Revista Soluções Sebrae
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Revista Soluções Sebrae
Editorial A verdade acima de tudo Quando o sucesso vira um ‘problema’ é o tema de capa desta edição da Revista Soluções. Até situações positivas, como uma demanda acima da esperada, podem se transformar em uma dor de cabeça. Como lidar com a situação é um desafio para empresários até mais experientes. O caso Cold Stone, que você leitor acompanhará nas próximas páginas, traz lições importantes. O ‘braço’ da rede americana de sorvetes no Brasil teve que fechar as portas, por duas semanas, em pleno verão, por não dispor da sua principal matéria-prima. A procura pelo sorvete foi um sucesso, mas a sua falta acabou se tornando um problema. O principal ensinamento, segundo contam os próprios empresários, que sentiram na pele a crise, é que contar a verdade para os clientes foi a mais acertada atitude a ser tomada naquele momento. Em vez de enfraquecer, acabou fortalecendo a marca. Nesta edição, você confere ainda outras reportagens sobre temas como crowdsourcing, um modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos coletivos e voluntários, geralmente espalhados pela internet, para resolver problemas, criar conteúdos e soluções ou desenvolver novas tecnologias. Uma tendência também ao alcance dos empresários de micro e pequenas empresas. Não perca ainda as reportagens sobre business design, m-commerce e feedback. O uso do design em estratégia empresarial, de tablets e smartphones para potencializar as vendas e de sistemas que permitem que os líderes ou gestores avaliem o comportamento de seus colaboradores são questões do momento. Assim como a inteligência competitiva, que ganha cada vez mais espaço de destaque junto aos pequenos negócios. A entrevista desta edição é com Rui Hess de Souza, diretor de varejo da Dudalina. Ele deixa um recado para as micro e pequenas empresas, que encontrem condições de profissionalização para crescer no mercado. O melhor caminho, no seu entendimento, é o da legalidade, fazer as coisas certas e da forma correta. O ideal é criar condições e um ambiente para valorizar as pessoas dentro da empresa. Esse conjunto de ações, diz Rui Hess de Souza, acaba custando mais caro, mas é o que traz melhores resultados para as empresas. A eleição realizada pelo Conselho Deliberativo e a posse da nova Diretoria do Sebrae/PR, que tem como desafio pensar no futuro da organização para os próximos dez anos; os 20 anos de Empretec no Brasil; e os resultados da Feira do Empreendedor 2013 – Paraná, o maior evento de empreendedorismo do Estado, também estão em pauta. Boa leitura! Leandro Donatti, o editor 2 3 Índice Conselho Deliberativo Modelo de gestão compartilhada, o Conselho Deliberativo do Sebrae/PR é formado por representantes de segmentos do setor produtivo, de instituições de crédito e poder público. Funciona como uma assembleia geral, soberana, que representa a tomada de decisões de forma democrática. Ao todo, são 13 entidades que têm assento no Conselho Deliberativo do Sebrae/PR. João Paulo Koslovski Presidente do Conselho Deliberativo Agência de Fomento do Paraná S/A (FOMENTO PARANÁ) Juraci Barbosa Sobrinho – titular Alexandre Teixeira – suplente Banco do Brasil José Roberto Sardelari – titular Joares Angelo Scisleski – suplente Caixa Econômica Federal Fabio Carnelos – titular Enilson Araújo – suplente Centro de Integração de Tecnologia do Paraná (CITPAR) Luiz Carlos Baeta Vieira – titular Rubens Maluf Dabul – suplente Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) Ágide Meneguette – titular Carlos Augusto Cavalcanti Albuquerque – suplente Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (FACIAP) Conselho Fiscal Jefferson Nogaroli – titular Rainer Zielasko – suplente João Luiz Rodrigues Biscaia – FAEP (presidente do Conselho Fiscal) Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas do Paraná (FAMPEPAR) Dalton Celeste Rasêra – FAEP Suplente Ercílio Santinoni – titular Jonas Bertão – suplente Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) Edson Campagnolo – titular Evaldo Kosters – suplente Federação do Comércio do Paraná (FECOMÉRCIO) Darci Piana – titular Ari Faria Bittencourt – suplente Capa - Pág. 12 José Georgevan Gomes de Araújo – FIEP Titular Paulo Roberto Munhoz – FIEP Suplente Umberto Marineu Basso Filho – FECOMÉRCIO Titular Alberto Franco Samways – FECOMÉRCIO Suplente Quando o sucesso vira um ‘problema’ O que fazer para superar obstáculos inesperados nos negócios e qual a melhor maneira de aprender com os próprios erros SEBRAE Nacional Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul (SEIM) Diretoria Executiva Ricardo José Magalhães Barros – titular Horácio Monteschio – suplente Vitor Roberto Tioqueta Diretor Superintendente Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (OCEPAR) Julio Cezar Agostini Diretor de Operações João Paulo Koslovski – titular Nelson Costa – suplente José Gava Neto Diretor de Gestão e Produção Universidade Federal do Paraná (UFPR) Zaki Akel Sobrinho – titular Joel Souza e Silva – suplente [email protected] http://asn.sebraepr.com.br Coordenação Renata Todescato Gerente de Marketing Críticas e comentários, mande um e-mail para [email protected] Edição/Jornalista Responsável Leandro Donatti Registro Profissional – 2874/11/57-PR Anuncie na Revista Soluções: [email protected] Impressão Artes Gráficas Renascer Ltda. (Mult-graphic) Fotos: Cristiane Shinde, Luiz Costa e Rodolfo Buhrer. PÁG. Sebrae/PR tem novos diretores executivos PÁG. 30 Comportamento empreendedor 22 Tendência Entrevista Design estratégico para negócios Design Gráfico e Diagramação Ingrupo//chp Propaganda Periodicidade Trimestral Tiragem 20 mil exemplares ISSN 1984-7343 PÁG. PÁG. 34 ‘Multidão’ que faz a diferença PÁG. 46 Descisão ‘inteligente’ PÁG. 54 Empresas buscam ‘proteção cambial’ Comportamento 40 Serviço Pág. 8 Amor à ‘camisa’ Mobilidade a favor das vendas PÁG. 50 Comportamento Empreendedorismo vira mercado editorial PÁG. 62 PÁG. 66 PÁG. 58 Além do ‘horizonte’ Mercado Detalhes que fazem a diferença Artigos Feiras e eventos PÁG. Eloi Zanetti - Pág. 73 ... mas na primeira oportunidade darão o merecido troco... Um ‘brinde’ ao sucesso PÁG. Sucesso de público (e crítica) 74 Personalidade Allan Costa - Pág. 84 .. o lado bonito desse processo é que o fim... 70 Associativismo PÁG. 78 Empreendedorismo na universidade Giro pelo Paraná PÁG. 4 18 Elizabeth Soares de Holanda - titular Joana Bona Pereira – suplente Expediente da Revista Soluções Adriana Schiavon Gonçalves Especialista em Marketing Reportagens: Adriana Bonn, Adriana De Cunto, Andréa Bordinhão, Flora Guedes, Katia Michelle Bezerra, Leandro Donatti, Maigue Gueths e Mirian Gasparin. PÁG. Capacitação “Amor-verdade” Rui Hess de Souza, diretor de varejo da Dudalina, resgata história de empresa catarinense, e diz que o empreendedorismo passa por sentimentos, como amor, paixão e laços familiares Ammanda Macedo Especialista em Marketing Sebrae/PR 80 5 Linha direta com o leitor Cartas Radar da pequena empresa Um ‘jogo rápido‘ sobre os pequenos negócios. Revista Soluções – www.solucoessebrae.com.br Gosto muito das dicas e oportunidades nas matérias da Revista Soluções. São temas atuais e objetivos que nos ajudam a ter ideias e encontram soluções para problemas que em algum momento do seu negócio acaba enfrentando. Para mim, especiais são reportagens com depoimentos de empreendedores que contam como começaram uma nova ideia, os desafios e as superações, verdadeiros heróis e com certeza inspiram muito. Luciana Bechara – empresária – Curitiba/PR Parabéns por todas as matérias. Confesso que sempre que leio revistas com a mesma temática, sobre negócios, empreendedorismo, mercados, clientes, etc, leio somente algumas matérias. Mas esta edição A décima sétima edição da Revista Soluções teve como tema de capa a nova classe média empreendedora. Segundo a reportagem em destaque, mais da metade dos empreendedores brasileiros está na Classe C. (nº 17) li todas na íntegra. Textos limpos e fáceis de ler... sem uso de jargões corporativos, expressões estrangeiradas como se fosse uma tese de Doutorado. Isso sem contar a qualidade gráfica, papel, fontes e Crédito Acumulado Lei Geral Depois de dois meses consecutivos de expansão, a procura das empresas por crédito recuou 4,2% em maio, diz a Serasa Experian. Na comparação com maio de 2012, a demanda caiu 9,0% e, no acumulado dos primeiros cinco meses de 2013, a procura reduziu em 5,8%. O feriado prolongado de Corpus Christi e as incertezas quanto à recuperação da atividade econômica doméstica afetaram negativamente a demanda. O recuo da demanda das empresas por crédito concentrou-se nas micro e pequenas empresas, com queda de 4,4% sobre o resultado de abril. Nas médias empresas, a queda foi de 2,6%. Somente as grandes empresas (alta de 1,4%) expandiram a sua demanda por crédito em maio. No acumulado do ano, os pequenos negócios continuam liderando a queda na procura por crédito: variação de -6,8% frente ao mesmo período do ano passado. O Paraná deve estadualizar, ainda em 2013, o Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, conhecido como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. O projeto, que tem como objetivo a criação de uma legislação estadual em favor dos pequenos negócios, caminha para ser lei até o final do ano. A expectativa é de representantes do Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Paraná. Ambiente Frente Equilíbrio O Fórum Permanente, que ‘costura’ a proposta, reuniu-se no final de junho, em Curitiba, para ajustar detalhes do texto, e o projeto, antes de virar lei, passará pela apreciação da Assembleia Legislativa. O texto da futura legislação prevê a criação de um ambiente favorável para negócios, com mais acesso ao crédito, abertura e fechamento de empresas mais ágeis, incentivos fiscais e novos nichos de mercado, como o de compras públicas. A Assembleia Legislativa aprovou a criação da Frente Parlamentar de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Paraná. A Frente vai formular políticas de estímulo ao empreendedorismo; ajudar no fortalecimento, expansão e formalização de micro e pequenas empresas; apoiará programas de competitividade e inovação; e fará o encaminhamento de propostas em favor dos pequenos negócios ao governo e órgãos públicos. A relação homem-mulher, quando o assunto é empreendedorismo em sua fase inicial, é equilibrada. Praticamente a metade dos empreendedores brasileiros com até três anos e meio de atividade é formada por homens e a outra, por mulheres. É o que diz a Pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor). A sondagem mostra que 65% dos empreendimentos entre as mulheres nasceram de uma oportunidade de mercado. Em 2002, eram 39%. Crescimento Avanço Marca Outro estudo, divulgado em maio pelo Sebrae Nacional - “As Mulheres Empreendedoras no Brasil” - mostra outro dado interessante: o crescimento no número de mulheres à frente de empreendimentos, independente do seu tempo de existência. Elas ocupam 31% dos empreendimentos no Brasil, enquanto que os homens os outros 69%. O Paraná está na média nacional, ou seja, 30% de seus empreendedores são do sexo feminino. Entre 2001 e 2011, o número de mulheres donas do próprio negócio aumentou 21%, o equivalente a mais que o dobro do crescimento verificado entre os homens. O estudo do Sebrae Nacional mostra ainda que as empresárias brasileiras estão mais escolarizadas, têm mais acesso às informações e ousam empreender em atividades, há pouco mais de dez anos, predominantemente masculinas. É um movimento que não tem mais volta. O Brasil bateu em junho a marca de 3 milhões de microempreendedores individuais (com faturamento bruto anual de até R$ 60 mil). O Paraná está entre os estados com o maior número de empreendedores que aderiram à categoria, em vigor desde 2009, com quase 165 mil, atrás de São Paulo; Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. Os dados estão no Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br). fotos... 100%. Mais uma vez parabéns. William Cesar Rachinski – gerente comercial – Curitiba/PR Ameiiiii a edição nº17 da Revista Soluções e fiquei mais feliz ainda pelo prazo de entrega da mesma, parabéns! Elidiane Nascimento – estudante - Sobral/CE Gostaria de parabenizar o Sebrae/PR pela Revista Soluções. Surpreendo-me positivamente a cada edição, além de conteúdo, a apresentação gráfica é excelente e inspira a leitura das matérias. Frequentemente quando estou querendo informações sobre algum assunto relacionado à gestão da minha empresa, vou dar uma olhada nas edições anteriores e, muitas vezes, encontro o que preciso. Um exemplo disso foi o artigo sobre como as pequenas empresas devem atuar no Facebook que encontrei na última edição. Estou iniciando o trabalho nas redes sociais e as dicas que encontrei ali me ajudaram muito a dar os primeiros passos, atuando como empresa, nesta ferramenta. Continuem assim! Erlon Labatut – empresário – Curitiba/PR Uma coisa muito interessante na Revista Soluções é a abordagem, de fácil compreensão, de temas que nem sempre são simples. Gostei bastante da matéria que falou sobre o poder da marca nas empre- Queremos sua opinião sas, com dicas de especialistas e experiências contadas pelos próprios empresários. Marcos Pereira – empresário – Curitiba/PR 6 [email protected] 7 tas ações internas para envolver o nosso está muito distante da afetividade, Rui pessoal. Todo mês, as lideranças se encon- Hess de Souza, diretor de varejo e um dos tram num almoço descontraído para trocar sócios da Dudalina, quebra o paradigma. ideias. Eu ligo para todos os meus funcio- Todo o caminho percorrido pela empresa nários do varejo no dia do aniversário. A catarinense fundada pelos seus pais, em empresa promove palestras, ginástica la- 1947, que representa quatro marcas - Du- boral, comemoramos as datas especiais e dalina, Dudalina Feminina, Base Jeans e temos um programa voltado para as ma- Individual – passa por sentimentos, como mães”, conta. amor e paixão e pelos laços familiares. lina é o programa de participação nos re- misa e às Pessoas”, que integrou a progra- sultados. No ano passado, os colaborado- mação da oitava edição do Paraná Business res receberam quase seis salários mínimos Collection, realizada em junho passado pelo porque atingiram todas as metas de pro- Sebrae/PR, Federação das Indústrias do Es- dutividade e de nível de qualidade do tra- tado do Paraná (Fiep) e Conselho Setorial balho. De todo o lucro da empresa, 27,5% da Indústria do Vestuário, em Curitiba, Rui são destinados aos sócios; 12% para os Hess de Souza apresentou os caminhos tri- funcionários; e 5% ficam com a diretoria. sucesso no País, e falou com a Revista Soluções, que traz nesta edição entrevista com o diretor de varejo. Após mudanças estratégicas de mercado e de produção, a Dudalina passou, segundo ele, a atuar também na moda feminina, em 2010, e registra, desde então, o crescimento médio de 25% e um faturamento de R$ 500 milhões, por ano. “A Dudalina Feminina foi o nosso iPad”, define. Rui Hess, empresário Amor à “A legalidade é muito importante na formação de uma empresa. Lembro que deixamos muito de crescer devido a uma concorrência extremamente informal. Mas hoje confirmo que somos até quatro vezes mais lucrativos do que qualquer empresa informal. Deixo esse recado para as empresas que estão começando, para que forma legal e vivermos numa sociedade dades industriais, uma delas fica na cidade mais justa”, destaca Rui Hess de Souza. na Itália; além de 28 franquias. Ainda está prevista a inauguração de mais sete lojas em 2013. “É muito importante os empresários de miuma empresa como a Dudalina investe em ações como essa ou mesmo em responsabilidade social, porque tudo isso gera resultados de crescimento para a empresa.” Todas as ações, segundo ele, precisam ter como tante estabelecer uma ideologia, que é a base a pesquisa e observação de mercado, soma de valores, e a missão, que quase a segmentação e estratégias bem funda- precisa ser traduzida nos produtos e ima- mentadas. “É preciso trabalhar com profis- gem da empresa. Criamos produtos que sionalismo e ética dentro da legalidade, emocionam as pessoas. Paixão é o senti- porque o mercado do vestuário não tem mento que nos move. Queremos que o espaço para amadorismos”, alerta ele. nosso cliente vista a blusa da Dudalina e sinta-se feliz. Buscamos construir relações sólidas e duradouras com o cliente, que é a sempre”, explica ele, contando que o tecido da Dudalina passa por uma cadeia de produção que começa no Egito, passa pela Itália e Índia, antes de chegar ao Brasil. Toda empresa começa com o empreendedor, e, no Brasil, o modelo de empreendedorismo sempre tem o envolvimento da família cro e pequenas empresas perceberem que “Para conquistar o sucesso, é muito impor- nossa prioridade, e temos que seduzi-lo 8 seu lucro, entre os anos de 2004 e 2010. possamos criar nossa base de indústrias de lojas próprias, das quais uma fica em Milão, Por Flora Guedes social, a empresa multiplicou dez vezes o megaestrutura da corporação: são seis uni- São Paulo; mais de 2,3 mil funcionários; 44 Diretor de varejo da Dudalina resgata história de empresa catarinense, considerada um dos mais destacados cases de sucesso do País Desde que implantou a responsabilidade O sucesso da Dudalina ainda se traduz na de Terra Boa, no Paraná; um escritório em ‘camisa’ Um das ações de política interna da Duda- Durante a palestra “Dudalina - Amor à Ca- lhados pela empresa, considerada case de Entrevista Foto: Mauro Frasson/Comunicação Fiep Rui Hess de Souza Para quem acha que o profissionalismo Em família A Dudalina foi fundada pelo casal Duda e Adelina, no ano de 1947, em Luís Alves, Santa Catarina. Do fruto dessa união nasceram os 16 filhos que, hoje, são os sócios proprietários da empresa. “Minha mãe ficou grávida 21 vezes. Eles se amavam mui- “Amor à Camisa e às Pessoas é o nosso slo- to, meu pai escrevia quase todo dia um gan. É preciso ter muito amor e coragem poema para ela”, lembra Rui Hess de Sou- para fazer cumprir isso com o cliente e com za. Adelina resolveu produzir camisas de- os nossos colaboradores. Realizamos mui- pois que o marido fez uma compra exage- 9 Trabalhar na legalidade sempre vai trazer mais resultados à empresa, que estará colaborando também para construir uma sociedade mais justa rada de tecidos em São Paulo para vender integram o Cadastro Nacional de Empre- no comércio de secos e molhados que ti- sas Comprometidas com a Ética e a Integri- nham em Luís Alves. Para que os filhos es- dade - Cadastro Empresa Pró-Ética. Tam- tudassem, a família resolveu se mudar bém realiza ações em benefício da para Blumenau, também em Santa Catari- comunidade e apoia algumas instituições, na, onde abriram duas lojas com o nome como a Pastoral da Criança e o Instituto Dudalina. Ayrton Senna. “É muito importante que as empresas fa- A empresa também desenvolve um proje- miliares façam um acordo de acionistas to de geração de renda que engloba capa- A seguir, trechos da entrevista concedida à Revista Soluções. entre os herdeiros. Isso pode determinar citação de costureiras e doações de kits de Revista Soluções - O que a Dudalina tem que lá na frente se saiba muito bem qual é processo de falsificação. Estamos firmes retalhos para produção de sacolas em mui- a função familiar e qual é a função empre- para enfrentar isso, a nossa sociedade tem tos estados do País. “No ano passado, fo- para ensinar aos empreendedores que estão começando? sarial. Na empresa, só trabalham eu e a mi- ram capacitadas 263 pessoas e produzidas 16.443 sacolas de patchwork (trabalho Rui Hess de Souza - A coisa mais impor- gem. Querem ter aquilo que não podem ter nha irmã Sônia, que é a presidente da Dudalina. Os nossos outros 14 irmãos são com retalhos). Boa parte das sacolas foi empreendedores. Nosso modelo de ges- comprada de volta pela Dudalina, por R$ 6 tão é o de governança corporativa, temos cada. Esse modelo de projeto de geração os Conselhos de Família, Fiscal e Adminis- de renda foi adotado pela Organização das trativo”, esclarece Rui Hess de Souza, que Nações Unidas (ONU) como um exemplo a é engenheiro mecânico e realizou especia- ser seguido na indústria têxtil”, conta Rui lizações nas áreas de gestão, comércio ex- Hess de Souza. terior e comércio de varejo. Responsabilidade empresarial A Dudalina participa de entidades como o Pacto Global e o Instituto Ethos, além de ser uma das 14 empresas brasileiras que A empresa também produz um relatório de sustentabilidade, fazendo o registro público da emissão de gases do efeito estufa. “Para neutralizar a emissão de gás carbônico pela produção da Dudalina, a gente faz a compensação plantando árvo- res. Cada muda, dentro de 15 anos, vai ‘sequestrar’ 160 quilos de gás carbônico do meio ambiente. Só no ano passado, plantamos mais de 7 mil mudas”, relata, acrescentando que a empresa também aplica a logística reversa na reutilização das embalagens dos seus produtos. tante é que o caminho mais fácil não é o melhor caminho. O melhor caminho é o da legalidade, fazer as coisas certas e da forma correta. O ideal é criar condições e um ambiente para valorizar as pessoas dentro da empresa. Esse conjunto de ações acaba custando mais caro, mas, no final, é o que traz o melhor resultado para a empresa. Para muitos, é sempre mais fácil não pagar os impostos e não pagar os seus colabora- Foto: Mauro Frasson/Comunicação Fiep malidade muito grande. Essa informalidade atrasou nosso crescimento. E atuar de uma forma correta, pagar os impostos certinho, num país que tem uma carga tributária tão alta como o Brasil, você acaba tendo uma desvantagem competitiva muito grande. E agora, estamos enfrentando o maior desafio da história da nossa empresa, que é o muitas pessoas que querem tirar vantae agem de forma ilícita. Isso vem nos causando bastante preocupação porque temos que proteger o nosso produto e o nosso cliente, que quer comprar o produto legal, correto e de qualidade e pode encontrar essas pessoas espertas no caminho. Uma pessoa que veste um produto falso, também é falsa. É uma vergonha alguém vestir um produto falso. Revista Soluções - Existe espaço no mer- o que salva a nossa economia são as peque- Revista Soluções - Qual foi o caminho per- são elas que empregam a maior parte da Rui Hess de Souza - Nossa experiência de cado brasileiro para o crescimento das micro e pequenas empresas? Rui Hess de Souza - Com certeza. No Brasil, nas e médias empresas. No final das contas, mão de obra desse País. A Itália é um exemplo de perfil de sociedade e economia baseada na pequena empresa. E durante a crise, desenvolvimento é semelhante ao que se observa dentro da indústria brasileira e no mundo, independente se está no setor têxtil ou não. Toda empresa começa com o empreendedor. E no Brasil o modelo de empreendedorismo sempre tem o envolvimento da família no processo de cresci- o país encontrou, nas empresas familiares e mento. Na Dudalina, sempre ouve um envolvimento muito grande da família e a empresa foi crescendo conforme a família foi crescendo também. O mais importante é estar bem estruturada para o crescimento, porque senão vira uma bagunça, e a desorganização acaba atrapalhando muito a capacidade de desenvolvimento de uma empresa. dias empresas? Revista Soluções - Quais sãos os principais desafios que se colocaram diante da Dudalina nas últimas seis décadas? 10 cer e batalhar contra um mercado de infor- dores da forma justa e que merecem. Mas, a longo prazo, trabalhar na legalidade sempre vai trazer mais resultados à empresa, que estará colaborando também para construir uma sociedade mais justa. corrido pela Dudalina desde que começou como um pequeno negócio, em Luís Alves? Rui Hess, empresário zes, foi desleal. Sempre tivemos que cres- Os empresários precisam ter muito amor e coragem para fazer cumprir suas propostas com os clientes e seus colaboradores nas cooperativas, a melhor forma de tentar superar a crise econômica. Sem sombra de dúvida, o desenvolvimento do Brasil passa pelas pequenas e médias empresas. Revista Soluções - Qual a recomendação que o senhor deixa para as pequenas e mé- Rui Hess de Souza - Elas precisam se estruturar e buscar todas as formas possíveis para conquistar isso. As empresas devem encontrar condições de profissionalização para crescer no mercado. Talvez, o Brasil seja um dos países mais bem estruturados nesse sentido, porque disponibiliza a maior quantidade de ferramentas para os pequenos e médios empresários se profissionalizarem e crescerem. O Sebrae é um ícone e cria uma situação extraordinária na formação da base da indús- Rui Hess de Souza - O principal desafio tria brasileira. Se você for comparar com ou- foram as grandes variações do mercado brasileiro, a grande instabilidade econômica, os pacotes econômicos, nesses anos todos. E a nossa concorrência, muitas ve- tros países, você não vai encontrar uma organização tão bem estruturada e com o alcance do Sebrae. Os empresários precisam se utilizar dessas ferramentas. 11 Capa Risco Quando o sucesso vira um ‘problema’ O que aprender com o caso da Cold Stone, em Curitiba, que, por falta de seu principal produto, precisou fechar a loja por duas semanas Por Adriana De Cunto 12 13 perder a oportunidade de experimentar a com matéria-prima selecionada. Ele pode sensação do momento. Cerca de 450 sorve- sinais apontam para um grande sucesso. ser customizado a partir de muitos ingre- tes eram vendidos por dia e, aos domingos, a Os clientes aprovam o produto e o preço e dientes ofertados pela casa, chamados de casa chegava a comercializar 1.900 unidades fazem filas na porta do estabelecimento mix-ins e tudo acaba misturado sobre uma da iguaria. Segundo um dos sócios, Joaquin para comprá-lo. A procura é tanta que, pedra resfriada. É daí que vem o nome Cold Fernandez Presas, as vendas eram 40% su- após avaliar o estoque, você percebe que a Stone (pedra fria). Entre os sabores, os mais periores em comparação ao estabelecimen- mercadoria que adquiriu antes de abrir o tradicionais, como creme e chocolate, até to que mais vendia sorvetes na cidade. negócio - que deveria abastecer a casa por opções exóticas como massa de bolo e sor- um período entre nove e 12 meses - será bet de melancia. Acrescente à mistura uma suficiente para apenas 180 dias. boa porção de simpatia, pois a equipe de Esse cenário é o sonho de todo o empresário e foi realidade para o grupo que iniciou em Curitiba, em agosto de 2012, a operação brasileira da rede americana de sorvetes Cold Stone. Mas o sucesso se transformou em dor de cabeça quando o temido “Custo Brasil” abalou, como um tornado, os dias felizes de ótimas vendas. vendedores é selecionada levando em consideração a capacidade de entreter e transmitir alegria para o cliente. Para se ter uma ideia, na seleção para as vagas de atendentes, os candidatos mostram até mesmo suas qualidades como cantor e dançarino. No final de setembro, os proprietários constataram que a matéria-prima base para fazer o sorvete – importada dos Estados Unidos – não daria até a data prevista. Os cálculos foram feitos com a ajuda da própria matriz, que projetou o consumo a partir da experiência das lojas americanas e das unidades localizadas nos outros países. Um novo pedido de importação da matéria- O que, então, poderia dar errado? A casa foi aberta no dia 21 de agosto do ano passado, com seis meses de atraso por con- A Cold Stone já era conhecida pelos brasilei- ta de obstáculos burocráticos. Os proprie- ros que viajam para os Estados Unidos ou tários da operação brasileira da Cold Stone para os outros 20 países que possuem a ope- pretendiam inaugurá-la no verão. Mas agos- ração. Os representantes nacionais da grife to acabou não fazendo tanta diferença. Nos dizem que é o sorvete mais vendido entre os primeiros dias, as filas de clientes chama- americanos. A força da marca se baseia em vam a atenção de quem passava na Rua Au- três fatores: produto de qualidade, customi- gusto Stellfeld e que, por sua vez, também zação ao gosto do cliente e entretenimento. acabava se juntando aos demais clientes. O sorvete é classificado como Super Pre- Pessoas de outras cidades que visitavam a mium pelo órgão americano Food and Drug capital paranaense também não queriam -prima foi enviado aos americanos em outubro e, no início de dezembro, a encomenda já aguardava em um contêiner refrigerado no Porto de Santos, em São Paulo. Sem motivos justificáveis, a mercadoria só foi liberajaneiro, pleno verão e melhor época para se vender sorvetes no Brasil, a filial curitibana da Cold Stone ficou fechada por 14 dias. Consequências Tomada a decisão de fechar temporariamente a sorveteria, era preciso encarar ou- “Nós não tínhamos ideia da complexidade tro momento delicado: como informar os que é importar produtos para o Brasil. A clientes sobre o problema sem afetar a dificuldade que o Brasil impõe aos seus imagem da casa? A solução encontrada foi empresários é inacreditável”, desabafa um a colocação de uma faixa que cobria quase dos sócios-proprietários da Cold Stone, Le- toda a fachada do imóvel explicando a situa- onardo Ribas Ramos. Veterano do setor ção. Nela, uma frase chamava atenção: alimentício, ele é dono de duas franquias “Ups! Acabou o sorvete :-( Mas não se de- do Franz Café em Curitiba, localizadas no sesperem! A nova remessa, que já foi im- bairro Batel e no ParkShoppingBarigui. Se- portada há algum tempo, em breve será li- gundo Leonardo Ramos, os diretores ame- berada e até 14/01 reabriremos a loja”. ricanos da Cold Stone que acompanharam o na burocracia brasileira. Joaquin Presas ressalta a importância de passar a informação ao cliente da maneira mais transparente, mas hoje repensa a co- Quando os donos da sorveteria percebe- locação da faixa. Segundo ele, vez por ou- ram que iria faltar produto, eles começaram tra a foto da faixa surge nas redes sociais e a pesquisar outras formas de importar a muitos clientes não entendem que se trata matéria-prima e chegaram a comprar uma de uma imagem antiga. remessa para ser entregue por avião, muito mais cara do que outros modelos. A encomenda até chegou a tempo de evitar o temido fechamento da loja, no dia 20 de dezembro. Mas a remessa ficou emperrada no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba) até meados de janeiro, esperando a liberação. “Dá uma frustração porque a gente trabalha tanto, investe tanto dinheiro”, constata Leonardo Ramos, lembrando que as 14 Sorvete da Cold Stone da em fevereiro. O resultado disso é que em drama da loja paranaense não acreditavam Leonardo Ribas Ramos, empresário Foto: Luiz Costa/La Imagen Administration (FDA) porque é elaborado vidade no País e, desde a inauguração, os Foto: Luiz Costa/La Imagen Em qualquer situação, a melhor estratégia é falar a verdade e nisso os empresários precisam ser muito assertivos Imagine você abrindo um negócio que é no- dificuldades que provocaram o fechamento Relacionando-se com pessoas envolvidas em diversos ramos, o empresário vai aprendendo o ‘caminho das pedras’ Para Joaquin Presas, o consumidor sentiu o fechamento da casa. Mas duas semanas após a reabertura, o número de sorvetes vendidos voltava ao nível de antes da suspensão. Segundo Leonardo Ramos, os clientes entenderam as dificuldades e receberam de maneira positiva a reabertura da Cold Stone. “A gente via nas pessoas a felicidade pela sorveteria voltar a abrir”, conta. Na opinião dele, o produto cativou os curitibanos. da sorveteria por duas semanas fugiram da Se a interrupção no atendimento não afe- capacidade de resolução dos sócios. tou a imagem do produto junto ao público, 15 Foto: Luiz Costa/La Imagen plos como esse, o professor aconselha: “Não enrole, não tente inventar justificativas ou desculpas. E partilhe da culpa porque a culpa não é só dos outros. Isso faz parte da aprendizagem”. dificuldades de importação prejudicariam não só a primeira loja, em Curitiba, como para a imagem do negócio são inevitáveis. todo o projeto de expansão em franquias Os comentários nas redes sociais são um – processo que tem os próprios brasileiros exemplo e, às vezes, a fofoca nem partiu da como responsáveis. oportunidade. “A única solução possível é ter um contato forte com o cliente”, afirma Fumagalli. E esse contato honesto vale, segundo ele, para as ocasiões em que é preciso também reajustar o preço do produto. três dias, o mecanismo já estava em solo semanas fechados, em pleno verão, causa- nacional, mas novamente, a encomenda fi- ram prejuízo. Os proprietários lembram cou parada na alfândega mais tempo do que os preços praticados na inauguração que ficaria em qualquer um dos outros 20 tinham uma margem de lucro pequena, pois agosto ainda é inverno. ne. Na tentativa de se prevenir contra ou- A expectativa dos proprietários era reajus- tros infortúnios, eles solicitaram mais duas tar o preço quando o alta temporada de peças de reserva. Foi o que bastou para o verão chegasse. Mas a falta de matéria-pri- pedido ser retido para averiguações. ma, a suspensão no atendimento e a chega- Novamente, no segundo período de sus- da do inverno impediram qualquer ajuste no preço. Sem mencionar a alta do dólar, que passou de US$ 1,90 para US$ 2,15 – boa parte das despesas é paga tomando como base a moeda americana. 16 países que vendem as iguarias da Cold Sto- pensão no atendimento, a empresa informou a verdade para os fregueses que procuravam a sorveteria. Mas mudou a estratégia. Em vez de uma faixa, um funcionário permanecia no local para dar as expli- veram certeza que era preciso mudar o for- giu logo que a loja foi inaugurada, reflexos de experimentar a iguaria e perderam a o mesmo não aconteceu com o caixa. Duas dades, os donos da Cold Stone do Brasil timato de operação, caso contrário as sentindo falta do sorvete ou que gostariam Luis André Werneck Fumagalli, especialista em Administração Após dois períodos de suspensão das ativi- Na avaliação do professor, como a crise sur- concorrência, mas de pessoas que estavam Administrar é saber como lidar com os problemas e, quanto menor a empresa, menor é o poder que ela tem sobre o ambiente Depois da tempestade Um bom relacionamento com a matriz norte-americana, que acompanhou o drama da loja curitibana, foi essencial para que fossem abertas algumas concessões. Joaquin Presas revela que a Cold Stone concordou que uma fábrica brasileira com expertise no segmento alimentício ficasse responsável pela produção da base do sorvete. Fumagalli ressalta que se trata de um gran- Um especialista veio dos Estados Unidos e, de exemplo do Custo Brasil – termo utiliza- entre 40 fornecedores de base láctea sele- do para descrever as dificuldades estrutu- cionados, duas fábricas acabaram passan- rais, que do por um rigoroso processo de avaliação dificultam o desenvolvimento do País e que incluiu a assinatura de um NDA (Non atrapalham o recebimento de investimen- Disclosure Agreement) – acordo de sigilo tos. Mas como é possível se planejar? “Foi entre firmas parceiras. “Provavelmente, uma primeira experiência e são coisas que em setembro, nós teremos o primeiro for- vão se ajustando no decorrer do processo”, necimento brasileiro da matéria-prima constata. Ele brinca que em Administração dentro dos padrões da Cold Stone”, conta de Empresas, a “Lei de Murphy” acontece o Joaquin Presas. burocráticas e econômicas tempo inteiro. Será o primeiro país em que o fornecimen- Para quem nunca ouviu falar, a Lei de Mur- to da base para o sorvete será feito local- phy prega que “se alguma coisa tem a mais mente. “Isso tira o foco do nosso business, remota chance de dar errado, certamente que é vender sorvete”, lembra Joaquin. dará”. Com base nisso, o professor lembra Mas acabou sendo estratégia importante que administrar é saber como lidar com os para ter controle na logística e garantir o problemas. “E quanto menor a empresa, sucesso da operação. menor é o poder que ela tem sobre o ambiente”, frisa. Por isso, a importância do empresário estar ligado ao ambiente e ao cenário que se forma em torno dele para que possa antecipar os problemas. Não enrole, não tente inventar justificativas ou desculpas, e partilhe da culpa porque a culpa não é só dos outros A produção da matéria-prima não é a única mudança. O grupo também abrirá uma representação no Brasil das máquinas italianas Carpigiani, única licenciada para construir as máquinas de fazer o sorvete da Daí a importância, lembra o docente da Cold Stone, além de conquistarem o direito FAE/PUC, para que o empresário reserve de fabricar as chapas de metal geladas para tempo na agenda para viajar, observar os misturar o doce. cenários interno e externo, ler revistas, li- O esforço é necessário para garantir que vros, jornais, conhecer a legislação, infor- não falte mais matéria-prima, principal- mar-se sobre marketing e consumo e, prin- mente agora que o grupo se prepara para cipalmente, construir networking (rede de inaugurar a segunda loja, no sofisticado Aprendendo com as dificuldades cações sobre o motivo do fechamento. Mesmo com todas as dificuldades, os pro- “Em qualquer situação, a melhor estratégia contatos) de qualidade. “Criar networking bairro de Moema, em São Paulo. O próxi- prietários da casa não se deixaram abater é falar a verdade e nisso eles foram muito é o aspecto mais importante. Relacionan- mo passo será a abertura para franquias. pelo desânimo, nem mesmo quando o es- assertivos”, comenta Luis André Werneck do-se com pessoas envolvidas em diversos Cento e oitenta candidatos já demonstra- tabelecimento teve que ser fechado tem- Fumagalli, professor da FAE e da Pontifícia ramos, o empresário vai aprendendo o ‘ca- ram interesse em abrir unidades da Cold porariamente pela segunda vez, no final de Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). minho das pedras’, fica sabendo que ou- Stone no Brasil. A expectativa é que o País maio. Uma peça da máquina de fazer sorve- Doutor em Administração e Estratégia, ele tras pessoas já passaram por problemas conte com no mínimo 34 lojas franqueadas tes estragou e a reposição foi encaminhada acompanhou o caso da loja da Cold Stone semelhantes e podem adaptar a solução nos próximos cinco anos, espalhadas em rapidamente pela matriz americana. Em desde o início dos problemas e, em exem- para o próprio negócio.” vários estados. Saiba mais Quer saber mais? O professor Luis André Fumagalli recomenda as seguintes leituras: HSM Management (www.hsm.com.br/revista/286968); e Economatica (www.economatica.com/PT/quem-somos.html) 17 em Gestão, que é feito em parceria com a geu em junho passado nova Diretoria Exe- Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), cutiva. Vitor Roberto Tioqueta, que ocupa- com o objetivo de aprimorar e dar mais qua- va a Diretoria de Gestão e Produção, é o lidade aos processos do Sebrae/PR. “A me- novo diretor-superintendente do Sebrae/PR, lhoria contínua da gestão é também uma no lugar de Allan Marcelo de Campos Cos- prioridade da nova Diretoria.” ta, que deixa a organização para dedicar-se à iniciativa privada. Tioqueta agradeceu a João Paulo Koslovski e ao Conselho Deliberativo a indicação. “Es- tor de Operações do Sebrae/PR e José tou honrado em saber que posso dar ainda Gava Neto, que até então respondia como mais resultados ao Sebrae/PR, depois de gerente de Programas Estaduais, assume 25 anos de dedicação às micro e pequenas como diretor de Gestão e Produção. empresas paranaenses.” A eleição, seguida de posse, foi na sede do ‘Sonho empreendedor’ presença de representantes das 13 entida- Julio Cezar Agostini, que já ocupa há mais des do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, de seis anos a função de diretor de Opera- um colegiado formado por segmentos do ções, entende que o papel do Sebrae/PR, e setor produtivo, instituições de crédito e po- por consequente de sua Diretoria, é ajudar der público que dita diretrizes a serem se- a tornar realidade o ‘sonho empreende- guidas pela Diretoria Executiva. dor’, das pessoas que desejam ser donas A escolha de Vitor Tioqueta, Julio Agostini e José Gava teve apoio unânime dos conselheiros do Sebrae/PR. João Paulo Koslovski, presidente do Conselho Deliberativo, destacou o nível de profissionalização do Sebrae/PR. Sebrae/PR tem novos diretores executivos mais potencializadoras do desenvolvimento do Paraná e do Brasil, gerando mais riquezas para a sociedade. É necessário ainda oferecer, no seu entendimento, novas soluções para os pequenos que de fato estão preparadas para assumir negócios, que estão cada vez mais expos- e para conduzir ações em favor do empreen- tos à economia internacional. “Precisamos dedorismo e das micro e pequenas empre- contribuir com o desenvolvimento das mi- sas, razão de o Sebrae existir.” cro e pequenas empresas, em setores es- O novo diretor-superintendente do Sebrae/PR, Vitor Tioqueta, diz que o Projeto Sebrae 2022, que prepara a organização para daqui dez anos, quando completa 50 anos, é uma das prioridades da Diretoria Executiva. “Os pequenos negócios empregam mais que as médias e grandes empresas, geram renda e movimentam a economia. Por isso, merecem um tratamento Os pequenos negócios empregam mais que as médias e grandes empresas, geram renda e movimentam a economia tratégicos e nas empresas emergentes, como as startups”, observa do diretor de Operações. Agostini elogiou no discurso de posse a decisão do Conselho Deliberativo em indicar profissionais do Sebrae/PR para compor a nova Diretoria. “Esse voto de confiança só nos engrandece.” Mais responsabilidade especial. O Sebrae, parceiro das micro e Para o novo diretor de Gestão e Produção pequenas empresas e especialista em pe- do Sebrae/PR, José Gava Neto, o empreen- quenos negócios, deve evoluir junto. Preci- dedorismo e as micro e pequenas empre- adequar, refinar sua entrega, já que nos é sa estar sempre atento e aparelhado para sas não são mais os mesmos de dez anos exigida uma entrega maior.” Gava diz estar atender as necessidades de empresários e atrás. “Hoje, os empreendedores estão honrado pelo convite e pela confiança de- potenciais empresários.” mais de olho nas oportunidades, estão positada pelo Conselho do Sebrae/PR e mais preparados, têm necessidades que pelos diretores que o indicaram para a precisam ser atendidas em tempo menor e nova função. “Os novos diretores se com- de forma diferente, e isso, por consequên- plementarão e trabalharemos em forma cia, exige mais de organizações como o Se- de colegiado.” das, concomitantemente, com outras ações e sempre em parceria com as entidades que compõem o Conselho Deliberativo. “Pensaremos em 2022, nas metas mobilizadoras, nos programas do Sebrae Nacional, nos projetos locais, e intensificaremos as ações 18 cro e pequenas empresas sejam cada vez mais uma vez, profissionais da casa, pessoas tas, com foco em 2022, podem ser trabalha- Por Leandro Donatti do próprio negócio, e fazer com que as mi- “O Conselho Deliberativo está prestigiando, Para o diretor-superintendente, as propos- Conselho Deliberativo elege Vitor Tioqueta, Julio Agostini e José Gava Neto como nova Diretoria Executiva; eleição foi em junho passado No seu discurso, logo após tomar posse, Julio Cezar Agostini permanece como dire- Sebrae/PR, em Curitiba, e contou com a Julio Agostini, Vitor Tioqueta e José Gava, novos diretores Sebrae/PR Foto: Antonio More/La Imagen Mudança O Conselho Deliberativo do Sebrae/PR ele- brae. Nossa responsabilidade aumenta à medida que o empreendedorismo se torna cada vez mais uma alternativa para a nova geração”, assinala Gava. O novo diretor destacou, no discurso de posse, o compromisso de ajudar ainda mais o Sebrae/PR. “O nosso compromisso é o de cumprir a visão e a missão do Sebrae/PR em gestão”, assinala. Tioqueta refere-se ao “O acesso à informação também é muito por meio da gestão eficaz de pessoas, pro- trabalho do Programa Sebrae de Excelência mais facilitado. E o Sebrae/PR precisa se cessos e soluções”, observa. 19 Sebrae/PR - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná Instituição criada há mais de 40 anos para dar apoio aos empresários de micro e pequenas empresas, aos empreendedores interessados em abrir o próprio negócio e aos produtores rurais. Foto: Antonio More/La Imagen Raio-x A entidade chega aos 399 municípios do Estado por meio de atendimento itinerante, pontos de atendimento e de parceiros, como associações, sindicatos, cooperativas, órgãos públicos e privados. Allan Costa, homenageado pelo Conselho Deliberativo A missão do Sebrae/PR é promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo. O Sebrae/PR oferece palestras, orientações, capacitações, treinamentos, projetos, programas e soluções empresariais, com foco em desenvolvimento de empreendedores; impulso a empresas avançadas; competitividade setorial; promoção de ambiente favorável para os negócios; tecnologia e inovação; acesso ao crédito; acesso ao mercado; parcerias internacionais; redes de cooperação; e formação de líderes. Despedida Fazem parte do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, que elegeu a nova Diretoria Executiva, a Agência Fomento Paraná; Banco do Brasil; Caixa Econômica Federal; CITPAR; FAEP; FACIAP; Fampepar; FIEP; Fecomércio; Sebrae Nacional; Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul (SEIM); Ocepar; e Universidade Federal do Paraná (UFPR). Allan Marcelo de Campos Costa renunciou à superintendência do Sebrae/PR, para dedicar-se à iniciativa privada e a projetos pessoais, depois de 20 anos de Casa, seis anos à frente da superintendência. Num discurso emocionado, logo após a eleição realizada na Sala do Conselho, em Curitiba, o ex-superintendente se despediu. “Saio com o coração partido, mas feliz do dever cumprido e certo que o Sebrae/PR ficará em boas mãos, com profissionais competentes. Foi um orgulho desempenhar um papel tão relevante nesta instituição.” Allan Costa destacou o trabalho desenvolvido pelos colaboradores do Sebrae/PR. “Quem faz as coisas acontecerem são as pessoas. Nosso time de consultores e credenciados não mediu esforços.” Confira alguns resultados obtidos pelo Sebrae/PR, no primeiro semestre de 2013. 62.614 empresas atendidas 50.890 potenciais empresários atendidos 58.892 horas de consultorias Ao todo, 188.910 orientações técnicas 191.300 informações Organização de 15 missões e caravanas 279 cursos 1.434 palestras, oficinas e seminários Fonte: Boletim SME de janeiro a junho. Números sujeitos a mudanças. No Brasil, são 27 unidades e 800 postos de atendimentos. No Paraná, seis regionais e 11 escritórios, com cerca de 230 funcionários, somados a uma rede de consultores credenciados. Julio Agostini, João Paulo Koslovski, Vitor Tioqueta e José Gava 20 21 afetando ou afetando a equipe de manei- cem o que as empresas esperam deles e ra positiva ou negativa, porque o feedback que sabem qual deve ser seu comporta- pode ser tanto positivo como negativo”, mento nos diferentes momentos do traba- explica a consultora. lho certamente têm mais chances de se desenvolver profissionalmente, além de contribuir para o crescimento da empresa. Para conseguir ter uma equipe sintonizada desse jeito, os empresários podem se valer de inúmeras ferramentas de gestão. Uma delas é o feedback, um sistema que permite que os líderes ou gestores avaliem o Um problema comum, segundo Luciane Botto, são gestores que não orientam devidamente seus colegas de trabalho sobre as tarefas que devem realizar. Assim, eles vão aprendendo a desempenhar as atividades com colegas que, muitas vezes, já fazem errado. Por isso, é muito importante que no comportamento de seus colaboradores, momento de contratar um novo funcioná- orientando-os a melhorar e a mudar o que rio fique bem claro a expectativa que o em- for necessário. presário tem com relação ao papel que ele Feedback, um termo usado na eletrônica, irá desempenhar na empresa. significa realimentação ou retroalimenta- “O empregado tem que ter muito claro o ção. Trata-se de um retorno que as pessoas que se espera dele. Daí sim será possível receberão sobre as tarefas que vêm execu- acompanhar e, depois de algum tempo, dar tando. O feedback ou, para ser mais sim- um feedback sobre o seu desempenho”, diz ples, o retorno no ambiente de trabalho é Luciane Botto. importante em primeiro lugar porque mostra aos colaboradores como o seu chefe, e mesmo seus colegas, enxergam o seu comportamento. Aponta se eles estão ou não fazendo suas tarefas de acordo com o que se espera deles e como isso está afetando a vida dos demais que convivem com eles. A partir daí será possível traçar um plano de mudanças, quando necessário. Para que os colaboradores ajam alinhados com as expectativas, é importante, ainda, que as empresas tenham claros seus objetivos, sua missão, sua visão, de modo que as pessoas conheçam seus valores, identifiquem-se e trabalhem dentro daquele propósito. “Esses valores têm que estar claros, para que as pessoas venham trabalhar ali porque acreditam naqueles valo- Mas o feedback tem, ainda, um outro as- res e internalizem isso. É importante que pecto importante, que é o de abrir um ca- haja uma identificação”, afirma a consul- nal de comunicação, ou melhor, um canal tora do Sebrae/PR. de troca entre as partes que pode resultar, chefias. É o que explica a consultora do Semomento que chamo para o feedback, também abro a comunicação. Pode ser que o empresário também tenha um comportamento inadequado para com o seu colaborador, então essa conversa franca, e com respeito, vai abrir um canal de diálogo e de Nossos relacionamentos funcionam como uma conta bancária, sempre que elogiamos alguém, fazemos depósito, e quando criticamos, uma retirada Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen “Amor-verdade” inclusive, em mudanças positivas para as brae/PR, Fernanda Pesarini. “A partir do Capacitação Feedback Funcionários bem orientados, que conhe- crescimento mútuo inclusive”, diz. Saiba como avaliar, adequadamente, o comportamento de seus colaboradores, orientando-os a melhorar e a mudar o que for necessário Mas o que é feedback? Luciane Botto, mestre em Organizações e Complexidade e professora da disciplina Administração da Empresa Moderna do curso de Administração da FAE Centro Uni- Por Maigue Gueths versitário, ressalta que trata-se de uma ferramenta de comunicação para avaliar comportamento, com objetivo específico de melhorar os comportamentos. Pesarini define o feedback, ainda, como “uma comunicação amor-verdade”. “Mos- Fernanda Pesarini, consultora tra como o seu comportamento está me 22 23 Foto: Luiz Costa/La Imagen Luciane Botto, professora O importante é não confundir emoções e sentimentos pessoais com profissionalismo, o ideal é concentrar-se nos fatos Quando os colaboradores não são orienta- às reações das pessoas para adequar o seu dos corretamente e, por isso, não sabem se comportamento também”, ensina. estão agindo de modo correto e esperado, o risco é que o feedback aconteça sempre apenas para destacar os erros, o que não é bom. “Nesse caso, os gestores não generalizam, não veem que as pessoas fizeram 15 é planejar. O ideal, segundo as especialistas, é que as empresas criem momentos os demais colegas. Já o negativo, em geral, não deve ser feito na frente de outras pessoas, para não causar constrangimento para as pessoas que recebem o retorno e nem para a equipe. Feedback planejado 24 (FGV) e mestre em Economia pela Universi- comportamento. Uma das formas de fazer dade de São Paulo (USP), diz que a dificul- essa avaliação é usando o chamado feedback dade de fazer avaliações negativas vem de sanduíche, que começa falando sobre o positi- duas razões. A primeira é confundir uma vo, depois aborda o fato negativo e, no fim oportunidade de melhoria pontual com volta para o positivo. uma má avaliação completa da outra pes- Quem ensina a técnica é a professora soa. O segundo motivo está relacionado ao Luciane Botto. A conversa deve começar fato de que um feedback exige cérebro e com uma avaliação geral e positiva que se planejamento de quem vai fazê-lo. Isso por- tem do empregado, ressaltando o seu ta- que, para ser eficaz, ele deve ser construti- lento e qualidades. Só após essa etapa, o vo e mostrar um caminho prático para a gestor deve abordar o comportamento melhoria. “Em geral, é mais fácil enxergar que acha que deve ser mudado. Isso vai au- os defeitos do outro do que explicar objeti- mentar as chances de ele entender que a vamente como ele pode fazer para corrigir crítica é somente sobre um determinado o aspecto em questão”, diz ele no artigo. fato inadequado e não sobre o seu desem- Tratar as pessoas com respeito não significa ser conivente com os erros ou abster-se de dar limites 1) Desenvolver os colaboradores de forma individual 2) Mostrar sinais de reconhecimento formais para dar esse retorno a seus funcionários. “Claro que isso pode acontecer durante o dia a dia, mas é importante que a 3) As pessoas têm necessidade de serem reconhecidas, apreciadas, estimuladas empresa invista um tempo para fazer isso”, acrescenta a professora da FAE. Segundo ela, é nesse momento que empresa e funcionário vão trabalhar juntos para buscar uma forma de melhorar o comportamento negativo, traçando um plano de ação para o futuro. Pela proximidade que têm com os seus em- Dar um feedback aos colaboradores é uma pregados, é comum que micro e pequenas tarefa que exige cuidados. “Lidar com ser empresas acabem aplicando o feedback de humano tem os seus desafios. Quando se forma espontânea, sem planejamento, no vai aplicar um feedback, é preciso saber momento em que o fato acontece. “O risco, que uma pessoa nunca vai receber da mes- nesses casos, é que a pessoa não se prepa- ma forma que outra”, diz Luciane Botto. Ou ra e envolve a emoção na hora de falar. seja, primeiro, o empresário terá que des- Com isso, ela faz o inverso do que deve ser cobrir os vários tipos de pessoas que tem um feedback, em vez de relatar o fato que em sua empresa e adequar a comunicação aconteceu, de ver como corrigi-lo, ela en- para cada uma delas. volve o sentimento que a atitude do cola- De acordo com a consultora do Sebrae/PR, borador causou”, diz Pesarini. há gestores que têm o dom da liderança, Como dar um feedback negativo que sabem se comunicar, colocar os fatos, re-se a apenas um ponto específico em seu não fazer uma crítica ou julgamento. . razão”, explica a professora. mento, pode e deve ser compartilhado com empregado que a melhoria sugerida refe- Empresas pela Fundação Getulio Vargas rar o comportamento de seu colaborador e Assim, a regra número 1 para dar feedback malmente para realçar um bom comporta- primeiro lugar, é preciso deixar claro para o to Feder, graduado em Administração de o objetivo do feedback é orientar e melho- ram já foram julgadas, e, muitas vezes, sem ser positivo ou negativo. O positivo, nor- Por isso, ao dar um feedback negativo, em de circulação nacional, o especialista Rena- O importante é o gestor ter em mente que atividades corretamente, mas quando erra- Já deu para perceber que o feedback pode favoráveis. Em artigo publicado em revista mas, em geral, dar um feedback é “um desa- Dar um feedback positivo é muito fácil. Já fio enorme”. “O gestor precisa se desenvol- um feedback negativo exige certa arte, já ver, estudar, praticar e estar muito atento que ninguém gosta de ouvir avaliações des- Por que utilizar o feedback dentro da empresa? 4) As pessoas não se desenvolvem no vazio, precisam e esperam um retorno 5) Reforçar a cooperação e o trabalho em time 6) Fixar os valores da organização no dia a dia 7) Criar uma cultura de aprendizado, estimulando as pessoas a aprenderem com as falhas e extraindo o melhor de cada uma 25 Como dar um feedback efetivo Com pessoas integradas e trabalhando pelo mesmo objetivo, engajadas com a proposta da empresa, os resultados tendem a ser mais positivos penho como um todo. Se o colega, chefe ou outro cuidado importante refere-se à subordinado entender isso, segundo Fe- quantidade de feedbacks negativos dados der, provavelmente a resistência ao feed- a uma mesma pessoa. Para “equilibrar a back estará quebrada. “Ele não se colocará conta”, é preciso que cada feedback negati- na defensiva e tenderá a aceitar seu ponto vo tenha a contrapartida de pelo menos com mais facilidade”, afirma. outros quatro positivos. Só assim o relacio- Nessa fase, é importante apenas descrever o comportamento, sem avaliar ou julgar namento entre as partes vai ficar no “zero a zero” e se manter estável. com sentimento e emoção. Após isso, pas- É preciso cuidar também com a frequência sa-se para o positivo de novo, dessa vez em dar feedbacks. “Não é porque o vou pra- tentando buscar uma alternativa para mu- ticar o feedback, que vou a todo momento dar o comportamento não desejado. Fer- chamar para corrigir. É preciso saber orien- nanda Pesarini ressalta, ainda, que é impor- tar primeiro, pois muitas vezes os profissio- 1) Planeje e prepare. Tenha claros os objetivos que se quer obter. tante pedir a opinião da pessoa que está nais estão errando porque não têm orien- sendo avaliada, para que ela dê seu parecer tação, porque a pequena empresa não tem de como poderá mudar e juntos fazerem tempo de ensinar, treinar, capacitar. Ela 2) Jamais viole o princípio do respeito. Tratar as pessoas com respeito não significa ser conivente com os erros ou abster-se de dar limites. Dizer “não” também é um gesto de amor. um plano de ação para que o comporta- tem que se dar esse tempo para que as coi- mento indesejado não se repita no futuro. sas saiam como foram idealizadas”, diz 3) Equilíbrio. É importante saber dosar a quantidade de feedbacks corretivos e positivos. Nossos relacionamentos funcionam como uma conta bancária. Sempre que elogiamos alguém, fazemos um depósito. Quando criticamos, fazemos uma retirada. Acontece que a conta não é um por um. 4) Para cada crítica, precisamos de quatro elogios para voltar a equilibrar a conta. 5) Mantenha contato visual. As pessoas se sentem valorizadas quando as olhamos nos olhos ao falar. Um detalhe fundamental é saber se a mensagem foi bem compreendida pelo outro lado. Para isso, é interessante perguntar à pessoa se entendeu bem o teor do feedback e pedir para que repita o que foi dito. Fernanda Pesarini. Enquanto o feedback se fundamenta em situações que já aconteceram, o feedforward está focado em melhorias nas ações que estão acontecendo agora Satisfação dos dois lados Seja positivo ou negativo, o feedback é um instrumento valioso, não apenas para melhorar o ambiente de trabalho e o desem- Como receber um feedback negativo é penho da empresa, mas também para o sempre uma experiência mais complicada, bem-estar do funcionário. Primeiro, por- Exemplos práticos e etapas essenciais de feedback 6) Seja descritivo em vez de avaliativo. Sem julgamentos, faça o relato de um fato. 7) Específico em vez de geral. Cite exemplos do comportamento indesejável, sem atacar o caráter do sujeito. 8) Dirigido para comportamentos que podem ser modificados. 9) Oportuno. O mais próximo possível do comportamento em questão, dependendo naturalmente do clima emocional. Não fale se estiver nervoso, mas também não deixe passar muito tempo. 10) Assegure se a sua comunicação foi precisa. Se necessário, faça com que o receptor repita o feedback recebido para ver se corresponde ao que você quis dizer. 26 1) Demonstre o significado do que você quer dizer: “Estou pensando em melhorar nosso trabalho como equipe. Gostaria de falar sobre algo seu que acho que pode ser melhorado, tudo bem?” 2) Descreva o comportamento específico: “Quando você se levantou, deu um soco na mesa e passou a falar alto e com o dedo em riste...” 3) Fale sobre as consequências percebidas: “Eu me assustei e percebi que os outros ficaram o resto da reunião calados sem dar mais nenhuma ideia sobre nossos problemas.” 4) Estabeleça combinados, um plano de ação, combinar como agirão daqui para frente: “O que podemos fazer para evitar esse comportamento nas próximas reuniões?” 27 que o tempo despendido pela chefia, ges- feedforward é que a base das orientações tor ou líder vai fazer com que ele se sinta está focada para o potencial, para as forças reconhecido e valorizado pela empresa. E da outra pessoa. Ou seja, as orientações também porque as pessoas gostam de sa- partem de uma situação que correu bem e ber se estão no caminho certo. que pode ficar melhor ainda. “As pessoas esperam por um feedback para Feedback que faz a diferença se desenvolver, ninguém se desenvolve no vazio. As pessoas até preferem um feedback negativo ao silêncio, à falta de comunicação. Sem o feedback, elas se sentem sem rumo, desvalorizadas, como se as pessoas não se importassem com elas”, explica Fernanda Pesarini. A consultora avalia que, em função da facilidade de informação, as pessoas, hoje, têm vontade participar, e o feedback é uma forma de isso acontecer, pois é um jeito das pessoas se desenvolverem, de abrir a comunicação com a empresa. Para Fernanda Pesarini, a prática do feedback traz muitas vantagens para ambos os Jamais viole o princípio do respeito, tratar as pessoas com respeito não é ser conivente lados. “O feedback melhora o ambiente de trabalho, a comunicação, os resultados. As empresas são feitas por pessoas e, normalmente, elas precisam comprar a ideia, o sonho de quem fundou a empresa, e uma forma é essa comunicação, esse alinhamento de ela saber que o seu trabalho está sendo entregue de acordo com que o empresário espera. Com pessoas integradas e traba- de de Cascavel, a Lyllu Acessórios, implantou um sistema de feedback para melhor avaliar suas 15 funcionárias. “Como todas são mulheres, acabava dando muita intriga, eu sempre percebia tarde demais o que estava acontecendo. Às vezes, era só uma besteira, mas aí já tinha virado uma bola de neve”, conta. Com sua experiência de MBA em gestão empresarial e como programador, ele escolheu um sistema chamado Avaliação 360º, que prevê que as colaboradoras respondam diariamente um questionário no qual fazem uma avaliação do desempenho de suas colegas de trabalho naquele dia. Todo dia, elas respondem um questionário de seis perguntas, sendo três sobre o trabalho e três sobre o clima e o bom-humor da equipe. “Se uma funcionária é mal avaliada por todas as outras é porque ela realmente está tendem a ser mais positivos”, avalia. fazendo algo errado. Já se só uma pessoa ações que ocorreram no passado, outra importante ferramenta de avaliação usada pelas empresas é o feedforward. Feedforward significa dar ideias e orientações para o profissional visando o aperfeiçoamento de determinadas competências. Os grandes pilares das ações de feedforward são o presente e futuro e a positividade. O foco da ação de fornecer feedforward é maximizar potencialidades. 2) Ouça-os com atenção e respeito, mesmo que discorde a princípio. duas lojas de acessórios femininos na cida- com a proposta da empresa, os resultados Além do feedback, que tem como base situ- Como receber um feedback de maneira adequada 3) Se receber um feedback positivo lembre-se de agradecer e dar créditos aos que o tenham ajudado a obter esse resultado. 4) Se receber um feedback negativo não se esquive das responsabilidades, aceite-as. 5) Se receber um feedback injusto verifique se o momento e o estado emocional do interlocutor são favoráveis para a sua contra argumentação. 6) Não confunda emoções e sentimentos pessoais com profissionalismo, concentre-se nos fatos. 7) Entenda toda e qualquer crítica como possibilidade de crescimento e evolução, mesmo que seja nos quesitos de tolerância e paciência. 8) Verifique se compreendeu com clareza o que lhe foi colocado, agradeça e comprometa-se a refletir e rever o que for necessário! deu avaliação negativa de outra é porque provavelmente está tendo algum problema entre elas duas. Nesses casos, eu passo o caso para a gerente que vai fazer uma conversa com elas e tentar resolver o problema”, observa. A avaliação da equipe, segundo ele, também é feita pelos clientes que, após serem atendidos, recebem um teclado onde vão escolher entre Ruim, Bom e Ótimo para dar Saiba mais nota ao atendimento recebido. “Se todas as funcionárias dizem que fulana está de mau humor, se uma cliente avalia como Ruim o atendimento feito por ela é porque Livros Enquanto o feedback se fundamenta em ela está errada. Ela até pode dizer que não “Agora é Pra Valer”, de Marcia Luz. situações que já aconteceram no passado, está de mau humor, mas contra os números o feedforward está focado em melhorias não têm argumentos”, afirma. “O líder-coach: líderes criando líderes”, de Rhandy Di Stéfano, Rio de Janeiro Qualitymark, 2005. nas ações que estão acontecendo agora e que continuarão no futuro. O método parte do princípio de que o que ocorreu no passado não pode ser mudado, tornando-se importante, então, ver o que fazer dali para frente. 28 sário Vinicius Gonsalez, proprietário de lhando pelo mesmo objetivo, engajadas Feedback e feedforward 1) Demonstre e comunique sua confiança e interesse em receber feedbacks. Há mais ou menos um ano e meio, o empre- O resultado com o sistema, para ele, é incontestável. “O ambiente de trabalho melhorou muito. A pessoa até pode negar, dizer que não está errada. Mas aí ela vê o resultado da pesquisa e tem que reconhecer e corrigir. Hoje elas sabem que estão sendo avaliadas Além dessa diferença de foco, outra dife- todo dia e, por isso, se esforçam mais, man- rença fundamental entre o feedback e o têm a qualidade no trabalho.” “Dicas de feedback: a ferramenta essencial da liderança”, de Bernardo Leite Moreira, Qualitymark. “Feedback 360 graus” de Eduardo Peixoto Rocha, Editora Alínea, 2002. Assista ao vídeo do Sebrae Pocket sobre o tema no www.sebraepr.com.br 29 lizam 60 horas de atividades, o Empretec mília. Formado em Administração, desde trabalha as dez principais características de 2009 – quando assumiu a missão de admi- um empreendedor, que são a busca de nistrar a Acrílicos Maringá Ltda., na cidade oportunidade e iniciativa, persistência, que leva o mesmo nome, vem implantando comprometimento, exigência de qualidade medidas que têm dado bons resultados. e eficiência, riscos calculados, estabeleci- Em pouco mais de três anos à frente dos mento de metas, busca de informações, negócios, Pelizaro garantiu um aumento planejamento, persuasão e rede de conta- de 236% no faturamento da empresa e a tos, independência e autoconfiança. manutenção dela no mercado. dos por quem faz o seminário têm mais pode ser considerado um empresário de chances de sobrevivência, pois ganham po- sucesso. De engraxate, profissão que co- der de competitividade e garantem a per- meçou a exercer aos oito anos de idade, manência no mercado. Prova disso são os quando ainda morava em uma área carente números constatados em uma pesquisa de de Londrina, Candido passou a ser vende- impacto realizada nacionalmente em 2012, dor de bíblias e também de consórcio, e quando hoje é proprietário da Consort Consórcio, avançadas participaram do Empretec. profissionalismo lhe garantiram vários prêmios, como de campeão nacional de vendas de consórcios de caminhões e campeão do Prêmio ABAC 2012, da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, na categoria inovação e atendimento. empresas consideradas Em uma amostra de 1.871 empresas, verificou-se que 89% dos empretecos implementaram mudanças em seus produtos e serviços assim que participaram do seminário. Outro dado que demonstra a eficiência dos reconheceram que o Empretec foi fundamental para o aumento do lucro de suas organizações. Em média, de acordo com a do têm algo em comum: ambos são chama- pesquisa, os participantes tiveram um cres- dos empretecos, pessoas que participaram cimento no seu lucro líquido anual de 7,4% do Empretec, seminário que é ministrado e o aumento médio de faturamento men- no Brasil pelo Sebrae, em parceria com a sal chegou a R$ 24,6 mil. atividade no País. O Empretec trabalha características do comportamento empreendedor e faz com que participantes passem de sonhadores para realizadores de sonhos da capacitação é que 91% dos entrevista- rem em cidades distantes, Pelizaro e Candi- que este ano está completando 20 anos de empreendedor 7.255 Apesar da diferença de idade e de mora- Organização das Nações Unidas (ONU), e Comportamento Estudos comprovam que os negócios toca- Antonio Carlos Candido, 44 anos, também criada em 2007, em Curitiba. A simpatia e o Capacitação Durante seis dias de capacitação, que tota- José Pelizaro comanda as empresas da fa- Os bons resultados alcançados tornaram o Empretec um dos programas mais conheci- Pelizaro e Candido fazem parte de um grupo de mais de 185 mil pessoas que encontraram no Empretec, ao longo das últimas duas décadas, formas de aperfeiçoar suas habilidades empreendedoras para criar e conduzir negócios. No Paraná, o Empretec passou a ser oferecido mais tarde, em 1996, e nesse período formou 7.401 empretecos. Foto: Cristiane Shinde/Studio Alfa Empretec Com apenas 26 anos de idade, Fernando Responsável pela coordenação estadual do Empretec no Paraná, a consultora Paula Tissot França, do Sebrae/PR, diz que o seminário, que hoje faz parte do Sebrae Mais – Programa Sebrae para Empresas Avançadas, é uma grande oportunidade Em 20 anos, programa da ONU em parceria com Sebrae trabalha características empreendedoras e ajuda 185 mil empresários a realizar sonhos de potencializar comportamentos empreendedores, tanto para as empresas, quanto para a vida dos participantes. “Isso porque o Empretec trabalha características do comportamento empreendedor e é capaz de fazer com que os participantes passem de sonhadores para realizadores Por Adriana Bonn 30 de sonhos”, explica. Fernando José Pelizaro, empresário 31 importante, manter ou não em funciona- com que a procura pelo seminário seja cada mento a empresa da família, a Acrílicos Ma- vez maior. Paula França conta que em 1996, ringá Ltda., que passava por dificuldades fi- quando a capacitação foi implantada no Pa- nanceiras. Na época, a empresa era raná, foram realizadas apenas três turmas. administrada pelo pai, Mário Célio Pelizaro, Hoje a demanda chega a 30 turmas por ano que estava desanimado com os resultados e a meta é aumentar ainda mais este núme- dos negócios. ro a partir de 2014. No mesmo ano, o empresário também alcançou uma das metas pessoais traçadas durante os dias em que fez o Empretec: recuperar o apartamento da família vendido em 2008 para injetar dinheiro na empresa. Outra conquista foi a compra de uma área de 3 mil metros quadrados para construção da nova sede. Desde que participou do Empretec, Fernando contabilizou um aumento do faturamento da empresa de 236%. Nos últimos meses, o empresário está trabalhando em um novo projeto para produção de luminárias, que será lançado no mercado no segundo semestre. Com isso, ele espera triplicar o faturamento em 2015. “O Empretec foi fundamental porque mostrou meu po- Para a consultora do Sebrae, o diferencial para colher informações e saiu de lá forta- do Empretec está no fato de ser uma capaci- lecido. “O Empretec me fez ver que toda tação totalmente comportamental. “O Em- crise é passageira e que, com confiança e pretec não trabalha gestão. Por meio de di- determinação, é possível passar por todas nâmicas e experiências, ele possibilita a as dificuldades. A metodologia usada no avaliação do perfil empreendedor do parti- seminário faz com que a pessoa perceba cipante, que passa a conhecer as suas capa- seu potencial. É como se ele ensinasse a cidades e as que precisa fortalecer”, explica. gente a vender o lenço e não a chorar.” Pode-se dizer que o Empretec permite que Com o apoio do pai, Fernando, que na épo- os participantes tenham uma visão mais ca ainda cursava a faculdade de Administra- clara de suas atividades e gera mudanças ção, implantou um processo de reestrutura- de comportamento, sobretudo autocon- ção da empresa. Uma das estratégias foi fiança. “Quem faz o Empretec amplia vi- diversificar a atuação no mercado e, para vendedor de bíblias e de produtos do Para- sões já estabelecidas, muda conceitos e isso, abriu mais duas empresas, desta vez guai, no interior do Paraná, e depois de con- amplia horizontes”, resume Paula França. para produção e comercialização de uma li- sórcios, já na Capital, onde chegou em 1997. “Divisor de águas” Os empresários Pelizaro e Candido participaram do Empretec em 2009, um em Maringá e o outro em Curitiba. Entusiasmados com o que vivenciaram, ambos têm a mesma opinião sobre o seminário: “foi o divisor de águas em suas vidas”. nha de móveis de decoração em acrílico. As vendas alavancaram mês a mês e muitos que pode perceber as mudanças positivas oito meses depois de fazer o Empretec. O empresário considera que 2012 foi o melhor ano para a Acrílicos Maringá, desde 1999, quando a empresa foi fundada. “O Fernando Pelizaro conta que decidiu parti- principal contrato foi com o Banco do Bra- cipar do Empretec para tomar uma decisão sil, para fornecimento de material de mer- tencial e ajudou na recuperação e reconhecimento da nossa empresa no mercado.” Campeão de vendas Antonio Carlos Candido também acredita que o Empretec foi responsável pelo suces- As dez características empreendedoras trabalhadas durante o Empretec 1 Busca de oportunidade e iniciativa so de sua empresa, a Consort Consórcios, fundada em Curitiba, em 2007. A empresa surgiu da sugestão de um amigo e de um irmão que achavam que Candido deveria aproveitar melhor sua carteira de clientes, conquistada ao longo dos anos, quando foi Paula França, consultora Candido conta que fez o Empretec porque queria melhorar a administração de sua empresa, que estava no início das atividades. contratos foram fechados. Fernando conta Foto: Luiz Costa/La Imagen Programa permite que os participantes tenham uma visão mais clara de suas atividades e gera mudanças de comportamento, sobretudo autoconfiança O empresário conta que fez o Empretec chandising o que aumentará o faturamento em 200% mensalmente em um período de 24 meses.” Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen dos e bem avaliados do Sebrae. Isso faz 2 Persistência Empretec. Como eu só tinha a 6ª série, achei que não teria bons resultados. Mas a 3 Comprometimento 4 Exigência de qualidade e eficiência 5 “Fui no Sebrae e me recomendaram fazer o verdade é que o seminário mudou minha vida, foi o divisor de águas, e eu o recomendo para todas as pessoas”, destaca. O entusiasmo mantido durante os dias em que fez o Empretec garantiu a Candido a conquista do prêmio nacional Empretec 2009, concedido pelo Sebrae Nacional aos melhores Riscos calculados participantes do seminário. Entre os ensinamentos que recebeu no Empretec, Candido Participantes tiveram crescimento no seu lucro líquido anual de 7,4% e o aumento médio de faturamento mensal chegou a R$ 24,6 mil destaca que aprendeu a administrar a empresa 6 Estabelecimento de metas com os pés no chão e a correr riscos calculados. Desde que participou do Empretec, Candido vem implantando políticas de atendi- 7 Busca de informações 8 Planejamento mento e fidelização que têm garantido cada vez mais o sucesso nos negócios. “Eu e minha equipe trabalhamos diariamente para oferecer o melhor atendimento a todos os clientes”, diz. A participação no seminário também moti- 9 Persuasão e rede de contatos vou o empresário a começar a escrever um sarial ao contar a história do personagem bíblico Neeminas. Candido, que também 10 Antonio Carlos Candido, empresário 32 Independência e autoconfiança Saiba mais livro que trata do comportamento empre- realiza palestras para contar sobre o sucesso de suas realizações, diz que o Empretec Quer saber mais sobre o Empretec? Procure o Sebrae mais próximo ou ligue para o 0800 570 0800. lhe ensinou a fazer de cada experiência malsucedida um degrau para o sucesso. 33 civil, a Tecnisa usou o crowdsourcing para conselho: está na hora de conhecer o convidar crowdsourcing. Trata-se de um “modelo de ideias de serviços e produtos. De 152 parti- produção que utiliza a inteligência e os co- cipantes, 15 conseguiram fechar negócios nhecimentos coletivos e voluntários, geral- com a construtora. mente espalhados pela internet, para resolver problemas, criar conteúdo e soluções ou desenvolver novas tecnologias, assim Tomás de Lara, cofundador da Engage, empresa de estratégia e tecnologia para proje- ção”. A enciclopédia livre Wikipedia, de que há um grande número de plataformas onde essa definição foi retirada, é um de crowdsourcing, desde aquelas que têm exemplo de crowdsourcing. como objetivos a cocriação de projetos so- brainstorm (‘tempestade’ mental, em portu- ciais, até aquelas que buscam designers para criação de logomarcas ou estampas de camisetas. guês), reunião que tem o objetivo de conse- “Cada uma delas tem sua comunidade, seu guir as melhores ideias e soluções de um específico funcionamento, suas regras e grupo de pessoas. boas práticas, enfim, cada plataforma, um Marina Miranda, sócio-diretora da Mutopo, empresa especializada em trabalhar crowdsourcing no Brasil, explica que se trata de um “modelo de negócio, onde o em- universo diferente. Não existe fórmula pronta, o que é importante é a noção de que existe um ‘ecossistema’, uma comunidade, e que quanto mais capital (intelectu- presário conta com a participação de diver- al, financeiro, social) fluir, e for comparti- sos stakeholders (partes interessadas, em lhado de forma justa e adequada nessa português) ajudando a solucionar um pro- comunidade de crowdsourcing, mais saudá- blema ou criando novos produtos. Essa so- vel será esse ‘ecossistema’ e, consequente- lução, antes, vinha de uma determinada mente, mais sustentável será a iniciativa/ área de dentro da empresa. Por exemplo, a plataforma”, explica Lara. área do marketing resolvia os problemas do marketing, a área de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) solucionava P&D.” Mas que faz diferença apresentarem tos de cidadania e inovação social, explica ser considerado uma ampliação da famosa ‘Multidão’ a como também para gerar fluxo de informa- Em alguns aspectos, o crowdsourcing pode Fiat Mio, fruto de crowdsourcing profissionais agora as discussões ganharam novos agentes no processo porque foram ‘ampliadas’ na internet. Tendência mosas batatinhas. No ramo da construção Para quem não entendeu a provocação, um Recentemente, ele esteve em Singapura, onde participou do Crowdssourcingweek e ministrou palestra sobre cultura open source (código aberto), negócios em rede e projetos Pequenas empresas podem usar o crowdsourcing para selecionar ideias, revelar novos talentos, desenvolver produtos, entre outras possibilidades brasileiros de inovação social que têm como base a troca de ideias e a colaboração online. Marina Miranda lembra que são muitas as possibilidades oferecidas pela ferramenta. Foto: Divulgação Foto: Divulgação Crowdsourcing Faltou ideia? Então, chama a ‘multidão’! Além de encontrar soluções para problemas, as empresas e Organizações Não-Governamentais (ONG) podem usar o crowdsourcing para selecionar ideias, revelar novos talentos, desenvolver produtos, entre outras possibilidades. A partir dessa modalidade, quando uma empresa tem um problema, os seus administradores buscam a solução também fora da firma e não apenas internamente. Há exemplos que ficaram conhecidos mundialmente, como o caso da Fiat, que usou a internet para per- Cresce adesão a modelo de produção que utiliza inteligência e conhecimentos coletivos e voluntários, geralmente espalhados pela internet guntar às pessoas como deveria ser o carro do futuro. Centenas de internautas de vários países opinaram e as melhores sugestões foram usadas na concepção do veículo, o Fiat Mio. Ou a Ruffles, que também usou a ferramenta para perguntar na rede de computadores Por Adriana De Cunto 34 como deveria ser o sabor agregado às fa- Marina Miranda, especialista 35 Foto: Divulgação O crowdsourcing, no Brasil, ainda está começando, se comparado ao mercado dos Estados Unidos, onde essa indústria já movimenta bilhões de dólares Tomás de Lara, especialista O Santander também recorreu à platafor- sourcing pelo menos uma vez por mês. As ma Itsnoon para uma ação realizada de 23 duas mais recentes foram chamadas criati- de maio a 27 de junho em que o banco per- vas para o Dia do Rock e o CrowdArt. Na guntava aos internautas: “Qual a Cara da primeira promoção, os artistas eram convi- Sua Cidade?” Uma semana antes do final do dados a fazer uma gravura mostrando prazo, 300 respostas já haviam sido envia- cena de um show fictício de sua banda fa- das em formato de texto, imagem ou áudio. vorita, enquanto a segunda selecionava Os 50 selecionados receberão R$ 200 e trabalhos para uma exposição simultânea R$ 5 mil serão distribuídos em forma de em nove galerias da empresa. Para Diniz, o apoio criativo. “Identificamos na Itsnoon crowdsourcing é uma alternativa muito in- mais uma oportunidade de considerarmos a teressante, mas ele alerta: “Não é a solu- voz das pessoas como inputs de informação ção para tudo. Depende do projeto, da ne- para as nossas atividades e ações de comu- cessidade do empresário, pois é difícil nicação futuras”, explica Paula Nader, dire- gerenciar uma multidão”. tora de Marca e Marketing do Santander. No caso da Urban Arts, que começou com Para ela, o resultado do projeto é positivo uma galeria na Rua Oscar Freire, nos Jar- por conta da grande participação e das dins, em São Paulo, e abriu mais 11 fran- ideias, com conteúdo bastante rico. Segun- quias em cinco estados, a open inovation do a diretora, o crowdsourcing é mais uma (inovação aberta) representa a reunião de oportunidade do Santander se manter pre- ideias e conteúdos bastante ricos. Um sente nas redes sociais. “Acreditamos que exemplo é o CrodArt, que havia reunido 300 soluções que consideram as pessoas em pri- participações antes mesmo do prazo de ins- meiro plano são sempre bem-vindas. É isso crição para o concurso chegar ao fim. que fará com que as empresas, sejam elas de Empresários precisam ter consciência de que, hoje em dia, é preciso pensar o futuro de maneira plural e participativa Capacidade X currículo O termo crowdsourcing foi usado pela pri- do ao mercado dos Estados Unidos, onde meira vez pelo professor e escritor Jeff essa indústria já movimenta bilhões de dó- Howe em um artigo para a revista america- lares anualmente. Mas vemos diversos no- na Wired. É dele o livro “Crowdsourcing - vos projetos surgindo a cada semana, inclu- Como o Poder da Multidão Impulsiona o sive temos uma conferência anual sobre Futuro dos Negócios”, que aborda justa- crowdsourcing que se encontra em sua ter- mente o processo de como gerar e captar o ceira edição”, comenta Tomás de Lara. A talento criativo da ‘multidão’ na realização Conferência Crowdsourcing Colaboração e de tarefas que antes ficavam a cargo de um Cocriação aconteceu dias 23 e 24 de julho, grupo restrito de especialistas. em São Paulo. Com a tecnologia aproximando pessoas de Na opinião dele, a ferramenta é uma boa todas as partes do mundo, a capacidade alternativa para os empresários de peque- para resolver com sucesso determinadas nas e médias empresas, como para as gran- tarefas está se tornando tanto ou até mais des corporações. “Pequenas empresas, que importante que um currículo invejável. Ma- muitas vezes não têm dinheiro para contra- rina Miranda exemplifica lembrando que se tar uma grande agência de comunicação ou www.wedologos.com.br um empresário precisa de uma nova fórmu- branding (gestão de marcas), podem lançar (Crowdsourcing de logos) la de sabão em pó, ele não vai conversar na uma chamada de criação de uma logomarca rede com um grande público, mas com pes- ou de uma campanha publicitária em plata- soas que têm capacidade para resolver esse formas de crowdsourcig. Essas pequenas problema. Mas isso não implica uma chama- empresas irão dizer o quanto estão dispos- da apenas para cientistas, pois há leigos tas a pagar pela criação dessa logo ou cam- que estudam o assunto e poderão apresen- panha e a comunidade das plataformas de tar ideias. Para a sócio-diretora da Mutopo, crowdsourcing decidirá se está disposta a o processo de crowdsourcing deve começar dedicar seu tempo a criar essa logo ou cam- com o empresário se questionando qual é a panha e concorrer ao valor que será pago ao demanda que realmente vale a pena mobili- trabalho que for selecionado pela pequena zar as pessoas para o ajudarem. “Definir o problema é sempre o mais difícil”, frisa. A ferramenta ainda não está amplamente 36 da plataforma Itsnoon, faz ações de crowd- empresa que lançou o desafio”, exemplifica. Ideias e conteúdo difundida por aqui. “O crowdsourcing, no O empresário André Diniz, proprietário da Brasil, ainda está começando, se compara- galeria de arte Urban Arts e um dos sócios Exemplos de plataformas brasileiras de crowdsourcing www.portoalegre.cc (Crowdsourcing de problemas e ideias geolocalizadas para a cidade de Porto Alegre) www.itsnoon.net (Crowdsourcing de chamadas criativas, artísticas e campanhas publicitárias) www.camiseteria.com (Crowdsourcing de estampas de camisetas) www.festivaldeideias.org.br (Crowdsourcing e cocriação de projetos sociais) www.catarse.me (Site de Financiamento Coletivo "Crowdfunding") www.mineo.co (Plataforma de Crowdsourcing colaborativo para o desenvolvimento de produtos sustentáveis) www.materiabrasil.com (Materioteca de materiais de baixo impacto ambiental e responsáveis socialmente. Site ainda em construção) 37 pequeno ou grande porte, tenham relevância para o consumidor”, diz Paula Nader. Um carro inovador Um dos projetos mais conhecidos de crowdsourcing no Brasil é o do Fiat Mio, cujo site, abrindo para a proposta, foi lançado em agosto de 2009. O gerente de Planejamento Estratégico e Inovação da Fiat, Paulo Matos, conta que, após lançar dois carros-conceito no Brasil, o Fiat Concept Car I (FCC I) e o FCC II , a montadora sentiu-se preparada para uma inovação que desafiaria os padrões mundiais de desenvolvimento automotivo, o Projeto Fiat Mio. Matos justifica o uso do crowdsourcing dizendo que “é preciso pensar o futuro de maneira plural e participativa. Para o desenvolvimento do Fiat Mio, as portas da empresa foram abertas de forma totalmente integrada Modelo não é solução para tudo, e depende do projeto, da necessidade do empresário, pois é difícil gerenciar uma ‘multidão’ às expectativas de clientes e consumidores. Foi o primeiro carro concebido em Creative Commons (CC), que permite que qualquer pessoa, marca ou empresa venha a utilizar as ideias coletivas”. Segundo o gerente, o processo de desenvolvimento do Mio recebeu mais de 2 milhões de visitas no site do projeto e mais de 17 mil ideias sobre propulsão, materiais, segurança, ergonomia, design, dentre outras soluções tecnológicas e de mobilidade urbana. Internautas de cerca de 160 países enviaram sugestões. Casa Mio, que serviu por um ano como hub de desenvolvimento. Outro local de referência foi o Centro de Desenvolvimento Giovanni Agnelli, também em Betim. Nele, trabalham cerca de mil pessoas, entre engenheiros e técnicos, com alta capacitação e recursos de última geração para o desenvolvimento integral de um novo veículo, desde o conceito de design até fabricação dos protótipos e realização de testes técnicos. O gerente lembra que ideias apresentadas para o Mio estão sendo aproveitadas em modelos de automóveis já lançados pela montadora. “O projeto mostrou, na prática, o quanto é importante desenvolver canais eficientes de comunicação com os consumidores, capazes de escutar e dialogar com cada um deles. Muitas ideias do projeto estão sendo estudadas e aproveitadas, como, por exemplo, o sistema Fiat Social Drive, lançado em junho de 2012 com o Novo Punto. Ele surgiu de uma discussão sobre conectividade no Fiat Mio. O serviço permite ao motorista se conectar com suas redes sociais por áudio, enquanto dirige, sem tirar as mãos do volante, garantindo a segurança”, observa. Ele lembra ainda que o projeto desencadeou também uma mudança cultural da empresa na direção de maior capacidade de inovação. “Segundo 77% dos participantes da plataforma, a percepção sobre a marca Fiat melhorou significativamente após o projeto Mio”, diz Matos. As ideias foram inspiradas na seguinte pergunta-chave: “No futuro que queremos ter, o que um carro deve ter para que eu possa chamar de meu, sem deixar de servir ao próximo?”. “Desde o início, estávamos orientados a captar a visão de futuro dos consumidores, mas sem ficar presos às tecnologias disponíveis ou à viabilização industrial. Um conjunto de tecnologias se sobressaiu, dentre elas, teto com células fotovoltaicas, touch screen, motor elétrico nas rodas, drive-by-wire, vidros com transparência variável, Saiba mais computador in-dash, som direcional e recarregamento wireless (sinal de internet). Do ponto de vista de configuração do carro, as ideias apontaram para um veículo urbano, de emissão zero, com convergência de tecnologias e conectividade. Na opinião dos participantes, ainda, o Fiat Mio representou uma oportunidade única de participar da ‘construção’ de um automóvel”, explica. Matos conta que na planta da Fiat Automó- 1. Conferência Internacional de Crowdsourcing, Colaboração e Cocriação. (www.conferenciacrowdsourcing.com.br); 2. Crowdsourcing.org. (www.crowdsourcing.org). Dica de leitura: “Crowdsourcing - Como o Poder da Multidão Impulsiona o Futuro dos Negócios”, de Jeff Howe. Editora Actual. veis, em Betim, Minas Gerais, foi criada a 38 39 Para a consultora do Sebrae/PR, Marielle leiro passou a mostrar um interesse cres- Rieping, mudou também o modo como os cente na utilização do design de produtos e empresários veem o design. Antigamente, o serviços como forma de solucionar proble- design era secundário no processo de cria- mas e desafios empresariais. O nome dessa ção e produção. “Uma empresa que ia criar nova tendência, já bastante disseminada um refrigerante, por exemplo, pensava na em outros países, é business design, uma de- composição química, no público-alvo e, por finição que podemos traduzir, de modo sim- último, só depois da concepção do produto, plificado, para o uso do design com foco em é que pensava no design da embalagem, na estratégia. marca.” Essa nova orientação dos empresários, para A proposta de business design, então, veio o designer Marcelo Gallina, mestre em Enge- incorporar um novo conceito, o de que o de- nharia de Produção e coordenador do curso sign deve ser implementado como parte da de pós-graduação de Branding - Gestão de estratégia da empresa. “Pegando o refrige- Marcas, da Universidade Positivo, não sur- rante ainda como exemplo, pensando com preende. É resultado de uma procura cons- foco em business design e estratégia orien- tante das empresas em se diferenciar de tada ao cliente, vou analisar também como seus concorrentes. esse refrigerante vai se posicionar no mer- “No mercado atual, tanto para as pequenas como para as grandes empresas, a matéria-prima e a tecnologia são sempre as mesmas, o negócio é mais ou menos a mesma coisa, está quase virando uma comoditização. Hoje não dá mais para dizer que atendimento e qualidade, apenas, são diferen- para negócios cado, se terá embalagens diferenciadas, se terá uma linha de sabores diferenciadas para atender ao mesmo tempo um público adolescente e outro mais velho também, e a linguagem da comunicação que deverá estar alinhada ao design estratégico proposto”, explica. ciais, isso já virou obrigatório. Então De acordo com o professor Gallina, as em- aparecem outras ferramentas que vão fa- presas trabalham normalmente gestão em zer a diferença e o design é uma ferramenta três níveis, o estratégico, o tático e o opera- forte de diferenciação nesse momento. As cional. “Estratégico são aqueles que tomam empresas vão atrás de uma boa solução vi- as decisões. Tático é como são essas deci- sual, ou seja, de uma boa marca, uma boa sões e o operacional é quem faz. Antigamen- comunicação, boa sugestão do layout inter- te, o design era visto como operacional, já no da empresa, bom desenvolvimento de hoje em dia acredita-se que a chance de su- seus uniformes, de embalagens ou mesmo cesso para a empresa que coloca o design no de um produto”, diz o professor. nível estratégico é muito maior. Isso porque Vivemos na era da economia criativa e não podemos pensar e agir no formato criado para a revolução industrial Foto: Luiz Costa/La Imagen Design estratégico Tendência Business design De uns tempos para cá, o empresário brasi- Procura constante das empresas, para enfrentar concorrentes num mercado acirrado, faz nascer uma nova e moderna ferramenta de diferenciação Por Maigue Gueths 40 Marcelo Gallina, designer 41 Foto: Luiz Costa/La Imagen casa dele. São detalhes que mostram como o “Para saber o que colocar neste kit foi fácil, design vai ser usado com foco no mercado, e pois eu podia ver. Sempre que termina o sa- sob orientação do cliente”, afirma. quinho de pipoca podemos apresentar cas- Ou, ainda, de um arquiteto que procurou auxílio do Sebrae/PR e está criando uma empresa que constrói casas de cachorro com foco na arquitetura. “Não é mais aquela casinha de madeira simples para deixar o cachorro no quintal. Ele percebeu uma mudança no comportamento do consumidor e no mercado: que o cachorro, hoje, faz parte da família. Então por que não ter um quarto especial para ele em formato de casinha dentro de casa?”, questiona Marielle Rieping. Pensando no design A orientação do cliente é ponto-chave nes- bem: pipoca se come com as mãos, assim os dedos ficam cobertos de sal, gordura ou outras coisas. Vai ser necessário limpar as mãos. Somente essas duas informações sobre o meu cliente foram suficientes para eu criar meu kit. Nele eu coloquei um palito de dente embalado individualmente e um guardanapo para limpar as mãos quando terminar a pipoca”, conta. Ou seja, atendendo as necessidades de seus clientes, Valdir conseguiu inovar por meio de um processo de design, simples claro e objetivo. Para a consultora Marielle Rieping, as gran- ness design há também o conceito de design des empresas já incorporam o conceito de thinking, que vai trabalhar junto com usuá- business design, seja dentro de Departa- ela cria um produto muito mais focado nas rios, clientes e funcionários para definir de- mentos de Produtos & Desenvolvimento, necessidades de seu consumidor”, diz. terminado produto ou serviço. Ou seja, tra- de Tecnologia ou de Inovação. Mas por ser ta-se necessariamente de um sistema de um assunto relativamente novo, o business cocriação. design ainda não foi totalmente incorpora- fala-se muito que as empresas precisam achar sua vantagem competitiva, e quanto Segundo a consultora, é importante para as mais concorrido for o mercado mais difícil é empresas que querem descobrir como ino- encontrar essa vantagem. O design, nesse var por meio do design e, para isso, é preciso caso, pode ser a diferenciação que vai ga- ouvir e entender os clientes, os usuários. rantir essa vantagem dentro de um merca- “Por exemplo, se há 15 anos perguntassem do acirrado. para um consumidor se ele queria um iPad, A analista cultural e pesquisadora de tendências Paula Abbas, da Anima Trends, empresa especializada em pesquisa de tendências, estratégias para inovação, pesquisa de comportamento de consumo e design thinking, também acredita que o design pode ser o diferencial para a empresa se tornar exemplos da pizzaria, da casinha de cachorro, e são simples de fazer”, diz ela, ressal- Micro e pequenas empresas, de acordo com ela, devem se atentar ao fato de que podem incluir o design como estratégia de inovação também, não só para criar novos pro- guiria imaginar um tipo de computador sem teclado. Hoje em dia é tendência. Por isso, a empresa deve não somente ouvir seus consumidores, mas entender o estilo de vida de seus consumidores, tendências envolvidas no processo e setor de atuação, além de estar sempre antenada, para ter nos seus pro- “Já não cabe resolver os problemas atuais ração, uma fonte de direção para tomada de mia criativa e não podemos pensar e agir no ser incorporado, como aconteceu nos ele diria que não, porque talvez não conse- competitiva. da forma antiga. Vivemos na era da econo- do às práticas das pequenas. “Mas ele pode É comum também os empresários de micro e pequenas empresas deixarem de inovar porque acreditam que não terão recursos suficientes ou, ainda, não sabem sequer por onde começar. “Muitas vezes, o business design é uma ideia, um insight que vem da percepção do consumidor dele, quando ele vê que o cliente tem determinado problema e ele pode resolver com seu produto. Ou seja, ele consegue transformar em estratégia e, consequentemente, seu diferencial, com foco em design”, diz a consultora. O consumidor é puramente visual, emocional, então quanto mais as empresas focarem no design será melhor para seus resultados Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen Gallina lembra, ainda, que, em marketing, 42 causa muito desconforto. Além disso, pense se novo conceito. Tanto que dentro do busi- Valdir Novaki, pipoqueiro O business design é uma ideia, um insight que vem da percepção do consumidor, quando se percebe que o cliente tem determinado problema cas de milho presas entre as gengivas, o que tando que, em geral, quando se fala em design o que vem à cabeça dos empresários é o desenho gráfico da empresa, como o logotipo, a marca, cartão de visitas. “O design é muito mais amplo. Quando falamos em logotipo, é uma esfera dentro das inúmeras possibilidades do design. Nesse caso, quando falamos de logotipo, falamos da criação da identidade e de design gráfico, mas até a criação de um logotipo envolve um processo estratégico, que chamamos de branding”, completa Marielle. blemas, necessidades e desafios uma inspidireção”, afirma. formato criado para a revolução industrial”, Um exemplo dessa nova orientação dos em- diz ela, que acredita, ainda, que esse pode presários é Valdir Novaki, conhecido como ser um bom caminho para os pequenos, Valdir, o Pipoqueiro, que todo dia está com pois nem sempre apostar em design sai seu carrinho de pipocas na Praça Tiradentes, caro. “Às vezes, pode inclusive ser uma for- no centro de Curitiba, e que já foi inclusive ma de baratear e otimizar os custos da em- personagem de matéria sobre empreende- presa”, ressalta. dorismo publicada na Revista Soluções. A consultora do Sebrae/PR cita inúmeros Valdir é um exemplo de como pode ser sim- exemplos de business design. É o caso, por ples e eficaz ao incorporar os conceitos de exemplo, de uma pizzaria que, para se dife- design em seu negócio. Atento ao comporta- renciar, cria formatos diferentes de pizzas. mento de seus clientes, ele percebeu as in- “Por que não criar uma pizza em forma de formações necessárias para a melhoria do coração no Dia dos Namorados? É uma estra- serviço oferecido, e passou a distribuir gra- tégia diferenciada que vai surpreender o tuitamente um kit para quem adquire um cliente quando o produto for entregue na pacote de pipoca no seu carrinho. Gabriela e Ana Abdulmassih, empresárias 43 Foto: Vinicius Rieping/Fun Photos abrir a empresa justamente para explorar esse lado criativo. O forte da marca são as peças sociais, prêt-à-porter, lançadas duas vezes por ano em coleções de temporadas primavera/verão e outono/inverno. Além disso, a marca também se diferencia por fazer peças exclusivas para cada cliente, por encomenda, trabalhando com alfaiataria. Graças a essa maleabilidade, Ana conta que a Ab Couture tem um público, hoje, que vai desde moças com 17 anos a mulheres de 60, pois tanto pode lançar peças mais fashionistas, com cores, recortes mais ousados, como peças mais sociais, executivas, que atingem um público mais conservador. A proposta de business design incorpora um novo conceito, o de que o design pode ser implementado como parte da estratégia da empresa Marielle Rieping, consultora dutos, mas novos serviços ou implantar novos processos. Saiba mais Para inovar, diz ela, a empresa não pode ter medo de aceitar mudanças ou novas ideias. É por isso que, muitas vezes, é importante chamar um profissional da área, um designer, que tem a cabeça aberta a receber novas ideias e não terá restrições a experimentar, testar, criar protótipos. Tudo isso sem esquecer de ouvir seus clientes. “O consumidor é puramente visual e emocional, então quanto mais as empresas focarem em design será melhor para seus resultados. E quanto mais o empresário entender o consumidor dele, e trazer isso para seu negócio, mais trabalhará com business design”, ensina. Roupas com foco Desde a faculdade, a estilista Gabriela Abdulmassih se destacava das demais colegas pela criação de roupas cheias de estilo próprio, marcadas por recortes, modelagens diferentes, mescla de texturas e com detalhes inovadores. Com várias premiações na bagagem, há dois anos, ela e a irmã, a publicitária Ana, criaram juntas a marca Ab Couture, com foco em design. “O que nos diferencia, sem dúvida, é essa característica da Gabriela, de mexer com a Links interessantes Apresentação sobre a importância do design nos negócios (Sebrae): http://prezi.com/ us73xhfj0dxh/a-importancia-do-design-para-os-negocios-servico/ Centro Brasil Design http://www.cbd.org.br/downloads/ Artigo Business Design (Harvard Review) http://www.hbrbr.com.br/materia/business-design Livros “Design para negócios na prática: como gerar inovação e crescimento nas empresas utilizando o business design”, de Heather Fraser, Editora Elsevier Campus “Gestão do design: usando o design para construir valor de marca e inovação corporativa”, de Brigitte Borja de Mozota, Editora Bookman “Design thinking: inovação em negócios”, de vários autores – Disponível para download gratuito em: http://livrodesignthinking.com. br/download/livro_dt_MJV.pdf Vídeo “Design the new business” http://vimeo.com/dthenewb/dtnb-portuguese modelagem dos tecidos, de unir texturas diferentes, essa é uma característica natural dela que aparece nas criações”, diz Ana, explicando que as duas irmãs decidiram 44 45 A importância da inteligência competitiva a concorrência só existem entre as grandes se dá com o crescimento do comércio glo- corporações? Certamente que não. Então bal e o desenvolvimento tecnológico que por que pensar que a chamada inteligência muda o ambiente empresarial de hoje mui- competitiva seria algo reservado apenas to mais depressa do que antes. “Os execu- para os grandes negócios? E, afinal de con- tivos já não podem tomar decisões empre- tas, o que é inteligência competitiva? sariais ou estratégicas, baseadas em seus brae/PR, Fabio Hideki Ono, ensina que inteligência competitiva é um programa sistemático, e ético, para coletar, analisar e gerenciar informações externas que têm influência nos planos, decisões e operações de uma empresa. O objetivo desse programa é disponibilizar inteligência ao tomador de decisão, gerando assim recomendações com base em eventos futuros, e não somente mediante à compilação de informações que retratem a uma situação do passado. De acordo com o gerente de Consultoria Brasil da Cortex Intelligence, Leonardo de Assis Santos, inteligência competitiva é um processo no qual o mais importante é estabelecer uma forma sistemática de coletar e analisar as informações que serão utilizadas pelas empresas no momento de tomar Competitiva - Como fazer IC acontecer na sua empresa”. É importante deixar claro que inteligência competitiva não se faz apenas com a coleta de informações já publicadas. Participar de eventos, conversar com consumidores, fornecedores, parceiros, empregados, especialistas na área e até mesmo concorrentes também fazem parte desse processo. A área de inteligência competitiva, que começou nos Estados Unidos, no serviço militar, e foi levada às empresas na década de 1980, tendo chegado ao Brasil no início dos anos 2000, tem ainda muito para crescer, na avaliação de Leonardo de Assis. cia competitiva deve ser adotada em empresas que atuam diretamente com os chos de negócios que impactarão os resul- consumidores, pois ela identificará nichos tados da empresa”, explica. que vão fazer a diferença em relação aos telligence, que possui escritórios no Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa, em Portugal, fornece ferramentas na área de inteligência competitiva tendo realizado projetos em todo o Brasil e em diversas localidades do mundo. estão iniciando suas atividades e que precisam coletar informações no ambiente onde vão atuar e que as ajudarão na tomada de decisões. Inteligência para pequenas O gerente de Gestão Estratégica do Sebrae/PR, Fabio Ono, alerta para o fato de que as micro e pequenas empresas também sofrem com a competitividade, precisam ter informações para tomar decisões estra- hora para outra que uma empresa tomará tégicas e não precisam ter exatamente uma as melhores decisões. Quanto mais dados área de inteligência competitiva para fazer a empresa tiver, mais relacionamentos ela inteligência. capacidade para captar as informações. O resultado vem após um ano de trabalho de inteligência. O gerente da Cortex Intelligence explica que a inteligência competitiva começa com o estabelecimento de metas para que, poste- As empresas brasileiras ainda têm dificuldades de trabalhar com informações, principalmente as micro e pequenas empresas concorrentes e também por empresas que Segundo Leonardo de Assis, não é de uma fará. Ele explica que a empresa deve ter a 46 sor da ESPM e autor dos livro “Inteligência visualizar os espaços, encontrar novos ni- as micro e pequenas empresas. A Cortex In- Por Mirian Gasparin mercado”, adverte Alfredo Passos, profes- Segundo o gerente da Cortex, a inteligên- trabalhar com informações, principalmente Saiba como monitorar o mercado, visualizar espaços, encontrar novos nichos de negócios que impactarão nos resultados da empresa rar a empresa da liderança ou mesmo do competitiva ajuda a monitorar o mercado, presas brasileiras ainda têm dificuldades de ‘inteligente’ econômicos, uma decisão errada pode ti- as decisões. “O trabalho de inteligência Na avaliação de Leonardo de Assis, as em- Decisão instintos ou intuições. Em muitos setores Foto: Divulgação O gerente de Gestão Estratégica do Se- Tendência Inteligência competitiva A busca pela melhoria da competitividade e Segundo Fabio Ono, para fazer inteligência competitiva em pequenos negócios é possível adotar alguns passos, a partir de algumas dicas, que você passa a conferir a partir de agora. 1. Identificar ambiente e concorrentes riormente, se sinta os efeitos das ações. “É O empresário deve olhar a sua volta, bus- um processo continuado de revisão e me- car identificar seus concorrentes diretos e lhorias”, acrescenta. também os indiretos. Alguém já pensou Leonardo de Assis, especialista 47 que uma academia de ginástica pode ser concorrente de uma loja de doces? Esse é um exemplo de concorrentes indiretos, pois pessoas que buscam fazer exercícios físicos tenderiam a comprar menos doces. É muito importante definir algumas perguntas ou tópicos a serem respondidos. Por exemplo, o que os meus clientes mais apreciam ou menos apreciam nos produtos 3.Processar a inteligência Esta é a etapa mais nobre do processo de inteligência. É nesse momento em que se formulam hipóteses, se avaliam as informações coletadas, se unem as peças de um “quebra-cabeça”, possibilitando assim que se compreendam melhor os cenários e reduzindo algumas incertezas. É possível a e serviços que eu ofereço? Qual pode ser o aplicação da experiência e senso comum impacto da instalação de uma loja de uma para análise de informações brutas levan- grande rede em meu bairro? tadas anteriormente, ou ainda pode-se re- 2. Coletar informações correr a técnicas como análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) As pessoas não se dão conta da variabilida- ou o modelo de 5 forças de (Michael) Por- de e o do volume de informações facilmen- ter (que considera o poder de barganha de te disponíveis. As informações internas po- fornecedores, o poder de barganha de dem ser obtidas por meio de funcionários e clientes, a ameaça de novos concorrentes, documentos ou arquivos. As informações a rivalidade entre concorrentes e a existên- externas podem ser coletadas conversando cia de produtos substitutos). com clientes, fornecedores, distribuidores, concorrentes, amigos, família, dentre outros. 4. Usar inteligência As informações também poderão ser obtidas Por último, o mais importante é utilizar a em materiais publicitários através de folders, inteligência competitiva. Ou seja, o empre- propagandas e folhetos distribuídos nas sário deve tomar as decisões, criar e con- ruas. Outros tipos de informação podem trolar o seu plano de ação. Ter atitude é ocorrer com a observação do comportamen- essencial. O empreendedor já demonstrou to de clientes, de lojas e de movimentos, ou ousadia ao desafiar a incerteza e abrir o seu via web por meio dos sites de concorrentes, notícias e do próprio Google. próprio negócio. Com o tempo é comum que o empresário torne-se mais conserva- Segundo Fabio Ono, há muitos sites, como o dor e não tome decisões mais ousadas, le- Yahoo Respostas, o Quora ou o Ledface com vando-o possivelmente ao fracasso ou a a proposta de responder a qualquer dúvida perda de espaço para a concorrência. A fi- que os empresários tiverem utilizando a ex- nalidade da inteligência competitiva é di- periência e a opinião das ‘multidões’. Entre- minuir a incerteza ao se tomar decisões ou tanto, o pacote de soluções gratuitas do em outras palavras favorecer a tomada de Google merece destaque. O gerente de decisões. Outra dica importante para um Gestão Estratégica do Sebrae/PR aponta empresário de micro e pequena empresa é algumas dessas ferramentas. O Google que a inteligência competitiva pode ser fei- Alerts pode ser utilizado como uma ferra- ta pelos próprios funcionários. Contudo, a menta de apoio ao monitoramento da con- prática e cultura devem vir do dono para os corrência ou setor e questões relevantes ao demais colaboradores. negócio. O Google Trends faz comparações dos termos, assuntos, pessoas mais procu- O Sebrae/PR coloca à disposição dos em- radas no Google. Já o Google News é uma presários de micro e pequenas empresas página de busca e de agregação de notícias alguns serviços de Inteligência Competitiva de diversas fontes. como o Foco Cenários&Tendências, cujo Com relação a notícias, o empresário ávido por informações geralmente acessa um conjunto de websites de notícias e de blogs. A tarefa de acessar diariamente cada um dos sites favoritos pode ser desgastante. “Com a utilização de um RSS Feed pode-se subscrever esse conjunto de sites e vê-los numa única página web, tomando conheci- Fabio Hideki Ono, gerente de Gestão Estratégica conteúdo para download é gratuito. Saiba mais Livros • “Inteligência competitiva de mercado: como capturar, armazenar, analisar informações de marketing e tomar decisões num mercado competitivo”, de Rogério Garber. São Paulo: Editora Madras, 2001. • “Inteligência competitiva: como transformar informação em um negócio lucrativo”, de Elisabeth Gomes e Fabiane Braga. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2001. • “O milênio da inteligência competitiva”, de Jerry P. Miller. Porto Alegre: Editora Bookman, 2002. • “Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas: como superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua empresa”, de Alfredo Passos. São Paulo: Editora LCTE Editora, 2007. Site Associação Brasileira de Analistas de Inteligência Competitiva www.abraic.org.br mento rapidamente das alterações ocorridas a cada dia”, explica Fabio Ono. 48 49 Segundo Tiago Dias, uma das grandes van- forma exagerada, mas, ao mesmo tempo, tagens dessa mídia é que o resultado é precisa para definir o avanço tecnológico 100% mensurável. “É possível calcular exa- ocorrido nos últimos anos. As novidades, tamente qual foi o retorno, o que é ótimo muitas vezes, atropelam sem sequer dar para a pequena empresa, que tem pouco tempo para adaptação. Mas é preciso orçamento.” acompanhar o ritmo dessa evolução. Essa mídia está ganhando espaço entre os Mais do que o setor de processos, o depar- empresários de micro e pequenas empre- tamento de vendas deve ficar especial- sas aos poucos. Segundo o gerente de mente atento ao progresso. Há tempos, marketing da Basekit, startup inglesa que sabe-se que boa parte dos clientes está na criou uma plataforma online para desenvol- internet. Mas agora eles estão conectados vimento de sites para computadores e dis- por meio de uma nova plataforma: os ta- positivos móveis, Gabriel Smirne, o foco blets e smartphones. É para lá que as em- inicial da empresa era atender designers presas estão se dirigindo. E os empresários de micro e pequenas empresas também podem tirar proveito dessa forma de comunicação com os clientes. que queriam facilitar a parte de codificação e focar no visual do site. No entanto, conta, no decorrer do caminho a empresa percebeu o potencial do mercado de pequenas Os números, base que comprova a impor- empresas e empreendedores que queriam tância da presença das empresas nessa construir um site por conta própria. plataforma, impressionam: dados do Ibope Media deste ano apontam que 52 milhões de brasileiros têm acesso à internet pelo telefone móvel. Nesse universo, o Ibope Media distinguiu a quantidade de smartphones conectados à internet, que em maio deste “De todos os países em que estamos presentes, vemos que o Brasil tem o maior potencial pelo número de pequenas empresas criadas diariamente e a crescente importância da presença online”, conclui. ano era de aproximadamente 20 milhões. uma questão de inovação, mas sim de adaptação aos novos hábitos do consumidor. Mobilidade Portanto, apesar de novo, o formato mobi- a favor das vendas Foto: Divulgação Tudo isso mostra que estar presente e atuando na plataforma mobile já não é mais Serviço M-commerce Acontece em um piscar de olhos. É uma le está expandido rapidamente e é uma Uma empresa que tem um site convencional deve adaptá-lo para o meio mobile, caso contrário perderá de 10% a 15% do seu tráfego na rede mídia flexível, que proporciona diversas possibilidades para a participação dos empresários. Ainda de acordo com o Ibope Media, em 2012 foram investidos cerca de R$ 6,5 bilhões na web de uma maneira geral, valor 21% superior a 2011. “Há dois, três anos para cá os smartphones se tornaram mais baratos e a mídia mobile se tornou massiva e não mais de nicho. Então, em muitos casos, ela pode ser o único canal de venda e não apenas parte da estratégia”, afirma Tiago Dias, sócio-proprietário da agência Reweb, especializada em desenvolvimento de sites e aplicativos. Tiago Dias explica que esta é uma mídia para todos os tamanhos de empresa. Se- Empresários precisam ficar atentos aos novos consumidores que, além da internet, estão conectados por meio de tablets e smartphones gundo ele, o valor para se investir nesse meio de comunicação pode variar de R$ 8 mil a R$ 150 mil, dependendo da estratégia. “Na minha visão, o ideal seria o empresário alocar 5% da sua verba para o marketing. E, à medida que vai obtendo resultados, pode aumentar o valor. O in- Por Andréa Bordinhão 50 Gabriel Smirne, especialista vestimento precisa ser paulatino”, explica. 51 Foto: Luiz Costa/La Imagen selecionados com o dedo. Mapas, opções lular, mas ele começa a olhar o produto lá. para ligar ou mandar e-mail são característi- Isso porque o dispositivo móvel ainda não cas fundamentais”, completa. oferece uma interface amigável para com- Quanto aos aplicativos, os especialistas afirmam que ainda é um mercado para ni- pra. Mas ele impulsiona a venda. É uma mídia de assistência à conversão, portanto”, chos mais específicos e que a tendência da- diz Tiago Dias. qui para frente é a padronização. “Um pon- Agregador to complicado em se desenvolver um aplicativo é que cada plataforma tem um Entre os 53,5 milhões de usuários ativos da formato diferente. Então, o ideal é que se internet no Brasil, 86% estão presentes em desenvolvam aplicativos nativos, que fun- alguma rede social. Os números são do cionem em todos os tipos de aparelhos. E Ibope Media e referem-se a janeiro deste os celulares ainda estão evoluindo para su- ano. Ainda segundo o levantamento, na portar os mesmos aplicativos. Com a padro- comparação com janeiro de 2012, houve nização, há também a tendência de fazer um aumento de 15% no número de inter- mobile sites onde se possa acessar os recur- nautas presentes nas redes sociais. sos dos aplicativos”, explica Tiago Dias. Como há tanta gente presente nas redes sociais, estar lá significa publicidade para as empresas. Além disso, as redes sociais ajudam a difundir involuntariamente o negócio quando alguém comenta sobre ele. “Com um outdoor eu estou impactando apenas as pessoas que olham para ele. Mas na rede social, quando uma pessoa curte, compartilha ou faz um check-in está mais do que somente sendo impactada. Ela está passando a mensagem para sua rede de amigos”, acredita Tiago Dias. Mas é preciso ter uma boa gestão de redes sociais para manter a imagem positiva, já que isso pode funcionar de maneira contrária também. Para o sócio-proprietário da Reweb, Tiago M-commerce Dias, os dados representam muito para os Apesar de ser um mercado em expansão, empresários, em especial para os de pe- segundo os especialistas os brasileiros ain- Tiago Dias, especialista Smirne conta que cerca de 30% dos seus frente. E é importante lembrar que uma clientes optam pelo pacote que inclui o de- pesquisa feita no Google pelo celular traz senvolvimento de site mobile. resultados diferentes quando feita pelo conta que desde que começou a trabalhar com desenvolvimento de websites e mobile sites focou nos empresários de micro e pequenas empresas, em especial aqueles que Os empresários de micro e pequenas empresas também podem tirar proveito de novas formas de comunicação com os clientes 52 da fazem poucas compras pelo celular. No mento limitado para investir em marke- entanto, é preciso levar em conta o uso ting. “Antigamente, a principal atividade dessa funcionalidade porque é mídia de online das pessoas era ver o e-mail. Houve conversão complexa, segundo eles. Isso é, uma mudança de paradigma. Com a mobili- o usuário olha o produto no celular e com- dade, as pessoas pararam de usar e-mail e pra pelo computador ou pessoalmente. passaram a se conectar por meio das redes “Geralmente o cliente não compra pelo ce- de relacionamento.” computador. O buscador leva em consideração se o site possui uma versão mobile na hora de ranquear”, afirma. Foto: Reweb O designer e publicitário Tiago Facchini quenos empreendimentos, que têm orça- Saiba mais Como estar presente estão entrando no mercado. Segundo ele, Uma empresa pode estar representada na Para consulta os negócios mobile estão começando a ex- plataforma móvel de várias formas. A di- pandir agora e a perspectiva é de cresci- vulgação pode ser feita por meio de um mento vertiginoso. “É importante todas as mobile site, pode-se oferecer algum tipo pequenas empresas estarem acessíveis na de serviço por meio de um aplicativo, utili- Fique por dentro do Mobile Commerce e Mobile Payment – artigo da especialista em marketing Sandra Turchi, publicado na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios mídia mobile hoje porque, como ainda es- zar links patrocinados ou usar adequada- tão em fase de crescimento, todos os mente as redes sociais. “Uma empresa que meios de comunicação que estiverem ao tem um site convencional deve adaptá-lo seu alcance podem influenciar positiva- para o meio mobile. Se não tiver um site Mobile Marketing e empreendedorismo digital – programa da TV UOL sobre mobile marketing mente no negócio.” que seja acessível em celulares e tablets já http://goo.gl/W6sto A principal demanda recebida pelo designer http://goo.gl/6Pe4P está perdendo de 10% a 15% do seu tráfe- rantes, lojas e de profissionais autônomos. “Um site otimizado leva em consideração Empreendedorismo no mundo mobile – artigo do especialista em computação móvel Ricardo Ogliari no site It Web Facchini lembra que esse tipo de negócio que o cliente está recebendo o conteúdo http://goo.gl/cSqTN depende da visita do cliente ao estabeleci- por meio de um smartphone, ou seja, a cone- mento e, como a tendência é das pessoas xão pode ser ruim, o espaço de visualização cada vez mais pesquisarem o que precisam é menor, o dedo será o mouse, entre outros enquanto estão procurando em um bairro detalhes”, explica Gabriel Smirne. Por isso, ou dirigindo, por exemplo, é importante ressalta o gerente de marketing, “o site mo- que as empresas estejam bem colocados bile deve ser leve e prático e o usuário deve em buscadores ou redes sociais. “Quem es- encontrar o que quer com muita facilidade”. tiver melhor adequado a essas buscas sai na “Os botões devem ser pensados para serem vem de pequenos negócios, como restau- go”, afirma Tiago Dias. Sites que contêm informações sobre o tema www.basekit.com.br www.reweb.com.br www.sitefix.com.br Exemplo de telas utilizadas na plataforma mobile 53 versos tipos de moedas, quer exportando seus produtos ou importando mercadorias, estão sujeitas a prejuízos ou ganhos extras por conta da variação cambial. fazer o pagamento de divisa nos próximos seis meses, ao fazer uma operação de hedge terá a certeza que pagará sua dívida pelo valor acertado inicialmente. Em um caso real, um importador, para se defender da comercial, que é utilizado nas operações de alta recente do dólar, pode fazer uma ope- importação e exportação, subiu 7%. Em ju- ração de compra de dólares no mercado nho passado, a alta continuou, obrigando o futuro estabelecendo o preço de R$ 2,22 Banco Central a intervir várias vezes no para dezembro. Esse será o preço que irá câmbio, inclusive, com a moeda norte-ame- pagar pelo dólar quando chegar a data, ricana atingindo as cotações mais altas dos mesmo que a moeda esteja cotada a R$ últimos quatro anos. 2,30 ou acima, por exemplo. Para se proteger das oscilações bruscas no Com relação ao prazo ideal para fechar uma câmbio, boas práticas de gestão financeira operação de hedge, Eduardo Vanin afirma determinam que as empresas recorram ao que vai depender da necessidade da em- chamado hedge, explica o diretor da Agrin- presa. Se a liquidação se der num prazo de vest Commodities, Eduardo Vanin. “Fazer seis meses, o hedge deve ser feito para esse hedge é fundamental para melhorar a ges- período. ser de pequeno, médio ou grande porte”, acrescenta. ‘proteção cambial’ Uma empresa, por exemplo, que tem que Nos primeiros cinco meses do ano, o dólar tão financeira da empresa, independente de Empresas buscam seu pagamento/recebimento. A média mundial fica em torno de 70% para operações de curto prazo e 30% para contratos de longo prazo. Ainda que as taxas O hedge nada mais é do que uma operação pagas no Brasil sejam mais altas do que nos que tem por finalidade proteger o valor de Estados Unidos e Europa, muitas vezes uma um ativo contra uma possível redução de empresa se vê obrigada a assinar um con- seu valor numa data futura ou, ainda, asse- trato por um período maior. “Tudo vai de- gurar o preço de uma dívida a ser paga no pender do que a empresa vislumbra dentro futuro. Esse ativo poderá ser o dólar, uma da operação, e os riscos que ela pode cor- commodity, um título do governo ou uma rer”, salienta Eduardo Vanin. ação. Os mercados futuros e de opções possibilitam uma série de operações de hedge. Fazer hedge é fundamental para melhorar a gestão financeira da empresa, independente de ser de pequeno, médio ou grande porte Quanto ao custo da operação, alguns consultores financeiros consideram que o hed- Por exemplo, através de mercado futuro ge acima de um ano é bastante caro, o que de dólar (negociado na BM&FBovespa), faz com que os empresários ou produtores uma entidade que possui dívidas em dólar rurais pensem duas vezes. O diretor da pode reduzir o risco de uma perda provo- Agrinvest não concorda que esse tipo de cada por uma elevação da cotação da moe- operação seja cara no Brasil. Para ele, o que da norte-americana, desde que compre é elevado aqui é a taxa de juros embutida contratos futuros de dólar em valor equi- no preço. valente à sua dívida. Proteções semelhantes podem ser feitas para reduzir riscos de outros mercados, com taxas de juros, bolsas de valores, contratos agrícolas e outros, dependendo das necessidades de quem está à procura do hedge. Foto: Luiz Costa/La Imagen Consultoria financeira outros países e fecham contratos com di- Serviço As empresas brasileiras que negociam com No passado, esse tipo de operação era buscado apenas por grandes empresas. Hoje, o hedge é utilizado também por pequenas e Boas práticas de gestão financeira ajudam empresas, independente do porte, a enfrentar bruscas variações cambiais médias empresas exportadoras e importadoras brasileiras. Segundo explica o analista e trader da Agrinvest, Caíque Pires Tossulino, em uma operação de hedge, a empresa investe para travar ou fixar o câmbio na data de recebimento de divisas. Isso evita prejuízos caso a cotação va- Por Mirian Gasparin 54 Eduardo Vanin, analista rie entre a data de assinatura do contrato e o 55 Foto: Divulgação bro de 2012 é que passou a fazer operações de hedge. A empresa de médio porte produz e comercializa óleos químicos como metil-ester, glicerina loira e bidestilada, ácidos, álcool graxo, óleos vegetais e gorduras animais nos mercados nacional e internacional. São produtos intermediários para a indústria farmacêutica, cosmética, alimentícia, tintas, resinas, vernizes, plástico, borracha e materiais de limpeza. Parque industrial da empresa Meridional Apesar de todas as vantagens trazidas pelo duto no mercado. Mas, caso o preço do mi- hedge, quando se considera operações em lho ultrapasse o preço fixado na opção de bolsa, o número de empresas brasileiras que venda, o produtor não é obrigado a exercer se utiliza desse tipo de operação é ainda pe- a operação. Isso é uma forma de hedge. queno. Segundo Caíque Tossulino, em países desenvolvidos a maioria das empresas faz hedge e no Brasil a maior parte das operações de hedge é feita indiretamente, via bancos. o pequeno investidor pode fazer, sem precisar recorrer à BM&FBovespa. Por exemplo: uma família que fará uma viagem ao exte- “O primeiro passo é buscar uma corretora rior e vai debitar a maioria de suas despesas que vai intermediar a operação entre a em- no cartão de crédito. Como qualquer gasto presa e a bolsa. Nesse tipo de operação, no exterior é calculado em dólar pela admi- não há riscos, mas sim um seguro que se nistradora, o valor das contas virá indexado está fazendo contra possíveis oscilações”, à variação da cotação dessa moeda. explica o analista da Agrinvest. o investidor deve calcular o quanto gastará do dólar em relação ao real devem continu- em média em sua viagem e comprar o mes- ar. “O câmbio está refletindo mais a questão mo valor em dólar ou simplesmente aplicar interna do País do que o dólar em relação às o dinheiro num fundo cambial, que é atrela- demais moedas”, acrescenta. Na sua opinião, do ao dólar. Ao retornar da viagem, pode se o Banco Central não estivesse atuando no vender os dólares comprados e, com o equi- câmbio, o dólar comercial certamente já te- valente em reais, pagar sua fatura. Agindo ria alcançado a cotação de R$ 2,30. Ele avalia assim estará se protegendo do risco de uma que são necessárias intervenções mais crise cambial, com a desvalorização da mo- agressivas, o que ajudaria no combate à in- eda nacional, no caso o real. R$ 2,00 a R$ 2,05 até o fim do ano. Como funciona Para a diretora financeira da Meridional TCS a BM&FBovespa é muito cara em relação às bolsas mundiais. “É que o volume de operações feitas na bolsa de mercadorias e de futuros do Brasil é ainda pequeno, além do que ela não tem concorrentes. Nós até que poderíamos fazer um hedge maior, mas só não fazemos por que a BM&FBovespa exige uma garantia muito alta”, destaca. Saiba mais Para se proteger de qualquer crise cambial, Na avaliação de Eduardo Vanin, as oscilações flação e poderia nos levar a um dólar entre 56 Existem também alguns tipos de hedge que De acordo com Patrícia, em 2008 quando ocorreu a crise financeira global, que levou à falência muitas instituições financeiras nos Estados Unidos e dos países europeus, a variação cambial foi grande e acabou impactando no caixa da empresa, que naquela época não operava com hedge. Risco menor Há nove meses, a empresa Meridional TCS Indústria e Comércio de Óleos S/A, com sede Tomemos como exemplo um produtor de em Londrina, e planta industrial em Ponta milho que esteja planejando sua colheita Grossa, vem realizando operações de hedge para daqui a quatro meses e que não sabe a com o objetivo de diminuir o risco da variação que preço estará o produto naquela época. cambial. Segundo a diretora financeira da em- Para evitar perdas, caso haja uma queda presa, Patrícia Nasser Gardemann, tudo o que brusca de preço, ele pode comprar uma op- a Meridional compra para exportar faz o equi- ção de venda. Com isso, garantirá que vai valente em hedge. “Não buscamos ganhos e vender o produto a um certo preço, em de- nem perdas. Fazemos o hedge para diminuir o terminada data. impacto da variação cambial.” Essa opção de venda protege o produtor A Meridional TCS exporta óleos químicos contra as fortes oscilações do preço do pro- para a Ásia desde 2007, mas só em setem- Livros “Mercado Financeiro, Produtos e Serviços”, de Eduardo Fortuna. Qualitymark Editora, Rio de Janeiro, 14ª edição, 2000. “Introdução aos Mercados Futuros e de Opções”, de John Hull. Cultura Editores Associados, São Paulo, 2ª edição, 1996. “Mercados Futuros e de Opções Agropecuárias”, P.V. de Marques; P.C. de Mello & J.G. Martines. Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP, 2006. Sites Bolsa de Mercadorias e Futuros: www.bmfbovespa.com.br Cetip: www.cetip.com.br Portal do Investidor www.portaldoinvestidor.gov.br Site da Agrinvest: www.agrinvest.agr.br 57 Em novembro do ano passado, ele realizou prios limites podem parecer algo impossível um antigo sonho. Sempre quis conhecer a para a maioria das pessoas, mas quando real- Antártica e quando descobriu que tinha uma mente se deseja alcançar um objetivo há concorrida maratona lá, não pensou duas ve- quem não meça esforços. Exemplos de su- zes para realizar o que era o seu desejo. A peração não faltam e são verdadeiros cases prova é considerada uma das mais difíceis do de sucesso para quem busca motivação. É o mundo e Marcelo foi o único brasileiro entre caso do empresário curitibano Marcelo Al- 50 competidores de 14 países a participar. ves, formado em Administração. Ele passou de funcionário de uma multinacional e sedentário na vida pessoal, para dono do próprio negócio e maratonista, conquistando metas antes consideradas improváveis para sua realidade. “Eu vivia uma vida estressante. Trabalhava mais de dez horas por dia e chegava a pegar dez voos por semana para participar de reuniões. Não fazia nenhum exercício físico e não tinha tempo para mim e para minha família”, conta o empresário. A mudança na carreira e na vida pessoal aconteceu paralelamente e foi ativada por uma observação aparentemente banal. “Eu vi uma foto minha e percebi o quanto estava acima do Comportamento Foto: Arquivo Pessoal Superação Mudar a vida, sair da rotina e superar os pró- Os 42 quilômetros da maratona foram percorridos no gelo, em condições extremas de frio, mas mesmo assim ele não desistiu e ainda conquistou a oitava posição na linha de chegada. Na Antártica, Marcelo ainda atrelou o seu desafio a outro desejo: divulgou a causa da doação da medula óssea, levando para o gelo uma bandeira feita por uma criança de 12 anos, que fez o transplante em um hospital de Curitiba. Levando a bandeira para a É preciso ter um objetivo claro, tanto pessoal quanto profissional, e saber aonde quer chegar para depois correr atrás e realizar maratona, ele queria despertar nas pessoas de todo o mundo a importância da doação da medula. Depois da Antártica, foi a vez da maratona no Polo Norte. Foi o início da mudança. Ao mesmo tempo em que começou a se exercitar, seguiu atrás Marcelo Alves, no Polo Norte do seu sonho de alterar também a vida profissional e alcançar maior qualidade de vida. As duas coisas aconteceram praticamente juntas. Marcelo pediu demissão da multina- Foto: Luiz Costa/La Imagen peso”, revela. cional em que trabalhava – e que tinha possibilidade de crescimento na carreira - para associar-se ao que era uma então uma pe- Além do ‘horizonte’ quena empresa, a Overstress. “Uma empresa de fundo de quintal”, brinca Marcelo. A Overstress foi criada para oferecer soluções de qualidade de vida para funcionários de empresas e grupos. Exatamente o que Marcelo procurava na época. Há 11 anos, quando ele se associou, a empresa tinha apenas dez clientes. Hoje já são 70 clientes em todo o Brasil. A sinergia do empresário com os objetivos da empresa foi imediata e a mudança ocorrida na última década, considerável. “Somos uma empresa de gestão de estresse, oferecemos a possibilidade de uma vida melhor Olhar para o futuro e imaginar aonde se quer chegar são os pontos de partida para alcançar metas para as pessoas”, comemora. Marcelo atualmente acumula, além de experiências profissionais gratificantes, metas pessoais incríveis. Ele começou a correr pequenas distâncias e hoje acumula participações nas mais importantes maratonas mun- Por Katia Michelle Bezerra diais, como as que acontecem na Antártica e no Polo Norte. A primeira maratona conquis- Marcelo Alves, empresário e maratonista tada, em 2011, foi nos Estados Unidos. 58 59 não é dela. Ela se boicota. É a sociedade que mento, os treinamentos e a própria partici- cobra que ela esteja no peso ideal, mas para pação nas maratonas, onde importa mais o ela está tudo bem. Quando o objetivo for percurso do que os rankings de chegada, fi- dela, ela terá motivação suficiente para mu- zeram com que Marcelo chegasse a uma con- dar”, exemplifica. clusão: é preciso ter um objetivo claro, tanto pessoal quanto profissional. “Precisa saber aonde quer chegar para depois correr atrás e realizar”, ressalta. A corrida e a participação em maratonas podem ser comparadas aos desafios encontrados no dia a dia do trabalho, nas empresas Superação E como uma pessoa, antes sedentária e acima do peso, em pouco tempo consegue correr maratonas dedicadas a profissionais, terminar os trajetos e ainda conquistar boas posições? E mais: também fazer dessa experiência uma oxigenação na carreira e apoiar causas importantes? Para Marcelo, a força as empresas precisam oferecer soluções mais completas para seus funcionários”, defende Marcelo. Os programas de qualidade de vida já foram implantados em grandes empresas, como a Votorantim, Petrobras, Exemplos encontrados em sua experiência Accenture e ExxonMobil, entre outras. de maratonista também estimulam Marcelo a seguir em frente, como o caso de um se- Os resultados, conta o empresário, vão des- nhor de 76 anos que concluiu o percurso da de a redução do número de faltas até a redu- maratona da Antártica, superando todas as ção da utilização dos planos de saúde. Ganha dificuldades. Marcelo coleciona experiências o empresário, que investe nos programas de nesse sentido, nas viagens que agora faz melhoria de qualidade de vida, e ganha o para correr, literalmente, atrás do seu so- funcionário, que aprende a equilibrar a vida nho, mas conta que reserva as curiosidades pessoal e profissional. para o público das palestras que vem fazen- “A saúde é fundamental e não dá para colocar do, inclusive para empreendedores que par- empecilhos para não se cuidar. É preciso ape- ticipam de cursos do Sebrae/PR. nas disciplina”, ensina Marcelo. Ele mesmo de vontade e o desejo de mudança são as Na maratona do Polo Norte, inclusive, ele reserva a manhã ou a noite, quatro vezes por principais motivações. “Não dá para deixar a levou a bandeira do Sebrae/PR para divul- semana para treinar e assim continuar partici- vida levar. Precisa de um foco. O meu foi me- gar a importância do empreendedorismo. pando das maratonas, ao mesmo tempo em lhorar a minha qualidade de vida e conquis- Para ele, a corrida e a participação das maratonas podem ser comparadas aos desa- que se dedica à empresa. “Sempre tenho tê- tei isso”, conta. Ele enfatiza que não é difícil encaixar uma rotina de qualidade dentro da rotina de trabalho, mas as pessoas costumam se boicotar. “E fazem isso porque não têm um objeti- Foto: Arquivo Pessoal “A ginástica laboral está ultrapassada. Hoje Foto: Arquivo Pessoal As viagens, conquistadas com muito planeja- nis e shorts comigo. Não importa o lugar, se fios encontrados no dia a dia do trabalho e as pessoas podem encontrar suas próprias metas pessoais e não poupar esforços para Marcelo Alves, com a bandeira do Sebrae vo claro”, afirma citando o exemplo de uma “O fato de você ter um objetivo e atingi-lo objetivo, o que importa é saber se fará a pes- Mudar a vida profissional e pessoal, como mulher na faixa de 30 anos, bem-sucedida acaba se tornando um vício. Você sempre vai soa se sentir feliz e realizada. “É interessan- aconteceu com Marcelo Alves, não é uma ta- profissionalmente, casada e acima do peso. querer correr atrás dos seus sonhos porque te o quanto você atingir um objetivo, inde- refa fácil. Exige dedicação, atenção e, princi- “Ela não consegue emagrecer, mas por quê? sabe que é possível realizá-los”, compara pendente de qual área da sua vida, melhora palmente, foco. “Para mudar, a pessoa preci- Porque, entre outras coisas, esse objetivo Marcelo. Para ele, não importa qual seja o o desempenho em outras. Quando se tem sa sair da sua zona de conforto. Perceber o uma realização, tudo fica mais leve e você que está errado e saber o que pode melho- começa a se desenvolver em todas as outras rar”, enfatiza a psicóloga e coach Simone áreas”, enfatiza. Steilen Nosima. Driblando o estresse Para ela, quando a mudança envolve a vida E foi justamente para ajudar as pessoas a en- ção de perda da estabilidade, de saber que Marcelo, a Overstress, desenvolveu programas para funcionários de grandes empresas. “Nosso objetivo é levar qualidade de vida profissional, o maior desafio está na sensahá riscos e que é necessário assumir as consequências das decisões. “Quando uma pessoa quer deixar o emprego e abrir um negócio próprio, muitas vezes têm medo de que para as pessoas.” Inspirado na própria expe- dê algo errado”, conta. E o medo faz com riência dentro de uma multinacional, Marce- que a pessoa paralise e acabe desistindo dos lo sabe que é preciso incorporar soluções próprios sonhos. inovadoras dentro das empresas, visando melhorar a vivência dos funcionários. 60 O importante é não parar”, ressalta. Quebrando barreiras conquistá-las. contrarem seus objetivos que a empresa de Marcelo Alves, no Polo Norte não consigo correr pela manhã, corro à tarde. Para mudar, é preciso sair da zona de conforto, perceber o que está errado e saber o que pode melhorar Saiba mais A mudança, no entanto, acontece quando Sites as pessoas percebem que estão infelizes. www.overstress.com.br Para isso, a empresa desenvolve programas “Perceber que a vida não está de acordo www.scsnosima.com.br/site personalizados de gestão de estresse, de com o que se deseja e ficar constantemente www.omeueverest.com acordo com a necessidade de cada grupo e estressado e doente são alguns alertas de empresa. São programas voltados para a que algo não está bem”, ressalta a psicólo- saúde preventiva, a nutrição, a sustentabili- ga. O limite está no bem-estar, por isso é dade e também o relacionamento e a segu- preciso se observar e ter metas claras para rança dentro da empresa. Questões interli- o futuro. “Se a pessoa não sabe aonde quer gadas desenvolvidas por um time formado chegar, acaba seguindo o ritmo da empresa, por nutricionistas, fisioterapeutas e educa- do trabalho, da sociedade e nunca dela dores físicos capacitados. mesma”, conclui. Livros recomendados por Marcelo Alves sobre o tema. “Inteligência Positiva”, de Shirzad Chamine “A semente da vitória”, de Nuno Cobra” “Meu Everest”, de Luciano Pires 61 de sete cabeças. Além disso, já tem livros para o sucesso de um empreendedor é con- digitais que se aproximam de outras mídias. seguir perceber e interpretar as necessida- O livro também está virando multimídia”, des do mercado e ter habilidade para mon- analisa o presidente da editora Évora, Hen- tar e gerenciar um negócio para atender a rique Farinha. essas necessidades. No entanto, essa percepção de oportunidades não ocorre em insights repentinos ou só acontecem com mentes muito criativas. preendedorismo representam 7% do total de publicações de negócios da editora, atrás somente das biografias, e 20% do total das vendas. No entanto, o presidente da ção de uma boa ideia está diretamente liga- Évora ressalta que qualidade não significa da à informação e dados estatísticos. Dian- quantidade. Para ele, essa é uma mudança te do número crescente de pessoas mais lenta, mas que também está aconte- querendo empreender e, consequente- cendo com o aumento no número de publi- mente, da necessidade de subsídios para cações para esse público. identificando nesse nicho um público interessado em consumir boa informação e está dando passos largos na ampliação do seu mercado consumidor. “Tem várias publicações na área, mas falta qualidade. Muitos livros vão na linha da autoajuda. Ainda faltam livros práticos, de mais conteúdo, que se preocupem em mostrar o que o empreendedor tem que fazer. É O crescimento editorial voltado para em- preciso mostrar para eles como pensar e preendedores está acontecendo em diver- como agir”, afirma. sos segmentos. A quantidade de livros publicados está crescendo, o número de sites e blogs especializados no tema está aumentando e o investimento da grande imprensa em editorias ou páginas específicas para esse público também está subindo. Uma das razões para o aumento do público que busca esse tipo de publicação, aponta Farinha, não é só a procura de empreendedores que querem abrir empresas para oferecer produtos. O setor de serviços, inclusive clínicas de saúde, também está se “Hoje o acesso ao conteúdo está mais fácil. profissionalizando cada vez mais. “É uma Não precisa mais ser especialista para lidar mudança importante e esse nicho todo pre- com conteúdo editorial e desenvolver con- ciso de produtos e marketing específicos teúdo para livros não é mais nenhum bicho para eles”, salienta. Com o aumento de pessoas querendo empreender, o mercado editorial brasileiro identifica nesse nicho público interessado em consumir informação Foto: Gazeta do Povo Empreendedorismo Segundo Farinha, os livros voltados ao em- Além da profunda observação, a identifica- isso, o mercado editorial brasileiro está Comportamento Informação Sabe-se que um dos principais quesitos vira mercado editorial Em busca de informação, empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas tornam-se consumidores de conteúdos Por Andréa Bordinhão 62 Marisa Valério, jornalista 63 Publicações da Editora Évora “Empreendedorismo Inovador”, de vários autores “Do sonho à realização em 4 passos”, de Steven Blank “Nunca procure emprego”, de Scott Gerber dia a dia”, comenta a criadora do site Canal “O assunto entrava junto com outros temas do Empreendedor, Adriana Noviski. Ela econômicos e, por isso, perdia um pouco de criou a página há cerca de oito meses e con- espaço”, conta. “Eu acho que era um merca- ta que o número de acessos está aumentan- do editorial carente no Paraná. Na impren- do muito nos últimos meses. sa local não havia um canal assim. Mas pro- “Os empreendedores gostam de ler histórias de outros que deram certo. Mas, por conta A página traz, além de matérias jornalísti- isso. É muito. Os sites independentes estão cas e colunistas, temas que estão em voga mudando isso. Só ‘pintar’ o cenário falando entre os empreendedores, como dicas so- do lado bom de empreender não ajuda na re- bre franquias. “Além disso orientamos os leitores de como é importante estar sem- sa ou já é um empreendedor. Tem gente que pre bem informado”, afirma Marisa. não tem noção da quantidade de impostos Interação que vai pagar, não sabe que quando registrar os funcionários eles custarão muito mais, A internet tem a vantagem da interação. A dentre outras coisas. Nós tocamos mais nes- página Empreender da Gazeta do Povo ga- ses pontos”, explica Adriana. nhou uma versão digital com conteúdo am- Ela conta que montou o site justamente quanto Adriana contam que os leitores usam porque tinha muito contato com publicações voltadas ao tema, porém achava a maioria com textos longos e linguajar complicado e sem muitas dicas práticas. As histórias de sucesso, que contam como empresários chegaram lá, dão lugar a publicações com conteúdos mais práticos pliado há quatro meses. E tanto Marisa os canais de contato para mandar dúvidas. “Temos uma ferramenta em que nos dispomos a responder o empreendedor. Às vezes, são perguntas específicas, mas, no geral, são ques- A editora-executiva do jornal paranaense tões que importam para todos”, conta Marisa. Gazeta do Povo, Marisa Valério, conta que o Adriana também diz que recebe muitas dúvi- Ao citar os livros campeões de venda da sua jornal enxergou a necessidade de investir das de leitores. “As que não conseguimos dar editora, fica clara a mudança de foco da pro- nesse público há pouco mais de um ano. Foi uma ‘luz’ com algum conteúdo que já temos cura do consumidor descrita por Farinha. As quando criou uma página semanal voltada publicado, direcionamos para outros lugares histórias de sucesso, que contam como em- ao tema, batizada de Empreender. que podem auxiliar melhor”, explica. presários conseguiram chegar lá, estão cada Saiba mais vez mais dando lugar a livros práticos. Algumas editoras onde achar lançamentos de livros sobre empreendedorismo Segundo Farinha, os mais vendidos da sua edi- www.editoraevora.com.br tora atualmente são títulos como “Empreen- www.elsevier.com.br dedorismo Inovador”, espécie de manual de Só ‘pintar’ o cenário falando do lado bom de empreender não ajuda na realidade de quem quer abrir uma empresa ou já é um empreendedor prestação de serviços”, completa. disso, 80% do conteúdo são voltados para alidade da pessoa que quer abrir uma empre- Página sobre pequenas e médias empresas da Gazeta do Povo curamos suprir de forma interessante, com www.editoraatlas.com.br como criar startups de tecnologia no Brasil, “Do sonho à realização em 4 passos”, que traz Sites voltados ao empreendedorismo estratégias para criação de empresas, e “Nun- www.canaldoempreendedor.com.br ca procure emprego”, espécie de guia para empresários sem experiência superarem bem www.pme.estadao.com.br as dificuldades dos primeiros anos do negócio. www1.folha.uol.com.br/especial/2012/ mpme Um mundo de informações www.gazetadopovo.com.br/economia/ empreender-pme Assim como acontece com os mais diversos temas, a internet também virou uma enciclopédia vasta, com todos os tipos de infor- Livros citados na matéria mações sobre empreendedorismo. Inúme- “Empreendedorismo Inovador: como criar startups de tecnologia no Brasil”, de vários autores. ros sites e blogs independentes, além de publicações direcionadas da grande imprensa, surgem na rede o tempo todo. “Do sonho à realização em 4 passos - Estratégias para criação de empresas de sucesso”, de Steven Gary Blank. Nesses meios de comunicação, as dicas e orientações também estão fazendo mais “Nunca procure emprego! - Dispense o chefe e crie o seu negócio sem ir à falência”, de Scott Gerber. sucesso. “Cada vez mais a atenção dos leitores é disputada e o tempo é mais precioso. Por isso, a forma precisa ser mais concisa, Canal do Empreendedor com linguagem simples e vocabulário do 64 65 Saramandaia, a criação foi exclusiva para a ros, que ficam de olho nas tendências lan- personagem, que tem toda uma caracteri- çadas pelos artistas. Ser convidado para zação específica. Elyane chegou a acompa- fazer parte dessa rede, portanto, é garan- nhar a caracterização da personagem e tia de projeção. conta que ficou encantada com a monta- A empresária paranaense Elyane Fiuza sabe disso desde que suas bolsas estilizadas foram parar nas mãos de atrizes, como Marisa Ortiz e Adriana Birolli, e chamou a atenção mida são acessórios que dão o toque final nessa caracterização. peças exclusivas para a personagem da pal diferencial para conquistar mercado, atriz Vera Holtz, em Saramandaia. sem deixar de lado, claro, a qualidade do Vera, uma voluptuosa dona de casa amante da gastronomia. Assim, bolsas em formato de morango, cupcakes e outros temas foram confeccionadas exclusivamente produto e o atendimento personalizado. Elyane já tem representantes em seis regiões do Brasil – em Curitiba, Goiânia, Mato Grosso, São Paulo e Santa Catarina - e conta que algumas lojas já começaram a se interessar pela venda das peças. pela empresária, que comemora a conquis- A produção é feita em Curitiba e ela já ta. “É muito bom saber que tem uma coisa chega a fazer 300 peças por mês. A maior só sua em uma novela, por exemplo, e que dificuldade, no entanto, não é a mão de o produto pode ser divulgado de forma obra e sim a revenda. “Quero pessoas que tão ampla”, diz. revendam as peças com a mesma exclusi- Elyane trabalha no ramo de bolsas há mais de duas décadas. Natural de Paranavaí, ela começou a fazer bolsas de tecido, de forma informal, mas sempre apostando na exclusividade. Nunca fez, por exemplo, duas bolsas iguais. O atendimento acaba sendo per- Detalhes que fazem a diferença ficar pronta.” As bolsas em formato de co- Essa exclusividade, para Elyane, é o princi- parte da concepção da personagem de Bolsas paranaenses nas novelas da Globo gem. “Ela leva mais de quatro horas para de figurinistas que a convidaram para criar As bolsas em formato de comida fazem sonalizado e vai ao encontro do gosto e da vidade com que elas são feitas”, diz a empresária, que já pensa em alçar voos mais tação”, destaca. De olho no mercado Além das novelas, claro, existem outras maneiras de chamar a atenção do público e Para ela, essa personalização do produto é o principalmente se o produto em questão é mercado. O atendimento acaba sendo exclusivo também e acontecendo não apenas no momento da venda, mas depois que o cliente adquire o produto. “Damos assistência técnica e se acontece algum problema que não podemos consertar, oferecemos outro O produto tem que saltar aos olhos e o empreendedor deve analisar o mercado para saber a melhor forma de fazer com que isso aconteça altos. “Meus planos futuros são de expor- personalidade do cliente. que faz com as peças ganharem destaque no Mercado Já para a personagem de Vera Holtz em cia de consumo para milhares de brasilei- obter projeção nacional e até internacional, exclusivo. Foi o que aconteceu com dois projetos sociais liderados pela designer Luciana Marinque Braga. O EcoCalema, da cidade de Capitão Leônidas Marques, e o Ecojoias, da cidade de Corbélia, são realizados por mulheres com renda familiar baixa, que produto no lugar”, exemplifica a designer. A projeção das suas peças começou quando ela decidiu apoiar algumas peças de teatro e presenteou atrizes com suas bolsas. A di- Foto: La Imagen Foto: Luiz Costa/La Imagen Projeção As novelas ‘globais’ sempre foram referên- vulgação foi acontecendo no boca a boca até que a área comercial da Rede Globo a Empresas paranaenses apostam na exclusividade para alcançar projeção nacional e, com produtos diferenciados, conquistam mercado convidou para criar algumas peças que apareceriam nas novelas da emissora. Primeiro foi a vez de personagens de “Amor à Vida” usarem os acessórios. A coleção apresentada na novela foi desenvolvida depois de uma extensa pesquisa na cidade ita- Por Katia Michelle Bezerra liana de Camerino. Inspirada na cultura italiana, a Nuova Collezione mistura formas clássicas com geométricas e também apos- Luciana Braga, designer ta na exclusividade. 66 67 estratégia e mudar. Essa visualização é fundamental para obter sucesso, conforme analisa a consultora do Sebrae/PR. Avaliar o produto e questionar se há melhorias para realizar, sair da rotina e avaliar outras possibilidades do mercado são questões fundamentais para conquistar o crescimento e a projeção no mercado. Tudo isso, claro, destacando o profissionalismo. “Não dá para atirar para todo lado, é preciso ter foco, adequação e – principalmente – ser profissional. O mercado não tem espaço para amadorismo”, conclui Carla Werkhauser. Ela exemplifica com uma empresa que já tinha expertise de décadas em camisaria masculina e decidiu abrir o mercado também para a camisaria feminina. A empresa conseguiu analisar o mercado, estabelecer uma Confira as dicas da coordenadora estadual do Setor de Vestuário do Sebrae/PR, Carla Werkhauser, para se destacar no mercado. Desfile com peças Ecocalema e Ecojoias encontraram no artesanato uma oportuni- guês e – além disso – possuem aroma espe- dade de melhorar de vida. cífico. “Temos toda uma preocupação com a “Essas mulheres trabalhavam com artesanato de repetição, com muita cópia e sem Não dá para atirar para todo lado, é preciso ter foco, adequação e, principalmente, ser muito profissional nossos produtos”, diz Luciana Braga. Os dois projetos sociais, no entanto, tiveram desenvolvendo uma linha de produtos para patrocínio encerrado nos municípios. Isso cada uma dessas cidades”, conta a designer. não impediu Luciana de levar a ideia adiante. No projeto Ecocalema, por exemplo, a linha Ela está estruturando uma empresa que vai de bolsas, colares e pulseiras foi trabalhada garantir que as mulheres artesãs que partici- em trançado de palha de trigo. “Uma técni- pam do projeto continuem trabalhando nas ca passada de pai para filho e que estava peças. “A maior dificuldade é colocar os pro- esquecida. Nós agregamos o design e con- dutos no mercado, mas essa etapa já pas- seguimos inserir o produto no mercado de sou”, conta, citando a repercussão positiva moda”, conta Luciana. dos produtos criados. A empresa ainda está Frankfurt, na Alemanha, e em Paris, na França. No ano passado, estiveram presentes no em fase de estruturação, mas quer valorizar o trabalho artesanal agregando design e buscando mercados diferenciados para o produ- Paraná Business Collection e, este ano, esta- to, principalmente no universo da moda. vam à venda na SPFW Pop up, uma loja mon- Sem segredos tada durante a maior semana de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week. Para conquistar o mercado e projetar-se – “A exclusividade é fundamental para a in- seja nacional ou internacionalmente – não serção no mercado da moda e também para existe segredo, “mágica” ou “receita de obter sucesso”, enfatiza. bolo”, como revela a consultora e coordena- No projeto de Ecojoias, todas as peças são feitas com metais banhados a ouro. Trabalhar com semi-joias, conforme revela Luciana, foi uma escolha exatamente por conta da exclusividade. “Pouca gente trabalha com esse mercado”, analisa. Peças banhadas a outro são misturadas a resíduos têxteis e a pedras naturais. Os produtos ga- 68 embalagem para diferenciar ainda mais inovação, o que fizemos foi agregar valor, Os produtos foram expostos nas feiras de Foto: Luiz Costa/La Imagen Foto: La Imagen está inserido para saber a melhor forma de fazer com que isso aconteça”, diz. O caminho para o reconhecimento, no entendimento de Carla Werkhauser, está na empresa expandir a visão de mercado. Para ela, muitos empresários, focam apenas no seu cotidiano e não ampliam os horizontes para saber se existem outras oportunidades de investimento. 1 Avalie o seu produto e questione se há melhorias a realizar. Saia da rotina e analise outros mercados em potencial. 3 Planejamento e capacidade de adequação são fundamentais para o crescimento. dora estadual do Setor de Vestuário do Se- 2 Trace uma estratégia para atingir outros nichos de mercado. Elyane Fiuza, empresária 4 brae/PR, Carla Werkhauser. “O que vale para um empreendedor, pode não valer para outro”, ressalta. Segundo ela, o produto não pode ter apenas qualidade, já que qualidade é obrigação. Não importa a área, o produto precisa ter um diferencial e buscar destaque de forma inovadora. nham etiqueta com o selo “Feito por “O produto tem que saltar aos olhos e o em- pessoas”, com descrição em inglês e portu- preendedor deve analisar o mercado em que 5 Aposte na inovação e no profissionalismo. Saiba mais Conheça mais sobre a personagem Dona Redonda, da novela Saramandaia, que usa as bolsas exclusivas feitas pela empresária paranaense Elyane Fiuza: http://goo.gl/Aowuw 69 Feira do Empreendedor Fotos: La Imagen Histórias como as dos amigos Luciano Borges Pereira e José Santos. Eles são empresários e visitaram a Feira do Empreendedor em busca de oportunidades de negócios. Ambos tiveram interesse em adquirir uma máquina de personalização de brindes, uma das 60 ideias de negócio apresentadas presencialmente no evento. “Já fiz várias capacitações do Sebrae/PR e achei essa feira muito completa. Trabalho com marketing para micro e pequenas empresas, que não costumam fazer brindes em grandes quantidades. Com a aquisição da máquina, eu poderei atendê-los com pequenas quantidades e, dessa forma, agregar mais um setor na minha empresa”, afirma Luciano, que ainda está em negociação com a empresa fornecedora da máquina. Para José, “a máquina de brindes será utilizada para presentear os meus clientes”. “Acredito que possa ser um fator de decisão na hora da venda dos produtos de limpeza que minha empresa comercializa”, reforça. Feiras e eventos Aproximadamente 13,5 mil empresários e potenciais empresários de micro e pequenas empresas participaram da Feira do Empreendedor 2013 – Paraná, totalizando mais de 17 mil visitas. Essa edição, que aconteceu de 21 a 24 de março em Curitiba, será lembrada pelas histórias. Ambos assistiram diversas palestras ministradas na Feira. “Aprendi muito aqui no evento. A Feira do Empreendedor é uma ‘escola’ de empreendedorismo. Na palestra do economista Ricardo Amorim, por exemplo, vi que preciso ter uma visão macroeconômica de onde eu quero estar daqui dez anos e como a minha empresa deve estar posicionada no mercado”, diz Luciano. Força empreendedora Para Edson Campagnolo, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), que esteve na abertura do evento como representante do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, o sucesso da Feira do Empreendedor confirma o crescimento do interesse paranaense pelo empreendedorismo. “O evento se consolida a cada edição e é uma oportunidade imperdível para aqueles que querem começar e para aqueles que já têm micro e pequenas empresas.” Campagnolo destacou a força empreende- O espaço criado para o evento, com games empresariais para quem tem empresa e para quem quer abrir, foi acessado por mais de 4 mil visitantes dora encontrada em todas as regiões do Paraná. “Nosso Estado é reconhecidamente um estado empreendedor. Transformou-se num grande celeiro de empreendimentos de sucesso graças à força de homens e mulheres”, disse. Foto: Carlos Poly/La Imagen Sucesso de público (e crítica) Maior evento de empreendedorismo do Estado contou com presença maciça de empresários e potenciais empresários da Grande Curitiba Edson Campagnolo, vice-presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR e presidente da Fiep Por Leandro Donatti 70 71 Foto: Daniel Dereveki/La Imagen Artigo não perdoa arrogância Mais de 7,5 mil pessoas nas palestras-magna Campagnolo também relembrou sua própria trajetória como empreendedor, até a fundação da Rocamp, indústria de confecção instalada em Capanema, no sudoeste do Paraná. “Há 23 anos eu estava na mesma posição de vocês, em busca de oportunidades e através do Sebrae/PR eu pude percebê-las. Hoje minha empresa tem aproximadamente 350 funcionários e fabrica uniformes para grandes times do futebol brasileiro”, afirmou. Além de aconselhar os participantes da Feira e se capacitarem antes de entrar no mundo dos negócios e apostarem na inovação, o presidente da Fiep afirmou que a perseverança é fundamental para quem quer ter sucesso no mundo empresarial. “É preciso ter fé sempre e nunca desistir dos seus objetivos”, declarou. Resultados Realizada de dois em dois anos, a Feira do Empreendedor faz parte de um circuito nacional. O evento, em Curitiba, registrou a participação maciça de microempreendedores individuais – recém-saídos da informalidade e que faturam até R$ 60 mil ao ano; e de interessados em se formalizar e ampliar seu conhecimento em empreendedorismo e negócios. Os visitantes encontraram - gratuitamente e num só lugar – informações; games empresariais; loja-modelo com tendências em 72 varejo; oportunidades de negócios, presenciais e virtuais, para Curitiba e Região Metropolitana; cinema 5D sobre sustentabilidade; e orientações com especialistas do Sebrae/PR. A Feira do Empreendedor ofereceu também aproximadamente 180 palestras, com duração média de uma hora cada, sobre temas relevantes para o dia a dia empresarial como gestão de negócios, tendências de mercado, inovação, economia criativa, startups e comportamento empreendedor. Só as palestras-magna, realizadas no Teatro Positivo, ao lado da área de exposição do ExpoUnimed, com um ‘time de feras’ formado pelo apresentador Serginho Groisman, pelo empresário Mario Gazin, pelo economista Ricardo Amorim e pelo especialista em interatividade Walter Longo, mobilizaram mais de 7,5 mil empresários e potenciais empresários, nos quatro dias de evento. A edição ficará marcada pela seleção de oportunidades de negócios; disseminação de conhecimento para abertura e fortalecimento de empresas; orientações sobre administração, gestão financeira, inovação; e por oferecer tudo o que o empresário precisa para tornar o seu negócio mais lucrativo. A Feira do Empreendedor deixa um legado de progresso e desenvolvimento, que vai ser sentido nos próximos anos não só em Curitiba e Região Metropolitana, raio de abrangência do evento, mas em todo o Paraná. Foto: Ruy Prado Cliente Eloi Zanetti é consultor e palestrante em Marketing, Comunicação Corporativa e Vendas. Acesse www.eloizanetti.com.br Por Eloi Zanetti Na hora do almoço e ao passar em frente a serviços exclusivos pelo maior tempo possí- aparecem, concorrentes se instalam ofere- A inovação também ficará como marca registrada. O espaço criado para o evento, com games empresariais para quem tem empresa e para quem quer abrir, foi acessado por mais de 4 mil visitantes. Um sinal de que os empreendedores buscam formas alternativas de obter conhecimento. um restaurante famoso, fiquei triste ao vel é o sonho de todos os empresários, mas cendo produtos e serviços melhores e mais constatar que quase não havia movimento, tratar mal e de forma arrogante esses clien- baratos. O cliente maltratado vê a oportu- poucos carros no estacionamento, salão va- tes não é boa política comercial. Hoje, o nidade da desforra e migra para outros lu- zio e garçons encostados. Por instantes acesso a novos fornecedores está mais fá- gares. O orgulhoso só perceberá a perda tive pena em ver aquele estabelecimento, cil, substituições podem ser feitas a qual- com o correr do tempo. A decadência se antes tão conceituado e bem frequentado, quer hora em qualquer lugar do mundo. instala de forma lenta e gradual. A história geralmente começa assim: com a Por isso, cuidado: quando sua empresa esti- Para Joana D’Arc Julia de Melo, coordenadora estadual da Feira do Empreendedor 2013 - Paraná, o evento “cumpriu sua missão que é proporcionar experiência empreendedora, por meio de ambiente de oportunidades, conhecimento e inovação, que impulsione a concretização dos sonhos dos participantes.” Outros congêneres na mesma região esta- casa lotada ou a carteira cheia de pedidos, o ver por cima, vendendo bem e a casa cheia, vam lotados. Lembrei-me também de que pessoal do atendimento começa a fazer faça um exercício de humildade. Fique aten- há muito tempo não entrava naquela casa. corpo mole e a colocar aqueles que preci- to em como o seu pessoal anda tratando a O que teria acontecido para tal perda de sam atender em filas e esperas sem neces- freguesia. Observe você mesmo como os em tal estado de abandono. fregueses? Por que só agora tive esta percepção de decadência? Ando mais algumas quadras e a memória me refresca: talvez a consequência fora a dos seus proprietários e atendentes terem assumido um dos piores pecados do ser humano - a arrogância. Clientes suportam o comportamento so- Saiba mais Acesse www.feiradoempreendedorpr.com.br sidade. Muitos assumem ares e comportamentos prepotentes e mal-educados. Não dão atenção às reclamações, não querem conversa, não respondem a pedidos de informações, desprezam com empáfia clientes e subestimam concorrentes. seus compradores estão se comportando, converse com eles, pergunte suas opiniões sobre o atendimento e tente descobrir o que o seu pessoal está fazendo de errado. Bom restaurante é aquele em que o dono anda por entre as mesas conversando com seus clientes, garçons ficam mais atentos e berbo dos seus fornecedores enquanto É só fazer um pouco de sucesso que algu- precisam deles por uma dependência qual- mas empresas aproveitam a oportunidade quer, mas na primeira oportunidade darão para aumentar preços e a impor condições o merecido troco. Aconteceu com esse res- draconianas. “Quer ou não quer? Se não, taurante e acontecerá com tantas outras procure outro lugar”, dizem do alto das empresas que, quando estão vendendo suas vaidades, sabendo que o pobre clien- bem, começam a tratar com desprezo, de- te, naquela ocasião não tem mais opções de satenção e a fazer exigências absurdas, escolha. O sucesso cega qualquer um. àqueles que as ajudaram a subir. O tempo passa e o velho slogan de uma da mesma categoria e uma das característi- Manter clientes vinculados às suas empre- transportadora paulista: “O mundo gira. A cas do arrogante é não querer ouvir o que sas por meio de processos, sistemas de ven- Lusitana roda”, ainda é válido para explicar os outros têm a dizê-lo. Primeiro passo para das, produtos, máquinas, equipamentos e as muitas mudanças da vida: novas opções a derrocada. o pessoal da cozinha capricha mais. Se até o Papa tem um assistente para lembrar-lhe sobre a sua condição de mortal, sussurrando ao seu ouvido a frase “Sic transit gloria mundi”, ou seja, a glória é passageira, por que a nós não cabe uma reflexão sobre nosso comportamento? A arrogância, a soberba e a vaidade são pecados capitais 73 a vez do avô e depois do pai manter a tradi- mil habitantes, Bituruna está localizada na ção, desta vez em Bituruna, região que es- região centro-sul do Estado. A economia colheram para viver. do município é movimentada pela extra- Foto: Rodrigo Czekalski/La Imagen ção de madeira, de um polo têxtil em desenvolvimento e da agroindústria, mas é na produção de uva e de vinhos que os biturunenses, principalmente os pequenos produtores rurais, estão enxergando uma alternativa para transformar suas propriedades em empreendimentos rentáveis. A valorização da fruta e da bebida ganhou força nos últimos dez anos, mas se intensificou a partir de 2011, quando o Sebrae/PR “Como as pessoas gostavam e elogiavam a bebida, ele percebeu que aquela tradição poderia se transformar em um negócio.” Nascia então, em 2005, a Vinícola Bertoletti. Competitividade uva e fabricação de vinho na cidade. Até Bituruna foi um dos objetivos do progra- abril deste ano, nove produtores da fruta e ma de boas práticas agrícolas implanta- proprietários de quatro vinícolas participa- do na cidade. “Identificamos a capacida- ram de projeto-piloto que teve o objetivo de existente em Bituruna e decidimos de ensinar o manuseio correto da uva para ajudar os produtores, primeiro para a aumentar a qualidade da matéria-prima, produção de uva de qualidade e depois melhorar o produto final e ampliar a quan- para o correto processamento do vinho, tidade produzida. tudo para alavancar a competitividade pou da capacitação do Sebrae/PR e que tem tirado bom proveito dos ensinamentos que recebeu. “As atividades foram boas e abriram nossa visão para o negócio. Percebemos que acompanhando a 74 servir às pessoas que visitavam a casa. dutores de uva e fabricantes de vinho de maiores de Bituruna, conta que partici- Por Adriana Bonn eram usadas para consumo da família e para boas práticas agrícolas para a produção da que leva o nome da família, uma das Produtores de Bituruna, no interior do Paraná, descobrem na uva e no vinho uma atividade rentável em pequenas propriedades sim produzia pequenas quantidades que Ampliar essa visão empresarial dos pro- tra junto com mais três irmãos a vinícola Um ‘brinde’ ao sucesso vasilhames para elaborar vinho e mesmo as- passou a oferecer uma capacitação de A enóloga Eliane Bertoletti, que adminis- Claudinei e Eliane Bertoletti, produtores Eliane conta que no começo o pai não tinha tecnologia e a evolução podemos ter melhores resultados.” deles no mercado nacional”, explica a consultora do Sebrae/PR, Maria Isabel Rosa Guimarães. Durante a capacitação, os vitivinicultores (produtores de uva e vinhos) aprenderam os princípios e regras para o correto manuseio do alimento, desde a matéria-prima até o produto final, com o objetivo de garantir a qualidade sanitária e conformidade dos produtos com os regulamentos técnicos. Entre os temas abordados na capacitação estavam os controles da con- Bisneta dos primeiros imigrantes italianos taminação pelo ambiente, pelo produtor e que foram destinados inicialmente à serra por uso de produtos químicos, controle de gaúcha, em 1875, Eliane conta que durante pragas, água, limpeza e instalações. a capacitação ela e o irmão Claudinei aprenderam a fazer a gestão de segurança, atendimento à legislação, ter controle de produção e, principalmente, implantar sistemas de produção, que mostram a importância de se fazer registros, desde o plantio até a industrialização. “Antes de participar do curso, não tínhamos nada no papel e agora aprendemos a fazer tabelas de controle”, explica. Associativismo Boas práticas Com uma população de pouco mais de 16 Bituruna está sendo estudada para um trabalho de Identificação Geográfica (I.G.), devido ao clima e solo muito favoráveis ao cultivo de uvas Maria Isabel Guimarães informa que Bituruna está sendo estudada para um trabalho de Identificação Geográfica (I.G.), devido ao clima e solo muito favoráveis ao cultivo de uvas. A I.G. garante a origem, os processos de produção e algumas características sensoriais dos produtos de uma determinada região, conferindo-lhes destaque no mercado brasileiro e internacional. De acordo com a enóloga, até então a Viní- Diagnóstico nacional cola Bertoletti usava um sistema antigo de O potencial vitivinicultor de Bituruna foi controle, implantado ainda pelo pai, Car- identificado em um levantamento nacio- los, proprietário da empresa, há quase três nal das regiões produtoras de uva e vinho décadas. A produção de uva e vinho vem e de caracterização de roteiros de enotu- de gerações na família. O bisavô chegou ao rismo no Brasil realizado pelo Sebrae Na- Brasil e na bagagem trouxe mudas de vi- cional, em parceria com o Instituto Brasi- deiras, que foram plantadas em Bento leiro do Vinho (Ibravin), que tem sede em Gonçalves, Rio Grande do Sul. Em 1927, foi Bento Gonçalves. 75 de uva de Bituruna, mas também dos co- suco de uva que produz e que apenas 5% na, o trabalho conjunto tem metas para os merciantes da cidade. Bituruna recebe da uva de mesa são destinadas à exporta- vitivinicultores de todo o País, entre elas o anualmente, em média, 50 mil visitantes. ção. Menos de 1% dos vinhos produzidos aumento da comercialização de vinho, ca- Muitos chegam à cidade para participar no país é comercializado no mercado ex- pacitação das empresas para o mercado principalmente das festas da Uva e do Vi- terno. Hoje 22 países compram o vinho nacional e facilitação do acesso a informa- nho, criadas para aproveitar o atrativo brasileiro, entre eles os Estados Unidos, ções de mercado para as pequenas e mé- existente no município. Otimistas com o Alemanha, Inglaterra e República Tcheca. dias vinícolas. futuro, os biturunenses querem agora fa- Em Bituruna, de acordo com a consultora do Sebrae/PR, os resultados estão sendo favoráveis. “O melhoramento da produção da uva e da elaboração do vinho é visível”, diz Maria Isabel Guimarães. A Viníco- rismo na região. Destaque nacional A viticultura (produção de uva) no Brasil oferecida pelo Sebrae está mudando a surgiu no século 16 com a chegada dos co- realidade dos produtores e empresários lonizadores portugueses. O cultivo da fru- do setor do município. ta se espalhou por todas as regiões, mas quando iniciou o curso, a vinícola da família processava 50 mil litros de vinho por ano, finos e de mesa, produção que saltou para 80 mil litros em 2012. A meta agora é aumentar a industrialização da bebida em 10 mil litros a cada ano. Eliane diz ainda que a empresa, que hoje usa tecnologia de ponta na produção de seus produtos, tem planos audaciosos para a fabricação de suco de uva, que também tem boa aceitação. Em cinco anos a empresária pretende aumentar de 30 mil para 100 mil litros/ano a produção. Para mente abastecidas com a uva produzida no A produção nacional de uva chega a 1,2 milhão de toneladas por ano, do qual 45% são destinados para a elaboração de vinho, sucos e outros derivados restrita às regiões sul e sudeste. No Paraná, a consolidação da viticultura tropical foi consolidada dez anos depois. A partir de 1990 surgiram no país vários polos, voltados à produção de uvas de mesa e de uvas para a elaboração de vinho e suco. tares, com vinhedos existentes desde o extremo sul até regiões próximas à linha do Equador. Em função da diversidade ambiental, há polos com características de regiões temperada, subtropical e tropical. ro do Vinho (Ibravin), a produção nacional de uva chega a 1,2 milhão de toneladas mudas de videiras, incentivos que serão por ano. Deste total, aproximadamente pagos com uva três anos depois, quando 45% são destinadas para a elaboração de tem início a primeira safra da fruta. vinho, sucos e outros derivados. Os 55% restantes são comercializadas como uvas de mesa. mercializa, além de vinho e suco de uva, Do total de produtos industrializados, 77% geleia e a fruta in natura, na época de sa- são vinhos de mesa e 9% sucos de uva, ela- fra, que acontece no início de cada ano. borados a partir de uvas de origem ameri- Eliane conta que 70% de todos os produ- cana, 13% vinhos finos e 1% outros deriva- tos são vendidos no balcão, principalmen- dos de uva e vinho. carro próprio. de acordo com o Ibravin. Até a década de 1960, a viticultura ficou empresa. Todos recebem adubo, arame e turistas que chegam à cidade de ônibus e tinadas à produção de vinhos espumantes, na região sul, a partir de 1875. De acordo com dados do Instituto Brasilei- te para viajantes que passam pela região e ões do planeta para o cultivo de uvas des- que imigrantes italianos se estabeleceram produtores trabalhando em parceria com a da de Bituruna, a Vinícola Bertoletti co- País é considerado uma das melhores regi- cialmente no início do século 20, depois município. A Vinícola Bertoletti possui 40 Localizada na margem da PR-446, na entra- do já está sabendo disso. Atualmente, o no País. A atividade só foi liberada comer- uma área de aproximadamente 77 mil hec- vinícolas existentes em Bituruna são total- produção de vinhos de qualidade e o mun- diu a produção e comercialização de vinho Atualmente, a viticultura no Brasil ocupa uva”, explica Eliane. Atualmente, as quatro vido uma capacidade cada vez maior para a gal proibiu o plantio de uvas, o que impe- fabricação da bebida. incentivar os agricultores a produzir mais A boa notícia é que o Brasil tem desenvol- em 1789, um decreto assinado por Portu- isso, planeja construir uma nova área para “Para atingirmos essa meta teremos que 76 propulsora para o desenvolvimento do tu- la Bertoletti é prova de que a capacitação A enóloga Eliane conta que em 2011, Claudinei Bertoletti, produtor zer com que a uva e o vinho sejam a mola Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen Foto: Rodrigo Czekalski/La Imagen Assim como para os produtores de Bituru- Saiba mais Grande parte da produção nacional da uva Quer saber mais sobre vitivinicultura? Acesse o site do Ibravin, no www.ibravin.org.br. e do vinho é destinada ao mercado interno. O suco de uva é o principal produto ex- Para a enóloga, a capacitação do Sebrae portado. Dados do Ibravin mostram que o não mudou apenas a vida dos produtores Brasil vende para outros países 15% do Maria Isabel Guimarães, consultora 77 papel da universidade é oferecer cursos e pro- Universidade Federal do Paraná (UFPR), e mem- gramas de capacitação de novos empreende- bro do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, dores e o desenvolvimento de negócios. Zaki Akel Sobrinho, aprendeu, desde pequeno juntamente com os quatro irmãos mais velhos (Ardisson, Omar, Ricardo e Naim Filho), as inúmeras lições do comércio na loja dos pais Naim e Lourdes, a Kiko Moda Infantil. que esta é a realidade da maioria das universi- bra com carinho. Atualmente, procura apoiar as dades e cursos no Brasil. No entanto, na sua filhas em suas iniciativas empreendedoras e opinião, algumas soluções já estão sendo imple- fica muito orgulhoso por suas vitórias. Mas as mentadas. Por exemplo, várias das disciplinas alerta para a necessidade de um plano de negó- da UFPR já contam com estratégias de aprendi- O reitor da UFPR aponta duas formas das uni- cios e estruturar-se bastante para buscar con- zagem mais dinâmicas, focadas mais no com- versidades estimularem a inovação nas empre- cretizar suas iniciativas. “Minha filha mais nova portamento empreendedor e menos na assimi- sas. A primeira delas é por meio de políticas e seu sócio fizeram curso no Sebrae e, inclusive, lação de teorias. públicas. “A universidade tem contribuído para receberam apoio de um consultor para elaborar A força do ensino superior a compreensão do empreendedorismo, de- Graduado em Administração pela UFPR, com organizações.” Esses conhecimentos são utili- Mestrado em Administração pela Universidade zados para o desenvolvimento de políticas pú- Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em blicas mais coerentes e eficientes, na sua ava- Administração pela Universidade de São Paulo liação. “A segunda forma é pela formação (USP), Zaki Akel Sobrinho vê o ensino superior acadêmica, formando alunos/cidadãos capa- como um dos responsáveis pelo aumento do zes de gerenciar o processo de inovação e cria- número de empreendedores por oportunidade ção de valor”, acrescenta. luiu muito no Brasil. “Desde os anos 1980, com os sucessivos planos econômicos, sabe-se que o primeiro sonho do brasileiro é a casa própria e, em segundo lugar, a empresa própria. Esse im- no Brasil. necessário ao desenvolvimento dos negócios. Por outro lado, elas conseguem lidar com as incertezas típicas da criação e do desenvolvimento de novos negócios de forma especial.” senvolvimento regional, inovação e gestão de No tocante ao fortalecimento das empresas pulso de tornar-se seu próprio patrão é muito “Podemos perceber isso em nossas salas de brasileiras, Zaki Akel Sobrinho acredita que o forte e está presente em muitas pessoas de di- aula. Há pouco tempo (em torno de cinco anos) maior investimento deve ser feito em proces- versos níveis socioeconômicos, independente tínhamos bem menos pessoas interessadas nas sos de gestão, transferindo conhecimento de gênero”, explica. disciplinas de empreendedorismo ou em abrir para os empresários e executivos, deixando-os um novo negócio. Hoje, essa realidade é muito mais bem preparados para lidar com um mun- diferente. Várias empresas têm sido abertas an- do em constante transformação. Entre as áre- tes mesmo dos nossos alunos se formarem. as empresariais que podem ser fortalecidas na Nossa contribuição tem sido dada na produção avaliação do reitor e conselheiro do Sebrae/PR e socialização do conhecimento, nos mais dife- estão a inteligência competitiva, desenvolvi- rentes níveis de formação. Isso envolve a pes- mento de competências nas diversas áreas te- quisa de novos mercados; desenvolvimento de máticas, preparação do grupo de colaborado- novos produtos e serviços, bem como a forma- res, uso de ferramentas de tecnologia da ção de quadros técnicos para a exploração de informação, criação de estratégias competiti- novas oportunidades.” vas diferenciadas, melhorar a estrutura de ca- Para Zaki Akel Sobrinho, a universidade é uma das melhores formas de se praticar o empreendedorismo. No caso dos alunos, oferecendo conteúdos relacionados ao empreendedorismo. “Em nossa universidade, isso é trabalhado em disciplinas específicas, mas também como conteúdo transversal ministrado em vários cursos e disciplinas. Além disso, existem vários projetos de extensão, como a oficina de empreendedorismo e gestão, e a incubadora de empresas que oferecem uma base para o com- O empreendedorismo feminino tem crescido portamento empreendedor.” em todo o mundo nas últimas décadas e as bra- pital, investimento em inovação e programas de comunicação integrada. sileiras estão entre as mais empreendedoras do Como conselheiro do Sebrae/PR, Zaki Akel So- mundo. O aumento da participação feminina na brinho tem acompanhado de perto a evolução vida econômica do País está intimamente liga- dos programas e atividades destinados às mi- do ao avanço delas na formação educacional e cro e pequenas empresas, cujos números têm também nas mudanças na estrutura familiar. apresentado um crescimento exponencial. Para Zaki Akel Sobrinho, o empreendedorismo “São inúmeras iniciativas, visando não apenas A academia também pode ajudar os pequenos é uma atividade dinâmica e multifacetada. A disseminar o espírito empreendedor, como negócios através de pesquisa e extensão. Para identificação e exploração de novas oportuni- também dar suporte de modo concreto à me- o reitor da UFPR, pela pesquisa a universidade dades envolvem tanto questões racionais quan- lhoria da tecnologia de gestão, ao aconselha- contribui para a compreensão do empreende- to subjetivas. “Nessas duas vias as mulheres mento e orientação estratégico e tático-opera- dorismo e da gestão. “A academia pode tam- têm oferecido respostas interessantes. Em pri- cional, além de uma grande diversidade de bém aprimorar as práticas empreendedoras e meiro lugar, com o aumento da participação das eventos e exposições que oportunizam a troca direcionar o desenvolvimento de políticas pú- mulheres no mercado de trabalho e nas salas de experiências e debate sobre as tendências blicas”, informa. Já por meio da extensão, o de aula, elas têm dominado o conteúdo técnico nos diversos setores do mundo dos negócios.” Quanto aos professores e técnicos, a universidade pode contribuir por meio de um ambiente que incentiva e promova ações empreendedoras, como projetos de pesquisas e projetos 78 leiros não está preparada para empreender e cursos nessa área, Zaki Akel Sobrinho concorda nas últimas décadas, o empreendedorismo evo- Por Mirian Gasparin maior parte dos estudantes universitários brasi- foram muito exercitados naquele período, lem- mandato consecutivo e conselheiro do Sebrae/PR, Para conselheiro do Sebrae/PR, ambiente acadêmico é uma das melhores formas de se praticar conhecimento em pequenos negócios rismo em todo o mundo, que aponta que a que as universidades do País ainda carecem de Na avaliação do reitor da UFPR pelo segundo na universidade entidade dedicada a difundir o empreendedo- pessoas, em especial, colaboradores e clientes, bam de iniciar”, relata Akel Sobrinho. Empreendedorismo Sobre a pesquisa recente feita pela Endeavor, Iniciativa, resiliência, pró-atividade e foco nas o plano de negócios para a empresa que aca- Zaki Akel Sobrinho, conselheiro do Sebrae/PR e reitor da UFPR Personalidade Foto: UFPR Zaki Akel Sobrinho Reitor da universidade mais antiga do Brasil, a de extensão. 79 O Sebrae/PR intensificou ainda mais o atendimento prestado aos empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas dos municípios que formam a região central do Paraná. O escritório da entidade em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, transformou-se, desde abril, em sede regional, e passou a ser responsável por levar e disseminar soluções empresariais para 46 municípios da região. A Regional Centro, como passou a ser chamada, é a sexta regional do Sebrae/PR e nasceu com o desmembramento da extinta Regional Centro-Sul, com sede em Curitiba. Agora, além da Regional Centro, o Sebrae/PR tem a Regional Leste, com sede em Curitiba; a Regional Norte, com sede em Londrina; a Regional Noroeste, com sede em Maringá; a Regional Oeste, com sede em Cascavel; e a Regional Sudoeste, com sede em Pato Branco. As Regionais do Sebrae/PR são polos distribuídos nas principais regiões do Estado, dotadas de infraestrutura física e de uma equipe técnica própria e preparada para a execução de projetos e ações para o atendimento de clientes sob sua jurisdição. A Regional Centro do Sebrae/PR funciona no mesmo endereço, na Avenida João Manoel dos Santos Ribas, nº 500, Bairro Nova Rússia. 80 Giro pelo Paraná Também por conta do desmembramento da antiga Regional Centro-Sul do Sebrae/PR, novo escritório do Sebrae/PR, vinculado à Regional Leste, começou a funcionar, em junho, em Paranaguá. A estrutura conta com equipe para atender empreendedores, empresários e potenciais empresários de sete municípios do litoral paranaense: Antonina, Morretes, Guaraqueçaba, Pontal do Paraná, Paranaguá, Matinhos e Guaratuba. O novo escritório, recém-criado, vai potencializar as ações do Sebrae/PR no Litoral. A entidade já desenvolve inúmeros projetos com foco no turismo local; no empreendedorismo; na qualificação para atender a cadeia produtiva do petróleo, gás e energia; e na Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. O escritório no Litoral fica na Avenida Gabriel de Lara, nº 1.404, Bairro Leblon. Minimercados O Sebrae/PR e o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR firmaram, em junho, convênio para a execução do Projeto Varejo TOP Loja Minimercados. A iniciativa propõe qualificar e elevar a performance das micro e pequenas empresas do segmento para competir com grandes redes que passaram a atuar também no formato de minimercados nos bairros. O segmento corresponde, no Brasil, a mais de 400 mil empreendimentos, e é o segundo maior em número de lojas no setor do comércio varejista, ficando atrás do segmento de vestuário, acessórios e calçados. Participaram também da assinatura do termo de cooperação técnica do Projeto, na sede do Sebrae/PR, em Curitiba, outros dois parceiros da iniciativa, o Sindicato do Comércio Atacadista (SINCA) e a Associação Paranaense de Supermercadistas (APRAS). O Varejo TOP Loja Minimercados será realizado em quatro municípios paranaenses, em 2013. Em Ivaiporã e Francisco Beltrão, o Projeto já está em andamento. Em Curitiba e Ponta Grossa, iniciou no mês de julho. Rede Farmácias de pequeno porte, familiares e tradicionais, encontraram na união a força que faltava para competir num mercado acirrado de grandes marcas. Mesmo em cidades diferentes - Toledo, Formosa do Oeste, Mercedes, Entre Rios do Oeste, Marechal Cândido Rondon, Palotina, Guaíra e Maripá -, 15 farmácias conseguiram, por meio de uma metodologia própria para a formação de centrais de negócios, desenvolvida pelo Sebrae, encontrar um novo modelo para os negócios: o associativismo. A necessidade de um novo caminho era clara, para os empresários da central de negócios Rede Mega Farma. Grandes fusões acabaram extinguindo farmácias pequenas, tradicionais nas cidades. Com menor competitividade, compreenderam que era a hora era de buscar um diferencial para sobreviver. Hoje, as farmácias estão constituídas em uma associação; desenvolveram um sistema de compras em grupo, com melhores preços junto aos laboratórios farmacêuticos; criaram uma marca em conjunto; e desenvolvem o marketing, com campanhas, tabloide, sacolas e fachadas. Pocket Foto: La Imagen Regional Escritório Foto: La Imagen Sebrae/PR Já estão disponíveis no portal do Sebrae/PR (www.sebraepr. com.br) os novos vídeos da série Sebrae Pocket. São dez miniaulas sobre gestão de negócios. Gratuito, o conteúdo da segunda edição tem como proposta facilitar o acesso a informações práticas que possam ser aplicadas no dia a dia dos pequenos negócios. A expectativa é que a segunda edição tenha o mesmo sucesso da primeira, apresentada em 2012. O Sebrae Pocket recebeu, em sua primeira edição, mais de 9 mil visualizações e foram distribuídos 20 mil dvds com o conteúdo, apenas para empresários com atividades no Paraná. Nesta edição, os novos vídeos estão mais ‘encorpados’ e têm duração média de dez minutos. Para serem acessados, os empresários devem preencher um cadastro com informações básicas. Dentre os temas dos da segunda edição: “Liderar: ciência, arte ou prática?”; “Como criar o modelo de negócios para minha empresa?”; “Como dar um feedback para meu funcionário?”; “Como atender bem o meu cliente?”; e “Como formar e reter talentos na minha empresa?”. Pinhão O 1º Festival de Lazer e Gastronomia Rotas do Pinhão segue até o próximo dia 11 de agosto. O evento, para destacar os atrativos turísticos e gastronômicos de 15 estabelecimentos localizados na Região Metropolitana de Curitiba, foi idealizado para divulgar e para valorizar o potencial turístico de pequenas pousadas, hotéis, spas, ‘pesqueiros’, restaurantes e chácaras. Durante o período, é possível provar pratos com a semente-símbolo do Paraná, elaborados exclusivamente para o Festival, e desfrutar de atividades ligadas ao turismo. Os visitantes que comprovarem presença em três estabelecimentos da Rotas do Pinhão, como a região ficou conhecida, concorrem a prêmios, que incluem diárias e almoços gratuitos. Durante o lançamento do Festival, em junho, no Mercado Municipal de Curitiba, estima-se que mais de 2.400 pessoas puderam provar as receitas com pinhão e conhecer os destinos integrantes da Rotas do Pinhão. Foram servidas 7.200 porções de pratos, como pesto de pinhão, torta de pinhão e rolinho de pinhão com soja. 81 Hortifruti Curitiba foi sede em maio da primeira edição da Hortifruti Brasil Show. Nos três dias de evento, circularam pela Ceasa/PR, 2 mil pessoas, entre produtores, distribuidores, representantes de entidades de apoio, atacadistas e visitantes. A Hortifruti Brasil reuniu 43 expositores, um encontro de negócios, programação com quase 30 atividades, entre palestras, workshops, oficinas tecnológicas e exposição. Na abertura, a conferência de Dráuzio Varella sobre “Vida Saudável e Alimentos Saudáveis” lotou o auditório do pavilhão com mais de 700 pessoas. O Fórum Internacional de Tecnologia, Hortaliças, Frutas & Flores contou com a participação de especialistas italianos, da Região da Emilia-Romagna e Programa Brasil Próximo, de cooperação entre Brasil e Itália, que apresentaram as boas práticas e inovações realizadas na região italiana, referência mundial em hortifrutigranjeiros. A Hortifruti Brasil Show foi uma iniciativa das entidades do fórum de promotores do agronegócio paranaense. Business Patentes Neste ano, o Salão de Negócios do Paraná Business Collection teve um ‘sotaque’ diferente. Aliás, vários ‘sotaques’. Isso porque a seção do business abriu espaço para a participação de empresas de moda e vestuário de outros estados brasileiros. A oitava edição do evento de moda e negócios contou com 44 marcas. Do total, 30% eram do Paraná, 30% de Minas Gerais, 13% de Santa Catarina e 13% do Rio Grande do Sul. A abertura trouxe reconhecimento ao evento, além de ter sido uma oportunidade para os empresários do Paraná conhecerem as tendências, visualizarem o que é importante no atendimento aos lojistas e na negociação e para agregarem valor aos seus produtos. O registro de uma patente passa pelo depósito do pedido no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Para orientar a redação de pedidos, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – campus de Dois Vizinhos, o Sistema Regional de Inovação (SRI) e o Instituto de Desenvolvimento Tecnológico, de Pesquisa e Inovação do Sudoeste do Paraná (IDETEP), com o Sebrae/ PR, promoveram o 1º Workshop para Redação de Patentes. O evento, na UTFPR, trabalhou as ca- Foto: La Imagen racterísticas básicas do processo de redação de patentes, uma vez que existe uma demanda diante do crescimento no número de registros de novos produtos e processos na região sudoeste. Participaram pesquisadores, professores e acadêmicos com produtos desenvolvidos e que buscam mais informações sobre o tema. 82 83 Artigo Como construir uma grande empresa Por Allan Marcelo de Campos Costa Em praticamente todas as situações da vida, de complexidade embutida em certas propos- acredito que é na simplicidade que se esconde tas. A ideia em pauta pode ser compreendida a sabedoria. Na base das teorias de desenvolvi- por um leigo no assunto? Se sim, ótimo. Do mento empresarial criadas nas escolas de ne- contrário, não serve! gócios mundo afora, acredito que estejam coisas simples e efetivas e que estão ao alcance 3. Amplie as referências de qualquer empreendedor. Nesta edição da A única coisa capaz de limitar até onde um indi- Revista Soluções, resolvi compartilhar algu- víduo ou uma empresa podem chegar são suas mas crenças pessoais a esse respeito: referências. Se as referências são limitadas, o 1. Acredite nas pessoas Uma empresa é feita de seres humanos. Todo ras há muito tempo. O conhecimento (e as re- o resto é acessório. Acredite na capacidade das ferências...) estão a um clique de distância pessoas de contribuir, construir, realizar. Acre- após o surgimento da internet. Se você estabe- dite no seu potencial e, como líder, proporcio- leceu uma referência de classe mundial e con- ne a elas a melhor condição possível para que seguiu atingi-la, ótimo! Amplie-as. Sempre e elas possam dar o seu melhor. Lembre-se que mais! Sonhar pequeno e sonhar grande dá exa- são essas pessoas que empregarão toda e tamente o mesmo trabalho. qualquer tecnologia, agregando a inteligência e a sensibilidade necessárias para que bons resultados sejam gerados. Sem isso, toda tecno- Super-heróis só existem nas histórias em qua- logia é obsoleta e inócua. drinhos e no cinema. Na vida, ninguém faz 2. Busque obstinadamente a simplicidade A afirmação de Da Vinci talvez seja uma das maiores lições a serem aplicadas ao mundo corporativo, e porque não, à vida em geral: o 84 4. Delegue nada sozinho. Por isso a capacidade de delegar é imprescindível para um líder que busca construir uma grande empresa, formada por grandes seres humanos. 5. Ouse máximo da sofisticação é a simplicidade. As O mundo está cercado de bons motivos para melhores ideias são as que todos entendem. que você não faça o que precisa ser feito. Re- As melhores contribuições são as que parecem pleto de armadilhas que consomem energia óbvias (não por acaso um traço evidente de das pessoas e das organizações arrastando-as sabedoria é enxergar o óbvio antes que os ou- para o comodismo. Fuja dessas armadilhas. O tros o façam). Nunca complique o simples. Ja- desenvolvimento de qualquer empresa envol- mais caia na armadilha de se deixar levar por ve risco. É preciso ter consciência disso e, até uma linguagem sofisticada ou pela impressão certo ponto, é preciso ter atração pelo risco. 6. Inspire Ninguém pode se apaixonar por um trabalho cujo único objetivo seja colocar dinheiro no bolso do dono da empresa no final do mês e pagar um salário razoável aos colaboradores. Seres humanos só dão o seu melhor se estiverem engajados em causas maiores, que falem não apenas às suas mentes, mas aos seus corações. Se você quer construir uma grande empresa, baseie esse desenvolvimento em algo maior, que faça sentido coletivamente e que esteja, de alguma maneira, conectado a causas maiores. A forma mais efetiva de liderança passa pela capacidade do líder de inspirar seus liderados. 7. Crie sonhos compartilhados caminho também o será. Amplie-as sempre e constantemente. O mundo não possui frontei- Risco ponderado, avaliado e consequente, é claro. Mas assim como não há energia sem atrito, não há crescimento sem risco. Isso só se faz com razoável dose de ousadia. Ousadia para pensar diferente, para fugir dos padrões, para fazer o que os outros acham impossível. O que você e sua empresa deixarão para os que virão na sequência, inclusive seus filhos, se você os tiver? Praticamente uma complementação da anterior, a criação de sonhos compartilhados é, talvez, o fator com maior potencial de inspirar colaboradores. Se você acha que seu colaborador vai compartilhar o seu sonho de comprar uma mansão na praia com um iate na marina, pense outra vez. Sonhos compartilhados necessariamente se conectam com o bem maior, com a busca de uma sociedade melhor e dentro da qual, de alguma maneira, o sonho compartilhado por todos em uma organização desempenha algum papel relevante. 8. Seja implacável com a mediocridade Nada aniquila uma empresa mais rapidamente do que a mediocridade. O termo pode parecer forte, mas ser medíocre nada mais é do que ser mediano. Você quer uma vida mediana pra você? Para os seus filhos? Sonha viver em uma sociedade mediana? Se você concorda que essas aspirações não são válidas, comece a se perguntar de que forma sua empresa construirá uma história que a diferenciará das demais, que a colocará em uma posição de destaque. E lembre-se: pessoas medianas não constroem grandes empresas. Não tolere indivíduos com comportamento predominantemente medíocre, se você quiser construir uma grande empresa. 9. Trabalhe! Essa é óbvia. Já diz o ditado que o único lugar onde sucesso vem antes de trabalho é no dicionário. Podem haver exceções (raras!), mas no mundo real, sucesso pressupõe trabalho árduo, dedicação, entrega e perseverança. 10. Exija verdade e transparência A única coisa ainda pior do que uma mentira é uma meia verdade. Grandes empresas conseguem criar ambientes de confiança, onde não há nada que não possa ser dito e onde a única coisa que importa é a verdade. Nesse tipo de ambiente os problemas são tratados abertamente, críticas não são personalizadas e são percebidas com naturalidade. Ainda que doa, esse tipo de postura faz com que, no final do dia todos tenham crescido. 11. Seja espontâneo Quem disse que o ambiente de trabalho precisa ser chato e austero? Passamos mais da metade das nossas vidas nesse ambiente. Alguém sonha em passar metade da vida em um ambiente sisudo, carrancudo, tedioso? Cultive uma postura espontânea, aberta, descontraída. Espalhe essa postura pela empresa. Incentive-a nos seus colaboradores. O resultado virá na forma de equipes mais motivadas, inspiradas e dispostas a fazer a diferença. 12. Contrate pelas atitudes Toda e qualquer competência técnica pode ser ensinada. Com paciência e perseverança, tudo se aprende. Entretanto, é muito difícil transformar as atitudes que constituem o padrão de comportamento em um ser humano. Aqui, não há juízo de valor, tampouco há certo ou errado. Mas se você tem claro o tipo de atitude que espera dos seus colaboradores, busque, antes de qualquer coisa, identificar essas atitudes quando for contratar as pessoas que comporão o seu time. Grandes empresas conseguem criar ambientes de confiança, onde não há nada que não possa ser dito e onde a única coisa que importa é a verdade 13. Tenha medo Quem disso que ter medo é para os fracos? Os grandes vencedores manifestam expressamente a presença constante do medo em suas vidas. Por uma razão muito simples: é o medo que obriga os indivíduos a se prepararem cada vez melhor para enfrentar os desafios; é o medo que prepara o corpo e o espírito para as batalhas. O medo transformado em pânico paralisa. Mas a ausência de medo não é coragem, e sim loucura. 14. Por fim, pergunte-se todos os dias: qual será o seu legado? Essa é uma questão de escolha pessoal, mas se você deseja construir uma grande empresa, penso que ela seja de extrema relevância. De forma simples, legado é o que uma pessoa 85 deixa quando morre. A definição é autoexplicativa. Pelo que você será lembrado? Pelo que a sua empresa será lembrada? Que exemplo ficará quando você não estiver presente? O que você e sua empresa deixarão para os que virão na sequência, inclusive seus filhos, se você os tiver? Esse conjunto de crenças, de certa forma, foi construído ao longo de 20 anos como colaborador do Sebrae/PR e pautou minha contribuição como diretor-superintendente da instituição nos últimos seis anos. E é com essas reflexões que me despeço deste espaço na Revista Soluções. Sempre acreditei que tudo no Universo obedece a ciclos e que todos os ciclos obedecem a uma lógica irrefutável e por vezes cruel: começo, meio e fim. O lado bonito desse processo é que o fim de cada ciclo, obrigatoriamente, representa o início de um novo. Com este artigo, encerro um ciclo pessoal nessa instituição que, pelos últimos 20 anos, foi minha casa e minha causa. Sob a orientação de um Conselho Deliberativo integrado e de visão arrojada, ao lado dos meus parceiros de Diretoria Executiva, Vitor Tioqueta e Julio Agostini, dos hoje cerca de 240 colaboradores do Sebrae/PR e da nossa rede de mais de 800 credenciados em todo o Estado, encerro um ciclo que ficará marcado por avanços importantes. Um ciclo cuja marca foi a ousadia de fazer diferente; a perseguição obstinada por padrões de excelência de referências globais; a ampliação exponencial da capacidade do Sebrae/PR de chegar aos empreendedores e aos empresários de pequenos negócios; a busca incansável pela valorização das pessoas, que são as grandes responsáveis por tudo, por todas as realizações, por todos os resultados; a coragem de assumir os riscos necessários para o desenvolvimento do Sebrae/PR e para perseguir obstinadamente os caminhos que julgávamos adequados para a instituição; e a construção de uma proposta ímpar de olho no futuro, que deixa um legado a ser consolidado pelos próximos dez anos através do Projeto Sebrae 2022, com o objetivo de contribuir de forma ainda mais significativa no desenvolvimento de uma sociedade empreendedora e cada vez mais senhora do seu destino. Escolher renunciar ao cargo de diretor-superintendente foi uma decisão difícil, porque trabalhar no Sebrae sempre foi muito mais do que apenas um emprego. Atuar nessa instituição acaba por se transformar em uma espécie de propósito de vida, afinal, ter a oportunidade de fazer a diferença na vida de milhares de pessoas, todos os dias, é uma daquelas coisas que realmente não tem preço. Por isso deixo essa casa com o coração partido. Mas ao mesmo tempo, saio realizado, pela certeza de ter dado minha singela contribuição com a construção de uma sociedade melhor e por ter conquistado aqui aquilo que de mais relevante qualquer ser humano pode conquistar: a amizade, o respeito e o carinho de um grupo de pessoas extraordinário. Nesse novo ciclo que se inicia, passo para a iniciativa privada e assumo também o papel de empreendedor, tirando projetos pessoais do papel. Levo comigo a paixão pelo empreendedorismo e a certeza de que, mais do que nunca, o caminho para o desenvolvimento de uma sociedade melhor e mais justa passa e passará pelos pequenos negócios. Continuarei escrevendo sobre empreendedorismo, gestão e liderança no meu site pessoal, no endereço www.allancosta.com. Me despeço deste espaço, mas espero você por lá. Até breve! Escritório - campo Mourão rua santa cruz, 1.085 - Bairro centro - cEP: 87.300-440 Fone: (44) 3523-2500 - Fax: (44) 3523-2500 REGIONAL CENTRO Ponta Grossa Avenida João Manoel dos santos, 500 - Bairro Nova rússia cEP: 84.051-410 Fone: (42) 3225-1229 - Fax: (42) 3225-1229 Escritório - Paranavaí rua souza Naves, 935 - Jardim são cristóvão - cEP: 87.702-220 Fone: (44) 3423-2865 - Fax: (44) 3423-2865 Escritório - Guarapuava rua Arlindo ribeiro, 892 - Bairro centro - cEP: 85.010-070 Fone: (42) 3623-6720 - Fax: (42) 3623-6720 Escritório - Umuarama Avenida Brasil, 3.404 - Bairro Zona i - cEP: 87.501-000 Fone: (44) 3622-7028 - Fax: (44) 3622-7065 REGIONAL LESTE REGIONAL NORTE curitiba rua caeté, 150 - Bairro Prado Velho - cEP: 80.220-300 Fone: (41) 3330-5800 - Fax: (41) 3330-5768/3332-1143 Escritório - Paranaguá Avenida Gabriel de Lara, nº 1.404 - Bairro Leblon - cEP: 83203-742 Fone: (41) 3330-5760 - Fax: (41) 3330-5760 REGIONAL OESTE Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen cascavel Avenida Presidente tancredo Neves, 1.262 - Bairro Alto Alegre cEP: 85.805-000 Fone: (45) 3321-7050 - Fax: (45) 3226-1212 Escritório - Foz do iguaçu rua das Guianas, 151 - Bairro Jardim América - cEP: 85.864-470 Fone: (45) 3522-3312 - Fax: (45) 3573-6510 Allan Marcelo de Campos Costa Allan Marcelo de Campos Costa é diretor-presidente da Cooper Card (empresa de meios de pagamento eletrônico e cartões de benefícios), conselheiro da Supernova Aceleradora de Startups e da Snowman Labs (empresa de soluções para plataformas móveis), cônsul-honorário da Grã-Bretanha no Paraná e palestrante. Ex-diretor superintendente do SEBRAE/PR, é formado pelo Programa de Gestão Avançada da Harvard Business School e mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Acredita que não há desenvolvimento sem pequenas empresas competitivas e é, e sempre será, um entusiasta do empreendedorismo como instrumento transformador de vidas. Pode ser encontrado no e-mail [email protected]. Escritório - toledo Avenida Parigot de souza, 2.339 - Bairro centro - cEP: 85.905-380 Fone: (45) 3252-0631 - Fax: (45) 3252-6175 REGIONAL NOROESTE Maringá Avenida Bento Munhoz da rocha Neto, 1.116 - Bairro Zona 7 cEP: 87.030-010 Fone: (44) 3220-3474 - Fax: (44) 3220-3402 Londrina Avenida santos Dumont, 1.335 - Bairro Aeroporto - cEP: 86.039-090 Fone: (43) 3373-8000 - Fax: (43) 3373-8005 Escritório - Apucarana rua osvaldo cruz, 510 - 13° andar - Bairro centro - cEP: 86.800-720 Fone: (43) 3422-4439 - Fax: (43) 3422-4439 Escritório - ivaiporã rua Professora Diva Proença, 1.190 - Bairro centro - cEP: 86.870-000 Fone: (43) 3472-1307 - Fax: (43) 3472-1307 Escritório - Jacarezinho rua coronel Figueiredo, 749 - Bairro centro - cEP: 86.400-000 Fone (43) 3527-1221 - Fax: (43) 3527-1221 REGIONAL SUDOESTE Pato Branco Avenida tupi, 333 - Bairro Bortot - cEP: 85.504-000 Fone: (46) 3220-1250 - Fax: (46) 3220-1251 Escritório - Francisco Beltrão rua são Paulo, 1.212 - sala 1 - Bairro centro - cEP: 85.601-010 Fone: (46) 3524-6222 - Fax: (46) 3524-5779 0800 570 0800 www.sebraepr.com.br 86 187