Fragmentos teóricos estudados no Combo Fusion

Transcrição

Fragmentos teóricos estudados no Combo Fusion
Documento elaborado por Walkiria Eyre.
Este documento está sob licença CC.
Abril de 2012.
Fragmentos teóricos estudados no Combo Fusion
Como prometido, elaborei um documento registrando os tópicos abordados em nossa aula no
Combo Fusion. Vou manter a lista de nomes que já enviei aos alunos do Combo porque é uma
lista importante e fonte primeva de nosso estudo.
Sintam-se livres para questionamentos e sugestões. Boa leitura!
Nomes importantes a se pesquisar:
Bal Anat
Jamila Salimpour
Masha Archer
Nanna Candelaria
Katarina Burda / Aywah!
Suhaila Salimpour
Malia DeFelice
Hahbi’ru / John Compton
Carolena Nericcio / FatChance BellyDance (FCBD)
Gypsy Caravan
Ultra Gypsy / Jill Parker
Stephanie Barto / Read My Hips
Urban Tribal / Heather Stants
Mardi Love
Frederique David (The Lady Fred)
Sharon Kihara
Rachel Brice
Elizabeth Strong
Mira Betz
Zoe Jakes
* Não estudar só o que achamos bonito. Nosso gosto pessoal não deve interferir na busca do
conhecimento.
O auto-conhecimento:
Faça uma pesquisa de si mesma: qual a sua relação com a dança? Qual a sua expectativa
com a dança?
É interessante conhecermos quais são nossas motivações e relações, para trabalharmos
com elas. Assim, se vc pratica TF ou qualquer outra dança apenas por esporte ou como um
exercício físico, talvez vc não precise ficar estudando e se aprofundando demais em teorias.
Portanto, um bom ponto de partida é saber qual é sua relação, e portanto quanto vc deve/pode
doar de si mesmo nesta relação. Mesmo que ao longo da prática, sua relação vá mudando.
A expectativa tem ideia temporal de futuro. Qual sua pretensão? Tornar-se profissional? Qual
1
Documento elaborado por Walkiria Eyre.
Este documento está sob licença CC.
Abril de 2012.
profissional? Ensinar, coreografar, apresentar... todos são coisas bem distintas. E ainda que
possamos fazer todos eles, talvez tenhamos afinidade com um em especial.
Além disso é importante reconhecer quem é vc hoje e as suas possibilidades. O que direi a
seguir pode parecer grosseria de minha parte, mas lembrem-se da auto-sabotagem (tópico
abordado mais à frente): aprender a ouvir sem um pré-julgamento faz toda a diferença no
aprendizado de qualquer coisa.
Quem de vcs quer ser uma “nova Rachel Brice”? Esqueça, pois vc nunca será. Ela é uma
pessoa que fez parte de uma mudança de paradigma por assim dizer, e ela não tentou ser a
mudança, a novidade. As coisas tomaram direções naturais e dentro dessa naturalidade, o TF
ganhou seu espaço. Talvez em uma época sem YT e FB nunca conheceríamos essa dança...
Meu intento com isso é apenas mostrar que não cabe a nós pura e simplesmente querer ser
uma estrela, é uma coisa de momento e lugar. Mais ainda, não se cobrem. Ninguém precisa
fazer um cambrè gigante, ou uma queda turca após uma sequência de giros, ou isso, ou aquilo.
respeitem seus corpos, suas anatomias, suas limitações físicas, suas capacidades, e trabalhem
com amor a essas limitações e capacidades. Se vc não consegue ter a mesma flexibilidade que
sua professora, tudo bem. O importante é que vc consiga ter a sua própria flexibilidade, e com
ela vc dance. Seu foco é vc e só vc. Não mude o foco. Olhe para si. O que vc gosta? Que tipo
de música? Quais fusões vc prefere? O TF lhe proporciona essa liberdade, então antes de se
cobrar, se permita fazer o que vc gosta, no seu tempo, no seu ritmo, nas suas condições.
(Isso foi um tópico abordado pela Jill Parker quando estivemos em Buenos Aires. Não foram
essas as suas palavras, mas foi isso que eu entendi.)
O espírito de comunidade:
O TF tem sua origem no ATS (American Tribal Style), que é um estilo de dança fortemente
focado no espírito de comunidade. Não há solos no ATS, todas as apresentações são feitas
em grupo. As mulheres se unem (no ATS não há homens), se arrumam e se enfeitam juntas, e
dançam unidas. Há uma interação energética no sentido de união, de colaboração, de festejo.
Elas se regozijam por estarem juntas e partilhar do festivo momento da dança.
A possibilidade da dança solo surgiu no TF, com Rachel Brice. Então não vamos confundir as
bolas aqui: Jill Parker foi a primeira a “fusionar”, ou seja, usar seu conhecimento pessoal de
dança e seu aprendizado no ATS, mesclando-os e fazendo o que viria a ser chamado de TF,
mas ainda era um grupo dançando; Rachel Brice foi a primeira a trabalhar a fusão em solo (por
falta de parceria) e ficou mais conhecida, popularizando essa nova manifestação artística.
Assim, ainda que nosso foco seja o TF, o espírito de comunidade deve permear nossa dança.
A auto-sabotagem e suas amarras:
Eu não sou psicóloga nem especialista em auto-ajuda, mas sei por experiência que tudo que
acontece em nossas vidas tem reflexo na dança. A auto-sabotagem acontece em todos os
aspectos, mas vamos abordar a questão da dança. Lembrando que esse assunto foi tratado
2
Documento elaborado por Walkiria Eyre.
Este documento está sob licença CC.
Abril de 2012.
pela Zoe Jakes no Tribal Massive em Las Vegas, quando ela citou e recomendou fortemente o
livro “The war of art”, de Steven Pressfield.
Críticas (destrutivas) e julgamentos são uma forma de auto sabotagem. Principalmente
julgamentos; eles acontecem antes de que possamos montar um pensamento racional e
analítico. O julgamento atua como um escudo que jogamos à nossa frente para qualquer coisa
que se nos apareça. Julgar se tornou um péssimo hábito inconsciente. Esses hábitos impedem
vc de crescer e exercitar humildade e companheirismo.
Em nossa aula trabalhamos alguns exemplos simples de como a auto-sabotagem pode
influenciar negativamente em nossa prática da dança.
Alguns exemplos: 1) não tenho cabelo liso e comprido, aí não fica tão bonito dançar ventre; 2)
como minha família não acha dança importante, eu não consigo fazer tudo que eu gostaria,
porque minha família me critica; 3) se eu tivesse feito ballet desde criança, eu conseguiria fazer
muito mais coisas, hoje já sou velha e não vou mais conseguir aprender, ou dançar bonita
como as que eu assisto e gosto; e por aí vai e vai longe...
Esses exemplos são clássicos e fáceis até de identificar, porém existem formas muito sutis
de auto-sabotagem, e nossa percepção dessas expressões sutis vai ficando maior e melhor
quanto mais nos exploramos e questionamos nossos pensamentos e atitudes, colocando-os
sob o crivo da auto-sabotagem e julgamento precipitado.
O que pensamos quando assistimos uma colega dançando? Ficamos comparando o que ela
faz melhor do que nós? Se a música dela é legal ou não? Se a roupa é bonita ou não? Se ela
tem técnica ou não?...
Essas questões podemos fazer para nós mesmos com o intuito de nos melhorar, mas quando
fazemos esses questionamentos com relação ao outro, estamos buscando subterfúgios para
nossos sentimentos, como talvez um orgulho ferido.
O trabalho do outro, a dança do outro, a maquiagem do outro, a roupa do outro, tudo isso,
nós não julgamos, nós apreciamos e aprendemos. Transforme os pensamentos que levam
à auto-sabotagem em lições, aprendizados, informações e substância útil e positiva. Evite
veementemente julgamentos. A melhor forma de fazê-lo é buscando a sinceridade. Ter
coragem de ser sincero consigo e com os outros. Evite as “pequenas desculpas mentirosas”.
São bolinhas de neve que crescem e podem ser bastante prejudiciais a longo prazo.
Segue abaixo um trecho de um texto que tirei deste link http://www.somostodosum.com/
conteudo/conteudo.asp?id=2724, de uma psicóloga chamada Bel Cesar:
3
Documento elaborado por Walkiria Eyre.
Este documento está sob licença CC.
Abril de 2012.
“Cada vez que desconfiamos de nossa capacidade de superar obstáculos, cultivamos um sentimento
de covardia interior que bloqueia nossas emoções e nos paralisa. Muitas vezes, o medo da mudança é
maior do que a força para mudar. Por isso, enquanto nos auto-iludirmos com soluções irreais e tivermos
resistência em rever nossos erros e aprender com eles, estaremos bloqueados. Desta forma, a preguiça e
o orgulho serão expressões de auto-sabotagem, isto é, de nosso medo de mudar.
Dificilmente percebemos que nos auto-sabotamos. Nós nos auto-iludimos quando não lidamos
diretamente com nosso problema raiz.
A auto-ilusão é um jogo da mente que busca uma solução imediata para um conflito, ou seja, um
modo de se adaptar a uma situação dolorosa, porém que não represente uma mudança ameaçadora.
Por exemplo, se durante a infância absorvemos a idéia de que de ser rico é ser invejado e assim
menos amado, cada vez que tivermos a possibilidade de ampliar nosso patrimônio nós nos sentiremos
ameaçados! Então, passaremos a criar dívidas, comprando além de nossas possibilidades, para nos
sentirmos ricos, porém com os problemas já conhecidos de ser pobres. Não é fácil perceber que a traição
começa em nós mesmos, pois nem nos damos conta de que estamos nos auto-sabotando!
Na auto-ilusão, tudo parece perfeito. Atribuímos ao tempo e aos outros a solução mágica de nossos
problemas: com o tempo a dor de uma perda passará; seu amado irá se arrepender de ter deixado você
e voltará para seus braços como se nada houvesse ocorrido. No entanto, só quando passarmos a ter
consciência de nossos erros é que não seremos mais vítimas deles!
Temos uma imagem idealizada de nós mesmos, que nos impede de sermos verdadeiros. Produzimos
muitas ilusões a partir desta idealização. Muitas vezes, dizemos o que não sentimos de verdade. Isso
ocorre porque não sentimos o que pensamos!”
Vale deixar registrado também o livro que nosso amigo Alexandre Adas indicou: “O ciclo da
auto-sabotagem, como entender o efeito sombra” de Debbie Ford.
Os tabus do TF:
Em nossa aula no Combo Fusion falei rapidamente de alguns “velhos” tabus do TF. Vamos dar
uma relembrada:
1) Figurinos.
Não precisam ser pretos. Não precisam ser só cores escuras e tenebrosas. Não precisa
dançar de calça. Não precisa de um cinto feito no Tadjiquistão. Na verdade não há regras
muito fechadas, o que acontece é que os figurinos remetem às estéticas e arquétipos mais
firmemente ligados ao TF. Então o estudo de figurino não pode ser dissociado dessas
inspirações. Mas isso é assunto para outra aula ;)
2) Expressões faciais.
Não tem que fazer cara de mal. Nem cara feia. Nem cara de bicho-papão. Não tem cara certa
pra dançar TF, mas o fato é que não é a mesma cara de Ventre. De novo, a expressão vai
4
Documento elaborado por Walkiria Eyre.
Este documento está sob licença CC.
Abril de 2012.
depender da ideia, da sensação que se quer passar. O rol de expressões faciais no TF é
importantíssimo.
3) Músicas.
Qual é a música que se utiliza pra dançar TF? Qualquer uma. Se vc consegue encaixar a
dança e ela combina com a música, perfeito. Não há regras. Há bom senso.
Para conhecimento e pesquisa:
Vou agregar aos poucos mais informações e updates a esse documento. Não o tenham como
uma verdade absoluta ou fonte inesgotável. Questionem, me corrijam, estudem, colaborem.
Eu não sou especialista, eu sou como vcs, estou aprendendo, mudando, compartilhando. Não
necessariamente tudo que está escrito aqui é perfeito e correto. Portanto, vamos estudar e
crescer juntos.
Seguem vídeos e textos que eu encontrei por aí e achei excelentes fontes de aprendizado:
Vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=VDSFo-frBUg
http://www.youtube.com/watch?v=dwEbxXorzmI
Textos:
http://www.gildedserpent.com/articles6/northbeach2/johncompton.htm
5