LEIA AQUI - Universo IPA

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REVISTA do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA | Ano 2 | Edição 3 | Julho de 2007 | www.metodistadosul.edu.br/sites/universoipa
Um porto
turismo | Projeto de revitalização do Cais ................. 23
mais alegre
5
......................................................................................................
Adoção | cidadania
moda | O rei das botas . ................................................. 12
comportamento | Nas cores do arco-íris ................. 33
Carta ao
Sumário
ed
i tor
ed
i tor
i a l i al
leitor
Entrevista | A voz de um contador de histórias ........................................... 3
OBRA ABERTA EM CONSTRUÇÃO
Tempos pós-modernos. Tempos tumultuados. O primeiro semestre
do ano de 2007 marcou um período de turbulências em diversas áreas,
novos escândalos políticos, o fim da era ACM, caos aéreo e a maior tragédia da história da aviação brasileira.
O tempo acelerou e a incerteza é uma constante. O relógio não mais
acompanha o ritmo da história. Cada vez mais, somos desafiados a conviver
com mudanças no percurso por vezes planejado.
A produção desta revista insere-se no complexo contexto pós-moderno. Cronograma seguido, teve de submeter-se a ajustes de orçamento,
em função de um tumultuado semestre do ponto de vista financeiro institucional. Mas, como parte importante do projeto pedagógico do nosso
curso, fundamental na formação de futuros jornalistas, aqui está - impressa em cores e nuances de preto no papel e totalmente em cores na versão
on line - pronta para a crítica dos leitores. Após justas reivindicações dos
estudantes, aqui está o fruto do trabalho produzido em sala de aula.
Certamente há muito a melhorar. Afinal, jornalismo é “obra aberta”,
no sentido semiótico da expressão, cunhado por Umberto Eco. Também
é suor, trabalho em equipe, busca de unidade. Nosso projeto de curso
evidencia tais características, ao integrar teoria e prática desde o início.
Um projeto difícil de ser colocado em ação, mas que estamos conseguindo dar corpo, semestre a semestre, no esforço de um grupo de docentes
e com a participação fundamental de nossos estudantes.
Compartilho com alguns colegas o orgulho de ver esta publicação
de estudantes do segundo semestre circulando de mão em mão. Agradecimentos sinceros à professora Ana Megiolaro, que enfrentou com
dignidade e competência os desafios do semestre, e ao professor José
Peixe, que nestes meses de convivência conosco tem trazido sua experiência de jornalismo além-mar. Não poderíamos deixar de reconhecer,
igualmente, o esforço de todos os demais professores e professoras do
semestre e dos alunos-funcionários Ismael e Carlos, que muito colaboraram na finalização desta revista.
Para a turma que produziu a revista, que venha o rádio, nova/velha
mídia a ser desvendada. À turma que virá no próximo semestre, o desafio
da superação constante. A todos os demais alunos e à nossa comunidade,
uma boa leitura e um semestre de paz, mesmo em tempos complexos.
PS: Este editorial é uma singela homenagem à professora Valdemarina Bidone,
falecida no desastre aéreo do vôo 3054 da TAM, que me auxiliou na compreensão da
complexidade do mundo pós-moderno.
Universo IPA | Julho 2007
Profa. MSc. Laura Glüer | Jornalista – registro prof. 5351
Coordenadora do curso de Comunicação Social – Jornalismo
cidadania | Adoção .................................................................................................................................... 5
literatura | Ler é a maior viagem ...................................................................................... 8
literatura | Poesia, narrativa, popular, impressa... ............................... 10
moda | O rei das botas .................................................................................................................................... 12
esporte | O segundo esporte mais praticado no Estado ................... 14
esporte | Surf feminino .......................................................................................................................... 15
esporte | A nova casa tricolor ....................................................................................................... 18
geral | Um
abraço vale a pena?........................................................................................................ 20
Japão invade Porto Alegre ............................................................................................... 21
costumes | Os sete pecados capitais .......................................................................... 22
turismo | Um porto mais alegre ............................................................................................. 23
turismo | Porto Alegre é que tem... .................................................................................... 26
turismo | Nova Zelândia ...................................................................................................................... 27
turismo | Turismo nos Pampas ................................................................................................. 30
comportamento | Nas cores do arco-íris ........................................ 33
comportamento | A magia da peruca ................................................ 36
hobby | Radares ambulantes ............................................................................................................... 38
profissão | A difícil vida das mulheres de “vida fácil” ........................ 40
cultura | As novas drogas sintéticas ............................................................................... 42
cultura | O brasileiro que grita Japão ........................................................................... 44
cultura | Lost da rede ............................................................................................................................ 46
IPA - INSTITUTO PORTO ALEGRE DA IGREJA METODISTA
conselho diretor: Presidente, Laan Mendes de Barros; Vice-presidente, Ricardo Hidetoshi Watanabe • secretária: Márcia Flori Maciel de Oliveira Canan
conselheiros: Vilmar Pontes da Fonseca e Maria Flávia Kovalski
centro universitário metodista ipa • reitora: Adriana Menelli de Oliveira • pró-reitor acadêmico: Francisco Cetrulo Neto
revista elaborada pelos estudantes do 2º semestre do curso de jornalismo IPA
coordenação de curso: Laura Glüer • professsores(as): A
na Paula Megiolaro, José Peixe, Lisete Ghiggi,
Maria Cristina Vinas, Michele Boff e Rogério Soares
editores chefes: Ana Paula Megiolaro e José Peixe • diagramação: Turmas do 2º semestre noturno do curso de Jornalismo IPA
revisão: Ana Paula Megiolaro, José Peixe e Laura Glüer • foto de capa: José Peixe • arte de capa: Carlos Tiburski
ajor - agência experimental de jornalismo IPA • finalização e montagem (arte-final): Carlos Tiburski • distribuição: Leonardo Ferreira e Thays Leães
| [email protected] • impressão: Editora Pallotti (1.000 exemplares)
contato: Rua Dr. Lauro de Oliveira, 71 - Rio Branco - POA/RS - 51 3316.1269
ANA PAULA RODRIGUES
Escritor, apresentador, membro da ABI (Associação
uma breve passagem pelo sbt, retornou a Rede Globo
Brasileira de Imprensa ) e jornalista há 42 anos, Domin-
onde apresenta, desde agosto de 2000, o programa Li-
gos Meirelles é um profissional de um currículo invejá-
nha Direta líder de audiência no horário.
vel. Ao longo da carreira iniciada em 1965, no jornal
Para conversar com os admiradores do seu traba-
Última Hora, Meirelles esteve nas redações de grandes
lho e autografar uma de suas obras “1930 - Os Órfãos
jornais e revistas do país. Iniciou seu trabalho na TV, em
da Revolução“, o jornalista Domingos Meirelles esteve
1985, como repórter especial de programas como Fan-
em Porto Alegre no mês de maio e conversou com o
tástico, Globo Repórter e Jornal Nacional. Depois de
Universo IPA.
Universo IPA - Depois de tantos anos
dedicados ao jornalismo, você está desiludido com a profissão?
Domingos Meirelles - Não estou desencantado com o jornalismo, mas depois de 42
anos de profissão, reconheço que me tornei
mais severo no julgamento dos companheiros que exercem este ofício. Sou extremamente impiedoso diante da fraude, da mentira e da mistificação. Não tolero mais a incompetência, o descaso, a preguiça e a falta
de compromisso que permeia atualmente a
profissão.
entrev ista
contador de histórias
E ntr evi sta
A voz de um
Fotos: Ana Paula Rodrigues
Universo IPA - O que o levou a fazer jornalismo no Última Hora?
DM - O golpe de 1964 foi decisivo para que
escolhesse essa profissão. Fiquei chocado, como cidadão comum, diante das violências cometidas pelos militares: prisões em massa de
pessoas inocentes, acusadas de sub­versão,
aposentadorias compulsórias de médicos,
cientistas, juízes e professores. Nem de longe
se imaginava a tormenta que viria, anos depois,
com o AI-5. Mas o caráter odiento das perseguições ocorridas, nos primeiros meses, foi suficiente para que me sentisse no dever de rea-
Universo IPA | Julho 2007
Universo IPA - O que faz falta no jornalismo?
DM - Paixão, além de um sincero desejo
de servir ao próximo, de se colocar no lugar
do outro. Como diz mestre Hélio Fernandes,
exercer o jornalismo sem paixão é o mesmo
que trabalhar em um armazém de secos e molhados. Um ambiente sem vida, onde o único
compromisso é com a caixa registradora.
entrev
E ntr
evi staista
“(...)não vejo com apreensão
o surgimento de uma nova
rede pública de televisão”.
Universo IPA - O que o Sr. acha do governo Lula ter um canal de televisão?
DM - Sou favorável à democratização do
conhecimento e da informação e não vejo
com apreensão o surgimento de uma nova rede pública de televisão, desde que atenda aos
legítimos interesses da sociedade brasileira.
Universo IPA - O que se deve fazer para
terminar com o consumo do tele-lixo?
DM - Esse tipo de consumo reflete o grau
de indigência intelectual de boa parte da sociedade brasileira. A televisão é apenas um
espelho dessa triste realidade.
Universo IPA - Qual as medidas devem
ser adotadas para com a violência e o crime no Brasil?
DM - O Brasil é um país extremamente
injusto com seus filhos. Temos uma democracia formal e ostentamos uma das maiores
concentrações de renda do mundo. O desempenho do PIB brasileiro, em 2006, só conseguiu superar o do Haiti, entre as nações latino-americanas. Nosso alardeado desenvolvimento econômico conseguiu ficar atrás até
do Paraguai, apesar do presidente Lula garantir que o país nunca cresceu tanto desde a
Proclamação da República.
Universo IPA | Julho 2007
Universo IPA - O que deve ser feito para salvar a Amazônia?
DM - Obrigar o país a honrar os compromissos assumidos em defesa do meio-ambiente, abandonando de vez a política do fazde-conta.
gir contra aquele quadro de violência e opressão. Eu era apenas um jovem vendedor de
máquinas de escrever. Na época, o único jornal
que combatia a ditadura era a velha Última Hora, da Praça da Bandeira. Numa tarde acalorada
de março de 1965, subi os degraus de madeira
daquele prédio pintado de azul e branco e pedi emprego como repórter. A partir desse dia,
minha vida nunca mais seria a mesma.
Universo IPA - O Sr. conhece bem a situação do continente Sul Americano, acredita no Mercosul?
DM - Acho que o Mercosul enfrenta dificuldades episódicas que se dissolverão com
o tempo diante das extraordinárias possibilidades que oferece de integração e desenvolvimento
Universo IPA - No seu entender qual
deverá ser o papel do Brasil no futuro Mercosul?
DM - A posição do Brasil pela sua expressão
política e econômica será a de assumir naturalmente a liderança desse bloco de nações.
Universo IPA - Esta satisfeito com o governo Lula?
DM - A história será extremamente impiedosa na avaliação do seu governo.
Universo IPA - Esta na hora de terminar
com a guerra no Iraque? Por quê?
DM - A guerra do Iraque está apenas começando...
Universo IPA - O Sr. mencionou em entrevista que o desemprego é a maior violência no Brasil, o que necessita ser feito
para mudar isso?
DM - O direito ao trabalho é um direito
inalienável do ser humano. O desemprego
desestrutura a família, humilha o homem di­an­
te dos seus dependentes, esgarça o tecido so­
cial e desencadeia uma sucessão de violências. O mundo vive hoje um novo tipo de darwinismo, onde os interesses do capital se
sobrepõem aos da própria sociedade.
c i da da ni a
c i dadani a
Tássia Jaeger
Adoção
“fazer o bem sem olhar a quem”
Logo que se casaram, Maria Rosi Marques Prigol e seu marido Gilberto decidiram adotar uma criança. Sempre fizeram planos de ter dois filhos biológicos e um adotivo. Os planos se concretizaram. Assim como eles, diversos homens, mulheres e casais sonham em adotar. O problema é que, muitas vezes, os pais
idealizam uma criança que nem sempre corresponde ao perfil
das que estão disponíveis para adoção.
Prigol procurava uma criança com até três anos de idade,
não importando o sexo e a cor. Se tivesse irmãos, adotaria até
dois. Em março de 2006, entrou na fila de adoção, mas não esperou somente pela justiça. Espalhou a intenção de adotar
“aos quatro ventos” e assim ficou sabendo da breve chegada
de Gabriel, hoje com 1 ano.
Ela conheceu a mãe biológica do menino um mês antes do
nascimento dele. A jovem tinha 21 anos, se drogava e se prostituía. Gabriel foi o quinto filho que ela deu. Prigol acompanhou
o último dia da gestação do bebê, que saiu do hospital já nos
braços da nova mãe. “Nem tocar nele ela tocou. Ele não foi amamentado por ela nenhuma vez”, relembra.
No caso de Prigol, não havia muitas preferências em relação
à criança que adotaria, porém a maioria dos candidatos a pais as
tem. Grande parte deseja adotar bebês, preferencialmente brancos e meninas. Essa busca pelo perfil ideal acaba gerando a demora, muitas vezes, vista como burocracia, pois não há muitos
bebês disponíveis. “Tem muito mais gente querendo adotar do
que criança apta a ser adotada”, explica o juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude, José Antônio Daltoé Cezar. De acordo com a
Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), há aproximadamente 3,9 mil candidatos a pais no Estado para 616 crianças e
adolescentes, sendo 326 meninos e 290 meninas. Mesmo tendo
maior número de candidatos a pais do que crianças, muitas não
são adotadas porque não correspondem ao perfil procurado.
A psicóloga Paula Melissa Cunha Tosta acredita que para
mudar esse quadro é necessário que os candidatos a pais se informem mais sobre a realidade das crianças disponíveis, para
tentarem reformular a opinião que tem sobre adoção. Para ela,
não é sempre o preconceito que faz com que a maioria dos pais
opte pelo mesmo perfil de crianças, mas sim a desinformação.
“Se fosse preconceito elas (as pessoas) seriam mais resistentes”,
acredita ela.
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Tássia Jaeger
i dadani
c icda
da ni a a
Apoio
mais dificuldade de se relacionar com outras pessoas, podendo inclusive gerar situÉ justamente para informar que existe
ações de violência. “Não digo que todos
o Instituto Amigos de Lucas (IAL), um gruterão esse destino, mas a falta de vínculos,
po de apoio à adoção que existe desde
de referências, o facilita”, esclarece. Algorta
1998. Seu objetivo é orientar as pessoas paacredita que todos têm seqüelas de abanra uma possível adoção, tirando dúvidas e
dono, pois no abrigo são muitos para semostrando a realidade das crianças disporem cuidados, ficando um pouco ausente
níveis para adotar.
aquele apoio que toNo encontro do
“Tem muito mais gente dos precisam de seus
grupo, que acontece
pais. “Quando tem alquerendo adotar
no primeiro sábado de
guém olhando por
do que criança
cada mês, às 9h, no Saeles há uma mudança
lão da Igreja São Pedro,
radical nas crianças”,
apta a ser adotada”.
em Porto Alegre, é
fala Algorta referindopossível conhecer a diversidade de pessoas
se à crianças com pais.
que desejam adotar. Tem mãe solteira, pai
O juiz Daltoé discorda de Tosta: “O fasolteiro, casal que já adotou e quer mais,
to de eles serem abandonados os torna
casais sem filhos, entre outros. Durante o
vítimas, isso não siginifica que vão ser inencontro, é possível ver que a preferência
fratores”.
dos candidatos a pais pelas crianças é quase sempre por crianças até 3 anos, brancas
e meninas. No entanto, os palestrantes não
cansam de explicar que a busca pela crianFoi justamente para sensibilizar a socieça ideal nem sempre é tão facil assim. Indade sobre esse problema, que a Ajuris junclusive, questionam as pessoas sobre essa
to à Associação de Magistrados Brasileiros
escolha. Afinal, se a criança saísse de seu
(AMB) lançou, em junho, a campanha “Muventre, seria possível você escolher como
de um Destino”. A finalidade é incentivar a
ela seria, se nasceria sem problemas neuroadoção de crianças em abrigos estaduais e
lógicos ou físicos e do sexo desejado?
mostrar que crianças soropositivas e com
Esse é um dos motivos que leva o juiz
deficiências podem levar uma vida praticaDaltoé a acreditar que deva ser mais trabamente normal se receberem a atenção de
lhada a questão das crianças portadoras de
que precisam.
HIV, com deficiência física ou mental e perExistem também outras formas de intencentes a grupos de irmãos. Para ele, escentivo à adoção, através de programas.
tas crianças necessitam de uma atenção
Um deles é o apadrinhamento afetivo, onde
especial, que nem sempre existe em abrios padrinhos visitam seu afilhado no abrigos. Além disso, raramente, essas crianças
go, comemoram seu aniversário, fazem
são aceitas pelos candidatos a pais na hora
passeios nos finais de semana e em datas
de escolher o futuro filho.
festivas, orientam seus estudos, etc. O apadrinhamento financeiro, por sua vez, é promovido por diversas organizações visando
levar alimentos, bolsa de estudo e assistênApesar das tentativas de expandir o lecia médica às crianças e seus familiares. E o
que de opções dos pais na hora da escolha
Família Guardiã tem como objetivo fornepor um filho, ainda há muitas crianças à escer uma família substituta para crianças
pera de uma família. Ana Cristina Algorta,
cujos pais estejam impedidos de conviver
presidente do IAL lacom seus filhos, evimenta: “Mesmo tentando ou interrom“O perfil de criança
tando mudar o perfil
a sua instituciodesejado nem sempre pendo
das pessoas que quenalização em abrigos
corresponde ao
rem adotar, nos abricoletivos.
gos continuam muitas
Também visando
disponível para adoção”.
crianças que passam
o incentivo à adoção,
toda a sua vida, até os 18 anos”.
uma lei vigente (3.069/2002) de autoria do
Essa permanência por um período de
vereador Armando Azambuja, de Viamão,
tempo excessivo das crianças dentro de
isenta do pagamento de IPTU e TSU os conabrigos pode gerar alguns problemas. De
tribuintes viamonenses que adotam legalacordo com Tosta, o adolescente que passa
mente crianças carentes, ou que já tenha
todo esse período de sua vida dentro de
adotado. A isenção é limitada a um imóvel,
um abrigo, sem vínculos familiares, se torna
da qual deverá ser, necessariamente, o
um adulto sem referências de família com
mesmo onde resida a criança adotada.
Incentivo
Universo IPA | Julho 2007
Abrigados
Saiba mais
Quem pode ser adotado
- C rianças e adolescentes com até 18 anos à data do
pedido de adoção, cujos pais forem falecidos, desconhecidos, destituídos do poder familiar ou de
acordo com a adoção do seu filho.
-M
aiores de 18 anos se já estiverem sob a guarda ou
tutela dos adotantes por escritura pública nos termos da lei civil.
- Nem todas as crianças que vivem em abrigos podem
ser adotadas, pois muitas têm vínculos jurídicos com
a sua família de origem. Muitos pais deixam seus filhos em instituições até conseguirem se reorganizar.
- U m bebê encontrado em situação de abandono
não está automaticamente disponível para adoção, somente se os pais estiverem desaparecidos
ou forem destituídos do poder familiar. A pessoa
que o encontrou não terá garantia de poder adotálo, pois é a Vara da Infância e da Juventude quem
irá avaliar o que será melhor para o tal bebê.
Quem pode adotar
- Maiores de 21 anos, independente do estado civil,
com pelo menos 16 anos a mais do que o adotado.
- D ivorciados ou separados judicialmente podem
adotar em conjunto desde que o estágio de convivência com a criança ou adolescente tenha se iniciado durante o casamento e desde que estejam
de acordo quanto à guarda e às visitas.
- Uma pessoa homossexual pode adotar, entretanto
um casal homossexual não pode adotar conjuntamente, já que a legislação brasileira não reconhece
o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.
Como proceder
Quem quiser adotar,deve dirigir-se primeiramente ao Fórum de sua cidade ou região, com
seu RG e com um comprovante de residência. Lá
receberá orientação sobre quais os documentos necessários para dar continuidade ao processo. Após
a análise e aprovação dos documentos, entrevistas
serão realizadas com a equipe técnica das varas da
Infância e da Juventude.
As inscrições para adoção e o encaminhamento
dos processos de habilitação são totalmente gratuitos e não dependem da intermediação de advogado. Se houver algum problema, é possível recorrer à
defensoria pública. Caso os interessados optem por
recorrer a serviços externos (psicóloga, médicos,
etc) terão que pagar os honorários cobrados.
Tem muita gente querendo adotar. Dentre esse grande número de pessoas, incluemse casais heterosexuais, mães ou pais solteiros,
e, também, os homossexuais.
A lei já está mudando a favor dessa parcela que vem compor a nova família brasileira.
Já é possível, para um homossexual, adotar
uma criança. Conforme o Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA), qualquer pessoa que
apresente reais vantagens para a criança e
fundamente-se em motivos legítimos, pode
adotar. Ou seja, não há restrição nem mesmo
quanto à opção sexual dos adotantes .
Todavia, um casal homossexual ainda não
pode adotar conjuntamente. Isso porque a
legislação brasileira não reconhece o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. No
entanto, no Brasil e no mundo, é cada vez
mais crescente o número de pessoas do mesmo sexo que convivem informalmente onde
apenas um deles tem direitos de pai sobre a
criança. Alguns casos mostram que até mesmo esse entrave está mudando.
A revista Veja (453) contou a história do
casal Vasco Pedro da Gama Filho e Dorival Pereira de Carvalho de Catanduva, São Paulo. Em
março de 2006, Vasco adotou Theodora. A
menina nasceu em uma família pobre, sua
mãe era viciada em drogas e seu pai alcoólatra. Com 1 ano e 6 meses foi para um orfanato
onde ficou por três anos. Vasco era o 46º candidato da fila de espera, porém o único que
quis adotar Theodora, apesar de negra e “velha” demais conforme os outros candidatos. O
casal de cabeleireiros é o primeiro casal de
homens para o qual a Justiça brasilera dá o
direito de adotar. Antes porém, no Rio Grande
do Sul, dois casais de lésbicas já haviam ganho
o direito. Um deles é de Bagé. Elas adotaram
dois meninos-irmãos biológicos-, porém a
sentença favorável foi contestada pelo Ministério Público e hoje aguarda julgamento no
Supremo Tribunal de Justiça, em Brasília. O
outro já tem sentença final. O juiz Daltoé concedeu, em julho do ano passado, a adoção de
uma menina ao casal de lésbicas.
A favor
Para Daltoé, a sociedade esta em mudança: “As famílias se constituem de forma diferente”. Ele lembra que antes a grande restrição por
parte dos casais homossexuais é que eles não
podiam procriar, mas que hoje essa não é única função de uma família. Daltoé diz que não
dá o direito de adoção de uma criança a um
casal homossexual apenas para tirá-lo do abrigo, mas sim porque considera que aquele casal tem condições de criar e educar e porque
eles também têm direito de ser pais e mães.
A personagem desta reportagem, MariaPrigol acrescenta: “Têm tantas crianças por aí
com pais que não são homossexuais que não
dão à mínima pra eles”, mostrando que amor
não depende da escolha sexual dos pais. Algorta complementa: “Eu acho que pra dar amor
não existe uma questão de sexo, o importante
é que as pessoas tenham uma moral íntegra”.
Contra
Entretanto, há pessoas que ainda vêem a
questão com olhos preconceituosos. A psicóloga Tosta acredita que essas pessoas se
opõem a isso, pois acham mais comum buscar referências de pai e mãe no masculino e
no feminino, respectivamente, e que isso pode ficar um pouco confuso na cabeça das
crianças. A Igreja Católica, por sua vez, considera a homossexualidade imoral e não reconhece a união entre pessoas do mesmo sexo.
E ainda firma que a adoção por homossexuais
“cria obstáculos ao desenvolvimento normal
das crianças eventualmente inseridas no interior dessas uniões “. Ou seja, mesmo que
não haja heterossexuais interessados na
criança, a Igreja ainda é contra a adoção por
homossexuais.
Além do preconceito quanto à opção
sexual dos pais, muitos ainda temem o abuso sexual e a possibilidade do filho ser gay
como os pais. Daltoé conta que os números
de abusos são bem maiores e praticamente
totais entre heterossexuais: “Vi muitos casos
de abusos por parte de pai, padrasto, irmãos avô, tio, vizinho, conhecido, amigo da
família, todos heterossexuais”. Isso não significa que os homossexuais não possam
abusar, mas esse receio não passa de um
mito preconceituoso. Quanto a opção sexual do filho, existem pesquisas que mostram que 90% dos filhos de gays são heterossexuais.
c i da da ni a
Apesar de algumas posições contrárias, gays e lésbicas
que desejam ser pais já vêem uma nova porta a seu favor
c i dadani a
Adoção por homossexuais
Nos últimos anos, têm sido noticiados diversos
casos de adoção de crianças por artistas. As opiniões
quanto a esse assunto são diversas. Alguns acreditam
ser jogo de marketing para que os artistas continuem
em evidência, independente do motivo. Outros acreditam que não. A psicólogaTosta acha que pode ser um
incentivo, mas que esse assunto deve ser tratado com mais cuidado. “Por serem figuras públicas, eles podem desvirtuar um pouco a idéia e as pessoas podem começar a fazer isso por
caridade. Ser pai e mãe não é um ato de caridade. É muito mais que isso”, frisa ela.
- Madonna adotou o menino negro nascido no Malawi, David Banda, de 1 ano. Além
dele, têm os filhos biológicos Lourdes Maria, 10, e Rocco, 6.
- Angelina Jolie (ao centro com Maddox) tem três filhos adotivos: Maddox, nascido no
Camboja, preste a fazer 6 anos; Zahara, nascida na Etiópia, de 2 anos (a adoção de Zahara
aconteceu quando a atriz já estava grávida sua primeira filha biológica, batizada de Shiloh
Nouvel Jolie-Pitt, agora com 1 ano) e Pax Thien, nascido no Vietnã, de 3 anos. Além disso, a
atriz iniciou o processo de adoção de uma menina de quatro anos chamada Hsiao Kai-wan,
de Hualien, no leste de Taiwan.
- Mia Farrow é mãe de 14 filhos, dez são adotados. A atriz foi casada com o diretor
Woody Allen, mas em 1992 o casal se separou, pois ele mantinha um caso com uma das filhas
adotivas de Mia, Soon Yi Previn. Em 1997, Wood Aleen e Soon Yi se casaram. O casal adotou
duas meninas, Sidney Bechet e Manzie Tio Allen.
- Nicole Kidman adotou duas crianças quando ainda estava casada com Tom Cruise (Isabella
e Connor) que ficaram sob a guarda da mãe depois da separação em 2001.
- Sharon Stone adotou três filhos Roan Joseph, Laird Vonne e Quinn.
- O jogador de futebol Roberto Carlos adotou Roberto Carlos Junior, 7. É pai biológico de Giovanna, 11 anos, Roberta, 13, Carlos Eduardo, 3 e mais um menino que acabou de nascer (20/03/2007).
Na época em que o adotou, Júnior estava doente e precisou passar por uma cirurgia no coração.
- Elba Ramalho adotou a menina Maria Clara, de 4 anos. Esse ano adotou Maria Esperança, de 5 meses. É também mãe biológica de Luã, 19 anos.
- Marcello Antony e Mônica Torres adotaram Francisco, de 5 anos e Stephanie, 7.
- Zeca Pagodinho, depois de já ter filhos crescidos (Eduardo, Louis e Elisa) decidiu adotar
Maria Eduarda, inspirado no casal Elba Ramalho e Gaetano Lops
- Caio Blat, junto à cantora lírica Ana Ariel, adotou Antônio, que foi deixado em sua porta com o pedido de que fosse criado pelo casal. O ator ainda pretende adotar mais um filho.
Universo IPA | Julho 2007
Famosos que adotaram
teratur
a
lili
teratur
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Fotos: Daniela Rubim
Ramos investe no sonho de construir uma biblioteca comunitária
Ler é a maior viagem
Primeiros passos começam em casa
Mais da METADE dos brasileiros NÃO tem contato com LIVROS
Universo IPA | Julho 2007
Maria Carolina Borne
Ainda criança, a jornalista Tatiana Gappmayer, 30, ficava encantada com as prateleiras
abarrotadas de livros da biblioteca do pai. “Foi
lá que li meu primeiro Érico Veríssimo”, relembra. Desde pequena, por influência dos pais,
ela se considera uma apaixonada por literatura, da biografia à ficção. “Ler é uma viagem sem
sair do lugar para um novo mundo de sensações e informações que abrem o teu horizonte, te fazem pensar sobre a vida e as coisas que
te cercam”, ilustra Gappmayer, que tem entre
seus autores favoritos Charles Bukowski e Machado de Assis. Apesar de não ter uma idéia
exata da quantidade de livros que ‘devora’ por
mês, nunca fica sem leitura. Incluindo as HQ,
outra paixão, a jornalista calcula uma média de
três a quatro livros, o que não é pouco, comparado à estimativa no resto do país.
Já dizia Mário Quintana, que os livros não
mudam o mundo. “Quem muda o mundo são
as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”.
Escritor e poeta gaúcho, nascido no Alegrete,
Quintana traduziu Charles Morgan, Rosamond Lehman, Lin Yutang, Proust, Voltaire,
Virginia Woolf, Papini e Maupassant, grandes
nomes da literatura mundial, porém, desconhecidos para a maioria dos brasileiros, cujo
índice de leitura é bastante baixo, cerca de 1,8
livro por pessoa/ano.
“A idéia é formar um
público leitor, fazer
com que as pessoas se
interessem pela leitura”.
Um dos mais abrangentes estudos sobre
o tema, feito no país, em 2001, o “Retrato da
Leitura no Brasil”, encomendado pela Câmara
Brasileira da Indústria do Livro - CBL, Sindicato
Nacional dos Editores de Livros – Snel, e Associação Brasileira dos Editores de Livros – Abrelivros, revelou que os índices de leitura por
faixa de idade aumentam enquanto os jovens
estão na escola. Os leitores efetivos, isto é, os
que leram pelo menos um livro nos três meses antecedentes à análise, chegam a 45% da
população, na média nacional, mas esse índice cai para 23% na faixa etária dos 20 aos 29
anos, quando a maioria dessas pessoas já deixou o universo escolar. A pesquisa envolveu
5.503 entrevistas com pessoas com idade superior a 14 anos, e com três anos de escolaridade, residentes em 46 cidades - o que corresponde a um universo estimado em mais de
85 milhões de pessoas.
Existem 26 milhões de leitores ativos no
país, somando 30% da população adulta alfabetizada. Apesar disso, a leitura de livros só é
verdadeiramente apreciada por um terço desta amostra, sendo que 61% dos brasileiros têm
um mínimo ou nenhum contato com livros.
As classes B e C agrupam 70% dos apreciadores de livro, porém, somente 16% da população reúne em casa 73% dos livros. A porção
mais significativa, quase 60% dos compradores de livros, de acordo com a CBL, se concentra nas regiões sudeste e sul do país.
Bons exemplos em casa
Outro caso típico de leitora inveterada é
o da farmacêutica Larissa Bohnenberger, 25.
Assídua freqüentadora de feiras, livrarias e sebos, ela desenvolveu o hábito de ler incentivada pela mãe, segundo ela, sempre gostou
de ler e, mais ainda, de comprar livros. “Eu e
meus irmãos, desde o início da nossa alfabe-
Livros para todos
O garçom Paulo Euclides Martins Ramos,
56 anos é daquelas pessoas que vão atrás dos
sonhos, sem se deixar abater pelos obstáculos
do caminho. Com um filho graduado em Direito e outros dois concluindo Economia e
Educação Física, respectivamente, Ramos
vem, há alguns anos, apostando no plano de
montar uma biblioteca comunitária, com o
único objetivo de formar um público leitor.
Ávido por informação e cultura, ele conta
que o interesse pela leitura foi herança do pai,
‘seu’ Euclides, apaixonado por política e questões sociais. Naquela época, até 1974, ainda
circulava o Correio da Manhã, jornal de oposição ao governo e contrário ao regime militar,
instaurado no país, em 1964. “Meu pai lia muito e adorava falar de assuntos ligados à política”, relembra Ramos. Aluno do colégio Júlio
de Castilhos, no final dos anos 1960, fez parte
do movimento estudantil. “Como sempre me
interessei por arte, cultura, filosofia, história e
política, vivia pedindo livros aos colegas: ‘me
empresta este, me empresta aquele! Os caras
me achavam um chato, mas acabavam emprestando”, ri.
empresas parceiras do projeto – a Lancheria
24 Horas e a Plural Assistência Odontológica
– amigos e colaboradores, foi criado o site da
Biblioteca Comunitária, www.bibliotecacomunitaria.org e o Amigos da Biblioteca, que
contribuem com R$ 10,00 para aquisição de
material. “O próximo passo é conseguir alguém da área que aceite organizar e catalogar
os livros como voluntário, pois ainda não temos verba”, enfatiza.
Todo o trabalho investido na Biblioteca
não pára por aí. O projeto ainda precisa de
patrocinadores, doadores, e divulgadores,
pois os planos de Ramos incluem uma ONG
cultural. Como já não tem espaço em casa para guadar livros, é preciso arrecadar fundos
para investir em um espaço cultural para leituras, palestras, programação audiovisual, e
informativa. Para tanto, Ramos tem visitado
livrarias e editoras buscando mais parcerias.
“Além disso, gostaria de convidar para padrinhos da ONG, os escritores, Lya Luft e Juremir
Machado”, finaliza. Se depender da força de
vontade e do empenho de Ramos, a ONG Biblioteca Comunitária será um sucesso. Alguém duvida?
li teratur a
O tempo foi passando e vieram os filhos.
Como bons descendentes do ‘seu’ Euclides, os
meninos não podiam ficar sem leitura. Quando sobrava algum dinheiro do orçamento
apertado, Ramos investia – e ainda investe na compra de livros. Brochuras, encadernações, edições raras, novas ou esgotadas, não
importa. “E foi daí que eu tive a idéia de emprestar livros informalmente”, explica.
Há mais ou menos quatro ou cinco anos,
Ramos listou todos os títulos que possuía,
passando a oferecer aos amigos, conhecidos
e freqüentadores do restaurante em que trabalha, próximo a um grande hospital de Porto
Alegre. “A idéia é formar um público leitor, fazer com que as pessoas se interessem pela
leitura”, afiança Ramos.
As pessoas escolhem o livro pela lista e, no
dia seguinte, Ramos entrega a encomenda que
é cedida por um prazo de 30 dias. Os autores
variam de Maquiavel a Paulo Coelho, fazendo
parte de um rol que começou com cerca de 80
livros e, hoje, conta com mais de 350 títulos
disponíveis para 50 leitores cadastrados.
Desde fevereiro Ramos não está mais sozinho na empreitada. Com a ajuda de duas
li teratur a
tização, tivemos uma bela coleção para nos
aventurar”, conta. Bohnenberger, que lê de
dois a três obras por mês, diz que um bom
livro é aquele que mexe com as emoções,
“mas só empresto para quem eu tenho certeza que vai cuidar e – principalmente - devolver. Doação? De jeito nenhum. Sou muito
possessiva”, adverte.
Eclética, a farmacêutica não tem um gênero preferido. “Os autores que estão na minha lista de cabeceira são Érico Veríssimo, Gabriel Garcia Marques, Lygia Fagundes Telles,
Fernando Pessoa, Mário Quintana... com certeza estou esquecendo de alguém”, brinca.
Tanto para Gappmayer quanto para Bohnenberger, vasculhar sebos é um programa
indispensável, em que é possível encontrar
publicações antigas que pertenceram a outras pessoas, ou não existem mais nos estoques das livrarias. Sem falar nos preços bem
mais acessíveis, na opinião de ambas.
Bohnenberger com a mãe, Lilibeth, a maior incentivadora da leitura na famíla, apreciam bons livros
Um dos acontecimentos mais populares do Rio
Grande do Sul é a Feira do Livro de Porto Alegre, que
ocorre anualmente e tem público cativo. Desde sua primeira edição, em 1955, a Feira foi ampliada e modernizada, passando a receber grandes nomes do mercado
editorial brasileiro e internacional. Com o intuito de popularizar livros e criar públicos leitores, oferecendo descontos nas vendas, pequenos eventos semelhantes também ocorrem em várias cidades do interior gaúcho.
Um estudo feito pela Organização dos
Estados Ibero-americanos para a Educação,
a Ciência e a Cultura - OEI, “o comportamento leitor no Rio Grande do Sul”, estado
com tradição de diversas feiras de livros,
mostra que onde elas acontecem os índices
de leitura são bem maiores, o que consolida a informação sobre a média de 5,5 livros
lidos pelos gaúchos por ano.
Nestes eventos, os livros são colocados em um lugar estratégico , envolvendo famílias, escolas, e oferecendo descontos. Ainda de acordo com a OEI, no Brasil
existem apenas 2.200 livrarias concentradas em cerca
de 600 municípios. Por isso, é necessário que a Lei Federal de Incentivo à Cultura (nº 8.313/91) – Lei Rouanet, seja cada vez mais utilizada para os projetos de
feiras e bienais em municípios do interior que não contam com pontos de venda de livros.
Universo IPA | Julho 2007
Vai um livro aí?
teratur
a
lili
teratur
a
Poesia, narrativa,
popular, impressa...
Esta é a maneira perfeita de definir a literatura de cordel brasileira
Leonardo Silva
“Esta peleja que fiz
não foi por mim inventada,
um velho daquela época
a tem ainda gravada
minhas aqui são as rimas
exceto elas mais nada”.
Universo IPA | Julho 2007
Fotos de folhetos de J. Borges
10
Peleja de Riachão com o Diabo, escrito e
editado em mil oitocentos e oitenta e nove,
por Leandro Gomes de Barros (1865 – 1916)
na Paraíba foi o primeiro de muitos folhetos
de cordel publicados no Brasil. Porém muito
antes na época dos povos conquistadores
greco-romanos, fenícios, cartagineses e saxões a literatura de cordel já existia e assim
através de expedições e intercâmbio de culturas chegou a Península Ibérica por volta do
século XVI e foi naquela região que a literatura de cordel recebeu os nomes de “Pilegos
Sueltos” (Espanha), “Folhas Soltas” ou “Volantes” (Portugal), chega ao Brasil na segunda
metade do século XIX, através dos Portugueses insta-se na Bahia mais precisamente em
Salvador, dali se irradia para os demais estados
do nordeste e recebe o nome de cordel pela
maneira que eram expostos à venda: pendurados em fios de barbante.
Apesar dos altos índices de analfabetismo
na época, os cordéis se popularizaram rapidamente, pois os poetas cordelistas contavam
histórias de apelo popular como a de Padre
Cicero,Lampião e Frei Damião em feiras e praças muitas vezes ao lado de músicos. Sob uma
outra visão podemos dizer que o cordel é
também um Jornal, temas como, os desastres,
as inundações, as secas, os cangaceiros, as reviravoltas políticas, alimentam o caráter jornalístico dessa produção que chega a centenas
de títulos por ano. Para se ter idéia da função
jornalística dos cordéis, em mil novecentos e
cinquenta e quatro um desconhecido poeta
de cordel quando ficou sabendo da morte de
Getúlio Vargas pelo rádio, começou a escrever
“ A lamentável morte de Getúlio Vargas”, entregou os originais ao meio dia e à tarde recebeu os primeiros exemplares. Vendeu setenta
mil em quarenta e oito horas. A evolução da
literatura de cordel no Brasil não ocorreu de
maneira harmoniosa. A oral, precursora da escrita, engatinhou penosamente em busca de
forma estrutural. Os primeiros repentistas não
tinham qualquer compromisso com a métrica e muito menos com o número de versos
para compor as estrofes. Alguns versos alongavam-se e outros eram abreviados. Todavia,
o interlocutor respondia rimando a última palavra do seu verso com a última do parceiro
Os folhetos
Os folhetos eram confeccionados em sua
maioria no tamanho 11x15cm ou 11x17cm e
tinham suas capas ilustradas por xilogravuras
de várias dimensões e temas que variam entre
cenas tradicionais, do cangaço, da seca, aos
lúdicos e eróticos, como o Kamasutra. Segundo o autor cordelista, Beto Brito , 43 anos, que
faz parte de uma nova geração de autores
com os pés fincados na cultura do povo “as
xilogravuras estão umbilicalmente ligadas ao
cordel”, o cordelista explica “ nas xilogravuras
se encontra a genuína expressão da criatividade do nosso artista primitivo: as soluções
plásticas sintéticas, o traço forte, incisivo, a rude e bela expressividade dos desenhos, o
mundo fantástico dos seres míticos e mágicos
das concepções ingênuas ao lado de sua literatura essa xilogravuras do cordel refletiam
ideais anseios e sonhos do homem nordestino”. “Na década de setenta, apareceram no
Nordeste vários álbuns de xilogravuras de cordel, podemos destacar os publicados pela Divisão de Cultura da Prefeitura da Cidade de
Salvador, Bahia, intitulado “Xilogravura Popular – Cordel”, o da coleção Théo Brandão, “Xilogravuras Populares Alagoanas” (Alagoas,
1973) e “Transportes na Zona Canavieira” ( Instituto do Açúcar e do Álcool, Serviço de Do-
li teratur a
li teratur a
Sandro Fortunato
Capas de folhetos de cordel penduradas, simulando a forma com que são vendidos em feiras populares do nordeste
Contemporaneidade
César Obeid, cordelista contemporâneo e
arte educador, 30 anos, desenvolve um trabalho onde recria o universo da literatura de cordel e do improviso da viola difundindo o cordel em escolas, empresas, universidades, casas de cultura e bibliotecas, “eu crio e recrio as
histórias em forma de cordel, em rimas, versos, estrofes. Com esta técnica falo dos ditados, das adivinhas, crendices e superstições
da arte do nordeste”. Obeid sabe a influência
que a literatura de cordel exerce sobre a cultura geral brasileira, “cordel é muito mais que
barbantinho, é a história de um povo, do povo
nordestino”, afirma o cordelista, que não se
arrepende de ter optado pela narração de histórias a cinco anos. “Hoje eu vivo bem. Tenho
minha casa, meu carro, pago as contas e garanto o prazer de fazer o que gosto. O mais
bacana desta área é que abra várias frentes de
trabalho. Eu dou aulas, faço apresentações,
lancei meu livro e ainda encontro tempo para
estudar”. Apesar de fazer uma releitura dos
cordéis escrevendo sobre temas atuais, César,
trata de confirmar as origens desta arte. O ar-
te educador demonstra confiança no cordel
como um “complemento pedagógico, porém
a qualidade da informação deve ser estudada
e aprofundada”, perguntado se é fácil encontrar cordéis para vender o autor responde “hoje cordel só é vendido em feiras para turistas
no Nordeste do país, mas é possível achar folhetos em aeroportos e feiras culturais, podese achar também muitos cordéis postados na
internet, antigos e contemporâneos”.
Cordel nos palcos
Em 1997 um grupo teatral voltou a atenção para a cidade de Arcoverde. Nascia o espetáculo Cordel do Fogo Encantado. Na formação, Lira Paes, Clayton Barros e Emerson Calado. Por dois anos, o espetáculo, sucesso de público,
percorreu o interior do estado. Em Recife, o grupo ganhou mais duas adesões que iria modificar sua trajetória: os
percussionistas Nego Henrique e Rafa Almeida. No carnaval de 99 o Cordel se apresenta no Festival Rec-Beat e o que
era apenas uma peça teatral, ganha contornos de um espetáculo musical. Ao lirismo das composições somou-se a
força rítmica e melódica dos tambores de culto-africano e a música passou a ficar em primeiro plano. A estréia no
carnaval pernambucano mais uma vez chamou a atenção de público e crítica e o que era, até então, sucesso regional,
ultrapassou as fronteiras, ganhando visibilidade em outros estados e o status de revelação da música brasileira. As
apresentações da banda surpreenderam a todos não somente pela força da mistura sonora ousada de instrumentos
percussivos com a harmonia do violão raiz. À magia do grupo que narra a trajetória do fogo encantado, soma-se a
presença cênica de seus integrante e os requintes de um projeto de iluminação e cenário. Em outubro de 2005 o Cordel
do Fogo Encantado lançou o DVD “MTV Apresenta”, o primeiro registro audiovisual da banda. Transfiguração”, terceiro
disco lançado em setembro de 2006, vem borrar ainda mais a linha de fronteira entre as artes cênicas e a música. E
assim Cordel do Fogo Encantado se firma como um dos grupos mais representativos da cena independente nacional.
Universo IPA | Julho 2007
cumentação, Recife, 1972), comenta Brito, “Na
atualidade vários são os xilógrafos que se destacam. O pesquisador Joseph M. Luyten, no
ensaio “A Xilogravura Popular Brasileira e suas
Evoluções”, enumera os seguintes xilógrafos:
Abraão Batista (Juazeiro), Ciro Fernandes (Rio
de Janeiro), José Costa Leite (Condado), Marcelo Alves Soares (São Paulo), Minelvino Francisco Silva (Itabuna) e Severino Gonçalves de
Oliveira (Recife), ilustra o autor.
11
mmoda
oda
O rei das
botas
Quem nunca passou pela Avenida Farrapos, na capital gaúcha, e se
deparou com lojas que vendem lingeries provocativas, acessórios, botas e sapatos personalizados, e não teve vontade de entrar para dar uma
olhadinha? É na loja Antônio Rosa Calçados, que sambistas, mulheres
e drag queens que trabalham à noite encontram as botas e sandálias
exclusivas mais extravagantes, sensuais e luxuosas de Porto Alegre.
Universo IPA | Julho 2007
Hosana Dias Aprato
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O sonho se tornou realidade. Depois de 15
anos consertando sapatos, o estilista em couro
Antônio Amansio da Rosa, 63 anos “Seu Antônio”,
como é chamado por todos os clientes e amigos,
começou a confeccionar calçados. Teve que
aprender sobre modelagem e como tirar medidas.
“Sou um cidadão do meio comum e não tenho
canudo. Por este motivo o esforço foi maior, se eu
não aprendesse, ia me lascar”, explica. Quando começou a trabalhar, nunca imaginou em atingir este
público específico. Fazia botas e sapatos sociais masculinos. “Eu achava bonito quem fazia uma bota de
mulher. Quem sabe um dia eu faço uma bota para a
minha esposa ou para a minha mãe. Considerava aquilo uma arte”, conta, emocionado, por fazer disto hoje o
seu ganha-pão.
Quando chegou a Porto Alegre, há oito anos, “Seu
Antônio” não tinha onde morar. Hoje em dia, tem uma
casa e muito prestígio de seus clientes e amigos. “Comprei com o meu dinheiro, honestamente”. Não é à toa que
a famosa avenida Farrapos o conhece tão bem, das oito
da noite até as três da manhã, durante o ano todo. “Minha
esposa é testemunha disto”, revela.
Seu envolvimento com os sapatos, por trás da máquina
de costura, já soma mais de 12 anos, mas como empresa
registrada, completa seu primeiro aniversário ainda este ano.
O trabalho, que durante este tempo todo, foi divulgado no
boca-a-boca, com a ajuda dos fiéis clientes, faz história. A
casa noturna Gruta Azul, ainda localizada no antigo prédio,
na Farrapos., foi responsável pela divulgação do trabalho de “Seu Antônio”. Foi dali que as dançarinas
levaram seu design para todo o Brasil. “Tem
clientes que há oito anos fazem botas comigo
e eu não conheço. Eu ensino a tirar as medidas
por telefone e elas fazem bem direitinho. Até
hoje não errei nenhuma bota” orgulha-se.
A inspiração vem da necessidade de inovar
cada vez mais. “Seu Antônio” não elegeu uma
musa inspiradora. São poucas as vezes que
olha alguma revista de moda, mas tem o cuidado de ir pessoalmente a Novo Hamburgo,
escolher o tipo de couro, cores e aviamentos. “Me
abasteço somente lá”, esclarece. Para ele, o trabalho
sai automaticamente. Pode estar conversando com
alguém ao mesmo tempo em que põe mãos à obra.
Segundo ele, isso se deve ao fato de estar há muito
tempo em um único ramo. “Eu não tive estudo, só a
prática. Acho que nem vai precisar agora, com essa idade. Do jeito que tá, tá bom pra mim” ressalta.
Quando a imaginação aflora, aproveita e confecciona algumas peças que expõe na vitrine da loja, que não
ficam ali por muito tempo. Às vezes, são vendidas no
mesmo dia. “São uma coisa diferente. E é isso que elas
querem”, aposta. Quanto ao seu produto, é exigente. Só
trabalha com couro, mas se a cliente pede o sintético,
logo de cara, indica o verniz, “por ser mais chamativo, brilhoso e com uma qualidade muito boa”.
As botas mais procuradas são as tradicionais, com fechamento até o joelho, no estilo social. Porém, as campeãs de
vendas são mesmo aquelas que ficam justas na perna, estilo mulher-gato, mais sexies. “A gente usa a bota para
dançar, para dar altura e chamar a atenção. Existem
homens que acham lindo uma mulher usando botas.
E não deixam tu tirar por nada. Eles pedem pra tirar
tudo, menos a bota”, narra a dançarina do Gruta Azul
Thaty, 23 anos.
A bota cano longo, personalizada, trabalhada com
design diferenciado, custa em torno de R$ 350,00. O sucesso é tanto, que uma de suas botas foi parar nos pés de
Joelma, vocalista da banda Calypso. Seu Antônio conta que
m oda
moda
Daniela Rubin
O sucesso de suas botas foi tanto, que acabaram nos pés de Joelma, vocalista da banda Caplypso
“Deus me dá”
O trabalho não é exportado, mas devido aos contatos espalhados
pelo mundo, através das mulheres que vão fazer shows fora do Brasil,
“Seu Antônio” já vendeu para o Chile, Argentina, Portugal, Espanha e
Japão. Ele explica que já enviou o pedido por Sedex para Portugal, levando 30 dias para chegar. “Até onde o meu conhecimento chega, eu
faço. Até hoje, graças a deus, eu dei conta de todas as botas que me
pediram” comemora.
Enriquecer não está em seus planos. O que ele quer mesmo é ter
o trabalho reconhecido, pois é fiel ao seu público. Ele confessa que se
fosse trabalhar com outro tipo de público, sua venda diminuiria consideravelmente. “Descobri o trabalho dele através das gurias do Gruta
Azul, e também porque ele nos visita com freqüência, para levar encomendas, mostruários e fotos de suas botas. É bom porque ele faz o
estilo que a gente quer, com o diferencial de ser sob medida”, expõe a
dançarina conhecida pelo nome artístico Bárbara, 23 anos. As cidades
vizinhas chamam pelo “Seu Antônio” e suas botas, que até pensa em
produzir em grande escala, mas lamenta o pouco poder aquisitivo para um investimento maior. Em Porto Alegre, as lojas têm muitas botas
bonitas, mas não têm a exclusividade que eu ofereço”, salienta.
“Até onde o meu conhecimento
chega, eu faço. Até hoje,
graças a deus, eu dei conta
de tudo que pediram”.
Tanto o cliente que entra somente para olhar, quanto aquele que
vem para comprar é muito bem recebido e tão conceituado quanto o
que adquire. “Ao menos ele vem me fazer uma visita, está prestigiando
a minha loja”, declara “Seu Antônio”, que deixa bem claro que não vende fiado. Entretanto, tem algumas táticas quando as meninas não têm
condições de pagar na hora. “A gente chora um pouquinho e ele abaixa o preço, faz parcelado também. E se acontece algo na bota, a gente
vem aqui e ele arruma”, descreve a dançarina que atende pelo nome
artístico Katy, 23 anos, quatro deles na noite. “Seu Antônio” confessa
que se sente muito bem por contribuir com algo para compor a beleza e o sustento delas, para depois chegarem em casa e dar o leite, o
frango e a fralda que o filho precisa. Seu Antônio também não fica
incomodado se alguém não pagou. “Fica pra lá. Deus me dá. É assim
que funciona na minha cabeça”, completa.
Universo IPA | Julho 2007
o contato foi através de uma parceria com uma loja de São Paulo. A
cantora tem uma bota, com a bandeira do Brasil estampada no meio
do cano. “É uma bota muito bonita, não porque fui eu que fiz, mas
também tem várias outras por aí afora, em todo o Brasil”, enfatiza. E
isso sem contar que suas botas já estiveram em diversas capas de revistas, usadas por modelos famosas, como a cover da Feiticeira.
A preferência está no salto de 12cm, tanto para a noite quanto
para o dia-a-dia. Mas se for para as meninas que trabalham a noite a
faixa fica entre 14cm e 15cm de altura, com plataforma. Por serem
feitas sob medida, não machucam e são boas para trabalhar. “Com
botas normais a gente não consegue, pois tem o salto muito fino” conta Thaty. Isso concentra 70% de toda a sua venda. “Elas pisam muito
bem na plataforma, como se não tivessem nada no pé. Elas têm a prática”, comenta Antônio. Têm botas bordadas com strass, de segunda
linha, com fivelas, plumas, recortes e aplicações. “Eu tenho uma bota
dele há cinco anos”, conta o coreógrafo e apresentador do Gruta Azul,
que atende pelo nome artístico Vanessa Thundercat, 41 anos. A confecção é totalmente de acordo com o que a clientela pede e, a partir
daí, o material é adaptado. “Em Porto Alegre, 80% das escolas de samba do carnaval fazem botas e sandálias comigo”, relata “Seu Antônio”.
13
esp orte
espor
te
O segundo esporte
mais praticado no Estado
Simone Martins
SIMONE MARTINS
cidade de São Paulo, com a participação do RS,
SP, e Minas, sendo vencedora a equipe gaúcha. Atualmente, o jogo de bocha vem sendo
jogado em seis categorias diferentes - categoria A, categoria B, veteranos, juvenis, feminino
e duplas ou trios mistos.
O jogo de bocha é um esporte jogado
entre duas pessoas ou duas equipes, que consiste em largar bochas (bolas) situá-las, o mais
perto possível de um bolim (bola pequena)
previamente lançada.
A história da bocha no Egito iniciou em
5.200 A.C. Os jogadores utilizavam bolas de
madeiras e pedras redondas. A faculdade de
Fundado há 73 anos, situado na Av. Protámedicina de Montpellier afirmava que a prásio Alves, nº 809, em Porto Alegre, o clube Intica de bocha era o remédio ideal para o redependente acumula 13 campeonatos estamautismo. Na França, no fim do século XVIII,
duais e um título nacional, conquistado em
o jogo se tornou popular entre a
1976, além de 27 títulos municipais,
classe trabalhadora enquanto
sendo dez deles consecutivos..
na Inglaterra era praticado
Atualmente presidido por
pela nobreza.
Ricardo Luiz Zucatti, é
Não há certeza
um clube de médio
exata sobre a origem
porte. “É o clube que
COMO JOGAR BOCHA
desse esporte, que foi
tem mais títulos em
Praticado de forma
difundido pelos eurotodo o Brasil”, afirma
simples, em dupla e
peus, especialmente
Diego Faleiro Silveira,
trio, com dois reservas,
os italianos. O jogo de
capitão do time femitotalizando
bocha foi trazido para
nino de bocha do Clube
oito atletas.
América do sul pelos imiIndependente e atual
grantes e, posteriormente,
campeão do estado.
em outros países do continente.
Silveira informa que a boO Brasil se fez representar em diversos
cha é o segundo esporte mais praticacampeonatos a partir 1951. O primeiro camdo no Estado, perdendo apenas para o futepeonato brasileiro foi realizado em 1964 na
bol. Segundo o capitão, para fazer parte da
Universo IPA | Julho 2007
Clube Independente
14
equipe do clube , o atleta tem que ter experiência, ser muito bom profissional, ter atitude
de ganhar sempre, vestir a camiseta e conter
união de grupo. “ Vários atletas sobrevivem
apenas praticando o jogo”, comente Silveira.
A prática do esporte exige do atleta três
vezes por semana de treino no mínimo. A duração de cada partida é de aproximadamente
2 horas. O capitão explica que sempre ocorrem três jogos com a sequência do simples,
dupla e trio, partidas femininas e masculinas.
de atletas inscritos nas federações é o segundo mais praticado. Isso sem contar as pessoas
que jogam bocha nas praças e areia. “É um
esporte que não tem idade”.
Curiosidades
- A lém de campeonatos regionais e estaduais existe
o campeonato Brasileiro, Sul Americano e Mundial
de seleções.
- O campeonato de Porto Alegre este ano começou em
abril e seu término será em dezembro.
- E m setembro de 2007 haverá o estadual de clubes
em Cachoeira do Sul, onde o vencedor representa o
Estado no brasileiro.
- Na regra mundial,o jogo é disputado em SAIBRO.
espor te
Um esporte que também pertence à elas
esp orte
Surf feminino
Nascido em 1890, com sangue real nas
veias, o havaiano Duke Kahanamoku participou de quatro olimpíadas e entrou para a história dos jogos olímpicos, ganhando um total de três medalhas de ouro e
duas de prata. Duke aproveitou o sucesso
alcançado nas piscinas para divulgar o
surf por várias partes do mundo. Sempre
que ia competir, levava sua “pranchinha”
com quase 4 m de comprimento, pesando
cerca de 80 kg e se exibia como o homem
que deslizava em pé sobre o mar.
Em sua passagem pelos Estados Unidos, introduziu o surf como esporte, na
Califórnia. Em 1915, foi competir na Austrália e, em vez de levar sua prancha, resolveu fabricar uma no país para ensinar
aos moradores locais a arte de shapear
uma prancha. Assim, a Austrália e a Califórnia, dois lugares de muita importância para a divulgação do esporte para o
resto do mundo, conheceram o surf.
O que era encarado como uma brincadeira ou forma de diversão, pela maioria das pessoas que passaram a conhecer
um novo esporte, era, na verdade, uma
atividade de importância vital para a vi-
da dos ilhéus que habitavam o arquipélago havaiano.
Os nativos não podiam ficar esperando o mar permanecer calmo para sair
atrás do precioso alimento e, a única solução, era criar técnicas para enfrentar o
mar sob quaisquer condições em que ele
se encontrasse. Os mais habilidosos com
as pranchas eram os mais respeitados na
tribo por conseguirem mais alimentos.
Essa relação se tornou tão forte que era
comum os nativos escolherem seus líderes em “campeonatos” de surf. O rei do
Hawaii era o que melhor enfrentava as
piores condições em que o mar pudesse
se encontrar. Daí o surf ficar conhecido
como o “esporte dos reis havaianos”.
Nessa época, as pranchas eram esculpidas em troncos de árvore e chegavam
a ter 4 m de comprimento. .
O primeiro registro de uma prancha
em terras brasileiras foi através do santista Osmar Gonçalves, que fez a primeira
prancha de surf no Brasil em 1938 e surfou por sete anos na Praia do Gonzaga,
em Santos., era de madeira oca, media
3,6 m e pesava 80 quilos.
O surf experimentou a sua segunda
grande explosão logo após a II Guerra
Mundial, com o surgimento dos blocos
de poliuretano e da resina de fibra de vidro que foram desenvolvidos para ser
usados com fins bélicos. Com o aproveitamento desses materiais, na fabricação
das pranchas, o esporte ficou muito mais
acessível para uma camada maior da população.
As pranchas ainda eram muito grandes, com cerca de 3 a 4 metros porém bem
mais leves devido ao novo material de
confecção. Na realidade, o surf ganhou
seu maior impulso no Brasil no final da
década de 60 e, posteriormente, com a
construção de um píer na Paria de Ipanema para instalação de um emissário submarino de esgoto, foi a maior divulgadora do esporte para o resto do Brasil.
A partir daí, o surf carregou a sina de
ter sua prática associada aos vagabundos e maconheiros de praia, sofrendo até
hoje para desvincular a imagem de um
esporte que exige muito preparo físico e
concentração de uma galera determinada e adepta a muita adrenalina.
Universo IPA | Julho 2007
Marnie Dutra Coronel
15
esp orte
espor
te
Surf feminino no RS
O surf feminino atualmente no Rio Grande do Sul passa por uma renovação. Aliás, poderia se dizer que ele sempre esteve em constante renovação, e isso até é um ponto positivo, pela possibilidade do surgimento de novos talentos no esporte, porém, o que vemos
é uma falta de incentivo. E tão logo as surfistas
percebem essa falta, param de competir e
passam a ser surfistas de “free surf”, ou simplesmente surfistas que não competem mais.
Isso faz com que muitas surfistas gaúchas viagem o mundo em busca de melhores condições de ondas e de visibilidade no esporte.
Muitas das principais surfistas gaúchas
largaram os campeonatos no RS e hoje as que
competem são surfistas da nova geração, meninas de 8 a 20 anos, que concorrem com outras de 5 ou 6 meninas por etapa.
Alguns nomes de surfistas que ajudaram
na construção da história do surf feminino
gaúcho:
Roberta Borges – Uma das primeiras surfistas Gaúchas, aliás, a única gaúcha a conquistar um título brasileiro de surf.
Larisse Maffazioli – Foi campeã gaúcha
de surf, nos anos que a categoria feminina voltou aos campeonatos de surf no estado. Foi
no final dos anos 90. Largou o circuito e foi
para a Austrália, nunca mais competiu
Sabrina Munhoz – Multi-campeã gaúcha,
nos anos seguintes em que Larisse foi campeã.
Também largou as competições no estado para viajar o mundo em busca das ondas.
Gabriela Valduga – Campeã gaúcha de
surf em um período posterior ao de Sabrina
Munhoz, foi morar em Florianópolis mesmo
com grandes chances de conquistar outros
títulos gaúchos.
“...após uma sessão de surf,
você percebe que és
somente um pontinho perto
da imensidão da natureza...”
Natália Navarro – Atual campeã gaúcha
de surf feminino, e ainda competindo nas etapas do circuito gaúcho de surf. Tem certa superioridade sobre as demais concorrentes da
nova geração.
Brenda Rodrigues – Única gaúcha no
SUPER SURF (a primeira divisão do surf nacional). Talvez a melhor surfista gaúcha da atualidade. Mora atualmente em Florianópolis.
Bárbara Coelho – Nova geração do surf
gaúcho, atualmente mora no Rio de Janeiro,
mas vem competir em todas as etapas que
acontecem no RS.
Marcela Variani – Nova geração do surf
gaúcho.
Um dos destaques do surf feminino aqui
no Rio Grande do Sul é Fernanda Toscani.In-
centivada por irmaõs e prima que já praticavam o esporte a bastante tempo,Nanda começou a brincar com prancha de bodyboard.
Depois de roubado seu equipamento resolveu começar a dar seus primeiros passos com
prancha, no verão de 2001 na praia de Ibiraquera – SC , quando usava emprestada uma
“pranchinha”na escola de Kite e Surf, onde sua
prima trabalhava. Desde então, começou a levar o esporte á sério.Começou a praticar aulas
de natação, musculação, além de toda a assistência á nutrição, massagem e fisioterapia.
Em um ano intercalando o surf nos fins de
semana, entre formatura no curso de Ciências
Biológicas na PUCRS e trabalho em um Laboratório, a garota conseguiu o 1º lugar no campeonato gaúcho universitário, foi campeã
imbitubense – SC e por pouco não consegue
uma vaga para o Super Surf.
Depois de formada e com cada vez mais paixão ao espote, a surfista resolveu ir morar na praia
de Ibiraquera em Santa Catarina, onde morou, se
aperfeiçou no esporte e lecionou em uma escola de 2º grau no ano de 2006.
No início desse ano surgindo uma grande
oportunidade de viajar para o exterior, onde
sua irmã mora, a atleta não pensou duas vezes. Nanda viajou no final do mês de maio
para Nova Zelândia, onde dedica uma parte
de seus dias em cursos de inglês e com certeza a maior parte deles ao surf.
Universo IPA | Julho 2007
Arquivo pessoal
16
Fernanda Toscani pegando onda na praia do Rosa em Santa Catarina
Associação Gaúcha
de Surf Feminino
Num dia de mar gelado, de bobeira em
casa, elas tiveram a idéia de criar uma associação para unir as gurias que curtem o surf e
incentivar o esporte no Estado que, segundo
elas, ainda é muito fraco. Assim, um grupo de
dez gurias, presidida por Milca Severo, 20
anos, fundaram a Associação Gaúcha de Surf
Feminino.
Essa é a primeira Associação Feminina do
Rio Grande do Sul e a terceira do Brasil - só existem associações semelhantes em Florianópolis
e no Paraná. Hoje existem, no Campeonato
Gaúcho, cerca de 16 mulheres participando,
mas há muitas querendo começar.
Hoje não existem muitas mulheres surfistas, mas a cada ano este número vem crescendo o e a expectativa da AGSF é igualar o número de surfistas mulheres com o número de
surfistas homens. Segundo Milca, pesquisas
realizadas pelos shaper apontam que 20%
dos seus clientes são mulheres. “Antigamente
não existia mulheres mandando fazer prancha”, comentou.
Na primeira reunião da associação, elas já
colocaram no papel todos os seus objetivos.
Elas querem incentivar ao máximo o surf feminino, promover uma escolinha de surf e
fazer “surf trips” para levar as gurias de Porto
Alegre que não têm como ir para a praia para
terem a oportunidade de surfar.
Por enquanto a Associação tem sede apenas em Porto Alegre, mas a idéia é criar uma
sede na Praia. “Provavelmente em Tramandaí,
pois temos um projeto de criar lá a nossa escolinha se surf”, diz Gabriela Rangel, 18 anos,
diretora executiva da AGSF.
Por enquanto elas ainda não têm patrocíonio, mas recebem apoio de várias empresas
e marcas que colaboram com material, equipamentos, pranchas, roupas, som e outros
aparelhos. “A gente não teve praticamente
nenhum gasto, mas estamos atrás de um patrocício para poder fazer tudo o que a gente
quiser”, diz Gabriela
Arquivo
esp orte
Associações
de surf do RS
espor te
Ela relata que em duas semanas que se
encontra , já surfou as ondas mais perfeitas
de sua vida.Pretende depois que acabar seu
curso, passar o inverno na ilha sul, um dos
lugares mais frios do planeta e onde rola as
melhores ondas também. “Quero evoluir
meu surf cada vez mais, em um lugar desses
tudo flui”, afirma.
“Com o surf você aprende a dar valor as
coisas mais simples e belas da vida, como em
um fim de tarde com um pôr-do-sol maravilhoso após uma sessão de surf, você percebe
que és somente um pontinho perto da imensidão da natureza, onde a idéai de se sentir
imponente diante de um mar com ondas três
vezes maior que o seu tamanho se torna casual diante de tamanha sintonia e vibraçaõ de
alta energia com as ondas”, afirma Fernanda
Toscani.
Federação gaúcha de surf
Rua Joaquim Nabuco, 46, sala 103
Porto Alegre - RS
Fone: (51) 3224 5094
[email protected]
Associação de Surf de
Porto Alegre (ASPOA)
www.surfpoint.com.br
www.gosurf.com.br
Associação Guaibense
de Surf (AGS)
Guaíba - Centro - RS
Fone: (51) 9175 1890
[email protected]
Associação de Surf
Brothers de Gravataí (ASBG)
Fone: (51) 8143 4080
Associação de Surf de
Tramandaí (ASTRI)
www.ondasdosul.com.br
ASPAAS (Osório – RS)
Fone:(51) 603 7729
www.aspaas.hpg.com.br
[email protected]
Associação de Surf de
Imbé e Balneários (ASIB)
Rua Capão da Canoa, 649
Imbé - RS
Fone: (51) 9958 1302
[email protected]
Associação de Surf da Praia
de Quintão (ASQUI)
Associação de Surf
de Cidreira (ASC)
Associação dos surfistas
de Torres (AST)
www.riograndevirtual.com.br
As meninas fazem aulas de surf
Universo IPA | Julho 2007
Associação de Surf
de Mariluz (ASM)
www.surfmariluz.org.com.br
17
esp orte
espor
te
A nova casa tricolor
GRÊMIO apresenta
projeto de novo
estádio. A ARENA
será nos moldes dos
estádios europeus
e poderá ser uma
das sedes da Copa
do Mundo de 2014,
caso a FIFA aprove a
candidatura brasileira
a
sori
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de
Universo IPA | Julho 2007
Cassius Maciel e Eduardo Barbosa
18
O Olímpico, atual estádio do Grêmio, completou 52 anos de existência no último ano. Porém, mesmo com a tradição do estádio, dirigentes e conselheiros do clube já admitem que ele
já está ultrapassado, principalmente nas exigências que a Fifa impõe para a realização de
grandes eventos, como uma possível Copa do
Mundo em 2014 sendo realizada no Brasil. Além
disso, o Grêmio tem uma despesa muito grande com a manutenção, porque que o Olímpico
é usado apenas em dias de jogos, aproximadamente 40 vezes ao ano. Foi pensando nisso que
o clube decidiu que era hora de construir uma
nova casa para o tricolor gaúcho.
Segundo Eduardo Antonini, vice-presidente de planejamento do Grêmio e responsável pela construção do novo estádio, o clube necessita de uma Arena Multiuso planejada para gerar receitas todos os dias. Essa seria
uma das maneiras de o tricolor buscar maior
auto-sustentabilidade na parte financeira, já
que faz parte do projeto, que o novo estádio
possua uma grande área comercial, com setor
de gastronomia, centro de convenções e hotel. Todos os recursos para a construção virão
de investidores, que serão parceiros do Grêmio nesse projeto, retirando dele o retorno de
seu investimento.
O clube contratou a Amsterdan Arena Advisory, uma empresa holandesa especializada
em projetar e administrar novos estádios para
conceber um conceito de Arena, e estudar o
melhor caminho para o Grêmio na construção do novo estádio. Mas, o projeto arquitetônico será desenvolvido pelos investidores
escolhidos pelo time gaúcho.
Antonini visitou mais de 20 estádios na
Europa, pesquisando os seus pontos positivos
e negativos, estudando como os grandes clubes do mundo se comportam na construção
de um novo estádio. Essa experiência da viagem foi o ponto de partida para a elaboração
de um novo projeto que atenda às especificidades do Grêmio.
A Geral do Grêmio, torcida famosa do tricolor que comemora os gols do time fazendo
uma espécie de avalanche, será olhada com
carinho na construção da nova casa gremista.
“ Estamos estudando todas as possibilidades
para que possamos viabilizar a avalanche,
desde que garantidas as questões de segurança que um estádio moderno e os padrões
Fifia,exigem”, garante Antonini.
O novo estádio terá capacidade para no
mínimo, 51 mil pessoas. Provavelmente, como nos novos estádios do mundo, o nome
será vendido a um patrocinador. No Brasil, temos um exemplo disso que é o caso do Atlé-
tico Paranaense, com seu estádio se chamando Kyocera Arena, em alusão ao nome de um
dos patrocinadores do projeto. Apesar de fortes tendências de ser construído na Zona Norte de Porto Alegre, o local do estádio ainda
não foi escolhido de forma definitiva.
O Olímpico será demolido e a área será
destinada aos investidores, como parte do
Grêmio no empreendimento. A previsão para
a inauguração do novo estádio do tricolor
gaúcho é no final de 2010. Em maio, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius
recebeu o presidente do Grêmio, Paulo Odone. Na ocasião, Odone entregou à Yeda o projeto da construção da Arena e a governadora
afirmou que vai empenhar todos os esforços
para que o Estado venha a sediar parte da Copa de 2014. O projeto foi encaminhado ao
grupo de trabalho criado pela governadora
para tratar, junto à Confederação Brasileira de
Futebol (CBF), dos encargos exigidos para que
Rio Grande do Sul se credencie a ser uma das
sedes. do próximo mundial.
Site da Geral do Grêmio
1954, o Olímpico era na época o maior estádio
privado do Brasil. O primeiro jogo do Grêmio
em sua nova casa foi contra o tradicional Nacional, de Montevidéu. Naquela oportunidade, o Tricolor venceu os uruguaios por 2 a 0,
tendo os gols sido marcados pelo atacante
Vítor, que entrou para a história do clube como sendo o primeiro jogador a balançar as
redes do Olímpico. A mudança para o novo
estádio abriu uma época de vitórias para os
gremistas, que, a partir de 1956, conquistaram
nada menos do que 12 títulos estaduais em
13 anos. O clube começava a eternizar o estádio como um lugar de grandes conquistas.
Em 1980, com o fechamento do anel superior, o estádio passou a chamar-se Olímpico Monumental. No dia 21 de junho do mesmo ano, uma partida em que o Grêmio ven-
Com o fim do Olímpico, nova Arena ira sediar os jogos do tricolor gaúcho a partir de 2010
esp orte
espor te
Bianca Ramops/Assessoria de Imprensa do Grêmio
O primeiro estádio gremista foi a Baixada,
que localizava-se no bairro Moinhos de Vento,
em Porto Alegre. A inauguração aconteceu
no dia 4 de agosto de 1904, um ano após o
nascimento do clube. Naquele tempo, não
havia muitos times fundados no Rio Grande
do Sul, e por conseqüência, o Grêmio jogou
apenas 16 partidas nos primeiros seis anos de
existência.
No dia 18 de julho de 1909, o estádio da
Baixada recebeu um jogo que acabaria se tornando uma das maiores rivalidades do Brasil
e do mundo. O Grêmio jogou contra o Internacional e aplicou uma goleada de 10 a 0.
Uma das conquistas mais importantes do
tricolor em seu primeiro estádio foi o Campeonato de Porto Alegre, conhecido como
Campeonato Farroupilha. O Grêmio venceu
na final o Internacional por 2 a 0, em um jogo
que teve a participação de Eurico Lara, lendário goleiro gremista que tem seu nome no
hino do clube.
Em 1955, já com o Grêmio em outro estádio, a Baixada foi envolvida em uma negociação no mínimo curiosa. O tricolor estava interessado na compra do jovem zagueiro Aírton,
de outro time da capital, o Força e Luz. Para
contar com o jogador de 20 anos, o Grêmio
pagou 50 cruzeiros e cedeu um pavilhão do
antigo estádio ao Força e Luz. Daquele momento em diante, o zagueiro passou a ser conhecido como Aírton Pavilhão e teve uma
carreira de sucesso no tricolor gaúcho.
Inaugurado no dia 19 de setembro de
Universo IPA | Julho 2007
Da Baixada ao Olímpico
ceu o Vasco da Gama por 1 a 0, marcou a
inauguração do Monumental com as obras
totalmente concluídas.
O Olímpico Monumental foi palco de
grandes títulos tricolores. A conquista do primeiro título da Libertadores da América, com
uma vitória sobre o Peñarol em 1983, e o bicampeonato brasileiro em 1996, contra a Portuguesa, são alguns exemplos de façanhas
que o Grêmio alcançou em sua casa. Muitos
craques já desfilaram o seu futebol no Monumental. Renato Portaluppi, Ronaldinho Gaúcho, Hugo de
Leon e, mais recentemente Anderson, são alguns
desses jogadores.
Hoje, com capacidade
para receber cerca de 47
mil torcedores, o estádio
possui dois anéis. A parte
superior é composta totalmente por cadeiras, exceção feita a parte destinada à torcida
visitante, que teve as cadeiras removidas no
ano passado, por problemas de depredação.
Ainda complementam o complexo do estádio Olímpico Monumental, 45 camarotes de
luxo, 26 cabines de imprensa, estacionamento interno, piscinas, gramados suplementares,
centro administrativo, quadro social, memorial e a loja oficial do clube, a Grêmio Mania.
Mesmo não sendo um dos mais modernos do país, o estádio se caracteriza por impor respeito aos adversários que desafiam o
Grêmio. Por conta de sua apaixonada torcida,
que empurra o time nos 90 minutos, é muito
difícil bater o tricolor em seu território. O
maior público já registrado no Olímpico foi
em 26 de abril de 1981, numa partida contra
a Ponte Preta. O jogo foi assistido por 98.421
torcedores.
O Olímpíco é a segunda casa de muitos
gremistas. Na opinião do estudande Vítor Vasata, o estádio vai deixar um vazio no coração
dos tricolorres. “Dede que nasci, meu pai me
leva a todos os jogos”, comenta Vasata.
19
Universo IPA | Julho 2007
G eral
G er
al
Um abraço vale a pena?
20
Algumas vezes um abraço é tudo que precisamos! Free Hugs
é uma história real, sobre um homem que acreditava que sua
missão era trazer alegria na vida das pessoas através de um abraço
Caroline Moura
Qual a importância de um abraço? Estudos mostram que o simples ato de abraçar
alguém diminui a pressão sanguínea, o batimento cardíaco e o nível de hormônios ligados ao stress. O toque sensibiliza todas as células e dá um arrepio, após, quando os braços
da outra pessoa nos envolvem com um pequeno aperto, nos passa emoção e aconchego para todo o corpo, nos levando á um alívio
para a cabeça e ao coração.
Um estudo do departamento de psiquiatria da Universidade da Carolina do Norte, nos
Estados Unidos, revela que o contato físico,
como um abraço, pode aumentar a longevidade. Uma das pesquisadoras, a psiquiatra
Karen Grewen, comprovou que os níveis de
cortisol e de norepinefrina, hormônios do
stress, foram reduzidos após um abraço e
substâncias químicas como a serotonina e a
dopamina aumentam, contagiando o cérebro e cada célula do organismo com uma sensação de conforto e felicidade.
A psiquiatra Kathleen Keating, que escreveu o livro A Terapia do Abraço, diz que a sociedade atual está sofrendo de solidão, o contato físico não é apenas agradável, mas também necessário, ainda mais em tempos em
que a gente se comunica virtualmente. Para
algumas pessoas, admitir que precisam de carinho é sinal de fraqueza e dependência, especialmente para os homens, aponta Keating.
Segundo ela, 5 milhões de transmissões nervosas são responsáveis pelas diferentes sensações do toque e que existem muitos estudos sobre os benefícios do contato físico, mas
que provar que ele é essencial, poderoso e
capaz de curar é como argumentar que respirar faz bem.
praticado em Ongs, hospitais e escolas nos
U.S.A., Canadá, Inglaterra, Austrália, Alemanha
e Rússia. Em 2001, Jason Hunter, após perder
sua mãe que adorava abraçar as pessoas, independente de raça ou sexo, e deixá-las saber
o quanto eram importantes, quis dar continuidade a missão de sua mãe e saiu pelas ruas da praia ao sul de Miami com o cartaz escrito Free Hugs (Abraços Grátis). Mas nenhum
dos dois conseguiu transformar isso em um
movimento de massa não institucionalizado.
Até que em 2004 um jovem australiano
chamado Juan Mann, que estava vivendo em
Londres retornou a sua cidade natal Sidney,
chegando ao aeroporto não havia ninguém
para recebê-lo, porque sua família estava passando por problemas, seus pais estavam se
divorciando, sua avó estava doente e sua namorada tinha acabado de terminar o relacionamento deles, vendo outras pessoas no aeroporto sendo recebidas pelos familiares e
amigos, Juan ficou triste e pra se animar foi a
uma festa onde uma desconhecida o presenteou com um abraço. Seis meses depois dessa festa ele fez um cartaz com as palavras Free
Hugs e levou ao shopping Pitt Mall Street no
centro de Sidney oferecendo seu abraço a todos que passavam, ele transformou isso em
um ritual e toda semana ele levava o cartaz
até o shopping. Até que certo dia, Mann ofereceu um abraço a Shimon Moore, lí­der da
banda Sick Puppies, e desde então se tornaram bons amigos. Moore pediu a câmera do
pai emprestada, e decidiu gravar Mann fazendo sua campanha por “Free Hugs”. Em setembro de 2006, a avó de Juan Mann morreu e
Moore, pensando em animá-lo, editou as imagens do vídeo, mesclou-as com sua música e
fez upload de seu registro para o Youtube.
Devido à veiculação desse vídeo o movimento Free Hugs ficou conhecido no mundo
todo, em um mês, muitos jovens estavam imitando o gesto em outros países e a ação se
tornou um movimento social com sites de
apoio em várias línguas. À medida que o Free
Hugs atingiu proporções maiores, a polícia
australiana começou a proibir o movimento a
não ser que Juan Mann pagasse um tipo de
seguro de $25 milhões em que ele assumiria
a responsabilidade pelo que acontecesse
com outras pessoas enquanto participavam
do movimento. Então Mann e seus amigos
Fotos: Caroline Moura
Free Hugs: o começo
É difícil definir quando começou uma
campanha para compartilhar abraços entre
pessoas comuns sem nenhum interesse pessoal, segundo o site Free Hugs Movement o
registro mais antigo foi quando em 1986 o
Reverendo Kevin Zaborney criou em sua igreja o National Hugging Day (Dia Nacional do
Abraço), que posteriormente passou a ser
Integrantes do movimento Abraços Grátis no Gasômetro em Porto Alegre no Dia do trabalho
fizeram uma petição com mais de 10.000 assinaturas apoiando a campanha do abraço de
graça, e assim ele conseguiu permissão para
continuar oferecendo abraços grátis.
G er a l
O estudante Eduardo Moreira participando do movimento Abraços Grátis no Gasômetro
A estudante Bianca Lima Inda, 17 anos,
que também integra o grupo diz que o mais
interessante é ver a reação das pessoas, e que
alguns meninos quando vêem as meninas
com o cartaz de abraço grátis, fazem piadinhas, mas que ela já está acostumada e tenta
explicar que é só abraço mesmo e qual é o
verdadeiro objetivo do movimento. Inda conta que os amigos e a família acham muito legal a idéia, que até se identificam, mas não
tem a coragem de sair na rua com um cartaz
e que ela tenta explicar que só traz um bem
interior e que não deve ter vergonha disso.
O grupo pretende se concretizar e começar a fazer o movimento em asilos, orfanatos,
hospitais e clinica de recuperação. O movimento não está sendo realizado apenas em
Porto Alegre, aqui no Estado, mas também
Japão invade POA
César augusto machado
No último dia 16 e 17 de junho em Porto
Alegre aconteceu o AnimeSul na Fundação
Pão dos Pobres de Santos Antônio e reuniu,
cosplays j-rockers e pessoas que gostam de
cultura japonesa.
Que contou com a participação de Leonardo Camillo que participou nas produções
nipônicas em tokusatsu dublou Dan Shimaru/
Lion Man; Detetive Hayato em Kamen Rider
Black; Kanin Dragon em Jiraiya; em Animes foi
o dublador de Piccolo em DBZ; Jinpuu e Takimi Shigure em Samurai X; Kim Kaphwan em
Fatal Fury; Frank Archer em Fullmetal Alchemist; Ryoma em Shurato; Miro de Escorpião e
Ikki de Fênix em Cavaleiros do Zodíaco e tambem Ulisses Bezerra dublou os personagens
de Animes como Keitaro Urashima em Love
Hina e Shun de Andrômeda em Cavaleiros do
em cidades como Santa Maria, Uruguaiana,
Rio Grande, Taquara e outras cidades no interior do Rio Grande do Sul.
Existem bons motivos para o ato de abraçar, pois o abraço acaba com a solidão, ajuda
a superar o medo, constrói a auto-estima, estimula a vontade de ajudar o próximo, prolonga a juventude, ajuda a controlar o apetite,
alivia a tensão, combate a insônia, um endireitamento na espinha dorsal e a expansão da
respiração no ventre e no tórax
O abraço é uma forma universal de obtenção de contato profundo, físico e afetivo. O
gesto de alargar os braços é sinal universal de
paz e fraternidade; é um gesto ligado à idéia
do abrir-se, à sensação de ficar em contato
mais íntimo com o próximo e de estar em disponibilidade para acolhê-lo.
AnimeSul reúne
3 mil pessoas de todo
o Estado na capital
Zodíaco. Tania Gaidarji No universo dos Animes dublou entre outras inúmeras personagens Chun Li em Street Fighter; Vishnu em
Shurato e Bulma em Dragon Ball Z.
O evento teve competições de cosplay
em grupo e individual e animeke. O animeke
teve 25 inscritos em 4 categoria, e competição de cosplay contou com 45 inscritos em
duas categorias.
Universo IPA | Julho 2007
O principal organizador do movimento
em Porto Alegre é o estudante Cristian Marques dos Passos, 19 anos, que ao ver o vídeo
de Juan Mann no Youtube, criou uma comunidade no site de relacionamento Orkut, e
convidou seus amigos para participarem, os
primeiros encontros do grupo se realizaram
em março em lugares que são referências turísticas e de intenso movimento nos finais de
semana em Porto Alegre como Redenção,
Parque da Harmonia e Gasômetro e desde então o número de integrantes vem crescendo.
A comunidade que inicialmente tinha 200
membros, agora já conta com mais de 450
membros, Marques conta que na opinião dele o principal objetivo do movimento é unir
as pessoas, aproximar mais as pessoas que estão cada vez mais afastadas.
Quando perguntado se já havia passado
por alguma situação inusitada durante o movimento, ele revela “Nós estávamos na Redenção e iríamos para o Parque da Harmonia,
onde havia o show do Nenhum de Nós, chegando lá, estávamos na frente do palco, fazendo o Free Hugs, quando vem um cara do
nada e me abraça por trás, fiquei sem jeito na
hora, peguei e virei na boa e dei um abraço
nele e continuei o movimento sem problema nenhum”.
G eral
O movimento
em Porto Alegre
21
c ostume
c ostum
es s
Daniel Chaves
Os sete
pecados capitais
A gula, pecado capital mais confessado pelas pessoas, é o maior causador de transtornos alimentares como obesidade, anorexia e a bulimia
Daniel Chaves e Gabriele Afonso
Universo IPA | Julho 2007
A realidade é mais uma vez exibida na ficção, é assim que a Rede Globo de Televisão
busca mostrar de uma forma fantasiosa os
sete pecados capitais. Classificado como vícios e usados pela Igreja Católica primordialmente como ensinamentos para proteger e
educar seguidores. Na busca exagerada pelo
externo as pessoas demonstram a ausência
ou a restrita visão de seus valores internos,
não valorizando sua intuição, inspiração e
percepção. Segundo o doutor em Teologia,
Padre Pedro Alberto Kunrath, 49 anos, “ a família hoje não tem mais capacidade ou força
integradora”, e complementa, “ a família não
tem mais tempo juntos, a vida que se leva
hoje dificulta o contato”.
Pecado capital (capita = cabeça, portanto,
pecado que vem da cabeça). Por isso se fundamenta em algum desejo natural e instintivo. Podemos encontrar cada um dos sete pecados nas nossas relações diárias, em nós
mesmos e na sociedade em geral. São eles:
22
1) Orgulho - “o principio de todo pecado é o
orgulho, ele desencadeia os demais” diz
Kunrath. Segundo a bíblia o orgulho seria
responsável pela desobediência de adão,
que teria experimentado o fruto proibido
para se tornar Deus.
2) Avareza - Desejo desordenado dos bens
deste mundo. Nossos políticos conhecem
bem esse pecado, que se resume na sín-
drome de acumular, juntar. O lema de
quem comete tal pecado é “quanto mais
tenho, mais quero”.
3) Inveja - Sentimento de desgosto pela prosperidade alheia, misto de pena e raiva. A
má distribuição de renda do nosso país, faz
com que as pessoas menos favorecidas,
busquem suprir na criminalidade suas frustrações por não possuir bens materiais de
Por que sete?
Segundo Kunrath, sete é o número da plenitude, um número completo. “Sete é o número do cosmos. É a soma de quatro mais três”, explica Kunrath.
Muitos devem estar se perguntando, como assim
quatro mais três, o padre explica, “quatro é o número
do movimento. Terra, fogo, água e ar. Três é o número da transcendência, o número do descanso”.
A Igreja Católica ensina que os sete pecados
capitais tem seus antônimos, que é conhecido como
as “sete virtudes”. Veja a seguir:
- Castidade se opõe a luxúria.
- Generosidade se opõe a avareza.
- Temperança se opõe a gula.
- Diligência se opõe a preguiça.
- Paciência se opõe a ira.
- Caridade se opõe a inveja.
- Humildade se opõe a orgulho.
igual ou maior valor que a sociedade em
geral possui.
4) Ira - Estado emocional desordenado, é a
raiva excessiva. Sentimento normalmente
passageiro que causa danos irreparáveis.
No filme “Um dia de fúria”, o ator Michael
Douglas interpreta um homem que após
ficar preso no trânsito, decide abandonar o
veículo e ir a pé, durante o trajeto ele se
depara com a criminalidade e extravasa toda a sua ira.
5) Luxúria - Na cultura cristã o sexo sempre
foi visto como algo sujo, aceito somente
como forma de reprodução. Na mídia o uso
do corpo é exagerado. “A luxúria é o prazer
pelo excesso” afirma Kunrath.
6) Gula - “A língua é o menor membro do corpo, porém o mais perigoso” diz o teólogo.
A sociedade impõe um padrão de beleza
que acaba comprometendo a saúde de
muitas pessoas que buscam a felicidade no
estereótipo montado. A obesidade, a anorexia e a bulimia são alguns dos transtornos
alimentares causados por essa busca pelo
corpo perfeito.
7) Preguiça - Lentidão e falta de vontade em
fazer algo. O mundo fornece imensas facilidades que acaba deixando a sociedade
acomodada, a mercê das máquinas.
Projeto prevê novo ESPAÇO de gastronomia,
negócios e lazer para os porto-alegrenses
turi smo
mais alegre
tur i sm o
Um porto
José Peixe
Joice proença
Restaurantes, hotel, lojas, centro empresarial e cultural. Conforme as
previsões do coordenador do Projeto de Revitalização do Cais Mauá, em
Porto Alegre, Edemar Tutikian em breve a cidade poderá finalmente usufruir de um espaço privilegiado, e, até agora, pouco aproveitado no centro.
Após quase duas décadas de discussões, projetos arquitetônicos e muita
especulação, a utilização do cais Mauá, como área de lazer, nos moldes dos
Universo IPA | Julho 2007
portos de Lisboa e Buenos Aires, começa a adquirir forma.
23
tões a respeito de titularidade e legalidade
do local, pensamos a área, visitamos outros
portos como Buenos Aires, Belém do Pará e
Lisboa, onde foi possível conhecer a ação
propriamente dita e os princípios de gesO grupo, encarregado de levar adiante
tão”, complementa.
o projeto, decidiu que, ao invés de apresenApós ter todas as informações sobre o
tar maquetes de projetos faraônicos à poporto completas, catalogadas e organizapulação, o trabalho, desta vez, deveria partir
das, foi iniciada a formulação das diretrizes.
do princípio, com atuação de forma discreO coordenador do projeto relata que, com
ta, o que vem dando resultado. O projeto, já
estes dados em mãos, diversos grupos fotem sua primeira e grande etapa concluída:
ram procurados, para que a discussão, e a
o levantamento de todas as informações soelaboração do projeto e das regras fossem
bre a infra-estrutura da área. O local é confeitas de forma democrática. Durante o prosiderado pelo Plano Diretor de Porto Alegre,
cesso, a comissão manteve reuniões e discomo uma área especial, cujas diretrizes decussões com
vem ser regraas secretarias
das a partir da
“Nunca, durante esse anos todos, e órgãos de
existência de
meio ambienum projeto estinha sido feito um projeto de
te, patrimônio
pecífico para o
base, estrutura, infra-estrutura,
histórico, grulocal. É o que a
definição de regras e normas,
pos ligados à
comissão de
cultura, superevitalização
de plano diretor. A gente não
rintendência
do cais Mauá
pegou o trabalho de outro
de portos e hitem feito. A
e disse que isso não vale”.
drovias (que
captação de
tem a jurisditodos os dação da área), procuradoria-geral do Estado,
dos - desde a medição da área, até a infraentre outros, e, a partir disso, o Plano Diretor
estrutura, como rede de esgoto, água, enerpara a área começou a ser definido.
gia - já foi feita, uma vez que o Estado não
Para Tutikian, é importante ouvir as dipossuía estes registros.
ferentes instâncias, pois com certeza outras
“Durante anos os porto-alegrenses
pessoas já pensaram, já discutiram isso. “Foacostumaram-se a ver noticiados muitos
mos ao Plano Diretor, conversamos com asprojetos para o Cais, mas nunca, durante essociações que cuidam do centro da cidade,
ses anos todos, tinha sido feito um projeto
com o pessoal ligado ao cinema, teatro, mude base, estrutura, infra-estrutura, definição
seus, ouvimos o pessoal do turismo, da feira
de regras e normas, e de Plano Diretor”, exdo livro. Ouvimos muito, e aprendemos
plica Tutikian. “A gente não pegou o trabamuito”. Segundo ele, após esses debates, e
lho de outro e disse que isso não vale. Nós
a análise de outros empreendimentos parecomeçamos pelo princípio, vimos às ques-
turi
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Planejamento essencial
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Fotos: José Peixe
Desde que foi lançada a idéia de revitalização do Cais do Porto, em 1988, e após
diversas intenções malogradas e esquecidas, o projeto torna-se pela primeira vez viável e proporciona esperanças a uma população quase cética. Nomeado pelo então
governador Germano Rigotto, como coordenador do projeto, Tutikian, diretor de desenvolvimento e marketing da Caixa/RS, se
viu com uma missão bastante delicada e trabalhosa: dar formato e tornar possível, algo
que os gaúchos já pensavam não ser mais
realizável.
A comissão formada por integrantes
técnicos das secretárias de Estado e da Prefeitura, percorreu um longo caminho. Após
cerca de dois anos de estudos, debates com
a sociedade civil organizada, empresários e
setores interessados na proposta, o coordenador do projeto demonstra tranqüilidade
com o andamento e afirma que, em um futuro próximo, os gaúchos poderão usufruir
de um espaço agradável, útil e projetado.
cidos, foi possível concluir que Porto Alegre
estava pronta para receber a sua proposta
de um novo porto.
Em 1997, foi realizado pelo governo do
Estado o concurso Porto dos Casais, na
época, os projetos apresentados, inclusive
o vencedor, possuíam grandes planejamentos arquitetônicos, mas pouco estudo
estrutural. Tutikian afirma que, após 10
anos, o projeto encontra-se muito desatualizado, pois ao longo do tempo ocorreram
diversas mudanças de conceito estrutural,
tecnológico e de utilização da área. “Naquele período não existia uma preocupação tão grande com o impacto ambiental”,
e acrescenta, “o projeto vencedor propunha um aterramento de 30 mil m3 do Guaíba, mas por que agredir o lago se tem tanto espaço disponível? É fundamental que
tenhamos essa preocupação de não agredir o meio ambiente”.
Definição do projeto
O próximo passo na construção de um
novo porto para a Capital gaúcha, passa pelo lançamento do edital de “solicitação de
manifestação de interesse”, que deve ser publicado até agosto, onde o Estado solicita
que alguma empresa interessada no projeto faça a modelagem, o plano de negócios
e a viabilidade sócio-econômica. Tutikian
explica que através destes estudos serão
definidos os tipos de empreendimentos
que serão feitos no local, e como efetivamente será a revitalização do Cais. “É importante termos estudos sobre qual é a melhor
forma de executar o projeto, se é através de
concessões, arrendamento ou de parcerias
público-privadas.
Um novo Cais
Acessibilidade e muro
Uma das maiores preocupações do comitê é o acesso da população ao cais, pois
os trilhos do metrô, paralelos ao Guaíba em
um trecho, prejudicariam a acessibilidade.
Inspiração
portuguesa
Entre os diversos ações realizadas para criar o
projeto de reviralização do Cais Mauá, uma delas foi
conhecer outros modelos de aproveitamento turístico
e comercial para o espaço portuário. A comissão viajou
para diversos locais, para observar efetivamente como
ocorria esaaa reformulações. Buenos Aires, Belém do
Pará e Lisboa (foto), em todos estes portos, as administrações conseguiram dar uma nova utilização para
os espaços, e ainda alavancar o turismo de suas cidades. Em Lisboa, a população utiliza o local para lazer,
através de diversas opções de gastronomia, cultura,
esportes e comércio. A atividade portuária do local,
uma das portas de entrada da Europa, foi mantida.
Entre as opções cogitadas para resolver o
problema, está à criação de diversas passagens subterrâneas, por baixo do trem, ligando ruas e avenidas ao cais do porto. Tutikian
afirma, ainda, que estão sendo estudadas
outras possibilidades para tornar mais acessível o cais, como a abertura de outros portões e um rebaixamento da avenida Mauá,
nas proximidades do portão central, que facilitariam o ingresso de quem vem da praça
da Alfândega. Todas estas possibilidades estão sendo analisadas junto à prefeitura de
Porto Alegre.
Falar em revitalização, sempre passa pela polêmica de manter ou retirar o muro da
Mauá, que faz parte do sistema de defesa da
cidade contra enchentes. A última cheia, de
grandes proporções, foi em 1941, quando o
turi smo
De acordo com as pretensões da Comissão, a área central do Cais Mauá, onde estão
os 12 armazéns tombados, seria um espaço
dedicado integralmente a atrair a população, com áreas de lazer, gastronomia, cultura e entretenimento. A proposta, segundo
Edemar Tutikian, é preservar a estrutura e o
estilo do local, mas para proporcionar ao
ambiente melhores condições, estuda-se
substituir algumas paredes dos armazéns
por vidros. Falta a autorização do patrimônio histórico e cultural.
Para as outras duas pontas do Porto, Usina do Gasômetro e docas, nas imediações
da rodoviária, a idéia é transformar em zonas empresariais, onde funcionariam empreendimentos como hotéis, shopping center, centro de convenções e escritórios. Tutikian defende que foram criadas todas as
condições para que o projeto realmente de
certo, e reforça “temos total segurança para
defender o projeto, e queremos em dois
anos presentear os porto-alegrenses com
essa obra”.
Divulgação Porto de Lisboa
Universo IPA | Julho 2007
O grande desafio é garantir que o empreendimento tenha sustentabilidade financeira, para que o investidor e o Estado
possam lucrar com o negócio. Os rendimentos da revitalização do Cais Mauá poderão,
além de criar milhares de empregos diretos
e indiretos, gerar divisas, alavancar o turismo de Porto Alegre, e ainda, ajudar na revitalização do centro da Capital. A modelagem deve estar pronta cerca de seis meses,
após o lançamento do edital.
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lago atingiu 1,50m acima do nível. Mesmo
relatando que a comissão não deseja polemizar a questão do muro, pois a revitalização do cais é a partir do mesmo, Tutikian
afirma que metade do paredão poderia ser
retirada e substituída por um gradil , o que
já mudaria completamente a vista. Em audiência pública para debater o Plano Diretor,
no dia 17 de junho, foi aprovada uma moção
de apoio solicitando a retirada do muro. A
prefeitura irá solicitar uma análise técnica,
para ver possíveis danos que sua retirada
causaria a segurança da Capital.
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Porto Alegre
Fotos: Monica Brum
é que tem...
Monica Brum
“Porto Alegre é que tem um jeito legal....”
assim diz a música de Isabela Fogaça, que
emociona diversos gaúchos quando toca.
Que tal então redescobrir a cidade onde mora com um belo e acessível passeio turístico?
Em funcionamento desde Janeiro de 2003,
a Linha Turismo já encantou milhares de pessoas. O ônibus de dois andares, equipado com
sistema de áudio em três idiomas (português,
inglês e espanhol), câmeras de segurança,
acesso a portadores de deficiência física, janelas panorâmica no andar inferior e parte superior descoberta permite visualizar a cidade e os
principais pontos turísticos por onde passa.
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Redescobrindo
a cidade
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O passeio vem permitindo que as pessoas
conheçam as belezas e atrativos da Capital, e
redescubram detalhes por onde os porto-alegrenses transitam diariamente. Aspectos históricos, paisagens, recantos. “A maior procura
é feita pelos próprios moradores da cidade,
durante o final de semana e feriados principalmente”, explica Daiane Fernandes, que cuida
da parte comercial do Linha Turismo.
São 17 pontos turísticos. Saindo do Escritório Municipal de Turismo, localizado no Largo Zumbi dos Palmares, o veicula passa pelo
Complexo Arquitetônico da UFRGS. De lá parte para o Parque Farroupilha(Redenção), Planetário, Parque Moinhos de Vento (Parcão),
Shopping Total, Santa Casa de Misericórdia,
Praça Mal. Deodoro da Fonseca (Praça da Matriz), Mercado Publico Central, Casa de Cultura
Mario Quintana, Centro Cultural Usina do Gasômetro, Anfiteatro Pôr-do-Sol, Estádio Gigante da Beira - Rio, Igreja Menino Deus, Estádio Olímpico Monumental, Centro Municipal
de Cultura Arte e Lazer Lupicinio Rodrigues e
por ultimo Museu de Porto Alegre Joaquim
José Felizardo.
No verão o horário mais procurado é o do
ultimo passeio do dia, as 18 horas. “Todos querem ver o pôr-do-sol”, afirma Daiane.
A estudante de Administração Luisa Silva
Dias, ficou emocionada quando resolveu
acompanhar uma amiga do Rio de Janeiro na
Linha Turismo. “Legal é a sensação lá em cima,
podemos até tocar nas folhas das arvores”, relata. A estudante redescobriu lugares no centro
da Capital, e relembrou momentos de infância.
“Vimos lugares histótricos muito interessantes,
alguns que só havia visto quando pequena,
lembrei de vários momentos da minha
infância”, conta Luisa, que pretende
voltar ao passeio outra vez, agora para
acompanhar a tia.
Muitas pessoas voltam mais de
uma vez ao passeio, geralmente para
trazer familiares e amigos.
cos também participam dos passeios.
Existe também o projeto Cota Social, que
dá isenção a alunos de escolas publicas.São
em torno de 500 vagas doadas por mês para
o passeio. “As escolas interessadas tem que
enviar um oficio. São tantas querendo passear,
que hoje tenho escolas agendadas até o mês
de Outubro”, conta Daiane. Esses passeios geralmente acontecem durante a semana.
As reservas devem ser feitas através dos
números (51)3212.3464 ou 32121628, e o valor do passeio é de R$7,00 no andar superior
e R$5,00 no andar inferior. Idosos que apresentarem identidade ganham 50% de desconto.. Bom passeio.
Parcerias
O ônibus também faz diversas parcerias.
Na campanha do agasalho, todos os grupos
que ligavam para fazer reservas eram convidados a trazer agasalhos. Esse ano a Linha Turismo resolveu não dar descontos nos agasalhos, com a intenção de tornar as coisas mais
espontâneas. Idosos, crianças, deficientes físi-
Dias e horários
De Terça-feira a Domingo
9h / 10h30min / 13h30min / 15h /16h30min
Horário de verão:
9h / 10h30min / 15h / 16h30min /18h
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Christiano Borges
Nova Zelândia
Um país de inúmeras oportunidades
Conhecida pela natureza exuberante, clima tropical e a diversidade
de esportes radicais, a Nova Zelândia, um dos países com a melhor
qualidade de vida do mundo, vem chamando atenção dos jovens brasileiros que procuram oportunidade de emprego e adrenalina!Um país de grandes aventuras, com uma paisagem surpreendente, montanhas, praias, florestas, lagos. Esteja preparado para nadar com golfinhos
em águas cristalinas, escalar montanhas ou ver vulcões. Além das belezas naturais e contraste de paisagens em um pequeno espaço, neve
e praias maravilhosas, por exemplo, os brasileiros estão liberados para
mochilar por lá sem visto.
Viajar para a terra do “No stress”, é ter o prazer de ser bem recebido e conhecer de perto uma cultura típica do pacífico. O viajante não
precisa de muito dinheiro para viver neste país, um dos mais bonitos
do mundo. Por estes atributos, que juntamente com a Austrália, o
país é favorito entre os brasileiros entre os 16 e os 25 anos. Na busca
de aventura, os jovens brasileiros tem optado cada vez mais por embarcar para a Nova Zelândia, para eles, o sonho da viagem é o passaporte da alegria, percorrer trilhas, escalar glaciares, pedalar em paisagens incríveis; enfim, sentir-se vivos! Este pequeno país que tem área
equivalente ao Estado do Rio Grande do Sul, é vizinho da Austrália a
1,6 mil km a leste, reúne um quarto da minúscula população em sua
maior cidade, Auckland, na Ilha do Norte. Seus inúmeros cenários,
paisagens compostas por montanhas nevadas, rios, lagos, vales e flo-
restas, são somados a uma pequena população. O país tem uma diversidade de dar inveja.
O custo de vida é baixo, se comparado com países como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá que possuem moedas fortes. Por esta
razão, estudar lá não é caro. As escolas são públicas, mas possuem
toda uma infra-estrutura e organização para um excelente aprendizado. Com salas de aula equipadas com computadores, e turmas de
no máximo 25 alunos que estudam em horário integral, das oito da
manhã até as três da tarde. O ano letivo Neozelandês é bem parecido
com o do Brasil, porém os alunos de lá estudam dez semanas de aula e duas de férias.
A Nova Zelândia é dividida em duas principais ilhas e numerosas
pequenas, algumas delas bem longinquas. Norte ou Sul, você encontrará excelentes opções para estudar passear e curtir aventuras ao mesmo tempo. Com uma área de 270 500 km² e um clima ameno - raramente os termômetros marcam menos de zero ºC ou acima de 30ºC,
é grande produtor de uva e kiwi, e possui um dos melhores vinhos do
mundo. Suas principais indústrias de exportação são a horticultura,
agricultura, silvicultura e a pesca. Além do potencial turístico, o país
possui um ambiente político estável, força de trabalho, e ausência de
corrupção, o que faz da Nova Zelândia um lugar fácil para fazer negócios. Sua moeda é o dólar neozelandês. Nos últimos três anos o valor
da moeda flutuou entre 45 e 60 centavos do dólar americano.
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MANUELA PEREIRA
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Mochilar e trabalhar
Um sonho que vence barreiras
Composto por duas ilhas isoladas no
verno através do imposto de renda”. Segunsudoeste do Pacífico, a Nova Zelândia faz
do Ramos, o que mais chama a atenção é
parte da Oceania e tem representado para
o fato da Nova Zelândia abrir as portas pamuitos brasileiros a possibilidade de conra trabalhadores estrangeiros. “Tenho a esquista da liberdade financeira. Para Wagner
perança de crescer na vida, lá tenho certePereira, 28 anos e Priscila Ramos 18, viajar
za que terei esta oportunidade”. A qualidapara lá é muito mais que isso: é ter a oporde de vida é um fator que interfere bastantunidade de conhecer uma outra cultura,
te quando o assunto é mudança, mas os
viver em um país com menos violência e
estrangeiros devem se preocupar também
ter a chance de expericom a segurança. “À mementar uma infinidade
“Cheguei a uma fase dida que comecei a me
de esportes radicais.
informar sobre o país,
na
minha
vida
que
“Cheguei a uma fase na
pude observar que, difeminha vida que precisarente do Brasil, os poliprecisava de uma
va de uma mudança, afimudança, afinal, só ciais não andam armanal, só se vive uma vez”,
dos, e o índice de crimise vive uma vez!”.
inicia Wagner. “Neste panalidade é baixíssimo”.
ís a gente se esforça pra
Famoso pela excelente
crescer na vida e se da conta que continua
qualidade de vida, o país é um dos mais
estagnado, tenho vontade de viver sob um
seguros do mundo. A polícia usa apenas
governo mais honesto que de mais chance
cães nas batidas policiais. Um outro fator
para as pessoas”.
que chama a atenção dos turistas é a faciPereira ainda frisa o fato da situação delidade de locomoção. Além da proximidacadente que se encontra a política brasileide dos lugares, o país oferece várias opções
ra. “Aqui vivemos sob escândalos políticos
de transporte, como avião, trens, ônibus e
impostos e juros altíssimos. E o dinheiro
vans, sem contar que é sempre agradável
que ganhamos a mais, é sugado pelo gopedalar por lá.
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Arquivo
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Legal
no país
Assim como Wagner e Priscila, muitos casais
almejam a experiência de morar em outro país. É o
caso de Christiano e Cláudia Borges, que estão na
Nova Zelândia há 10 meses. “A experiência de morar
em um país de primeiro mundo é fascinante. No começo você se sente meio deprimido por estar longe
do Brasil. Mas depois você conhece um mundo de
coisas diferentes”. Para o casal, o maior impacto que
os brasileiros sentem é em relação à segurança e a
aparência dos grandes centros, que também não são
muitos pois é um país que tem apenas 4 milhões de
habitantes. “As pessoas não se preocupam com segurança, os carros ficam abertos e até mesmo as
casas podem ficar que não se ouve falar em roubo ou
violência”, comenta Cláudia. Um aspecto que chama
a atenção é o fato de não existirem mendigos ou
meninos de rua, “isto causa impacto”, completa
Cláudia. Nós vimos em Auckland alguns “medingos”.
Mas não falta trabalho para ninguém. Pelo contrário
eles precisam de gente para trabalhar, comenta Cristiano. Só vivem como mendigos pessoas que tem
problemas psicológicos, que não se adaptam com
trabalho e convívio familiar.
“Abri conta em banco,
comprei várias coisas,
quebrando a cara e
com uma série de
can you repeat please”.
Mas o que realmente atraiu a dupla à Nova Zelândia é a possibilidade de viajar a lugares lindos e
aprender a falar inglês. “Cada um vem para a Nova
Zelândia com um diferente objetivo. Eu ficaria feliz
se recuperasse o que eu investi na passagem ou até
se perdesse um pouco. Porque afinal de contas estava aprendendo inglês e viajando por um país maravilhoso”, relata Cristiano. Mesmo o casal tendo estudado a língua inglesa por dois anos no Brasil, sentiram bastante dificuldade nos primeiros meses. ”É
muito difícil aprender inglês se você não tem uma
base no Brasil. Quando chegamos era muito difícil
entender eles, devido ao sotaque, que é diferente ao
que estamos acostumados. “É uma eterna aprendizagem”, conclui Cláudia, dizendo que ambos procuO casal Christiano e Cláudia Borges em uma de suas viagens dentro do país
ram não ficar muito com brasileiros para treinar a
conversação. Existem brasileiros que estão há dois
anos e ainda não falam praticamente nada. Quem sabe um pouco mais acaba se tornado intérprete. “Hoje nos sentimos bem preparados, não passamos mais trabalho”.
Mas nem sempre foi assim. No inicio, tudo foi muito difícil. “Abri conta em banco, comprei várias coisas, mas quebrando muito a cara, e com uma série de can you repeat please”, conta
Cristiano. Como um típico casal turista, Christiano e sua esposa receberam o visto de três meses, mas em seguida deram a entrada no work permit, visto que permite estrangeiros trabalharem
lá, e assim renovaram sua permanência. Em seguida começaram a trabalhar em uma packhouse de kiwifruit, ou seja, embalando kiwis. “Aqui nós vivemos bem, é muito comum viajar pelo
país, faz parte da rotina das pessoas, conhecer ilhas como Fiji e Samoa, ou visitar países como Indonésia, Japão e Austrália é muito acessível”. Conforme Christiano, o que mais esta influenciando
os “brasucas” a virem para cá e a facilidade de entrada. Por outro lado, ele alerta os futuros mochileiros, o risco de serem deportados. “Quando há muitos brasileiros eles começam a cortar um
pouco a entrada, estão selecionando mais, eles sabem que a maioria dos brasileiros vem para trabalhar e isso pode prejudicar a entrada dos próximos turistas”. Infelizmente, muitos turistas
investem na sua passagem e são deportados no aeroporto, o que não foi o caso de Cláudia e Christiano. “Conosco foi muito tranqüilo. O mais importante e estar sempre legal no país.” .
Para entendermos melhor a diversidade de atrações da Nova Zelândia,
seguem algumas informações sobre as cidades e seus atrativos:
Wellington
Grande centro cultural e capital do país, Wellington, conhecida como a cidade dos ventos é o
ponto de ligação com a ilha Sul pois os ferrys saem de Wellington e chegam a Picton na ilha Sul. Não
perca de visitar o museu “Te Papa” e conhecer a agitada vida noturna.
Auckland
Conhecida como “City of Sails”, é a cidade de maior população e capital econômica do país.Uma
das atrações turísticas é a Sky Tower. Conhecida como a maior torre do Hemisfério Sul, é muito utilizada para saltar de bungee jumping. E de cima dela, se pode avistar a baía e toda a cidade. Podemos
encontrar também o museu de Auckland, o Mont Éden, um vulcão inativo que possui uma bela
vista de todo o vale e o parque Domain e seus belos shows gratuitos.Paraa quem gosta de curtir a
noite, a melhor opção é a Ponsonby Road, uma rua famosa por seus restaurantes e bares abertos até
tarde. Você ainda pode encontrar bares que tocam música brasileira, como o Margaritas.A cidade é
cercada por várias ilhas e possui praias belíssimas como Mission Bay Beach, Takapuna e Waiheke
Island, a cerca de 40 min de lá você encontra lojas e restaurantes e reúne pessoas do mundo todo.
Taupo
O maior lago do Hemisférios Sul, assim é conhecido Lake Taupo, lá você pode descontrair praticando atividades aquáticas e esportes ao ar livre. É a porta de entrada para as montanhas de ski e
“snowboarding” no inverno, além de possuir uma noite bem badalada.
Região de Bay of Islands
Conheça a história do berço da civilização da Nova zelândia, nade com os golfinhos selvagens
e não esqueça de visitar os vilarejos locais.É um excelente lugar para praticar esportes aquáticos,
velejar.Uma das mais inusitadas atrações é o navio do Greenpeace afundado.
Nelson
A cidade mais ensolarada da Nova Zelândia e também porta de entrada do de um dos parques
mais famosos do país, o Abel Tasman Nacional Park, conhecido por sua beleza única. Um local para
a pratica da caminhada e de sea-kayak.
Queenstown
Com uma localização previlegiada rodeada de montanhas e pelo lago Wakatipu, é conhecida como
o melhor ponto de esqui do país e possui uma paisagem lindíssima a qualquer época do ano.Quem tiver
coragem para pular, é o centro do bungee jumping. Há opções que vão do ponto mais baixo, os 43
metros da ponte do rio Kawarau, até o mais alto, o Nevis, com 134 metros no meio dos canyons. Além
de aguçar a adrenalina, ainda pode comprar um DVD onde virá registrada a sua façanha.
Rotorua
Localizada na região Norte, Rotorua é o centro da cultura Maori e possui piscinas de lamas e
geysers, freqüentes do cenário Norte da Ilha. E justamente por isso, a cidade inteira possui um cheiro de enxofre. Green Lake e Blue Lake são lagos de cores incríveis que você encontra lá.
Christchurch
Uma das cidades mais procuradas pelos jovens, Christchurch tem grande população e é famosa por seus jardins, bem como, por sua semelhança com a Inglaterra. Christchurch possui uma das
principais universidades da Nova Zelândia. A cerca de uma hora, fica a cidade de Kaikoura popular
entre os turistas, porque la é possível avistar baleias e também surfar.
Fontes de pesquisa: Wikipédia e Revista 180º
turi smo
tur i sm o
“Eu tinha acabado o segundo grau e concluído alguns
cursos, havia iniciado um intensivo de inglês, nada impedia
de buscar minha independência em um outro lugar, eu tava disposto a dar um peitaço”, comenta Magayver. Em algumas regiões, o Ministério da Agricultura regulariza a situação dos estrangeiros, mas este órgão não emite essa permissão de trabalho fora do país. Para não correr o risco de
ser barrado, o jovem deve entrar no país para turismo ou
estudo, e só depois pegar a permissão de trabalho agrícola.
Em alguns casos, os fazendeiros ajudam o trabalhador a
conseguir um CIC local, bem como a abrir uma conta no
banco. Devido a tantas vantagens, aumenta cada vez mais
o número de brasileiros viajando para a Nova Zelândia, e
por este motivo a imigração esta mais rigorosa.
Algumas pessoas viajam sem nenhuma preparação e
acabam não conseguindo entrar no país. O viajante não deve
levar muitos pertences pessoais, o excesso de bagagem pode
dar a impressão que o turista pretende ficar no país.É muito
importante possuir um vínculo com o seu país, como um
emprego eu curso, no qual tenha que retomar, bem como
conhecer os pontos turísticos que pretende visitar. E para estes casos é sempre bom portar filmadora ou câmera fotográfica para registrar os melhores momentos. Viajar com grupo
de amigos pode ser perigoso, pois todos devem saber na ponta da língua os lugares que irão visitar. Se algum contar um
detalhe diferente, pode acabar com o passeio de todos. E foi
justamente por este motivo que Magayver foi impedido de
entrar no país. “Eu sabia que se ficássemos juntos, poderiam
dificultar nossa entrada no país. Já havia lido que viajar com
um grupo de amigos era um ponto negativo no aeroporto,
mas pela falta de experiência, insistimos de ficar juntos”.
Como turista, o viajante não tem que se preocupar com
seguro de vida ou vacina de febre amarela, pois o país se
responsabiliza. Permanecendo até três meses, os brasileiros
não precisam de visto, apenas do passaporte brasileiro. “È
importante apresentar para a imigração a passagem de volta com retorno para no máximo três meses”, continua Magayver. “Chegando ao aeroporto passamos em um guichê
para obter o visto, questionaram o motivo da nossa viagem,
se havíamos levado dinheiro suficiente, se conhecíamos
alguém e para onde iríamos”, completa Magayver. Saindo
do guichê, foram encaminhados a uma entrevista, e, após
onze horas no aeroporto, receberam a pior notícia. “A imigração acredita que você não é um turista genuíno”. Tentaram apelar com o Consulado, mas foi em vão. “A volta foi
frustrante, fiquei arrasado, tudo o que havia planejado tinha
ido por água abaixo, passamos 16 horas no avião sem trocar
uma palavra, passou tudo pela minha cabeça.” Muitos jovens falham por inexperiência, “apesar de não termos conseguido, a experiência foi válida, com certeza estaremos
mais preparados para enfrentar uma próxima viagem”.
Universo IPA | Julho 2007
Christiano Borges
Em matéria de beleza são muitas as opções, de lagos e montanhas à praias paradisíacas
A vida na Nova Zelândia é o objetivo de muitos jovens sul americanos, além de ser muito legal para brasileiros trabalharem e estudarem
por lá, ainda podem estar em contato com exuberantes paisagens. Foi com este intuito que
Magayver Noal, 18 anos, juntamente com dois
amigos embarcaram para a Nova Zelândia.
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Turismo
nos Pampas
É o meu Rio Grande do Sul,
Céu, sol, sul, terra e cor, onde tudo que
se planta cresce e o que mais floresce
é o amor... E o turismo (Autor: Jader Moreci Teixeira)
Letícia Rebordinho
Considerado um dos Estados mais hospitaleiros do Brasil, o Rio Grande do Sul é conhecido por ter um povo valente que não foge à
guerra. Possui papel marcante na história com
a Revolução Farroupilha, maior guerra civil do
país. Reconhecido também por suas belas
mulheres, que trazem características de miscigenação diversificada e de pessoas cultas
que sabem receber seus visitantes com bom
papo regado a churrasco e chimarrão. Quando se fala em turismo, a primeira idéia que se
tem é da Serra Gaúcha. “O Rio Grande de Sul
é conhecido pelas suas cidades da Serra, sendo os locais mais solicitados e visitados por
clientes de todas as regiões do Brasil,” informou a responsável pelo departamento de
eventos da agência de turismo Fellini e gra­
dua­da em hotelaria pela FARGS, Suelen Glapinski. O Estado também é visitado, anualmente, por cerca de 1,5 milhões de pessoas
de fora do Brasil, a maioria sul-americanos. “As
agências de Turismo e Viagens desenvolvem
atividades ligadas ao turismo e, pelo conhecimento técnico e experiência de seus profissionais, focaliza sua atuação na recepção dos
viajantes que chegam ao Rio Grande do Sul,
em grupos ou individualmente, na busca de
alternativas de lazer, de negócios ou para participar de eventos,” comenta Glapinski.
Visitantes da Europa e América do Norte
estão chegando em número cada vez maior,
fascinados por uma cultura única, belezas naturais e excelente rede hoteleira. O Rio Grande
do Sul é um Estado para ser visitado em qual-
quer estação do ano, por sua gama de roteiros
turísticos. Turismo familiar, nas férias e finais de
semana; turismo religioso, com um organizado calendário de festividades e visitas; turismo
gastronômico, proporcionado pelas diversas
regiões de imigração e colonização; turismo
rural, ambientado em estâncias e fazendas,
com cavalgadas e vivência no ambiente cotidiano do gaúcho do campo são algumas das
opções. Há também turismo ecológico, pela
riqueza das reservas naturais; turismo de negócios, pelas cidades de excelente infra-estrutura para seminários e workshops e turismo
esportivo, que vem ganhando força, com diferentes modalidades como o rafting, as corredeiras, balonismo e o montanhismo, atraindo visitantes de todo o mundo.
Capital tem 1.360.590 habitantes
Universo IPA | Julho 2007
Arquivo / Sehadur
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A capital do Rio Grande do Sul é uma sofisticada metrópole que conta com centros
de convenções, infra-estrutura hoteleira de
alto nível, shoppings centers, aeroporto de
categoria internacional e espaços para shows
musicais, teatrais e de dança.
Localizada junto ao lago Guaíba, reconhecido popularmente como Rio Guaíba de lindo
por do sol, com uma orla com diversos pontos
de referenciais, como o Cais do Porto, a Usina
do Gasômetro, a avenida Beira Rio, o Anfiteatro Pôr-do-sol, o Estaleiro Só, o Iate Clube Guaíba, o clube Veleiros do Sul e Jangadeiros entre outros. O gaúcho da capital é apaixonado
por sua cidade e, quem não é, fica sendo. “Sou
natural de São Sepé, vim para Porto Alegre
estudar em 1979. Hoje tenho minha família
toda aqui. Vou a minha cidade natal apenas a
passeio de no máximo três dias. Sinto falta de
Porto Alegre, quero morrer aqui,” comenta a
professora aposentada Leci Andrada.
Considerada uma das cidades mais arborizadas do Brasil, com uma população de
consciência ecológica e consequentemente
lindos parques como Parque Farroupilha, Parque Saint Hilaire, Parque Marinha do Brasil,
Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Parque
Harmonia), Parque Moinhos de Ventos (Parcão), Parque Mascarenhas de Moraes e Parque
Chico Mendes entre outros.
Outros pontos turísticos de Porto Alegre:
Mercado Público Central, Chalé da Praça XV,
Largo Glênio Peres, Museu de Arte do Rio
Grande do Sul (MARGS), Palácio Farroupilha,
Teatro São Pedro, Casa de Cultura Mario Quintana e Estádio Olímpico e Beira Rio.
Além destes locais, que gosta de contato
direto com a natureza pode visitar a Ilha da
Pintada, o Jardim Botânico, a Reserva Biológica do Lami, os morros: Santana, do osso, São
Pedro. E aos domingos, o Brique da Redenção,
entre outros locais já citados.
Divulgação
Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha e Garibaldi são as principais cidades da
Rota do Vinho e da Uva. As distâncias entre
elas são pequenas, em rodovias urbanizadas
e bem sinalizadas. É um roteiro turístico consagrado no Rio Grande do Sul, cuja porta de
entrada é a cidade de Caxias do Sul, abrangendo mais de duas dezenas de outras cidades de
forte influência da colonização italiana.
turi smo
Considerada um paraíso dos românticos, a Serra Gaúcha oferece opções para todos os tipos
de turistas. Gramado e Canela são clássicas e internacionalmente reconhecidas. Mas a lista se
estende com Nova Petrópolis, Garibaldi, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha, Carlos
Barbosa, São Francisco de Paula, Cambará do Sul, São José dos Ausentes, entre outros.
Rota do
Vinho e
da Uva
tur i sm o
Serra Gaúcha
Caxias do Sul
360.420 habitantes
Gramado
28.593 habitantes
Emoldurada por um cenário natural belíssimo e uma das melhores vistas da Serra Gaúcha, Canela caracteriza-se pela modernidade
e preservação da natureza. Historicamente, ficou reconhecida por redescobrir seu rumo, já
que sua história turística teve inicio nos anos
40 com casas de jogos e Cassinos. Em 1945,
sofreu um grande golpe, pois foi proibido o
jogo no Brasil e a cidade tinha sua estrutura
turística direcionada. A gastronomia canelense é famosa por Cafés Coloniais de deliciosos
chocolates quentes e licores caseiros. A população com desenvolvimento cultural de herança européia, valoriza a música, teatro e gastronomia característicos da colonização alemã
e italiana. A Cascata do Caracol tem um arroio
no formato do animal em uma altura de
131metros e é considerado um dos pontos
turísticos mais visitados do Brasil. Localizado
em um parque com diversas trilhas ecológicas,
estrutura para lazer, lojas de artesanato e uma
escadaria de 927 degraus que leva ao topo da
cascata a uma visão inesquecível. A Igreja Nossa Senhora de Lourdes, conhecida como Catedral de Pedra é o segundo ponto mais visitado
de Canela. No estilo gótico inglês, revestida
em basalto, apresenta uma torre de 65 metros
de altura, com um carrilhão de 12 sinos.
Outros pontos turísticos de Canela: Parque do Caracol, Parque da Ferradura, Parque
da Fazenda, Parque do Pinheiro Grosso, Alpen
Parque, Parque de Pedra, Parque das Sequóias,
Museu do Automóvel Anos Dourados, Rafting
Rio Paranhana, Mundo a vapor, Castelinho, Aldeia Mamãe Noel, Casa dos Bonecos, Morro
Pelado entre outros.
Identificada internacionalmente como
coração da Serra Gaúcha e palco de grandes
eventos como o Festival de Inverno e Festival
de Cinema, onde o prêmio é o famoso KIKITO,
Gramado tem uma arquitetura colonial típica
alemã e italiana predominantes. Com a economia voltada para o turismo, a cidade recebe
anualmente 2,5 milhões de visitantes em diversas épocas do ano. Suas ruas são enfeitadas no inverno pela tão esperada neve e no
verão pelos jardins com numerosas hortênsias. A mistura das colonizações faz da cidade
um destino pitoresco e romântico, que sem
dúvida a caracteriza como a principal cidade
serrana turística do estado. Outro evento reconhecido no país é o “Natal Luz”, onde a cidade entra literalmente no clima do Natal. As
festividades do evento iniciam em outubro e
se estendem até janeiro, com grande pico de
visitantes nas datas natalinas. O Natal Luz, um
dos maiores eventos natalinos no mundo, encanta com shows de fogos, som e luzes, além
dos emocionantes desfiles. É inesquecível por
que oferece verdadeiros espetáculos, que fazem brilhar os olhos.
“O Rio Grande de Sul
é conhecido pelas
suas cidades da Serra”.
Outros Pontos Turísticos de Gramado: Parapente (Paraglider), Mini Mundo, Museu Serrano, Museu de Perfume, Aldeia do Papai Noel, Lojas de Móveis de Gramado, Loja de cristais, Fábricas de Chocolate entre outros.
Garibaldi
350.000 habitantes
Denominada em homenagem ao “herói
de dois mundos”, o italiano Giuseppe Garibaldi, a cidade foi colonizada inicialmente por
imigrantes italianos, mas teve forte influência
da cultura francesa, transmitida pelas congregações religiosas, responsáveis pela educação de seus habitantes por décadas. Localizada a 105 quilômetros de Porto Alegre a 640
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Canela
33.612 habitantes
A cidade historicamente foi colonizada
por índios e denominada “Campo dos Bugres”.
Em 1975, deu-se a ocupação por camponeses
imigrantes italianos, recebendo o nome de
Colônia de Caxias. Em sua evolução econômica e industrial predominou o cultivo da Videira e a Produção de Vinho, para consumo e
para comercialização. Atualmente, a cidade é
um pólo centralizador e considerada a “Capital
da Montanha”. Segundo Glapinski o turismo
de negócio tem crescido muito nos últimos
tempos, ampliando a procura por Caxias do
Sul, que antes era menos procurada para esta
linha de turismo. A primeira Festa do Vinho
aconteceu em 1931, dando inicio ao reconhecimento como berço do turismo relacionado
ao vinho. Também localizada na região dos
vinhedos, tem como atração principal o Parque da Fenavinho, onde acontecem feiras,
eventos esportivos e culturais. Com infra-estrutura voltada ao turismo, o povo bentogonçalvense é hospitaleiro e propicia turismo gastronômico, de lazer, rural e econômico.
Outros locais relacionados ao turismo são
o Caminho das Pedras, Passeio de Maria Fumaça, Parque Temático Epopéia Italiana, Museu Histórico Casa do Imigrante, Jeep Aventura, Rafting, Parque Dall Pizzol entre outros.
31
turi
tur
i smsmo
o
metros de altitude, é reconhecida turisticamente de “Terra da Champanha”. Em função
da bebida, é realizada anualmente a famosa
Fenachamp. O evento acontece neste ano de
19 de setembro a 7 de outubro e completa
sua 10° edição. Segundo o Presidente da Fenachamp, Gilberto Petrucci, a expectiva de
público para 2007 é de 40 mil visitantes. “O
diferencial da Fenachamp é a diversidade de
opções de diversão. A festa é uma “grande
champanharia”, com espaços para a gastronomia, comércio local, espetáculos de danças,
teatros, circos, feiras, cursos, oficinas, desfiles
de carros alegóricos entre outros. Teremos espaços infantis com recreação, brinquedos infláveis e internet, todos gratuitos, a fim de
possibilitar o aproveitamento da festa por
parte dos adultos. O espaço disponibilizado é
de trinta vinícolas, trinta expositores e quinze
agrícolas, entre elas marcas conhecidas como
Chandon e Peterlongo,” comentou Petrucci.
Cambará do Sul
7.000 habitantes
Com nome de origem tupi guarani e significado de “folha de casca rugosa”, Cambará é
uma típica árvore da região, com poderes medicinais no combate a gripes e tosses fortes.
Além de ser conhecida como a “Terra dos Cânions”, é campeã no ranking de baixas temperaturas. Localizada em uma região dominada
pelos campos ondulados do planalto da Serra
Geral, sua principal atividade econômica é a
pecuária e exploração de madeira. Com altitude de 980 metros, nos meses de junho a agosto a temperatura se aproxima a 8ºC negativos,
com freqüentes ocorrências de nevascas. Situada sobre rochas vulcânicas ácidas da Fácies
Palmas e a 186 km de Porto Alegre, integra a
rota turística dos “Campos de Cima”. Os Cânions
Itaimbezinho, Malacara e Fortaleza são os mais
conhecidos, pois foram cenários de campanhas publicitárias e novelas como “Chocolate
com Pimenta” e a mini série “A casa das Sete
Mulheres” da Rede Globo. Com deslumbrantes
aspectos da paisagem do planalto, Cambará
vem adquirindo crescente desenvolvimento
no turismo de aventura como o passeio em
quadriciclos, tirolesas, rapel e trekking.
Outros pontos turísticos: Cânions Rio
Leão, Churriado, Lajeado da Margarida, Vale e
Cachoeiras Xokleng e Tio França, Furnas Indígenas, entre outros.
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3.104 habitantes
Localizada ao extremo nordeste do Estado
e reconhecida pelo turismo rural, a cidade
apresenta famosos paredões que servem de
marco divisor do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em principio, pertencia à cidade vizinha
de Bom Jesus e era o maior latifúndio do Estado, com mais de 1.000 km² de área. A história
conta que seus primeiros donos, ainda no século 18, não assumiram as terras, que acabaram sendo leiloadas duas vezes pela ausência
dos proprietários. Esta é a origem do nome São
José dos Ausentes. Vive da pecuária extensiva,
do cultivo da batata e maçã, do reflorestamento e do turismo, principalmente o de aventura.
As trilhas das cachoeiras, Cachoeirão dos Rodrigues, Cascata do Perau Branco, Monte Negro e
Desnível são as mais procuradas, propiciando
caminhadas, banhos de rios e cachoeiras e
trekking. Outras atividades são a Pesca Esportiva e o Mula Trekking, que percorre as antigas
trilhas usadas pelos tropeiros para intercâmbio
de produtos coloniais. A maioria dos visitantes
se encantam com as pousadas rurais, localizadas fora da cidade.
Divulgação
Turismo
no litoral
O Litoral Norte do Rio Grande do Sul é formado por 24 municípios, sendo 13 litorâneos
e 11 na encosta da Serra Geral. A mistura da
Serra com o mar cria uma paisagem desenhada por dunas, guaritas, encostas, cachoeiras,
cascatas, rios e trilhas em meio a Mata Atlântica que favorecem o ecoturismo o ano todo.
Com temperaturas que atingem 40 C durante o verão, a região forma um pólo de
aventura, com atividades que vão desde escaladas, rapel, vôo livre, balonismo, ciclo turismo, rafting, sand board e passeios náuticos.
O turismo rural também é desfrutado no
litoral gaúcho, com calvalgadas nos diversos
engenhos e alambiques onde é possível degustar cachaças artesanais, licores e os típicos cafés
coloniais. As praias mais conhecidas e procuradas são Tramandaí, Capão da Canoa e Torres.
Considerado o município praiano mais procurado por veranistas, Torres está localizada a
197 km de Porto Alegre e a poucos quilômetros
da divisa de Santa Catarina. A cidade recebeu
este nome devido à existência de três rochedos
de origem vulcânica que afloram à beira mar.
Sua infra-estrutura de metrópole oferece muitas opções de lazer e entretenimento. Com mar
propicio a prática de Surf, é um paraíso em meio
São José dos Ausentes
à natureza, preservados pelos nativos e turistas.
Segundo o diretor de Planejamento Turístico de
Torres, Fernando Mattioni, a população fixa da
cidade é de aproximadamenta 35.000 habitantes e no verão aumenta para até 300.000, nos
finais de semana de pico.
A cidade tem na sua bandeira as duas principais vocações que são o turismo e a agricultura. ”O turismo é muito importante para Torres, mas é preciso acabar com a concepção de
apenas ser local de turismo com sol e mar e é
nesse sentido que trabalhamos. Buscamos outros tipos de mercados dentro deste segmento, tais como o turismo de aventura, turismo de
eventos e formação de roteiros. As principais
rotas são Torres e Morro Azul, Torres e Cânions
da Serra Geral e Torres e Serra do Rio do Rastro,
todos com a finalidade de atrair visitantes fora
da temporada de verão,” comenta Mattioni.
O Festival de Balonismo realizado em Tor-
res é o maior evento do município e da América Latina, reunindo cerca de 40 equipes vindos
de quatro cantos do mundo. “Montamos uma
mega estrutura para receber balonistas e visitantes, que lotam as dependências do Parque
Municipal de Exposições Odilo Weber Rodrigues,” explicou Mattioni. Várias atrações paralelas complementam a programação como Motocross, Shows de Acrobacias Aéreas, Feira de
Artesanato além dos shows nacionais e festas
que acontecem principalmente à noite no parque. O turismo ecológico também está em ascensão, com roteiros e trilhas de Ecoturismo.
Outros pontos turísticos: Rio Mambituba
e meandros, Ilhas dos Lobos, Parque da Guarita, Roteiro de Pesca Ecológica, Furnas, Torre
Sul, Arqueológicos, Morro da Itapeva, Praia
Grande, Praia do Cal, Prainha, Morro do Farol,
Lagoa do Violão e Igreja Matriz São Domingos,
entre outros.
c omp or tame nto
um novo mundo é possível
c om por ta m e nto
Nas cores do arco-íris
Manoela Rysdyk
Socos, chutes e pontapés vinham de todos os lados. O adestrador
de cães Edson Neves, estava passeando de mãos dadas com o seu
namorado, perto da estação república do metrô de São Paulo, quando começou a ser agredido por um grupo de jovens. O namorado
correu para fugir do ataque. Neves foi espancado até a morte. Ao
serem interrogados pela polícia sobre o motivo da agressão os jovens responderam que a unica razão por Neves ter apanhado foi por
ser gay. Agressões como essa são muito comuns em todo o Brasil e
são chamadas de homofóbicas.
A orientação sexual é uma construção cultural. Muitos ativistas
do movimento Gay dizem que nós somos adeptos da teoria construtivista, onde a sexualidade é uma construção cultural. Naturalmente, seríamos muito mais livres, sexualmente, se não fosse nossa cultura. No SiriLanka, por exemplo, é possível encontrar uma realidade
muito distante da brasileira. No país, os homens gozam de uma liberdade muito maior do que a das mulheres. Eles andam de mãos
dadas, abraçados, se beijam na face e até na boca, mas é proíbido
ser homossexual. Você pode até fazer sexo oral com o seu parceiro,
mas não pode haver sexo anal. A sexualidade para eles se reduz à
penetração anal. Não havendo isso, todo resto pode. Para o srilanquês, os amigos são para toda a vida. Muitas vezes o marido convida um amigo intimo para jantar na casa do casal, enquanto a mulher prepara o jantar os dois trocam carícias, e depois ela os serve.
Isso não é agressivo, faz parte da cultura. Mesmo que a mulher os
terossexuais. Essa é uma construção cultural da sexualidade.
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encontre fazendo sexo oral, isso é normal, faz parte das práticas he-
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ormtame
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por ta
e nto nto
O arco-íris tornou-se o mais
conhecido símbolo da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) no mundo.
Elaborado pelo artista plástico
Gibert Baker, para a parada do
orgulho gay em São Franscisco,
no ano de 1978. O Vermelho representa vida. Laranja a saúdecura. Amarelo o sol. Verde a natureza. Azul harmonia. Violeta a
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espiritualidade.
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Tanto Porto Alegre como a região Sul são
locais de vanguarda na conquista de direitos
de minorias no Brasil. A capital gaúcha foi uma
das primeiras a incluir na lei orgânica o direito
a livre orientação sexual. O que acontece muitas vezes, e que por essas leis não serem aprovadas em nível federal alguns Estados acabam questionando sua legitimidade. Dois
grupos que atuam em Porto Alegre prestando serviços diversos aos homossexuais, têm
posições divergentes a respeito da homofobia. O NUANCES diz que a educação e conscientização são fundamentais para a diminuiçao dos casos. O SOMOS afirma a necessidade
de um dispositivo legal para começar a resolver o problema.
Para o Grupo Nuances, a solução esta na
discussão aberta do assunto. “O movimento
Gay brasileiro é basicamente conservador.
Pois, por exemplo, em relação a homofobia
ele acredita que prendendo as pessoas e a
forma de resolver o problema, mas não vai”,
ressalta Laurenci. O grupo diz que uma reeducação e fundamental.
“Estamos no meio de um processo de negociação”, afirma o coordenador de projetos
do SOMOS Cleber Vicente Gonçalves, pois a
lei que criminaliza a homofobia ja passou pelo Congresso Nacional e agora esta tramitando no Senado. O grupo diz que encontra muito resistência no Senado, mas espera ter a lei
promulgada pelo presidente da república e,
assim, ter o preceito legal que garanta direitos
de gays lésbicas e simpatizantes.
A realidade brasileira
O Brasil é campeão mundial de assassinatos de homossexuais. A cada três dias um é
barbaramente assassinado, vítima do machismo e da homofobia. No Brasil, se mata mais
do que no Irã e Iraque onde a homossexualidade é pena capital e as pessoas são mortas
por apedrejamento e enforcamento em praça
pública. Não existe uma precisão nos dados,
pois 95% dos homossexuais do Brasil ainda
vivem na clandestinidade, não são assumidos
e temem registrar queixa quando sofrem alguma discriminação. Isso muitas vezes acontece pois o preconceito parte também do
poder público. Como relatado pelo Coordenador de projetos do SOMOS, dois jovens estavam em Salvador na beira da praia observando o mar, quando policias se aproximaram
e ordenaram que os dois tirassem a roupa e
começassem a nadar. Um dos jovens disse
que não poderia entrar, pois não sabia nadar.
Mesmo assim os policiais, os forçaram a entrar
na agua. Um dos jovens morreu afogado.
Entre 1980 a 2004, foram 280 casos de
assassinatos motivados por preconceito por
orientaçao sexual, só na Bahia, informa o
presidente do Grupo Gay da Bahia (CGB)
Marcelo Cerqueira. Os dados fazem parte de
um dossiê elaborado anualmente pelo grupo, que indica os diversos tipos de violência
praticado contra homossexuais, desde
agressão e insulto verbal, até violência relacionada ao extermínio.
“Constatamos que a onda de homofobia
aumenta a cada dia”, diz Cerqueira informando que um dos objetivos do dossiê é pressionar as autoridades a criar leis que garantam os
direitos dos gays e implementar projetos. O
professor de antropologia e diretor da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais (ABGLT) Luiz Mott, afirma que a justiça no
Brasil é muito lenta e pouco solidária as minorias sociais, pobres e discriminados. As condenações por racismo são raras. Mesmo assim, o
movimento homossexual já conseguiu algumas vitórias, como a retirada do ar de uma
propaganda de sapataria em Salvador cujo
Fotos: Manoela Rysdyk
No mundo
Um dos projetos que o SOMOS está desenvolvendo é de levar as Organização das
Nações Unidas (ONU), a inclusão na carta das
nações o direito a livre orientação sexual. Segundo Gonçalves, quando o grupo começou
a fazer a articulação no âmbito da ONU, perceberam que alguns paises estavam totalmente contra. Entre eles o Afeganistão, Iran,
Índia, Siri lanka, Iraque, Egito e Jamaica. Até
bem pouco tempo, o Chile fazia parte dessa
lista, pois a constituição daquele país proíbia
a homossexualidade. Mas a questão dos países do Oriente Médio era mais delicada para
o Brasil, pois eles ameaçaram o rompimento
de relações comerciais caso essa resolução
fosse apresentada pelo Brasil. A resolução tem
de ser apresentada por um país membro, então o que estava acontecendo era apenas a
articulação para que isso fosse efetivado.
O Brasil continuou tentando, mas com a
pressão dos países seria muito difícil de passar
na ONU. Começaram as articulações na Organização dos estados Americanos (OEA) que
ficou mais fácil com a retirada o artigo da constituição do Chile, pois agora apenas a Jamaica,
nas Américas, tem posicionamento contra. Já
a posição da Jamaica é ambígua, porque ela
proíbe a homossexualidade masculina e a feminina não. Ou seja, é possível ser lésbica mas
não gay. Para o SOMOS, aí esta uma brecha
para entrar com uma resolução por aqui.
As resoluções tem peso de lei em todos
os Estados membros. Esse ano, na Rússia, alguns ativistas tentaram organizar a primeira
parada gay do país, e foram agredidos por várias pessoas que se mostraram contra. Entre
os contrariados estava o prefeito de Moscou,
que chegou às vias de fato com os manifestantes. Se a lei tivesse sido aprovada na ONU,
mesmo sem nenhuma legislação que ampare
os Gays na Rússia, os homossexuais que foram
agredidos poderiam entrar na justiça. Tendo
como base a resolução das Nações Unidas e
buscar algum tipo de reparação por parte do
governo Russo.
Homofobia é o ódio, a aversão à homossexualidade. É o sentimento que um idividuo manifesta
diante de um homossexual. Glademir Laurence, do
Grupo Nuances, agrega ainda ao conceito as palavras repulsa e desprezo . A manifestação de homofobia pode acontecer de várias maneiras, a verbal é
muito comum. Uma piada envolvendo palavras mal
colocadas, como bixinha, mariquinha também são
classificadas como homofóbicas. Quando criança, o
jornalista Rafael Menezes, chegou a ser agredido
fisicamente por seus colegas de aula e excluído do
grupo. Por isso, muitas vezes teve medo de ir a aula,
mas nunca falou nada porque tinha vergonha de
conversar sobre o assunto com seus pais. “Na adolescência as agressões eram verbais e depois de
adultos insinuaçoes preconceituosas”, relata Menezes. É muito comum essa discriminação começar
dentro de casa. Partindo da família os primeiros contatos com a homofobia. Muitas vezes a falta de diálogo, por vergonha ou medo é o fator crucial. Educação e consciência são peças chave para combater
qualquer tipo de racismo e discriminação racial.
Homofobia, racismo, discriminação por etnia
ou orientaçao sexual são sentimentos que, aliados
a ações, resultam em práticas violentas . Onde o
agressor se sente invadido ou lesado moralmente,
comete atos bárbaros. O agredido por sua vez, alem
de ser machucado fisicamente, psicologicamente
falando pode ter sequelas irreversiveis. lembranças
que dificilmente sao sicatrizadas.
“Eu estava em uma parada da minha cidade,
esperando o ônibus. Um carro se aproximou, estava
cheio de homens, uns quatro. Eles perguntaram:
-Tem fogo, seu veado?
Eu respondi:
- Não, não fumo!
Meus amigos sempre me disseram que eu era um
pouco afetado, sabe. Assim, afemidado. Então, acho
que eles perceberam e por isso me espancaram. Eu
acoredei no hospital. Fraturei uma costela, fiquei cheio
de ematomas. Mas o pior foi o medo. As lembranças
demorarm pra sair da cabeca, na verdade acho que
nunca sairam. Elas vivem me assombrando”.
c omp or tame nto
Em 2006, o SOMOS apoiou a escola de
Samba Filhos da Candinha, do bairro Partenon, de Porto Alegre. A escola contou a historia da homossexualidade desde os gregos até
os dias de hoje, com o enredo “Nas cores do
arco-íris um outro mundo e possível”. A ONG
deu suporte e ajuda na construção da história.
Por terem escolhidos esse tema, a escola perdeu toda a rede de apoio que tinha. As lojas
de ferragem, marcenaria que ajudavam na
construção dos carros retiraram o apoio para
que os Filhos da Candinha, mudassem de tema. Porém, eles não mudaram. Insistiram em
Homofobia?
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Em Porto Alegre
falar no assunto e o SOMOS juntamente com
as diversas ONGs que integram o fórum GLBT
de Porto alegre apoiaram no que foi possível.
“Ficamos muito orgulhosos com a coragem
deles”, diz Gonçalves. O grupo ajudou a construir carros alegóricos, montar alegorias e na
elaboração do samba enredo. No dia do desfile de Carnaval, no Complexo Cultural Porto
Seco, foi organizado uma parada Gay onde
muitas pessoas compareceram e desfilaram
na última ala. Assim, a escola da Zona Leste de
Porto Alegre, chegou em primeiro lugar no
grupo de acesso B do carnaval 2006 e subiu
para o grupo das escolas especiais.
(Relato de um homossexual que não quis se identificar).
Veja algumas organizações, grupos, ONGs
que prestam serviços e ajuda a sociedade:
NUANCES - Grupo pela livre expressão sexual
Rua Rui Barbosa,220 sala 51 - Centro
Porto Alegre - Fone: 32863325
www.nuances.com.br
SOMOS - Comunicação, saúde e sexualidade
Rua Jacinto Gomes, 378 - Santana
Porto Alegre - Fone: 32338423
www.somos.org.br
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vendedor ameaçava um gay com um revolver, ou o motel em Porto Alegre que não aceitou casal gay e por isso foi multado. No Brasil,
76 municipios têm leis orgânicas que proíbem a discriminação por “orientação sexual”.
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Dan
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Ela passa por inúmeras tribos e
sempre faz sucesso. Não importa
a ocasião, sempre cai bem
A magia
da peruca
em diversas faces
Universo IPA | Julho 2007
Daniela Protti
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É uma idéia que literalmente já passou pela cabeça de muitas pesNa maioria dos casos, a peruca é procurada por pessoas que persoas, seja por vaidade, necessidade, trabalho, questão de saúde ou por
deram o cabelo em função de doenças, como o câncer. Mas também
curiosidade mesmo. A peruca surgiu na França, no séc. XVII quando o
é utilizada para trabalho, como é o caso da drag queen Letícia Dumont,
rei francês Luís XIV ficou calvo e, para completar, um surto de piolho
38 anos. Dumont trabalha nesse ramo a sete anos e considera a peruocorreu na região obrigando toda a população a raspar a cabeça, inca um acessório essencial em suas performances. Em suas apresentaclusive os nobres, que não gostaram da idéia e pasções usa uma vermelha curta e uma loira comprida
saram a usar as famosas perucas brancas, que pos“Muitos profissionais e acredita que o acessório serve para encantar as
teriormente tornaram-se um símbolo de riqueza.
pessoas. “Eu coloco a peruca para ganhar dinheiro,
que viajam,
Hoje ela existe em várias formas, para diferensomente para trabalho” comenta Dumont.
tes estilos e finalidades. Não é uma peça muito
Algumas mulheres usam esse artifício na busca
mudam a peruca”.
barata, pois, separar mecha por mecha e depois
da praticidade, é o que conta atendente de uma locosturar fio a fio em uma tela não é uma tarefa muito fácil. Ainda mais
ja de perucas, Marisa Costa. Ela disse que algumas mulheres, que têm a
quando feita de cabelo natural, é o que conta Valesca Grasiela Novida corrida entre congressos e viagens, usam para não perder tempo
witski , 22 anos, que trabalha em uma loja especializada na confecção
em cabeleireiro. “Muitas profissionais que viajam mudam a peruca – sode perucas, que é tradição da família.
be no hotel, larga a mala, bota a peruca, desce e vai para o congresso”.
c omp or tame nto
c om por ta m e nto
volve apenas a vergonha ou a vaidade feminina, mas sim o respeito
Mas não são só as mulheres que usufruem da praticidade e conpara com as outras pessoas “é uma agressão e inspira pena. O sentiforto que o cabelo artificial proporciona. Os homens também buscam
mento de piedade é muito ruim para quem está doente, não ajuda
sentir-se bem e elevar a auto estima.
em nada.”, desabafa.
Alex Fontoura de 33 anos, começou a ficar calvo aos 23 e sempre
A peruca loura, semelhante ao seu cabelo natural,
usou boné para disfarçar. Mas o inconveniente do uso
trazia a Jussara de antes da doença, já a escura, usava
do boné é deixar a aparência muito casual. Então Alex
“A peruca
para se divertir. Conta que punha o cabelo escuro e um
raspou o cabelo e, ainda assim se incomodava, pois acha
sozinha não é
óculos de sol, quando não queria ser reconhecida na
feio o formato da sua cabeça. Ele conta que chegou a
rua. Muito extrovertida as brincadeiras faziam parte de
sofrer preconceito de mulheres quando descobriam que
nada, a gente
seu cotidiano, quando as pessoas a olhavam demais,
era calvo “as meninas não saiam comigo”, desabafa.
que veste ela”.
ameaçava tirar a peruca “vou dar um susto e acabar
Uma opção para os calvos é a prótese capilar, tratacom essa alegria”, risos.
se de uma peruca que tapa exatamente a falha de caAssim foi lidando com a doença, de uma forma bem humorada,
belo e vai entrelaçada ao restante. Fontoura acredita que sua vida
não se deixou abalar “levei essa faze não na brincadeira, mas procurei
mudou depois de colocar a prótese a auto estima melhorou “eu gosto
explorar o lado cômico e o trágico deixei para trás”.
de levantar de manhã e arrumar o cabelo” argumenta. Mas Fontoura
Nunca escondeu que usava peruca, para quem perguntava tinha a
conta que já passou por situações constrangedoras e engraçadas por
resposta verdadeira, apesar de que nem todos desconfiavam e ainda
conta da peruca, com pessoas que o conheceram careca e quando o
tinha gente querendo saber qual a tintura que ela usava. A tranqüilidade
viram com cabelo estranharam, perguntaram se ele havia posto cabeque tinha em contar que o cabelo não era seu, vinha da
lo, ele não conta que usa e completa “pessoas que usam dentadura
certeza que ela tinha de que a situação era pronão saem dizendo que usam, é uma questão pessoal” a
visória “nunca pensei em usar para sempre,
curiosidade é grande e as perguntas mais freqüentes
nem em encerrar a mina vida ali.”.
são: é caro? ela cai? pode mergulhar? E haja paciênDe certa forma, essa fase difícil
cia! Fontoura é um homem realizado com o seu
teve seu lado bom e com a certeza
cabelo, não se importa com o que as pessoas
a peruca foi a protagonista de
pensam a respeito da peruca que usa e commuitos momentos descontraípleta “por mais desconfortável que seja, eu
dos no meio do sufoco. Com
não vou tirar, porque me faz bem!”
tanta energia para encarar essa
Quando se trata de doença as coisas
passagem de sua vida, Bichnão são tão simples. Mas não é o caso
holz acha que a peruca em si
da professora Jussara Palestina Buchnão diz muita coisa “a peruca
holz, 53, que teve câncer há dois anos.
sozinha não é nada, a gente
Antes de começar a perder o cabelo,
que veste ela”, quem faz o
por causa da quimioterapia, procuespetáculo não são apenas
rou o cabelo artificial. Buchholz
acessórios.
acredita que a questão não en-
Universo IPA | Julho 2007
tti
la Pro
Danie
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O céu não é o LIMITE. Visitas diárias, anotações,
máquinas fotográficas, filmadoras e
muito ENTUSIASMO marcam estes
AFICCIONADOS pela aviação e
suas máquinas voadoras
Fotos: Daniela Rubin
Radares ambulantes
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Daniela rubin
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Uma rua e uma tela. Uma divisão. Separam os olhares curiosos e as máquinas. Homens, mulheres e crianças compartilham geralmente aos finais de semana, na Avenida
dos Estados, da sua admiração pela arte de
voar. São os “planespotters”, que podem ser
chamados de observadores de avião. Pessoas
que tem por hobby, ou profissão, o gosto pelo
mundo da aviação.
O termo surgiu nos anos 20 na Inglaterra.
Durante a 2ª Guerra Mundial. O “Observer
Corps”, uma organização de civis voluntários
que apoiava a Força Aérea do Reino Unido
(RAF), deu o impulso necessário para que este
hobby. Nos anos 50 surgem algumas publicações específicas sobre o assunto, onde listas de
frotas e respectivas matrículas das aeronaves
eram divulgadas, com isso os planespotters começaram a reconhecer o que viam e o que
iriam ver. Atualmente o hobby é muito conhecido e praticado na Europa. Nos EUA ainda é
considerado pequeno. Na América do Sul também. No Brasil existem grupos unidos e reconhecidos, até na internet, em São Paulo.
O planespotter, a princípio, observa chegadas e partidas dos aviões. É preciso ter paciência, pois a espera para visualizar e acompanhar
os pousos e as decolagens pode ser longa.
Existem mais de um tipo de observadores. Há o planespotter que apenas observa
a­viões e registra seus movimentos (data, companhia, tipo de avião e sua matrícula - tipo de
registro que permite saber de que avião se
trata, qual é seu número de série e quem foram seus proprietários sucessivos; localizado
na cauda do avião), o que filma, embora este
não seja muito freqüente; o planespotter que
além de catalogar os dados, registra os mes-
mos em fotografia, sem técnica, apenas documentalmente; o que não documenta as informações, mas fotografa, se importando mais
com os diferentes tipos de aviões e por último
o observador que não documenta, apenas
fotografa os diferentes tipos de aviões, mas,
ao mesmo tempo procura ângulos e perspectivas diferentes da foto, no sentido de dar um
toque mais “artístico” as suas fotografias. Este
tipo de planespotter é muito comum nas redondezas do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre.
A curiosidade de nunca ter andado de
avião, fez com que o desenvolvedor de soft­
ware, Maurício Maciel, 23 anos, namorado da
estudante Priscila Junqueira, 19 anos, a trouxesse no aeroporto para poder apreciá-los,
mesmo que de longe, através das grades.
Com chimarrão e música boa, o casal encos-
A futura Comissária de Bordo, Simone da
Fontoura Freitas, 27 anos, sonha alto. Sonha
em conhecer pessoas com culturas diferentes e muitas outras cidades, voando pelo
mundo a fora.
“Tenho muitos objetivos, a minha escola
é um degrau, um dos degraus que eu quero
alcançar. Depois de passar por uma empresa
aérea, eu pretendo fazer um curso de línguas
e depois quero fazer um curso de piloto. Esse
é meu grande sonho”, conta, muito entusiasmada. Mas, por enquanto, se realiza vendo
aterrissagens, decolagens e as turbinas dos
aviões no aeroporto.
E não deixa passar nada, tira fotos, escreve
e tem comentários em um blog na internet,
de alunas do curso e comissárias que estão
voando. “Se eu pudesse, vinha no aeroporto
todo o dia, mas venho dois ou três vezes por
semana e final de semana também. Eu sinto
um prazer enorme de estar aqui vendo os
a­viões”, conta a estudante.
Com a possibilidade de começar o curso
de comissária, está aprendendo a reconhecer
cada peça de um avião e o sonho que tinha
desde a infância está cada vez mais próximo
de se realizar. “Não é todo mundo que tem
essa oportunidade de voar. Eu sempre dizia
Caçador de aviões
De pai para filho. Assim uma paixão foi
passada adiante. Desde a infância o mecânico
de manutenção industrial, Ivan da Cunha Rodrigues, 41 anos, aprecia a aviação. “Eu não
podia ver passarinho voando”, diz emocionado. Esperou o nascimento do filho, para fazer
um sonho seu, tornar-se realidade através dos
olhos do pequeno.
“Eu venho desde 1991. Colocava meu filho na cadeirinha e trazia mamadeira. Ele vem
desde que nasceu. Só não veio antes porque
minha mulher iria bater em mim”, relata Rodrigues. Até as fraldas do menino eram trocadas
ao lado, na grama do estacionamento, enquanto os pais esperavam os pousos e as decolagens. Ele admite que talvez seja o jeito de
vivenciar, e quem sabe concretizar, através do
filho, uma aspiração pessoal, que foi abando-
“Eu sonho em ser
piloto de um avião.”
nada devido ao fator financeiro. “É uma forma
de realizar o meu próprio sonho”, lamenta.
Passaram-se os anos, e a família continua
saindo de casa, quando possível, até a cabeceira do Salgado Filho. “Só a esposa acha que
não vale a pena sair de Cachoeirinha, e gastar
gasolina”, explica. Rodrigues já fez manobras
extras para ver aviões. Saía na hora do almoço
do emprego, passava em casa, e com o filho,
partiam rumo ao Salgado Filho apenas para
ver um tipo específico de aeronave. “Eu sabia
o horário da decolagem, saia do serviço, acordava ele, tomava café, e a gente vinha para cá,
para ver o cargueiro decolar, assistia, filmava,
ficava na parte dos táxis e ia embora”, relata. A
família, hoje, pode ser vista todos os finais de
semana pelo local. “Eu gosto, por isso vale a
pena todo esforço”, complementa.
O estudante Roger Rodrigues, 12 anos,
filho único de Ivan, é um planespotter nato. A
adoração pela aviação é identificável nas primeiras palavras. “Em primeiro lugar eu sou
apaixonado pela aviação e eu venho diariamente para ver os aviões”, dispara o menino.
Apesar da pouca idade, ele expressa entre
uma pergunta e outra, a sua fixação e possíveis planos futuros. “É o que eu gosto de fazer
na vida. Eu sonho em ser piloto de um avião
da TAM. (empresa aérea). Quero muito! Estou
me esforçando”,
Como, desde muito pequeno, este ambiente faz parte da sua vida, ele se sente em
casa. “Eu venho cedo e fico a tarde inteira
aqui, fotografando, gravando e brincando”,
conta satisfeito. Ele mesmo tem na ponta da
língua a sua trajetória como observador. “Eu
tinha quatro anos, meu pai me trazia aqui no
aeroporto, e eu via os aviões e eu comecei a
gostar. Meu pai me deu um aviãozinho pequeno, daqueles que tinha no aeroporto,
(lojas internas). Depois disso, eu comecei a
colecionar aviões. Foi uma paixão”, diz entusiasmado.
Os olhos de Roger percorrem o trajeto das
aeronaves com atenção. Com uma câmera
amadora VHS em punho ele observa, filma e
vibra com os movimentos captados. Tudo em
cima do capô do carro da família, um Monza
cinza. Ao longe ele consegue avistar a aproximação de mais uma aeronave e se prepara
para dar vazão ao seu lado planespotter de
ser. “Eu sinto um nervosismo”, desabafa. Salienta que tudo que é ligado a aviões o emociona e o deixa, simplesmente, feliz. O menino
ainda não voou em um avião de grande porte.
“Só conseguiu voar em aviões pequenos, no
Aeroclube do Rio Grande do Sul e em Cachoeira do Sul”, explica o pai.
h obby
O futuro no ar
que um dia estaria lá em cima como comissária”, desabafa Simone.
hob by
tado ao carro e no maior clima de romantismo, não desgruda os olhares do céu. Tudo
fascina e chama a atenção.
“Eu curto aviões e nunca andei. Até disse
agora – eu quero andar – acho bem interessante”, comenta Priscila.
O aumento do número de observadores
aumenta aos finais de semana. A placa de
trânsito adverte aos motoristas que o local é
proibido parar e estacionar, mas eles não obedecem. Carros estão estacionados nas duas
mãos da avenida.
No dicionário Aurélio, “paixão” quer dizer: sentimento ou emoção levado a um alto grau de intensidade.
É assim que o estudante de Ciências Aeronáuticas da
PUCRS, Stephan Klos Pugatch, 22 anos, define a aviação
na sua vida. “É um pouco difícil falar exatamente quando
esta paixão iniciou, talvez por ela ter, praticamente, nascido comigo. Mas desde que me conheço por gente ela
existe”, conta Pugatch.
Em função da instrução prática do programa de vôo
do Piloto Comercial (PC) e a grande paixão pela aviação,
Pugatch costuma ir até o aeroporto três vezes por semana, divididas entre ir para voar e ir apenas para apreciar,
fotografar e ouvir através do rádio os aviões. Mas ultimamente, essas visitas tem sido menos freqüentes, devido
à conclusão do curso na faculdade. O gosto pela fotografia, que veio desde a infância, fez com que desenvolves-
se técnicas e se aperfeiçoasse, cada vez mais, graças aos
ensinamentos de seu pai. A partir daí, desenvolveu esse
hobby juntamente com a aviação e, chegou a um determinado momento que a junção dessas duas atividades
foi uma conseqüência. Isso foi mais ou menos em 2002,
confesso que foi tarde, desabafa. Para o estudante, a
fotografia de aviação é um meio de se divertir e fazer
novas amizades. E confessa que nunca teve interesse
financeiro nas fotos, que considera a sua segunda grande paixão. “Claro que, quando você gosta de uma coisa e
se esforça para desempenhar bem, as pessoas gostam
do seu trabalho, e manifestam interesse pelo que você
faz. Ai que entra a parte financeira” revela.
Além de já ter comercializado algumas fotos para
revistas e publicações do mundo, e também para algumas escolas de aviação da região, aqui no Brasil, Pugatch
publica regularmente na revista Avião Revue, em média
de três a quatro fotos por mês. Diante de muito esforço e
dedicação, notou que cada vez mais as pessoas se interessavam pelo que fazia. “Por isso, sempre quando vou
fotografar tenho em mente, em primeiro lugar, fazer
aquilo por diversão, para esquecer os problemas do diaa-dia, e não para criar outros. Se alguém quiser pagar por
isso, é uma conseqüência”, explica. Só quem está na área
da aviação é que sabe o quanto é apaixonante. É difícil
encontrar uma atividade, em que as pessoas relacionadas
a ela, falem vinte e quatro horas por dia sobre o assunto.
“E isso é muito legal, pois na nossa área tenho a certeza
que temos pessoas apaixonadas pelo que fazem, e que
procuram desempenhar o seu trabalho o melhor possível,
para tornar as viagens dos nossos clientes, os passageiros,
a melhor possível”, desabafa emocionado Pugatch.
Universo IPA | Julho 2007
Entre fotografias, pousos e decolagens
39
p rofi
prof
i ssãssão
o
A difícil vida das mulheres de
“vida fácil”
Ausência de dados sobre a VIOLÊNCIA, poucas pesquisas sobre
a área, e um PROJETO que regulamenta a PROFISSÃO tornam
o assunto polêmico quase inesgotável
MARCIA FARIAS
Mulher da vida, garota de programa,
prostituta, profissional do sexo, meretriz, as
terminologia não param por aí. Considerada
pelo senso comum, como a profissão mais
antiga da história, ao longo dos anos muitas
características foram alteradas, e conquistas
foram realizadas. Organizadas em associações, núcleos e Organizações Não Gorvernamentais (ONG’s), a categoria vem obtendo
importantes conquistas. Como a inclusão da
profissão na Classificação Brasileira de Ocupações (CPO), realizada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, e o projeto de lei, do
deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ),
que visa regulamentação como atividade
profissional. Além da disseminação de informações sobre a importância da categoria se
organizar, a divulgação da grife Daspu (da
ONG Davida) ajudou as profissionais do sexo
a garantir uma maior visibilidade e respeito
por suas lutas.
Por outro lado, nem só de conquistas e
vitórias vivem as prostitutas. Ainda hoje, em
pleno século XXI, são inúmeros os casos de
violência física e psicológica que essas mulheres sofrem. Mesmo após cerca de três décadas do início do movimento em defesa
dos direitos humanos e feministas, ainda está forte a sociedade patriarcal, onde o preconceito e a discriminação são presentes.
Universo IPA | Julho 2007
Estudos e pesquisas
40
O tema tem sido amplamente discutido
em diversas áreas como medicina, criminologia, doenças sexualmente transmissíveis e
epidemiológicas, e os estudos apesar de gerarem divergências, costumam ter conclusões semelhantes: segregação, exploração e
discriminação. Em 2004, a Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul divulgou um estudo sobre a “Prevalência de sintomas depressivos em uma amostra de prostitutas de Porto Alegre”, onde foi verificado que não havia
Carlos Ismael Moreira
A noite, as profissionais do sexo tomam conta de determinadas ruas de Porto Alegre
relatos anteriores sobre a prevalência de sintomas ou transtornos depressivos entre as
prostitutas, tratadas para o efeito do estudo,
como população de risco para transtornos
mentais.
Com o apoio do Núcleo de Estudos da
Prostituição (NEP), uma associação portoalegrense formada por profissionais do sexo,
os estudos foram realizados com mulheres
entre 18 e 60 anos, cadastradas, na época, na
ONG. Os resultados apresentados apontaram para uma taxa de 67% das mulheres
com altos sintomas depressivos e 33% das
avaliadas apresentaram níveis moderado e
grave de sintomatologia.
Outro importante estudo efetuado foi divulgado no jornal Beijo da Rua, da Rede Brasileira de Prostitutas, onde foi possível obter um
retrato do perfil das prostitutas no Brasil, com
dados como faixa etária média, renda, cuidados com a saúde. Mesmo após cinco anos de
sua realização, a investigação apresenta informações atuais, como o uso de preservativos
com clientes e ausência deste tipo de prevenção com parceiros fixos.
O livro “O Doce Veneno do Escorpião”, da
ex-prostituta Bruna Surfistinha, teve grande
repercussão nacional e internacional. O livro
dá destaque para algumas “atrocidades” que a
ex-prostituta foi obrigada a vivenciar. Surfistinha relata a sua trajetória na prostituição e
como resolveu sair dela e mudar sua vida. Há
quem diga que essa reviravolta em sua vida é
ilusória, mas há, também, quem acredite nessa possibilidade. Segundo depoimentos em
seu blog particular, Bruna Surfistinha serviu
de exemplo para muitas mulheres desse ramo que sonham com outra vida.
Defensor de temas polêmicos como a legalização da maconha, o casamento entre
pessoas do mesmo sexo, o deputado federal
Fernando Gabeira (PV-RJ) protocolou o projeto de lei nº 98/2003, que regulamenta o
pagamento pela prestação de serviços de
natureza sexual. Para as prostitutas este reconhecimento legal da profissão representa a
conquista de direitos, e deixa de criminalizar
o agenciador.
O projeto, no entanto, é condenado pelo
movimento feminista, que considera a prostituição não apenas uma simples troca de serviços sexuais com remuneração livremente
estabelecida, ou ainda de compra e venda de
serviços sexuais, mas sim como forma de exploração e opressão física e psíquica dessas
mulheres. Segundo a militante da Marcha
Mundial das Mulheres, Cláudia Prates, o projeto de lei que legaliza a profissão não é bom,
pois permite o comércio do sexo e libera os
grandes empresários do ramo, uma vez que
retira do código penal os artigos que criminaliza-os. “Isso vai agravar e legalizar o tráfico de
mulheres, sob a alegação que estão agenciando mulheres, por sua própria vontade, e ainda
com carteira assinada. Quem irá recusar uma
oferta de “trabalho fácil” e com as promessas
de ganhos fartos?”, declara.
“Lutamos para que as pessoas entendam
os processos de emancipação da humanidade, e a busca das possibilidades de transformação das relações humanas em relações
menos violentas” afirma Prates – “não podemos legalizar a prática dos cafetões e das redes de tráfico de mulheres, pois mesmo com
a aprovação do projeto eles continuarão atuando. Somos mulheres, e não mercadoria”,
finaliza.
Bruna Lago
Gente
como
a gente
Menina rebelde
“Eu sempre tive tudo que quis, morava com
meus pais que eram de classe média alta. Aos 14
anos de idade descobri que era adotada. Na época,
me revoltei muito. Me envolvi com drogas e álcool.
Para conhecer a prostituição foi um passo. Comecei
com 17 anos. Passei por muitas coisas. De constrangimentos à violência física. Com o passar dos anos
aprendi que muitas dessas coisas que conheci na
adolescência não me faziam bem e parei.
Não sou casada, não tenho filhos e, graças a
Deus, nunca peguei nenhuma doença. Para quem
conhece o nosso mundo sabe que isso é muito raro
e me sinto previlegiada por não ter passado por isso.
Abortos sim, vários. Prefiro encarar essa atitude como ‘ossos do ofício’.
Depois de tantos anos longe da minha família,
nunca pensei em voltar pra casa e não teria como
me sustentar se não fosse essa a minha profissão.
Passei por muitas fases, do orgulho à vergonha de
ser prostituta. Hoje encaro como uma profissão como outra qualquer”. Bárbara*, 32 anos, prostituta.
p rofi ssão
O tema originou diversos livros, relatos e
personagens de novelas, filmes e minisséries.
O que difere em todos eles é a abordagem
dada à prostituição. Filmes como “Anjos do
Sol”, do cineasta gaúcho Rudi Langemann, retratam o lado duro e difícil de meninas nordestinas vendidas pelos pais e obrigadas a se
prostituir. O longa metragem apesar de abordar a prostituição infantil, apresenta uma realidade que é vivida não apenas por crianças e
adolescentes, mas por milhares de mulheres
em todo o Brasil, como a violência sexual.
A violência de clientes, policiais e da sociedade em geral, ainda é presente no dia-adia dessas mulheres. Relatos de prostitutas
revelam que mesmo com toda a visibilidade
existente na nos dias de hoje sobre os seus
direitos, existem muitos casos de policiais,
que abusam de sua autoridade, obrigando-as
a prestar serviços sexuais gratuitamente.
Segundo o inspetor da 17ª Delegacia de
Polícia, Eloy Carvalho, não há índices oficiais que
determinem tal violência, uma vez que ao preencher uma denúncia de lesão corporal nãoé
possível incluir, na ocorrência, se a mulher é ou
não uma profissional do sexo. Caso isso ocorra
a delegacia pode sofrer acusação de discriminação. “Elas até se identificam como prostitutas
e algumas fazem questão de dar seu nome de
guerra, como elas chamam, mas isso não pode
constar na ocorrência”, revela Carvalho. Segundo ele, o Código Penal prevê punição apenas
para o que se refere a prostituição infantil e por
isso os diversos tipos de violência vividos por
essas profissionais não podem ser contabilizados. Por outro lado, Carvalho afirma ter diminuído os números de casos como esses. “A lei Maria da Penha, que protege a violência doméstica
a mulheres, ajudou muito”, lembra o Inspetor.
prof i ssã o
Prós e contras
Prostituta e
universitária
“Aos 11 anos fui estuprada pelo meu padrasto,
ao contar para minha mãe, ela não acreditou em
mim e me mandou embora de casa. Fui morar na
rua. Conheci outras meninas com histórias melhores, piores e semelhantes a minha. Em seguida comecei a me prostituir, no início ficava assustada,
mas depois acabei me conformando.
Tive situações de violência até com policiais,
que, abusando da sua autoridade, me obrigavam a
‘prestar serviços’ gratuitos. Já fui assaltada por
clientes. E já fiz programa olhando para uma arma
em minha frente. Mulheres como eu sabem dos riscos que correm ao optar por essa vida.
Faço programa há 15 anos. Claro que sonho
com outra vida. Tenho uma filha linda, fruto de um
programa. Quero dar uma vida diferente a ela. Há
dois anos decidi que minha vida poderia ser diferente. Resolvi entrar numa faculdade e lutar por algo
melhor. Estou no quarto semestre do curso de administração. Ainda faço programas para sustentar
minha faculdade e, se Deus quiser, mudar de vida.
Cíntia*, 27 anos, prostituta.
* Os nomes usados nessa matéria são fictícios
Uma cena nada incomum em Porto Alegre, a luz do dia garota de programa conversa com seu cliente
* Colaboração de Joice Proença
Universo IPA | Julho 2007
Violência
41
c ultur
c ultur
a a
Andressa Estauber
Festa Rave atrai multidões sendo o principal alvo de consumo das dogras modernizadas
As novas drogas sintéticas
As drogas psicodélicas modificam quimicamente a maneira como o
cérebro das pessoas recebe informações e podem levar seu usuário
a perder o controle de seus padrões de pensamentos habituais
Universo IPA | Julho 2007
Andressa Estauber
42
Por ser um país com mais de 50 milhões
de jovens, o Brasil torna-se um mercado atrativo para os traficantes. “Cada vez mais se encontra meios de produzir e adquirir ilegalmente essas substâncias, as drogas estão cada vez mais populares. O ecstasy é a droga
campeã de consumo em festas raves”, conta o
psiquiatra Oscar James Segal.
O ecstasy (MDMA) é uma droga relativamente nova, feita em laboratórios. Sua forma
de consumo, geralmente, é por via oral, através da ingestão de um comprimido. A curiosidade das pastilhas é o fato de serem coloridas e com desenho impresso, permitindo
distingui-las entre si. Também há o GHB, versão liquida do ecstasy, não tento cheiro nem
gosto torna-se perigosíssima, por não poder
ser distinguida do liquido em que esteja sendo consumido.
O MDMA foi produzido com a finalidade
de ser usado como um redutor do apetite,
mas nunca foi usado para isso e mais tarde foi
descartada pelo laboratório químico que a
produziu porque era muito tóxica. “A droga
causa transtornos psiquiátricos como sindrome do pânico, depressão e alucinações, ao
mesmo tempo causa uma sensação de bem
estar, como se todos ao seu redor fossem amigos”, relata a psicóloga Eliane Maciel.” Sente
uma forte atração física por todos e uma enorme felicidade, a pessoa sob o efeito de ecstasy
fica muito sociável, com uma vontade incontrolavel de conversar”, explica.
“Também pode acarretar perda de memória parcial para usuários muito freqüentes. E, além disso, essas drogas afetam os
rins, figado e coração”, explica o psiquiatra.
O usuário tem movimentos descontrolados,
espasmo do maxilar, o que faz os usúarios
comerem balas e pirulitos, a boca seca pede
a necessidade de diversas garrafinhas de
água, a pupila dilatada é normal e muitos
dos usuários usam óculos escuros, mesmo
antes do dia clarear.
O relato de um usuário sob os efeitos da
droga é de uma sensação de tontura semelhante à de embriaguez, essa sensação é a
primeira manifestação da droga, em seguida
perde-se a sensação de peso do corpo, e sente-se como se estivesse flutuando. ”Os efeitos
da droga ficam oscilando entre momentos
com fortes efeitos, e momentos em que os
efeitos passam que chegam a durar de 3 a 10
horas dependendo da quantidade ingerida”,
diz a psicóloga.
A principal causa de morte dos consumidores da droga é o aumento da temperatura corpórea que ele provoca no usuário.
A droga causa um descontrole da pressão
sanguínea, que pode provocar febres de até
A associação das drogas
com festas eletrônicas
Em shows de musica eletrônica é que a
garotada costuma usar mais as drogas sintéticas. “Há uma ligação das drogas com a música
eletrônica, não tem rave que isso não seja distribuído. Não estou dizendo que todo mundo
que vá pra rave, vá para usar a droga. Mas o
próprio contexto desse tipo de festa é pra isso.
Uma batida (tunt, tunt...) crônica que por si só
já é uma batida que tende a deixar a pessoa
em transe e a droga ajuda a isso, acelera a saída
da realidade”, explica o psiquiatra Oscar.
Sendo um alvo consumidor crescente
de drogas sintéticas. Isso, somado ao estilo
de balada proporcionado pela música eletrônica, às festas raves são ao ar livre, em locais isolados e na maioria das vezes em contato com a natureza. É uma festa privativa.
Geralmente, dura mais de vinte e quatro horas, o que desperta o interesse dos jovens
por esse tipo de droga, onde o usuário passa horas sob o efeito, que é estimulante e
inibe o sono. “As drogas sintéticas são utilizadas pela classe média alta porque são drogas caras, custam entre 20 e 50 reais, cada
comprimido. Os freqüentadores geralmente estão inseridos no mercado de trabalho,
tem boa escolaridade e pertencem ás classes sociais mais privilegiadas”, explica a psicóloga Eliane.
“Se tu entrar com uma câmera escondida
no camarote da Brahma ou nos camarins das
emissoras vai ver que a droga está presente
em tudo. Acontece que se associa da forma
que achar melhor. Essa história de rave está
muito mistificada nesse aspecto, rave (que é
delírio em inglês) já soa como um antro das
drogas e da loucura. Nós que estamos começando isso aqui no Sul podíamos mudar essa
percepção, mostrar para as pessoas que não
precisam de drogas pra curtir uma rave, é só
fechar os olhos e entrar no som que já é uma
viagem incrível”, ensina o DJ Roma, que já
tocou em países da Europa e atualmente reside em Porto Alegre.
“O comportamento muda. Eu acho que a
primeira coisa que os pais devem fazer é sentar e
conversar com os filhos, questionar o que é uma
rave, o que o filho está fazendo lá, o que se faz e
o que se usa? É um tipo de festa que dura horas,
a noite e o dia inteiro e ninguem consegue em sã
consciência, sem estar estimulado, ficar tanto
tempo pulando e dançando. Então o filho sai a
noite, passa o dia todo fora de casa, volta numa
euforia e dorme todo o outro dia. Apartir daí deve-se procurar ajuda com um especialista, alguém da área de psicologia ou da psiquiatria que
trabalhe com drogas” explica o psiquiatra.
“A busca da recuperação é um caminho que
precisa ser trabalhado com convicção e seriedade”, conta a psicóloga.
c ultur a
Como você pode
diagnosticar o
uso da droga
e obter ajuda
c ultur a
e pode durar até 30 horas. Existem relatos de
pessoas que passaram até uma semana acordadas sob o efeito alucinógeno dessa substância.” Explica a psicóloga.
“Todas essas drogas servem de estimulantes do sistema nervoso central, ou seja,
elevam as funções superiores. O que faz
com que as pessoas fiquem mais alerta, o
coração bate acelerado, tem uma transpiração maior, o pensamento é mais rápido.Na
hora a fadiga vai embora, as coisas ficam
supostamente mais facéis, as aflições desaparecem”, conta o psiquiatra.
DISQUE-AJUDA - 0800 54 10 116
O programa DENARC AJUDA visa o atendimento, acolhimento e posterior encaminhamento dos dependentes de substâncias ilícitas,
pelo serviço de psicóloga da DIPE. Além disso,
será dada orientação aos usuários e familiares,
com o objetivo de prevenir o uso indevido de
drogas ilícitas.
Aos dependentes, familiares ou responsáveis, será apresentada uma relação de entidades
devidamente cadastradas, que oferecem tratamento terapêutico. o encaminhamento será feito
após adesão ao programa e escolha do local para
tratamento feito pelo usuário.
Será realizado pelo Serviço de Atendimento ao Dependente da Divisão de Prevenção
e Educação (SAE/DIPE) o acompanhamento,
pelo período de seis meses, junto ao dependente e familiar.
O serviço é gratuito e a comunidade poderá
acessar as informações do programa pelo telefone 0800 54 10 116.
Vários tipos de comprimidos de ecstasy
Universo IPA | Julho 2007
42 graus e convulções. A febre leva a uma
intensa desidratação que pode causar a
morte do usuário, por isso a necessidade de
beber tanta água. Assim, tornou-se frequente ver os consumidores em raves dotados de garrafas de água.
Além do ecstasy, existem outros tipos de
droga que proporcionam efeitos similares.
Uma delas é o LSD (uma abreviatura de dietilamina do ácido lisérgico), que é um alucinógeno e, portanto produz distorções no funcionamento do cérebro. Seu princípio ativo é
o MDMA, o mesmo do ecstasy. Esta droga é
encontrada em forma de cartelas, subdividida
em pontos, que é onde está armazenada a
substância. O consumo da droga é feito, geralmente, via oral, sendo ingerido ou simplesmente deixado embaixo da língua (onde a
absorção é mais rápida).
O usuário pode sentir euforia e excitação ou pânico e ilusões assustadoras, dependendo do ambiente em que está sendo
consumido e do organismo que está ingerindo. Dentre as sensações que a droga proporciona estão, mania de grandeza ou perseguição e falta de noção da realidade,
criando delírios. A pessoa sob o efeito se
julga capaz de fazer coisas impossíveis, como andar sobre as águas, voar, enfim, sentese com poderes especiais. E mesmo não
consumindo a droga durante meses, podem acontecer “flashbacks”, que seria o efeito da droga como se tivesse sido recém
consumida. As sensações corpóreas são relativamente leves, aumento do suor, pupilas dilatadas, aumento da pressão arterial e
aceleração dos batimentos cardíacos.
O maior perigo do consumo não é apenas quando a droga é ingerida, mas sim as
consequências psíquicas adquiridas a longo prazo, podendo causar inclusive variações nos cromossomos, fazendo com que
seus filhos nasçam com doenças congênitas. Afirma a psicóloga.
Outra droga também famosa principalmente nas festas de música eletrônica é a
ketamina, conhecida como “special K”. É um
anestésico dissociativo, inicialmente criada
para uso veterinário, causando efeitos psicotrópicos em humanos, que vão de um leve
estado de embriaguez até a sensação de
desprendimento da alma ao corpo. Sua
apresentação é sob a forma de um pó branco inalado.
A cápsula do vento é outro exemplo, sendo uma droga muito recente no Brasil e extremamente perigosa. É derivada da anfetamina,
também causando efeitos alucinógenos que
podem durar muitas horas. Encontra-se na
forma de um pó branco, de aperência comum, mas pode ser fatal. “A cápsula começa
a fazer efeito de 6 a 8 horas depois de ingerida,
43
c ultur
c ultur
a a
O brasileiro que grita Japão
Direto da terra do sol nascente, Ricardo Cruz e Carol Himura,
agitam em um grande show em porto alegre
Fotos: Luciana Salle Machado
Ricardo Cruz e Carol Himura agitando com o povo gritando e cantandos as músicas mais populares do Japão.
Universo IPA | Julho 2007
douglas fernandes da silva
44
Pela primeira vez no Rio Grande do Sul, um show totalmente exclusivo para o público otaku e fãs da música japonesa. Ricardo Cruz e
Carol Himura, os maiores cantores de animesongs do Brasil, em um
show imperdível na capital! Juntos eles cantaram diversos temas de
animes e live actions, dos clássicos aos inovadores. Foi a oportunidade
para mostrar que nosso estado tem potencial para receber grandes
shows do gênero e dar o primeiro passo para futuros eventos em maiores proporções.
Foram os mais populares e talentosos cantores de animesongs do
Brasil em um único show. Carol Himura é vocalista da Banda Wasabi,
uma das mais populares bandas de animesongs do nosso país. Carismática e unanimidade entre os otakus paulistas, Carol está vindo ao
Rio Grande do Sul pela primeira vez. Já Ricardo Cruz dispensa comentários. Vocalista da banda JAM Project e com fama internacional, o “Aniki” do nosso país está voltando ao estado para se reencontrar com o
público que o recebeu calorosamente no Anima Weekend, e vem com
tudo para agitar a galera mais uma vez.
O show teve início à meia noite,no evento conhecido como Café
Harajuku. Mas antes do show começar ainda teremos uma apresentação da banda Metal Heroes, do nosso talentoso vocalista Cristiano Besoro. Além de agitar a galera, a banda irá acompanhar Ricardo e Carol
durante este grande show, misturando o ritmo empolgante dos animesongs com a energia do rock’n’roll.
De frente com Ricardo Cruz
Universo IPA - Como você iniciou sua carreira musical?
Ricardo Cruz - Bom, eu fui fazer o 3º colegial no Japão, isso eu tinha
meus 17 anos. Lá, os adolescentes saiam da aula e corriam para os
karaokes e eu ia junto. Cantava alguns temas que eu conhecia como
por exemplo Jaspion, que já era conhecido aqui no Brasil. Meus amigos
diziam que eu tinha uma voz bacana, mas nunca me importei. Quando
voltei para o Brasil, continuei cantando nos animekes e karaokes da
vida. Em 2000 passei a fazer muitos shows em eventos especializados
no tema.
Universo IPA - Conte um pouco como foi entrar para o JAM
Project e sobre o concurso que você participou.
Ricardo Cruz - Quando os cantores vieram para o Brasil, tocaram
junto a banda Neptune. Era eu quem cantava nos ensaios. No período da Friends de 2004, a Masami Okui estava bem gripada e eu
cantei no lugar dela. Depois do ensaio, fui elogiado por eles (Hironobu Kageyama, Masaki Endo e Eizo Sakamoto), que me pediram
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Agitando o pessoal com as mais conhecidas músicas japonesas
Carol Himura mostra a bela voz e o belo visual fazendo o público pular
Universo IPA | Julho 2007
uma música demo. Após isso pensei, qualquer hora eu mando, sem
pressa. Quando mandei, eles aprovaram. Algum tempo depois, Hironobu entrou em contato comigo e disse que haveria um concurso
para entrar no Jam Project, e eu já estava inscrito! De tempos em tempos, recebia mensagens do Kageyama dizendo “Olha, você se classificou”... assim foi até que ele mandou “Olha, você ganhou!”. Foi uma
surpresa muito boa.
Universo IPA - Esta é a segunda vez que você vem ao Rio Grande
do Sul. O que mais lhe chama a atenção neste estado e o que mais
você tem vontade de conhecer por aqui?
Ricardo Cruz - Gosto muito de churrasco! A cidade tem uns restaurantes com variedades de carne impressionante. Dá água na boca só de
pensar. Adoro o Sul, tem muitas coisas que quero conhecer.
Universo IPA - Depois daquele show no Anima Weekend, você
ainda foi ao Japão participar de uma turnê com o JAM Project. Como foi sua evolução de lá pra cá?
Ricardo Cruz - Está sendo muito legal. A galera do Sul é demais.
Recebi muitas mensagens por e-mail, orkut até MSN do pessoal que
curtiu o show. Valeu mesmo! Eu me divirto muito cantando e com um
público cheio de energia como esse, não tem como não se empolgar
ainda mais. Passada a turnê com o Jam, que me fez aprender muito,
quero voltar a trocar essa energia boa com a galera do Sul!!
Universo IPA - O que você acha dos cantores japoneses começarem
a se apresentar em demais estados do Brasil, além de São Paulo?
Ricardo Cruz - Acho uma boa! Como trazer essa galera é algo meio
caro, é preciso que haja grana disponível para armar um grande show
internacional desses. A medida que os animes e mangás vão ganhando
público Brasil a fora, mais estados vão ficando com condições de trazer
cantores e convidados japoneses para conhecerem o público daqui.
Isso é gradativo.
Universo IPA - A vinda de sua colega Carol Himura para este para
este próximo show mostra que estamos investindo cada vez mais na
vinda de cantores de animesongs no RS. Como o público deve responder para que este mercado ganhe cada vez mais força no estado?
Ricardo Cruz - Acho que exatamente da mesma maneira que vêem
respondendo até hoje, com alegria, empolgação... Assim, os eventos e
shows farão sempre muito barulho e atrairão cada vez mais público. Acho
que todos estão no caminho certo!
Universo IPA - Quando você foi ao Japão pela primeira vez, em
99, você era um fã apaixonado pela cultura japonesa, principalmente o Tokusatsu. Como anda seu espírito de fã atualmente?
Ainda acompanha as séries do gênero? Quais você curtia mais
naquela época e quais curte mais hoje?
Ricardo Cruz - Ainda gosto sim. Sou bem menos dedicado do que
eu era antes, mas continuo fã sim. Sempre que vou ao Japão fico com
vontade de comprar tudo... Atualmente vejo os primeiros episódios das
séries do ano (principalmente sentai e Kamen Rider) pra saber qualé,
hehehe. Mas não acompanho mais nada. Ainda quero assistir alguns seriados mais antigos que ainda não conheço!
Universo IPA - Para finalizar, conte para o pessoal algumas curiosidades sobre o pessoal do JAM, seus hábitos, coisas engraçadas,
fatos marcantes, e o estilo de cada integrante.
Ricardo Cruz - Eles são pessoas normais. O Endo é muito engraçado,
dou muita risada com ele. O Kageyama é o pai de todos, né (dá risadas)!
A Okui tem aquele jeitinho meigo, quase um mascote do grupo e a Rica
já é mais molecona, vive gritando! Falo que o fato dela dublar o Ash no
Japão durante tantos anos fez com que ela ficasse igual a ele!! O Kitadani é muito gente fina também, um cara simples pacas. Deixei ele no maior
vácuo no show do Jam sem querer. Que vergonha! Até liguei pra pedir
desculpas, mas ele nem lembrou. Sempre pulo aquela parte do vídeo. O
Fukuyama também é o maior fã de tokusatsu, sabia? Fomos juntos visitar
várias locações clássicas que eram e ainda são usadas nas filmagens.
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Os “sobreviventes” de Lost: um grupo de personagens que é, ao mesmo tempo, cativante e misterioso, onde ninguém é o que parece.
Muito do grande sucesso da série se deve a diversidade do elenco e da boa qualidade de suas atuações
Lost na rede
História sobre sobreviventes em ilha deserta, populariza
downloads e muda a maneira de se assistir séries de TV
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GREGÓRIO REIS
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Imagine a cena: em meados da década de
90, você, um fanático pela série Arquivo X descobre que não precisa esperar a exibição no
Brasil pois pode assistir praticamente ao mesmo tempo que os americanos, bastando para
isso, um simples download. O que você faria?
Para quem não conhece, Arquivo X foi
uma das séries de TV mais misteriosas já criadas. Foi exibida entre 1993 e 2002. A trama
mostra dois agentes do FBI que investigam
casos paranormais, sobrenaturais e extraterrenos. Os episódios eram classificados pelos
fãs em dois tipos: os fechados, onde havia um
mistério que era resolvido em no máximo 2
capítulos; e os da chamada “mitologia”, nos
quais era desbaratada uma conspiração que
planejava uma invasão alienígena com anuência do governo e de sociedades secretas,
caso esse, investigado durante todas as tem-
poradas do programa. Arquivo X foi talvez a
primeira série onde cada fã tinha a sua teoria
sobre o que estava acontecendo. A expectativa por novos episódios, sempre era imensa.
Porém, os telespectadores brasileiros tinham
que assistir os episódios com uma defasagem
que variava entre seis meses, no canal por assinatura FOX, a mais de um ano, no caso da
Rede Record, canal aberto. Na época, a Internet ainda era tímida no Brasil, por isso, não
haviam muitas informações sobre o seriado.
Hoje em dia, a Internet faz parte da vida
de quase todo mundo. Praticamente tudo está na Internet. Muita coisa mudou desde o
tempo em que Arquivo X era exibido. Mas algo continua igual: as pessoas ainda precisam
esperar entre seis meses e um ano para ficarem atualizadas sobre suas séries favoritas.
Para se ter uma idéia, a série Dexter, que estreará na FOX em julho, já concluiu sua primeira
temporada nos EUA. É justamente nesse ce-
nário de conexões à Internet em alta velocidade e globalização, que surge outra série, tão
misteriosa quanto Arquivo X.
Lost, conta a história dos sobreviventes de
um acidente aéreo que cai em uma ilha tropical
no meio do Oceano Pacífico. Falando assim,
parece não ter nada de mais, mas a trama se
mostra muito mais do que isso, pois a ilha onde
esses sobreviventes caem, não é um lugar comum. Como explicar uma ilha tropical com
ursos polares? Como explicar nativos que andam sem deixar rastro na selva? Como explicar
um improvável monstro que habita a mata?
Essas são apenas algumas das muitas perguntas que quem acompanha a série se faz.
Graças a todo esse mistério, muitos fãs
não conseguem esperar a exibição dos episódios no Brasil, recorrendo a downloads na Internet para acompanhar a exibição nos EUA.
Em pesquisa realizada pelo site Lost Brasil
(www.lostbrasil.com), o maior site sobre Lost
Era de Ouro
da América Latina, 72% das pessoas que assistem Lost o fazem por meio de download. Para esses fãs, quarta-feira (dia de exibição de
Lost nos EUA) é dia de ficar acordado até mais
tarde, “baixando” o mais recente capítulo da
história. O sistema só funciona, porque há fãs
americanos que possuem a tecnologia de
HDTV (aparelhos de TV com disco rígido para
gravação de programas), que gravam os episódios e os disponibilizam para download.
Mas não basta apenas fazer o download
para poder assistir o episódio. Por este estar
em inglês, são necessárias as legendas. Foi assim que surgiram diversas equipes de “legendagem”, que produzem a legenda para os
episódios na mesma noite em que estes são
disponibilizados. A pioneira foi a equipe do
Uma série de fatores fez com que esse fenômeno de downloads de seriados começasse com Lost. Além do componente da trama
misteriosa, que faz com que o episódio seguinte seja tão aguardado, a série também é
repleta de pequenos detalhes que só são vistos se determinada cena for repetida em
slow-motion. São o que um dos criadores de
Lost, J.J.Abrams, chama de “momentos HDTV”.
Um desses “momentos”, aconteceu no episódio 17 da segunda temporada. Um mapa da
ilha, apareceu por uma fração de segundo e
somente vendo lentamente seria possível decifrar algo. Mas poucos dias depois, já existiam
traduções completas de tudo que estava desenhado e escrito.
Lost, também não é uma série comum,
ela tem todo um universo extra-televisivo. Durante a pausa entre a segunda e a terceira
temporada, foi lançado um “jogo”, o Lost Experience. Nesse “jogo”, surgiram sites de empresas fictícias, que só existem na série; tele-
fones destas mesmas empresas, nos quais
havia sempre uma secretária eletrônica com
mensagens misteriosas; vídeos com detalhes
desconhecidos da história e que provavelmente nunca serão veiculados no programa;
um livro (Bad Twin), escrito por um do­­­s passageiros do vôo onde os personagens estavam;
e, o mais incrível, o diretor de uma das empresas fictícias dando uma entrevista ao vivo em
um programa de TV norte-americano. Todos
esses fatores tornam Lost um marco. “A Internet mudou o jeito como vemos TV. Instantaneamente milhares de pessoas reagem ao
episódio que foi ao ar. Seria idiota não prestar
atenção à isso”, afirma Abrams.
Segundo o jornalista e escritor Cássio Starling Carlos, há um outro motivo para esse aumento nos downloads de séries; para ele, esses programas, estão em seu melhor momento, em sua “Era de Ouro”. Em seu livro “Em Tempo Real: Lost, 24 Horas, Sex and The City e o
impacto das novas séries de TV” (Alameda Editorial, 71 págs), ele afirma que a complexidade
das atuais séries é que faz com que sejam mais
interessantes que suas predecessoras. Temas
espinhosos infestam esses programas atualmente, sempre abordados de maneira realista
e sem moralismos: a paranóia terrorista em 24
Horas; a liberdade sexual da mulher em Sex
and The City; a mania por cirurgias plásticas
em Nip/Tuck. A “pioneira” dessa revolução foi
a série The Sopranos, que chegou a ser exibida
na TV aberta pelo SBT, com o nome Família
Soprano. A série contava a história de uma família mafiosa, mas, ao contrario do usual, o
seriado era mais centrado nos relacionamentos familiares do que no mundo da máfia. Starling também acha que os downloads, ao invés
de prejudicarem as séries, acabam funcionando como “marketing silencioso”. “Você imagina
o sucesso de Lost na Globo, por exemplo, sem
o ‘boca-a-boca’ que veio antes?” pergunta ele.
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“Proibir a produção de
legendas, é uma atitude,
no mínimo, infantil”.
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ABC / Divulgação
site Lost Brasil, que deixou de fazer legendas
por determinação da justiça, após ação da Associação de Defesa da Propriedade Intelectual (ADEPI), que considera essa atividade como
quebra de direitos autorais. Segundo um dos
integrantes da equipe e do site, Luiz Eugenio
Martins, o “kennewick”, a polícia federal avisou
que, caso as legendas não parassem de ser
produzidas, o site seria fechado. “Esse tipo de
atitude é, no mínimo, infantil. É como se a policia mandasse fechar uma fábrica de facas,
porque um bandido esfaqueou alguém. Se
existe um problema de pirataria sério no Brasil, existe um problema mais sério de fiscalização. Em qualquer centro comercial você encontra milhares de CD’s e DVD’s piratas, e ninguém se mexe para resolver isso.” compara
ele. Para Daniel Melo, administrador do site,
essa medida não adianta nada. Ele diz que
imediatamente após a sua equipe encerrar as
atividades de “legendagem”, já existiam outros cinco grupos fazendo o mesmo.
A questão dos downloads, que as séries
de TV tem enfrentado de 2 anos pra cá, afeta
há algum tempo as produções cinematográficas e a mais tempo ainda, a indústria
fonográfica. Essas porém são bem mais afetadas pela pirataria. Séries são na maioria dos
casos “baixadas” por fãs, que estão interessados em ver logo o próximo episódio de sua
série preferida, o que não é o caso aqui.
Alguns filmes são muito aguardados e
devido a isso, muitas pessoas fazem o download para vê-los em casa mas, em grande
parte, esses downloads são feitos para fabricação de DVD’s piratas, ou seja, para lucrar
em cima da respectiva produção, pois muita
gente prefere ver os filmes assim do que pagar uma entrada de cinema.
Com a música, o problema é ainda mais
antigo mas, justamente por isso, as primeiras modificações no status quo da indústria
são notadas com facilidade. Na Internet,
existem músicas para vender a preços módicos, como no iTunes, site da Apple, criadora do iPod. Em decisão recente, a gravadora
EMI liberou suas músicas para serem tocadas em qualquer aparelho, e não apenas no
iPod, abrindo um precedente para que outras gravadoras também o façam.
No futuro, esse deve ser também o destino de filmes e séries.
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Para cinema e música, downloads são problema
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Oficina de Aprimoramento Vocal: a voz do jornalista
Parceria entre os cursos de Jornalismo e Fonoaudiologia.
Informações a partir da segunda quinzena de agosto, no Laboratório de Áudio.

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