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250 EXPANSAO CIRURGICA DA MAXILA: UMA NOVA CONDUTA PARA AUMENTAR O CONFORTO DO PACIENTE Marcos Takemoto1 Daniel Tagliari2 Marina Rotta de Andrade 3 Camila D’Campora Zago4 Leandro Gauer5 RESUMO A expansão transversal da arcada dentária superior está indicada quando ela não cobre a arcada inferior, apresentando-se em articulação invertida uni ou bilateral. Este acontecimento é determinado normalmente por uma atresia transversal da arcada dentária superior. As técnicas que objetivam expandir a maxila cirurgicamente estão adequadamente descritas na literatura e são altamente eficazes e seguras. Este trabalho possui como objetivo sugerir uma pequena modificação na técnica descrita na literatura (ANTTILA et al. , 2004; POGREL et al., 1992) com o objetivo de aumentar o conforto pós-operatório do paciente. Assim os autores indicam a diminuição das áreas osteotomizadas, inicio da expansão ortopédica de forma lenta e após 7 dias. Palavras-chave: Maxila. Expansão rápida da maxilla. Ortodontia. ABSTRACT The transverse expansion of the maxillary arch is indicated when it does crossbite one-sided or bilateral. This event is usually determined by a transverse atresia of the upper dental arch. The techniques that aim to expand the jaw surgically are adequately described in the literature and are highly effective and safe. This work aims to suggest a small change in the technique described in the literature (Antilla et al., 2004;. Pogrel et al, 1992) in order to increase the postoperative patient comfort. Thus the authors indicate a reduction in the osteotomy areas, beginning of orthopedic expansion slowly and after 7 days. Keywords: Maxillary, Surgically assisted rapid maxillary expansion, Orthodontic 1 INTRODUÇÃO Nos dias atuais a técnica de expansão da maxila é considerada uma técnica segura e eficiente pela maioria dos cirurgiões bucomaxilofaciais (KRAUT, 1984; ANTTILA et al. , 2004; POGREL et al. , 1992). Segundo Koudstaal (2005), na literatura não há um consenso 1 Cirurgião-Dentista, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Especialista em Prótese Dentária, Especialista e Mestre em Implantodontia. 2 Cirurgião-Dentista, Especialista e Mestre em Ortodontia. 3 Cirurgiã-Dentista, Especialista em Endodontia, Especialista e Mestre em Ortodontia. 4 Cirurgiã-Dentista, Especialista e Mestre em Implantodontia. 5 Cirurgião-Dentista, Especialista e Mestre em Ortodontia. 251 quanto à técnica cirúrgica aplicada bem como o tipo de expansor usado (dento-suportado ou muco-suportado). Apesar das controvérsias que possa existir em torno da técnica aplicada existe um consenso sobre a necessidade de realizar uma técnica que seja eficiente porém com a menor invasibilidade possível (ANTTILA et al. , 2004; POGREL et al., 1992). Seguindo esta tendência o autor tem sugerido uma técnica de expansão cirúrgica da maxila com o intuito de amenizar as seqüelas pós-operatórias que recaem sobre o paciente, ou seja, um procedimento que atinja o objetivo de corrigir a deficiência transversa da maxila, porém gerando um conforto pós-operatório maior ao paciente. 2 REVISÃO DE LITERATURA Segundo Lagravere et al. (2006) possíveis alterações dentárias e esqueléticas ocorridas após o procedimento de expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente pode ocorrer. Assim, constataram que as expansões ocorreram de forma ampla na região dos molares decrescendo na região dos caninos. Com o aumento da base nasal os pacientes relataram melhora na respiração. Quanto à recidiva, a media foi de 0,5 a 1mm. Pogrel et al. (1992) realizaram estudo um estudo diante de 12 paciente com atrofia transversal da maxila maior que 5mm e que foram tratados com expansão cirúrgica da maxila. O procedimento constituiu de osteotomias bilaterais dos pilares zigomáticos e da sutura palatina associado a um expansor ortopédico dento-suportado. O autor argumenta que este procedimento é simples, seguro e confiável. Após a expansão cirúrgica da maxila, um índice de recidiva de 1.2mm ( 1,3mm) na região dos caninos e 0,2mm ( 2,1mm) na região dos molares. Este fato leva o autor a acreditar que a ossificação da sutura anterior ao canal incisivo ocorre tardiamente. (STROMBERG et al., 1995) Comparando pacientes submetidos a expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente e pacientes que realizaram apenas expansão ortopédica (LEE et al. 2014) observaram que os resultados das expansões corrigiram a mordida cruzada posterior, diminui a profundidade palatal nos casos cirúrgicos e a que inclinação dentária foi estável e controlada. Observou-se ainda que os pacientes que realizaram a expansão cirúrgica mantiveram a saúde gengival por mais tempo quando comparado aos pacientes que realizaram apenas a expansão ortopédica. 252 Para Altug (2006) o objetivo de seu estudo foi avaliar e comparar as alterações dentárias e esqueléticas ocorridas durante a expansão rápida da maxila e expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente durante a fase ativa do tratamento. Os autores concluíram que clinicamente não houve diferença na resposta do paciente diante do procedimento. A única diferença percebida foi em relação a indicação do tratamento para os pacientes, ou seja, baseado na idade e na maturação esquelética do paciente. 3 RELATO DO CASO CLÍNICO A paciente CP, gênero feminino, 40 anos de idade portadora de deficiência transversal da maxila (figura 01) necessitou realizar expansão cirúrgica da maxila. A seguir será descrita a técnica preconizada para expansão da maxila. 1. Mesmo sendo com anestesia geral, recomenda-se infiltrar anestésico com vasoconstritor em fundo de vestíbulo; 2. Incisão com bisturi elétrico, para evitar sangramento excessivo, na mucosa e lamina de bisturi nº 15 para incisão do periósteo; 3. Descolamento mucoperiósteo; 4. Descolamento da mucosa nasal; 5. Após proteção da mucosa nasal, segue osteotomia do pilar zigomático com extensão até a abertura piriforme de ambos lados (figura 03); 6. Ativação do expansor em 4mm. (16 x ¼ de volta); 7. Osteotomia com formão na linha mediana. A abertura da sutura será parâmetro do sucesso da expansão; (figura 04) 8. Ativação de mais 2mm (8 x ¼ de volta) para confirmação da abertura do palato e retorno das ativações de 5mm (20 x ¼ de volta), mantendo o expansor ativado em 1mm; (figura 05) 9. Sutura com fio absorvível; Os autores não julgam necessários a osteotomia do septo ou disjunção pterigomaxilar. O retorno do paciente para a primeira ativação ocorrerá em 7 dias. Como ocorreu a ativação de 1mm no procedimento cirúrgico, não haverá necessidade de ativação imediata, isto é três dias após o procedimento, como normalmente se preconiza. 253 Figura 01 – Mordida cruzada posterior. Figura 02- Incisão com bisturi elétrico; Figura 03- Osteotomia do pilar zigomático com extensão até a abertura piriforme; Figura 04- Osteotomia com formão na linha mediana; Figura 05- Ativação de mais 2mm (8 x ¼ de volta) para confirmação da abertura do palato. 254 Figura 06 - Sutura com fio absorvível; 4 DISCUSSÃO Estamos de acordo com Anttila (2004) sobre a necessidade de realizar técnicas cirúrgicas cada vez menos invasiva, porém não concordamos com Lehman (1990) que indica osteotomia conservadora apenas na região dos pilares zigomáticos associado à ativação do expansor e afirma que apenas 30% dos paciente requerem osteotomias na sutura palatina. Concordamos com Romanyk e colaboradores (2013) sobre a necessidade de osteotomia na linha mediana como processo imprescindível para o sucesso da técnica operatória. Não concordamos com Bell e Epker (1976) que indicam osteotomias na sutura palatina, pilar zigomático e disjunção pterigomaxilar como rotina. A disjunção na sutura pterigopalatina, no nosso entender, deverá ser indicada apenas nos casos de atrofia transversal da maxila severa e nos casos de comprometimento periodontal como postula Sygouros e colaboradores (2014). 5 CONCLUSÃO 1. A expansão cirúrgica da maxila representa uma conduta terapêutica segura e rápida para a correção da deficiência transversa em pacientes adultos. 2. Realizar o tratamento traçado pelo ortodontista em conjunto com o cirurgião bucomaxilofacial possibilitam o sucesso da correção dessas atrofias maxilares e possibilitam a plena satisfação dos pacientes. 3. A técnica proposta é eficiente e gera maior conforto pós-operatório ao paciente. 255 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 ALTUG ATAC AT, KARASU HA, AYTAC D. Surgically assisted rapid maxillary expansion compared with orthopedic rapid maxillary expansion. Angle Orthod. may; 76(3): 353-9. 2006. 2 ANTTILA A, FINNE K, KESKI-NISULA K, SOMPPI M, PANULA K, PELTOMAKI T. Feasibility and long-term stability of surgically assisted rapid maxillary expansion with lateral osteotomy. Eur J Orthod. Aug;26(4): 391-5. 2004. 3 BABACAN H, SOKUCU O, DORUK C, AY S. Rapid maxillary expansion and surgically assisted rapid maxillary expansion effects on nasal volume. Angle Orthod. Jan;76(1):66-71. 2006. 4 BELL WH, EPKER BN. Surgical-orthodontic expansion of the maxilla. Am J Orthod. Nov; 70(5): 517-28. 1976 5 KOUDSTAAL MJ, POORT LJ, VAN DER WAL KG, WOLVIUS EB, PRAHLANDERSEN B, SCHULTEN AJ. Surgically assisted rapid maxillary expansion (SARME): a review of the literature. Int J Oral Maxillofac Surg. oct;34(7):709-14. 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