produ-
cana, 13% vinhos finos e 1% outros deriva-
tos são vendidos no balcão, principalmen-
dos de uva e vinho.
carro próprio.
de acordo com o Ibravin.
Até a década de 1960, a viticultura ficou
empresa. Todos recebem adubo, arame e
turistas que chegam à cidade de ônibus e
tinadas à produção de vinhos espumantes,
na região sul, a partir de 1875.
De acordo com dados do Instituto Brasilei-
te para viajantes que passam pela região e
ões do planeta para o cultivo de uvas des-
que imigrantes italianos se estabeleceram
produtores trabalhando em parceria com a
da de Bituruna, a Vinícola Bertoletti co-
País é considerado uma das melhores regi-
cialmente no início do século 20, depois
município. A Vinícola Bertoletti possui 40
Localizada na margem da PR-446, na entra-
do já está sabendo disso. Atualmente, o
no País. A atividade só foi liberada comer-
uma área de aproximadamente 77 mil hec-
vinícolas existentes em Bituruna são total-
produção de vinhos de qualidade e o mun-
diu a produção e comercialização de vinho
Atualmente, a viticultura no Brasil ocupa
uva”, explica Eliane. Atualmente, as quatro
vido uma capacidade cada vez maior para a
gal proibiu o plantio de uvas, o que impe-
fabricação da bebida.
incentivar os agricultores a produzir mais
A boa notícia é que o Brasil tem desenvol-
em 1789, um decreto assinado por Portu-
isso, planeja construir uma nova área para
“Para atingirmos essa meta teremos que
76
propulsora para o desenvolvimento do tu-
la Bertoletti é prova de que a capacitação
A enóloga Eliane conta que em 2011,
Claudinei Bertoletti, produtor
zer com que a uva e o vinho sejam a mola
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
Foto: Rodrigo Czekalski/La Imagen
Assim como para os produtores de Bituru-
Saiba mais
Grande parte da produção nacional da uva
Quer saber mais sobre vitivinicultura?
Acesse o site do Ibravin, no
www.ibravin.org.br.
e do vinho é destinada ao mercado interno. O suco de uva é o principal produto ex-
Para a enóloga, a capacitação do Sebrae
portado. Dados do Ibravin mostram que o
não mudou apenas a vida dos produtores
Brasil vende para outros países 15% do
Maria Isabel Guimarães,
consultora
77
papel da universidade é oferecer cursos e pro-
Universidade Federal do Paraná (UFPR), e mem-
gramas de capacitação de novos empreende-
bro do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR,
dores e o desenvolvimento de negócios.
Zaki Akel Sobrinho, aprendeu, desde pequeno
juntamente com os quatro irmãos mais velhos
(Ardisson, Omar, Ricardo e Naim Filho), as inúmeras lições do comércio na loja dos pais Naim
e Lourdes, a Kiko Moda Infantil.
que esta é a realidade da maioria das universi-
bra com carinho. Atualmente, procura apoiar as
dades e cursos no Brasil. No entanto, na sua
filhas em suas iniciativas empreendedoras e
opinião, algumas soluções já estão sendo imple-
fica muito orgulhoso por suas vitórias. Mas as
mentadas. Por exemplo, várias das disciplinas
alerta para a necessidade de um plano de negó-
da UFPR já contam com estratégias de aprendi-
O reitor da UFPR aponta duas formas das uni-
cios e estruturar-se bastante para buscar con-
zagem mais dinâmicas, focadas mais no com-
versidades estimularem a inovação nas empre-
cretizar suas iniciativas. “Minha filha mais nova
portamento empreendedor e menos na assimi-
sas. A primeira delas é por meio de políticas
e seu sócio fizeram curso no Sebrae e, inclusive,
lação de teorias.
públicas. “A universidade tem contribuído para
receberam apoio de um consultor para elaborar
A força do ensino superior
a compreensão do empreendedorismo, de-
Graduado em Administração pela UFPR, com
organizações.” Esses conhecimentos são utili-
Mestrado em Administração pela Universidade
zados para o desenvolvimento de políticas pú-
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em
blicas mais coerentes e eficientes, na sua ava-
Administração pela Universidade de São Paulo
liação. “A segunda forma é pela formação
(USP), Zaki Akel Sobrinho vê o ensino superior
acadêmica, formando alunos/cidadãos capa-
como um dos responsáveis pelo aumento do
zes de gerenciar o processo de inovação e cria-
número de empreendedores por oportunidade
ção de valor”, acrescenta.
luiu muito no Brasil. “Desde os anos 1980, com
os sucessivos planos econômicos, sabe-se que o
primeiro sonho do brasileiro é a casa própria e,
em segundo lugar, a empresa própria. Esse im-
no Brasil.
necessário ao desenvolvimento dos negócios.
Por outro lado, elas conseguem lidar com as
incertezas típicas da criação e do desenvolvimento de novos negócios de forma especial.”
senvolvimento regional, inovação e gestão de
No tocante ao fortalecimento das empresas
pulso de tornar-se seu próprio patrão é muito
“Podemos perceber isso em nossas salas de
brasileiras, Zaki Akel Sobrinho acredita que o
forte e está presente em muitas pessoas de di-
aula. Há pouco tempo (em torno de cinco anos)
maior investimento deve ser feito em proces-
versos níveis socioeconômicos, independente
tínhamos bem menos pessoas interessadas nas
sos de gestão, transferindo conhecimento
de gênero”, explica.
disciplinas de empreendedorismo ou em abrir
para os empresários e executivos, deixando-os
um novo negócio. Hoje, essa realidade é muito
mais bem preparados para lidar com um mun-
diferente. Várias empresas têm sido abertas an-
do em constante transformação. Entre as áre-
tes mesmo dos nossos alunos se formarem.
as empresariais que podem ser fortalecidas na
Nossa contribuição tem sido dada na produção
avaliação do reitor e conselheiro do Sebrae/PR
e socialização do conhecimento, nos mais dife-
estão a inteligência competitiva, desenvolvi-
rentes níveis de formação. Isso envolve a pes-
mento de competências nas diversas áreas te-
quisa de novos mercados; desenvolvimento de
máticas, preparação do grupo de colaborado-
novos produtos e serviços, bem como a forma-
res, uso de ferramentas de tecnologia da
ção de quadros técnicos para a exploração de
informação, criação de estratégias competiti-
novas oportunidades.”
vas diferenciadas, melhorar a estrutura de ca-
Para Zaki Akel Sobrinho, a universidade é uma
das melhores formas de se praticar o empreendedorismo. No caso dos alunos, oferecendo
conteúdos relacionados ao empreendedorismo. “Em nossa universidade, isso é trabalhado
em disciplinas específicas, mas também como
conteúdo transversal ministrado em vários cursos e disciplinas. Além disso, existem vários projetos de extensão, como a oficina de empreendedorismo e gestão, e a incubadora de
empresas que oferecem uma base para o com-
O empreendedorismo feminino tem crescido
portamento empreendedor.”
em todo o mundo nas últimas décadas e as bra-
pital, investimento em inovação e programas
de comunicação integrada.
sileiras estão entre as mais empreendedoras do
Como conselheiro do Sebrae/PR, Zaki Akel So-
mundo. O aumento da participação feminina na
brinho tem acompanhado de perto a evolução
vida econômica do País está intimamente liga-
dos programas e atividades destinados às mi-
do ao avanço delas na formação educacional e
cro e pequenas empresas, cujos números têm
também nas mudanças na estrutura familiar.
apresentado um crescimento exponencial.
Para Zaki Akel Sobrinho, o empreendedorismo
“São inúmeras iniciativas, visando não apenas
A academia também pode ajudar os pequenos
é uma atividade dinâmica e multifacetada. A
disseminar o espírito empreendedor, como
negócios através de pesquisa e extensão. Para
identificação e exploração de novas oportuni-
também dar suporte de modo concreto à me-
o reitor da UFPR, pela pesquisa a universidade
dades envolvem tanto questões racionais quan-
lhoria da tecnologia de gestão, ao aconselha-
contribui para a compreensão do empreende-
to subjetivas. “Nessas duas vias as mulheres
mento e orientação estratégico e tático-opera-
dorismo e da gestão. “A academia pode tam-
têm oferecido respostas interessantes. Em pri-
cional, além de uma grande diversidade de
bém aprimorar as práticas empreendedoras e
meiro lugar, com o aumento da participação das
eventos e exposições que oportunizam a troca
direcionar o desenvolvimento de políticas pú-
mulheres no mercado de trabalho e nas salas
de experiências e debate sobre as tendências
blicas”, informa. Já por meio da extensão, o
de aula, elas têm dominado o conteúdo técnico
nos diversos setores do mundo dos negócios.”
Quanto aos professores e técnicos, a universidade pode contribuir por meio de um ambiente
que incentiva e promova ações empreendedoras, como projetos de pesquisas e projetos
78
leiros não está preparada para empreender e
cursos nessa área, Zaki Akel Sobrinho concorda
nas últimas décadas, o empreendedorismo evo-
Por Mirian Gasparin
maior parte dos estudantes universitários brasi-
foram muito exercitados naquele período, lem-
mandato consecutivo e conselheiro do Sebrae/PR,
Para conselheiro do Sebrae/PR, ambiente acadêmico é uma das melhores
formas de se praticar conhecimento em pequenos negócios
rismo em todo o mundo, que aponta que a
que as universidades do País ainda carecem de
Na avaliação do reitor da UFPR pelo segundo
na universidade
entidade dedicada a difundir o empreendedo-
pessoas, em especial, colaboradores e clientes,
bam de iniciar”, relata Akel Sobrinho.
Empreendedorismo
Sobre a pesquisa recente feita pela Endeavor,
Iniciativa, resiliência, pró-atividade e foco nas
o plano de negócios para a empresa que aca-
Zaki Akel Sobrinho, conselheiro do Sebrae/PR e reitor da UFPR
Personalidade
Foto: UFPR
Zaki Akel Sobrinho
Reitor da universidade mais antiga do Brasil, a
de extensão.
79
O Sebrae/PR intensificou ainda mais o
atendimento prestado aos empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas dos municípios que
formam a região central do Paraná. O
escritório da entidade em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, transformou-se, desde abril, em sede regional, e
passou a ser responsável por levar e
disseminar soluções empresariais para
46 municípios da região. A Regional
Centro, como passou a ser chamada, é
a sexta regional do Sebrae/PR e nasceu com o desmembramento da extinta Regional Centro-Sul, com sede em
Curitiba. Agora, além da Regional Centro, o Sebrae/PR tem a Regional Leste,
com sede em Curitiba; a Regional Norte, com sede em Londrina; a Regional
Noroeste, com sede em Maringá; a
Regional Oeste, com sede em Cascavel; e a Regional Sudoeste, com sede
em Pato Branco. As Regionais do Sebrae/PR são polos distribuídos nas
principais regiões do Estado, dotadas
de infraestrutura física e de uma equipe técnica própria e preparada para a
execução de projetos e ações para o
atendimento de clientes sob sua jurisdição. A Regional Centro do Sebrae/PR
funciona no mesmo endereço, na Avenida João Manoel dos Santos Ribas,
nº 500, Bairro Nova Rússia.
80
Giro pelo Paraná
Também por conta do desmembramento da antiga Regional
Centro-Sul do Sebrae/PR, novo escritório do Sebrae/PR, vinculado à Regional Leste, começou a funcionar, em junho, em
Paranaguá. A estrutura conta com equipe para atender empreendedores, empresários e potenciais empresários de
sete municípios do litoral paranaense: Antonina, Morretes,
Guaraqueçaba, Pontal do Paraná, Paranaguá, Matinhos e
Guaratuba. O novo escritório, recém-criado, vai potencializar
as ações do Sebrae/PR no Litoral. A entidade já desenvolve
inúmeros projetos com foco no turismo local; no empreendedorismo; na qualificação para atender a cadeia produtiva
do petróleo, gás e energia; e na Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. O escritório no Litoral fica na Avenida Gabriel
de Lara, nº 1.404, Bairro Leblon.
Minimercados
O Sebrae/PR e o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR firmaram, em junho, convênio para a execução do Projeto Varejo TOP Loja Minimercados. A
iniciativa propõe qualificar e elevar a performance das micro e pequenas empresas do segmento para competir com grandes redes que passaram a
atuar também no formato de minimercados nos bairros. O segmento corresponde, no Brasil, a mais de 400 mil empreendimentos, e é o segundo
maior em número de lojas no setor do comércio varejista, ficando atrás do segmento de vestuário, acessórios e calçados. Participaram também da
assinatura do termo de cooperação técnica do Projeto, na sede do Sebrae/PR, em Curitiba, outros dois parceiros da iniciativa, o Sindicato do Comércio Atacadista (SINCA) e a Associação Paranaense de Supermercadistas (APRAS). O Varejo TOP Loja Minimercados será realizado em quatro municípios paranaenses, em 2013. Em Ivaiporã e Francisco Beltrão, o Projeto já está em andamento. Em Curitiba e Ponta Grossa, iniciou no mês de julho.
Rede
Farmácias de pequeno porte, familiares e tradicionais,
encontraram na união a força que faltava para competir
num mercado acirrado de grandes marcas. Mesmo em
cidades diferentes - Toledo, Formosa do Oeste, Mercedes, Entre Rios do Oeste, Marechal Cândido Rondon,
Palotina, Guaíra e Maripá -, 15 farmácias conseguiram,
por meio de uma metodologia própria para a formação
de centrais de negócios, desenvolvida pelo Sebrae, encontrar um novo modelo para os negócios: o associativismo. A necessidade de um novo caminho era clara,
para os empresários da central de negócios Rede Mega
Farma. Grandes fusões acabaram extinguindo farmácias
pequenas, tradicionais nas cidades. Com menor competitividade, compreenderam que era a hora era de buscar
um diferencial para sobreviver. Hoje, as farmácias estão
constituídas em uma associação; desenvolveram um sistema de compras em grupo, com melhores preços junto
aos laboratórios farmacêuticos; criaram uma marca em
conjunto; e desenvolvem o marketing, com campanhas,
tabloide, sacolas e fachadas.
Pocket
Foto: La Imagen
Regional
Escritório
Foto: La Imagen
Sebrae/PR
Já estão disponíveis no portal do Sebrae/PR (www.sebraepr.
com.br) os novos vídeos da série Sebrae Pocket. São dez miniaulas sobre gestão de negócios. Gratuito, o conteúdo da
segunda edição tem como proposta facilitar o acesso a informações práticas que possam ser aplicadas no dia a dia dos
pequenos negócios. A expectativa é que a segunda edição
tenha o mesmo sucesso da primeira, apresentada em 2012.
O Sebrae Pocket recebeu, em sua primeira edição, mais de 9
mil visualizações e foram distribuídos 20 mil dvds com o conteúdo, apenas para empresários com atividades no Paraná.
Nesta edição, os novos vídeos estão mais ‘encorpados’ e têm
duração média de dez minutos. Para serem acessados, os
empresários devem preencher um cadastro com informações básicas. Dentre os temas dos da segunda edição: “Liderar: ciência, arte ou prática?”; “Como criar o modelo de negócios para minha empresa?”; “Como dar um feedback para
meu funcionário?”; “Como atender bem o meu cliente?”; e
“Como formar e reter talentos na minha empresa?”.
Pinhão
O 1º Festival de Lazer e Gastronomia Rotas do Pinhão segue até o próximo dia 11 de agosto. O evento, para destacar os atrativos turísticos e gastronômicos de 15 estabelecimentos localizados na Região
Metropolitana de Curitiba, foi idealizado para divulgar e para valorizar o potencial turístico de pequenas pousadas, hotéis, spas, ‘pesqueiros’, restaurantes e chácaras. Durante o período, é possível provar
pratos com a semente-símbolo do Paraná, elaborados exclusivamente para o Festival, e desfrutar de
atividades ligadas ao turismo. Os visitantes que
comprovarem presença em três estabelecimentos
da Rotas do Pinhão, como a região ficou conhecida,
concorrem a prêmios, que incluem diárias e almoços
gratuitos. Durante o lançamento do Festival, em junho, no Mercado Municipal de Curitiba, estima-se
que mais de 2.400 pessoas puderam provar as receitas com pinhão e conhecer os destinos integrantes
da Rotas do Pinhão. Foram servidas 7.200 porções
de pratos, como pesto de pinhão, torta de pinhão e
rolinho de pinhão com soja.
81
Hortifruti
Curitiba foi sede em maio da primeira edição da Hortifruti Brasil Show. Nos três dias de evento, circularam pela Ceasa/PR, 2 mil pessoas, entre
produtores, distribuidores, representantes de entidades de apoio, atacadistas e visitantes. A Hortifruti Brasil reuniu 43 expositores, um encontro
de negócios, programação com quase 30 atividades, entre palestras, workshops, oficinas tecnológicas e exposição. Na abertura, a conferência de
Dráuzio Varella sobre “Vida Saudável e Alimentos Saudáveis” lotou o auditório do pavilhão com mais de 700 pessoas. O Fórum Internacional de
Tecnologia, Hortaliças, Frutas & Flores contou com a participação de especialistas italianos, da Região da Emilia-Romagna e Programa Brasil Próximo, de cooperação entre Brasil e Itália, que apresentaram as boas práticas e inovações realizadas na região italiana, referência mundial em
hortifrutigranjeiros. A Hortifruti Brasil Show foi uma iniciativa das entidades do fórum de promotores do agronegócio paranaense.
Business
Patentes
Neste ano, o Salão de Negócios do Paraná Business Collection teve um
‘sotaque’ diferente. Aliás, vários ‘sotaques’. Isso porque a seção do business abriu espaço para a participação de empresas de moda e vestuário
de outros estados brasileiros. A oitava edição do evento de moda e negócios contou com 44 marcas. Do total, 30% eram do Paraná, 30% de Minas
Gerais, 13% de Santa Catarina e 13% do Rio Grande do Sul. A abertura
trouxe reconhecimento ao evento, além de ter sido uma oportunidade
para os empresários do Paraná conhecerem as tendências, visualizarem o
que é importante no atendimento aos lojistas e na negociação e para
agregarem valor aos seus produtos.
O registro de uma patente passa pelo depósito
do pedido no Instituto Nacional de Propriedade
Industrial (INPI). Para orientar a redação de pedidos, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – campus de Dois Vizinhos, o Sistema
Regional de Inovação (SRI) e o Instituto de Desenvolvimento Tecnológico, de Pesquisa e Inovação
do Sudoeste do Paraná (IDETEP), com o Sebrae/
PR, promoveram o 1º Workshop para Redação de
Patentes. O evento, na UTFPR, trabalhou as ca-
Foto: La Imagen
racterísticas básicas do processo de redação de
patentes, uma vez que existe uma demanda diante do crescimento no número de registros de novos produtos e processos na região sudoeste.
Participaram pesquisadores, professores e acadêmicos com produtos desenvolvidos e que buscam
mais informações sobre o tema.
82
83
Artigo
Como construir uma
grande empresa
Por Allan Marcelo de Campos Costa
Em praticamente todas as situações da vida,
de complexidade embutida em certas propos-
acredito que é na simplicidade que se esconde
tas. A ideia em pauta pode ser compreendida
a sabedoria. Na base das teorias de desenvolvi-
por um leigo no assunto? Se sim, ótimo. Do
mento empresarial criadas nas escolas de ne-
contrário, não serve!
gócios mundo afora, acredito que estejam coisas simples e efetivas e que estão ao alcance
3. Amplie as referências
de qualquer empreendedor. Nesta edição da
A única coisa capaz de limitar até onde um indi-
Revista Soluções, resolvi compartilhar algu-
víduo ou uma empresa podem chegar são suas
mas crenças pessoais a esse respeito:
referências. Se as referências são limitadas, o
1. Acredite nas pessoas
Uma empresa é feita de seres humanos. Todo
ras há muito tempo. O conhecimento (e as re-
o resto é acessório. Acredite na capacidade das
ferências...) estão a um clique de distância
pessoas de contribuir, construir, realizar. Acre-
após o surgimento da internet. Se você estabe-
dite no seu potencial e, como líder, proporcio-
leceu uma referência de classe mundial e con-
ne a elas a melhor condição possível para que
seguiu atingi-la, ótimo! Amplie-as. Sempre e
elas possam dar o seu melhor. Lembre-se que
mais! Sonhar pequeno e sonhar grande dá exa-
são essas pessoas que empregarão toda e
tamente o mesmo trabalho.
qualquer tecnologia, agregando a inteligência
e a sensibilidade necessárias para que bons resultados sejam gerados. Sem isso, toda tecno-
Super-heróis só existem nas histórias em qua-
logia é obsoleta e inócua.
drinhos e no cinema. Na vida, ninguém faz
2. Busque obstinadamente
a simplicidade
A afirmação de Da Vinci talvez seja uma das
maiores lições a serem aplicadas ao mundo
corporativo, e porque não, à vida em geral: o
84
4. Delegue
nada sozinho. Por isso a capacidade de delegar
é imprescindível para um líder que busca construir uma grande empresa, formada por grandes seres humanos.
5. Ouse
máximo da sofisticação é a simplicidade. As
O mundo está cercado de bons motivos para
melhores ideias são as que todos entendem.
que você não faça o que precisa ser feito. Re-
As melhores contribuições são as que parecem
pleto de armadilhas que consomem energia
óbvias (não por acaso um traço evidente de
das pessoas e das organizações arrastando-as
sabedoria é enxergar o óbvio antes que os ou-
para o comodismo. Fuja dessas armadilhas. O
tros o façam). Nunca complique o simples. Ja-
desenvolvimento de qualquer empresa envol-
mais caia na armadilha de se deixar levar por
ve risco. É preciso ter consciência disso e, até
uma linguagem sofisticada ou pela impressão
certo ponto, é preciso ter atração pelo risco.
6. Inspire
Ninguém pode se apaixonar por um trabalho
cujo único objetivo seja colocar dinheiro no
bolso do dono da empresa no final do mês e
pagar um salário razoável aos colaboradores.
Seres humanos só dão o seu melhor se estiverem engajados em causas maiores, que falem
não apenas às suas mentes, mas aos seus corações. Se você quer construir uma grande empresa, baseie esse desenvolvimento em algo
maior, que faça sentido coletivamente e que
esteja, de alguma maneira, conectado a causas
maiores. A forma mais efetiva de liderança
passa pela capacidade do líder de inspirar seus
liderados.
7. Crie sonhos compartilhados
caminho também o será. Amplie-as sempre e
constantemente. O mundo não possui frontei-
Risco ponderado, avaliado e consequente, é
claro. Mas assim como não há energia sem atrito, não há crescimento sem risco. Isso só se faz
com razoável dose de ousadia. Ousadia para
pensar diferente, para fugir dos padrões, para
fazer o que os outros acham impossível.
O que você e sua
empresa deixarão
para os que virão na
sequência, inclusive
seus filhos, se você
os tiver?
Praticamente uma complementação da anterior, a criação de sonhos compartilhados é, talvez, o fator com maior potencial de inspirar
colaboradores. Se você acha que seu colaborador vai compartilhar o seu sonho de comprar
uma mansão na praia com um iate na marina,
pense outra vez. Sonhos compartilhados necessariamente se conectam com o bem maior,
com a busca de uma sociedade melhor e dentro da qual, de alguma maneira, o sonho compartilhado por todos em uma organização desempenha algum papel relevante.
8. Seja implacável com
a mediocridade
Nada aniquila uma empresa mais rapidamente
do que a mediocridade. O termo pode parecer
forte, mas ser medíocre nada mais é do que ser
mediano. Você quer uma vida mediana pra
você? Para os seus filhos? Sonha viver em uma
sociedade mediana? Se você concorda que essas aspirações não são válidas, comece a se perguntar de que forma sua empresa construirá
uma história que a diferenciará das demais, que
a colocará em uma posição de destaque. E lembre-se: pessoas medianas não constroem grandes empresas. Não tolere indivíduos com comportamento predominantemente medíocre,
se você quiser construir uma grande empresa.
9. Trabalhe!
Essa é óbvia. Já diz o ditado que o único lugar
onde sucesso vem antes de trabalho é no dicionário. Podem haver exceções (raras!), mas
no mundo real, sucesso pressupõe trabalho
árduo, dedicação, entrega e perseverança.
10. Exija verdade e transparência
A única coisa ainda pior do que uma mentira é
uma meia verdade. Grandes empresas conseguem criar ambientes de confiança, onde não
há nada que não possa ser dito e onde a única
coisa que importa é a verdade. Nesse tipo de
ambiente os problemas são tratados abertamente, críticas não são personalizadas e são
percebidas com naturalidade. Ainda que doa,
esse tipo de postura faz com que, no final do
dia todos tenham crescido.
11. Seja espontâneo
Quem disse que o ambiente de trabalho precisa ser chato e austero? Passamos mais da metade das nossas vidas nesse ambiente. Alguém
sonha em passar metade da vida em um ambiente sisudo, carrancudo, tedioso? Cultive
uma postura espontânea, aberta, descontraída. Espalhe essa postura pela empresa. Incentive-a nos seus colaboradores. O resultado virá
na forma de equipes mais motivadas, inspiradas e dispostas a fazer a diferença.
12. Contrate pelas atitudes
Toda e qualquer competência técnica pode ser
ensinada. Com paciência e perseverança, tudo
se aprende. Entretanto, é muito difícil transformar as atitudes que constituem o padrão
de comportamento em um ser humano. Aqui,
não há juízo de valor, tampouco há certo ou
errado. Mas se você tem claro o tipo de atitude
que espera dos seus colaboradores, busque,
antes de qualquer coisa, identificar essas atitudes quando for contratar as pessoas que comporão o seu time.
Grandes empresas
conseguem criar
ambientes de
confiança, onde não
há nada que não
possa ser dito e onde
a única coisa que
importa é a verdade
13. Tenha medo
Quem disso que ter medo é para os fracos? Os
grandes vencedores manifestam expressamente a presença constante do medo em suas
vidas. Por uma razão muito simples: é o medo
que obriga os indivíduos a se prepararem cada
vez melhor para enfrentar os desafios; é o
medo que prepara o corpo e o espírito para as
batalhas. O medo transformado em pânico paralisa. Mas a ausência de medo não é coragem,
e sim loucura.
14. Por fim, pergunte-se todos os
dias: qual será o seu legado?
Essa é uma questão de escolha pessoal, mas
se você deseja construir uma grande empresa, penso que ela seja de extrema relevância.
De forma simples, legado é o que uma pessoa
85
deixa quando morre. A definição é autoexplicativa. Pelo que você será lembrado? Pelo que
a sua empresa será lembrada? Que exemplo
ficará quando você não estiver presente? O
que você e sua empresa deixarão para os que
virão na sequência, inclusive seus filhos, se
você os tiver?
Esse conjunto de crenças, de certa forma, foi
construído ao longo de 20 anos como colaborador do Sebrae/PR e pautou minha contribuição como diretor-superintendente da instituição nos últimos seis anos. E é com essas
reflexões que me despeço deste espaço na
Revista Soluções.
Sempre acreditei que tudo no Universo obedece a ciclos e que todos os ciclos obedecem a
uma lógica irrefutável e por vezes cruel: começo, meio e fim. O lado bonito desse processo é
que o fim de cada ciclo, obrigatoriamente, representa o início de um novo.
Com este artigo, encerro um ciclo pessoal nessa instituição que, pelos últimos 20 anos, foi
minha casa e minha causa. Sob a orientação de
um Conselho Deliberativo integrado e de visão
arrojada, ao lado dos meus parceiros de Diretoria Executiva, Vitor Tioqueta e Julio Agostini,
dos hoje cerca de 240 colaboradores do Sebrae/PR e da nossa rede de mais de 800 credenciados em todo o Estado, encerro um ciclo
que ficará marcado por avanços importantes.
Um ciclo cuja marca foi a ousadia de fazer diferente; a perseguição obstinada por padrões de
excelência de referências globais; a ampliação
exponencial da capacidade do Sebrae/PR de
chegar aos empreendedores e aos empresários de pequenos negócios; a busca incansável
pela valorização das pessoas, que são as grandes responsáveis por tudo, por todas as realizações, por todos os resultados; a coragem de
assumir os riscos necessários para o desenvolvimento do Sebrae/PR e para perseguir obstinadamente os caminhos que julgávamos adequados para a instituição; e a construção de
uma proposta ímpar de olho no futuro, que
deixa um legado a ser consolidado pelos próximos dez anos através do Projeto Sebrae 2022,
com o objetivo de contribuir de forma ainda
mais significativa no desenvolvimento de uma
sociedade empreendedora e cada vez mais senhora do seu destino.
Escolher renunciar ao cargo de diretor-superintendente foi uma decisão difícil, porque trabalhar no Sebrae sempre foi muito mais do
que apenas um emprego. Atuar nessa instituição acaba por se transformar em uma espécie
de propósito de vida, afinal, ter a oportunidade de fazer a diferença na vida de milhares de
pessoas, todos os dias, é uma daquelas coisas
que realmente não tem preço. Por isso deixo
essa casa com o coração partido. Mas ao mesmo tempo, saio realizado, pela certeza de ter
dado minha singela contribuição com a construção de uma sociedade melhor e por ter conquistado aqui aquilo que de mais relevante
qualquer ser humano pode conquistar: a amizade, o respeito e o carinho de um grupo de
pessoas extraordinário.
Nesse novo ciclo que se inicia, passo para a
iniciativa privada e assumo também o papel
de empreendedor, tirando projetos pessoais
do papel. Levo comigo a paixão pelo empreendedorismo e a certeza de que, mais do
que nunca, o caminho para o desenvolvimento de uma sociedade melhor e mais justa passa e passará pelos pequenos negócios.
Continuarei escrevendo sobre empreendedorismo, gestão e liderança no meu site
pessoal, no endereço www.allancosta.com.
Me despeço deste espaço, mas espero você
por lá. Até breve!
Escritório - campo Mourão
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Escritório - Umuarama
Avenida Brasil, 3.404 - Bairro Zona i - cEP: 87.501-000
Fone: (44) 3622-7028 - Fax: (44) 3622-7065
REGIONAL LESTE
REGIONAL NORTE
curitiba
rua caeté, 150 - Bairro Prado Velho - cEP: 80.220-300
Fone: (41) 3330-5800 - Fax: (41) 3330-5768/3332-1143
Escritório - Paranaguá
Avenida Gabriel de Lara, nº 1.404 - Bairro Leblon - cEP: 83203-742
Fone: (41) 3330-5760 - Fax: (41) 3330-5760
REGIONAL OESTE
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
cascavel
Avenida Presidente tancredo Neves, 1.262 - Bairro Alto Alegre
cEP: 85.805-000
Fone: (45) 3321-7050 - Fax: (45) 3226-1212
Escritório - Foz do iguaçu
rua das Guianas, 151 - Bairro Jardim América - cEP: 85.864-470
Fone: (45) 3522-3312 - Fax: (45) 3573-6510
Allan Marcelo
de Campos Costa
Allan Marcelo de Campos Costa é diretor-presidente da Cooper Card (empresa
de meios de pagamento eletrônico e cartões de benefícios), conselheiro da
Supernova Aceleradora de Startups e da Snowman Labs (empresa de soluções para plataformas móveis), cônsul-honorário da Grã-Bretanha no Paraná e palestrante. Ex-diretor superintendente do SEBRAE/PR, é formado pelo
Programa de Gestão Avançada da Harvard Business School e mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Acredita que não há
desenvolvimento sem pequenas empresas competitivas e é, e sempre será, um
entusiasta do empreendedorismo como instrumento transformador de vidas.
Pode ser encontrado no e-mail [email protected].
Escritório - toledo
Avenida Parigot de souza, 2.339 - Bairro centro - cEP: 85.905-380
Fone: (45) 3252-0631 - Fax: (45) 3252-6175
REGIONAL NOROESTE
Maringá
Avenida Bento Munhoz da rocha Neto, 1.116 - Bairro Zona 7
cEP: 87.030-010
Fone: (44) 3220-3474 - Fax: (44) 3220-3402
Londrina
Avenida santos Dumont, 1.335 - Bairro Aeroporto - cEP: 86.039-090
Fone: (43) 3373-8000 - Fax: (43) 3373-8005
Escritório - Apucarana
rua osvaldo cruz, 510 - 13° andar - Bairro centro - cEP: 86.800-720
Fone: (43) 3422-4439 - Fax: (43) 3422-4439
Escritório - ivaiporã
rua Professora Diva Proença, 1.190 - Bairro centro - cEP: 86.870-000
Fone: (43) 3472-1307 - Fax: (43) 3472-1307
Escritório - Jacarezinho
rua coronel Figueiredo, 749 - Bairro centro - cEP: 86.400-000
Fone (43) 3527-1221 - Fax: (43) 3527-1221
REGIONAL SUDOESTE
Pato Branco
Avenida tupi, 333 - Bairro Bortot - cEP: 85.504-000
Fone: (46) 3220-1250 - Fax: (46) 3220-1251
Escritório - Francisco Beltrão
rua são Paulo, 1.212 - sala 1 - Bairro centro - cEP: 85.601-010
Fone: (46) 3524-6222 - Fax: (46) 3524-5779
0800 570 0800
www.sebraepr.com.br
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