Desenvolvimento Organizacional e a Transformação do
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Desenvolvimento Organizacional e a Transformação do
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO JOSÉ REIS CHAVES JÚNIOR - Ten Cel Inf Desenvolvimento Organizacional e a Transformação do Exército Brasileiro: uma descrição de suas relações. (INTENCIONALMENTE EM BRANCO) Rio de Janeiro 2014 JOSÉ REIS CHAVES JÚNIOR - Ten Cel Inf Desenvolvimento Organizacional e a Transformação do Exército Brasileiro: uma descrição de suas relações. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Ciências Militares. Orientador: JAIME FLAMMARION SANTOS COSTA – Ten Cel Inf Rio de Janeiro 2014 J95d Chaves Júnior, José Reis. Desenvolvimento Organizacional e a Transformação do Exército Brasileiro: uma descrição de suas relações. / José Reis Chaves Júnior. – 2014 84f.: il; 30cm. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2014. Bibliografia: f. 80-84 1. Desenvolvimento organizacional. Brasileiro. 3. Gestão de pessoas. I. Título. 2. Exército CDD 355.6 JOSÉ REIS CHAVES JÚNIOR - Ten Cel Inf Desenvolvimento Organizacional e a Transformação do Exército Brasileiro: uma descrição de suas relações. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Ciências Militares. Aprovado em ____ de ____________________ de 2014 COMISSÃO AVALIADORA __________________________________________________ JAIME FLAMMARION SANTOS COSTA – Ten Cel – Presidente Escola de Comando e Estado-Maior do Exército __________________________________________________ SÉRGIO HENRIQUE CODELO NASCIMENTO – Cel – Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército __________________________________________________ LUIS SÉRGIO DA COSTA SOUTO – Ten Cel – Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército RESUMO O presente trabalho busca as relações existentes, por meio de uma revisão de literatura, entre a Teoria do Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro, tendo por base os processos básicos de gestão de pessoas. Procurou-se apresentar aspectos gerais da teoria e do processo do Exército, bem como abordagens relacionadas aos processos de agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas da gestão de pessoas. O Desenvolvimento Organizacional está relacionado com os conceitos de mudança e de capacidade adaptativa da organização à mudança que ocorre no ambiente. Isso levou a um novo conceito de organização e de cultura organizacional. O Processo de Transformação do Exército Brasileiro é um processo que pretende conduzir o Exército ao patamar de força armada de país desenvolvido e ator mundial, capaz de se fazer presente, com a prontidão necessária, em qualquer ponto da área de interesse estratégico do Brasil. Deseja-se transformar o Exército Brasileiro da Era Industrial para a Era do Conhecimento. O Desenvolvimento Organizacional é uma abordagem de mudança organizacional na qual os próprios integrantes da empresa formulam a mudança necessária e a programam através da assistência de um consultor. O Processo de Transformação do Exército Brasileiro tem nos recursos humanos um dos seus fatores críticos e na gestão desse recurso um dos vetores para a transformação. Como tanto a teoria como a transformação do Exército têm nas pessoas a sua base, o trabalho se desenvolveu nos parâmetros dos processos básicos de gestão de pessoas. Como passou a ser política da Força manter-se em permanente processo de transformação, entendeu-se como importante lançar mais luz sobre o referido processo, buscando novos ângulos e enfoques, comparando com outras formas e teorias de mudança, lançando um novo olhar. Assim, surgirão novas sombras que despertarão o interesse de novos estudos e pesquisas, ampliando as informações sobre o assunto e contribuindo para o desenvolvimento do processo como um todo. O Exército Brasileiro é uma instituição permanente com a missão de cooperar com a Defesa do País, não sendo possível lançar-se em projetos ou processos que não tragam resultados positivos. Palavras-chave: Desenvolvimento, Organização, Exército, Transformação, Pessoas. RESUMEN El presente trabajo las relaciones existentes, a través de una revisión de la literatura, entre la Teoría del Desarrollo Organizacional y el Proceso de Transformación del Ejército de Brasil, con base en los procesos básicos de gestión de recursos humanos. Trató de presentar los aspectos generales de la teoría y el proceso de Ejército y procedimientos relacionados para la agregación de los enfoques, aplicar, recompensa, desarrollar, mantener y controlar a las personas para la gestión de personas. El Desarrollo Organizacional asociada con los conceptos de cambio y la capacidad de adaptación de la organización para el cambio que se produce en el medio ambiente. Esto dio lugar a un nuevo concepto de organización y cultura de la organización. El proceso de transformación del Ejército de Brasil es un proceso que tiene la intención de dirigir el ejército hasta el nivel de la fuerza desarrollada país armado y actor global capaz de hacer esto con la prontitud necesaria, en cualquier lugar del área de interés estratégico para Brasil. Queremos transformar la Era Industrial Ejército Brasileño para la Era del Conocimiento. El Desarrollo Organizacional es un enfoque para el cambio organizacional en la que los miembros son dueños de la empresa de formular el cambio que se necesita y se programan a través de la asistencia de un consultor. El proceso de transformación del Ejército brasileño tiene en los recursos humanos de sus factores críticos en la gestión de este recurso y uno de los vectores de transformación. Como tanto la teoría como la transformación del Ejército tienen su fundamento en las personas, el trabajo desarrollado en los parámetros de los procesos básicos de la gestión de recursos humanos. Como se ha convertido en la política de la Fuerza de permanecer en un proceso permanente de transformación, se entendió tan importante para arrojar más luz sobre este proceso, buscando nuevos ángulos y enfoques, en comparación con otras formas y teorías del cambio, dando una nueva mirada. Por lo tanto, habrá nuevos matices que despertarán el interés de nuevos estudios e investigaciones, la ampliación de la información sobre él y contribuir al proceso de desarrollo en su conjunto. El Ejército de Brasil es una institución permanente con la misión de cooperar con la defensa del país, no es posible poner en marcha en los proyectos o procesos que no aportan resultados positivos. Palabras clave: Desarrollo, Organización, Ejército, Transformación, Personas. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Abrangência da Gestão de Pessoas no âmbito do Exército Figura 2 Abordagem Operativa do Trabalho Figura 3 Abordagem Estrutural do Trabalho Figura 4 Os seis processos de Gestão de Pessoas Figura 5 Esquema da metodologia empregada, baseado em Moreira (2004) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS C&T Ciência e Tecnologia DECEx Departamento de Educação e Cultura do Exército DGP Departamento-Geral do Pessoal DO Desenvolvimento Organizacional EB Exército Brasileiro EME Estado-Maior do Exército ODS Órgão de Direção Setorial PTEB Processo de Transformação do Exército Brasileiro QC Quadro de Cargos TCC Trabalho de Conclusão de Curso SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 10 1.1 TEMA........................................................................................................... 10 1.2 PROBLEMA................................................................................................. 10 1.3 DELIMITAÇÃO............................................................................................. 11 1.4 OBJETIVO.................................................................................................... 13 1.5 HIPÓTESE................................................................................................... 14 1.6 JUSTIFICATIVA........................................................................................... 15 1.7 ESTRUTURA............................................................................................... 17 2 MATERIAL E MÉTODO.................................................................................. 19 2.1 A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL..................................... 22 2.2 A PESQUISA DESCRITIVA......................................................................... 26 2.3 A ANÁLISE QUALITATIVA.......................................................................... 27 2.4 O MÉTODO COMPARATIVO...................................................................... 28 2.5 LIMITAÇÕES................................................................................................ 28 3 RESULTADOS................................................................................................ 29 3.1 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................ 29 3.1.1 Desenvolvimento Organizacional.......................................................... 29 3.1.1.1 Aspectos Gerais..................................................................................... 29 3.1.1.2 Agregar................................................................................................... 32 3.1.1.3 Aplicar.................................................................................................... 35 3.1.1.4. Recompensar........................................................................................ 38 3.1.1.5 Desenvolver........................................................................................... 41 3.1.1.6 Manter.................................................................................................... 45 3.1.1.7 Monitorar................................................................................................ 48 3.1.2 A Transformação do Exército Brasileiro............................................... 50 3.1.2.1 Aspectos Gerais..................................................................................... 50 3.1.2.2 Agregar................................................................................................... 53 3.1.2.3 Aplicar.................................................................................................... 55 3.1.2.4 Recompensar......................................................................................... 60 3.1.2.5 Desenvolver........................................................................................... 61 3.1.2.6 Manter.................................................................................................... 64 3.1.2.7 Monitorar................................................................................................ 67 3.2 AS RELAÇÕES............................................................................................ 68 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 78 5 REFERÊNCIAS............................................................................................... 80 10 1 INTRODUÇÃO 1.1 TEMA Desenvolvimento Organizacional é o esforço de longo prazo, apoiado pela alta direção da organização, no sentido de melhorar os processos de resolução de problemas durante o processo de mudança organizacional. Adota-se, particularmente, um diagnóstico colaborativo e a administração da cultura organizacional, utilizando a teoria e a tecnologia das ciências comportamentais. Segundo Chiavenato (2003, p. 380), o Desenvolvimento Organizacional tem nas pessoas o ponto principal para a mudança, pois mudando as pessoas se muda a organização. Considera que a natureza e a qualidade do relacionamento do pessoal no ambiente de trabalho são importantes para a empresa, pois é por meio dessas relações que a organização funciona e cumpre a sua finalidade. A transformação do Exército é um processo que pretende conduzir a Instituição ao patamar de força armada de país desenvolvido e ator mundial, capaz de se fazer presente, com a prontidão necessária, em qualquer ponto da área de interesse estratégico do Brasil. Trata-se, portanto, de um processo para retirar o Exército da Era Industrial e levá-lo para a Era do Conhecimento. A transformação do Exército tem nos Recursos Humanos um de seus vetores de transformação e o Estado-Maior do Exército entende que as modificações requeridas pela Gestão dos Recursos Humanos provavelmente acarretarão profundas mudanças em paradigmas solidamente arraigados na cultura institucional do Exército Brasileiro (BRASIL, 2010a, p. 37). Assim, ao se estudar a transformação do Exército e o Desenvolvimento Organizacional, paralelamente, buscando as relações existentes, abrem-se possibilidades no sentido de agregar novos entendimentos e visões ao processo vivenciado pela Instituição. Principalmente com relação ao pessoal, pois este aspecto é abordado em ambos os assuntos. 1.2 PROBLEMA O problema a ser tratado nesta pesquisa é a descrição do Processo de Transformação do Exército Brasileiro e da Teoria do Desenvolvimento Organizacional, buscando convergências ou divergências existentes entre os assuntos. Desta forma, o problema se enuncia da seguinte forma: qual a relação 11 existente entre o Processo de Transformação do Exército Brasileiro e a Teoria do Desenvolvimento Organizacional? Para solucionar o problema enunciado será necessário resolver alguns problemas secundários, identificados pelos enunciados indicados abaixo. - Como o Processo de Transformação do Exército Brasileiro se apresenta, tendo por base os processos básicos da gestão de pessoas? - Como a Teoria do Desenvolvimento Organizacional se apresenta, tendo por base os processos básicos da gestão de pessoas? 1.3 DELIMITAÇÃO O problema limitou-se a aspectos relacionados à gestão de pessoas. No caso, os processos básicos da gestão de pessoas. Os recursos humanos são considerados pelo Estado-Maior do Exército como uma área básica para a mudança (BRASIL, 2010b, p. 4). Este Órgão de Direção Geral trata a gestão de pessoas no Processo de Transformação do Exército Brasileiro como gestão de recursos humanos, propondo-a como um dos seis vetores da transformação. Os Vetores de Transformação propostos são os seguintes: • Doutrina • Preparo e Emprego • Educação e Cultura • Gestão de Recursos Humanos • Gestão Corrente e Estratégica • C&T e Modernização do Material • Logística. (BRASIL, 2010a, p. 30-31) Ao estudar a transformação do Exército da Espanha, o Estado-Maior do Exército identificou que o elemento humano é considerado o recurso mais valioso dentro do Exército e está na base de qualquer organização operacional. Entendeu que apesar dos avanços tecnológicos, os novos sistemas de armas não podem substituir completamente o seu papel, devendo o esforço da organização está voltado para o pessoal (BRASIL, 2010a, p. 13). Assim, sinalizou no sentido do pessoal ser fundamental para todo o Processo de Transformação do Exército, destacando a importância da gestão de tal recurso para a Instituição. Os êxitos a serem alcançados pela evolução dos "Vetores de Transformação" dependem diretamente da gestão do pessoal, no sentido de proporcionar que cada sistema conte com os recursos humanos mais capacitados e na quantidade necessária. (BRASIL, 2010a, p. 38) 12 Para Moura (2008, p. 20), a principal força motriz, aquela que impulsiona à ação, está relacionada à natureza humana. É por meio desta força que tudo é produzido, omitido, gerado ou destruído. Tudo o que gira no universo percebido pelo indivíduo ganha um significado especial, sendo realidade, ou não. A ênfase ao pessoal também é dada pelo Desenvolvimento Organizacional. Gomes (1978, p. 31) expôs que do ponto de vista de Desenvolvimento Organizacional, a variável pessoa é de grande importância, pois se elas não incorporam as novas estruturas, políticas, filosofia, etc., todo esforço de mudança da organização pode ser inútil. Como afirma Chiavenato (2008, p. 8), a gestão de pessoas é uma área muito sensível à mentalidade que predomina nas organizações. Ela é extremamente contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos, como a cultura que existe em cada organização, da estrutura organizacional adotada, das características do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada e de uma infinidade de outras variáveis importantes. Os aspectos relacionados à gestão de pessoas abordados neste trabalho estarão ligados as atividades dos processos básicos de gestão de pessoas, que no entendimento de Chiavenato (2008, p. 15-16) são os seguintes: 1) Processos de agregar pessoas (recrutamento e seleção); 2) Processos de aplicar pessoas (modelagem do trabalho e avaliação do desempenho); 3) Processos de recompensar pessoas (remuneração, benefícios e incentivos); 4) Processos de desenvolver pessoas (treinamento, desenvolvimento, aprendizagem, gestão do conhecimento); 5) Processos de manter pessoas (higiene e segurança, qualidade de vida e relações com empregados e sindicatos); e 6) Processos de monitorar pessoas (banco de dados e sistemas de informações gerenciais). Pode-se observar na Diretriz do Chefe do Departamento-Geral do Pessoal a abrangência da gestão de pessoas abordando aspectos como o de atrair, motivar e reter recursos humanos, bem como áreas como recrutamento, seleção, formação, avaliação e remuneração, entre outras. Observa-se, portanto, uma semelhança de abordagem (BRASIL, 2013, p. 11). 13 Figura 1: Abrangência da Gestão de Pessoas no âmbito do Exército Fonte: BRASIL, 2013, p. 11 Assim, o Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro serão apresentados, tendo por base os processos básicos de gestão de pessoas, ou seja, agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar. 1.4 OBJETIVO Pretende-se, com o presente estudo, apresentar informações sobre o Processo de Transformação do Exército Brasileiro, cooperar para o aumento das 14 informações sobre o assunto, e contribuir para um melhor entendimento da importância da gestão de pessoal para o processo de transformação da Instituição, calcado no Desenvolvimento Organizacional. Assim, o objetivo geral é indicado pelo seguinte enunciado: - descrever a relação entre o Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro. Para alcançar o objetivo geral será preciso atingir alguns objetivos específicos, que são os seguintes: - apresentar o Desenvolvimento Organizacional, tendo por base os processos básicos da gestão de pessoas; e - apresentar o Processo de Transformação do Exército Brasileiro, tendo por OBJETIVO ESPECÍFICO Apresentar o DO Processos Básicos de Gestão de Pessoas Processo de Transformação do Exército Brasileiro OBJETIVO ESPECÍFICO Apresentar o PTEB OBJETIVO GERAL Descrever a relação entre o DO eo PTEB TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Desenvolvimento Organizacional RELACIONAR PROBLEMA SECUNDÁRIO PROBLEMA SECUNDÁRIO PROBLEMA base os processos básicos da gestão de pessoas. Figura 2: Abordagem Operativa do Trabalho Fonte: o autor 1.5 HIPÓTESE A hipótese adotada neste trabalho foi a de que existe uma relação entre a Teoria do Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro. Essa hipótese decorreu de aspectos que são encontrados tanto na Teoria do Desenvolvimento Organizacional como no Processo de Transformação do Exército 15 Brasileiro. Este trabalho buscou identificar e apresentar esses aspectos, relacionando o que foi encontrado na teoria com o que foi encontrado no processo vivenciado pelo Exército. Chiavenato (2003, p. 380) expôs que French e Bell1 definiram o Desenvolvimento Organizacional como um esforço de longo prazo, apoiado pela alta direção, no sentido de melhorar os processos de resolução de problemas de renovação organizacional. A filosofia (teoria/processo) de Desenvolvimento Organizacional está relacionada à noção de mudança e ao potencial da organização em se adaptar à mudança. Nesse processo existe uma ênfase nos relacionamentos entre os grupos que compõem a organização. A teoria baseia-se na ampla participação dos integrantes da organização, que deve se voltar mais às pessoas do que às técnicas. Para Bennis (1972, p. 32), a preocupação com as pessoas está ligada ao importante papel que as simpatias pessoais desempenham, pois na sociedade, o indivíduo é valorizado e existe uma preocupação legítima pelo seu bem-estar, não num sentido de higiene física, mas como uma personalidade moral e integrada. O Estado-Maior do Exército concluiu que a transformação do Exército deveria se constituir em um dos objetivos da Política Militar Terrestre, buscando a institucionalização das ações. Envolveu toda a instituição, principalmente as lideranças, em um processo planejado e contínuo, uma vez que estarão desdobradas nas estratégias e nos planos básicos e de gestão das Organizações Militares de todos os níveis (BRASIL, 2010a, p. 43). Foi verificado, também, que o Comandante do Exército e o Chefe do Departamento-Geral do Pessoal buscam uma maior valorização do pessoal militar, evidenciando a importância do pessoal para que a Instituição continue cumprindo suas missões. 1.6 JUSTIFICATIVA A abordagem baseada no Desenvolvimento Organizacional se justifica pelo fato desta ser uma espécie de processo planejado de mudanças, buscando o aprimoramento da organização. Trata-se de uma filosofia que tem os funcionários e 1 Wendell L. French & Cecil H. Bell, Jr., Organizational Development: Behavioral Science Interventions for Organizational Improvement, Englewood Cliff, N.J., Prentice-Hall, 1981, p. 17. 16 os gestores como elementos responsáveis pelas soluções, agindo de forma interativa desde o diagnóstico. Desenvolvimento organizacional é uma filosofia e um conjunto de intervenções de mudanças planejadas que são criadas para melhorar a solidez e o desempenho de uma organização a longo prazo. O desenvolvimento organizacional adota um método de mudança a longo prazo, supõe que o apoio da alta administração seja necessário para que a mudança dê certo e cria mudança educando funcionários e gestores para que mudem ideias, crenças e comportamentos, de modo a solucionar os problemas de maneira diferente, e enfatiza a participação do funcionário no diagnóstico, na solução e avaliação de problemas. (WILLIAMS, 2010, p. 138). Justifica-se, também, por utilizar, como informa Chiavenato (2003, p. 380), teoria e tecnologia das ciências comportamentais, enfatizando as equipes de trabalho, sejam formais ou temporárias, bem como a cultura intergrupal. Em suma, por empreender mudanças por meio de um eficaz e colaborativo diagnóstico, bem como uma administração da cultura organizacional. A importância e oportunidade do estudo são verificáveis na abordagem das Diretrizes do Chefe do Departamento-Geral do Pessoal 2013-2014, que destacou o pessoal pela sua presença em todos os vetores da transformação. Apontou que o homem será fundamental para o êxito no processo de mudança, pois atua e está presente em todas as atividades da Instituição. O único ator presente em todo o largo espectro do Projeto de Transformação é, indiscutivelmente, o homem e dele dependerá o êxito de qualquer iniciativa. Essa transversalidade define a importância da gestão dos recursos humanos para o sucesso do esforço de mudanças e a relevância do papel que cabe ao DGP, não somente na condução do vetor “recursos humanos”, mas atuando em todos eles, atento aos pressupostos básicos e com olhos nos objetivos a alcançar. (BRASIL, 2013, p. 21-22) O Chefe do Departamento-Geral do Pessoal destacou, ainda, que a transformação deve iniciar pelos recursos humanos, objetivando o indivíduo como ponto central do processo. Como destacou a importância da política e da gestão de pessoal nesse processo, entende-se como importante ampliar a pesquisa quanto aos aspectos relacionados ao pessoal envolvidos no processo, justificando o presente estudo. A transformação que almejamos e que o Exército planeja e necessita só terá efeito se iniciar-se com o homem e pelo homem. Ele é, nesse processo, ao mesmo tempo instrumento e objeto e cabe-nos, como gestores da política de pessoal da Força, em estreita sintonia com o EME e com os demais ODS, proporcionar o produto de que ela necessita para desencadear e controlar um verdadeiro processo de transformação. (BRASIL, 2013, p. 23) 17 A abordagem dos dois assuntos por meio dos processos básicos da gestão de pessoas se deve ao fato desta ter sido a responsável pela excelência das organizações bem sucedidas e pelo aporte de capital intelectual que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da Informação. A gestão de pessoas ou administração de recursos humanos é uma associação de habilidades e métodos, políticas, técnicas e práticas definidas, com o objetivo de administrar os comportamentos internos e potencializar o capital humano nas organizações. Ocorre através da participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento de funcionários de uma empresa. Para Chiavenato (2008, p. 14), a moderna gestão de pessoas consiste em várias atividades integradas entre si no sentido de obter efeitos sinérgicos e multiplicadores tanto para as organizações como para as pessoas que nelas trabalham. 1.7 ESTRUTURA Adaptando a estruturação proposta por Alyrio (2009, p. 232), segue-se a esta introdução a seção do material e método (segunda seção), na qual será apresentada a metodologia seguida para o desenvolvimento do trabalho. Nesta seção, foi explicada a maneira utilizada para resolver o problema e a técnica utilizada para se chegar a ao resultado. Em suma, expôs os caminhos percorridos para chegar aos objetivos propostos. A terceira seção trata do resultado alcançado com a pesquisa com a finalidade de anunciar o estado dos problemas levantados, com referência aos estudos publicados sobre o assunto. Esta seção está dividida em duas partes. Na primeira parte, realiza-se uma revisão da literatura, abordando os aspectos relacionados à gestão de pessoal, observados na Teoria do Desenvolvimento Organizacional e no Processo de Transformação do Exército Brasileiro. Na segunda parte se tratou das relações encontradas entre a Teoria do Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército, buscando-se uma síntese interpretativa dos principais aspectos expostos na revisão da literatura, recapitulando-se as partes principais. A quarta e última seção expôs as considerações finais a cerca do trabalho realizado, oferecendo novas idéias e pontos de vista a cerca do assunto e ajudando a complementar os esforços da pesquisa. Buscou-se aumentar as informações 18 sobre o assunto, e contribuir para um melhor entendimento da importância da gestão de pessoal para o processo de transformação da Instituição. INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODO RESULTADO REVISÃO DA LITERATURA DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO RELAÇÕES EXISTENTES CONSIDERAÇÕES FINAIS Figura 3: Abordagem Estrutural do Trabalho Fonte: o autor 19 2 MATERIAL E MÉTODO Para realizar este trabalho se partiu da definição dada por Santos e Noronha (2010, p. 37) ao Trabalho de Conclusão de Curso, ou seja, é uma monografia que não exige originalidade, sendo qualificada pelo uso correto do material pesquisado, com menção das fontes. Contudo, não é uma repetição do que já foi escrito, mas sim, o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem. Adotou-se para este trabalho uma Revisão da Literatura por seu aspecto sumarizador, que analisa a produção bibliográfica na área em questão e fornece uma visão geral sobre o assunto. As partes incluídas no estudo foram selecionadas em função dos objetivos do trabalho, que trata da Teoria do Desenvolvimento Organizacional do Processo de Transformação do Exército Brasileiro. Estas duas partes caracterizam a base de pesquisa para as amostras. Os aspectos pesquisados no estudo foram selecionados em função dos processos básicos da gestão de pessoas, que representa a interdependência das organizações e das pessoas. Os objetivos da gestão de pessoas passaram a ser estratégicos, tendo nos seus processos o instrumento de conciliação e de convergência dos objetivos organizacionais e individuais. Gestão de Pessoas Processos de agregar pessoas Processos de aplicar pessoas Processos de recompensar pessoas Processos de desenvolver pessoas Processos de manter pessoas •Recrutamento •Seleção •Modelagem do trabalho •Avaliação do desempenho •Remuneração •Benefícios •Incentivos •Treinamento •Desenvolvimento •Aprendizagem •Gestão do conhecimento •Higiene e segurança •Qualidade de vida •Relações com empregados e sindicatos Figura 4: Os seis processos de Gestão de Pessoas Fonte: Chiavenato (2008, p. 15) Processos de monitorar pessoas •Banco de dados •Sistemas de informações gerenciais 20 Assim, o estudo foi desenvolvido tomando por base conceitual os processos básicos de gestão de pessoas, citados por Chiavenato (2008, p. 15-16) como sendo em um total de seis e descritos da seguinte forma: 1) Processos de Agregar Pessoas. São os processos utilizados para incluir novas pessoas na empresa. Podem ser denominados processos de provisão ou de suprimento de pessoas. Incluem recrutamento e seleção de pessoas. 2) Processos de Aplicar Pessoas. São os processos utilizados para desenhar as atividades que as pessoas irão realizar na organização, orientar e acompanhar seu desempenho. Inclui desenho organizacional e desenho de cargos, análise e descrição de cargos, orientação das pessoas e avaliação do desempenho. 3) Processos de Recompensar Pessoas. São os processos utilizados para incentivar as pessoas e satisfazer suas necessidades individuais mais elevadas. Incluem recompensas, remuneração e benefícios e serviços sociais. 4) Processos de Desenvolver Pessoas. São os processos utilizados para capacitar e incrementar o desenvolvimento profissional e pessoal das pessoas. Envolvem seu treinamento e desenvolvimento, gestão do conhecimento e gestão de competências, aprendizagem, programas de mudanças e desenvolvimento de carreiras e programas de comunicações e consonância. 5) Processos de Manter Pessoas. São os processos utilizados para criar condições ambientais e psicológicas satisfatórias para as atividades das pessoas. Incluem administração da cultura organizacional, do clima organizacional, da disciplina, higiene, segurança e qualidade de vida, além da manutenção de relações saudáveis entre as pessoas e os diversos grupos que integram uma organização. 6) Processos de Monitorar Pessoas. São os processos utilizados para acompanhar e controlar as atividades das pessoas e verificar resultados. Incluem banco de dados e sistemas de informações gerenciais. Como entende Moreira (2004, p. 22), revisar significa olhar novamente, retomar os discursos de outros pesquisadores, mas não no sentido de visualizar somente, mas de criticar em função dos objetivos formulados. A revisão da literatura, 21 neste caso, forneceu informações para contextualizar a extensão e significância da relação entre o Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro. O trabalho foi desenvolvido com base em pesquisa bibliográfica e documental, seguido de uma comparação dos resultados obtidos, e sua metodologia pode ser resumida pelos seguintes passos, baseado em Moreira (2004, p. 27-28). REVISÃO DA LITERATURA RELAÇÕES 3º PASSO DESCRIÇÃO ANÁLISE QUALITATIVA 2º PASSO COMPARAÇÃO INSPEÇÃO 1º PASSO ORDENAÇÃO - APRESENTAÇÃO LEVANTAMENTO PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL 4º PASSO 5º PASSO 6º PASSO Figura 5: Esquema da metodologia empregada, baseado em Moreira (2004) Fonte: o autor 1º passo – Identificação das fontes para compor a revisão. Buscaram-se as mais compreensíveis possíveis, contemplando, inclusive as diversas fontes de informação disponíveis na internet. 2º passo – Inspeção dos textos visando organizar a produção em cada uma das partes, ou seja, uma leitura atenta e profunda em cada um dos assuntos os assuntos. 3º passo – Análise dos documentos e bibliografias revisadas, orientada pelos questionamentos dos problemas secundários, buscando identificar como os textos revisados abordam, tratam ou respondem aos referidos questionamentos. 4º passo – Ordenação regida por um princípio lógico, ou seja, pelos processos básicos de gestão de pessoas, visando à organização textual para responder as perguntas secundárias e permitir alcançar aos objetivos específicos. 22 5º passo – Comparação dos assuntos estudados, buscando identificar e agrupar discordâncias e concordâncias, mostrando o posicionamento dos textos analisados. 6º passo – Relacionamento e união dos novos conhecimentos produzidos e identificação das áreas controversas. 2.1 A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL A revisão da literatura sobre o Desenvolvimento Organizacional e o Projeto de Transformação do Exército foi encontrada por meio de pesquisa bibliográfica e documental, realizada entre março de 2013 e abril de 2014. O trabalho desenvolvido seguiu os preceitos do estudo exploratório, por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental, que, segundo Gil (2008, p. 50) permite uma cobertura ampla de fenômenos. Primeiramente, foi realizado um levantamento da bibliografia e dos documentos pertinentes, seguido de uma criteriosa seleção da bibliografia e dos documentos. Foram utilizadas na pesquisa as fontes descritas abaixo. 1) Seis livros de acervos particulares divididos em Teoria Geral da Administração, Cultura Organizacional e Gestão de Pessoas. - Teoria geral da administração - Rui Otávio Bernardes de Andrade e Nério Amboni – 2009. - Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações Idalberto Chiavenato – 2008. - Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações - Idalberto Chiavenato – 2003. - Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital Antonio Cesar Amaru Maximiano – 2009. - Cultura Organizacional e Liderança - Edgar Schein – 2009. - ADM - Chuck Williams – 2010. 2) Cinco livros disponíveis na biblioteca virtual do site do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro (http://www.cra-rj.adm.br/), da série Desenvolvimento Organizacional, editado em português em 1972. - Desenvolvimento Organizacional: sua natureza, origens e perspectivas Warren G Bennis. 23 - A estruturação de uma empresa dinâmica através do desenvolvimento organizacional do tipo grid - Robert Blake e Jane Srygley Mouton. - O desenvolvimento de organizações: diagnostico e ação - Paul R Lawrence e Jay W Lorsch. - Consultoria de procedimentos: seu papel no desenvolvimento organizacional – Edgar Schein. - Pacificação interpessoal: confrontações e consultoria de uma terceira parte Richard E Walton. 3) Artigos científicos sobre a temática do estudo foram acessados na base de dados da Biblioteca Científica Eletrônica On-line (SciELO), sendo que foram utilizados onze artigos nacionais, disponíveis online em texto completo. Foi utilizado como descritor o termo “desenvolvimento organizacional”. - Padronização do Teste Desiderativo no contexto da Análise Transacional: resultados preliminares - Guenia Bunchaft e Vanda Leite Pinto Vasconcellos – 2001. - Políticas de gestão de pessoas no novo milênio: cenário dos estudos publicados nos periódicos da área de Administração entre 2000 e 2010 - Giselal Demo – 2011. - O processo de construção e reconstrução das identidades dos indivíduos nas organizações - Karina Ribeiro Fernandes e José Carlos Zanelli - 2006. - Alinhando estratégia e competências - Maria Tereza Leme Fleury e Afonso Carlos Correa Fleury - 2004. - Administração de recursos humanos e desenvolvimento organizacional Jorge Fornari Gomes – 1978. - Construção e uso de conceitos em estudos organizacionais: por uma perspectiva social e histórica - Queila Regina Souza Matitz e Fabio Vizeu – 2012. - Eficácia gerencial - Antonio Carlos M. Mattos – 1975. - Aprendizagem contestada em ambiente de mudança radical - Suzana B Rodrigues, John Child e Talita R Luz – 2004. - Relação entre clima organizacional, percepção de mudança organizacional e satisfação do cliente - Juliana Neves Santos, Elaine Rabelo Neiva e Eleuni Antônio Andrade-Melo – 2013. - Gestão do conhecimento e das competências gerenciais: um estudo de caso na indústria automobilística - Adriane Vieira e Fernando Coutinho Garcia – 2004. - Organizações de simbolismo intensivo - Thomaz Wood Jr – 2000. 24 4) Artigos, trabalhos e dissertações disponíveis no site Textos Acadêmicos (http://www.radarciencia.org/), sendo que foram utilizados três artigos, três dissertações e três trabalhos, todos em português. Foram utilizados como descritores os termos Desenvolvimento Organizacional, Cultura Organizacional, Clima Organizacional. a) Artigos - A influência na cultura organizacional no compartilhamento do conhecimento - Maria Terezinha Angeloni e Daniela Grotto - 2009. - Modelos de desenvolvimento organizacional: construindo uma nova abordagem - Liliana Vasconcellos Jacobsohn – 2003. - Cultura, Poder e Liderança nas Organizações: um estudo de caso no setor de celulose - Danielle Quintanilha Merhi, Katia Cyrlene de Araujo Vasconcelos, Maria Goretti Emediato Fernandes, Vania Maria Goulart Lopes e Alfredo Rodrigues Leite da Silva – 2008. b) Dissertações - Aprendizagem e Desenvolvimento Organizacional: uma experiência com o Modelo da Quinta Disciplina - Aurélio de Leão Andrade - 1998. - A gestão da qualidade e o redesenho de processos como modelo de desenvolvimento organizacional em hospitais públicos universitários: o caso do Hospital das Clínicas da UNICAMP - Maria Bernadete Barros Piazzon Barbosa Lima – 2006. - Diagnóstico em Desenvolvimento Organizacional: Estudo de um caso sob a perspectiva teórica de DO - Gercina Alves de Oliveira – 1977. c) Trabalhos - Clima organizacional: fatores que influenciam nas empresas xyz - Aline de Souza Bezerra – 2011. - Cultura organizacional e gestão de recursos humanos - Sofia Gameiro – 2008. - Dimensões da cultura organizacional no modelo de hofstede: aplicações em uma Organização Militar do Exército Brasileiro e um Órgão Público do Poder Judiciário - Denise Del Prá Netto Machado, Ananias Francisco dos Santos e Valdir Miranda Pinto – 2009. 5) Artigos científicos, trabalhos de conclusão de curso e dissertações sobre a temática do estudo, da biblioteca da Escola de Comando e Estado-Maior do 25 Exército, sendo que foram utilizados dois artigos, seis trabalhos de conclusão de curso e uma dissertação; e a) Artigos - A formação e a carreira dos oficiais da Linha de Ensino Bélico frente ao Processo de Transformação do Exército: a inserção do bacharelado em áreas civis de interesse da Força - Alexandre Gindri Angonese – 2013. - Uma proposta de perfil para o líder estratégico do exército brasileiro em seu atual processo de transformação - Fábio Antonio Baía Lira – 2013. b) Trabalhos - A multifuncionalidade dos recursos humanos como ferramenta de transformação do Exército - Ernesto Primo Aragão Barros - 2012. - Organização Básica do Exército - Análise Crítica - Luiz Antônio Moraes Barros e Evandro Rodrigues Soares - 1996. - A liderança estratégica no Exército Brasileiro aplicada no processo de transformação da instituição - Luis Claudio Neves Braga - 2012. - Recrutamento, Seleção, Formação / Especialização e Novo Plano de Carreira de praças que desempenhem Atividades Especiais Críticas: a quebra de paradigmas para a transformação do Exército - Antônio Elcio Franco Filho – 2012. - Seleção e Recrutamento: sua importância para a transformação do Exército - Renato Mello de Andrade Nery – 2012. - O processo da transformação das Forças Armadas Alemãs - Christoph Hermann Schladt – 2007. c) Dissertação - A Influência do Comportamento Organizacional do Exército Brasileiro na Disposição e Capacidade dos Quadros em Executar Tarefas - Charles Henrique Delage Moura – 2008. 6) documentos de caráter público disponíveis no site do Exército Brasileiro (http://www.eb.mil.br/web/proforca/downloads), no site do Departamento-Geral do Pessoal (http://www.dgp.eb.mil.br/index.php/diretriz) e no site da Presidência da República (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/), sendo utilizados um total de cinco. - Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980 - Estatuto dos Militares. - Diretriz Geral do Comandante do Exército para o Período de 2011-2014 - Diretriz do Chefe do Departamento-Geral do Pessoal 2013-2014 26 - O Processo de Transformação do Exército Brasileiro - Portaria nº 075-EME, de 10 de junho de 2010 - Diretriz para Implantação do Processo de Transformação do Exército Brasileiro. Para a seleção das fontes, foram consideradas como critérios de inclusão as bibliografias sobre o Desenvolvimento Organizacional e bibliografias e documentos sobre o Processo de Transformação do Exército Brasileiro, que abordassem aspectos dos processos básicos de gestão de pessoas. Foram excluídas aquelas que não atenderam a temática estabelecida para o desenvolvimento do trabalho. Em um segundo momento, realizou-se a leitura da bibliografia e dos documentos selecionados, tendo sido realizada a montagem de arquivos, e elaboradas fichas bibliográficas. Seguindo a sistemática indicada por Gil (2008, p. 75), a coleta de dados foi realizada por meio de uma exploração de todo o material levantado, visando separar as obras de interesse para o trabalho. Descartados os conteúdos que não interessavam ao trabalho, passou-se a uma seleção, aprofundando as partes principais para a pesquisa. As partes importantes obtidas da bibliografia e dos documentos pesquisados foram transcritas para arquivos de computador, como se fossem fichas de documentação, ou anotadas nas próprias obras. Posteriormente, o material foi separado e ordenado para que os assuntos referidos estivessem próximos e em conformidade com as seções e subseções estabelecidas para o trabalho. Após o “fichamento” do material, realizou-se a construção lógica do trabalho, que, segundo Gil (2008, p. 77) consiste na organização das ideias tendo em vista atender os objetivos do trabalho para que ele possa ser entendido como uma unidade dotada de sentido. Esta etapa foi necessária para realizar a reformulação do plano de trabalho estabelecido no projeto de pesquisa. 2.2 A PESQUISA DESCRITIVA Em função de seus objetivos específicos, pode-se enquadrar este trabalho como sendo do nível descritivo, segundo os critérios de Gil (2008, p. 27). O material foi ordenado, conceitualmente, em função dos processos de gestão de pessoas, importância dos documentos e relevância da informação. Na sua revisão da literatura, o trabalho teve como objetivos específicos as descrições do Processo de Transformação do Exército Brasileiro e da Teoria do 27 Desenvolvimento Organizacional, segundo os processos básicos da gestão de pessoas. Posteriormente, foi descrita a relação entre a transformação da Instituição e a referida teoria. Trabalho que foi facilitado pela coleta de dados. Pode-se afirmar que este trabalho objetivou, em linhas gerais, estudar as características do citado processo de transformação e da referida teoria. Paralelamente, foi buscado descrever as opiniões encontradas em livros artigos, trabalhos e dissertações sobre os dois assuntos tratados neste trabalho, de forma a discutir a abordagem dentro dos processos básicos da gestão de pessoas. A adoção de tais processos como pontos a serem observados facilitou a descrição dos assuntos e da relação entre eles. 2.3 A ANÁLISE QUALITATIVA Os procedimentos de análise do material da pesquisa foram de natureza qualitativa, seguindo as etapas citados por Gil (2008, p 175), ou seja, redução, exibição e conclusão/verificação. Envolveu a análise do material coletado e fichado das diversas bibliografias e nos documentos que tratam do assunto. Na primeira etapa, os dados fichados foram selecionados e simplificados em sumários organizados de acordo com os objetivos da pesquisa, o que resultou em dois conjuntos de materiais bibliográficos e documentais nos itens principais da revisão da literatura. A seleção e organização buscaram estruturar o máximo de subsídios que trouxessem um melhor entendimento sobre o Processo de Transformação do Exército e o Desenvolvimento Organizacional. Na segunda etapa, os dados foram definidos em outras categorias além das estabelecidas na redução e apresentados em textos visando uma nova maneira de organizar as informações. No caso, foram definidas com base nos processos básicos da gestão de pessoas, para atender aos objetivos específicos. Esta organização foi baseada nos problemas secundários, visando orientar os aspectos levantados para a solução do problema enunciado na pesquisa. Na terceira etapa, partiu-se para uma revisão para considerar o significado dos dados e a verificação das relações existentes, no sentido de serem verificáveis e coerentes. Assim, buscou-se descrever as relações existentes entre o processo de transformação e da teoria abordada, tendo por base os processos básicos da gestão de pessoas. 28 2.4 O MÉTODO COMPARATIVO Segundo Gil (2008, p. 16), o método comparativo procede pela investigação de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades entre eles. No caso, neste trabalho foi utilizado para comprar o Processo de Transformação do Exército Brasileiro com o Desenvolvimento Organizacional, tendo por fatores de comparação os aspectos gerais e os processos básicos da gestão de pessoas. Esta sistemática possibilitou o estudo do Processo de Transformação do Exército e a Teoria do Desenvolvimento Organizacional, separados pelo tempo e pelo espaço, sendo possível descrever as relações existentes comparando-as, caracterizando o último passo do método utilizado. 2.5 LIMITAÇÕES A metodologia utilizada permite melhor articular diferentes abordagens e interligar ideias. Contudo, deve-se ressaltar que a metodologia utilizada apresenta como limitação o fato da análise das ideias estarem baseadas na percepção da realidade e visão de mundo do pesquisador; e que o caráter teórico do estudo não proporcionam resultados que possam ser comprovados e generalizados, visto que não há testes ou avaliações em casos concretos. 29 3. RESULTADOS 3.1 REVISÃO DA LITERATURA A revisão da literatura foi verificada em dois níveis, como propõe Alyrio (2009, p. 149). O primeiro nível buscou as principais obras ou documentos sobre o assunto, com caráter mais geral, mais abrangente. O segundo nível, por sua vez, abrangeu trabalhos ou pesquisas com dados referentes à especificidade do assunto a ser tratado, priorizando trabalhos de conclusão de curso, dissertações e artigos científicos. A primeira parte apresenta como o Desenvolvimento Organizacional entende ou sistematiza cada um dos aspectos tratados na primeira parte. A segunda parte segue uma linha semelhante à primeira, apresentando aspectos relacionados aos processos de gestão de pessoal observados no Processo de Transformação do Exército. Assim, a revisão da literatura buscou realizar um mapeamento teórico do estado atual de conhecimento sobre o tema. Para isso, buscou avaliar a qualidade dos artigos selecionados, exigindo uma postura crítica e permitindo a utilização dos melhores estudos sobre o tema, sendo limitada pelo viés do pesquisador e resultando no material que se segue. 3.1.1 Desenvolvimento Organizacional 3.1.1.1 Aspectos Gerais A expressão “Desenvolvimento Organizacional” traz a mente uma ideia de evolução organizacional, de processo de desenvolvimento de uma organização ou de crescimento de uma estrutura administrativa, entre outras possíveis. O entendimento do significado de tal expressão cresce de importância quando é definida e estudada pela Ciência da Administração. Chiavenato (2003, p. 370) esclarece que a Teoria do Desenvolvimento Organizacional é uma evolução da Teoria Comportamental, promovida por um grupo de cientistas sociais e consultores de empresas. O foco do trabalho do grupo foi desenvolver uma abordagem moderna, democrática e variada ao desenvolvimento planejado das organizações, recebendo a denominação de Desenvolvimento Organizacional. 30 O desenvolvimento organizacional é uma maneira de agir que capacita a administração a passar a dispor de mais conscientização sobre a renovação e a revitalização da organização, de modo que respostas novas e mais inovadoras possam ser desenvolvidas. Essa sistemática decorreu das necessidades decorrentes das constantes mudanças e turbulências do mundo (BENNIS, 1972, p. 22). As razões da mudança de qualquer organização podem ser encontradas no ambiente externo à organização ou dentro dela, ou como combinação de ambos. O impacto dessas forças desestabilizadoras depende não só de sua natureza e intensidade, mas também da própria capacidade de a organização enfrentá-las, absorvendo o seu impacto sem mudanças ou com as mudanças necessárias. As forças desestabilizadoras externas são aquelas identificadas no ambiente externo à organização como o social, o político, o econômico ou o tecnológico. (ANDRADE; AMBONI, 2009, p. 162) Trata-se de uma abordagem de mudança na qual os próprios colaboradores formulam a mudança necessária e a programam através da assistência de um consultor. Assim, o Desenvolvimento Organizacional muda a organização na direção de uma melhor solução dos problemas por meio da qualidade do trabalho, da mudança cultural e do aumento da eficácia. Fundamenta-se na constante e rápida mutação do ambiente, na necessidade de contínua adaptação, na interação entre indivíduo e organização, na necessidade de ser planejada e contar com a participação e comprometimento dos integrantes da organização. Além disso, a compreensão da natureza humana contribui para a melhoria da eficácia organizacional e do bem estar da organização, baseada em uma variedade de modelos que visam uma resposta às mudanças. A metodologia pesquisa-ação do DO foi escolhida pelos especialistas em treinamento das Nações Unidas como a estratégia de mudança utilizada em organizações do setor público e privado de países da África e da América 2 Latina, com o nome de Programa de Melhoria do Desempenho. (CHIAVENATO, 2003, p. 381) O Desenvolvimento Organizacional envolve a organização como um todo para que a mudança possa ocorrer efetivamente. Esta característica é reforçada por Andrade (1998, p. 111), quando afirma que o desenvolvimento de uma organização de forma ampla envolve preocupação multidimensional, ao contrário da tradição gerencial de concentrar-se apenas no crescimento financeiro. 2 United Nations, A Practical Guide to Performance Improvement Programming in Public Organizations, United Nations Publication, ST/ESA/SER. 31 Está voltado para as interações entre as partes da organização que se influenciaram reciprocamente, para as relações de trabalho entre as pessoas, bem como para a estrutura e os processos organizacionais. Para Andrade (1998, p. 7778), o pensamento sistêmico torna as práticas mais eficazes, apontando para a necessidade de empreender um esforço em direção à aprendizagem organizacional. Esta teoria utiliza agentes de mudança, que são as pessoas que desempenham o papel de estimular, orientar e coordenar a mudança dentro de um grupo ou organização. Para French e Bell (1973 apud ANDRADE; AMBONI, 2009, p. 157) ele é o catalisador do processo, utilizando a teoria e a tecnologia pertinentes à ciência do comportamento organizacional para aprimorar as relações interpessoais. Enfatiza a solução de problemas e não apenas os discute teoricamente. Os participantes aprendem pela experiência no ambiente de treinamento os tipos de problemas com que se defrontam no trabalho. O Desenvolvimento Organizacional repousa sobre processos grupais, como discussões em grupo, confrontações, conflitos intergrupais e procedimentos para cooperação. Em pesquisa realizada, Bezerra (2011, p. 56) verificou que a cooperação no ambiente de trabalho foi a que apresentou maior índice de satisfação, mostrando interação entre as equipes e a confiança entre os colaboradores, propiciando relações duradouras e significativas para as pessoas. Proporciona informação de retorno e retroação às pessoas para que elas tenham dados concretos que fundamentem suas decisões. É situacional e orientado para as contingências. Para Maximiano (2009, p. 439), todo grupo social precisa resolver dois problemas principais: convivência de seus integrantes e adaptação ao mundo exterior. É feito por meio de equipes que o trabalho de desenvolvimento é realizado e as comunicações e interações constituem os aspectos fundamentais para obter multiplicação de esforços rumo à mudança. Para Andrade e Amboni (2009, p. 157) a colaboração é um elemento fundamental em todo o processo. 3 Os objetivos comuns de um programa de DO são: 1. Criação de um senso de identificação das pessoas em relação a organização. Busca-se a motivação juntamente com o comprometimento, compartilhamento de objetivos comuns e o aumento de lealdade. 3 Ruben Bauer, Gestão da Mudança: Caos e Complexidade nas Organizações, São Paulo, Editora Atlas, 1999. p. 34. 32 2. Desenvolvimento do espírito de equipe por meio da integração e da interação das pessoas. 3. Aprimoramento da percepção comum sobre o ambiente externo a fim de facilitar a adaptação de toda a organização. (CHIAVENATO, 2003, p. 384) O Desenvolvimento Organizacional é um processo que atua em um sistema humano, inserido em uma sistemática de mudança planejada, referindo-se às pessoas como contribuintes das organizações. A contribuição de cada participante depende das diferenças individuais e da sistemática organizacional da instituição, que estabelece as suas normas e formas de ação. No fundo, o DO constitui a aplicação das técnicas das ciências comportamentais para melhorar a saúde e a eficácia organizacionais pela habilidade das pessoas de confrontar com as mudanças ambientais, melhorar as relações internas e incrementar a capacidade de solução de problemas. (CHIAVENATO, 2003, p. 384) Enfatiza os relacionamentos entre as pessoas e os grupos, humanizando estruturas e organizações com um enfoque sociológico. Os colaboradores passam a ter papel ativo no processo evolutivo da organização, pois participam das formulações para a mudança necessária, já que não é possível afastar as pessoas do desenvolvimento da organização. As pessoas estão no centro do processo de Desenvolvimento Organizacional. Elas são fundamentais porque as organizações não conseguem dar forma as ações planejadas sem que exista um ser humano, executando, supervisionando ou liderando. Assim, o Desenvolvimento Organizacional será apresentado tendo por base os processos básicos de gestão de pessoas. Para isso, serão utilizados os entendimentos apresentados por diversos autores em livros, artigos e dissertações, buscando tornar mais claro o entendimento sobre a teoria. 3.1.1.2 Agregar Segundo Chiavenato (2008, p. 101), os processos de agregar pessoas são aqueles através dos quais a organização agrega as pessoas ao seu convívio cotidiano, ou seja, servem para provisionar as organizações do pessoal necessário. Isto se efetiva por meio do recrutamento e da seleção de pessoas, podendo ser internas ou externas a organização. Chiavenato (2008, p. 114) conceitua o recrutamento como sendo o processo pelo qual a organização atrai candidatos que ofereçam habilidades, conhecimentos e destrezas para abastecer o seu processo seletivo. Funciona como um processo de 33 comunicação, no qual a organização divulga e oferece oportunidades de trabalho e emprego às pessoas. Conceitua a seleção como uma espécie de filtro que permite que apenas algumas pessoas possam ingressar na organização. No caso, aquelas pessoas que apresentam características desejadas pela organização. A seleção busca, dentre os vários candidatos recrutados, aqueles que são mais adequados aos cargos existentes na organização. No modelo de Desenvolvimento Organizacional, o recrutamento e a seleção são processos importantes em uma sistemática de mudança, pois possibilitam que a organização busque o pessoal com o melhor perfil para se adequar as novas necessidades. Esta ideia reforça o entendimento de Lawrence e Lorsch (1972, p. 9596) no sentido de que o processo de mudança organizacional é facilitado quando se utiliza métodos que levem em consideração as mudanças nos critérios de seleção. Blake e Mouton (1972, p. 37) revelam que “a política de uma organização inserida no processo de Desenvolvimento organizacional deve exprimir a lógica empresarial a qual se espera que oriente as decisões operacionais”. Inclui os principais problemas empresariais que qualquer organização deve enfrentar e resolver, incluindo o recrutamento. Para serem bem sucedidas, as organizações necessitam das pessoas certas, na quantidade certa, na hora certa. Assim, atrair as pessoas certas, pelo custo certo, na hora certa é o resultado de um sistema de recrutamento eficaz. As Organizações de ponta estabelecem sistemas eficazes de recrutamento que definem claramente o perfil das pessoas passíveis de nela alcançarem sucesso. Bennis (1972, p. 52) revela que quando da implantação do Desenvolvimento Organizacional será interessante identificar os focos de tensão que poderá vir a criar com o sistema externo às fronteiras da organização, particularmente nas fontes de recrutamento de empregados. Acredita que “qualquer empresa, com um forte programa de desenvolvimento organizacional, estará falhando no seu esforço de recrutamento, se ela deixar de divulgar amplamente sua abordagem de desenvolvimento organizacional à administração. Este seria um fator adicional muito ponderável para muitos jovens, quando tivesse que tomar uma decisão sobre um emprego” (BENNIS, 1972, p. 67). 34 Os conceitos de Desenvolvimento Organizacional encorajam as pessoas a desenvolverem suas potencialidades dentro da estrutura geral da organização e a darem ênfase à responsabilidade individual e à solução individual de problemas. Para Lawrence e Lorsch (1972, p. 76-77), a maneira pela qual um indivíduo é motivado a se comportar numa específica posição organizacional pode ser conseguida através dos critérios utilizados para selecionar e promover indivíduos. Isto reforça a importância dos processos de seleção internos da organização. Além disso, reforça a ideia de que a política de recrutamento tem implicações sobre os sentimentos das pessoas, seu relacionamento e seu desempenho no trabalho (SCHEIN, 1972, p. 79). Para Lawrence e Lorsch (1972, p. 42) considerações sobre critérios de recrutamento melhoram as probabilidades de bom êxito no embate da organização com o ambiente. Para Blake e Mouton (1972, p. 38) o processo de seleção interno é fundamental para uma organização, pois será por meio dele que se chegará às pessoas para ocuparem posições da mais alta liderança. Para Lawrence e Lorsch (1972, p. 86), o esforço do candidato em busca de realização é um importante critério de seleção. As necessidades de mão-de-obra causadas por aposentadorias e para os programas de expansão são freqüentemente atendidas com o recrutamento de pessoas que entram para a organização e são promovidas, dependendo do seu bom êxito. Assim é que o fluxo de pessoal para dentro da empresa pode ser engrenado às necessidades futuras. Uma empresa que faz um cuidadoso planejamento e recrutamento de mão-de-obra se coloca numa posição de ter o pessoal necessário e qualificado para apoiar o seu desenvolvimento. Um correto programa de recrutamento de mão-de-obra determina a manutenção de um estoque de pessoal, de abertura de empregos e de qualificações para eles, e de projeções de necessidades futuras que precisam ser antecipadas mesmo que não existam vagas. Este estoque de recursos e de necessidades previstas, com exigências que abrangem padrões de ingresso e capacidade de desempenho, fornece a base para o esforço de recrutamento. (Blake; Mouton, 1972, p. 42) Para Angeloni e Grotto (2009, p. 85), os principais critérios de seleção, ao se entrevistar potenciais colaboradores, são os conhecimentos e as qualificações do candidato e sua capacidade de ampliar seus próprios conhecimentos e os de seus colegas. Nota-se a importância dada ao relacionamento entre as pessoas. Para as autoras não interessa o conhecimento individualizado, é fundamental ter a capacidade de desenvolvê-lo com os pares, superiores ou subordinados na organização. 35 Vieira e Garcia (2004, p. 6) afirmam que o processo de seleção funciona como uma “reserva de saber”, pois é capaz de selecionar os empregados tanto por seus potenciais e experiências, quanto por suas atitudes positivas em relação ao aprendizado. Neste último caso, leva-se em consideração a valorização das qualidades dos indivíduos ligadas mais aos atributos pessoais, potencialidade e valores. Revelam que um processo interno eficiente de agregar pessoas demonstra uma articulação entre as práticas de seleção e a implantação da gestão do conhecimento e das competências. Isto revela a ligação que deve existir entre os processos de agregar e aplicar pessoas em uma organização. As práticas de seleção de pessoas articuladas à gestão do conhecimento e das competências permitem mediar as relações sociais na organização e suprir o vazio de informações resultante da indeterminação dos contratos de trabalho, articulando a expectativa da organização e o desempenho dos indivíduos (VIEIRA; GARCIA, 2004, p. 13). Na sistemática do Desenvolvimento Organizacional, a seleção não se refere apenas a sistemática de entrada na organização. Pode representar um processo interno da organização, onde se busca talentos para assumir postos ou cargos mais significativos, com maior responsabilidade. Trata-se de um processo de aperfeiçoamento dos gestores pela qualidade do seu trabalho e os resultados que apresentam. Gomes (1978, p. 30) considera as atividades de recrutamento e seleção como de manutenção, porque delas depende o sistema empresa para se manter ativo, sendo o seu produto impulsionador para a eficiência do sistema empresa, isto é, afeta diretamente a forma como são utilizados os demais recursos da organização (financeiro, material, temporal e organizacional). 3.1.1.3 Aplicar Trata-se dos processos de alocar e posicionar as pessoas em suas atividades na organização. Envolvem os primeiros passos na integração dos novos membros na organização, a desenvoltura no cargo a ser ocupado e a avaliação desse desempenho no cargo (CHIAVENATO, 2008, p. 168). Pela abordagem realizada por Chiavenato (2008, p. 170), constata-se a importância de passos como o da orientação das pessoas (socialização e integração dos funcionários à cultura organizacional); da modelagem do trabalho (desenho e 36 estrutura dos cargos dentro da organização); e da avaliação do desempenho (monitoração da desenvoltura das pessoas em suas atividades). O Desenvolvimento Organizacional dedica uma grande parcela de energia e de tempo na avaliação do apoio dado pelas pessoas-chave da organização, indicando a importância das lideranças no processo. Isso é fundamental para a garantia de êxito. As atitudes que os indivíduos em geral têm em relação às mudanças promovidas pelo desenvolvimento organizacional repercutem nos processos, nas pessoas e na organização como um todo (BENNIS, 1972, p. 54). Com o Desenvolvimento Organizacional as pessoas passam a ter um comprometimento mais qualificado, mais dirigido para os processos de solução de problemas do que para o conteúdo específico do cargo que exercem. O trabalho de um homem, seu comprometimento em relação a uma carreira e sua identificação com o processo adaptativo pode proporcionar os ingredientes necessários para sua continuidade num mundo em mutação. As pessoas passam a ser muito mais empenhadas em uma carreira e em um aprendizado contínuo do que em um cargo (BENNIS, 1972, p. 68). Todas as organizações desenvolvem uma cultura e o conteúdo específico de cada cultura depende da aprendizagem no processo de resolver problemas de adaptação ao meio ambiente e de convivência interna (MAXIMIANO, 2009, p. 440). O Desenvolvimento Organizacional é um programa que tem por objetivo mudar a própria estrutura da organização através da modificação de uma orientação de funções. Trata-se de uma mudança fundamental, uma alteração dos valores, normas e padrões de expectativas. (BENNIS, 1972, p. 82) A prática cultural dita o que é feito em uma organização. Não importando quão competente um homem possa ser; a cultura de sua organização é um fator significante na determinação de se ele é capaz ou não de aplicar sua competência. (BLAKE; MOUTON, 1972, p. 122). Por isso o processo de aplicar pessoas é importante. Trata de colocar a pessoa certa no lugar certo. Enfatizando as questões culturais, Blake e Mouton (1972, p. 10) afirmam que “a cultura é para a empresa o que o ar é para o homem, tão envolvente que, a menos que algo fétido ou aromático seja acrescentado, dele não se tomará consciência”. Para que o desenvolvimento organizacional mova uma empresa de suas formas correntes de operação para uma cultura empresarial verdadeiramente 37 orientada para o lucro e para a solução de problemas, ele deve ser um esforço conjunto de toda a organização. Ele requer uma massa de pessoas, a mobilização de suas energias e a aplicação delas de uma maneira conjunta, clara e direcional (BLAKE; MOUTON, 1972, p. 12). O Desenvolvimento Organizacional faz uma abordagem da cultura organizacional como sendo a evidência da interação das pessoas entre si e com a organização. Para Chiavenato (2003, p. 374) a tarefa básica dessa teoria é mudar a cultura da organização. Se a organização precisa mudar, para que haja consistência e continuidade, alguns aspectos culturais devem ser modificados. O Desenvolvimento Organizacional persegue a mudança da cultura e não apenas a mudança das pessoas. Para isso atua sobre o comportamento individual e grupal para chegar à mudança do comportamento organizacional. Para Maximiano (2009, p. 447) a socialização é importante nesse processo, pois é por meio dela que os indivíduos aprendem e adquirem a cultura de uma organização ou ocupação. Para Gameiro (2008, p. 8) o processo de socialização tem a função de facilitar o desenvolvimento do comprometimento das pessoas com a organização, tendo estreita ligação com a cultura da organização, que serve de base para o processo. O comprometimento no trabalho é uma competência extremamente valorizada nas empresas e remete para a conexão institucional entre uma pessoa e uma organização. Segundo Chiavenato (2003, p. 372-373), cultura organizacional é o conjunto de hábitos, crenças, valores e tradições, interações e relacionamentos sociais típicos de cada organização. Representa a maneira tradicional e costumeira de pensar e fazer as coisas e que são compartilhadas por todos os membros da organização. A cultura representa o universo simbólico da organização e proporciona um referencial de padrões de desempenho entre os funcionários, influenciando a pontualidade, produtividade e a preocupação com qualidade e serviço ao cliente. A cultura exprime a identidade da organização. Ela é construída ao longo do tempo e passa a impregnar todas as práticas, constituindo um complexo de representações mentais e um sistema coerente de significados que une todos os membros em torno dos mesmos objetivos e do mesmo modo de agir. Ela serve de elo entre o presente e o passado e contribui para a permanência e a coesão da organização. (CHIAVENATO, 2008, p. 173-174) Schein (2009) defende uma visão segundo a qual a cultura organizacional seria gerenciável por líderes cientes de seus papéis como inspiradores e manipuladores de manifestações e entendimentos culturais. Para ele, os principais elementos da cultura organizacional são o cotidiano observável, as normas, os 38 valores dominantes, a filosofia administrativa, as regras do jogo (como as coisas funcionam), e o clima organizacional. No Desenvolvimento Organizacional o espírito de equipe é sintetizado no entendimento de que cada integrante da equipe deve saber qual é o seu papel no grupo, mas considerando o todo e colaborando com ideias e sugestões para soluções eficazes e criativas. Para isso, Andrade e Amboni (2009, p. 157) chamam a atenção para a necessidade que todos os integrantes da equipe estejam preparados para lidar com as questões que envolvem as relações. Por adaptação se entende a integração de uma pessoa ou organização ao ambiente onde se encontra. Resulta do esforço para realizar a integração a algo diferente decorrente de modificação de fatores externos ou internos. Andrade (1998, p. 62) expõe que a adaptação está ligada a transformação das organizações e a aprendizagem organizacional e a forma de alcançá-la. Como tem ligação com o processo de socialização, promovendo ajustamentos dos indivíduos à organização, integra o processo de aplicar pessoas na gestão de pessoas. Para Fernandes e Zanelli (2006, p. 57), ao ingressar em uma organização, indivíduos com características diversas se unem para atuar dentro de um mesmo sistema sociocultural na busca de objetivos determinados. Essa união provoca um compartilhamento de crenças, valores, hábitos, entre outros, que irão orientar suas ações dentro de um contexto preexistente, definindo assim as suas identidades. Para Chiavenato (2003, p. 374), o senso de identidade é expresso no conhecimento e na compreensão do passado e do presente da organização, e na compreensão e no compartilhamento dos seus objetivos por todos os participantes. Para ele, no Desenvolvimento Organizacional não há lugar para alienação do empregado. No entender de Merhi, Vasconcelos, Fernandes, Lopes e Silva (2008, p. 2), a cultura faz parte do repertório das tecnologias de gestão organizacional, na qual todas as pessoas de uma organização precisam entender e se inserir dentro dela, gerando um efeito benéfico para elas próprias e para a organização. Integram-se aspectos da psicologia social e da administração estratégica. 3.1.1.4 Recompensar Chiavenato (2008, p. 274) expõe que os processos de recompensar pessoas constituem os elementos fundamentais para o incentivo e motivação dos 39 funcionários da organização, tendo em vista os objetivos organizacionais a serem alcançados e os objetivos individuais a serem satisfeitos. A retribuição, o prêmio e o reconhecimento pelos serviços de alguém são importantes em um sistema formado por pessoas. Em uma abordagem tradicional, predomina o modelo do homem econômico, que supõe que as pessoas são motivadas exclusivamente por incentivos salariais, financeiros e materiais. Bennis (1972, p. 32) entende que no século XX, período com acentuadas mutações, houve um aparecimento de ciências humanas e uma compreensão mais profunda da complexidade do homem. Segundo ele, isso levou a uma integração que abrangeu toda a gama de problemas relacionados com incentivos, remunerações e motivações do indivíduo e até que ponto a organização é bem sucedida ou falha no seu processo de ajustamento a estes problemas. A remuneração é uma meta dos agentes de mudança no Desenvolvimento Organizacional. Eles buscam desenvolver um sistema de remuneração que reconheça tanto a ampla concretização das metas da organização (seja por meio dos lucros apresentados ou pelos serviços executados) quanto o desenvolvimento de pessoas (BENNIS, 1972, p. 42). No Desenvolvimento Organizacional, a estrutura salarial é importante na remuneração de administradores eficientes. Uma estrutura salarial que admite diferenças verdadeiras proporciona uma motivação significante para a melhora de habilidades e para o progresso. Tal estrutura reconhece diferenças em habilidade de julgamento e responsabilidade e motiva as pessoas a aumentarem suas aptidões (BLAKE; MOUTON, 1972, p. 44). Lawrence e Lorsch (1972, p. 92) entendem que o Desenvolvimento Organizacional enfatiza a perspectiva administrativa de se conseguir motivação com vistas às metas organizacionais por meio das recompensas psicológicas para o indivíduo em seu trabalho. Para Schein (1972, p. 67), o sistema de recompensa estabelecido pelos administradores possui o poder de influenciar a organização de tal forma que é capaz de determinar toda uma gama de outros procedimentos, como quem se comunica ou coopera e quem quer competir. O sistema é capaz de determinar quão motivados estarão as pessoas que integram a organização. 40 No Desenvolvimento Organizacional é particularmente importante para os administradores que ocupam cargos mais elevados a compreensão dos procedimentos intergrupais. Isso se deve ao fato dos administradores se acharem, freqüentemente, diante da escolha de recompensar a competição, a colaboração ou a independência completa. Walton (1972, p. 80) alerta para o fato de que uma estrutura competitiva de incentivos é uma fonte bastante comum de conflitos interpessoais em organizações. Assim, o Desenvolvimento Organizacional busca a maior interação entre as pessoas e os grupos, visando alcançar maior sinergia na organização e reduzindo os conflitos. Em uma sistemática de Desenvolvimento Organizacional é fundamental que os integrantes da organização estejam motivados. Como já foi dito, todo o processo de mudança está baseado na mudança comportamental das pessoas que compõem a organização nos diversos níveis. Nesse sentido, os processos de recompensar as pessoas exercem um papel importante, pois dão suporte para a manutenção da motivação entre todos os integrantes da organização. A motivação é um impulso, um sentimento que faz com que as pessoas se esforcem para atingir seus objetivos. A capacidade de motivar cada elemento de uma empresa é essencial para o seu sucesso da organização. No entendimento de Gameiro (2008, p. 9), a forte motivação no trabalho é um reflexo do sucesso da socialização, assim como a reduzida motivação no trabalho é um reflexo do fracasso da socialização. No Desenvolvimento Organizacional há uma ligação muito estreita entre os processos de aplicar, recompensar e manter pessoas, dentro de uma sistemática de gestão de pessoas. No entendimento de Lima (2006, p. 34), o Desenvolvimento Organizacional deve incorporar o valor do ser humano na definição do trabalho, incorporando o sentido da dimensão humana na organização, garantindo, assim, as relações interpessoais. Para ele, o trabalho deve servir como base para a grande mudança que a organização necessita, pois as pessoas são os recursos mais importantes da organização. O trabalhador busca na organização não apenas remuneração adequada, mas espaço e oportunidade para demonstrar aptidões, participar, crescer profissionalmente e ver seus esforços reconhecidos. O espírito de colaboração e a 41 iniciativa daqueles que acreditam no trabalho representam a melhor medida de eficácia das ações para o Desenvolvimento Organizacional. Lima (2006, p. 7) entende que a motivação no trabalho é um elemento importante para o desenvolvimento dos recursos humanos da organização, contribuindo para que a empresa alcance níveis elevados na gestão pela qualidade. Para ele a motivação auxilia na criação de um ambiente com sinergia facilitando o desencadeamento de uma imagem positiva para a organização. Andrade (1998, p. 46) entende que quando as pessoas são chamadas a participar ativamente das decisões da organização, a sua motivação é ampliada, pois elas passam a se sentir participes e responsáveis pelo sucesso da organização. A motivação do indivíduo é caracterizada pela sua reação particular, rompendo a inércia e se predispondo as mudanças. Objetivos dos indivíduos nem sempre se conjugam com os objetivos organizacionais, levando os participantes da organização a um comportamento alienado e ineficiente que retarda ou impede o alcance dos objetivos da organização. Com o Desenvolvimento Organizacional houve uma mudança de enfoque, trazendo os interesses dos indivíduos para compor objetivos da organização. Outro objetivo do Desenvolvimento Organizacional é o compartilhamento da administração com os funcionários. Com isso, consegue uma maior motivação dos empregados, incentivando-os a participação. A administração participativa significa que gerentes colocam abaixo a estrutura hierárquica e dão aos funcionários um papel importante na tomada de decisões. Para obter essa mudança, os gerentes devem conscientemente mudar a cultura organizacional por meio da mudança de atitudes, crenças e atividades de todas as pessoas. Desta forma, verifica-se que no Desenvolvimento Organizacional há uma interação entre os processos de aplicar pessoas e os processos de recompensar pessoas. 3.1.1.5 Desenvolver Chiavenato (2003, p. 377-378) afirma que a tendência da organização é crescer e desenvolver-se em função de fatores endógenos (internos e relacionados com a própria organização, estruturais ou comportamentais) e exógenos (externos e relacionados com as demandas e as influências do ambiente). O desenvolvimento é 42 um processo lento e gradativo que conduz à realização das potencialidades da organização. Em um processo de desenvolver pessoas, ressaltam-se aspectos como o do treinamento, a gestão do conhecimento, a inovação e a gestão de mudança. Demo (2011, p. 19) observou na literatura que as políticas de treinamento e desenvolvimento são as mais pesquisadas, possibilitando muitos enfoques que enriquecem o conhecimento. Não é possível afastar as pessoas do processo de desenvolvimento organizacional. Para Bezerra (2011, p. 27), as empresas precisam instigar o desenvolvimento dos profissionais, pois são eles que geram lucratividade para a empresa. Lima (2006, p. 6) vê na liderança o aspecto fundamental para conduzir o envolvimento de todas as pessoas em um esforço de educação e treinamento. A liderança deve conduzir o processo de mudança organizacional, buscando a qualidade por meio de um compromisso de avaliação contínua, com objetivos e metas a serem atingidas. O Desenvolvimento Organizacional utiliza técnicas para melhorar a eficácia das pessoas, as relações entre duas ou três pessoas, o funcionamento de grupos, as relações entre grupos ou a eficácia da organização como uma totalidade. Chiavenato (2003, p. 386-393) aponta como técnicas principais ou mais conhecidas o treinamento da sensitividade, na intervenção para indivíduos; a análise transacional, na intervenção para duas ou mais pessoas; a consultoria de procedimentos e o desenvolvimento de equipes, na intervenção para equipes ou grupos; a reunião de confronto, na intervenção para relações intergrupais; e a retroação de dados, na intervenção para a organização como um todo. O treinamento da sensitividade é um dos principais enfoques do Desenvolvimento Organizacional. Bennis (1972, p. 20) afirma que se pode “ter certeza de que muitos profissionais do desenvolvimento organizacional confiam, numa maior ou menor proporção, em programas educacionais baseados em experiência: e é frequentemente utilizada alguma variação de treinamento da sensitividade”. O treinamento da sensitividade busca dar uma nova educação ao comportamento humano e melhorar as relações sociais. Funciona como uma espécie de dinâmica de grupo na qual o objetivo é aumentar a sensibilidade do 43 indivíduo quanto às suas habilidades de relacionamento interpessoal. Esta técnica permite o autoconhecimento, o impacto sobre as outras pessoas e o aperfeiçoamento da comunicação entre as pessoas. A análise transacional é a técnica que estuda e analisa as trocas de estímulos e respostas, ou transações entre indivíduos. Para Bunchaft e Vasconcellos (2001, p. 21) a utilização da Análise Transacional é oportuna dada a sua percepção positiva da natureza humana e a ênfase nos determinantes conscientes do comportamento, fornecendo uma interpretação completa da estrutura e dinâmica da personalidade. No entender de Schein (1972, p. 8), consultoria de procedimentos é um conjunto de atividades desenvolvidas pelo consultor, que ajudam o cliente a perceber, entender e agir sobre fatos inter-relacionados que ocorrem no seu ambiente. Para Schein (1972, p. 13), a consultoria de procedimentos acha-se intimamente relacionada com a psicologia social, a sociologia e a antropologia. A reunião de confrontação é utilizada por consultor, que intermedeia o encaminhamento de solução de conflito entre pessoas de uma organização. Segundo Chiavenato (2003, p. 392), o objetivo é melhorar a saúde da organização, aprimorando as comunicações e as relações entre diferentes departamentos ou áreas. O modelo Managerial Grid4 é fundamentado na liderança que possui como eixos de preocupação a produção e as pessoas. A primeira está relacionada com a estruturação da organização, especialmente no que se refere à realização das tarefas. A segunda é a consideração com os subordinados, isto é, um comportamento cuja principal preocupação está vinculada com os empregados. O modelo Managerial Grid recomenda formas de treinamento de gerentes, para que os mesmos sejam capacitados a passar de níveis inferiores de liderança a níveis superiores. Na medida em que um líder ou um gerente é localizado no grid, técnicas selecionadas de treinamento podem fazer com que ele se mova da posição em que está para uma posição considerada mais equilibrada e a mais avançada. O modelo de Lawrence e Lorsche, para Oderich e Techemayer (2013), é um modelo de diagnóstico e ação, que tem como referência os conceitos de diferenciação e integração e de defrontamentos, propondo os estágios ou fases de 4 Managerial grid é marca registrada dos autores, razão pela qual foi citado o nome original e não a sua tradução que seria grade gerencial. 44 diagnóstico, de planejamento da ação, de implementação da ação e da avaliação (níveis de mudança). Jacobsohn (2003) expõe que no modelo de Lawrence e Lorsche o comportamento de indivíduos e grupos é moldado por componentes da organização, como a estrutura, o estilo de liderança, o processo de recrutamento, o controle e a recompensa. Assim, quando a organização decide reformular sua estratégia, seus componentes devem ser realinhados à nova realidade, de forma a incentivar as novas atitudes e comportamentos necessários à nova estratégia. O modelo 3-D de Eficácia Gerencial objetiva tornar os gerentes mais eficazes para as organizações onde trabalham. O papel do gerente é alcançar os melhores resultados. Não é tanto o que o gerente faz, mas sim o que ele alcança, tendo por foco o resultado. Neste modelo, o comportamento dos gerentes se baseia na tarefa a ser executada e nas relações com outras pessoas. Para Mattos (1975, p. 70), as ideias básicas da Teoria 3D são uma tentativa de unificar os resultados de uma série de pesquisas desenvolvidas por cientistas sociais nos Estados Unidos. O grande mérito da teoria foi o de estabelecer as três variáveis que deveriam ser levadas em consideração, ou seja, a tarefa a ser realizado, o relacionamento entre os envolvidos e a eficácia da ação. O treinamento profissional é tão importante para o Desenvolvimento Organizacional que Bennis (1972, p. 39) afirma que “as pessoas serão avaliadas não de acordo com seu posto ou graduação, mas sim de acordo com suas habilidades e treinamento profissional”. Ao relacionar avaliação com treinamento se verifica uma ligação entre os processos de gestão de pessoas de aplicar e desenvolver pessoas. O Desenvolvimento Organizacional é uma teoria que visa desenvolver o conhecimento real do mundo pós-moderno, da Era do conhecimento. Nessa teoria, as pessoas têm que aprender a desenvolver rápidos e intensos relacionamentos no trabalho e aprender a suportar a ausência de mais duradouras relações no trabalho. A meta é desenvolver confiança entre pessoas e grupos em toda organização. Para Andrade (1998, p. 64-65), por meio de um ciclo de aprendizagem (atitudes e crenças – habilidades e capacidades – consciência e sensibilidade) é possível alterar o que o indivíduo faz e compreende. À medida que as habilidades são desenvolvidas, criam-se novas formas de percepção e sensibilidade que levam as pessoas a viver e vivenciar o mundo de maneira diferente. 45 Matitz e Viveu (2012, p. 584) entendem que ao nomear os resultados de sua percepção sobre a realidade, o homem inicia simultaneamente um processo de classificação desses mesmos objetos e fenômenos. Entendem que a percepção é um aspecto fundamental na formulação de conceitos que permitirão uma representação resumida de uma diversidade de fatos. Para Oliveira (1977, p. 101) a percepção parece reforçada pela definição de Desenvolvimento Organizacional como um esforço planejado, que abrange toda a organização, administrado do alto, para aumentar a eficiência e a saúde da organização através de intervenções planejadas nos procedimentos da organização e usando os conhecimentos fornecidos pelas ciências do comportamento. A inovação é uma das bases para o Desenvolvimento Organizacional. Para Blake e Mouton (1972, p. 76) “somente quando a cultura de uma empresa estimula a experimentação e promove uma atitude verdadeiramente construtiva em relação à descoberta e à inovação é que o amplo potencial decorrente dos esforços criativos se torna disponível como uma fonte de impulso para a empresa. A inovação e a criatividade podem ser promovidas por meio da participação. Blake e Mouton (1972, p. 96) entendem que “a participação é algo forte e inebriante” que pode expandir a flexibilidade com a qual os administradores abordam a solução de problemas. O processo de desenvolvimento de pessoas foi o processo básico da gestão de pessoas que mais ganhou com o Desenvolvimento Organizacional, pois tem vários dos seus aspectos trabalhados e desenvolvidos pela teoria. 3.1.1.6 Manter Para Chiavenato (2008, p. 436), a manutenção de pessoas exige um conjunto de cuidados especiais, entre os quais sobressaem os estilos de gerência, as relações com os empregados e os programas que asseguram a qualidade de vida na organização. Tais programas visam manter a satisfação e a motivação dos participantes, objetivando assegurar as condições físicas, psicológicas e sociais de permanecer na organização. O ambiente de trabalho ou clima organizacional é fundamental. O clima organizacional constitui o meio interno ou a atmosfera psicológica característica de cada organização. O clima organizacional está ligado ao moral e à satisfação das necessidades dos participantes e pode ser saudável ou doentio, pode ser quente ou frio, negativo ou positivo, satisfatório ou insatisfatório, dependendo de como os participantes se 46 5 sentem em relação à organização. O conceito de clima organizacional envolve fatores estruturais, como o tipo de organização, tecnologia utilizada, políticas da companhia, metas operacionais, regulamentos internos, além de atitudes e comportamento social que são encorajados ou sancionados 6 através dos fatores sociais. (CHIAVENATO, 2003, p. 373) Para Bezerra (2011, p. 19) o clima organizacional é a percepção que os colaboradores têm no seu ambiente de trabalho, podendo ser visto de diversas formas, pois as pessoas têm sentimentos diferentes. Complementando, a autora informa que a satisfação ou frustração das pessoas pode ser verificada por meio da motivação e do desempenho dos colaboradores. O relacionamento e a interação entre as pessoas em uma organização estão relacionados à aceitabilidade do sistema de crenças e de valores, sendo o retrato de uma cultura e um modo de vida. O Desenvolvimento Organizacional contribui quando substitui o relacionamento do tipo autoridade-obediência pelo do tipo confiança e crença recíprocas, enfatizando o relacionamento entre os grupos e dentro dos grupos. A interação passa a ideia de ação que ocorre entre duas ou mais entidades quando a ação de uma delas provoca uma reação da outra. Esta ideia pode ser relacionada a indivíduos, seções, departamentos ou organizações. Como explica Oliveira (1977, p. 93), volta-se para fenômenos intra-organizacionais, principalmente envolvendo os processes de relações humanas. O desenvolvimento organizacional implica num relacionamento de colaboração entre o agente de mudança e os componentes do sistema da organização. Para ele, fora do desenvolvimento organizacional se desenvolvem valores impessoais, orientados para as tarefas a serem executadas e negando os valores humanísticos e democráticos, que conduzem a relacionamentos precários superficiais e baseados na desconfiança (BENNIS, 1972, p. 16-17). Isso contribui para que as pessoas não se sintam bem em uma organização e optem por sair dela. Bezerra (2011, p. 43) afirma que o clima organizacional baseia-se na confiança entre patrão e empregado, assim como na flexibilidade para a resolução dos problemas. Além disso, reforça a posição de Andrade, colocando o diálogo 5 Frederick Glen, Psicologia Social das Organizações, Rio de Janeiro, Zahar Editores,1976, p. 80. B. v. H. Gilmes, Industrial and Organizational Psychology, Nova York, McGraw-Hill Book Co., 1971, p. 81. 6 47 como um instrumento incentivador para que os colaboradores apresentem os seus pontos de vista, gerando confiança e cooperação mútua. No entendimento de Bezerra (2011, p. 28), a influência que um líder pode exercer sobre as pessoas ocorre através do poder ou da autoridade. Nem todo líder que tem poder, exerce autoridade sobre as pessoas, pois a autoridade é adquirida através do respeito e da admiração das outras pessoas. Contudo, o posicionamento do líder e a sua postura perante os auxiliares influenciam no ambiente de trabalho. Quando a empresa se encontra com uma liderança deficitária, gera desmotivação e conflitos internos. Relacionamentos baseados na desconfiança levam a um estado declinante da competência interpessoal. Sem esta competência ou sem um ambiente psicologicamente seguro, a organização fica vulnerável para os conflitos entre os grupos, para a inflexibilidade e assim por diante, o que conduz a um declínio do bom êxito da organização na solução de problemas (BENNIS, 1972, p.17). A manutenção das pessoas em uma organização se dá por diversos fatores. O Desenvolvimento Organizacional entende que as questões de relacionamento e de qualidade de vida são fundamentais nesse processo. Por isso, busca trabalhar questões relacionadas à interação entre as pessoas e os grupos e as relações que demandam sentimentos. Bennis (1972, p. 43) entende que uma intervenção nos relacionamentos da organização “faz com que a atenção dos participantes convirja para os, problemas que surgem entre pessoas enquanto elas trabalham juntas”. Para ele, “é necessário reduzir ou então eliminar os atritos interpessoais”. Um esforço da organização nesse sentido levará as pessoas a se sentirem melhor no ambiente de trabalho, permanecendo na organização. Blake e Mouton (1972, p. 6) expõem que com o Desenvolvimento Organizacional foram alcançadas condições que podem estimular a inovação, produção mais elevada e mesmo uma maior satisfação das necessidades e desejos das pessoas, isto é, dos consumidores, dos empregados e dos administradores. Isto contribui para a formação de um vínculo entre as pessoas e a organização. Santos, Neiva e Andrade-Melo (2013, p. 32) reforçam as ideias apresentadas, enfatizando que clima organizacional é o resultado das percepções coletivas e compartilhadas dos empregados sobre o seu ambiente de trabalho e sobre a 48 qualidade do relacionamento entre as pessoas, criadas mediante sua experiência durante o processo de trabalho. Para Andrade (1998, p. 139), a organização que possui um clima ruim, na qual o funcionário não se sente bem, não possibilitando novas aprendizagens, está caminhando para a morte institucional. Para ele, o clima pode ser construído através do incentivo a determinadas atitudes, como a franqueza e a liberdade para construir visões pessoais ligadas à visão organizacional. Em momentos de mudanças, o clima das organizações tende a sofrer alterações devido à expectativa criada, tornando-se uma grande preocupação para os empresários e gestores e, especialmente para área de recursos humanos. Estes buscam assegurar um clima propício a realização dos objetivos das organizações e das pessoas que nela trabalham. O Desenvolvimento Organizacional surgiu como uma especialidade da Psicologia e somente se firmou quando incorporou a abordagem sistêmica no tratamento das organizações. Com isso, foi possível minimizar os conflitos interpessoais, trazendo melhoras para o processo de manter as pessoas nas organizações. A tarefa básica do Desenvolvimento Organizacional é melhorar o clima da organização. Desta forma, é um importante instrumento para a melhoria do processo de manter as pessoas, pois um bom ambiente de trabalho contribui para que as pessoas desejem permanecer na organização. A eficácia e o bem-estar da organização dependem do ambiente de trabalho, de como as pessoas se relacionam, minimizando perturbações e interferências negativas. Conforme expõe Andrade (1998, p. 62), a literatura da aprendizagem organizacional indica que a transformação das organizações tem objetivos maiores frequentemente ligados ao desempenho melhorado, ao incremento da eficácia e eficiência. 3.1.1.7 Monitorar Chiavenato (2008, p. 498) explica que monitorar, neste contexto de gestão de pessoas, significa seguir, acompanhar, orientar e manter o comportamento das pessoas dentro de determinados limites de variação. O monitoramento visa garantir que o planejamento seja bem executado e que os objetivos sejam alcançados adequadamente. 49 O processo de monitoração está relacionado com a maneira pela qual os objetivos devem ser alcançados através da atividade das pessoas que compõem a organização. São fundamentais nesse processo, os sistemas de coleta de dados para abastecer o sistema de informações gerenciais que sirva de suporte para as decisões gerenciais. Bennis (1972, p. 14) explica que o Desenvolvimento Organizacional baseia as suas ações e os seus planejamentos nos dados e nas experiências publicamente trocadas e que são produzidos por diversas formas. Para que esses dados estejam a disposição no momento necessário, é necessário que o armazenamento seja feito de forma sistematizada, no qual indica a importância do processo de monitorar pessoas. Os dados são gerados pela própria organização no Desenvolvimento Organizacional. Os dados relevantes para pessoas relevantes tornam possível um maior número de opções e daí a possibilidade de melhores decisões. Disto se tira o valor básico dessa teoria e da sua prática dentro de uma organização, ou seja, a ampliação das escolhas com base em dados levantados pela própria organização (BENNIS, 1972, p. 20). Blake e Mouton (1972, p. 41) expõem que a eficiência e a segurança em se atingir resultados no Desenvolvimento Organizacional são determinadas por eficácia e rapidez no reconhecimento e definição de problemas, tendo na coleta de dados relevantes para a compreensão de causas, um sustentáculo do processo. No entendimento do Desenvolvimento Organizacional, exposto por Lawrence e Lorsch (1972, p. 21), a coleta de dados significa não apenas reunir provas e indícios quantitativos através de questionários e por outros meios, mas também conversar com pessoas envolvidas. Acompanhar e orientar são fundamentais no processo de monitorar pessoas. Schein (1972, p. 103) apresenta uma série de métodos para a coleta de dados e/ou informações, apontando existir uma relação com a intervenção aplicada na organização. Para ele, a forma como os dados são coletados constitui uma intervenção, e o tipo de intervenção que é escolhida revela novos dados, derivados da reação à intervenção. Logo, verifica-se a importância do controle dos dados e do monitoramento das pessoas no Desenvolvimento Organizacional. Os processos de monitorar são particularmente importantes porque são capazes de identificar situações de possíveis conflitos, permitindo que os gestores 50 atuem no sentido de impedi-los ou minimizá-los. O conhecimento, o controle e a sistematização dos dados obtidos são fundamentais para o processo, pois permitem que as comunicações fluam melhor dentro da organização. Gomes (1978, p. 31) expôs que muitos órgãos de administração de recursos humanos persistiram ou foram obrigados a manter a abordagem de tais recursos pautada em conceitos das primeiras escolas de administração, enquanto que os programas de Desenvolvimento Organizacional se utilizam de dados e pesquisas mais recentes, baseados em teorias comportamentais e contingenciais. Uma das etapas do processo de Desenvolvimento Organizacional é a coleta de dados. Esta é feita por meio de pesquisa para conhecer o ambiente interno, avaliar o clima organizacional e obter dados sobre os problemas comportamentais. 3.1.2 A Transformação do Exército Brasileiro 3.1.2.1 Aspetos Gerais Em 2010, o Estado-Maior do Exército deu partida na transformação do Exército Brasileiro com a publicação de um documento que denominou “O Processo de Transformação do Exército Brasileiro” (BRASIL, 2010a). Este documento foi resultado dos estudos, diagnósticos, formulações e concepções surgidas naquele Órgão de Direção Geral ao longo dos trabalhos relativos à Estratégia Nacional de Defesa, à elaboração da Estratégia Braço Forte e ao planejamento elaborado com base no Sistema de Planejamento do Exército para o período de 2011 a 2014. O documento apresentou um pano de fundo sobre o patamar em que se encontrava o Exército, em termos relativos, considerando os avanços por que passaram as Forças Armadas estrangeiras, a Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira, bem como os níveis de conhecimento encontrados em diversos setores da sociedade civil. Buscou parâmetros em eventos recentes por que passou o Exército e terminou apresentando uma proposta de embasamento políticoestratégico, como orientação para a trajetória de evolução. Esclareceu que o conceito de transformação surgiu na década de 1970, a partir da discussão sobre Evolução em Assuntos Militares e Revolução em Assuntos Militares. A ideia era combinar a dinâmica do progresso gradual com a necessidade de periodicamente se romper paradigmas na busca da plena capacidade de superar oponentes e cumprir missões. 51 Apresentou a discussão sobre o significado da ação de “transformar” feita pelo Brigadeiro Covarrubias, do Exército do Chile, publicada na edição brasileira da Military Review, de novembro-dezembro de 2007. Tal apresentação destacou pontos que marcam uma transformação e suas aplicações ao Exército Brasileiro, levando a conclusão de que a solução para a necessidade de manter o preparo e o emprego do Exército é encontrada no conceito de transformação. Visando detalhar e firmar o entendimento do conceito de transformação, o Estado-Maior do Exército estudou os casos de transformação do Exército da Espanha e do Exército do Chile. Do que foi exposto no documento do Estado-Maior do Exército, é possível observar que ambos os exércitos buscaram um melhor preparo e melhores condições para cumprir suas missões diante das novas realidades, global, regional e nacional. De forma semelhante, Schladt (2007, p. 9) expõe que o processo de transformação do Exército da Alemanha foi desencadeado em função da mudança do conceito de defesa ocorrido após o fim da Guerra-Fria. A necessidade da transformação do Exército Alemão decorreu dos diversos compromissos que o país possuía perante a comunidade internacional e em relação às obrigações e tarefas como membro de várias alianças. O termo “transformação militar” é utilizado por diversos países para designar o processo multidimensional de modernização de suas forças armadas, a fim de torná-las capacitadas a enfrentar a natureza dos conflitos atuais, bem como adaptálas ao amplo espectro de desafios de segurança presentes no Século XXI. O termo engloba novos conceitos e o emprego de novas tecnologias, resultando em mudanças doutrinárias profundas. Conforme consta na página do Exército Brasileiro na internet7, o processo de Transformação do Exército teve sua origem no diagnóstico de que o Exército Brasileiro não dispõe de capacidades compatíveis com a rápida evolução da estatura político estratégica do Brasil, que caminha, rapidamente, para ocupar a condição de potência mundial. A modernização da Força Terrestre não respondia as reais necessidades do Exército e do País, exigindo um processo bem mais amplo, que passou a ser tratado 7 http://www.eb.mil.br/web/proforca/apresentacao. Acesso em 01 maio 2013. 52 como transformação. Este processo pretende conduzir o Exército ao patamar de força armada de país desenvolvido e ator mundial, capaz de se fazer presente, com a prontidão necessária, em qualquer ponto da área de interesse do Brasil. A situação do País e do Exército Brasileiro diante da conjuntura atual valida o posicionamento de Machado, Santos e Pinto (2009). Para eles, as transformações organizacionais decorrem do surgimento de novas necessidades, que mudam o seu foco de atuação, ou de novos desafios, levando os chefes e/ou comandantes a lançar mão de novas estratégias para cumprirem às obrigações que lhes são impostas. Segundo consta na Diretriz Geral do Comandante do Exército para o período 2011 – 2014, o Processo de Transformação tem seus rumos orientados pelo Projeto de Força do Exército, que é a concepção estratégica do Exército que delineia o perfil da Força nos horizontes de 2015, 2022 e 2030. O Projeto de Força foi o resultado de consultas a especialistas militares e civis, nacionais e estrangeiros, de encontros temáticos, de diagnósticos estratégicos e cenários prospectivos, de uma vasta pesquisa bibliográfica, de visitas a departamentos de planejamento estratégico de diversos países amigos e de entrevistas com oficiais generais do Exército Brasileiro. O documento final apresentou as diretrizes para a concepção e a evolução da Força para 2031. Visando descrever as dificuldades do Exército, que justificam a necessidade da transformação, o Estado-Maior do Exército expôs que a crise provocada pelo terremoto no Haiti, exigiu da Força o desdobramento de mais um Batalhão. Este fato colocou em evidência a restrita capacidade de o Exército projetar força e de fazer face às situações de contingência. Esta situação induziu a conclusão de que se for necessária a projeção de poder de combate de caráter convencional nossas deficiências mostrar-se-iam ainda mais sérias no que se refere à capacitação do pessoal e à desatualização doutrinária, entre outras (BRASIL, 2010a, p. 18). Outro aspecto ressaltado foi o da relevância. Expôs que a relevância da instituição repousa em atividades subsidiárias, no apoio à segurança pública, Força de Paz e na capilaridade que serve de base para a operacionalização da Estratégia da Presença. Verificou-se, portanto, que não há percepção relativa à missão principal de defesa da pátria e nem tampouco é levada em conta a importância do Exército como instrumento de Relações Exteriores (BRASIL, 2010a, p. 19). 53 Houve a necessidade de buscar a mudança desse cenário desfavorável e o Processo de Transformação foi a solução encontrada. O Estado-Maior do Exército (BRASIL, 2010a, p. 38) expôs que o aperfeiçoamento dos Métodos de Gestão de Recursos Humanos, constitui-se em importante caminho para a viabilização e consolidação de todo o Processo de Transformação. No entendimento de Fleury e Fleury (2004, p. 50), a definição de uma estratégia de recursos humanos para se obter uma força de trabalho altamente comprometida com a organização deve preceder as demais estratégias organizacionais. Ter pessoas fortemente ligadas à organização leva-as a atuar em um nível além do profissional. A política de pessoal da Força Terrestre é o aspecto que relaciona, mais diretamente, o comportamento organizacional da Instituição com a capacitação e disposição dos quadros no cumprimento das suas missões. O valor considerado ao indivíduo, as possibilidades de satisfação profissional, familiar e pessoal são fundamentais para a criação de um ambiente propício ao desenvolvimento e aproveitamento das potencialidades dos militares. (MOURA, 2008, p. 81) O chefe do Departamento-Geral do Pessoal, por meio de sua Diretriz 20132014 (BRASIL, 2013, p. 5), em sintonia com o pensamento da Força, expresso pelo Estado-Maior do Exército, orientou as diretorias no sentido de promover as mudanças que o Exército necessita nesse momento de transformação. Em suas diretrizes (BRASIL, 2013, p. 14), o Chefe do Departamento-Geral do Pessoal ressaltou as orientações do Comandante do Exército no que diz respeito às considerações sobre a gestão na área de pessoal. Assim sendo, a seguir serão apresentados alguns aspectos relacionados aos processos de gestão de pessoal constantes em alguns documentos que tratam do Processo de Transformação do Exército Brasileiro. 3.1.2.2 Agregar O processo de agregar pessoas está ligado, basicamente, às atividades de recrutamento e seleção. A primeira pode ser realizada internamente ou externamente a organização. Quando é interna a organização, está se referindo a oportunidade, promoção ou mesmo transferência, enquanto que quando é externa se refere à admissão. 54 A sistemática para ingressar no Exército Brasileiro é realizada, basicamente, de três maneiras: concurso público, serviço militar (conscrição) e processo seletivo para militares temporários, conduzido pelas Regiões Militares. Para o Processo de Transformação, o Estado-Maior do Exército abordou o serviço militar e, superficialmente, o aumento de efetivo de temporários. A conscrição, que é realizada ao longo do ano de instrução, tem-se mostrado inadequada ao desenvolvimento das capacidades operacionais requeridas pelo Exército. Um país, com as responsabilidades assumidas pelo Brasil, que busca assumir no contexto internacional uma projeção efetiva no mundo, necessita de grande progresso na atual sistemática de preparo e emprego da Força, que ainda não contempla adequadamente as hipóteses de Emprego. (BARROS, 2012, p. 34) O Estado-Maior do Exército expôs que a sistemática adotada atualmente pelo Serviço Militar não atende as necessidades da Instituição. Considera que o Serviço Militar deve ser dissociado da atividade operacional, proporcionando a ambos os sistemas flexibilidade para ajustar-se às suas necessidades e melhor atingir seus objetivos (BRASIL, 2010a, p. 32). Indica, ainda, que a complexidade dos novos sistemas de armas, a serem adotados ou já em processo de incorporação, passará a exigir muito maior qualificação, maturidade e experiência dos recursos humanos. Modernos sistemas de armas não podem ser operados pelos recrutas, e sim por profissionais experientes (BRASIL, 2010a, p. 34). Logo, verifica-se que haverá a necessidade de aprimorar o processo de recrutamento e seleção, tanto externo como interno. Apesar do bom nível no padrão de seleção do serviço militar, o processo seletivo atual tem que estar alinhado com a nova filosofia do EB para 2030. Os testes psicológicos, as entrevistas de avaliação e os padrões atuais têm que se ajustar às necessidades das competências previstas para as Organizações Militares (OM) do Exército do futuro [...]. (NERY, 2013, p. 11) O Estado-Maior do Exército entende que com a concretização de modificações no Serviço Militar inicial, surgirá a possibilidade de se estabelecer as mudanças necessárias para contribuir com o processo de transformação da Instituição, condicionando atividades como movimentação, cursos e estágios, férias, licenças etc. Isto demonstra a interligação de todos os processos de gestão de pessoas. A Diretriz para Implantação do Processo de Transformação do Exército Brasileiro (BRASIL, 2010b, p. 51) estabelece em suas orientações para o planejamento, que o Serviço Militar Obrigatório é um pressuposto básico. Assim, deverá ser mantido, mas modificado para atender as necessidades da instituição, 55 pois o Comandante do Exército (BRASIL, 2011, p. 20) estabeleceu como diretriz a ampliação do Serviço Militar Obrigatório por intermédio da criação de CPOR, NPOR, Tiros de Guerra e Escolas de Instrução Militar. O Estado-Maior do Exército (BRASIL, 2010a, p. 37), quando aborda a gestão de pessoas, indica a necessidade de valorizar e aumentar o efetivo de temporários e estagiários, visando o ajuste na composição dos efetivos. Para que esta medida seja efetiva, há a necessidade de aprimorar os processos de recrutamento e seleção conduzidos pelas Regiões Militares. Isto é reforçado quando se observa que o Exército tem sentido necessidade de incorporar novas linhas de especialização, em razão da multiplicação das áreas do conhecimento (BRASIL, 2010a, p. 38), podendo acarretar modificações significativas na concepção das armas, quadros e serviços, implicando em novos condicionantes para o recrutamento e para a seleção. Essa situação poderá gerar consequências às próprias carreiras dos integrantes da Instituição, pois a ideia de tornar mais flexíveis os requisitos de progressão funcional, permitindo um maior aproveitamento das especializações e das aptidões adquiridas ao longo da vida profissional, poderão resultar em novos processos de recrutamento e seleção internos. A preocupação com o recrutamento para processos seletivos internos fica evidenciada na Portaria nº 134, de 28 de fevereiro de 2012, do Comandante do Exército, que aprovou a Diretriz para o Aperfeiçoamento dos Planos de Carreira dos Quadros do Exército Brasileiro. Nesta, pode-se verificar o objetivo de estudar o estabelecimento de novos requisitos básicos de desempenho para ingresso em quadros de acesso à promoção, vinculando-os à capacitação continuada ao longo da carreira. É possível observar, também, a ligação entre os processos de agregar e desenvolver pessoas na gestão de pessoas. 3.1.2.3 Aplicar Os processos de aplicar pessoas estão relacionados à orientação das pessoas, objetivando promover a socialização delas com a organização e de inserilas na cultura organizacional. Aspectos relacionados à responsabilidade e autoridade do cargo, a gestão da carreira e o trabalho de equipe estão ligados a esses processos, que tem na avaliação do desempenho uma importante ferramenta. 56 Parte significativa da cultura organizacional do Exército Brasileiro é identificável nos atributos indicados na Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980, que dispõe sobre o Estatuto dos Militares, trazendo em seu corpo as obrigações dos militares, expondo aspectos relacionados ao valor militar, à ética militar e aos deveres militares. Tratando do Processo de Transformação do Exército, o Estado-Maior do Exército (BRASIL, 2010a, p. 10) apontou que a continuada carência de recursos impôs o surgimento de uma cultura que atribui alta relevância à capacidade de adaptação, para ajustar as estruturas e procedimentos existentes, com a finalidade de continuar cumprindo as tarefas previstas. Observa-se uma questão externa pode provocar modificações na cultura da Instituição. Chamou a atenção, também, para o fato de que a carência crônica de recursos tem tirado dos oficiais e sargentos, no início da carreira, certas referências cuja obtenção é importante que ocorra quando ainda jovens. Expôs que nas Organizações Militares quase não mais se percebe a salutar e desejável “vida de cassino”, onde se transmite o espírito, a mística e as tradições próprias das unidades operacionais. Uma questão externa que modifica a cultura da instituição também afeta as pessoas que a integram. Não se “mora” no quartel, não se vive o ambiente de caserna, não mais se ouve o toque de silêncio e nem tampouco o despertar da alvorada. As rotinas diárias mais se parecem com a de um escritório. Em consequência, esmaecem os comprometimentos. (BRASIL, 2010a. p. 10) Informou que para que o potencial de mudanças do Exército se concretize e chegue ao nível de transformação, devem-se alterar concepções, algumas delas profundamente arraigadas na cultura institucional (BRASIL, 2010a, p. 30). Demonstra que para promover mudanças, há a necessidade de provocar mudanças na cultura organizacional em um contexto de orientação de pessoas e modelagem de trabalho. Barros e Soares (1996, p. 14), quando fizeram uma análise crítica da Organização Básica do Exército, apontaram que a instituição tende a resistir às mudanças. Para os autores, esta situação só pode ser modificada com uma mudança cultural, que despoje a Instituição de uma cultura hierárquica e burocrática, passando a atuar de forma ágil, sistêmica e interativa. A análise dos autores é bem atual pela abordagem cultural, embora, em função da época, não estivesse inserida no contexto da transformação do Exército. 57 Para eles, para a validade do enfoque sistêmico é preciso mudar a cultura baseada em um modelo mecanicista e burocrático, baseado na centralização do poder, na tramitação das ligações exclusivamente através da cadeia de comando e na departamentalização. O Estado-Maior do Exército deixou claro que tais alterações de concepções não podem afetar os valores da Instituição. O Exército Brasileiro tem sido capaz de preservar seus valores fundamentais, graças aos comprometimentos gerados nas suas Escolas, em relação aos companheiros, à Instituição e a seus princípios, resultando um Exército disciplinado e coeso. Isto demonstra a interação entre os processos de aplicar e de desenvolver pessoas dentro da gestão de pessoal. Em sua Diretriz Geral para o período 2011 – 2014, o Comandante do Exército ressaltou os valores militares, ligando-os a cultura da Instituição. Indicou que deve ser desenvolvido programa, voltado para o público interno e externo, de divulgação da Cultura Organizacional, para fortalecimento de tais valores, tradições e ética profissional militar. Tratando ainda da cultura organizacional, o Chefe do Departamento-Geral do Pessoal lembrou, em suas diretrizes 2013 – 2014 (BRASIL, 2013, p. 8), que a permanência da sagrada e ancestral missão de defender a Pátria, até mesmo com o sacrifício da própria vida, exigem preservar e fortalecer os princípios e valores institucionais. Dentro do contexto da orientação das pessoas, a liderança é um aspecto muito importante para qualquer organização. O Estado-Maior do Exército (BRASIL, 2010b, p. 4) colocou a liderança como fundamental para o processo de transformação, pois será principalmente por intermédio da liderança, na condução de suas equipes, que os trabalhos obterão a profundidade e a amplitude indispensáveis à obtenção do êxito e à concretização dos objetivos traçados. A idéia é reforçada na Diretriz para Implantação do Processo de Transformação do Exército ao indicar a dependência do processo ao comprometimento das lideranças em todos os níveis no sentido de instruir e motivar as equipes de trabalho. No mesmo sentido, os comandantes, chefes e diretores são chamados a incentivar a adesão de seus subordinados (BRASIL, 2010b, p. 51). O comandante precisa ter consciência de que um olhar, um sorriso, uma palavra que concede ou nega a um subordinado pode significar estímulo ou desalento, capaz de transformar positiva ou negativamente suas ações. Nesse contexto, a pressa, o destempero e o mau-humor precisam dar lugar 58 à firmeza, ao equilíbrio, à austeridade, à justiça, à camaradagem, ao bom senso e ao sentimento de família. (BRASIL, 2011, p. 32) Para o Exército é fundamental que se exerça uma liderança que motive o homem e as organizações militares para o cumprimento da missão Institucional. A liderança está diretamente ligada aos recursos humanos do Exército, o que caracteriza a importância do indivíduo no contexto da mesma. O processo de transformação visa dotar o Exército de capacidades que correspondam às necessidades de êxito nos conflitos do futuro. Neste ponto, coloca como uma exigência a liderança em todos os níveis. Assim, pode-se afirmar que o processo de transformação depende da liderança existente e busca aprimorá-la e ampliá-la, sendo um aspecto fundamental para a Instituição. O Comandante do Exército enfatizou a liderança ao tratar de operações e de gestão. No primeiro caso, atribuiu prioridade ao exercício da liderança pelos quadros da Força Terrestre (BRASIL, 2011, p. 24). No segundo, informou que a ação de comando dos comandantes, chefes e diretores, em todos os níveis, é fator determinante para o sucesso das novas ferramentas de gestão (BRASIL, 2011, p. 30). Saindo das questões culturais e entrando na modelagem do trabalho, o Estado-Maior do Exército expôs que o Exército tem sentido necessidade de incorporar novas linhas de especialização, em razão da multiplicação das áreas do conhecimento (BRASIL, 2010a, p. 38). Tais incorporações podem provocar modificações significativas na concepção das armas, quadros e serviços. Isso exige desenho, descrição e análise de cargos, bem como a gestão de carreiras. Na Portaria nº 075-EME, de 10 de junho de 2010, que aprovou a Diretriz para Implantação do Processo de Transformação do Exército Brasileiro, consta que o Grupo de Trabalho “Gestão de Recursos Humanos” possui a tarefa de propor medidas para reestruturar a sistemática de provimento de cargos e funções no âmbito da Instituição. Tal medida visa reduzir o percentual de pessoal permanente nos Quadros de Cargos (QC) da Força, demonstrando a ligação da transformação da Instituição com o processo de aplicar pessoas. O Comandante do Exército estabeleceu que fosse considerado, no planejamento e na gestão na área de pessoal, proposta de instrumentos legais para variações no teto do efetivo, sempre que necessário; identificação e efetivação de maior permanência em cargos que assim o recomendem, assegurando que não 59 ocorra, para o ocupante, prejuízo no prosseguimento da carreira; e o aperfeiçoamento contínuo dos processos de promoção de militares, com o objetivo de manter planos e fluxos de carreira ajustados ao Processo de Transformação do Exército (BRASIL, 2011, p. 25). Visando promover melhorias na política de pessoal, o Chefe do Departamento-Geral do Pessoal estabeleceu para a Diretoria de Avaliação e Promoção um projeto que visa apresentar proposta de Planos de Carreira, de todos os segmentos da política de pessoal (BRASIL, 2013, p. 24). Este projeto tem ligação direta com os processos de aplicar pessoas. Verifica-se ação no mesmo sentido, ao estabelecer, também para a Diretoria de Avaliação e Promoção, o projeto de reestruturação da carreira do Quadro de Engenheiros Militares e do Serviço de Saúde; de aperfeiçoamento do Sistema de Avaliação do Exército, alinhando-o com a Concepção Estratégica do Exército; e com o levantamento das competências individuais e administrativas necessárias ao Exército. A preocupação em aplicar as pessoas de forma adequada pode ser observada na Ordem Fragmentária 01/2014 do Chefe do Departamento-Geral do Pessoal, na qual determinou aos chefes subordinados que, focados na missão da sua área, buscassem redesenhar os organogramas de suas diretorias. Para isso, indicou que elos que pouco contribua para o produto devem ser suprimidos, cargos obsoletos ou de pouco valor agregado eliminados e os que forem desnecessários suprimidos. A preocupação também foi demonstrada quando informou que a estrutura organizacional, rigidamente hierarquizada, também merece ser questionada quando aplicada à gestão. Para ele, existe a tendência a produzir chefes onde a moderna administração sugere coordenadores que podem perfeitamente atuar lateralmente na célula, sem que se precise de um cargo, com nível hierárquico mais elevado, para essa coordenação. Destacou a ação de comando de cada chefe subordinado em fazer aplicar corretamente seus recursos humanos, colocando o homem certo no lugar certo, respeitando suas habilidades e suas características e preparando especialistas para as funções de maior relevo. Ressaltou que a exata aplicação das pessoas na engrenagem é uma das qualidades da boa gestão. 60 3.1.2.4 Recompensar Em linhas gerais, os processos de recompensar estão ligados a remuneração, aos incentivos e aos benefícios que a organização proporciona aos seus colaboradores. Segundo Chiavenato (2008, p. 275), as organizações desenvolvem sistemas de recompensas capazes de provocar impacto direto na sua capacidade de motivar os funcionários. O Comandante do Exército (BRASIL, 2011, p. 25) estabeleceu que fosse, permanentemente, efetuada gestão junto ao Ministério da Defesa, para que a remuneração seja compatível com as especificidades da profissão militar, isonômica em relação a outras carreiras de Estado e mantidas a paridade e a integralidade ativa-reserva. Com isso, verifica-se o entendimento da Instituição, dentro do processo de transformação, da importância dos processos de recompensar pessoas. A preocupação com tais processos também é evidenciado quando o Chefe do Departamento-Geral do Pessoal lembra que a Assessoria de Planejamento e Gestão integra a Comissão Permanente de Remuneração do Exército. Esta comissão é conduzida pela Secretaria de Economia e Finanças e reflete o esforço perene do Comando do Exército no sentido de fazer refletir na remuneração o valor de seus soldados (BRASIL, 2013, p. 32). O Chefe do Departamento-Geral do Pessoal expôs que o desafio da Assessoria de Planejamento e Gestão é cooperar para encontrar em curto prazo e em consonância com a Diretriz do Comandante do Exército, soluções para que a remuneração militar alcance patamar compatível com as especificidades da profissão da armas. Na abordagem moderna, predomina o modelo do homem complexo, que supõe que as pessoas são motivadas por uma enorme variedade de incentivos, como salário, objetivos e metas a atingir, satisfação no cargo e na organização, necessidades de auto-realização etc. (CHIAVENATO, 2008, p. 274) O Estado-Maior do Exército, em seu documento que trata do Processo de Transformação do Exército Brasileiro, não abordou de forma direta aspectos que se enquadrem nos processos de recompensar pessoas. Os processos de recompensar pessoas têm ligação com as questões relacionadas ao comprometimento e a motivação. Moura (2008, p. 33) expõe que o comprometimento e a dedicação são aumentados quando a instituição busca a satisfação dos seus integrantes e das pessoas com que se relacionam. O grau de 61 comprometimento desejado é alcançado quando o militar responde física e intelectualmente as exigências da organização. O Estado-Maior do Exército entende que os níveis de motivação se elevarão com o Sistema de Doutrina, pois este será a principal atividade geradora da “cultura institucional” (BRASIL, 2010a, p. 32). Alertou para o fato de que a insuficiência e o acentuado estado de obsolescência e de sucateamento dos equipamentos e materiais provocam a desmotivação dos recursos humanos da Instituição, pois restringe a capacidade de inovação e impedem o exercício adequado das funções (BRASIL, 2010a, p. 40). Indicou que as dificuldades orçamentárias reduzem a possibilidade da Força recompensar seu pessoal, limitando, inclusive, o alcance dos benefícios que as próprias famílias dos recrutas esperam que os filhos recebam ao se incorporar ao Exército (BRASIL, 2010a, p. 21). Há uma estreita ligação entre os processos de recompensar e manter as pessoas. As deficiências no primeiro podem significar dificuldades para o segundo. Além disso, os processos de recompensa são capazes de provocar impacto direto na capacidade da organização de atrair, reter e motivar os funcionários. Uma liderança deve buscar que a equipe se sinta parte da organização por meio de uma visão compartilhada. Trata-se de uma das formas de incentivar, pois desperta na equipe o sentimento de comprometimento. As pessoas se comprometem mais quando se sentem fazendo parte da organização e de seus resultados (LIRA, 2013, p. 10). 3.1.2.5 Desenvolver No entendimento de Chiavenato (2008, p. 362), os processos de desenvolvimento de pessoas estão intimamente relacionados com a educação, desenvolver potencialidades. Vai além da informação para novos conhecimentos, constituindo-se na formação de uma base para novas atitudes, soluções, ideias e conceitos que modifiquem hábitos e comportamentos, visando maior eficácia. O Estado-Maior do Exército chamou a atenção para a importância da inovação para o desenvolvimento das organizações militares e seus integrantes. Informou que a economia mundial adquiriu dinamismo sem precedentes com o apoio das inovações tecnológicas, principalmente na área da informática (BRASIL, 2010a, 62 p. 7). Há a necessidade que as inovações tecnológicas façam parte do dia a dia do militar, seja na parte administrativa ou na parte operativa. Expôs que a revolução tecnológica em andamento, impulsionada pelos avanços nas áreas espacial, nuclear, da biotecnologia, nanotecnologia e robótica, provoca a aceleração da dinâmica econômica e o acesso facilitado à tecnologia fez com que as ameaças à paz e à segurança internacionais adquirissem caráter mais contundente. As inovações tecnológicas aprimoraram os instrumentos de combate. Em consequência da falta de sensibilidade do poder político, o Exército foi levado a sacrificar a qualidade em benefício da quantidade. Tal medida resultou na não modernização dos equipamentos. Não se buscou as melhores práticas e não se capacitou e nem se desenvolveu a mentalidade de inovação nos recursos humanos (BRASIL, 2010a, p. 21). Isto comprometeu a capacidade de desenvolver os militares e as suas organizações. Com relação à gestão do conhecimento, expôs que a precariedade da estrutura do Sistema de Doutrina do Exército não permitiu que se promovesse a modernização doutrinária requerida por novas concepções estratégicas e pela iminente incorporação de equipamentos modernos (BRASIL, 2010a, p. 31). Complementou informando que a doutrina da instituição, em geral, estava respalda em concepções ultrapassadas, pois não incorporou conceitos próprios dos conflitos contemporâneos, demonstrando dificuldade de apreender novos conhecimentos ou de geri-los. Isto impactou negativamente no processo de desenvolver as pessoas e as organizações para as suas atividades-fins. O processo de Transformação do Exército Brasileiro busca assentar a gestão do conhecimento sobre ferramentas de tecnologia da informação, englobando, dentre outras, as funcionalidades de informações doutrinárias, lições aprendidas, modelagem, simulação, estudo da guerra e processamento, formulação, experimentação, validação e difusão. Expôs que o Sistema de Doutrina deverá tornar-se o motor da transformação da Força Terrestre. O objetivo é que o sistema se constitua na principal atividade geradora da “cultura institucional”, dando consistência à atividade de preparo e emprego. Além disso, que acentue a profissionalização dos quadros e conduza a Instituição à obtenção da experiência, da habilidade e do conhecimento no que se refere à atividade-fim, contribuindo para o desenvolvimento da capacidade de inovação de seus integrantes (BRASIL, 2010a, p. 32). 63 A complexidade dos novos sistemas de armas, a serem adotados ou já em processo de incorporação, passará a exigir maior qualificação, maturidade e experiência dos recursos humanos (BRASIL, 2010a, p. 34). Portanto, deverá haver um aprimoramento no processo de desenvolver pessoas, possibilitando os treinamentos necessários às novas demandas. Isto demonstra a relação que existe entre o processo de agregar e o de desenvolver pessoas. Dois aspectos que merecem ser enfatizados no desenvolvimento dos Recursos Humanos da Instituição. Trata-se da baixa eficiência da atividade de capacitação e da precária mentalidade de inovação dos quadros (BRASIL, 2010a, p. 34). A introdução de novas concepções, projetos, processos e equipamentos tende a exigir um eficiente sistema de capacitação como condição essencial de êxito para o processo de transformação. Ressalta-se a gestão dos recursos que deverão ser capacitados, bem como suas aplicações após a capacitação, evitando erros na gestão desse pessoal. As ações desenvolvidas nos vetores de transformação acarretarão uma demanda crescente de capacitação dos quadros. A Portaria nº 075-EME, de 10 de junho de 2010, que aprovou a Diretriz para Implantação do Processo de Transformação do Exército Brasileiro, consta a necessidade de capacitação de pessoal para fazer em face de tais demandas, dando o entendimento da importância de desenvolver pessoas para transformação da Instituição. Ainda na portaria, é possível observar que o Grupo de Trabalho “Educação e Cultura” tem a tarefa de propor medidas para aprimorar o sistema de educação e cultura do Exército, de acordo com as demandas do processo de transformação. Isto demonstra o entendimento de que a Educação exerce um papel importante na gestão do conhecimento, na inovação, na gestão da mudança e no próprio desenvolvimento das pessoas e da organização. Angonese (2013, p. 1) alinha com as ideias dos dois parágrafos anteriores ao identificar os Sistemas de Pessoal e de Educação e Cultura como os principais indutores da transformação, de onde deverão partir soluções inovadoras e factíveis mantendo a dimensão humana como prioritária. Além disso, defende o apoio institucional para a realização de um segundo curso superior, fora da área das ciências militares, visando contribuir para a capacitação e aperfeiçoamento dos quadros da instituição (2013, p. 28). 64 Voltando a questão da mentalidade de inovação o documento do EstadoMaior do Exército expôs que talvez a precária mentalidade de inovação seja uma das maiores deficiências dos recursos humanos da Instituição. Numa avaliação sumária, verificou que os oficiais do Exército estão em desvantagem em relação aos da Marinha e da Aeronáutica (BRASIL, 2010a, p. 36). Expôs, também, que se torna imperiosa e urgente a incorporação da simulação como importante ferramenta de adestramento individual e coletivo, pois proporciona substancial economia de recursos de toda ordem, incorpora tecnologias avançadas ao processo de treinamento e alivia as estruturas administrativas e logísticas (BRASIL, 2010a, p. 40). 3.1.2.6 Manter Os processos de manter pessoas estão ligados as relações com os empregados e com a qualidade de vida no trabalho. Em ambos os casos é possível observar aspectos como o clima organizacional, a satisfação no ambiente de trabalho e o relacionamento entre as pessoas e os grupos. A liderança exerce um importante papel neste ambiente. O que retém o profissional na carreira é o grau de satisfação e a crença no que faz, somado ao reconhecimento da Instituição pelo trabalho desempenhado, por intermédio da aplicação dos mecanismos de justiça, tratando os desiguais de forma desigual. (ANGONESE, 2013, p. 38) Maximiano (2009, p. 390) complementa informando que os conceitos da cultura organizacional podem ser usados para entender e manejar a relação das pessoas com os grupos e das organizações com outros grupos, sendo uma habilidade gerencial básica no mundo atual. Relacionar-se, com outras pessoas e outros grupos, dentro de uma agenda positiva, é fundamental para o progresso sem conflitos dentro de uma organização. Lira (2013, p. 10) indica que o líder é fundamental nesse processo, pois cabe a ele gerenciar os conflitos e inspirar a sua equipe. Para isso, deve possuir a capacidade de se relacionar com as pessoas, desenvolvendo um clima agradável na organização. A empatia é fundamental no relacionamento com as pessoas. Com relação ao Processo de Transformação do Exército, o Estado-Maior do Exército expôs que foi estruturado um programa de bem-estar da Família Militar, demonstrando uma preocupação com a qualidade de vida dos integrantes da Instituição e dos seus familiares (BRASIL, 2010a, p. 23). 65 O Comandante do Exército (BRASIL, 2011, p. 14) estabeleceu que os projetos de instalação de novas Organizações Militares deverão valorizar a infraestrutura, a habitabilidade, a funcionalidade, a facilidade de segurança e o bemestar das famílias. Isto influencia diretamente na qualidade de vida dos militares e de seus familiares, contribuindo com o processo de manter pessoas. Prosseguiu afirmando que o aprimoramento da assistência aos militares e civis da Instituição, seus familiares e pensionistas deve ser contínuo, com ênfase nas ações de atendimento dos serviços de saúde à família militar; oferta de planos especiais para facilitar a aquisição da moradia própria; apoio à família militar, em especial nas OM em localidades remotas; oferta de ensino de qualidade, por intermédio dos Colégios Militares; programas de apoio no retorno dos militares temporários à vida civil; preparação dos militares e servidores civis para a passagem à inatividade; e especialização do tratamento dispensado aos inativos e pensionistas, entre outras medidas. O Estado-Maior do Exército indicou, também, que a disponibilidade de Recursos Humanos nos quais o Exército prematuramente deixa de investir causa o desperdício de talentos e o arrefecimento do entusiasmo profissional, trazendo consequências negativas na relação com os seus quadros, afetando o clima organizacional (BRASIL, 2010a, p. 35). Outros fatores considerados como desmotivadores do pessoal são os materiais e os equipamentos obsoletos. A restrição a capacidade de inovação provoca a desmotivação e impede que os quadros adquiram a vivência profissional que a prática, no exercício de suas funções, é capaz de proporcionar (BRASIL, 2010a, p. 40). A desmotivação é um fator que dificulta a manutenção do pessoal na instituição, principalmente os jovens, recém formados. O Estado-Maior do Exército deixou claro que o maior ônus provocado pelo contraste entre o ambiente de formação vivido nas escolas militares e o encontrado na tropa recai sobre os recursos humanos, desiludindo-os quanto à profissão. Visando remediar esta situação, o Comandante do Exército (BRASIL, 2011, p. 19) estabeleceu em sua Diretriz Geral para o período 2011 – 2014 a manutenção da prioridade ao Sistema de Educação e Cultura, entendendo que o investimento na qualidade da Educação aumenta a motivação profissional. Embora não trate diretamente sobre o clima organizacional ou o ambiente de trabalho em suas Diretrizes Gerais para o período de 2011 – 2014, o Comandante 66 do Exército demonstrou preocupação com pontos relacionados a este aspecto. Isto ocorreu quando chamou a atenção de Comandantes, Chefes e Diretores para atentar para a mudança de comportamento dos subordinados. Não devem passar despercebidas as mudanças de comportamento de subordinados, particularmente evoluções em direção ao desapego repentino e exagerado a bens materiais, ao desinteresse pela família e pelos amigos, à perda do elã e da autoestima – sintomas que podem ser de grave disfunção, a requerer tratamento especializado e a exigir o interesse e o envolvimento da família, de superiores e companheiros, mas principalmente do comandante. (BRASIL, 2011, p. 32) O clima organizacional busca compreender a organização informal das empresas e entender os mecanismos que individualizam e influenciam o comportamento das pessoas. Tal estudo é importante porque os indivíduos nas organizações comportam-se como pessoas e não como peças de máquinas ou mesmo como máquinas. Para Maximiano (2009, p. 218), clima organizacional é o produto dos sentimentos. Em essência, o clima é uma medida de como as pessoas se sentem em relação à organização e a seus administradores. Dessa forma, o autor entende que o conceito de clima organizacional evoluiu para o conceito de qualidade de vida no trabalho. As pessoas apresentam sentimentos e criam regras para a convivência, levando para dentro da organização os seus interesses como indivíduos e membros de famílias ou grupos externos. Entender tais aspectos e trabalhá-los junto à organização é um dos motivos do estudo do clima organizacional, pois os administradores não devem negligenciar esse lado das organizações. Pesquisas brasileiras que estudam os fatores de atração e retenção no trabalho demonstram que a imagem da empresa no mercado, a oferta de desafios, as perspectivas de crescimento, a liberdade de ação e um clima organizacional favorável despertam mais o interesse dos profissionais do que a remuneração. (NERY, 2013, 48) Dessa observação é possível constatar que os processos de manutenção de pessoas contribuem para que a organização adquira ou permaneça com uma imagem positiva perante as pessoas que buscam uma profissão ou um emprego. Assim, percebe-se que os processos de manutenção de pessoas contribuem com o processo de agregar pessoas. Com foco na ideia e na importância do processo de manter as pessoas, motivando-as, Franco Filho apresenta um exemplo da Marinha do Brasil: 67 8 Ao se verificar o Plano de Carreira de Praças da Marinha (PCPM) , que tem como fulcro a premissa do aproveitamento das competências desenvolvidas e o revigoramento da formação militar dos integrantes da força, relacionando o redirecionamento dos recursos humanos preparados e sua formação continuada, assim como a desmobilização daqueles que não obtiveram condições ou interesse no prosseguimento da carreira, nota-se que, além da progressividade, proporciona motivação àqueles que permanecem na Marinha do Brasil [...]. (FRANCO FILHO, 2012, p. 26) A preocupação em manter os profissionais ficou evidenciada na Diretriz 20132014 do Chefe do Departamento-Geral do Pessoal (BRASIL, 2013, p. 25) ao estabelecer para a Diretoria de Promoção e Avaliação um projeto com a ação de valorizar a carreira dos graduados, visando atrair, motivar e reter os militares. Além disso, é possível observar a ligação com os processos de agregar e de recompensar pessoas. 3.1.2.7 Monitorar Monitorar está relacionado a acompanhar as operações e atividades da das pessoas dentro da organização para garantir que o planejamento seja bem executado e que os objetivos sejam alcançados. Em linhas gerais, o processo de monitorar pessoas está relacionado ao controle. Os processos de monitorar as pessoas possuem ligação com as informações existentes. Aspectos como a coleta e obtenção de dados, as comunicações internas, a necessidade de informações, banco de dados e sistemas de monitoração e informação estão relacionados a este processo. O Comandante do Exército (BRASIL, 2011, p. 14) estabeleceu em sua Diretriz Geral para o período 2011 – 2014, que a implantação do Banco de Dados Corporativo do Exército e a satisfação das demandas de sistemas corporativos devem ser tratadas de forma prioritária. Liga-se a isto os sistemas que gerenciam as atividades relacionadas ao pessoal, demonstrando que a transformação da Instituição visualiza a importância dos processos de monitorar pessoas. Isto pode ser confirmado quando colocou os Sistemas de Avaliação e Valorização do Mérito como instrumentos fundamentais para aquilatar os atributos profissionais e pessoais dos quadros e fornecer o perfil fidedigno de cada militar, subsidiar processos seletivos e assegurar que a pessoa certa ocupe o lugar certo. 8 Regulado pela Portaria nº 342/MB, de 17 de dezembro de 2007. 68 A importância do processo de monitoração para a correta gestão das pessoas foi constatada. Além disso, demonstrou estreita ligação com os processos de aplicar pessoas na gestão de pessoas, pois só será possível colocar a pessoa certa no lugar certo se a organização detiver informações suficientes que lhe leve a tomar as decisões certas. Seguindo na mesma direção, o Chefe do Departamento-Geral do Pessoal ao determinar que a Diretoria de Saúde realize ação no sentido de dar prosseguimento à implantação de ferramentas de gestão para saúde, demonstrou a necessidade de ampliar à capacidade de monitorar pessoas, particularmente coletando dados e armazenando-os (BRASIL, 2013, p. 30). Isto permitirá uma gestão mais adequada do pessoal e do próprio sistema de saúde do Exército. A necessidade de aprimorar os processos de monitorar de forma a melhorar a gestão também foi identificada por Braga nos seguintes termos: O uso dessa ferramenta no desenvolvimento de recursos humanos ocorre em nosso Exército, normalmente, não em decorrência de necessidades presentes específicas, mas sim em razão de dados colhidos ao longo de séries históricas. Daí a situação típica entre nós, e frequentemente testemunhada, na qual um militar ao final do curso de especialização é classificado em claro funcional onde a OM terá pouca ou nenhuma oportunidade de aproveitamento – e ele de aplicação – dos seus novos conhecimentos e habilitações. Esta situação se verifica até mesmo por ocasião de término de cursos ou de missões no exterior. (BRAGA, 2012, p. 37) Verifica-se que um inadequado processo de monitorar pessoas não permite a obtenção de informações que levem o gestor a uma decisão acertada quanto aos processos de aplicação das pessoas. A preocupação com o monitoramento também foi demonstrado com relação à Assessoria de Planejamento e Gestão, quando foi estabelecido para este órgão um projeto no sentido de desenvolver sistemas e apresentar propostas para implementação do Sistema de Cadastramento de Pessoal do Exército e de condução da implementação de ferramenta de gestão. 3.2 AS RELAÇÕES Com base nas apresentações feitas sobre o Processo de Transformação do Exército Brasileiro e sobre o Desenvolvimento Organizacional, pode-se realizar uma descrição da relação entre o referido processo e a teoria abordada. 69 Contudo, antes de abordar as relações entre o Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro, no que diz respeito aos processos básicos de gestão de pessoas, cabe tratar de tais relações de forma geral, baseada em alguns pressupostos e características observados nas diversas fases do trabalho. Inicialmente, foi possível observar que o Desenvolvimento Organizacional depende da decisão e do apoio da alta administração da organização. Chiavenato (2003, p. 384) entende que para um programa dessa magnitude, tal apoio é essencial. Da mesma forma, o Processo de Transformação do Exército Brasileiro conta com o apoio e o esforço de todo o Alto Comando da Instituição, sendo a sua gestão protagonizada pelo Estado-Maior do Exército, Órgão de Direção Geral da Instituição. O Desenvolvimento Organizacional pressupõe uma mudança organizacional planejada, pois se trata de um processo contínuo e complexo, que não se realiza em curto prazo. De forma semelhante, o Processo de Transformação do Exército foi baseado em um Projeto de Força que apresentou diretrizes para a concepção e evolução da Instituição em médio e longo prazo, orientando a transformação como um todo. O Desenvolvimento Organizacional é uma resposta à mudança, buscando adequar a organização à nova situação apresentada. O ambiente mudou e a organização precisa se adequar ou adaptar. Chiavenato (2003, p. 382) entende ser um esforço educacional para mudar valores, atitudes, comportamentos e a estrutura da organização. Da mesma forma, o Processo de Transformação do Exército Brasileiro resultou das novas concepções e formulações encontradas na Estratégia Nacional de Defesa e outros documentos do nível político que apresentavam a mudança do ambiente. A transformação busca atender as novas necessidades do Brasil e fazer face às mudanças indicadas. Rodrigues, Child e Luz (2004, p. 28) indicam que as organizações incorporam modelos de mundo, atitudes e comportamentos, afetando os significados intersubjetivos e a identidade da própria organização. Embora ambos os processos sejam uma resposta as mudanças ocorridas no ambiente, uma ressalva deve ser feita. O Desenvolvimento Organizacional entende que as mudanças necessárias à organização passam pela mudança da cultura organizacional, incluindo os valores da instituição. O processo vivido no Exército 70 entende que deve haver uma mudança cultural, contudo os valores institucionais devem ser preservados, cultuados e desenvolvidos. Outra característica marcante no Desenvolvimento Organizacional, que difere da transformação do Exército, é a presença de um agente de mudança externo. Trata-se de uma pessoa que não pertence à organização com a missão de estimular, orientar e coordenar a mudança. Este agente, normalmente um consultor, é externo para que opere independentemente e sem vinculações com a hierarquia ou políticas da empresa. Ele se liga a um agente interno que coordena o programa com a diretoria da organização. O Processo de Transformação do Exército Brasileiro não raciocina com pessoas externas à organização conduzindo o processo. Contudo, se o foco for colocado na missão que o agente externo desempenha no Desenvolvimento Organizacional (estimular, orientar e coordenar a mudança), é possível constatar que tais atribuições são dadas aos líderes do Exército (Comandantes, Chefes e Diretores) nos mais diversos níveis. Portanto, embora neste ponto haja uma divergência conceitual, pode-se dizer que há uma semelhança funcional. O Desenvolvimento aprendizagem experiencial, Organizacional ou seja, se novos caracteriza, também, conhecimentos, práticas pela ou procedimentos decorrem das próprias experiências. Chiavenato (2003, p. 382) entende que a teoria é necessária e desejável, mas o teste final está na situação real. Nesse sentido, o documento elaborado pelo Estado-Maior do Exército (Processo de Transformação do Exército Brasileiro) apresentou várias experiências vivenciadas pela Instituição e que contribuíram para desencadear o referido processo. Como exemplo, pode-se citar as dificuldades em projetar força no Haiti quando do terremoto. Outro aspecto geral, de abordagem semelhante entre o Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro, é a ênfase nas pessoas. No primeiro, observa-se a importância do trabalho em grupo, da humanização, do desenvolvimento de equipes e das ciências comportamentais, entre outros aspectos. No segundo, é possível verificar que a gestão de recursos humanos é um dos vetores da transformação e um dos fatores críticos, por ser transversal a todos os outros vetores. 71 Tendo tratado das relações gerais, serão descritas, agora, as relações existentes entre o Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército, tomando por base os processos básicos da gestão de pessoas, no caso, os processos de agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas. No que diz respeito ao processo de agregar pessoas, o Desenvolvimento Organizacional entende o recrutamento como um instrumento no qual se encontra soluções para a organização, contribuindo com o sucesso da empresa pela sua eficácia. A aplicação de mudanças pode provocar focos de tensão nas fontes de recrutamento, sendo necessária uma ampla divulgação da abordagem de desenvolvimento organizacional, pois bons critérios de recrutamento potencializam as possibilidades de sucesso da organização, bem como a sua manutenção. Os critérios de seleção podem facilitar as mudanças organizacionais, pois encorajam as pessoas a desenvolverem suas potencialidades e mudarem seus comportamentos. Além disso, serve para identificar pessoas com capacidade de se relacionar, com potencial e experiência e com o conhecimento e talento para se tornarem líderes na organização. O Processo de Transformação do Exército Brasileiro indicou em seu diagnóstico que o sistema de conscrição apresenta inadequações, precisando sofrer algumas modificações para atender à transformação. O Estado-Maior do Exército indicou que o Serviço Militar deve ser dissociado da atividade operacional, pois a transformação exigirá pessoal mais qualificado, maduro e experiente para operar os novos sistemas de armas. Além disso, expôs que a sistemática de recrutamento e seleção deve ser modificada para alinhar com a transformação, de forma a aumentar e valorizar o efetivo temporário, incorporando novas linhas de especialização, ampliando o Serviço Militar, condicionando outras atividades relacionadas ao pessoal. Apontou, ainda, para estudos de processos internos no sentido de flexibilizar requisitos de progressão funcional e estabelecer novos requisitos para compor os quadros de acesso a promoção. Assim, é possível constatar que o Processo de Transformação do Exército Brasileiro possui semelhança com o Desenvolvimento Organizacional, pois em ambos se utiliza os processos de agregar pessoas para trazer para a organização as pessoas com as qualificações necessárias para a mudança. Da mesma forma, 72 estuda novos critérios para seleções internas que lhe permita identificar talentos, seja para promoção ou ocupação de funções específicas. Tratando dos processos de aplicar pessoas, o Desenvolvimento Organizacional dá muita ênfase ao aspecto cultural da organização. A sua tarefa básica é mudar a cultura organizacional, atuando sobre o comportamento dos indivíduos e dos grupos que integram a organização. A cultura organizacional representa a maneira de pensar e agir da organização, tendo um peso significativo na sistemática de solução de problemas da organização. A cultura é a essência da organização, exprimindo a sua identidade. Como a prática cultural dita o que é feito em uma organização, o Desenvolvimento Organizacional entende que ela é gerenciável. Para isso, utiliza a socialização para facilitar o processo de adaptação, integração e de identificação dos indivíduos à organização. O Desenvolvimento Organizacional objetiva mudar a estrutura da organização, modificando a orientação das funções e mobilizando toda a organização a favor da mudança. Aponta para a importância dos líderes da organização em todo o processo, ressaltando o trabalho em equipe na busca por um comprometimento mais qualificado. O Processo de Transformação do Exército Brasileiro apresenta o processo de aplicar pessoas expondo, inicialmente, a situação original, indicando que a carência de recursos trouxe modificações culturais que afetaram, principalmente, os oficiais e sargentos no início da carreira. Apontou para a necessidade de alterar concepções e promover mudanças na cultura organizacional para transformar a Instituição. Um enfoque sistêmico deverá ser adotado para superar as naturais resistências, tendo nas lideranças, nos diversos níveis, um papel fundamental para o êxito e a concretização dos objetivos traçados para a transformação. A liderança deverá ser aprimorada, pois é determinante para o sucesso das novas ferramentas de gestão, dando a importância aos indivíduos, instruindo e motivando as equipes, buscando o comprometimento em todos os níveis. As mudanças culturais deverão ocorrer sem afetar os valores, que precisam ser fortalecidos por serem fundamentais para o cumprimento da missão Institucional. Estuda a reestruturação da sistemática de provimento de cargos e funções para incorporar novas especialidades, mantendo o fluxo de carreira ajustado ao processo de transformação. Dessa forma, é possível constatar que o Processo de Transformação do Exército Brasileiro possui muitas semelhanças com o Desenvolvimento Organizacional no que diz respeito ao processo de aplicar pessoas na gestão de 73 pessoas. Ambos dão ênfase às questões que envolvem a cultura organizacional (com a ressalva dos valores já feita anteriormente); a importância da liderança na orientação das pessoas, dos grupos e das equipes de trabalho, buscando o comprometimento; e a modelagem do trabalho com a reestruturação de cargos e carreiras. O processo de recompensar pessoas é visto pelo Desenvolvimento Organizacional como um sistema que deve compreender a complexidade humana, integrando incentivos, remuneração e motivação do indivíduo. Busca que o sistema remuneratório reconheça as metas da organização e o desenvolvimento das pessoas, estruturando o salário de forma a reconhecer diferenças em habilidades e motivação das pessoas. As recompensas psicológicas integram o processo para influenciar a organização como um todo, visando motivar cada elemento da empresa para que se crie uma sinergia que resulte em uma imagem positiva da organização. Além disso, busca a participação das pessoas nas decisões e destinos da organização, trazendo os interesses dos indivíduos para compor objetivos organizacionais e promovendo um compartilhamento da administração com os funcionários. Entende que os administradores dos cargos elevados devem compreender os procedimentos intergrupais para saber quem e como recompensar, pois, com isso, poderão promover a integração da organização, evitando as competições que causam conflitos interpessoais, exercendo um papel fundamental no processo de mudança organizacional. O Processo de Transformação do Exército Brasileiro fez uma abordagem do processo de recompensar pessoas um tanto quanto superficial. Esta situação é compreensível devido a pouca flexibilidade que há com relação ao sistema remuneratório como um todo. Contudo, deixou claro possuir o entendimento da importância desse processo para a gestão de pessoas, quando estabeleceu a busca constante por uma remuneração compatível, integrando vários órgãos para este fim. Além da questão remuneratória, faz uma abordagem moderna do processo, identificando outras formas de motivar, como o Sistema de Doutrina, a substituição dos equipamentos e materiais obsoletos e sucateados e uma visão compartilhada da Instituição. Há o entendimento de que as dificuldades nos processos de recompensar refletem negativamente nos processos de manter pessoas. Portanto, existem semelhanças conceituais entre o Processo de Transformação do Exército Brasileiro e a Teoria do Desenvolvimento Organizacional, 74 refletindo muito pouco em questões práticas. Isto é compreensível, uma vez está se tratando de uma teoria desenvolvida no meio empresarial, dotado de muita flexibilidade administrativa, e um processo prático em uma instituição pertencente ao Estado, repleta de amarras normativas. Os processos de desenvolver pessoas são o foco principal do Desenvolvimento Organizacional. Pela teoria, as organizações devem estimular o desenvolvimento dos profissionais com a meta de ampliar a confiança entre as pessoas, os grupos e toda a organização. Deve haver um ciclo de aprendizagem para alterar o que o indivíduo faz e compreende, pois o comportamento de indivíduos e grupos é moldado pela organização. Utiliza uma série de técnicas para desenvolver as pessoas e a organização, melhorando o relacionamento, a comunicação, as tarefas a serem executadas e a eficácia. Enfoca o treinamento da sensitividade com programas educacionais baseados em experiências e na dinâmica de grupo, para melhorar o entendimento do ambiente. Tendo a inovação como uma base para todo o desenvolvimento e a participação como catalisador, utiliza as ciências do comportamento, ressaltando a importância da percepção no treinamento e nas relações. Com relação aos processos de desenvolver pessoas, o Processo de Transformação do Exército Brasileiro expôs a situação de que a falta de recursos comprometeu a capacidade de a organização desenvolver a si e ao seu pessoal, baixando a eficiência da atividade de capacitação e reduzindo a mentalidade de inovação. O Sistema de Doutrina também contribuiu para essa situação pela dificuldade de aprender novos conhecimentos e de geri-los. A transformação pretende incorporar a Força inovações e tecnologias, assentando a gestão do conhecimento sobre ferramentas de tecnologia da informação, tendo o Sistema de Doutrina como motor e os Sistemas de Pessoal e de Educação como indutores da transformação. A educação tem um importante papel para atender a demanda de capacitação e qualificação enquanto que a gestão de pessoal terá que gerir tais recursos visando o melhor desenvolvimento e a melhor aplicação. Dessa maneira, a semelhança do que ocorreu no processo de recompensar pessoas, o Processo de Transformação do Exército Brasileiro se assemelha ao Desenvolvimento Organizacional, no que diz respeito aos processos de desenvolver pessoas, apenas conceitualmente. Ambos entendem a importância do treinamento e de desenvolver pessoas e organizações, porém a teoria busca mais a questão 75 comportamental e de relacionamento, enquanto que o Exército foca mais nas questões técnico-profissionais. Nos processos de manter pessoas, o Desenvolvimento Organizacional considera o clima organizacional como sendo fator fundamental. As pessoas querem estar onde se sentem bem. Um clima ruim na organização repele as pessoas. A satisfação ou a frustração das pessoas pode ser verificada por meio da sua motivação. A teoria busca desenvolver a confiança e a crença entre os membros da organização por meio de uma abordagem sistêmica, para uma maior interação, baseando-se na colaboração. Enfatiza a qualidade de vida e o relacionamento para reduzir os conflitos, estimulando a inovação e a produção mais elevada, tendo na postura do líder um fator que influencia no processo. A tarefa básica é melhorar o clima organizacional, procurando satisfazer as necessidades dos participantes para a eficácia e o bem-estar da organização, pois um clima conflituoso e ruim provoca o declínio da organização e a morte institucional. Com relação aos processos de manter pessoas, o Processo de Transformação do Exército Brasileiro identificou a existência de Recursos Humanos nos quais prematuramente deixa de investir, causando o desperdício de talentos e o arrefecimento do entusiasmo profissional. Além disso, que o contraste entre o ambiente de formação vivido nas escolas militares e o encontrado na tropa, com materiais e os equipamentos obsoletos, são desmotivadores. Enfatizou a importância das ações de atendimento dos serviços de saúde à família militar; oferta de planos especiais para facilitar a aquisição da moradia própria; apoio à família militar, em especial nas OM em localidades remotas; oferta de ensino de qualidade, por intermédio dos Colégios Militares. Como o clima é uma medida de como as pessoas se sentem em relação à organização e a seus administradores, chamou a atenção de Comandantes, Chefes e Diretores para atentar para a mudança de comportamento dos subordinados, pois os indivíduos nas organizações comportamse como pessoas e não como máquinas. Destacou a necessidade de valorizar os graduados. Logo, verifica-se que há semelhança entre o Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro no que se refere aos processos de manter pessoas na gestão de pessoal. O primeiro enfatiza mais as relações com os empregados e a gestão dos conflitos, enquanto que o segundo dá mais atenção as questões de qualidade de vida por meio de ações em áreas como a 76 saúde e a segurança. Em ambos se verifica, mais uma vez, a importância do líder e a ênfase na busca de um clima organizacional bom e a satisfação das pessoas. Com relação aos processos de monitorar pessoas, foi verificado que o Desenvolvimento Organizacional baseia as suas ações e os seus planejamentos nos dados e nas experiências publicamente trocadas. Os dados são gerados pela própria organização, possibilitando melhores decisões, eficiência e segurança nos resultados. A eficácia e rapidez no reconhecimento e definição de problemas têm o seu sustentáculo na coleta de dados relevantes para a compreensão de causas. A coleta de dados significa não apenas reunir provas e indícios quantitativos através de questionários e por outros meios, mas também conversar com pessoas envolvidas. A forma como os dados são coletados constitui uma intervenção, e o tipo de intervenção que é escolhida revela novos dados que são capazes de identificar situações de possíveis conflitos, permitindo que os gestores atuem no sentido de impedi-los ou minimizá-los. Utiliza-se de dados e pesquisas recentes, baseados em teorias comportamentais e contingenciais, coletados para conhecer o ambiente interno, avaliar o clima organizacional e obter informações sobre os problemas comportamentais. Tratando dos processos de monitorar pessoas, o Processo de Transformação do Exército Brasileiro expôs a necessidade de aprimorá-los, colocando a implantação do Banco de Dados Corporativo do Exército e a satisfação das demandas de sistemas corporativos como uma prioridade. Expôs que os Sistemas de Avaliação e Valorização do Mérito são fundamentais para aquilatar os atributos profissionais e pessoais dos quadros e fornecer o perfil fidedigno de cada militar, subsidiando processos seletivos e assegurando a colocação da pessoa certa no lugar certo. Determinou que a Diretoria de Saúde realizasse ação no sentido de dar prosseguimento à implantação de ferramentas de gestão para saúde e que a Assessoria de Planejamento e Gestão desenvolvesse sistemas e apresentasse propostas para implementação do Sistema de Cadastramento de Pessoal do Exército e de condução da implementação de ferramenta de gestão. Assim, constata-se semelhança entre o Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro nos processos de monitorar pessoas, pois ambos valorizam as informações por entenderem que sejam instrumentos importantes para a tomada de decisão e para a gestão de pessoas. O 77 primeiro aparenta detalhar mais as informações buscando identificar questões sensitivas e relacionamentos conflituosos, entrando mais nas questões humanas. Por fim, é possível afirmar que tanto o Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro estabelecem caminhos para se chegar a uma mudança na organização. Entendem que os recursos humanos são importantes em um processo de mudança, pois tudo que se obtém em uma organização advém do esforço e dedicação humanos. Os dois processos apontam em uma mesma direção, aproximando-se um do outro em alguns processos básicos de gestão de pessoas e se distanciando em alguns outros, porém mantendo a finalidade e o objetivo, alterando apenas na forma utilizada para alcançá-los. Assim, foram descritas as relações existentes entre o Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro. 78 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho teve por objetivo apresentar informações sobre o Processo de Transformação do Exército Brasileiro, cooperar para o aumento das informações sobre o assunto, e contribuir para um melhor entendimento da importância da gestão de pessoal para o processo de transformação da Instituição, calcado no Desenvolvimento Organizacional. Para isso, descreveu-se a relação entre o Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro, apresentando os dois assuntos, tendo por base os processos básicos de gestão de pessoas, no caso, os processos de agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas. Apesar de não se pretender chegar a qualquer informação generalizante sobre o assunto, visto que se tratou de uma revisão da literatura e de alguns documentos, pode-se afirmar que o trabalho é válido. Mesmo com essas restrições, acredita-se que a realização desse trabalho trouxe contribuições teóricas quanto à satisfação do objetivo proposto, já que possibilitou uma abordagem diferente, buscando relacionar com uma teoria da administração. Como as pessoas constituem-se no objeto principal da teoria da administração abordada e da transformação do Exército, tomar por base para a apresentação dos assuntos os processos básicos da gestão de pessoas, possibilitou abrir novos caminhos para o aprofundamento dos estudos sobre a gestão de pessoas no Exército Brasileiro. Demo (2011, p. 19-20) observou na literatura que as políticas de recrutamento e seleção não são tão pesquisadas como as de treinamento e desenvolvimento. Entender o funcionamento das organizações é sempre algo muito complexo, principalmente quando estão passando por um processo amplo de mudança, visto que são integradas por vários sistemas, processos, procedimentos, grupos e pessoas, onde interagem os mais diversos interesses. Wood Jr (2000, p. 21) indica que a literatura sobre organizações, tanto os trabalhos científicos quanto aqueles destinados ao público executivo, estão repletos de referências a tipos ideais que incorporam conceitos em estado puro. Esta incorporação permite organizacionais. avançar o conhecimento no campo dos estudos 79 Contudo, adverte que as organizações estão se transformando em “reinos mágicos”, em que o “espaço simbólico” é ocupado pela retórica, pelo uso de metáforas e pela manipulação dos significados associado à teatralização da experiência humana e à consolidação da “sociedade do espetáculo”. Tendo como base os resultados apresentados, foi possível identificar que a hipótese foi comprovada, visto que se pode concluir que existe relação entre a Teoria do Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro. Contudo, é necessário um aprofundamento nos estudos em todos os aspectos (processos básicos da gestão de pessoas), tendo em vista esclarecer se os caminhos e abordagens do Desenvolvimento Organizacional são os desejados e/ou necessários a uma instituição como o Exército Brasileiro. Com relação aos aspectos gerais foi possível verificar semelhanças pela necessidade de apoio da alta administração, por se tratar de uma mudança organizacional planejada, ser uma resposta às mudanças do ambiente, envolver mudanças culturais, utilizar aprendizagem experiencial, e enfatizar as pessoas. As divergências foram relacionadas à mudança de valores e à utilização de agentes de mudança externos. Com relação aos processos básicos de gestão de pessoas foi possível verificar semelhanças nos processos de agregar, aplicar manter e monitorar pessoas. Os processos de recompensar e desenvolver pessoas foram semelhantes apenas nos aspectos conceituais, ou seja, o que é e o que se buscava com cada processo. A divergência no processo de recompensar se deveu a liberdade administrativa das empresas versus as restrições e limitações do Exército, enquanto que a do processo de desenvolver está no fato da teoria buscar o desenvolvimento comportamental e do relacionamento e a transformação os aspectos técnicoprofissionais. Por fim, por maiores que sejam as convergências encontradas neste trabalho entre o Desenvolvimento Organizacional e o Processo de Transformação do Exército Brasileiro, não é possível afirmar que o segundo foi baseado no primeiro. Para uma afirmativa nesse sentido seria necessário um estudo muito mais aprofundado, envolvendo, inclusive, os idealizadores e condutores do processo do Exército. 80 5. REFERÊNCIAS ALYRIO, Rovigati Danilo. Métodos e técnicas de pesquisa em administração. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2009. ANDRADE, Aurélio de Leão. Aprendizagem e Desenvolvimento Organizacional: uma experiência com o Modelo da Quinta Disciplina. Porto Alegre: UFRGS – PPGEP, 1998. 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