Modernização Espacial e Pós Turismo em Belo Horizonte: ressign
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Modernização Espacial e Pós Turismo em Belo Horizonte: ressign
Modernização Espacial e Pós Turismo em Belo Horizonte: ressignificações culturais e imaginários híbridos na periferia do turismo internacional1 Valnei Pereira2 Andréa Casa Nova Maia3 Introdução: pós turismo e cultura urbana Vivemos num mundo forjado por experiências múltiplas e efêmeras onde os discursos e os sentidos éticos são cada vez mais mediados pela dimensão estética. “Sede é nada, imagem é tudo!” anuncia o slogan publicitário de um refrigerante. Na sociedade contemporânea se é o que se tem e os sujeitos somente são ou vêm à existência se forem dados à visibilidade imediata, ao ver (que, em latim, se diz com o verbo video, videre). Primazia do olhar. Trocas mais e mais orientadas pela experiência midiática. Imagens publicitárias e televisivas produzindo novas formas de sociabilidade, mas sobretudo 1 Este artigo reflete alguns desdobramentos da pesquisa “Espaço Urbano e Turismo: representações e ressignificações dos trajetos turísticos na metrópole de Belo Horizonte/ MG”, sob financiamento do Fundo de Incentivo à Pesquisa (FIP) da PUC-Minas BH. Para sua realização os autores agradecem aos entrevistados e, sobretudo, aos estudantes de Turismo da Escola Superior de Turismo da PUC-Minas que participaram ativamente na sua realização. 2 Autor: Geógrafo (UFMG), Mestre em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/ UFRJ), Docente do Depto. de Geografia e da Escola Superior de Turismo da PUC-Minas BH: [email protected] 3 Co-autora: Historiadora (UFMG), Doutora em História Social da Cultura (UFF), Docente dos cursos de Comunicação Social, Ciências Sociais e Turismo da PUC-Minas BH: [email protected] gerando inúmeros efeitos sobre a subjetividade contemporânea e, como não poderia deixar de ser, sobre o fenômeno turístico. A palavra turismo remete imediatamente ao imaginário da viagem. Viagem por cidades conhecidas ou desconhecidas que nos colocam num experimento da diferença, da troca cultural e do encontro com nós mesmos e com nossas representações culturais. Alteridades que marcam, na supercontemporaneidade, novas clivagens no que se refere à produção e ao consumo de imagens, com rebatimentos no espaço e na paisagem. O turismo reinventa a lógica espacial que, projetada na paisagem, afeta a cultura e a autenticidade das práticas sociais contemporâneas? Ou são as práticas sociais ou as formas contemporâneas de espacialização social que, mais híbridas e cambiantes, subvertem as experiências turísticas, tornando-as efêmeras e desenraizadas? Porque o discurso acadêmico tradicional parece reificar o próprio turismo enquanto (re)produtor em si das novas interferências nas paisagens urbanas? Essa nova urbanização turística produzida pela nova geração de planejadores, numa aproximação entre intervenção urbana e espetacularização da cultura, recoloca o foco da problemática entre produtores (planejadores urbanos e turísticos) e consumidores (turistas), de forma maniqueísta e com grande capacidade na reprodutibilidade dos modelos e das experiências, acirrando competições: “o aumento da competição entre os lugares deveria levar à produção de espaços mais variegados no âmbito da crescente homogeneidade da troca internacional. No entanto, na medida em que essa competição abre as cidades a sistemas de acumulação, acaba sendo produzido o que Boyer (1988) chama de monotonia ‘serial’ e ‘recursiva’” (HARVEY, 1994: 266). Neste sentido, o termo “pós turismo” surge como nova possibilidade na afirmação deste fenômeno de reprodutibilidade. Apesar dessa concepção relacionando modernização sócio-espacial e reinvenção de identidades ser atual, sua vinculação teórica e mesmo empírica com análises específicas do chamado pós-turismo ainda é frágil. Os recortes teóricos e os esboços conceituais para a definição do pós turismo podem ser situadas em três vertentes principais em torno da idéia de autenticidade/ inautenticidade das práticas sócio-espaciais vivenciadas na relação turista-nativo. Uma primeira vertente, marcadamente mercadológica, entende o pós-turismo como expressão simplificada da pós-modernidade e resultante sobretudo de novos arranjos econômicos e gerenciais associados ao pós-fordismo. Neste remetimento a ênfase se coloca na organização – mais flexível – por parte das operadoras e agenciadoras para o planejamento do setor, se esforçando no desenho e implementação de serviços mais individualizados e antenados com estilos de vida mais particulares. Se caracteriza, portanto, como “indústria” do terciário avançado, numa complexa simultaneidade entre produção e consumo, que redefine constantemente, ou supostamente, suas estratégias e racionalidades econômicas, referenciadas no mercado e na sociedade de consumo em escopo, diferentemente da sociedade de outrora, fordista e baseada no consumo de massa: “assim, instaram-se sistemas mais personalizados, tanto de produção (os modelos de produção flexível, por exemplo, que são de natureza pós-industrial), como de consumo (produtos e serviços prestados de forma personalizada ao usuário). Ambos os sistemas têm como particularidade repelir os rigores e a uniformidade e, ao contrário, reconhecer a mobilidade, a mudança e o aprofundamento dos esforços para buscar o único” (MOLINA, 2004: 27). Também referenciado as esta categorização, o pós turismo se configura como altamente eclético, um pastiche de interesses diferenciados e permeado por motivações amplas – viagens sagradas, para conhecimento, para fazer negócios, para lazer ou simplesmente para conhecer lugares diferentes. O turista pós-moderno têm mais opções – definidas como segmentação – e, portanto, possibilidades organizadas/ planejadas, desde ecoturismo, turismo cultural, turismo gay, dentre outros (HOUSER, 1994; HILL, 1995; TAZZIOLI, 1995 apud RITZER E LISKA, 1997: 102). Essa perspectiva, apesar de, em tese, conceber um quadro de fragmentação cultural e de uma consciência política nova do turista, de certa forma naturaliza ou reifica os contextos sociais inerentes à atividade turística. Ou seja, o empreendedor é o sujeito central do processo, capaz por si só de produzir desejos e serviços condizentes com a nova face produtiva; o turista entendido como um voraz e mero consumidor de culturas e lugares, acrítico e indutor, em potencial, de impactos; e as comunidades locais, de base tradicional, passivas, acríticas e iludidas quanto às benesses econômicas geradas pela atividade. Uma segunda vertente define o pós-turismo como a generalização e ampliação do consumo de imagens ou de experiências mediadas pelas novas tecnologias de comunicação e informação. O pós-turista, voyer-houser, com acesso constante às tecnologias – televisão, vídeo, CD-ROM, a internet e a realidade virtual – pode “visitar” lugares turísticos sem sair de casa ou mesmo sair mas experimentar espaços espetacularizados pela presença controlada e irruptiva de signos e imagens virtuais (FEIFER, 1985 apud RITZER E LISKA, 1997: 102). Vale tudo, inclusive o reconhecimento de que na há experiência turística autêntica (MacCANNELL, 1989 apud RITZER E LISKA, 1997: 102). A terceira vertente, mais recente, e com uma perspectiva mais crítica, chama a atenção para os impactos gerados pelo fenômeno turístico que banalizam as experiências, (re)produzindo os serviços e os lugares indistintamente. Os lugares, identitários, relacionais e históricos, tornam-se não-lugares. O espaço, planejado, recusa o enraizamento do sujeito, tornando-se inautêntico. Essa perspectiva analítica procura uma reflexão que atenta para a necessidade de um planejamento turístico que considere a história e a cultura dos lugares e a necessidade dos sujeitos por experiências autênticas capazes de cambiar preservando, da forma menos impactante possível, as dinâmicas das comunidades locais e das redes e fluxos culturais dos turistas (URRY, 1994; HANNERZ, 1992; MACDONALD, 1997 apud MACDONALD, 1997). Esta referência, além do foco na aculturação, chama a atenção para a produção de lugares-mercadorias ou paisagens-marca, numa administração do tempo e reinvenção constante da atratividade promovida por inovações espaciais e estratégias publicitárias que selecionam aspectos e faces do cultura e dos lugares: “a meta da administração bemsucedida do tempo – e sua venda na forma de “produto” – tende a reconhecer, como obstáculos, as barreiras e rugosidades presentes em espaços historicamente construídos e, também, as surpresas ou imprevistos que a vida social espontânea apresenta. Menos resistência e menos acasos – um conceito estendido de “segurança” ou confiabilidade, como nos diria Giddens (1990) – eis alguns traços da atividade que encontram tradução prática em intervenções no tecido material e sociocultural dos lugares” (RIBEIRO et all, 2002). Fica portanto situada nesta última vertente a preocupação com análises do pósturismo que reflitam sobre a multiplicidade das experiências e práticas turísticas no contexto das sociedades complexas supercontemporâneas em que a aceleração tecnológica e comunicacional, as mudanças nos padrões da competitividade econômica e novas racionalidades na relação público-privado incidem em novas significações e sentidos da ação social que se (i)materializam no espaço urbano. A cidade passa a ser experienciada e apropriada, portanto, pelos usos e sentidos esteticizados da sua paisagem cultural materializada num palimpsesto de formas herdadas e atuais (HARVEY, 1989; SANTOS, 2000) constantemente inovadas (modernizações espaciais que associam novos signos em novos circuitos imobiliários) e imaterializadas em sua produção cultural, comportamentos e modismos. Esta discussão, claro, não nega a existência de apropriações críticas e subversivas, no bom sentido, que resistência à modernização-conservadora do urbano, gerando circuitos alternativos e de protestos, na maioria das vezes interpretados como undergrounds ou “alternativos” (PALOMINO, 1999 apud PEREIRA, 2004d). Vistas assim, as estruturas de pertencimento não são dadas, mas construídas por relações de poder e dominação (com forte acionamento de imagens espetacularizadas) que levam à uma segregação simbólica, escamoteada em pretensas e ilusórias imagens e atualizações do espaço e da paisagem urbana. A atratividade turística, historicamente construída e legitimadora de interesses, se referenciando desta perspectiva ficcional, passa então a reinventar os lugares da moda, numa constante forma de produzir para atender a um consumo movido por inovações que agora, mais do que nunca (re)produz espaços “miamizados” (PEREIRA, 2004d). Do ponto de vista do “olhar estrangeiro” (do turista – ou pós turista) a cidade e sua cultura são interpretadas por novas fetichizações que se hibridizam com o olhar nativo reinventando num fluxo e numa ampla rede de significados os imaginários. 2. Modernização espacial, hibridismos culturais e nomadismos urbanos O conceito de culturas híbridas formulado por CANCLINI (1995) é importante para a compreensão do processo de modernização sócio-espacial de Belo Horizonte e as novas formas de se encontrar na metrópole, no novo espaço público, atravessado por memórias históricas em deslizante movimento, novos conflitos urbanos mediados por imagens, desterritorializações e interseções possíveis do moderno ao pós-moderno. De acordo com Canclini, a própria expansão urbana é um dos fatores de intensificação da hibridação cultural. Ele pergunta qual o possível impacto dessas novas configurações espaciais para as culturas de países que no princípio do século XX tinham em torno de 10 % de sua população habitando cidades e agora concentram 60 ou 70% em aglomerações urbanas. Estamos falando, neste caso, e sobretudo, das metrópoles na periferia do capitalismo, onde os processos de urbanização foram rápidos, tardios e incompletos. À infinita variedade de valores simbólicos que os dados visuais do contexto urbano podem assumir em cada indivíduo, aos significados que a cidade assume para cada um de seus habitantes e seus visitantes, ela responde com mais comunicação: “a cidade deixa de ser um lugar de abrigo, proteção, refúgio e torna-se aparato de comunicação; comunicação no sentido de deslocamento e de relação, mas também no sentido de transmissão de determinados conteúdos urbanos” (ARGAN, 1995). Tais conteúdos falam de poderes, de hierarquias sociais implícitas à nossa condição de periferia. Indicam como a organização dos espaços urbanos, ainda que na contemporaneidade, se faz concomitante com uma memória. Porém, se nas sociedades prémodernas e modernas, a memória funcionava como âncora, era uma memória longa – do espaço estriado4, hoje, no espaço liso5, a memória é uma memória curta: irregular, efêmera e instável como um momento. Embora seja preciso dizer que a diferença na natureza entre os dois espaços não impede as misturas que, de fato, existem entre eles (MACIEL, 2000). A metrópole contemporânea é polifônica e policêntrica, já dizia CANEVACCI (1993), pois nela se misturam, mesclam e entram em conflito novos tipos de culturas fragmentadas que, na cidade difundem-se e proliferam-se em múltiplas direções. Os espaços urbanos, estriados por excelência, liberam espaços lisos. O espaço liso é propício ao nomadismo e a desestabilidade das identidades sociais: “Os nômades não tem uma história, só têm uma geografia” (DELEUZE e GUATTARI apud ALMEIDA e 4 Um espaço sedentário, orgânico, constituído de funções formadas e de matarias sedimentadas. Trata-se também do espaço das sedimentações históricas, isto é, dos estratos históricos que vigoram nos dispositivos de saber efetuado pelas instituições, pelo aparelho de Estado, em suma, pelas segmentações sociais. É portanto, um espaço físico e vivido (cf. DELEUZE e GUATTARI apud MACIEL, 2000: 12.). 5 Um espaço direcional e não mais dimensional como o espaço estriado. Sua superfície expande-se em múltiplas direções, constituindo um plano amorfo e ilimitado (cf. MACIEL, 2000: 16). TRACY, 2003: 25). Fragmentos urbanos e identidades difusas formada por sujeitos que transitam pela metrópole e criam representações culturais distintas e muitas vezes conflitantes. O que dizem os monumentos, tornados “atrativos” dentro da simbologia contemporânea? Os monumentos contêm vários estilos e referências a diversos períodos históricos e artísticos ressignificados por fluxos da cultura imaterial. Outra hibridização se agrega logo ao interagirem com o crescimento urbano, a publicidade, os grafites e os monumentos sociais modernos. A iconografia das tradições nacionais ou regionais, por exemplo, é ressignificada e agora utilizada como recurso para lutar contra quem as produziu, em nome de outras tradições, reinventadas a cada movimento do novo: “Certos heróis do passado sobrevivem em meio aos conflitos que se desenvolvem em qualquer cidade moderna entre sistemas de signos políticos e comerciais, sinais de trânsito e movimentos sociais” (CANCLINI, 1995). A vida urbana cotidiana transgride a cada momento às tentativas de racionalização (disciplinarização/controle). No movimento da cidade, os interesses mercantis se cruzam com os históricos, os estéticos e os comunicacionais. As lutas semânticas por neutralizar, perturbar a mensagem dos outros, ou trocar seu significado, e subordinar aos demais a própria lógica, são postas em cena nos conflitos entre as forças sociais, entre o mercado, a história, o Estado, a publicidade e a luta popular para sobreviver. Esvazia-se a identidade histórica, dissolve-se a memória nas percepções ansiosas das novidades incessantemente renovadas pela publicidade. E vendo tudo isso, está o pós-turista. Desejando as imagens urbanas, sonhando com os monumentos, navegando pelo asfalto, mesmo sem sair de casa. O pós-turista é o sujeito privilegiado do nomadismo contemporâneo, entendendo-se o nomadismo como a permeabilidade das apropriações culturais que subvertem os lugares e instauram novas territorialidades, traduzindo-se “em um conjunto de práticas espaciais que transformam o espaço em um ´rizoma multipolar urbano´, ou seja, em uma experiência transespacial no qual o circuito é constituído por trajetórias simultâneas, mas não excludentes, entre os eventos e lugares” (ALMEIDA e TRACY, 2003: 41). Nesse contexto, as experiências turísticas têm gerado amplo potencial para o estudo das subversões espaciais e para as novas interações sujeito-paisagem. O turista se apreende das imagens da metrópole de uma forma muito mais intensa e rápida do que o cidadãonativo da periferia ao mesmo tempo que suas representações e imaginários reinventam a experiência urbana, hibridizando-se com as dos “nativos”. A metrópole periférica se configura como um hiperespaço (BAUDRILLARD apud KUMAR, 1997) distintamente marcado pela exclusão e pela segregação. Entender o nomadismo e os hibridismos para a realidade urbana das sociedades complexas periféricas implica reconhecer, portanto, a complexidade dos distanciamentos das experiências referenciadas em ajustamentos hierarquizados pela noção de capital cultural e distinção simbólica. Assim, na supercontemporaneidade, as possibilidades abertas pelo turismo têm sido caracterizadas pelos câmbios cada vez mais diretos de representações e símbolos que se reafirmam na aproximação turista-nativo. O turismo na ótica da Globalização possibilita novas formas do existir coletivo, onde os chamados "impulsos globais" são agora avaliados não somente como deslocamentos de divisas e serviços, mas como possibilidade para novas experiências dos sujeitos sociais em experienciar valores, atitudes, comportamentos e visões de mundo estranhas à sua realidade local. As modernizações espaciais, sobretudo relacionadas à implementação de novos espaços high techs, sobretudo áreas comerciais, de serviços sofisticados, escritórios e redes de hospedagem (shoppings centeres, drive-thrus, hotéis de grifes internacionais, condomínios de luxo e áreas de lazer e entretenimento) recriam novas sociabilidades mediadas pela lógica do consumo de símbolos de status e estruturas de pertencimento segregadoras e excludentes pois se nutrem do ter/ participar destas paisagens, internacionalmente inspiradas, mas que na periferia adquirem dimensão e fazem parecer (sobretudo por ser um repertório altamente sofisticado de atributos estéticos) existir fronteiras mais apronfundadas de diferenciação sócio-cultural. 3. Belo Horizonte: paisagens, imagens e experiências em movimento A cidade de Belo Horizonte, considerada como ícone da implementação do projeto civilizatório do Estado republicano no Brasil, apresenta a possibilidade de, através da análise de sua paisagem urbana, desenhar traços para uma "topografia" da Modernidade no Brasil e, nesse desenho sinalizar e destacar os aspectos característicos do que se poderia denominar como "momento inaugural" dessa Modernidade . O processo de ocupação que resultou na constituição do espaço urbano de Belo Horizonte, a partir do início do século XX, significou a construção de uma cidade marcada pelos signos da civilidade que, então, expressavam os valores culturais das sociedades européias. Entretanto, esses signos apresentados na alegoria moderna da cidade de Belo Horizonte não reproduziam de maneira idêntica a matriz européia. No movimento de reproduzir na periferia o modelo europeu, a inserção e a supressão de elementos, a adaptação de materiais, denunciavam apropriações diversas que resultavam no surgimento de um outro modelo. Sendo atualmente uma moderna metrópole, planejada em fins do século XIX, para ser a nova capital de Minas Gerais, Belo Horizonte foi idealizada em concepções de planejamento visionárias, pelo engenheiro-arquiteto Aarão Reis e sua equipe que, sob influência de Haussmann (Paris-FRA) e L'Enfant (Washington-EUA), criaram, na virada do século, uma ficção sintetizadora do moderno na convergência das Minas com os Sertões e os Planaltos brasileiros, em contraposição à referência barroca da antiga capital Ouro Preto (PEREIRA, 2001). A construção de Belo Horizonte, Na passagem dos séculos XIX-XX, se consolidou como o emblema da Modernidade na periferia. Tal afirmação se ampara na própria constatação de que é possível identificar na paisagem urbana das metrópoles brasileiras, traços da (i)materialidade que, ressignificados, passaram a valer por outra coisa ao mesmo tempo em que ainda deixam entrever aspectos daquele "momento inaugural". Dessa forma, é a identificação desses traços no presente que possibilita iluminar no passado a complexidade dos embates travados entre a tradição européia e o surgimento do tipicamente nacional, que se estabeleceu no hibridismo dos elementos da matriz cultural das áreas centrais com as várias formas de apropriação e/ou negação desses elementos pela sociedade periférica. Ainda, nesses termos, pode-se pensar num presente que cita a experiência do passado e ao fazê-lo não reconstitui o passado, mas integra passado e presente através do fio da rememoração. Para um exemplo notório e revelador de percurso turísticos da metrópole de Belo Horizonte, no mais das vezes mal interpretado, pode-se pensar no conjunto arquitetônico da Pampulha, empreendido pelo então prefeito Juscelino Kubitschek. O projeto elaborado pelo arquiteto Oscar Niemeyer propunha a construção de quatro unidades: o Iate Tênis Clube, o Cassino – atual Museu de Arte Moderna –, a Casa do Baile e a Igreja de São Francisco de Assis, todos situados à margem da lagoa de modo que seus perfis se refletissem na água. Aqui a apropriação ressignificada de traços da tradição colonial não é meramente, como sugere um primeiro olhar, a reutilização e a releitura de elementos formais característicos da arquitetura barroca como as "curvas". O que parece realmente interessante é a utilização de um elemento da natureza, no caso a água da lagoa, para se criar o artifício capaz de potencializar a evidenciação da grandiosidade e da imponência que se pretendia imprimir à "moderna" capital e, por associação, à população. Basta lembrar que nas igrejas barrocas e nos eventos processionais de Vila Rica o elemento utilizado para evidenciar a grandiosidade e a soberania da Igreja e do Estado português era a luz, ou a falta dela. Quando da criação de Belo Horizonte, à revelia do plano dos idealizadores, a ocupação urbana da nova e "moderna" capital de Minas iniciou-se a partir das áreas suburbanas, frustrando as expectativas de ocupação do centro. Na medida em que a cidade "fugia" dos limites demarcados pela Avenida do Contorno, evidenciava-se a própria incapacidade dos mecanismos institucionais de exercer um controle e um domínio sobre a população e suas formas de apropriação do espaço. Na Vila Rica colonial e na Belo Horizonte republicana, a população teimava em não corresponder aos ideais civilizacionais da Modernidade. Se a construção da cidade de Belo Horizonte pretendeu marcar a implementação de um ideal civilizatório e modernizante nos moldes dos países europeus, de maneira análoga, as intervenções urbanas implementadas nas grandes cidades brasileiras – sobretudo no caso da cidade do Rio de Janeiro – nas primeiras décadas do século XX, o alargamento das avenidas, a construção dos bulevares tiveram como objetivo "abrir caminho" para a livre circulação do poder econômico, do capital. A paisagem urbana que marcou a construção e a ocupação de Belo Horizonte foi pontuada pela apropriação dos espaços simbólicos da cidade pelas representações e manifestações culturais da população. Sabe-se que o local das edificações que abrigavam as instâncias representativas do Estado era escolhido de acordo com avaliações estratégicas que envolviam desde questões de segurança até as relativas à exacerbação da representação simbólica do poder. Também, não restam dúvidas de que, nas atuais metrópoles brasileiras, a arquitetura e a ocupação do espaço urbano servem à evidenciação do poder econômico, como por exemplo nos prédios que ladeiam a Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte. Do mesmo, pode-se pensar na constante evidenciação do poder político emblematizado na Praça da Liberdade em Belo Horizonte; os edifícios hierarquicamente dispostos de modo a conduzir o transeunte/espectador em direção ao Palácio do Governo. Na Avenida Afonso Pena, palco de variadas manifestações sociais que, tal como as procissões coloniais, constituemse como eventos privilegiados para as representações e manifestações culturais dos grupos que integram a população da metrópole. Fantasmagorias da Modernidade nas quais se pretende a perpetuidade do espetáculo dado pela imagem, ou antes, pela representação visual de uma imagem construída artificiosamente para evidenciar signos e valores que devem ser apropriados seja pela sociedade, seja por aqueles que (re)fazem os percursos turísticos da metrópole de Belo Horizonte neste início do século XXI. Ao longo do século XX, outras inovações urbanísticas e culturais reafirmam a centralidade emblemática da cidade construída em torno de referências dos ideários do modernismo/ modernização. Além das intervenções e atualizações em usos do espaço urbano, mutações dinâmicas se processam em sua paisagem cultural, sintetizada em uma rica produção cultural e inovação em comportamentos e modismos que marcam a experiência urbana de Belo Horizonte e as representações acerca dos seus circuitos turísticos. Em contradição com esta posição, Belo Horizonte é definida por estrangeiros que a visitam como "a maior cidade de que nunca ouviram falar do mundo". Belo Horizonte, para parafrasear a Los Angeles de Mike Davis, "é tudo isso ao mesmo tempo agora" (DAVIS, 1996: 33). Atualmente, essa trajetória tem sido empregada em nome de uma possível "vocação" contemporânea de Belo Horizonte relacionada ao turismo cultural e à recepção de eventos de porte internacional, entendendo a cultura, a indústria do comportamento (moda e música), os serviços especializados e a alta tecnologia como manifestações mais que "naturais" de uma metrópole onde o terciário avançado e o quaternário adquirem importância crescente em função da própria vida sócio-cultural (PEREIRA, 2001). 4. Pós Turismo em Belo Horizonte: memórias híbridas e ressignificações culturais De acordo com o projeto proposto, realizamos o mapeamento das potencialidades dos trajetos urbanos da cidade de Belo Horizonte, enquanto atrativos historicamente ressignificados para o turismo cultural, analisando as permanências e mutações experienciadas no contexto contemporâneo da metrópole de Belo Horizonte e seus reflexos na interpretação/significação para turistas/cidadãos. Também analisamos a paisagem urbana de Belo Horizonte, apreendendo os signos/símbolos culturais do espaço urbano que, como forma de representação configuram territórios distintos de apropriação do espaço urbano. Os percursos espaciais selecionados refletem diferentes espacialidades, desde as áreas tradicionalmente turistificadas a exemplo dos Trajetos Hipercentro Tradicional de BH; Savassi/ Zona Sul e Pampulha; passando por áreas tradicionais do município (Trajetos Santa Tereza e Floresta, Prado, Calafate e Carlos Prates) e da metrópole (Trajetos Santa Luzia e Sabará, Contagem/ Betim e Trajeto Nova Lima/ Brumadinho). A partir dessas premissas, nosso projeto se utilizou da metodologia de história oral considerando-a fundamental na compreensão da experiência dos cidadãos e turistas em contato com os lugares/ paisagens selecionados em Belo Horizonte. O perfil dos entrevistados procurou identificar diferentes atores na sua relação sócio-cultural em cada contexto selecionado, a saber cidadãos, turistas (nacionais e estrangeiros) e administradores/ empreendedores do setor turístico. Para esta análise recortamos algumas falas/ narrativas que refletem a análise com um todo. No roteiro elaborado para as entrevistas6 com os habitantes, buscamos conhecer o espaço vivido, o lugar cultural e as percepções, representações, apropriações desse espaço, ou seja, qual a experiência do entrevistado com a cidade. O que significa morar/viver em 6 Foram realizadas um total de 40 entrevistas, que estão em fase final de análise. Os resultados aqui publicados refletem uma sistematização geral que deverá ser aprofundada e publicada em um paper específico. As falas daqui extraídas foram autorizadas pelos depoentes, a saber: o turista franco-australiano (nascido em Lyon) Christophe Laurent Royet, de 33 anos; o taxista belohorizontino Sidney Fernando Kneipp Soares, de 50 anos; o publicitário, nascido em Peçanha (interior de Minas), Thiago Rodrigues Leão, de 23 anos; a empregada doméstica, nascida em Santa Cruz (interior de Minas) Elzi José Virgílio Domingos, de 44 anos; e o arquiteto urbanista Radamés Teixeira da Silva, nascido em Divisa Nova (interior de Minas), de 80 anos. Belo Horizonte hoje? E o que mudou desde então? Entrecruzando sua trajetória individual e suas implicações em seu olhar sobre a cidade. A partir daí pudemos apreender exemplos específicos de como a globalização está interferindo e transformando a cidade, seus espaços e, sobretudo, como esses impulsos globais na periferia também estão transformando as próprias representações do que é Belo Horizonte. No roteiro elaborado para as entrevistas com os turistas estrangeiros, acrescentamos questões relativas às suas origens, sua trajetória até Belo Horizonte, referencias prévias sobre a cidade e a experiência vivida em Belo Horizonte. A seguir, apresentamos algumas reflexões construídas a partir das falas de nossos depoentes. Através das entrevistas percebemos como, apesar dos esforços da administração municipal e de alguns segmentos empresariais no sentido de explicitar o turismo como alternativa econômica para a cidade, este fato não foi incorporado à dinâmica sócioeconômica e cultural dos habitantes de uma forma geral e, conseqüentemente, apropriado pelos turistas que a visitam. Constatamos, nesse sentido, uma forte resistência relacionada ao caráter provinciano e tradicional de seus moradores. Assim, apesar das dimensões demográficas e espaciais da metrópole, ainda persistem fortes práticas e imaginários que limitam a ampliação das possibilidades de apropriação de seus recursos. Ao longo das entrevistas percebemos como os cidadãos se apropriam diferentemente dos espaços da cidade. A cidade comunica e informa seus processos. Reflete e é atravessada por representações e símbolos que traduzem hegemonias e contra-hegemonias. As falas explicitam a realidade de uma metrópole periférica, onde a violência, a exclusão e a marginalidade, apresentam-se como empecilhos a uma apropriação legítima dos espaços públicos da cidade, como expressa a empregada doméstica Elzi Domingos: "Muita coisa foi mudando...lá no Centro mesmo eu andava e não via nada. Agora está tudo diferente. O que me dá mais tristeza é ver eles derrubarem aqueles casarões...aquelas casas tão bonitas e hoje a gente passa lá e está tudo derrubado ou então está tudo invadido por mendigos, mal cuidado...É triste a gente ver a cidade ir perdendo sua história...A Praça da Estação era tudo tão bonito...hoje está tudo abandonado. A única coisa que está preservado lá é o Parque Municipal, que eu ia muito, continua até bonito, mas dependendo da hora não tem nem como você passar por lá [...] essa violência terrível, está dando medo! [...] Então, às vezes eu prefiro nem ir". Mas, a cidade nem sempre foi assim na memória daqueles, como a própria Elzi, que experimentaram o cotidiano e a convivência em espaços públicos e eventos que propiciavam o encontro dos sujeitos, como afirma o urbanista Radamés Teixeira, que desde 1941 vivia a dinâmica cultural e artística da cidade.: "Belo Horizonte nem sempre foi assim. Eu me lembro dos movimentos culturais da cidade, eu participava deles, a população participava... Quantas e quantas vezes Belo Horizonte foi referencia nas vanguardas culturais do Brasil e havia momentos e lugares propícios a isso". Os processos de modernização e produção de espaços mediados pela lógica do consumo, como shoppings centers, lojas de conveniência, drive-thrus, cybercafés, dentre os mais diversos espaços de lazer e entretenimento têm aprofundado as condições de esvaziamento dos espaços públicos responsáveis pela convivência cidadã e sociabilidade urbana: "...eu fui muito no Cine Art Palácio lá na rua Curitiba, que não existe mais.Hoje é uma loja enorme no lugar. [...] dos cinemas que eu ia antigamente no centro de Belo Horizonte, hoje não existe mais nenhum.[...] Se você quer ir ao cinema, é só nos shoppings mesmo", como afirma Elzi Domingos. Assiste-se ainda, no caso de Belo Horizonte à formação de grupos culturais fechados em torno de referências simbólicas antenadas em modismos e comportamentos pertencentes a uma lógica urbana culturalmente discriminatória, revelando uma exclusão não somente material, mas sobretudo, imaterial ou simbólica: "[...] a gente tem uma vida de metrópole, mas a minha impressão é que as coisas ficam mais escondidas, a gente tem que correr atrás para descobrir a cidade. Você tem que estar conhecendo gente, procurando saber o que as pessoas estão sabendo. Os lugares são muito fechados. Se abre um cinema novo perto da sua casa, as pessoas não ficam sabendo. As coisas acontecem, de acordo com grupo social que você convive. Se você quiser, você tem que procurar, ler em jornal, ou a partir do convívio com gente que está movimentando a cultura da cidade". Todas essas representações atestam processos de constituição de imaginários que revelam problemáticas associadas à percepção dos moradores sobre as perspectivas turísticas da cidade, evidenciando antes de tudo um sentimento de pessimismo ou de dificuldades de se relacionar com a materialidade urbana e sua vida social. Este processo, se entendido em sua complexidade, pode auxiliar na busca de soluções para a satisfação dos desejos e necessidades do coletivo urbano de Belo Horizonte, apontando caminhos e alternativas. O fato da cidade ser vista como espaço não propício à atividade turística ainda encontra força em suas funções urbanas e no fato de muitos acreditarem que seu papel orienta-se para a recepção ou intermediação dos turistas aos destinos tradicionalmente mineiros, como as famosas e emblemáticas cidades barrocas, tombadas pela UNESCO como patrimônio da humanidade, como fala o taxista e recepcionista de turistas Sidney "[...] Belo Horizonte é uma cidade transitória para o turista. O turista não pensa: eu vou para Belo Horizonte passar uns dias lá, igual ele vai a Salvador, por exemplo...o turista se hospeda em Belo Horizonte para ir a Ouro Preto e Mariana, cidades que circundam Belo Horizonte. Conseqüentemente, o turista vai a um bar à noite, vai à Pampulha. Mas é raro o turista que vem diretamente para Belo Horizonte conhece-la, buscar alguma coisa interessante aqui". Essas representações socioambientais sobre Belo Horizonte afirmam sentidos e relações (re)construídos pelos habitantes na sua vivência cotidiana na cidade. Mas o turista também fala sobre a cidade e sua representação sobre ela ora se aproxima, ora se afasta das dos nativos. O que fica explícito na fala do turista Christophe Royet é que a cidade ainda não está preparada para receber o turista, desde as questões relativas à língua, passando pela falta de circulação das informações e das manifestações turísticas espontâneas da cultura mineira e belohorizontina que parecem se esvanecer no presente: "as pessoas de Belo Horizonte não são preparadas para receber os turistas. A elite estuda o inglês, mas o povo não fala inglês. Não tem sinalização na cidade em inglês ou espanhol, o que cria uma dependência em relação a poucos. É difícil se enturmar. O turista tem que aprender o português e adquirir conhecimento sobre a cultura, muito ligada à mídia televisiva. Não gostei da cidade quando cheguei e ainda não gosto. Faltam opções e atrações realmente interessantes". Na realidade urbana periférica das metrópoles latino-americanas, houve no presente, associado a processo históricos de ditadura e, mais atualmente, à violência, que as possibilidades de experienciar a vida pública necessita ser incentivada. Nosso esforço analítico centrou-se na superação desse crescente processo de dessimbolização da vida urbana, ao buscarmos compreender que embora a metrópole de Belo Horizonte conte com uma grande produção cultural e expressivo patrimônio arquitetônico-urbanístico, além de possuir centros universitários de referência internacional para formação de quadros profissionais ligados ao turismo, ainda persiste uma lógica de não apropriação ampliada dessas potencialidades. As memórias hibridizadas na relação habitante-turista trazem à superfície o desejo por vivenciar estas possibilidades, ao mesmo tempo que revelam a memória de tempos e espaços em que moradores e turistas se apropriavam efetivamente do espaço urbano, nos quais sentimentos de pertencimento conduziam à construção de identidades: "é nessa medida que a história de uma cidade é pontuada na memória social por datas, fatos, nomes, ritos, sons, que se associam a paisagens, edificações, monumentos, que compõem o kit identitário de uma urbs, e que darão a sensação de pertencimento e o traço distintivo que acompanhará esta cidade no tempo" (PASAVENTO, 2002: 35). Acreditamos que a reflexão aqui proposta, mediante metodologia de história oral e percepção urbana, possibilita o desvendamento destes complexos processos supercontemporâneos, permitindo a reinvenção de projetos socais de apropriação da cidade, resgatando o passado e mapeando o futuro de possibilidades de reconhecer a cidade em seus múltiplos e dinâmicos significados turísticos, e assim possibilitar ao turista e cidadão "[...] exercitar a competência política (conhecimento do local) e a capacidade de resistência (desconstrução das narrativas turísticas oferecidas) que evitem o inebriamento e a disciplina que a profusão desconexa de imagens urbanas sintéticas e emblemáticas tende a provocar" (FORTUNA, 1999: 55). Para os sujeitos que trabalham junto ao setor turístico o mesmo aparece como discurso que encontra na existência de uma nova institucionalidade as condições políticas e econômicas para a ampliação de benefícios, não reconhecendo ou dando ainda pouca representação para estes recentes processos de apropriação. No entanto, percebe-se já um discurso em direção a ausência de estudos e reflexões academicamente fundamentadas para planejamento do setor em Belo Horizonte. O turista/cidadão se apropria do espaço urbano, gerando subversões no sentido de que, conforme analisa Carlos FORTUNA, "o turismo encerra uma forte ambivalência. Ora pode ver-se nele um sintoma de ordem e disciplina, ora de ruptura e subversão" (1999: 67), tornando-o uma manifestação cultural e política particular da modernidade, ao concretizar o desejo de evasão e o prazer emocional pela atenuação dos constrangimentos sociais, exaltação da fantasia, dados pela "desvalorização, suspensão ou perda das matrizes convencionais da identidade social – a classe social, o sexo, o grupo étnico, o grupo religioso [...] gerada pelo afastamento físico dos espaços de controle e constrangimento social dos sujeitos e, por outro lado, do estado de desprendimento e libertação dos sentidos em que o turista se deixa envolver." Bibliografia ALMEIDA, Isabel Mendes de e TRACY, Kátia Maria de Almeida (2003). Geografia da Night. In: Noites Nômades: espaço e subjetividade nas culturas jovens contemporâneas. Rio de Janeiro: Rocco, pp. 25-64. ARANTES, Otília Fiori.(2000) Uma Estratégia Fatal: a cultura nas novas gestões urbanas. In: ARANTES, O. VAINER, C., MARICATO, e. 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