Template para os Anais em CD do XX SICAT

Transcrição

Template para os Anais em CD do XX SICAT
Comportamento de silicatos lamelares e 3D na desidratação catalítica
de etanol
Francisca Solânea de O. Ramosa, Gizeuda L. Paza, Heloise O. Pastorea,*
a Grupo de Peneiras Moleculares Micro e Mesoporosas, Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas –
UNICAMP, Campinas, Brasil
*E-mail: [email protected]
RESUMO
A desidratação de etanol in situ foi realizada sobre os aluminosilicatos lamelares H-[Al]-magadiita e H-[Al]RUB-18 pilarizado. Esses sólidos catalisaram a desidratação de etanol a dietil-éter (DEE) e etileno no
intervalo de temperatura de 250 – 350 °C. Quando tal reação foi conduzida com a amostra H-[Al]-RUB18pilCAL, observou-se que etileno é formado não apenas a partir do etanol, mas também a partir de DEE,
sugerindo que este produto é um intermediário envolvido na formação de etileno. Tal comportamento não
foi observado com a amostra H-[Al]-magadiita.
Palavras chave: magadiita, RUB-18, dietil-éter, eteno, acidez.
ABSTRACT
In situ ethanol dehydration was performed over the layered aluminosilicates H-[Al]-magadiite and pillared
H-[Al]-RUB-18. These solids catalyzed ethanol to both diethyl ether (DEE) and ethylene in the temperature
range 250 – 350 °C. When such reaction was conducted with H-[Al]-RUB-18pil, ethylene is formed not only
from etanol, but also from DEE, suggesting that this is an intermediate involved in ethylene formation. The
same behavior was not observed with H-[Al]-magadiite sample.
Keywords: magadiite, RUB-18, diethyl ether, ethylene, acidity.
1
C2H5OH  C2H4 + H2O (Reação 1)
2 C2H5OH  C2H5OC2H5 + H2O (Reação 2)
C2H5OH  CH3CHO + H2 (Reação 3)
As reações 1 e 2 são, respectivamente,
endo e exotérmica e ambas são favorecidas
termodinamicamente
em
temperaturas
moderadas (200 – 300 °C) [1]: a formação de
dietil-éter (DEE) é favorecida em menores
temperaturas, enquanto a seletividade a eteno é
favorecida em temperaturas mais altas [2]. A
formação de eteno envolve um mecanismo
monomolecular, em que ocorre adsorção de
etanol nos sítios ácidos, formando um monômero
de etanol, que é decomposto a etóxido e
convertido a eteno [2]. A formação de dietil-éter
ocorre via mecanismo bimolecular: há adsorção
de etanol nos sítios ácidos de Brønsted, seguida
da adsorção de uma segunda molécula de etanol,
no mesmo sítio ácido; por último, ocorre a
desidratação desse dímero, formando DEE [2].
Outro mecanismo de formação deste produto
envolve e reação de etanol com etóxido [2].
Neste
trabalho,
investigou-se
o
desempenho do aluminossilciato lamelar H-[Al]magadiita e do sólido pilarizado ácido H-[Al]-RUB18 na reação de desidratação de etanol. Essa
reação consiste em uma reação-modelo para
sondagem de acidez.
2.Experimental
O silicato lamelar [Al]-magadiita (Si/AlICP=
9) foi sintetizado de acordo com o método de
cristalização induzida por semente (SIC) [3], com
adaptações [4].
O sólido pilarizado com razão molar
Si/AlICP= 41 [Al41]-RUB-18pil foi preparado
dispersando-se o precursor lamelar intumescido
CTA-[Al22]-RUB-18 em água. Em seguida,
adicionou-se o agente hidrolisante octilamina, e,
posteriormente, o agente pilarizante TEOS. O
XXV Congreso Iberoamericano de Catálisis
3. Resultados e discussão
O difratograma apresentado na Figura 1A
mostra o perfil característico da magadiita,
indicando que [Al9]-magadiita foi obtida sem
contaminação ou amorfização [4]. A difração de
raios X do [Al]41]-RUB-18pil mostra um pico em
torno de 2° 2 (Figura 1 B), indicando que ainda
existe organização na direção c após a remoção
do surfactante na etapa de calcinação.
Adicionalmente, são observadas as difrações em
torno de 12,8° e 15° 2, similarmente observadas
por Kosuge et al. [9] em amostras de Na-RUB-18
pilarizadas com diferentes óxidos metálicos.
25000
(A)
20000
Intensidade / (cps/g)
A desidratação catalítica de etanol é
realizada
sobre
diferentes
catalisadores,
incluindo zeólitos, alumina e heteropoliácidos
devido à presença de sítios ácidos ativos de
Brønsted e Lewis nesses sólidos [1]. Esta reação
pode ocorrer por dois caminhos competitivos,
formando eteno (reação 1) e/ou dietil-éter
(reação 2) acompanhados de uma reação lateral,
de formação de acetaldeído (reação 3) [1].
sólido recém pilarizado foi calcinado a 550 °C
durante 10 h sob atmosfera de oxigênio seco.
A sondagem de acidez dos sólidos
preparados neste trabalho foi feita através da
reação-modelo de desidratação de etanol
monitorada por FTIR in situ [4].
15000
10000
5000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
2graus
12000
3500
(B)
10500
Intensidade / u.a.
1. Introdução
9000
(C)
3000
2500
7500
2000
6000
1500
4500
1000
3000
500
1500
0
0
1
2
3
4
5
6
7
2 / graus
8
9 10
5
10
15 20 25 30
35 40
2 / graus
Figura 1. Difratogramas de raios X (A) da [Al9]magadiita e do [Al41]-RUB-18pil nas regiões de
(B) 0,75 – 10° 2 (C) e 3 – 40 °2.
Os sólidos [Al41]-RUB-18pil e H-[Al9]magadiita possuem áreas superficiais BET iguais
a 223 e 129 m2 g-1, respectivamente. Esses
resultados sugerem que os sítios ativos nos
sólidos preparados são acessíveis às moléculas
de etanol.
A Figura 2 mostra os espectros de FTIR da
fase gasosa coletados após 1 h de contato dos
sólidos com etanol em diferentes temperaturas,
nos testes de desidratação de etanol in situ
realizados com as amostras H-[Al9]-magadiita
(Figura 2 A) e H-[Al41]-RUB-18pil (Figura 2B).
Verifica-se que nenhuma diferença significativa é
3
1085
1065
4. Conclusões
350 °C
1241
1760
1730
1640
Absorbância / u.a.
949
-1
300 °C
250 °C
200 °C
150 °C
100 °C
T. A.
1800
1600
1200
1000
Número de Onda / cm
1065
-1
1242 1137
1028
1058
-2
0,025 u.a. cm .mg
-1
800
949
300 °C
1076
Absorbância / u.a.
vibrações de estiramento C=O [4]. A presença de
tais vibrações mostra que houve conversão de
etanol a acetaldeído, catalisada por grupos
siloxanos [4,8]. É importante mencionar que
água (1640 cm-1) e etanol (1085, 1048 e 880 cm1
) líquidos foram também observados nestas
temperaturas devido a formação de um filme de
etanol aquoso na janela da cela [4].
880
-2
0,025 u.a. cm .mg
1048
observada nos espectros de cada amostra até
250 °C: a banda em torno de 1065 cm-1 é
atribuída aos estiramentos C-O/C-C, a banda em
1242 cm-1 se deve à deformação CH2 em que os
hidrogênios estão simétricos ao eixo C-C [6,7]. As
bandas observadas até esta temperatura são
típicas de etanol adsorvido [1].
250 °C
200 °C
A avaliação da acidez e desempenho
catalítico dos sólidos H-[Al9]-magadiita e H[Al41]-RUB-18pil através da reação-modelo de
desidratação de etanol in situ mostraram que os
sítios ácidos de Brönsted desses materiais são
ativos nessa reação. Ainda, esses sólidos
catalisaram a conversão de etanol aos produtos
de desidratação, que são dietil-éter e eteno, e a
acetaldeído. A atividade destes silicatos é maior
nas temperaturas de 250-350 °C.
5. Agradecimentos
150 °C
100 °C
T. A.
1800
1600
1200
1000
Número de Onda / cm
800
-1
Figura 2. Espectros de FTIR da fase gasosa
durante o teste de desidratação de etanol
realizado com as amostras (A) H-Al-magadiita e
(B) H-[Al41]-RUB-18pilCAL.
A partir de 250 °C, verifica-se o
aparecimento da banda em 950 cm-1 nos
espectros das amostras H-[Al9]-magadiita (Figura
2 A) e H-[Al41]-RUB-18pil (Figura 2 B),
característica do modo vibracional wagging de
CH2 [1] devido à presença de eteno, indicando a
conversão de etanol a este composto [1].
Paralelamente ao surgimento da banda
em 950 cm-1, verifica-se também a vibração em
1137 cm-1 (Figura 1 B), referente à presença de
dietil-éter. A intensidade dessa banda aumenta
com o aumento da temperatura e decresce
substancialmente a 300 °C. Esse efeito é
acompanhado do aumento da conversão de
etanol a eteno, confirmando que temperaturas
maiores favorecem a conversão de etanol a
eteno em vez de dietil-éter. Ainda, esses
resultados indicam que o dietil-éter é um
intermediário na formação do eteno, sendo
convertido a este produto ao longo da reação.
A amostra H-[Al9]-magadiita apresenta
bandas na região de 1760-1730 cm-1, atribuídas a
XXV Congreso Iberoamericano de Catálisis
Os autores GLP, FSOR e HOP agradecem a
FAPESP pelo suporte financeiro (Projeto
2014/06942-0). FSOR agradece pela bolsa de
doutorado referente ao projeto 2012/09001-7.
GLP agradece ao CNPq pela bolsa de doutorado.
6. Referências
1. T.K. Phung, G. Busca. Chem. Eng. J. 272 (2015)
92-101.
2. H. Chiang, A Bahan. J. Cata. 271 (2010) 251261.
3. H.M. Moura, F.A. Bonk, R.S.G. Vinhas, R.
Landers, H.O. Pastore. CrysEngComm. 13 (2011)
5428-5438.
4. G.L. Paz, E.C.O. Munsignatti, H.O. Pastore. J.
Mol. Catal. A Chem. In press. DOI:
10.1016/j.molcata.2016.02.014.
5. S. Brunauer, L.S. Deming, W.E. Deming, E.
Teller. J. Am. Chem. Soc. 62 (1940) 1723-1732.
6. T.K. Phung, A. Lagazzo, M.Á. Rivero Crespo, V.
Sánchez Escribano, G. Busca, J. Catal. 311 (2014)
102–113.
7. E.K. Plyler, J. Res. Natl. Bur. Stand. (1934). 48
(1952) 281–286.
8. Y. Matsumura, J. Catal. 122 (1990) 352–361.
9. K. Kosuge, P.S. Singh, Chem. Mater. 12 (2000)
421 – 427.
4